PASSO A
PASSO
APOSENTADORIA ESPECIAL
Edimar Hidalgo Ruiz - OAB/SP 206941
APOSENTADORIA ESPECIAL APÓS A REFORMA DA PREVIDÊNCIA
O QUE É APOSENTADORIA ESPECIAL?
A aposentadoria especial é um benefício previdenciário devido ao trabalhador que exerce atividades laborais sujeitas aos agentes nocivos insalubres, periculosos ou penosos, que agridam a saúde ou tragam riscos à integridade física do trabalhador.
De modo geral, quem trabalha em ambientes insalubres exposto ao ruído, frio e calor excessivos, agentes químicos, agentes biológicos, radiações, umidade, vibrações, entre outros, assim como em contato com agentes periculosos como, por exemplo, alta tensão elétrica e arma de fogo, tem o direito de se aposentar com menos tempo de contribuição, por meio da aposentadoria especial.
Por conta disso, as prossões mais sujeitas à insalubridade ou periculosidade têm a garantia expressa pela lei previdenciária da consideração do tempo trabalhado como tempo especial.
Há um entendimento na Justiça favorável à concessão da aposentadoria especial ao trabalhador que exerce uma atividade penosa, como, por exemplo, o cobrador e o motorista de ônibus que lidam diariamente com o estresse do trânsito intenso nas grandes cidades, ou qualquer outra prossão/atividade exercida sob forte pressão psicológica.
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Qual a previsão legal da aposentadoria especial?
O direito à concessão do benefício da aposentadoria especial está contido nos artigos 57 e 58 da Lei 8.213/91.
Qual objetivo da aposentadoria especial?
O objetivo do legislador, ao criar o benefício de aposentadoria especial, foi de afastar do ambiente de trabalho aqueles trabalhadores que trabalham em condições insalubres, as quais, dia após dia, de forma enta e silenciosa, minam a saúde dos trabalhadores, ou de ambientes de trabalho perigosos, os quais
podem, a qualquer momento, ceifar a vida desses trabalhadores.
Como posso provar que trabalhei em atividade especial?
Para fazer a prova que trabalha ou trabalhou em atividades especiais, ou seja, exposto a agentes físicos, químicos ou biológicos, o trabalhador deve solicitar ao seu empregador que emita um documento chamado Perl Prossiográco
Previdenciário – PPP.
Com o mencionado documento em mãos, é aconselhável que o trabalhador
procure um advogado especialista em Direito Previdenciário, da sua inteira conança, a m de vericar se o documento foi preenchido corretamente pela empresa, e se os agentes insalubres ou periculosos lá descritos permitem o enquadramento para ns de concessão da aposentadoria.
Feito isso, basta apresentar o referido documento ao INSS para que seja analisado o pedido e concedida a aposentadoria especial. No entanto, caso o INSS não
conceda o benefício, o trabalhador deverá ingressar na Justiça Federal, solicitando ao juiz que determine que o INSS conceda a aposentadoria especial.
Quanto tempo de trabalho é preciso para se aposentar de forma especial?
Como regra quase que geral, são necessários 25 anos de trabalho em atividades especiais, exposto aos agentes físicos, químicos ou biológicos. Excepcionalmente, a legislação permite que o trabalhador se aposente com 15 ou 20 anos trabalhados em atividades especiais, mas são raras as ocasiões, uma vez que a grande maioria dos trabalhadores que trabalham em condições insalubres ou periculosas se encaixam na regra geral de 25 anos.
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Qual a idade mínima para se aposentar de forma especial?
Antes da reforma da Previdência, não se exigia uma idade mínima para o
trabalhador se aposentar de forma especial, bastava este ter 25 anos trabalhados em condições especiais, exposto a agentes físicos, químicos ou biológicos, para que, independentemente da idade, o trabalhador pudesse se aposentar de forma especial.
Assim, quem possuir 25 anos trabalhados em atividades especiais, até a data da reforma da Previdência Social, ou seja, até 13/11/2019, tem direito adquirido à
concessão da aposentadoria especial com base na lei antiga, independentemente da idade que possui, e pode exercer esse direito a qualquer momento.
Como regra permanente, após a reforma previdenciária, o trabalhador que possui 25 anos de trabalho em atividades especiais poderá se aposentar, de forma
especial, somente aos 60 anos de idade.
Mas nada impede que, após a entrada em vigor da nova lei, o trabalhador consiga se aposentar de forma especial com menos de 60 anos de idade, mas, para
isso, deve se enquadrar na regra de transição criada pela reforma.
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Conversão de tempo trabalhado em atividade especial em tempo comum
Com a entrada em vigor da nova lei (reforma da Previdência), não é mais possível a conversão do tempo de trabalho em atividade especial em comum. Expliquemos!
Como base na lei antiga, o segurado homem, que tivesse trabalhado em uma atividade comprovadamente especial, poderia transformar o período especial em comum, com um devido acrescido legal de mais 40% no tempo de contribuição, assim como a segurada mulher fazia jus a um acréscimo de mais 20%.
Exemplo: o segurado homem que tivesse trabalhado 10 anos em contato com o ruído excessivo, somando mais 40% no tempo de contribuição, tinha direito ao cômputo de 14 anos no seu tempo nal de contribuição para ns de alcance ao direito à concessão ou revisão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição.
Embora a nova lei tenha retirado esse direito do segurado, o trabalhador que
trabalhou numa atividade especial, até 13/11/2019 (data da reforma da Previdência Social), continua tendo o direito à conversão do período especial em comum até a referida data, a m de alcançar o direito à concessão ou revisão da aposentadoria com base na lei antiga, ou até mesmo se enquadrar em uma das regras de transição criadas pela nova lei e se aposentar imediatamente.
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Regra de transição criada pela reforma para a aposentadoria especial
- Regra dos pontos
O texto da reforma da Previdência também criou, como regra de transição, um sistema de pontos, que nada mais é do que a soma do tempo trabalhado e a idade do trabalhador.
Além dos necessários 25 anos de atividades especiais, essa regra de pontuação exige uma pontuação xa e, portanto, não progressiva, de 86 pontos, para que ambos os sexos atinjam o direito à aposentadoria especial.
O valor da aposentar especial
O valor da aposentadoria especial é o maior atrativo dessa espécie de
aposentadoria, pois não incide o redutor (fator previdenciário), fazendo com que o trabalhador se aposente com uma renda mensal, às vezes, muito melhor do que a daquele trabalhador que se aposentou por tempo de contribuição.
Antes da reforma da Previdência, o cálculo do valor mensal do benefício de aposentadoria especial era feito com base em 80% das maiores contribuições realizadas pelo segurado desde julho de 1994 (início do Plano Real), até um mês antes da data do requerimento do benefício junto ao INSS, desprezando, dessa média, 20% das menores contribuições desse período.
Com a reforma da Previdência, não se pode mais desprezar 20% das menores contribuições do período, o que já é prejudicial ao segurado em comparação à antiga fórmula de cálculo.
Além disso, a nova regra trouxe a aplicação de um coeciente para se chegar ao valor do benefício de aposentadoria especial. Iniciando-se referido coeciente sempre em 60%, e a cada ano contribuído, contados a partir do 20º ano para homens e 15º ano para as mulheres, será acrescido 2%.
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Como transformar sua aposentadoria comum em especial?
A revisão da aposentadoria para reconhecer tempo especial por insalubridade, periculosidade ou penosidade
Essa é a revisão fática mais comum do Direito Previdenciário. Isso porque o INSS aplica o entendimento administrativo, que, em muitos casos, já restou superado pela Justiça.
Por intermédio de um processo judicial de revisão de aposentadoria é possível pleitear o reconhecimento de um período trabalhado em condições especiais, cujo
enquadramento foi negado administrativamente pelo INSS.
Ressaltando que havendo o direito, o processo de revisão de aposentadoria é o meio pelo qual o aposentado consegue melhorar o valor mensal do benefício que recebe, além de alcançar também o direito ao recebimento do montante relativo às parcelas em atraso, acrescidas de juros e correções monetárias, desde a data que se
aposentou no INSS.
Esse tempo especial, popularmente conhecido como período insalubre ou periculoso, é aquele no qual o trabalhador está sujeito à efetiva exposição aos agentes químicos, físicos ou biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes.
Não necessita ter recebido da empresa o pagamento dos adicionais de insalubridade ou periculosidade para fazer jus ao reconhecimento do período como especial para
ns de aposentadoria, basta ter trabalhado em contato com ruído e calor excessivos, produtos químicos, agentes biológicos, alta tensão elétrica, arma de fogo, entre outros agentes insalubres ou periculosos, ou, simplesmente, ter trabalhado antes de 28/04/1995 em uma das atividades ou prossões destacadas pela legislação.
Existem várias atividades que garantem o direito à aposentadoria especial, como a dos prossionais da saúde que estão em contato com agentes biológicos presentes no ambiente hospitalar e as dos vigilantes que defendem o patrimônio público ou particular, assim como muitas outras, inclusive àquelas exercidas sob forte pressão psicológica.
Esses e outros prossionais que atuam em áreas insalubres ou periculosas possuem o direito ao acréscimo de tempo de contribuição, mas a prova da sua atividade
especial dependerá da data de exercício da atividade desempenhada. Explicamos!
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- Enquadramento por mera categoria prossional
Antes de esmiuçar os períodos, importa dizer que, a legislação previdenciária passou por diversas alterações no decorrer do tempo, no entanto, a nossa Constituição Federal de 1988, no inciso XXXVI do Art. 5º, preserva o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Sendo assim, a prova da atividade especial será produzida de acordo com a legislação em vigor na época da prestação do serviço.
Até a promulgação da Lei nº 9.032/95, o enquadramento da atividade especial era regido pela Lei Orgânica da Previdência Social nº 3.807/60, que enquadrava os períodos especiais sujeitos a insalubridade, penosidade ou periculosidade por mera presunção da atividade nociva, bastando que a categoria prossional ou exposição estivessem contidos nos Decretos 83.080/79 e 53.831/64.
Para comprovar essa atividade é necessária a apresentação da Carteira de Trabalho com a anotação da categoria ou laudos que comprovam o contato com os agentes agressivos.
- Após a edição da Lei nº 9.032/1995
Após a entrada em vigor da Lei nº 9.032/95, a atividade especial será aquela exercida de maneira habitual e permanente, não ocasional nem intermitente, com efetiva exposição aos agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde ou à integridade física ou associação desses agentes.
Durante esse intervalo, para a caracterização da denominada atividade especial, era suciente a apresentação dos formulários SB-40 e DSS-8030, com a ressalva dos agentes nocivos ruído, calor e poeira.
- Exigência de responsável técnico:
Após a edição da Lei nº 9.528/97, passou-se a ser exigida a apresentação de laudo técnico das condições ambientais do trabalho, assinado por engenheiro técnico responsável pelos registros ambientais e inscrição no competente órgão de classe.
- Exigência do Perl Prossiográco Previdenciário:
O Perl Prossiográco Previdenciário (PPP), nos dias atuais, é considerado o documento apto a comprovar a exposição aos agentes agressivos à saúde ou à integridade física do segurado.
A sua elaboração obrigatória se deu com a edição da IN INSS/DC 96/2003 que deniu a data 01/01/2004 como marco inicial para a sua exigência.
O PPP que é um documento fornecido pela empresa, constitui-se em um documento histórico-laboral do trabalhador que reúne, entre outras informações, dados
administrativos, registros ambientais e resultados de monitoração biológica, durante todo o período em que este exerceu suas atividades na respectiva empresa.
Diante disso, na análise do período especial é comum que o INSS resista ao
enquadramento da atividade, em razão de algumas inconsistências das provas ou por erros na análise, permitindo ao segurado o direito de rever o benefício.
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POSSO ME APOSENTAR E CONTINUAR TRABALHANDO EM ATIVIDADE ESPECIAL?
A decisão do STF:
O Supremo Tribunal Federal – STF decidiu que o trabalhador aposentado, de forma especial, não pode continuar trabalhando em atividades insalubre ou periculosa.
Quais os prejuízos que a decisão do STF trouxe aos trabalhadores?
Essa decisão trouxe sérios prejuízos aos trabalhadores que laboram com exposição e sujeitos a fatores de riscos físicos, químicos ou biológicos.
Com a recente decisão do STF, o aposentado de forma especial tem sido obrigado a deixar o emprego, majoritariamente, nos casos em que as empresas não possuem postos de trabalho vagos em atividades não insalubres, impossibilitando o remanejo do trabalhador para uma atividade comum.
Esse fato tem desestimulado os trabalhadores a buscarem o benefício de aposentadoria especial, principalmente aqueles trabalhadores que não se encontram preparados para deixar a empresa nesse momento.
Vários podem ser os motivos pessoais para o trabalhador não se aposentar de forma especial após a decisão do STF, desde a percepção de salário maior que o valor que receberia pela concessão da aposentadoria, ou até mesmo o recebimento de benefícios trabalhistas pagos pela empresa, tais como plano de saúde, moradia, comissões, entre outros.
08
A boa notícia ao trabalhador!
O que muitas vezes o trabalhador não sabe é que existem alternativas na lei
previdenciária para que ele possa se aposentar e continuar trabalhando em atividade insalubre, recebendo cumulativamente o salário e a aposentadoria. Vejamos algumas delas a seguir.
A concessão da aposentadoria por tempo de contribuição e a sua futura conversão em especial.
Em muitos casos, o trabalhador preenche os requisitos para se aposentar tanto na modalidade especial (aposentadoria especial), quanto na modalidade comum (aposentadoria por tempo de contribuição), mas acaba optando pela não
concessão da aposentadoria comum em razão do valor menor desta aposentadoria, que incide o redutor (fator previdenciário).
Nos casos nos quais o trabalhador faz jus aos dois tipos de aposentadoria (especial e comum), ele pode optar pela concessão da aposentadoria comum, com menor valor, e continuar trabalhando em atividade insalubre, já que não há proibição neste caso.
O bom é que o trabalhador continuará recebendo o salário pago pela empresa e o valor da aposentadoria, e, no futuro, quando deixar a empresa, poderá solicitar junto ao INSS a conversão do benefício comum em especial, passando a receber um valor maior de aposentadoria.
Entretanto, vale lembrar que essa opção futura pela conversão do benefício de valor menor pelo maior, somente será possível caso o trabalhador já reúna todos os
requisitos para concessão da aposentadoria especial, no momento que optou pela concessão aposentadoria por tempo de serviço.
Tal prática é aconselhável, pois, na velhice, quando não tiver mais forças para trabalhar, é justamente o momento em que o trabalhador precisará de um valor maior de proventos de aposentadoria para suprir suas necessidades básicas.
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A concessão da aposentadoria do deciente físico.
As atividades especiais, aquelas insalubres e periculosas, via de regra, são atividades que exigem muito esforço físico dos trabalhadores.
É muito comum encontrarmos trabalhadores, que trabalham em atividades especiais, vitimizados por um acidente de trabalho ou acometidos por uma doença relacionada ao trabalho, ou fora dele, que apresentam um décit laborativo.
Esses trabalhadores não conseguem concorrer em pé de igualdade no mercado de trabalho com os demais trabalhadores sadios que gozam de plenas condições físicas de trabalho, e, por isso, fazem jus à concessão da aposentadoria do deciente físico.
São duas as modalidades de aposentadoria destinadas aos decientes físicos: a aposentadoria por tempo de contribuição, modalidade que permite a concessão da aposentadoria com menos tempo de contribuição; e aposentadoria por idade, a qual permite que o deciente físico se aposente com menos idade em relação ao não deciente.
A aposentadoria por tempo de contribuição do deciente físico
Nessa modalidade de aposentadoria, devemos, conforme determina a lei, observar o grau de deciência do trabalhador, ou seja, deve-se considerar se a sua deciência é leve, moderada ou grave, sendo exigido um tempo mínimo de contribuição de acordo com cada grau de deciência do trabalhador.
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Importante ressaltar que a lei autorizou o trabalhador utilizar o tempo de trabalho
especial, a m de convertê-lo em comum, aplicando na conversão índices percentuais próprios trazidos pela Lei Complementar 142/2013, para obtenção de acréscimo legal no tempo nal de contribuição, facilitando, assim, o alcance do tempo necessário para concessão da aposentadoria por tempo de contribuição do deciente físico.
Também devemos destacar o valor da aposentadoria por tempo de contribuição do deciente físico como um dos grandes atrativos desse tipo de aposentadoria, pois nela não incide o redutor (fator previdenciário), fazendo com que o trabalhador se aposente com uma renda mensal, às vezes, muito melhor do que a daquele
trabalhador que não se aposentou com base nessa lei.
Aposentadoria por idade do deciente físico
A lei que disciplina a aposentadoria do deciente físico permite a concessão da aposentadoria por idade ao homem quando este atinge os 60 anos, e à mulher, 55 anos de idade, os quais possuam 15 anos de tempo de contribuição. Logo, tanto o homem, quanto a mulher deciente, se aposentam com menos tempo de
contribuição.
Edimar Hidalgo Ruiz - OAB/SP 206941
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