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APOSENTADORIA ESPECIAL NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRO

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APOSENTADORIA ESPECIAL NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRO

FERNANDO DAMIAN BATSCHAUER

Itajaí, junho de 2010

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APOSENTADORIA ESPECIAL NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRO

FERNANDO DAMIAN BATSCHAUER

Monografia submetida à Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Professor Doutor Zenildo Bodnar

Itajaí, junho de 2010

(3)

Agradeço a Deus por me iluminar durante a produção do presente trabalho.

Registro meu agradecimento em especial ao Doutor Zenildo Bodnar pela orientação, as Juízas Federais Doutora Érika Giovanini Reupke, Doutora Micheli Polippo e seus assessores da respectiva Vara da Justiça Federal pelo conhecimento e apoio repassados.

(4)

Dedico este trabalho a toda minha família, em especial aos meus pais Alcides e Neiva, pela minha formação moral e exemplos de uma vida digna e honesta.

(5)

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí, junho de 2010

Fernando Damian Batschauer Graduando

(6)

PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando Fernando Damian Batschauer, sob o título Aposentadoria Especial no Regime Geral de Previdência Social Brasileiro, foi submetida em 11/06/2010 à banca examinadora composta pelos seguintes professores: Zenildo Bodnar (orientador) e Márcio Staffen (examinador) e aprovada com a nota [Nota]

([nota Extenso]).

Itajaí, junho de 2010

Professor Doutor Zenildo Bodnar Orientador e Presidente da Banca

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ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEME Central de Medicamentos

CFRB Constituição da República Federativa do Brasil CLPS Consolidação das Leis da Previdência Social CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CRPS Conselho de Recursos da Previdência Social EPI Equipamento de Proteção Individual

EPC Equipamento de Proteção Coletiva

FBA Fundação Legião Brasileira de Assistência FUNABEN Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor

IAPAS Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência INPS Instituto Nacional da Previdência Social

INSS Instituto Nacional da Seguridade Social ISSB Instituto de Serviços Sociais do Brasil LICC Lei de Introdução ao Código Civil LOPS Lei Orgânica da Previdência Social

LTCAT Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social

OIT Organização Internacional do Trabalho PPP Perfil Profissiográfico Profissional

SINPAS Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social RBPS Regime de Benefícios da Previdência Social

(8)

RESUMO ... IX

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO 1 ... 5

A SEGURIDADE SOCIAL ... 5

1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA ... 5

1.1.1EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL ... 9

1.2 CONCEITUAÇAO DE SEGURIDADE SOCIAL ... 17

1.2.1PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL ... 18

1.3 CONCEITO DE PREVIDENCIA SOCIAL ... 22

1.3.1PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA PREVIDENCIA SOCIAL ... 24

CAPÍTULO 2 ... 30

O BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA ESPECIAL: REQUISITOS E CARACTERIZAÇÃO ... 30

2.1 CONCEITO ... 30

2.2 HISTÓRICO LEGISLATIVO ... 32

2.3 BENEFICIÁRIOS ... 40

2.4 CARÊNCIA ... 42

2.5 CONCESSÃO ... 43

2.6 DATA DO INÍCIO DO BENEFÍCIO (DIB) ... 44

2.7 RENDA MENSAL INICIAL DO BENEFÍCIO ... 45

2.8 LIMITE DE IDADE ... 48

CAPÍTULO 3 ... 49

GENERALIDADES DA APOSENTADORIA ESPECIAL ... 49

(9)

3.1 EXPOSIÇÃO AOS AGENTES NOCIVOS ... 49

3.2 REQUISITOS DA HABITUALIDADE E PERMANÊNCIA ... 52

3.3 ENQUADRAMENTO LEGAL DA ESPECIALIDADE ... 57

3.4 RUÍDO ... 59

3.5 CATEGORIAS PROFISSIONAIS ... 61

3.6 INSALUBRIDADE, PENOSIDADE E PERICULOSIDADE ... 63

3.7 PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO E LAUDO TÉCNICO ... 65

3.8 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVO ... 70

3.9 APOSENTADORIA ESPECIAL PARA AUTÔNOMOS E EMPRESÁRIOS ... 75

3.10 CONVERSÃO DO PERÍODO ESPECIAL PARA APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO ... 77

3.11 APOSENTADORIA ESPECIAL AO COOPERADO FILIADO À COOPERATIVA DE TRABALHO OU DE PRODUÇÃO ... 80

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 82

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ... 85

(10)

O presente trabalho tem como objeto o benefício de aposentadoria especial, motivada pelo reconhecimento de profissões e atividades que expõem o segurado aos mais diversos agentes insalubres e o risco a saúde e a integridade física.

Apresentar-se-á algumas considerações históricas sobre o surgimento e a evolução do sistema de previdência social, sua autonomia, bem como as fontes do Direito da Seguridade Social no Brasil, bem assim, os princípios que a regulam. Também será enfocada a natureza jurídica da contribuição à Seguridade Social, seus segurados e contribuintes.

Abordar-se-á com especificidade o benefício de aposentadoria especial, de acordo com o regime geral da Previdência Social brasileiro, destacando-se os aspectos legais que existem em razão da complexidade que envolve o tema proposto.

Através de uma abordagem dos entendimentos doutrinários de especialistas em aposentadoria especial, se demonstrará a importância do benefício para o trabalhador sujeito a agressão à saúde e a integridade física, os segurados que fazem jus à concessão, os requisitos obrigatórios para a comprovação e as responsabilidades da empresa em relação ao Instituto Nacional da Seguridade Social. Demonstrar-se-á ainda que as lacunas aparentes que existem no ordenamento jurídico são preenchidas pela jurisprudência pátria, recorrendo-se aos princípios gerais do direito, a analogia e a eqüidade. Assim, se verificará que o judiciário tem papel fundamental na solução das injustiças sociais, utilizando-se o legislador, do Direito como grande instrumento fazedor de Justiça.

(11)

A presente Monografia tem como objeto o benefício de aposentadoria especial, motivada pelo reconhecimento de profissões e atividades que expõem o segurado aos mais diversos agentes insalubres e o risco a saúde e a integridade física.

O seu objetivo é esclarecer a forma como é possível alcançar o benefício, os requisitos obrigatórios que devem ser cumpridos, as dificuldades existentes para comprovar a exposição à insalubridade, as mudanças sucessivas da legislação que trata do benefício da aposentadoria especial, além dos temas controversos discutidos entre o INSS e segurados que terminam com decisões proferidas pela justiça.

O trabalho deseja demonstrar a importância do instituto da aposentadoria especial no ordenamento jurídico brasileiro, analisado de uma forma geral, desde o requerimento administrativo do segurado ao Instituto Nacional da Seguridade Social até a implantação do benefício, as vantagens e desvantagens e todos os requisitos necessários para a concessão do mesmo.

O benefício em questão foi criado no ano de 1960, pela Lei Orgânica da Previdência Social, garantindo ao trabalhador que exercesse atividades sob condições perigosas, insalubres ou penosas, um tempo de trabalho reduzido, 15, 20 ou 25 anos para o implemento do benefício.

A legislação que trata da aposentadoria especial passou por tantas e sucessivas mudanças ao longo dos anos que, ainda hoje, provoca dúvidas quanto ao direito daqueles que trabalharam ou trabalham em condições especiais.

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Pela não incidência do fator previdenciário e valor considerável do benefício, o governo federal, através de leis e decretos, e o Instituto Nacional da Seguridade Social, agindo administrativamente, tentam ao longo dos anos diminuírem o número de concessões exigindo cada vez mais documentos e provas confirmando a exposição aos agentes nocivos.

Em muitos casos essas discussões terminam no sistema judiciário, não resolvidas de forma administrativa, resultando em súmulas e jurisprudências específicas ao benefício de aposentadoria especial que serão apresentadas ao longo do trabalho.

Para tanto, no Capítulo 1, abordou-se a história e evolução da Previdência Social, com ênfase a instituição e alterações da legislação do benefício de aposentadoria especial, além dos conceitos e princípios de seguridade e previdência social.

No Capítulo 2, adentrando de forma mais específica ao tema central do estudo, foi abordado o conceito de aposentadoria especial, toda sua evolução histórico legislativo até os dias atuais, identificando também a clientela de beneficiários, o período de carência para a concessão, a data de início, renda mensal e limite de idade para a percepção do benefício.

No Capítulo 3 aprofundou-se diretamente nas generalidades da aposentaria especial, tratando da exposição dos segurados aos agentes nocivos, aos requisitos da habitualidade e permanência e o enquadramento legal da especialidade desenvolvida, assim como o ruído.

Ainda nesse capítulo, foi abordado o ultrapassado enquadramento por categorias profissionais, as definições de insalubridade, penosidade e periculosidade, o perfil profissiográfico

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profissional e laudo técnico ambiental, indispensáveis à concessão do benefício nos dias atuais, à aposentadoria especial para autônomos e empresários, a polêmica conversão do período especial para aposentadoria por tempo de contribuição após 1998, além da aposentadoria especial ao cooperado filiado à cooperativa de trabalho ou de produção.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos destacados, o entendimento majoritário dos tribunais acerca dos requisitos levantados pelo INSS, além da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre a aposentadoria especial.

Para a presente monografia foram levantadas as seguintes hipóteses:

a) O processo de evolução da Previdência Social Brasileira, com ênfase ao benefício de aposentadoria especial, facilita o acesso do segurado ao sistema, entretanto diminui o número de concessões como se a Autarquia estivesse sendo lesada.

b) O segurado abrangido pelo Regime Geral da Previdência Social que trabalha exposto de forma habitual e permanente a agentes insalubres a saúde e a integridade física merece receber uma recompensa por desempenhar essas atividades por mais de 15, 20 ou 25 anos.

c) Devido ao aumento do número de requisitos para comprovação da exposição aos agentes insalubres, deve ser observada a legislação pertinente ao tempo em que o segurado desempenhou tais atividades para concluir sobre seu direito ao enquadramento do tempo como especial.

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As categorias fundamentais para a produção da presente monografia, bem como seus conceitos operacionais, serão apresentados e devidamente referenciados no decorrer do trabalho.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na Fase de Investigação1 foi utilizado o Método Indutivo2, e o Relatório dos Resultados expresso na presente Monografia é composto na base lógica Indutiva.

Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as Técnicas do Referente3, da Categoria4, do Conceito Operacional5 e da Pesquisa Bibliográfica6.

1 “[...] momento no qual o Pesquisador busca e recolhe os dados, sob a moldura do Referente estabelecido[...]. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. 10 ed. Florianópolis: OAB-SC editora, 2007. p. 101.

2 “[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 104.

3 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 62.

4 “[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.”

PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p.

31.

5 “[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p. 45.

6 “Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais.

PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa jurídica e Metodologia da pesquisa jurídica. p.

239.

(15)

A SEGURIDADE SOCIAL

1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Os primeiros indícios históricos de preocupação efetiva com a proteção dos indivíduos quanto a infortúnios é datada por volta de 1344, com a celebração de contratos de seguros marítimos e cobertura de riscos de incêndios.

Na família romana, o pater famílias fazia com que os servos e clientes tivessem assistência por meio de associação, mediante contribuição de seus membros, a fim de ajudar os mais necessitados7.

Em 1601, a Inglaterra editou a Poor Relief Act (Lei de Amparo aos Pobres), que instituía a contribuição obrigatória para fins sociais, consolidando outras leis sobre assistência pública.

Entretanto, a noção de Seguridade Social como forma de proteção social assegurada a todos os cidadãos foi registrada a partir do século XVIII, especificamente em 1798, na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, conforme se verifica no seguinte trecho do referido documento:

XII – A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; essa força é assim instituída para o beneficio de todos e não para a utilidade particular daqueles a quem ela é confiada.

7 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social. 16 ed. São Paulo: Atlas, 2001, p. 27.

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XIII – Para o sustento da força pública e para as despesas da administração, uma contribuição comum é indispensável.

Ela deve ser igualmente repartida entre rodos os cidadãos em razão das suas faculdades. 8

Na Europa, motivados principalmente pela Inglaterra, os países começaram a criar sistemas protetivos, mediante contribuição, que garantiam o direito ao indivíduo vítima de algum infortúnio (incapacidade laborativa decorrente de acidentes, doenças, velhice) a percepção de alguma renda.

Como preconizam Castro e Lazzari9, a Revolução Francesa, com seus ideais de igualdade, liberdade e fraternidade, trouxe à baila a liberdade individual plena e a igualdade absoluta entre os homens, fazendo eclodir manifestações por melhores condições de trabalho e de subsistência, com greves e revoltas, reprimidas violentamente pelo próprio Poder Constituído.

A partir de 1800, o Estado passou a ter, como mais uma de suas funções, a prestação de auxílio à sociedade. Em 1883, a Alemanha, por Otto Von Bismarck, introduziu uma série de seguros sociais, dando origem a Previdência Social, introduzindo a obrigatoriedade do seguro doença em favor dos operários.

Em 1889, foi promulgada na Alemanha a lei que criou o seguro invalidez e por velhice, igualmente custeada por trabalhadores, empregadores e o Estado. Na Inglaterra, em 1907, foi promulgada a Lei de reparação de acidentes de trabalho, e em 1911, outra lei que tratou de diversos benefícios, tais como: cobertura à invalidez, à doença, à

8 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 02/10/1789.

9 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 9 ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2008, p. 34.

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aposentadoria voluntária e previsão de desemprego, tornando-se a época, o país mais avançado no que diz respeito à legislação previdenciária.

Na era do Constitucionalismo Social, as primeiras constituições a inserirem normas previdenciárias foram a Mexicana (1917) e a de Weimar (1919). Em 1917, surge com o Tratado de Versailles a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que evidenciava a necessidade de um programa sobre previdência social. Em 1927, foi criada em Bruxelas, capital Belga, a Associação Internacional de Seguridade Social.

Entretanto, toda essa evolução e o ordenamento legal, em planos previdenciários, via de regra, exigiam a contribuição dos trabalhadores, funcionando como um sistema de capitalização. A contribuição funcionava como uma poupança compulsória individual, inexistindo, na verdade, a garantia social aos indivíduos independentemente da contribuição. Faltava a noção de solidariedade social, princípio fundamental da Seguridade Social10.

Foi somente em 1929, com a crise da bolsa de valores nos Estados Unidos, que ocorreu o verdadeiro período de adoção plena da noção de Previdência Social. Àquela época, o então Presidente Franklin Roosevelt, preocupado com o desemprego crescente, adotou o New Deal, política que inspirou uma doutrina do Bem-Estar Social (Welfare State).

10 VILELA VIANNA, Cláudia Salles. Previdência Social – Custeio e benefícios, São Paulo, LTR, 2005, p. 48.

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João Batista Lazzari11 destaca que

o verdadeiro período de adoção plena da noção de previdência social surgiu a partir das políticas dos Estados Unidos após a crise de 1929. O presidente Franklin Roosevelt, então preocupado com o desemprego crescente, adotou o New Deal, política que vai inspirar a doutrina do Estado de Bem-Estar social ou do Estado-Providência (Welfare Sstate).

O novo pacto deveria ser um conjunto de normas e políticas estatais visando a dar ao trabalhador novos empregos, uma rede de previdência e saúde públicas, entre outros direitos.

O relatório Beveridge, elaborado na Inglaterra em 1942, deu origem a política de seguridade social, que transformou a previdência num sistema universal, abrangendo todas as classes societárias e de participação compulsória de toda a população.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, inscreveu, entre outros direitos fundamentais da pessoa humana, a proteção previdenciária. O artigo XXV da referida norma descreve:

Todo homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito a seguridade no caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice, ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstancias fora de seu controle12.

Desta forma, estava consolidada a participação do Estado na melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores em geral, com o regime de fundo único previdenciário, gerado com a contribuição de todos.

11CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Curso elementar de direito previdenciário. São Paulo: LTr, 2005, p.27.

12Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 02/10/1789.

(19)

A Seguridade Social surgiu como uma necessidade da insubstituível atuação do Estado na segurança social, protegendo assim, aquele indivíduo contra os riscos inerentes à perda da capacidade de trabalho, seja ela permanente ou temporária, ou a impossibilidade da sua própria subsistência13.

Esta concepção de proteção social vem se modificando através dos tempos, nunca perdendo o seu objetivo principal, adquirindo um consistente conteúdo, importantíssimo no contexto social.

1.1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA NO BRASIL

De acordo com a Constituição de 1824, em seu artigo 179, inciso 31, aparece uma primeira referência a socorros públicos, que nessa época eram prestados pelas Santas Casas de Misericórdia.

Em 1850, o Código Comercial continha, em seu artigo 79, previsão de um esboço de auxílio-doença, de modo bem peculiar.

Dizia o referido artigo:

Art. 79. Os acidentes imprevistos e inculpados que impedirem aos prepostos o exercício de suas funções não interromperão o vencimento de seu salário, contanto que a inabilitação não exceda três meses contínuos14.

Essa pode ser considerada uma marca preliminar da história previdenciária brasileira, mas a verdade é que somente em 1888

13 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Curso elementar de direito previdenciário, p.19.

14 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social, p. 30-31.

(20)

foi criado o primeiro regulamento na área, o qual discorria acerca da aposentadoria dos funcionários dos Correios.

Em 1888, ainda, surgiram normas jurídicas previdenciárias favorecendo os servidores públicos (com exceção dos ferroviários). A Constituição de 1891, no artigo 75, previu a aposentadoria por invalidez também para os servidores públicos.

O Decreto nº. 9.284 de 1911 possibilitou a criação de uma Caixa de Pensões dos Operários da Casa da Moeda, a Lei nº. 3.724 de 1919 tornou compulsório o seguro contra acidentes de trabalho em certas atividades.

Mas foi o Decreto nº. 4.682 de 1923, conhecida como a Lei Eloy Chaves, que implantou a Previdência Social em nosso país. Essa Lei previa a contribuição dos trabalhadores das empresas do ramo e do Estado, assegurando a aposentadoria aos trabalhadores e pensão a seus dependentes em caso de morte do segurado, além de garantir assistência médica e diminuição nos custos na compra de medicamentos.

Diante de tal inovação, as pessoas passaram a se reunir num mesmo grupo profissional, mediante cotas, para assegurar entre si determinados benefícios, dando àquela idéia de mutualismo que ocorrera em outros países15.

A partir de 1933, com a criação do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, organizando por categorias profissionais e não por empresas, o seguro social iniciou uma nova fase, com abrangência nacional. O IAPM tinha por associados todos os

15MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social, p.30-31.

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empregados das empresas de navegação marítima e fluvial, bem como também os prestadores de serviços subordinados a empresas a elas vinculadas.

Após a criação desse Instituto sobreveio o dos Comerciários, dos Bancários, dos Industriários, dos Ferroviários e Empregados em Serviço Público, dos Empregados em Transportes e Cargas, dos Operários Estivadores, etc.

Abandonou-se, dessa forma, a antiga idéia de criação de caixas de previdência social junto a determinadas empresas.

A Constituição de 1934 foi a primeira que tratou da forma tripartite de custeio de benefícios, prevendo em seu artigo 121, §1º, h, a contribuição dos trabalhadores, dos empregadores e do Poder Público. Determinou ser competência da União a fixação das regras de assistência social e competência do Poder Legislativo (Congresso) a instituição de normas sobre aposentadorias.

Tratou, também, da assistência médica ao trabalhador e a gestante, da instituição de previdência em favor da velhice, da licença-maternidade, invalidez, acidente de trabalho e morte.

A Constituição seguinte, de 1937, não trouxe qualquer progresso em matéria previdenciária, porém empregou, pela primeira vez, a expressão seguro social16.

16 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2005, p. 41.

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A partir de 1945 realizaram-se inúmeras tentativas com o intuito de unificar a Previdência Social, através do Decreto-lei nº.

7.526/45 e criou-se o Instituto de Serviços Sociais do Brasil (ISSB).

A Constituição de 1946 foi outro passo importante da proteção previdenciária no Brasil. Foram previstas normas que tratavam de Previdência no capítulo versando sobre direitos sociais, obrigando o empregador a manter seguro contra acidentes de trabalho para seus empregados. A expressão Previdência Social foi empregada pela primeira vez numa Constituição brasileira17.

Na citada Constituição de 1946, também foi criado um mecanismo que tem grande importância em nossa Constituição atual, dirigido a manter o equilíbrio (receitas e gastos) dentro do sistema da Seguridade Social (artigo 195, §5º da CF/88). Esse dispositivo é chamado de contrapartida.

Conforme o professor Wagner Balera18

Quase um preceito decorrente da ordem natural das coisas, a regra de contrapartida concebe o sistema de proteção social como uma espécie de caixa, cuja receita e despesa devem manter perfeito equilíbrio.

No ano de 1953 o Decreto nº. 32.667 aprovou o novo Regulamento do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Comerciários e facultou a filiação dos profissionais liberais como autônomos.

17 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 48.

18 BALERA, Wagner. Características de Regime Previdenciário. In revista de Previdência Social, nº. 44, São Paulo: LTr, 1992, p. 27.

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Em 1960, a Lei nº. 3.807 criou a LOPS (Lei Orgânica da Previdência Social), que unificou a legislação referente a institutos de aposentadorias e pensões.

Através da LOPS estabeleceu-se um único plano e benefícios, amplo e avançado, e findaram-se a desigualdade de tratamento entre os segurados e entidades previdenciárias e seus dependentes.

O Decreto-Lei nº. 72, de 21 de novembro de 1966, reuniu os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões no extinto Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

A Constituição Federal de 1967, em busca da proteção social, introduziu algumas inovações no sistema previdenciário: salário- família na Constituição (artigo 158, II); instituição do seguro-desemprego (artigo 158, XVI); concessão de aposentadoria integral para mulheres com tempo de serviço de 30 anos (artigo 101, I, “a” e 158, XX)19.

O Decreto-Lei nº. 564, de 01/05/1969, estendeu a Previdência Social ao trabalhador rural, especialmente aos empregados do setor agrário da agroindústria canavieira.

A Lei nº. 6.036 de 01/05/1974, criou o Ministério da Previdência e Assistência Social, que foi um desmembramento do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. O objetivo do MPAS era trabalhar especificamente com a Previdência Social.

19MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social, p. 12.

(24)

Em 1977 foi promulgada a Lei nº. 6.435, que regulamentou a possibilidade de criação de instituições de previdência complementar, matéria regulamentada pelos Decretos nº. 81.240/78 e 81.402/78, tratando das entidades de caráter fechado e aberto, respectivamente.

A Lei nº. 6.439, de 01/09/1977, abriu um novo período na história da Previdência Social, apesar de discorresse sobre questões a respeito da organização administrativa do sistema previdenciário20.

A referida Lei criou o SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social, cujo objetivo era reorganizar a Previdência Social, o IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social, com a finalidade de arrecadar e fiscalizar as contribuições, o INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, para atendimento de segurados e dependentes, a FBA – Fundação Legião Brasileira de Assistência, no que se refere a assistência social, a FUNABEN – Fundação Nacional do Bem-estar do Menor, a CEME – Central de Medicamentos, em relação a distribuição de medicamentos as pessoas carentes, e a DATAPREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social, responsável pelo serviço de processamento de dados.

Em 23 de janeiro de 1984, o Decreto nº. 89.312 aprovou a nova Consolidação das Leis da Previdência Social (CLPS).

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o sistema de Seguridade Social, que atua ao mesmo tempo na área da saúde,

20MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social, p. 14.

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assistência social e previdência social. Foram introduzidas várias alterações na legislação previdenciária e programas congêneres.

Em 1990 foi criado o Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS), autarquia federal que substituiu o INPS e o IAPAS nas funções de arrecadação, pagamento de benefícios e prestação de serviços.

O INSS, até os dias atuais, é a autarquia responsável pela arrecadação, fiscalização, cobrança, aplicação de penalidades (multas) e regulamentação de parte do custeio do sistema de seguridade social, bem como de concessão de benefícios e serviços aos seus segurados e dependentes.

No ano de 1991 foram publicadas a Lei 8.212 (Lei de Custeio da Seguridade Social) e a Lei 8.213 (Lei de Benefícios e Serviços da Previdência Social). Essas leis são de suma importância e regem, ainda, o atual cenário da Previdência Social no cenário brasileiro. Elas revogaram totalmente os termos contidos na LOPS e CLPS dos anos de 1960 e 1984, respectivamente21.

A Lei Complementar nº. 70, de 30/12/1991, instituiu contribuição para o financiamento da Seguridade Social, elevando a alíquota da contribuição social sobre o lucro das instituições financeiras, dentre outras providências.

A publicação da Lei nº. 9.032, de 28/04/1995, trouxe grandes mudanças ao sistema previdenciário, no que diz respeito à concessão do benefício de aposentadoria especial, tema fundamental do trabalho em questão.

21 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 68.

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Em 1998 foram publicadas a Lei nº. 9.711 de 20/11/1998 e a Lei nº. 9.732 de 11/12/1998, trazendo diversas alterações às Leis nº.

8.212 e nº. 8.213/91. A publicação da Emenda Constitucional nº. 20 de 15/12/1998 também trouxe uma significativa mudança ao sistema de previdência social, principalmente no que diz respeito à concessão de aposentadorias.

Esta reforma proporcionada pela Emenda Constitucional nº. 20 trouxe uma mudança na concepção do sistema previdenciário, pois, conforme o texto constitucional, as aposentadorias passaram a ser concedidas por tempo de contribuição e não mais por tempo de serviço.

O Decreto nº. 3.048 de 06/05/1999, novo regulamento da Previdência Social, juntamente com a Lei 9.876 de 26/11/1999, trouxeram também outras alterações às Leis nº. 8.212 e nº.

8.213/91(alterando o critério do cálculo e salário de benefício através da criação do fator previdenciário e da utilização de média dos salários de contribuição a contar de julho de 1994)22.

Em 09/01/2002 o Decreto nº. 4.079 alterou dispositivos do regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº.

3.048/99. Ainda em 2002, o Decreto nº. 4.249 dispôs sobre o reajuste dos benefícios mantidos pela Previdência Social a partir de 01/06/2002.

Publicada a Lei nº. 10.666, de 08/05/2003, dispondo sobre a concessão de aposentadoria especial ao cooperado de

22 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 73.

(27)

cooperativa de trabalho ou de produção. Em 18/06/2004, publicada a Lei nº. 10.877, dispondo sobre a aplicação das disposições da Emenda Constitucional nº. 41/2003 e alterando dispositivos das Leis nº. 9.717/98 e nº.

8.213/91.

A Emenda Constitucional nº. 47, de 05/07/2005, modificou regras de transição estabelecidas pela Emenda nº. 41 a agentes públicos ocupantes de cargos efetivos e vitalícios, pertencente aos regimes próprios.

Em 13/04/2006 o Decreto nº. 5.756 tratou dos reajustes dos benefícios mantidos pela Previdência Social, a partir de 01/04/2006.

Por fim, em 31/03/2008, o Decreto nº. 6.417 aprovou a estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos cargos em comissão e das funções gratificadas do Ministério da Previdência Social.

1.2 CONCEITUAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL

Antes de entrar no conceito da seguridade social propriamente dita, é preciso deixar claro que a previdência social é um instituto integrante do sistema de seguridade social.

Segundo Martins23 o direito da Seguridade Social é o conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impedem de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da

23 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social, p. 19.

(28)

sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

A Seguridade Social abrange tanto a Previdência, a Assistência Social e a Saúde Pública. Segundo Carraza24 é um sistema, pois, é a reunião ordenada das várias partes que forma um todo, de tal sorte que elas se sustentam mutuamente e as últimas explicam-se pelas primeiras. As que dão razão às outras se chamam princípios, e o sistema é tanto mais perfeito, quanto em menor número existam.

Na Constituição, a seguridade social é definida da seguinte forma:

Art. 194: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, a previdência e a assistência social25.

Trata-se, assim, de uma de uma proteção social constituída de princípios e ações voltadas ao indivíduo, garantindo meios de subsistência, assistência e saúde, de responsabilidade dos poderes públicos e da sociedade.

1.2.1 Princípios da Seguridade Social

Alguns princípios fundamentais do Direito, apesar de não serem especificamente do Direito da Seguridade Social, são de indubitável importância, como os da igualdade, da legalidade e do direito adquirido.

24 CARRAZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário. 13 ed. São Paulo:

Malheiros, 1999, p. 30.

25 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

(29)

Ao tratar do assunto, Mello26 destaca que

Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade de sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.

Reza o artigo 5º da Constituição Federal que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, demonstrando claramente a presença do Princípio da Igualdade. Rui Barbosa27 descreveu que a regra da igualdade consiste senão em aquinhoar desigualmente os desiguais, na medida em que sejam desiguais. Nessa desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade. Tratar como desiguais a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real.

Ainda no artigo 5º da Constituição Federal, o inciso II assegura que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. É o que se denomina de Princípio da Legalidade. Assim, só haverá obrigação de pagar determinada contribuição previdenciária (art. 150 I da Constituição) ou a concessão de determinado benefício da Seguridade Social, se houver previsão em lei 28.

O Direito Adquirido está traduzido no § 2º do artigo 6º da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) como os direitos que seu

26 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Elementos do direito administrativo. São Paulo:

Revista dos TribunaIs, 1998, p. 230.

27 BARBOSA, Rui. Oração aos moços. 1ª ed. Rio de Janeiro: Casa de Rui Barbosa, 1956, p.

32.

28 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social, p. 46.

(30)

titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo de exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterada ao arbítrio de outrem29. Não se está falando de patrimônio econômico, e sim, jurídico, como redige Sérgio Pinto Martins30, ou seja, mesmo que este direito não integre seu patrimônio econômico, juridicamente falando sempre será intocável. No direito previdenciário, isto significa dizer que o cidadão pode implementar todas as condições para sua aposentadoria, mas poderá requerê-la ao tempo que lhe melhor convir.

A Constituição Federal estabeleceu como norma, fixar os princípios regentes da Seguridade Social. O artigo 194 da Carta Magna enumera, em sete incisos, os princípios basilares da matéria:

I – Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento – Por universalidade de cobertura deve ser entendido que a proteção social pode alcançar a todos, a fim de manter a subsistência daquele que necessita.

A universalidade é uma característica dos direitos humanos como direitos de todas as pessoas. As prestações decorrentes do sistema de seguridade social devem ser destinadas às pessoas que delas necessitem, da forma mais abrangente possível31.

II – Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços as populações urbanas e rurais – Funciona como um desdobramento do principio da igualdade, no sentido da impossibilidade de serem estabelecidas distinções. O principio não determina que haja

29 BRASIL. Lei de Introdução ao Código Civil. Decreto-Lei nº. 4.657, de 4 de setembro de 1942.

30 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social, p.47.

31 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário, p. 48.

(31)

idêntico pagamento em relação ao valor dos benefícios, haja vista existirem contribuições e obrigações diferenciadas.

Mas o princípio não significa que o tratamento deva ser exatamente igual para todos, admitindo-se pequenas diferenciações para melhor atender às peculiaridades eventualmente existentes32.

III – Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços – A seletividade determina que os benefícios devam ser ofertados a quem realmente os necessitar, razão pela qual a Seguridade Social deve estabelecer os requisitos para a concessão dos serviços e benefícios oferecidos. A distributividade definirá o grau de proteção devido a cada um, está inserido na ordem social. Os serviços e benefícios são concedidos com equidade e justiça, o que não significa que um contribuinte da Previdência, por exemplo, receberá integralmente tudo o que contribuiu aos cofres do sistema.

IV – Irredutibilidade do valor dos benefícios – O principio da irredutibilidade visa garantir ao segurado que o beneficio assistencial ou previdenciário que lhe foi concedido não sofrerá redução de valor e não poderá ser objeto de desconto (salvo determinação judicial). Esse princípio equivale ao da intangibilidade do salário dos empregados e dos vencimentos dos servidores. O princípio da irredutibilidade, conjugado ao artigo 201, §3º e §4º da Constituição da Republica Federativa do Brasil, é o fundamento das ações revisionais de benefícios33.

32 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário, p. 4.

33 RIBEIRO, Juliana de Oliveira Xavier. Direito Previdenciário esquematizado. São Paulo:

Quartier Latin, 2008, p. 48.

(32)

V – Equidade na forma de participação no custeio – Entende-se que a sociedade toda contribui para a manutenção do sistema, mas garante-se por esse princípio a progressividade da contribuição conforme a capacidade de cada segurado. Trata-se de norma principiológica em sua essência, visto que a participação eqüitativa de trabalhadores, empregadores e Poder Público no custeio da Seguridade Social é meta, objetivo, e não regra concreta.

VI – Diversidade da base de financiamento – O financiamento da Seguridade Social é formando por várias fontes de receita. O termo correto poderia ser diversidade de fontes de custeio, pois o objetivo não é financiar com juros e correção monetária as prestações do sistema, e sim custeá-las. O artigo 154, I c/c o artigo 195, §4º da Carta Magna propõe a elaboração de novas fontes de custeio que futuramente ajudarão na ampliação do sistema de proteção social.

VII – Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados – A idéia da descentralização é de que a população e o Estado participem da organização da Seguridade Social. Essa participação é exercida através dos órgãos colegiados de deliberação, que são: Conselho Nacional de Saúde (Lei nº. 8.080/90), Conselho Nacional de Assistência Social (Lei nº. 8.742/93, artigo 17), e Conselho Nacional de Previdência Social (Lei nº. 8.213/91, artigo 3º.), com representantes do Governo Federal, representantes dos aposentados, representantes dos trabalhadores em atividades e representantes dos empregadores aposentados.

1.3 CONCEITO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

(33)

A previdência social, do ponto de vista individual, nasce da necessidade e preocupação de cada indivíduo em guardar o necessário para imprevistos futuros.

Castro e Lazzari34, descrevem que a Previdência Social é o sistema pelo qual, mediante contribuição, as pessoas vinculadas a algum tipo de atividade laborativa e seus dependentes ficam resguardadas quanto a eventos de infortunística (morte, invalidez, idade avançada, doença, acidente de trabalho, desemprego involuntário), ou outros que a lei considera que exijam um amparo financeiro ao indivíduo (maternidade, prole, reclusão), mediante prestações pecuniárias (benefícios previdenciários) ou serviços.

Martinez35 conceitua a previdência social como a técnica de proteção social que visa propiciar os meios indispensáveis à subsistência da pessoa humana - quando esta não pode obtê-los ou não é socialmente desejável que os aufira pessoalmente através do trabalho, por motivo de maternidade, nascimento, incapacidade, invalidez, desemprego, prisão, idade avançada, tempo de serviço ou morte – mediante contribuição compulsória distinta, proveniente da sociedade e de cada um dos participantes.

Acrescenta Sérgio Pinto Martins36 que

É a Previdência Social o segmento da Seguridade Social, composta de um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social, mediante contribuição, que tem por

34 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 84.

35 MARTINEZ, Waldimir Novaes. A seguridade social na constituição Federal. 2 ed. São Paulo: LTr, 1992, p. 99

36 MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da seguridade social, p. 296.

(34)

objetivo proporcionar meios indispensáveis de subsistência ao segurado e a sua família, quando ocorrer certa contingência prevista em lei.

De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil:

Art. 201: “A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial...”.

O sistema previdenciário constitui-se em um direito protetivo, uma garantia aos segurados contribuintes de meios de subsistência em períodos de improdutividade financeira, tais como doença, maternidade, idade avançada e invalidez37.

1.3.1 PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Além dos já demonstrados princípios da Seguridade Social aplicáveis a Previdência Social, constam no texto constitucional mais alguns princípios relativos à Previdência:

I – Da filiação obrigatória – Mantêm a linha do princípio da compulsoriedade da contribuição, no qual todo trabalhador que se encontre na situação de segurado é considerado pelo regime como tal, desde que não amparado por outro regime próprio (artigo 201, caput da Constituição).

Entretanto, é importante não confundir contribuição com filiação. Pode-se dizer que nem todo individuo que contribui para a Seguridade é, ao mesmo tempo, filiado ao regime geral da previdência,

37 VILELA VIANNA, Cláudia Salles. Previdência Social – Custeio e benefícios, p. 66.

(35)

pois um servidor público federal que, simultaneamente, seja empregador doméstico embora não filiado ao regime geral, será contribuinte da pelo fato de ser empregador, gerador de uma contribuição respectiva 38.

II – Do caráter contributivo – Determina a Constituição Federal que a Previdência Social, em qualquer de seus regimes, terá caráter contributivo (artigo 40, caput e artigo 201, caput).

O assalariado é segurado compulsório da Previdência Social, e só terá direito aos benefícios na medida em que for contribuinte, nos termos da Lei de custeio. Não cumpridas as contribuições necessárias, o cidadão arcará com medidas de indeferimento de benefícios promovidas pelo INSS.

Ainda nesse tema, cabe esclarecer que não existe vinculação direta entre o valor das contribuições do segurado e o benefício que possa vir a receber. O exemplo é um segurado com mais de 25 anos de contribuição e de um jovem, que trabalhe há apenas 02 anos, sendo que ambos venham a sofrer um acidente e sejam aposentados por invalidez. O primeiro pode não chegar a receber tudo o que contribuiu, mas certamente o jovem receberá mais do que recolheu aos cofres do sistema.

III – Do equilíbrio financeiro e atuarial – Tal princípio só foi expresso com o advento da Emenda Constitucional nº. 20/98 (artigo 40, caput e artigo 201, caput). O princípio do equilíbrio financeiro e atuarial pretende manter uma relação paritária entre o custeio e os benefícios, para trabalhar sempre com superávit e manter uma observação na média

38 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 105.

(36)

de vida da população, observação esta importante no que tange ao sistema contributivo.

Segundo Stephanes39, sobre a necessidade da adoção deste principio, ainda quando tramitava a Emenda nº.20/98, os impactos da dinâmica demográfica refletem-se tanto nas despesas quanto do lado das receitas. Em um sistema de repartição simples como o brasileiro, o elemento fundamental para manter seu equilíbrio, considerando-se somente as variáveis demográficas, é a estrutura etária da população em cada momento, pois é ela que define a relação entre beneficiários (população idosa) e contribuintes (população com idade ativa).

Com base nesse princípio, o regime geral da previdência foi modificado pelo Decreto nº. 3.048 de 06/05/1999, novo regulamento da Previdência Social, juntamente com a Lei 9.876 de 26/11/1999, que trouxeram modificações às Leis nº. 8.212 e nº. 8.213/91 alterando o critério do cálculo e salário de benefício através da criação do fator previdenciário e da utilização de média dos salários de contribuição a contar de julho de 1994.

IV – Da garantia do benefício mínimo – De acordo com o §2 do artigo 201 da Constituição, nenhum benefício que substitua o salário de contribuição poderá ter valor mensal inferior ao salário mínimo

40. Buscou-se com esse principio a garantia de renda mínima ao trabalhador, para que este possa atender às suas necessidades e às necessidades de sua família.

39 STEPHANES, Reinhold. Reforma da previdência sem segredos. Rio de Janeiro: Record, 1998, pág. 135.

40 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil.

(37)

Segundo Freitas41, não é isto que acontece na realidade

Evidente que o Estado brasileiro tem fracassado nessa sua obrigação de promover ao trabalhador e ao beneficiário da Previdência Social com o mínimo dispensável a sua dignidade, à erradicação da fome e da pobreza, à construção de uma sociedade livre, justa e solidária, e evidentemente que terminamos incentivando a marginalização daqueles que recebem valores tão ínfimos, não no sentido criminal, é bom que se saliente, mas no sentido da exclusão social mesmo.

A realidade vivenciada no Brasil é clara quanto as necessidades da população em relação ao baixo poder aquisitivo. O benefício mínimo (salário mínimo), percebido por um segurado, não é suficiente para atender suas necessidades e de sua família, apesar dos aumentos cedidos ao salário mínimo tenham sido superiores aos aumentos concedidos aos assalariados e aos aposentados.

V – Da correção monetária dos salários de contribuição – Determinam o artigo 40, § 17, e o artigo 201, § 3º da Constituição Federal que os salários de contribuição considerados no cálculo do benefício sejam corrigidos monetariamente. O legislador ordinário, ao fixar o cálculo do benefício previdenciário de acordo com a média dos salários de contribuição, deve adotar a fórmula que corrija nominalmente o valor da base do cálculo da contribuição ao sistema42.

VI – Da preservação real do benefício - por este princípio entende-se que os benefícios concedidos pela Previdência

41 FREITAS, Vladimir Passos. Direito previdenciário: aspectos materiais, processuais e penais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998, p. 41.

42 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário, p. 107.

(38)

Social devem manter sempre seu valor real, conforme critérios definidos em Lei.

O fundamento está contido no §4º do artigo 201 da Constituição:

Art. 201, § 4º - Assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.

Contudo, não é bem isto que acontece na prática.

Enquanto cresce em progressão geométrica o número de bens e serviços disponibilizados, que passam a integrar as necessidades básicas humanas, o poder aquisitivo é corrigido com índices acanhados, diminuindo o valor real do benefício. Para Freitas43,

Na realidade, como está disposto na atualidade, não se trata de princípio constitucional e eficácia própria, porque, por mais absurdo que possa parecer, depende de legislação ordinária, portanto inferior, não apenas para lhe atribuir meios eficazes de recomposição dos valores, mas mesmo de definição do que seja o próprio conceito de valor real.

A legislação, que atribui aumento aos benefícios concedidos pela Previdência Social, está disciplinada pela Lei n°

8.213/1991, em seu artigo 41, com redação conferida pela Lei n°

10.699/2003. Ocorre que, mesmo com tal medida para concessão de aumento aos benefícios, estes não mantêm seu valor real devido às diversas variações econômicas sofridas pelo Brasil, conforme citado acima, e como conseqüência deste fato, fica inviável achar seu valor real.

43 FREITAS, Vladimir Passos. Direito previdenciário aspectos materiais processuais e penais, 1999 p. 42 e 43.

(39)

VII – Da indisponibilidade dos direitos dos benefícios – O princípio visa preservar os valores recebidos pelos segurados através das prestações da Previdência Social. Não é possível que o benefício sofra arresto, seqüestro ou penhora, não podendo haver também a venda ou cessão dos direitos do beneficiário. Cabe salientar que existem algumas exceções, com previsão legal, como ocorre com os descontos a título de pensão alimentícia, pagamentos de empréstimos consignados e devolução de benefício concedido indevidamente, que são debitados em folha, mediante a autorização do beneficiário. A parcela de pagamento de empréstimo consignado não pode ultrapassar o valor de 30% do benefício (artigo 115 da Lei n° 8.213/91).

(40)

CAPÍTULO 2

O BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA ESPECIAL: REQUISITOS E CARACTERIZAÇÃO

2.1 CONCEITO

A aposentadoria especial é um benefício que visa garantir ao segurado do Regime Geral da Previdência Social uma compensação pelo desgaste resultante do tempo de serviço prestado em condições prejudiciais a saúde ou integridade física.

Wladimir Novaes Martinez a define como44

Espécie de aposentadoria por tempo de serviço devido a segurado que durante 15, 20 ou 25 anos de serviços consecutivos ou não, em uma ou mais empresas, em caráter habitual e permanente, expuserem-se a agentes nocivos físicos, químicos e biológicos, em nível além da tolerância legal, sem a utilização eficaz de EPI ou face de EPC insuficiente, fatos exaustivamente comprovados mediante laudos técnicos periciais emitidos por profissional formalmente habilitado, ou perfil profissiográfico, em consonância com dados cadastrais fornecidos pelo empregador (DSS 8.030 e CTPS) ou pessoa autorizada para isso.

A concessão de aposentadoria especial pode ser visualizada como um caráter compensatório ao trabalhador que executa atividade reconhecida como nociva à saúde, devido a suas características peculiares de insalubridade e periculosidade45.

44 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Aposentadoria especial em 420 Perguntas e Respostas. 2.

ed. São Paulo: Editora LTr, 2001, p. 21.

45 RIBEIRO, Juliana de Oliveira Xavier. Direito Previdenciário Esquematizado, p. 147.

(41)

Conforme preconizam Castro e Lazzari 46

Aposentadoria especial é uma espécie de aposentadoria por tempo de contribuição, com redução do tempo necessário a inativação, concedida em razão do exercício de atividades consideradas prejudiciais a saúde ou a integridade física. Ou seja, é um benefício de natureza previdenciária que se presta a reparar financeiramente o trabalhador sujeito as condições de trabalho inadequadas.

Segundo o professor Augusto Tsutiya47, o fundamento da aposentadoria especial é retirar o trabalhador do ambiente de trabalho insalubre antes de ter sua saúde comprometida.

Com o intuito de deixar bem clara a natureza desta aposentadoria, Martins48 faz um breve comparativo com outras modalidades de aposentadorias:

Distingue-se aposentadoria especial da por tempo de contribuição, pois a primeira é extraordinária. Na aposentadoria especial o tempo necessário é de 15, 20 ou 25 anos de trabalho em condições prejudiciais a saúde do segurado, enquanto na por tempo de contribuição é necessário que o segurado tenha trabalhado por pelo menos 30 anos, se mulher, e 35 se homem. Difere, também, a aposentadoria especial da aposentadoria por invalidez, pois nesta o fato gerador é a incapacidade para o trabalho e na aposentaria especial esse fato inexiste. A aposentadoria especial pressupõe a agressão à saúde do trabalhador por meio de exposição a agentes nocivos. A segunda decorre de incapacidade e insusceptibilidade de reabilitação do segurado.

46 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. 8. ed. Florianópolis: Conceito editorial, 2007, p. 499.

47 TSUTIYA, Augusto Massayuki. Curso de direito da seguridade social. 2. ed. São Paulo:

Saraiva, 2008, p. 341.

48 MARTINS, Sergio Pinto. Direito da seguridade social, p. 371/372.

(42)

2.2 HISTÓRICO LEGISLATIVO

O benefício da aposentadoria especial foi criado na década de 60, através da Lei Orgânica da Previdência Social (Lei nº.

3.807, de 26.08.1960) e, desde então, vem sofrendo profundas e inúmeras alterações.

De acordo com o artigo 31 da referida Lei, sua concessão destinava-se aos segurados que atendessem os critérios de possuir no mínimo 50 anos de idade, mínimo de 15 anos de contribuições, e 15, 20 ou 25 anos de atividade profissional pelo menos, em serviços penosos, insalubres ou perigosos, assim considerados por decreto do poder executivo.

Posteriormente, evoluiu com o decreto nº. 53.831 de 25.03.1964, o qual estabeleceu a relação entre os serviços e as atividades profissionais classificadas como insalubres, perigosas ou penosas, em razão da exposição do segurado a agentes químicos, físicos ou biológicos, corroboradas com o tempo de trabalho mínimo exigido.

Segundo Maria Helena Ribeiro49

O decreto nº. 53.831/64 criou um quadro anexo estabelecendo a relação dos agentes químicos, físicos e biológicos no trabalho e os serviços e atividades profissionais classificadas como insalubres, perigosas ou penosas, que passaram a ensejar a aposentadoria especial.

O decreto nº. 63.230, de 10.09.1968 revogou o decreto nº. 53.831/64 com os seguintes critérios: 180 contribuições mensais, 15, 20 ou 25 anos de atividade profissional em serviços penosos, insalubres ou

49 RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria especial: regime geral de previdência social. 1. ed. Curitiba: Jaruá, 2004, p. 32.

(43)

perigosos, de modo habitual e permanente; computado o período de auxílio doença ou aposentadoria por invalidez decorrente do exercício dessas atividades; manteve os quadros I e II do decreto nº. 53.831/64, inclusive o limite de idade.

A Lei nº. 5.527 de 08.11.1968 restabeleceu, para as categorias profissionais que mencionava o direito a aposentadoria especial de que trata o artigo 31 da Lei nº. 3.807 de 26.08.1960, nas condições anteriores.

A Lei nº. 5.890/73, regulamentada pelo decreto nº.

72.771/73, revogou o artigo 31 da LOPS e definiu o artigo 9º com os critérios de 05 anos de contribuição, no mínimo, diminuindo a carência de 180 para 60 contribuições mensais (mais os 15 anos foram restabelecidos pela RBPS), 15, 20 ou 25 anos de atividades profissionais em serviços insalubres, penosos ou perigosos definidos por decreto, sem dispor nada quanto à idade mínima.

O decreto nº. 83.080, de 24.01.1979, regulamento dos beneficio de previdência social, trouxe significativas alterações, pois unificou quadros dos decretos nº. 63.230/68 e 53.831/64, criando os anexos I e II (anexo 4), o anexo I tratando da classificação das atividades profissionais segundo os agentes nocivos e o anexo II tratando dos grupos profissionais.

A Lei nº. 7.369, de 10.12.1980, inclui o §4º no artigo 9º da Lei nº. 5.890/73 e instituiu a conversão do tempo de serviço especial para comum.

(44)

Novamente, o ensinamento de Maria Helena Ribeiro50 A Lei nº. 7.369/80 constitui um marco importante, pois permitiu que o tempo de serviço exercido alternativamente em atividades comuns e em atividades perigosas, penosas ou insalubres, pudesse ser convertido, segundo critérios de equivalência fixados pelo Ministério da Previdência Social, e adicionado, não só para o deferimento de qualquer uma das três aposentadorias especiais, mas também para a obtenção da aposentadoria comum.

Cumprindo a determinação da Constituição de 1988, foram editadas as Leis nº. 8.212/91 e nº. 8.213/91, instituindo, respectivamente, o plano de custeio e o plano de benefícios da Previdência Social.

A Lei nº. 8.213, de 24.07.1991, dispôs sobre aposentadoria especial no artigo 57:

Art. 57: A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta lei, ao segurado que tiver trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos, conforme a atividade profissional, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

Essa redação do artigo 57 da Lei 8.213/91 seria alterada futuramente pela Lei 9.032/95.

O decreto nº. 611, de 27.07.1992, determinou a utilização dos anexos I e II do decreto nº. 83.080/79 e anexo do decreto nº.

53.831/64 até a promulgação de lei especifica.

50 RIBEIRO, Maria Helena Carreira Alvim. Aposentadoria especial: regime geral de previdência social, p. 80.

(45)

A Lei 9.032, de 28.04.1995, deu nova redação ao artigo 57 da Lei 8.213/91, alterando profundamente seu conceito ao extinguir a outorga do benefício exclusivamente pelo exercício de uma profissão, constituindo um grande marco da aposentadoria especial.

Art. 57: A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.

§ 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art.

33 desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a 100% (cem por cento) do salário de benefício.

§ 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma que a da aposentadoria por idade, conforme o disposto no art. 49.

§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.

§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão do benefício.

Além de modificar o caput do artigo 57, a Lei 9.032/95 alterou a redação do §3 do referido artigo, determinando a obrigação do segurado de demonstrar a real exposição a agentes insalubres de forma habitual e permanente.

Referências

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