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Aula 305 RECURSOS EM ESPÉCIE

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Academic year: 2021

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Curso/Disciplina: Direito Processual Civil (NCPC)

Aula: Repercussão Geral. Conceito e Natureza Jurídica.

Professor (a): Edward Carlyle

Monitor (a): Lívia Cardoso Leite

Aula 305

RECURSOS EM ESPÉCIE

Ordem dos processos nos tribunais: o CPC prevê expressamente que os RIs dos tribunais podem estabelecer regras que observem certas peculiaridades das regiões onde estão localizados. Dependendo do Estado ou região em que o tribunal está localizado, é comum que seu RI faça pequenas adaptações, alterações no que está estabelecido de maneira geral pelo CPC.

Recursos em espécie:

- Recursos ordinários: o objetivo é a proteção do direito da parte, o direito subjetivo –

apelação, agravo de instrumento, embargos de declaração, ROC etc.;

- Recursos extraordinários: é gênero que compreende recursos cuja finalidade principal é a proteção da integridade do ordenamento jurídico. O objetivo é a proteção deste como um todo, do direito objetivo, da lei e da CF.

São espécies: REsp dirigido ao STJ, com objetivo de proteger a integridade da lei federal; e RE, cujo objetivo é proteger a integridade dos dispositivos da CF. Este é endereçado, interposto, para o STF.

REsp:

CF, art. 105 - Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

RE:

CF, art. 102 - Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

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c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

- Processamentos do REsp e do RE:

Requisitos ou pressupostos de admissibilidade recursal:

- Genéricos: são os atinentes a todas as espécies recursais. De acordo com a doutrina

preponderante, a defendida pelo Prof. José Carlos Barbosa Moreira, são subdivididos em:

Intrínsecos: dizem respeito à existência do direito de recorrer. Compreendem: cabimento do

recurso, legitimidade para recorrer, interesse em recorrer e inexistência de fatos extintivos ou impeditivos do direito de recorrer.

Extrínsecos. Compreendem: tempestividade, regularidade formal do recurso e preparo.

No que diz respeito ao RE, é possível falar em outro pressuposto, requisito, de admissibilidade recursal, um específico, que diz respeito exclusivamente a ele: a repercussão geral.

Repercussão geral:

Originariamente foi prevista, ingressando no ordenamento, por força da EC nº 45/2004.

CF, art. 102, §3º - No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

Conceito de repercussão geral: de acordo com a doutrina, é possível falar que ela significa a

exigência imposta ao recorrente, pela CF, de demonstrar a relevância da questão constitucional veiculada no RE. Esta deve ser demonstrada sob o prisma econômico, social, político ou jurídico, de modo a viabilizar o conhecimento, a admissão, do RE, e permitir ao STF o exercício de sua função de zelar pela proteção do direito objetivo, da integridade do ordenamento jurídico.

Através da repercussão geral demonstra-se ao STF que a questão constitucional veiculada no recurso é relevante e, portanto, deve ser examinado o RE, de modo que seu mérito seja julgado e o STF proteja a integridade do ordenamento jurídico.

Qual a razão da repercussão geral?

É preciso se dirigir para trás, historicamente, para o início da atuação do STF como órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro.

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Para evitar a completa inviabilidade do STF, leis posteriores, e a própria CF posterior, começaram a estabelecer a existência de outros tribunais anteriores, antes de se chegar ao STF.

Em um 1º momento, a Justiça Federal passou a ter como tribunal de 2º grau o extinto TFR, que concentrava todos os recursos oriundos da Justiça Federal do país. O TFR teve vida longa no ordenamento jurídico, até a CF/88. Com esta ele foi extinto. Em seu lugar foram criados os 5 TRFs, divididos por regiões. Estes compreendem os recursos oriundos dos juízes federais das respectivas regiões.

De um único tribunal, o TFR, centralizado em Brasília, que foi extinto, foram criados os 5 TRFs espalhados pelo país, que compreendem diferentes regiões e os Estados da Federação.

No RJ há o TRF da 2º Região, que compreende o RJ e o ES.

Por conta disso, o STF também teve sua competência visualizada de modo a que ele não ficasse mais vinculado às análises de eventuais violações à lei federal e à CF.

Com a CF/88, além da criação, do surgimento, dos TRFs, previu-se o STJ. Este veio desafogar o STF, retirando sua competência para análise acerca de violação à questão federal, à lei federal.

O STJ passou a ser o tribunal, composto por 33 Ministros, que tem competência, condão, de examinar eventuais alegações atinentes à violação de lei federal. Essa competência, até então, tinha previsão estabelecida para o STF. Acabou, com a CF/88, sendo excluída, retirada do STF, e atribuída ao STJ.

O STF ficou com a competência atinente à verificação da constitucionalidade de determinada lei. Ele é o órgão encarregado pela CF de dar a última palavra acerca da constitucionalidade de qualquer dispositivo. Fica adstrito à constitucionalidade. Questões atinentes a normas infraconstitucionais, com a

CF/88 passaram a ser de competência do STJ.

Mesmo assim, até mesmo pela própria cultura brasileira, não ocorreu queda na interposição de REs tal como se esperava. Por força da litigiosidade do povo brasileiro, sempre foi mantida a ideia de que o interessado tem direito de recorrer até a última instância possível, o último órgão jurisdicional possível. Essa ideia ainda persiste, na medida em que grande parte dos indivíduos que são derrotados perante os tribunais de 2º grau continua com o intuito de recorrer e de, consequentemente, levar sua discussão ao STJ e ao STF.

Acabou acontecendo que mesmo com a implantação dos meios de controle dos diferentes tribunais espalhados pelo país, ainda assim é muito comum que os interessados recorram aos tribunais superiores, STJ ou STF.

Os REs que chegam ao STF, que são milhares, acabam tomando um volume muito grande no âmbito de seus processamentos. O STF não tem competência somente para examinar RE, mas também ACOs, incidentes processuais, competências administrativas etc. Isso acarreta uma enormidade de trabalho, que deve ser realizada por apenas 11 Ministros. A quantidade de processos é absurda em relação a cada um deles.

Com o intuito de tentar diminuir ainda mais o volume de trabalho dos Ministros do STF, foi pensada a repercussão geral.

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Agora, a exigência estabelecida pela CF diz respeito à repercussão geral. O RE que se pretenda seja examinado e decidido pelo STF precisa ter como cerne da questão constitucional veiculada uma relevância de tal monta que, sob o prisma econômico, social, político ou jurídico, seja possível perceber que a decisão que será proferida irá se expandir, se estender, para outras relações jurídicas que não fazem

parte do processo.

A ideia da repercussão geral é que, por força dos prismas mencionados, a decisão proferida no RE possa produzir efeitos fora do processo, em relação a outras relações jurídicas de direito material que têm relação com o aspecto econômico, social, político ou jurídico.

Para que o RE possa ser admitido, conhecido, é preciso que se demonstre a relevância

econômica, social, política ou jurídica que permita antever que a decisão a ser proferida efetivamente produzirá efeitos fora do processo, em outras relações jurídicas de direito material que não a originária do RE. A relevância é necessária para viabilizar a admissão, o conhecimento, do recurso, permitindo,

portanto, que o STF, posteriormente, quando da análise do mérito do recurso, possa zelar pela função de

proteger o direito objetivo, a integridade do ordenamento jurídico.

A repercussão geral faz papel de filtro. Não é mais qualquer RE que chega ao STF e tem seu

mérito examinado. Para que o STF possa cumprir adequadamente seu papel, precisa restringir a análise dos REs àqueles que possuem repercussão geral, de modo a que a decisão proferida na causa possa produzir efeitos em relação a outras relações jurídicas de direito material que com ela sejam conexas, correlatas, tenham a mesma questão jurídica, econômica, social ou política sendo discutida. Isso viabiliza que os efeitos do RE possam ser produzidos para fora do processo.

A repercussão geral precisa estar tratada em lei, o que foi feito através da publicação da Lei nº 11418/2006. Esta acrescentou, à época, arts. ao CPC/73. O objetivo específico era regulamentar o art. 102, §3º, da CF.

CPC, art. 1035 - O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.

§1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo.

§2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.

§3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que: I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal; II – (Revogado);

III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal.

§4º O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

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§6º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento.

§7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no §6º ou que aplicar entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá agravo interno.

§8º Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica.

§9º O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.

§10. (Revogado).

§11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no diário oficial e valerá como acórdão.

Esse art., atualmente, é o que cuida, trata, da repercussão geral, no âmbito do RE.

Lei nº 11418/2006, art. 4º - Aplica-se esta Lei aos recursos interpostos a partir do primeiro dia de sua vigência.

Art. 5º - Esta Lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após a data de sua publicação.

A publicação da lei foi em 20 de dezembro de 2006. Isso significa que o vigor iniciaria mais ou menos em 20 de fevereiro de 2007, e só a partir desse momento a lei surtiria efeitos.

O STF entendeu de modo diverso. Ele não admitiu o art. 4º, entendendo que a repercussão

geral só poderia ser exigida dos REs a partir do momento em que ela estivesse prevista dentro de seu RI. A repercussão geral somente passaria a ser exigível quando o STF regulamentasse sua exigência internamente.

Essa regulamentação interna, no âmbito do STF, ocorreu com a Emenda Regimental nº 21. Esta passou a produzir efeitos a partir de 03 de maio de 2007. Ela é de 30 de abril de 2007.

A lei que trata da repercussão geral, originariamente, estabeleceu como início da entrada em vigor o 1º dia útil depois do prazo estabelecido por ela, que é de 60 dias. A lei foi publicada em 20 de dezembro. A partir, mais ou menos, de 20 de fevereiro, ter-se-ia a produção de efeitos da lei.

O STF, que veio a examinar a questão, afastou a aplicação do prazo estabelecido pela lei, e passou a estabelecer que a repercussão geral somente passaria a ser exigível quando regulamentado o

processamento em seu âmbito, o que foi feito pela Emenda Regimental nº 21, de 30 de abril de 2007. Esta

somente passou a produzir efeitos a partir de 3 de maio de 2007.

A partir de qual momento a repercussão geral pôde ser exigida para fins de admissão dos REs? Dos REs interpostos a partir de 03 de maio de 2007.

CPC, art. 1035: fala que o STF não conhecerá do RE. Essa terminologia é própria, específica, de

juízo de admissibilidade recursal. Este é a 1ª fase de julgamento de todo e qualquer recurso. Presentes os

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“Não conhecerá”: trata-se de juízo de admissibilidade negativo, de inadmissibilidade recursal. Pressupostos, requisitos, de admissibilidade recursal:

- Genéricos.

Intrínsecos – cabimento, legitimidade, interesse e inexistência de fatos extintivos ou impeditivos do direito de recorrer.

Extrínsecos – tempestividade, regularidade formal do recurso e preparo. - Específicos.

A repercussão geral é requisito de admissibilidade específico do RE, só sendo exigida para ele.

Os genéricos dizem respeito a quaisquer espécies recursais.

Obs: nenhuma outra espécie recursal precisa seja demonstrada a existência de repercussão geral.

Qual a natureza jurídica da repercussão geral?

Requisito de admissibilidade recursal específico da espécie recursal RE. A análise de sua

existência, presença, ou não, deve ser feita pelo STF, que é o órgão encarregado de fazer esse exame, o competente exclusivamente.

Decisão irrecorrível: não há previsão expressa de qualquer recurso cabível contra a decisão do STF sobre repercussão geral. A princípio, ela é irrecorrível.

Existe a possibilidade, de acordo com doutrina e jurisprudência, de interposição, de cabimento, de embargos de declaração. A prolação de decisão acerca de repercussão geral produz efeitos em outras relações jurídicas, e não somente na que serviu de fundamento para a interposição do recurso. Então, a decisão tem de ser passível de cabimento de embargos de declaração, por identificação de algum dos vícios autorizadores da interposição de dita espécie recursal. Logo, podem-se alegar os vícios das hipóteses de embargos de declaração, que têm de ser atinentes à contrariedade, à omissão, ao erro material ou à

obscuridade da decisão.

Embora a lei afirme expressamente que a decisão é irrecorrível, doutrina e jurisprudência defendem que sempre, ainda assim, serão cabíveis embargos de declaração, pois se presentes os vícios,

eles têm de ser corrigidos.

Outras espécies recursais, outros recursos, não são cabíveis.

A repercussão geral é requisito de admissibilidade recursal específico do RE, devendo estar

presente em todas as demandas. No momento de interposição de RE para o STF, ela precisa ser demonstrada. Em que momento ela é examinada? Qual o momento adequado para a realização da análise?

Quem examina é o STF. A competência dele para isso é exclusiva.

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- Específicos. Aqui está a repercussão geral.

Os pressupostos de admissibilidade recursal precisam ser examinados, analisados, no início, em 1º lugar, para que seja possível conhecer, admitir, o recurso ou não. O juízo é de admissibilidade recursal.

Presente o requisito da repercussão geral, o recurso é admitido, conhecido. Ausente, o recurso não será admitido, conhecido.

A análise da repercussão geral precisa ser feita antes da dos demais pressupostos de admissibilidade recursal ou deve ser feita depois?

A doutrina não toca muito no assunto. O único autor que efetivamente examina isso de maneira detalhada, para esclarecer o momento adequado de se fazer a análise da repercussão geral, é o Prof. Araken de Assis. Ao examinar esse aspecto, ele afirma taxativamente que a repercussão geral deve ser

o último requisito de admissibilidade recursal a ser examinado. Todos os demais devem ser examinados

antes porque são genéricos, dizendo respeito a quaisquer espécies recursais. Primeiro são examinados os genéricos, pois se algum deles estiver ausente, não será recebido, admitido, conhecido, o recurso, por força da falta de pressuposto recursal genérico.

Examinados todos os requisitos genéricos, e estando eles todos presentes, passa-se ao exame da repercussão geral.

Assim, o momento adequado é após o exame da presença ou não dos requisitos de admissibilidade recursal genéricos. Uma vez feito o exame destes, pode-se passar ao exame da repercussão geral. Esta é requisito, pressuposto, de admissibilidade, específico. É a última a ser analisada, examinada, no âmbito do STF.

Referências

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