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Contratualização e Financiamento

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Academic year: 2021

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Texto

(1)

Pedro Beja Afonso

Contratualização e Financiamento

A Gestão da Doença Crónica e o Modelo de Financiamento

(2)

Contexto

Tendências

• Existem três vetores que determinarão a organização dos cuidados de saúde:

Doenças Crónicas – o peso das doenças crónicas cresce

substancialmente, implicando um enorme consumo de recursos;

Tecnologia – a tecnologia tem um impacto crescente na organização e na prestação de cuidados de saúde;

Fatores comportamentais e genéticos – é cada vez mais aceite que as doenças crónicas estão associadas a questões comportamentais, socio- económicas e genéticas.

Pedro Beja Afonso

(3)

Contexto

Tendências

• E o que querem os consumidores:

Cuidados de saúde melhor coordenados – a existência de vários níveis de cuidados não deve ser servir para dificultar o acesso e a comunicação ou para aumentar o desperdício;

Criação de centros de excelência.

Maior monitorização à distância – maior segurança e comodidade, permite uma redução do número de contactos diretos entre o médico e o doente;

Modelos de financiamento de cuidados mais explícitos – adaptação dos modelos de financiamento ao peso da doença crónica.

(4)

Contexto

Tendências

• Os custos com a saúde crescem mais rápido do que os salários e do que a riqueza gerada.

• Tendência para transferir o acréscimo de custos para as pessoas (mais co- pagamentos e menos benefícios fiscais)

Pedro Beja Afonso

O crescimento da prevalência das doenças crónicas é o maior responsável pelo

aumento dos custos

(5)

Contexto

Doença crónica

• 45% da população nos EUA tem uma doença crónica, metade destas têm mais do que uma doença crónica1;

• No sistema Medicare 83% dos indivíduos tem uma doença crónica, 25% destes tem pelo menos 5 co-morbilidades2;

• As doenças crónicas produzem graus de incapacidade progressivamente elevados, com significativos custos sociais e económicos;

• Os doentes crónicos tendem a ter múltiplos contactos com o sistema de saúde, ao nível hospitalar e de CSP, sendo difícil efectuar um acompanhamento

transversal à evolução da sua doença;

• A OMS alertou que 60% do número de mortes deve-se a doenças crónicas.

(1) Wu, Shin-Yi and Anthony Green. Projection of Chronic Illness Prevalence and Cost Inflation. RAND Corporation. October 2000 (2) Anderson GF. Medicare and Chronic Conditions. Sounding Board, 2005.

(6)

Contexto

Doença crónica

Decomposição dos custos por condição de doença EUA (2010)

Pedro Beja Afonso

Fonte: Medical Expenditure Painel Survey

(7)

Sistema de Saúde

Doença crónica

• São necessárias politicas dirigidas, orientadas e integradas para a gestão da doença crónica;

• É necessário assumir a importância estratégica da promoção da saúde e da prevenção da doença (reforço das verbas)

• E que a contratualização em saúde e os modelos de financiamento são uma parte importante do sistema.

O sistema de saúde está maioritariamente orientado para o tratamento da doença aguda (hospitalocentrico)

(8)

Sistema de Saúde

Integração de cuidados

Pedro Beja Afonso

• Os CSP e os cuidados hospitalares funcionam de forma pouco integrada;

• Existem, entre estes níveis de cuidados, notórias dificuldades de comunicação;

• A capacitação do utente na gestão da sua doença e da família ainda não é muito valorizada;

• O sistema está centrado nos episódios de agudização da doença crónica;

• Existe uma fraca valorização do ciclo da doença;

• O modelo de financiamento ainda valoriza pouco os resultados e não é utilizado como forma de incentivo de integração de cuidados.

O modelo de financiamento é um dos instrumentos mais poderosos na modelação do Sistema de Saúde

(9)

Sistema de Saúde

Integração de cuidados

Um estudo realizado nos Estados Unidos estima que mais de 30% da despesa em saúde é gasta em

ineficiência, cuidados inapropriados ou redundantes

Fonte: The Implications of Regional Variations in Medicare Spending. Part 2: Health Outcomes and Satisfaction with Care , Elliott S. Fisher, MD, MPH; David E. Wennberg, MD, MPH; Thérèse A. Stukel, PhD; Daniel J. Gottlieb, MS; F. L. Lucas, PhD; and É toile L.

Pinder, MS

Um outro estudo estima que apenas 54%

dos cuidados de saúde prestados a doentes agudos e 56% dos prestados a doentes crónicos seguem a literatura médica

Fonte: McGlynn E.A., et al., The Quality of Care Delivered to Adults in the United States, New England Journal of Medicine 2003; 348:2635-45

Em sistemas com fraca integração entre cuidados e com pouca valorização do ciclo da doença, os médicos tendem a desperdiçar o seu tempo em actos redundantes, o que é

agravado pelas persistentes falhas na partilha de informação clínica.

(10)

Sistema de Saúde

Exemplo internacional

No Reino Unido a integração de cuidados está na agenda da reforma do sistema de saúde. Estão em curso 16 projectos piloto de integração de cuidados.

Modelo Tradicional:

• Hospitais pouco envolvidos na gestão dos doentes com DPOC

• 10% dos doentes tem mais do dois internamentos em cada inverno

• 25% destes internamentos são evitáveis

• Médicos de família não

estavam munidos dos melhores protocolos.

• Os doentes sentiam que lhes faltava informação e educação

Mudança:

• Foram ouvidos os doentes sobre que mudanças a operar

• Possibilidade de referenciação para o sector privado

(competição)

• Incentivos financeiros associados à redução das admissões hospitalares

• Equipas multiprofissionais - maior contacto CSP e hospitais

• Envolvimento dos utentes no seu plano de cuidados

Resultados:

• Foco nos cuidados preventivos (o modelo envolve o hospital, MF, cuidados domiciliários, oxigénio terapia)

• Utilização de um livro de registos (responsabilização do utente);

• Redução dos custos hospitalares e de oxigénio terapia.

DPOC (in Somerset)

(11)

Sistema de Saúde

Modelo de Financiamento

• Não existe nenhum modelo de financiamento especifico para os CSP/ACES. As ARS são financiadas com base na capitação e alguns determinantes da saúde.

• O modelo de financiamento dos hospitais tem-se desenvolvido, tendencialmente, no sentido do pagamento por acto / episódio, com base na definição de linhas de produção (i.e. consultas externas, urgências, internamento, hospital de dia e outros);

• O Ministério da Saúde tem dado sinais de valorização do volume de produção (i.e.

número de actos realizados) e dos resultados financeiros obtidos;

O acto em si é algo vazio de conteúdo, que por si só não significa necessariamente que acrescente valor ao doente.

(12)

Sistema de Saúde

Financiamento

Pedro Beja Afonso

Pagamento por episódio

Ex: fractura na anca, parto

Pagamento por acto

Ex: vacinação, lesões simples

Pagamento por preço compreensivo

Ex: DPOC

Pagamento por preço compreensivo

+

pagamento por episódio

Ex: doença cardíaca

- + +

-

Frequência de episódios relacionados com a condição da doença Custo

por episódio

Fonte: Center for Healthcare Quality & Payment Reform

(13)

Modelo de Financiamento

Financiamento

Pagamento por preço compreensivo

Valor médio pago por doente para um determinado período de tempo, que engloba o conjunto de actos clínicos, medicamentos e outras actividades essenciais para uma adequada prestação de cuidados.

Reduzir o número de episódios desnecessários e evitáveis.

• É usado para estados de doença que implicam um recurso frequente a cuidados de saúde e apresentam uma elevada taxa de hospitalizações evitáveis (doenças crónicas)

Dificuldade: exige o conhecimento dos custos e a medição dos resultados

(14)

Modelo de Financiamento

Evolução desejável

• Alterar o modelo de financiamento dos hospitais, passando os ACES a fazer parte desse processo, uma vez que são grandes consumidores dos recursos hospitalares, pela via da referenciação e pelo recurso dos seus utentes aos serviços de urgência.

• Promover uma melhor coordenação assistencial entre os cuidados de saúde

primários e os hospitais, ao nível da gestão clínica e organizacional, através do modelo de financiamento.

• Existência de sistemas de informação que permitam a monitorização e avaliação constante deste processo.

(15)

Criar uma experiência piloto

• Maior autonomia para um ACES

• Aplicação de um modelo de financiamento especifico para os CSP (capitação, preço compreensivo, pagamento por acto)

• E que implique que o financiamento dos hospitais esteja dependente da “compra”

de cuidados pelos ACES (referenciações para consulta externa, determinados tipos de urgência (prioridade verde), cuidados a doentes crónicos, etc) –

financiamento cruzado.

• Responsabilizar os diversos níveis de cuidados.

Reforço o papel dos Cuidados de Saúde Primários

Evolução Desejável

Modelo de Financiamento

(16)

Modelo de Financiamento

Evolução desejável

• Deverá haver um alinhamento cada vez maior entre os objectivos contratualizados e a missão das instituições de saúde, onde se deverá privilegiar os elementos que

promovam o alcance de resultados em saúde (valor em saúde – melhor saúde por euro gasto) e não propriamente a produção de actos médicos.

• O modelo de contratualização deverá incorporar objectivos que promovam a integração entre os vários níveis de cuidados, primários e hospitalares, de modo a fomentar a partilha de informação e de conhecimento (e um adequado agenciamento).

O desenvolvimento de um sistema de saúde baseado no valor só será possível se o MS apostar na construção de conhecimento sustentado

(17)

O futuro…

Se nada fizermos na gestão da doença crónica

Se não tivermos capacidade de inovação

Se não formos criativos

Se não assumirmos o experimentalismo, com monitorização e avaliação

Corremos o risco de o sistema se transformar …

(18)

O futuro…

Pedro Beja Afonso

(19)

O futuro…

Obrigado pela atenção

Referências

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