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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO ES Curso de Bacharelado em Direito

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Bernardo Marvila Ferreira

A INEFICÁCIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO FRENTE AO PSICOPATA HOMICIDA

Cachoeiro de Itapemirim

2017

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A INEFICÁCIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO FRENTE AO PSICOPATA HOMICIDA

Trabalho de Conclusão de Curso (monografia), apresentado perante banca examinadora do Curso de Direito, do Centro Universitário São Camilo, como exigência parcial para obtenção de grau de bacharel em Direito, sob a orientação da professora Márcia Lúcia Ferreira Cancella.

Cachoeiro de Itapemirim

2017

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Ferreira, Bernardo Marvila

A ineficácia do ordenamento jurídico brasileiro frente ao psicopata homicida / Bernardo Marvila Ferreira. – Cachoeiro de Itapemirim: Centro Universitário São Camilo, 2017.

58p.

Orientação de Márcia Lúcia Ferreira Cancella

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Centro Universitário São Camilo, Graduação em Direito, 2017.

1. Imputabilidade 2. Direito penal I. Cancella, Márcia Lúcia Ferreira II. Centro Universitário São Camilo III. Título.

CDD: 340

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A INEFICÁCIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO FRENTE AO PSICOPATA HOMICIDA

Cachoeiro de Itapemirim, 27 de novembro de 2017.

Professora Orientadora: Márcia Lúcia Ferreira Cancella

Professor Examinador:

Professor Examinador:

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Dedico este trabalho aos meus pais, que sempre me ensinaram a grande importância dos estudos e me incentivaram a nunca desistir.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por sempre me manter de pé nessa jornada, por sempre fazer com que eu sentisse sua presença, que me acalentava e me erguia. Agradeço também a virgem Maria, por ser o escudo do mal em minha vida e por sempre interceder por mim.

Agradeço aos mestres por serem exemplo, e me ensinaram de uma maneira magnífica, que para sermos ótimos profissionais, primeiramente precisamos respeitar uns aos outros e entender os limites de cada um. Agradeço em especial a minha orientadora Márcia Lúcia Ferreira Cancella, por sempre ser rica de boa vontade e generosidade, por sempre nos permitir admirá-la como uma profissional e pela alegria que esbanja.

Agradeço aos meus amigos de turma, que hoje fazem parte da minha família, que me ajudaram a cada dia desse curso, que me permitiram trocas de conhecimentos muito valiosas e sempre foram um amparo nos meus dias.

Muito Obrigado!

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―Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.ǁ Charles Chaplin

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FERREIRA, Bernardo Marvila. A INEFICÁCIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO FRENTE AO PSICOPATA HOMICIDA. 58 fls. Monografia (Bacharel em Direito) – Centro Universitário São Camilo, Espírito Santo, 2017.

RESUMO

Na atualidade um dos grandes desafios do ordenamento jurídico brasileiro é a punibilidade do réu psicopata. É notório que, há divergência acerca de qual a medida mais cabível, ora os psicopatas homicidas, são tratados como imputáveis e ora como semi-imputáveis, ou cumprindo pena ou medida de segurança em hospitais de custódia. Diante desses atos, visto que estes apresentam em sua personalidade um transtorno que faz parte da sua autodeterminação, o Direito junto com a Psicologia e Psiquiatria, devem buscar a solução dessas atitudes, de uma maneira que não possam vir a ocorrer novamente no futuro. Sobre a finalidade da pena o objetivo só seria alcançado se determinados agente fossem tratados com especialidade, e para isso é necessário que estes recebam tratamento de uma maneira diferente de um indivíduo com capacidade mental comum. É necessário um tratamento adequado e específico, com profissionais habilitados e minuciosamente treinamento, pois uma vez esses infratores entrando em contato com outros presos de capacidade mental divergente, sejam pessoas comuns ou doentes mentais que fazem tratamento de custódia, isto pode colocar em risco a vida do outro e a sua. O método hipotético-dedutivo permeia o desenvolvimento deste estudo, que se desenvolve inicialmente com a pesquisa bibliográfica em teorias do Direito vinculadas à ramificação Penal, buscando a solução para a problemática proposta. A conclusão a que se chegou, foi que é imprescindível a separação de indivíduos psicopatas em prisões específicas, com tratamento dado por profissionais qualificados.

Palavras- chave: Psicopatia, casos, imputabilidade, Direito Penal, Jurisprudência.

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FERREIRA, Bernardo Marvila. THE INEFFECTIVENESS OF BRAZILIAN LEGAL ORDINANCE AGAINST THE HOMICIDE PSICOPATH. 58 leaves. Monograph

(Bachelor of Laws) – Centro Universitário São Camilo, Espírito Santo, 2017.

ABSTRACT

At present one of the great challenges of the Brazilian legal system is the punishment of the psychopath defendant. It is noteworthy that there is disagreement as to what the most appropriate measure, or homicidal psychopaths, are treated as imputable and now as semi-imputable, or serving sentence or security measure in custodial hospitals. In the face of these acts, since they present in their personality a disorder that is part of their self-determination, the Law together with Psychology and Psychiatry, should seek the solution of these attitudes, in a way that can not occur again in the future. On the purpose of the penalty the goal would only be achieved if certain agents were treated with specialty, and for this it is necessary that they receive treatment in a different way from an individual with common mental capacity.

Appropriate and specific treatment is needed with trained professionals and thorough training, since once these offenders come in contact with other prisoners of differing mental capacity, whether they are ordinary people or mentally ill people who are in custody, this can be life-threatening the other and yours. The hypothetical-deductive method permeates the development of this study, which initially develops with the bibliographical research in theories of Law related to the criminal branch, seeking the solution to the proposed problem. The conclusion reached was that it is essential to separate psychopathic individuals in specific prisons, with treatment given by qualified professionals.

KEYWORDS: Psycopathy, cases, imputabilty, Criminal Law, Jurisprudence

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SUMÁRIO

RESUMO ABSTRACT

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 PSICOPATIA ... 12

Historicidade dos Psicopatas Homicidas ... 12

Psicopatia – Conceito ... 16

Psicopatia x Serial Killer. ...20

Psicopatia, Doenças Mentais e Outros Transtornos ... 22

Casos de assassinos em série no Brasil ... 26

3 LESGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA E A CULPABILIDADE – MEDIDA DE SEGURANÇA E A PENA ...29

4 IMPUTABILIDADE, SEMI-IMPUTABILIDADE E ININPUTABILIDADE. ... 38

5 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E O PSICOPATA ... 42

Cumprimento da Sanção Penal ... 45

Jurisprudências. ... 47

6 CONCLUSÃO ... 52

REFERÊNCIAS ...54

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1 INTRODUÇÃO

Delitos brutais ocorrem com grande frequência na sociedade, crimes aterrorizantes, com grande frieza na qual o infrator não apresenta nenhum remorso. Na maioria dos casos, essas atitudes são cometidas por pessoas extremamente impulsivas, que apresentam essa necessidade de matar, de machucar e manipular alguém.

Buscar compreender os motivos que levam esses indivíduos a prática de tais delitos, é a maneira primordial para a solução do problema. É através disso os operadores do Direito se basearão para tomar decisões, juntando tais análises as provas materiais, para que se possa dar condenação ou absolver alguém e, até mesmo, em caso de condenação, definir a que regime deve o agente ser submetido.

A psicopatia é tida como um transtorno de personalidade pela psicologia e psiquiatria, tendo como principais características, a falta de remorso, a ausência de simpatia, o egocentrismo exacerbado, grande busca de satisfação sexual, crueldade, falta de lealdade e ausência de sentimento genuínos. Sobre isso, a psicopatia, é a um grande desafio do Ordenamento Jurídico Brasileiro, visto que a legislação, nada menciona sobre esse caso em especial.

O infrator psicopata, na maioria das vezes é tratado como um agente comum, pois não há pacificação sobre o assunto, não garantido a segurança da sociedade diante desses indivíduos. Sendo a essa a razão que motivou este estudo.

O presente estudo relaciona a análise da psicopatia sob o ponto de vista psicológico- moral e jurídico, tendo por escopo tratar sobre a responsabilização do psicopata por suas condutas no ordenamento jurídico brasileiro. A mente humana é estudada como forma de imputação ou não do indivíduo. É indiscutida a importância da conexão entre o Direito e a Psicologia no que tange este assunto, já que as duas ciências estarão intimamente ligadas, tendo como objetivo principal trazer a harmonia na sociedade, não só afastando dela pessoas que poderiam

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prejudicá-la, como também dando a essas pessoas tratamento devido para o controle de seus impulsos.

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2 PSICOPATIA

Historicidade dos psicopatas homicidas

Os psicopatas homicidas são pessoas que apresentam transtorno de personalidade, cometem assassinatos, na maioria das vezes, sem conhecer a vítima, visto que quase sempre eles as distinguem através de símbolos ou características, seja por cor de cabelo, véstias, profissão, religião, entre outros, as vítimas representam algo para esses assassinos, sejam elas prostitutas, pessoas de aparência parecidas e até ingênuas.

Apesar dessa definição de transtorno de personalidade ser algo relativamente recente, esses atos criminosos já ocorrem há muitos anos, um caso famoso e pretérito é da Condessa húngara Elizabeth Bathory conhecida como ―Condessa de Sangueǁ1, que viveu na época de (1560 – 1614), segundo relatos da época, a condessa que fora criada em meio a grandes batalhas entre austríacos e turcos chegou a matar, cerca de 654 mulheres.

Referência em beleza e em suas atrocidades, a aristocrata, acreditava que ao banhar-se com o sangue de suas vítimas, isso lhe concederia a plena juventude. Por fim, após a descoberta de seus feitos, fora condenada à prisão perpétua, na qual veio a morrer quatro anos após a sua prisão. Diante disso, começou-se a acreditar na lenda de vampiros e lobisomens. O medo na época, pela falta de informação levava a população a achar um culpado, em crenças populares e seres mitológicos, a própria Igreja Católica não acreditava que o ser humano pudesse ser autor de tais perversidades, e por isso justificava que essas ações eram objetos de possessões e manifestações do demônio.

Outro caso conhecido mundialmente, fora à história de Jack o estripador2, o assassino viveu na Inglaterra, na segunda metade do século XIX, matou várias

1RANGEL, Natália. A condessa de Sangue. Disponível

em:<https://istoe.com.br/15548_A+CONDESSA+VAMPIRA/ > Acesso em 20/08/2017

2 HARRISSON, Shirley. O Diário de Jack, o estripador. 1ª Ed. São Paulo. Universo dos Livros,2012.

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prostitutas violentamente. As vítimas recebiam cortes na garganta para então sofrerem cortes abdominais, o homicida além de cometer o crime removia seus órgãos internos, daí o famoso nome, contudo, o mesmo nunca fora pego e até hoje não sabe quem era o autor dos fatos, estima-se que existiu cerca de mais de cem suspeitos na época, mas nunca lograram êxito na descoberta.

Há dois casos mais recentes e famosos que mexiam com a mente da população na tentativa de justificar tais maldades de determinados seres humanos, são eles Adolf Hitler3, grande político de nacionalidade originária austríaca e posteriormente alemã, Líder do Partido Nazista e o Médico Nazista, conhecido como ―Anjo da Morteǁ Josef Mengele4.

O primeiro acreditava na existência de uma raça pura, onde gays, judeus, negros, entre outros, ofendiam o patriotismo alemão, que eram raças indesejáveis e inferiores, com tal pensamento ocorreu uma das maiores atrocidades da história, o Holocausto, que matou cerca de 11 milhões de pessoas em câmaras de gás, dentre eles estavam, judeus, ciganos, homossexuais e outras raças, pessoas de outras crenças como, adventistas e testemunhas de Jeová.

Enquanto o segundo, Josef Mengele, estava associado a Adolf Hitler, tratava-se de um médico sádico nazista, fora responsável por cerca de 400 mil mortes nos campos de Auschwitz, no sul da Polônia durante a segunda guerra mundial, fazia parte do exército nazista e chegou a morar no Brasil por cerca de oito anos, foragido da Europa. Por fim, o mesmo morreu afogado em 1979 no litoral paulista.

Percebe-se desta forma, que existe esse transtorno de personalidade a séculos, no entanto, foi no fim do século XVIII com a evolução do conhecimento humano que alguns filósofos e psiquiatras da época, passaram a discutir com mais dedicação o termo psicopatia. Começaram a estudar a relação do livre arbítrio e as transgressões morais, questionando se algumas pessoas não seriam capazes de entender, as

3 Victor, G. Hitler: The Pathology of Evil. Potomac Books,1999

4 LOPES, Ivan. Médico Nazista, conhecido como “Anjo da Morte”, viveu escondido em Serra Negra na década de 60. Disponível em:< Mhttps://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/circuito- inverno-das-aguas/noticia/medico-nazista-conhecido-como-anjo-da-morte-viveu-escondido-em- serra-negra-na-decada-de-60.ghtml > Acesso em 20/08/2017

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consequências de seus atos. Philippe Pinel, foi quem primeiramente começou a notar que alguns pacientes cometiam tais atos de forma impulsiva, eles eram detentores da capacidade de raciocínio, e completa consciência e racionalidade do que cometiam, na época, isso era definido como insanidade sem delírio.

Entretanto, na década de 40 com o livro ―The Mask of Sanityǁ em tradução livre, A Máscara da Sanidade, escrito pelo Hervey Cleckley, psiquiatra americano, que a ciência em geral começou a investigar e estudar o que ele definia como um grande problema social, para ele, psicopatas homicidas tratavam-se de assassinos charmosos e calculistas. Contudo, foi esta obra que inspirou a criação do PCL-R5 (Psycopathy Checklist Revised) do psicólogo Canadense Robert D. Hare, que tem como função calcular o nível de psicopatia do indivíduo, com fim de proferir um diagnóstico mais exato, a pesquisa trata-se de uma entrevista feita ao indivíduo e a partir daí, é feito um cruzamento de informações coletadas, junto com informações de outras fontes, destacando a vida afetiva, interpessoal e comportamental.

No Brasil, a pouco tempo atrás, foi validado a Escala Haree (ou PCL-R), adaptando- a a realidade Brasileira. O PCL-R é muito utilizado por médicos forenses e psiquiatras para conseguirem avaliar as pessoas que apresentam transtorno de personalidade, a Escala também visa ajudar no critério de reincidência criminal, para que pessoas com potencial baixo, não sejam injustiçadas na aplicação da pena.

A Escala Hare é um método avaliativo por meio de entrevista, nele existem vinte itens que podem ser pontuados de 0 a 2, o total da escala pode ir de 0 a 40 pontos.

Essa pontuação se refere ao grau ao qual o indivíduo será classificado em relação ao protótipo de psicopatia. Quanto mais alta a pontuação, maior o risco de reincidência.

O PCL-R é baseado em 2 fatores. O fator 1 está relacionado a traços afetivos e interpessoais. O fator 2 está relacionado ao comportamento do indivíduo, tentando saber se ele é impulsivo, agressivo e tem um estilo de vida antissocial. Se o fator 1 tiver mais pontuação que o fator 2, caracterizará que o indivíduo é mais perigoso, visto que o fator 1 está relacionado a traços de personalidade.

5HARE, Robert D. Hare PCL-R. 2ª ed. São Paulo. editora MHS,2008

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É uma escala psicométrica composta por 20 itens, a cada resposta o avaliador pontua 0 (característica ausente), 1 (parcialmente presente) e 2 (característica definitivamente presente), por fim, se o indivíduo adulto apresentar mais de 30 pontos no final, é provável que ele apresente personalidades psicopáticas.

São vinte elementos que compõe a escala:

1) loquacidade/charme superficial;

2) auto-estima inflada;

3) necessidade de estimulação/tendência ao tédio;

4) mentira patológica;

5) controle/manipulação;

6) falta de remorso ou culpa;

7) afeto superficial;

8) insensibilidade/ falta de empatia;

9) estilo de vida parasitário;

10) frágil controle comportamental;

11) comportamento sexual promíscuo;

12) problemas comportamentais precoces;

13) falta de metas realísticas em longo prazo;

14) impulsividade;

15) irresponsabilidade;

16) falha em assumir responsabilidade;

17) muitos relacionamentos conjugais de curta duração;

18) delinquência juvenil;

19) revogação de liberdade condicional;

20) versatilidade criminal.6

Essa Escala é utilizada nos Estados Unidos desde a década de 80 e para ocorrer a avaliação, o examinador deve fazer um treino específico para que as respostas não permitam que o avaliador cometa algum equívoco. No Brasil, fora traduzida e validada pela psiquiatra Hilda Morana, em sua tese de doutorado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2004). Em 2005, a escala foi avaliada pelo Conselho Federal de Psicologia que, no mesmo ano, aprovou a sua utilização.

Em 1952 foi criada a DSM (Diagnosticandstatiscal manual of mental disorder)7 pela Associação Americana de Psiquiatria que foi aperfeiçoada com o tempo, sua principal função é verificar se uma pessoa a partir do seus 15 anos, apresenta pelo menos, três características de alguém com transtorno de personalidade antissocial.

Psicopatia – Conceito

6 HARE, Robert D. Hare PCL-R. 2ª ed, São Paulo. editora MHS,2008

7 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de Diagnósticos e Estatísticos de Transtornos Mentais, 5ª ED, São Paulo. Artmed, 2014 pg.153

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A psicopatia é um transtorno de personalidade que tem como característica a ausência de empatia, desprezo e violação do direito dos outros, hábito de enganar ou mentir, manipulação, etc. De acordo com a Classificação Internacional de Doenças, a psicopatia está no rol de personalidades dissocial, localizado na CID – 10 F60.2:

Transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais, falta de empatia para com os outros. Há um desvio considerável entre o comportamento e as normas sociais estabelecidas. O comportamento não é facilmente modificado pelas experiências adversas, inclusive pelas punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência. Existe uma tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em conflito com a sociedade.

É um transtorno considerado mais grave, visto que se trata de pessoas que apresentam perigo aos indivíduos ao seu redor, os psicopatas, são pessoas agressivas, impulsivas, não apresentam nenhum remorso, são cínicas e de um nível de inteligência maior que o da média.

Esses indivíduos geralmente apresentam uma aparência charmosa, com atitudes perigosas, um raciocínio ligeiro, são capazes de manipular as pessoas ao seu redor com mentiras constantes, e serão incansáveis na busca de satisfazer seus desejos.

Vele salientar que nem todos psicopatas são homicidas, porém, quando o grau do transtorno é elevado a ponto de tirar a vida de outro ser humano, estes se diferenciam dos demais8. Eles são impulsivos, não apresentam qualquer sentimento de remorso e se sentem superiores, veem em outra pessoa uma maneira fácil de conseguir um benefício, seja econômico, emocional ou fisicamente falando.

O psicopata homicida é um especialista em controlar e conduzir uma conversa com intenções de satisfazer suas vontades, no decorrer da conversa, eles sempre se mostram calmos, convictos, não apresentam sequer uma alteração de humor.

Fisicamente, quando está sobre pressão não são nem capazes de ficarem nervosos, suando ou com batimentos cardíacos acelerados, pois como não entendam a

8BALLONE, GJ. Personalidade psicopática (e Moral). Disponível em:<

http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=177 >, Acesso em 11/10/2017

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capacidade de sentir, não reconhecem as ligações emocionais9.

O DSM-V elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria define Psicopatia de Transtorno de Personalidade Antissocial e elenca as caraterísticas desse indivíduo:

Indivíduos com transtorno da personalidade antissocial frequentemente carecem de empatia e tendem a ser insensíveis, cínicos e desdenhosos em relação aos sentimentos, direitos e sofrimentos dos outros. Podem ter autoconceito inflado e arrogante (p. ex., sentem que o trabalho comum cotidiano está abaixo deles ou carecem de uma preocupação real a respeito dos seus problemas do momento ou a respeito de seu futuro) e podem ser excessivamente opiniáticos, autoconfiantes ou convencidos. Podem exibir um charme desinibido e superficial e podem ser muito volúveis e verbalmente fluentes (p. ex., usar termos técnicos ou jargão que podem impressionar uma pessoa que desconhece o assunto). Falta de empatia, autoapreciação inflada e charme superficial são aspectos que têm sido comumente incluídos em concepções tradicionais da psicopatia e que podem ser particularmente característicos do transtorno e mais preditivos de recidiva em prisões ou ambientes forenses, onde atos criminosos, delinquentes ou agressivos tendem a ser inespecíficos. Esses indivíduos podem, ainda, ser irresponsáveis e exploradores nos seus relacionamentos sexuais. Podem ter história de vários parceiros sexuais e jamais ter mantido um relacionamento monogâmico. Como pais, podem ser irresponsáveis, conforme evidenciado por desnutrição de um filho, doença de um filho resultante de falta de higiene mínima, dependência de vizinhos Transtorno da Personalidade Antissocial 661 ou outros familiares para abrigo ou alimento de um filho, fracasso em encontrar um cuidador para um filho pequeno quando está fora de casa ou, ainda, desperdício recorrente do dinheiro necessário para a manutenção doméstica. Esses indivíduos podem ser dispensados do exército de forma desonrosa, fracassar em prover o próprio sustento, empobrecer ou até ficar sem teto ou, ainda, passar muitos anos em institutos penais. São mais propensos a morrer prematuramente de formas violentas (p. ex., suicídio, acidentes, homicídios) do que a população em geral10.

Deste modo, vale destacar que o DSM-V é uma obra de referência utilizável desde Profissionais clínicos, como também por operadores de sistemas jurídicos que tem o interesse em definir e indicar os tipos e os limites de doenças e transtornos mentais.

Nesse diapasão, podemos entender que a psicopatia ou personalidade psicopática está ligado a personalidade do indivíduo que o compele a praticar comportamentos antissociais e criminosos, esses são tão inteligentes que são capazes de enganar especialistas nesses assuntos, como psicólogos e psiquiatras, não vacilam em praticar o que querem e quando encarcerados, apresentam comportamentos

9 DEUS, Teresa F. Cérebro do Psicopata - Cérebros Doentes. Disponível em:<

http://mapadocrime.com.sapo.pt.%20psicopata.html >cerebro acesso em 11.10.2017

10 AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual de Diagnósticos e Estatísticos de Transtornos Mentais, 5ª ED. São Paulo, editora Artmed, 2014 pg660/661

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exemplares para conseguirem algum benefício, serem colocados em liberdade, para voltarem a delinquir.

É importante falar que os psicopatas apresentam um amor próprio exacerbado, são egocêntricos mórbidos incapazes de cometer suicídio, este é o único modo deles sentirem o que é amar, e se alguém ousar ferir seu ego, verá o quanto agressivos e perigosos eles podem se tornam.

Contudo, de acordo com as especificações do que é psicopatia, esse transtorno apresenta graus, o leve, o moderado e o grave, Sgarioni os relata acerca do psicopata de graus leve, que geralmente cometem estelionato, violenta animais, entre outras atitudes maléficas, vejamos:

A maioria dos psicopatas corresponde ao grau leve, frequentemente estão ao nosso lado, mas não são percebidos, são colegas de faculdade, o chefe no trabalho, o vizinho. Difíceis de serem diagnosticados passam despercebidos na sociedade e dificilmente matam. Possuem inteligência acima da média, mas são frios, mentirosos, charmosos e manipuladores, raramente vão para a cadeia quando cometem algum ato ilícito, mas quando são presos, conseguem diminuir a pena por seu comportamento exemplar11.

Sobre as características e personalidades do psicopata de grau leve, o psicólogo Dr.

Paulo Maciel descreve como são as características destes enquanto criança, e quando são detidos por algo ilícito enquanto adultos:

Eles podem ser desde um falso colega oportunista que vive se fazendo de vítima, até trapaceiros, parasitas sociais, políticos, empresários e religiosos.

Esse psicopata raramente vai para a cadeia, mas quando esses indivíduos – por algum motivo ilícito – vão para a prisão, são tidos como presos

―exemplaresǁ pelo seu bom comportamento: são muito bem vistos, comportados, não arranjam confusões e dissimulam uma aparência de inocentes coitadinhos, a ponto que outros presos e seguranças não consigam acreditar que aquela pessoa tão calma pôde cometer alguma atrocidade. Exatamente por isso, são os que mais facilmente conseguem enganar a todos, fazendo com que diminuam o tempo de pena na cadeia.

Do ponto de vista infantil, esses indivíduos podem ou não ter traumas significantes que possam ter sido considerados agravantes do transtorno mas, de forma geral, tiveram uma educação aparentemente normal.

Comumente foram crianças com grande charme superficial, encantavam facilmente adultos pela sua aparência de docilidade, entretanto, já apresentavam traços de frieza, insensibilidade, e intolerância à frustração –

11 SGARIONI, Mariana. Todos nós somos um pouco psicopatas. Mentes psicopatas, o cérebro, a vida, e os crimes das pessoas que não tem sentimento. Revista Super Interessante. São Paulo. Edição nº 267, ano 23, nº7. 2009, p.06

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que podem ser evidentes em condutas como maltratar coleguinhas, animais, mentir etc12.

Em relação aos psicopatas de grau moderado e grave Rezende leciona:

Apresentam as mesmas características dos psicopatas de grau leve, entretanto [...] são aqueles que estão mais facilmente vulneráveis a delitos graves e chocantes, sendo mais facilmente inseridos no meio carcerário.

São agressivos, mentirosos, sádicos, impulsivos, são os autores de golpes e assassinatos. De forma que a sociedade os veja como pessoas normais, escondem tais características13.

Nesse contexto, Doutor Paulo Maciel também especifica os psicopatas de grau moderado e grave e os diferenciam:

Eles geralmente são agressivos, impulsivos, frios, sádicos, mentirosos, não possuem empatia e são mais facilmente associados a psicopatas autores de grandes golpes ou assassinos e serial killers, entretanto, escondem tais características de forma que socialmente são vistos como pessoas normalíssimas, cujos verdadeiros instintos ninguém é capaz de desconfiar.

Os de grau moderado geralmente estão mais infiltrados no meio das drogas, álcool, jogo compulsivo, direção imprudente, vadiagem e promiscuidade e vandalismo, além de grandes golpes e graves estelionatos.

Os que apresentam um grau muito grave, frequentemente são assassinos sádicos, ou seja, obtêm prazer (principalmente sexual) ao ver o sofrimento de outra pessoa e são indivíduos excessivamente problemáticos, do ponto de vista emocional. Em contraste a essas características, de modo semelhante ao psicopata comunitário, podem apresentar-se como uma pessoa normal perante os outros e a sociedade, contudo, escondem uma personalidade muito mais sombria – esta ocasionalmente visível para familiares, por exemplo, onde o ambiente é marcado por discussões frequentes. Totalmente frios, sem remorso e ausentes de sentimentos carinhosos para com outros seres humanos, esses indivíduos não conseguem conter por muito tempo seus impulsos sádicos – embora saibam perfeitamente que seu comportamento é inapto e totalmente repudiado pela sociedade14.

Ou seja, o psicopata de grau leve apresenta transtornos, uma personalidade ameaçadora, com um diagnóstico mais difícil, por serem mais comuns a ponto de conseguirem se comportar de maneira mais adaptável a sociedade, todavia os

12MACIEL, Paulo. Tipos e Níveis de Psicopatia. Disponível em: <

https://drpaulomaciel.wordpress.com/sobre/mundo-louco/macho-alfa/tipos-e-niveis-de-psicopatias/

> Acesso em 15/10/2017

13 REZENDE, Bruna Falco de. Personalidade psicopática. 2011, 48 f. Monografia (Bacharelado em Direito) –

Universidade Presidente Antônio Carlos, Barbacena. p. 14. Disponível em:<

http://www.unipac.br/bb/teses/teses-7574dbfdc05a0a6d7bf6be931322f26f.pdf. > Acesso em:

15/11/2017

14 MACIEL, Paulo. Tipos e Níveis de Psicopatia. Disponível em: <

https://drpaulomaciel.wordpress.com/sobre/mundo-louco/macho-alfa/tipos-e-niveis-de-psicopatias/

> Acesso em 15/10/2017

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psicopatas de graus moderados e grave, apresentam um grande perigo para a sociedade a ponto de serem calculistas, e assassinarem outro indivíduo somente para satisfazer seus desejos, e sem deixarem nenhum vestígio.

Psicopata x Serial Killer

Serial Killer, ou, assassinos em série, foi um nome dado primeiramente por um agente do FBI nos Estados Unidos da América, Robert K. Ressler, que definia o assassino como sendo aquele que reincidisse mais de três assassinatos com certo intervalo de tempo. Matam grande número de pessoas, com as mesmas características, mesma faixa etária e porte físico, sempre com circunstâncias semelhantes, planejam friamente cada detalhe15.

Segundo Szklarz16 esses tipos de criminosos quando são descobertos e levados a prisão apresentam com certa facilidade, simular um arrependimento, e com isso tem o dobro de chances de conseguirem liberdade condicional perante aos demais infratores. Porém, seu tempo de encarceramento não muda suas atitudes perante a sociedade. Por isso fazer parte da sua personalidade, ele volta a cometer mais crimes logo após a soltura.

De acordo com Ballone17, as características dos assassinos em série são na maioria, homens brancos, com problemas familiares constantes, sofreram maus- tratos na infância ou foram molestados. E seus atos podem ser:

a) intimidatórios, destinados a calar a vítima ou a submetê-la (contusões em geral); b) motivacionais, para satisfazer as necessidades agressivas (que vão desde golpes, violações, até homicídios, etc.) através de feridas, traumatismos, mordeduras, contusões, estrangulamento, etc.; c) de ensandecimento, como lesões perfuro-cortantes múltiplas, golpes de crânio, esquartejamento, etc., assim como marcas ou legendas que são como a assinatura identificatória do autor, em franco desafio intelectual com os investigadores, ou como forma onipotente de poder delinqüencial. Nos casos em que se observam lesões genitais, para-genitais e extragenitais, se pode pensar na motivação sexual da agressão ou em lesões específicas de atentados contra a liberdade sexual (delitos sexuais ou contra a honestidade). a) Reafirmar seu poder em submeter a vítima. O ato violento vem compensar ou reafirmar seu domínio (superioridade sexual) diante da

15 CASOY, Ilana. Serial killer, Louco ou cruel?. Edição definitiva. Rio de Janeiro: Darkside, 2017

16 SZKLARZ Eduardo. Serial Killer Revista Super Interessante. 2009 pg. 135

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BALLONE, GJ. Personalidade psicopática (e Moral). Disponível em:<

http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=177 >, Acesso em 11/10/2017

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insegurança que o tortura. b) Conseguir o orgasmo submetendo a vítima, tal como uma "solução última" do violentador diante de seu conflito para obter prazer orgástico. A utilização da força e da agressão tem por objetivo a excitação sexual, já que, através do perigo ou da violência consegue o que não atinge numa atividade sexual convencional. c) Afirmação sócio-cultural machista de forma excepcional, já que habitualmente esta necessidade se expressa através de violações como uma forma de prepotência masculina, para reafirmar a identidade sexual18

A criminóloga Ilana Casoy19, também confirma que é difícil encontrar assassinos seriais que não sofreram alguma moléstia ou foram negligenciados pelos pais, porém, isso não confirma que toda criança que alguma vez já sofrera com uma atitude dessas, seja um matador.

Uma pesquisa feita pela associação americana de psiquiatria revela que:

• 93% dos serial killers são homens.

• 82 % dos serial killers sofreram abusos na infância.

• 75% dos serial killers conhecidos no mundo estão nos Estados Unidos.

• 65% das vítimas são mulheres.

• 35 a 500 é o número de serial killers soltos.

• 5% dos serial killers são mentalmente doentes no momento dos crimes20

Com estes dados pode-se perceber que há 5% dos assassinos em série são doentes mentais, o que difere-se de indivíduos psicopatas, pois os mesmos apresentam transtornos de personalidades, que não é a mesma coisa que doença mental, é bem verdade que a maioria dos seriais killers são psicopatas, porém, alguns não apresentam personalidade psicopática e sim uma doença mental, como por exemplo a esquizofrenia.

Neste contexto, a psiquiatra brasileira Ana Beatriz Barbosa Silva, diferencia a personalidade psicopática de doença mental:

18 BALLONE G J, Ortolani IV - Crime Sexual Serial - in. PsiqWeb, Internet, disponível em:

< www.psiqweb.med.br > acesso no dia 13/11/2017

19 CASOY, Ilana. Serial killer, Made in Brazil?. Edição definitiva. Rio de Janeiro: Darkside, 2017

20 REZENDE, Bruna Falco de. Personalidade psicopática. 2011, 48 f. Monografia (Bacharelado em Direito) –

Universidade Presidente Antônio Carlos, Barbacena. p. 14. Disponível em:<

http://www.unipac.br/bb/teses/teses-7574dbfdc05a0a6d7bf6be931322f26f.pdf. > Acesso em:

15/11/2017

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É importante ressaltar que o termo psicopata pode dar a falsa impressão de que se trata de indivíduos loucos ou doentes mentais. A palavra psicopata literalmente significa doença da mente (do grego, psyche = mente; e pathos = doença). No entanto, em termos médico-psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo).

Ao contrário disso, seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos.

Os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio benefício. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos. Em maior ou menor nível de gravidade e com formas diferentes de manifestarem os seus atos transgressores, os psicopatas são verdadeiros

"predadores sociais", em cujas veias e artérias corre um sangue gélido21.

Ou seja, há uma diferença entre os demais indivíduos, visto que os doentes mentais apresentam uma mente adoecida que provem de alucinações, delírios e alguns atém apresentam intenso sofrimento.

Psicopatia, doenças mentais e outros transtornos

Sabe-se que com um intuito de alcançar a justiça, os operadores do Direito buscam amparo nas mais diversas ciências, com a finalidade de chegar a uma maior veracidade dos fatos, e pôr em prática o livre convencimento motivado. No que se trata de saúde mental, comportamento e personalidade, a nação jurídica busca seu alicerce na psicologia e psiquiatria com a finalidade de entender a mente do ser humano, e aplicar-lhes uma pena mais justa quando estes infringirem a lei.

Como referência mundial em poder chegar a um diagnóstico de doenças ligadas a mente, tem-se: O DSM-IV, Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais, e

21 SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. Ed. Ver e ampl. Rio de Janeiro. Principium, 2014 pg. 80

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o CID-10, Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde nomeiam as doenças mentais.

As duas fontes de pesquisa são diariamente consultadas por especialistas, que buscam entender as diferenças entre as doenças que permeiam os indivíduos. Entre as doenças mentais de indivíduos que mais enfrentam problemas com a lei, e que normalmente as pessoas confundem com a psicopatia estão:

Pedofilia - (CID.10 classificação F65.4 e DSM.IV classificação 302.2). A pedofilia tem como principal característica a satisfação da lascívia de forma desviante, o indivíduo apresenta interesses por crianças. As pessoas diagnosticadas pedófilas, geralmente estão envolvidas com atividades criminosas relacionadas menores, tais como, prostituição, pornografia infantil, moléstias, abusos psicológicos e físicos, dentre outras que envolvam menores. Existe um tratamento que ocorre hoje somente fora do Brasil que é a castração química. Os pedófilos muitas vezes são confundidos com psicopatas, visto que o psicopata pode apresentar como uma das características de suas vítimas, serem estas menores. Porém, isso não merece prosperar, pois ao contrário do psicopata, o pedófilo somente tem a intenção de satisfazer seus desejos sexuais e não cometer assassinatos22.

Retardo Mental (CID-10 classificação de F70-F79) – os retardados mentalmente, possuem um desenvolvimento incompleto da mente e sua principal característica é a dificuldade de aprendizado, o comprometimento de habilidades corriqueiras, contudo, a psicopatia é praticamente o inverso, visto que, o psicopata tem grande inteligência23.

Transtorno de conduta (CID-10 classificação F91.8) – no transtorno de conduta o indivíduo apresenta uma dificuldade na compreensão de figuras hierarquicamente superiores, sejam com professores, pais, figuras de autoridades. Esse transtorno na

22Da Redação. 5 coisas que você não sabia sobre a pedofilia Disponível em:

<http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/07/5-coisas-que-voce-nao-sabia-sobre- pedofilia.html > Acesso em 16/10/2017

23 SANTANA, Ana Lucia. Deficiência Mental Disponível em: <

https://www.infoescola.com/psicologia/deficiencia-mental/> Acesso em 16/10/2017

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maioria das vezes vem associado a outro, ele sozinho não configura que uma pessoa possa ser psicopata24.

Neuroses (CID-10 de F40 até F48) – Os neuróticos são pessoas que apresentam distúrbio em sua personalidade, um grande exemplo, é que essas pessoas podem apresentar ótima interação com os demais ao seu redor, inclusive afetivamente falando, porém, apresentam conflitos com sua forma de enxergar o mundo. Dentre os sintomas estão presentes as fobias, ansiedades, apatia, sofrem com depressão e apresentam pânico. Na neurose, a pessoa reconhece que é doente e procura tratamento para melhorar. A neurose é dividida em: obsessiva, histérica, de ansiedade e adquirida. Muitos psicopatas se passam por neuróticos em busca de uma pena mais leve, levando em consideração seu nível de inteligência elevado25.

Esquizofrenia (CID-10, F20-F29) – a esquizofrenia é uma condição grave que afeta o funcionamento da pessoa, os esquizofrênicos apresentam alucinações que são capazes de fazê-los idealizarem uma realidade diversa, ocorre que eles apresentam paranoia de perseguição, e sua idealização de mundo os fazem concentrar sua vida no mundo não real que eles criam, ficando entregues a fantasias. O problema da esquizofrenia e que seus casos ocorrem progressão e isso afeta profundamente sua capacidade intelectual. Muitos assassinos em série ao invés de serem psicopatas, são na verdade esquizofrênicos, visto que o contato com seu mundo fantasia é tão grande que os menos escutam vozes que os ―ordenamǁ a cometerem assassinatos.

Hoje, já existe tratamento, porém, essas pessoas serão medicadas pelo resto da vida26.

Psicopatia (CID-10 F60.2 DSM – IV- 301.7) - é um transtorno de personalidade, considerado o mais grave e perigoso transtorno mental, pois são pessoas inteligentes, egoístas, impulsivas, agressivas, sem sentimento de culpa ou remorso.

Constituem-se em uma ameaça para a sociedade, uma vez que são desprovidas de

24Disturibio de Conduta. Disponível em: <

http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerClassificacoes&idZClassificacoes

=294> Acesso em 16/108/2017

25SANTANA, Ana Lúcia. Neuroses. Disponível em: < https://www.infoescola.com/psicologia/neurose/

> Acesso em 16/10/2017

26 GATTAZ, Wagner. Esquizofrenia. Disponível em: < https://drauziovarella.com.br/doencas-e- sintomas/esquizofrenia/ > Acesso em 16/10/2017

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sentimento de vergonha, desconhecem o sentimento de solidariedade, e constroem uma carreira criminosa violenta e agressiva. As primeiras características aparecem na infância ou adolescência.

Ao definir as outras doenças e transtornos mentais, pode-se perceber que a maioria deles apresentam tratamento, por mais incompreensíveis que sejam, porém, infelizmente ainda não há uma solução para os indivíduos psicopatas, visto que sentimentalmente falando não há como convencê-los do arrependimento nem submetê-los a tratamentos, pois eles não reconhece haver alguma necessidade.

Eles precisam de supervisão rigorosa, intensa e sem interrupção pelo resto de suas vidas.

Erroneamente o psicopata é classificado como doente mental, pois, diferente do retardo mental, do neurótico e mesmo do esquizofrênico, o psicopata tem uma inteligência normal e muitas vezes acima da média. Por isso, durante muito tempo os assassinos seriais foram classificados com inimputáveis no Brasil, o que não é correto, visto que eles apresentam completa consciência do que fazem.

Não deve-se subestimar a mente de um psicopata, o mesmo consegue usar dos seus atributos de manipulação para enganar o sistema, com intuito de conseguir ter uma redução e pena, conseguem passar-se por neuróticos e até esquizofrênicos.

Hervey Cleckey, no seu livro A máscara da Sanidade, descreve o psicopata como:

O psicopata demonstra a mais absoluta indiferença diante dos valores sociais e é incapaz de compreender qualquer assunto relacionado a esses valores. Não é capaz de se interessar minimamente por questões abordadas pela literatura ou pela arte, tais como tragédia, a alegria ou o esforço da humanidade em progredir. Também não cuida dessas questões na vida diária. A beleza, a feiura, exceto em um nível bem superficial, a bondade, a maldade, o amor, o horror e o humor não têm um sentido real, não constitui nenhuma motivação para ele. Também é incapaz de apreciar o que motiva as outras pessoas. É como se fosse cego às cores, apesar da sua aguda inteligência para os aspectos da existência humana27.

No entanto, percebe que o psiquiatra descreve o psicopata não como um indivíduo ignorante, no sentido de não apresentar conhecimento, porém , devido sua ausência

27 CLECKLEY, H. Máscara da Sanidade. livraria do advogado. São Paulo, 1976 pg.233

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de sentimentos, superioridade e egocentrismo, ele não consegue valorizar o que as demais pessoas valorizam.

Se o psicopata não é legalmente insano, a forma de tratamento dele deve ser diferenciada do de uma pessoa legalmente insana. Ou seja, por mais que ele tenha consciência dos seus atos, por mais que ele saiba diferenciar o certo do errado, sua personalidade que faz parte da sua essência, deve ser cuidada com cautela e ter tratamento especial, levando em consideração que o mesmo põe a vida das pessoas que estão a sua volta em grande risco, uma vez que, o objetivo de uma prisão comum é ressocializar o réu e devolvê-lo para a sociedade, mas em relação ao psicopata isso nunca será alcançado, pois ao cumprir a pena em presídio comum, ele voltará a cometer os mesmos delitos quando posto em liberdade.

Casos de assassinos em série no brasil

O cometimento de crime é algo repudiado pela sociedade, quando um indivíduo o comete, em instantes ouve-se em noticiário, jornais, rádio, na mídia a informação da atitude delituosa. Os assassinatos cometidos por assassinos em série são os que mais impressionam a população em geral, por tratar-se do emprego de violência exacerbado, quantidade de vítimas, abusos sexuais, características das vítimas e principalmente a frieza do criminoso.

No Brasil há vários exemplos de assassinos em série, que chocaram o pais devido a barbárie de seus crimes, porém, como já salientado neste estudo, podem se tratar de psicopatas ou serem acometidos de doenças mentais. Entre alguns famosos casos de assassinos em série no Brasil, podemos citar: Francisco Costa Rocha (Chico Picadinho), Cláudio de Souza (Maníaco da Lanterna), Francisco das Chagas Brito (Caso dos Meninos Emasculados), Francisco Assis Pereira (O Maníaco do Parque), Pedro Rodrigues Filho (Pedrinho Matador), João Acácio Pereira da Costa (Bandido da Luz Vermelha). A fim de melhor ilustrar esta obra, passa-se a apreciação de alguns casos:

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Francisco Costa Rocha, o ―Chico Picadinhoǁ28, era filho de um grande exportador de café com uma amante. Sua mãe, antes de engravidar dele, já havia cometido dois abortos, porém, com a intenção de trilhar um novo caminho, resolveu tê-lo e foi no ano de 1942 que nasceu Francisco. Desde criança, Chico fora rejeitado pelo pai e quando o mesmo completou 4 anos de vida, fora morar com um casal de empregados na fazenda de seu pai, devido sua mãe apresentar uma grave doença pulmonar.

Com o passar do tempo e sem muitas tarefas a realizar, Francisco vivia a maior parte do tempo escondido na mata, em meio aos animais presentes e foi assim que ele começou despertar seu lado sádico, cometendo rituais com gatos das mais diversas maneiras a fim de comprovar suas ―sete vidasǁ. Após um bom tempo, sua mãe fora busca-lo no sítio e daí por diante, Francisco passou a presenciar os atos obscenos da mãe.

Francisco começou a sofrer abusos na escola e já chegou a presenciar casos de pedofilia, envolvendo a mesma. Com uma infância conturbada e abusiva, Francisco foi crescendo e apresentando cada vez mais o transtorno de personalidade.

Envolvido de uma aparência boa, charmosa, uma inteligência além do normal e ótimo desempenho ao conversar, Francisco usava seus atributos para atrair suas vítimas e ao conseguir o que queria, as assassinava e após as esquartejava, o que deu origem a seu famoso apelido. Francisco fora condenado a uns anos de prisão e posto em liberdade devido ao ótimo comportamento enquanto encarcerado. Na prisão, Francisco costumava ler Kafka, Nitzsche e Dostoiéviski. Conseguiu a confiança do diretor e sua liberdade condicional em 1974.

Após alguns anos, depois de casar duas veze e ter dois filhos, Francisco voltou a cometer os assassinatos. Foi preso novamente e condenado a 22 anos de prisão, após o término do cumprimento de pena, ao invés de ser posto em liberdade, foi encaminhado a Casa de Custódia de Taubaté, sob a alegação de que criminosos

28FACHEL, Thiago, LEMOS, Eduardo. Chico Picadinho, o que seu caso demonstra. Dispoível em

<https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/361632221/chico-picadinho-o-que-seu- caso-demonstra> Acesso em 23/10/2017

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psicopatas podem ser mantidos por tempo indeterminado, Francisco, ainda continua preso.

Cláudio de Souza, o ―Maníaco da Lanternaǁ, cometeu uma série de assassinatos nos quais suas vítimas eram casais, na região norte de Mato Grosso. O criminoso era andarilho e sempre andava armado. Cláudio tinha a estratégia de se esconder no meio de vegetações e usava da lanterna para abordar os casais.

As Vítimas normalmente eram abordadas em locais escuros e desertos, locais estes frequentados por casais, há confirmação que algumas mulheres, antes de serem assassinadas, sofriam violência sexual. Cláudio fora preso em flagrante em 2008, na localidade de Alta Floresta, lugar este, onde matou um casal, e foi condenado a 20 anos de prisão em 2014. Em 2011 já havia sido condenado à mesma pena pela morte de uma mulher e por tentativa de homicídio contra o namorado dela em Sinop, a 503 km de Cuiabá, onde está preso atualmente 29.

Francisco das Chagas Brito, conhecido pelo ―Caso dos Meninos Emasculadosǁ, foi o maior Serial killer do Brasil, acusado de matar e mutilar 42 meninos. As vítimas eram atraídas com intuito de pegar frutas e praticar caça na mata, porém, ao serem encurralados, Francisco arrancava seus órgãos genitais, decepava outras partes do corpo, assim como dedos e orelha, alguns sofriam inclusive estupro, e as partes mutiladas eram levadas como recordação. As crianças tinham perfis muito parecidos e tinha na faixa etária de 4 a 15 anos.

Francisco está preso desde 2003 e foi julgado pela primeira vez em 2006. Em fevereiro deste ano, ele foi a júri pela 11º vez e condenado. Somadas, as penas das onze condenações dão 385 anos de prisão30.

29 Da Redação. Relembre 9 casos de assassinos que chocaram o país com seus crimes.

Disponível em: < http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/12/relembre-9-casos-de-assassinos- que-chocaram-o-pais-com-seus-crimes.html > Acesso em 23/10/2017

30 Idem

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3 LESGISLAÇÃO PENAL BRASILEIRA E A CULPABILIDADE – MEDIDA DE SEGURANÇA E A PENA

Sobre a teoria tripartida de crime, é correto afirmar que a doutrina majoritária divide o crime em três aspectos: o formal, que diz respeito ao aspecto exterior que dá nome ao fato; o substancial, conteúdo do fato punível e o formal, mas analítico da infração penal (exame das características ou aspectos do crime). De acordo com essa Teoria, Capez leciona:

A Teoria Naturalista ou Causal, mais conhecida como Teoria Clássica, concebida por Franz von Liszt, a qual teve em Ernest von Beling um de seus maiores defensores, dominou todo o século XIX, fortemente influenciada pelo positivismo jurídico. Para ela, o fato típico resultava de mera comparação entre a conduta objetivamente realizada e a descrição legal do crime, sem analisar qualquer aspecto de ordem interna, subjetiva.

Sustentava que o dolo e a culpa sediavam-se na culpabilidade e não pertenciam ao tipo. Para os seus defensores, crime só pode ser fato típico, ilícito (antijurídico) e culpável, uma vez que, sendo o dolo e a culpa imprescindíveis para a sua existência e estando ambos na culpabilidade, por óbvio esta última se tornava necessária para integrar o conceito de infração penal. Todo penalista clássico, portanto, forçosamente precisa adotar a concepção tripartida, pois do contrário teria de admitir que o dolo e a culpa não pertenciam ao crime, o que seria juridicamente impossível de sustentar31

Nessa mesma ótica de definição de crime, Assis Toledo também adota essa concepção, vejamos:

Substancialmente, o crime é um fato humano que lesa ou expõe a perigo bem jurídico (jurídico-penal) protegido. Essa definição é, porém, insuficiente para a dogmática penal, que necessita de outra mais analítica, apta a pôr à mostra os aspectos essenciais ou os elementos estruturais do conceito de crime. E dentre as várias definições analíticas que têm sido propostas por importantes penalistas, perece-nos mais aceitável a que considera as três notas fundamentais do fatocrime, a saber: ação típica (tipicidade), ilícita ou antijurídica (ilicitude) e culpável (culpabilidade). O crime, nessa concepção que adotamos, é, pois, ação típica, ilícita e culpável32.

Ou seja, a doutrina majoritária delimita que os três aspectos constituinte são indispensáveis para definir os fato decorrentes das atitudes humanas como crime.

Sobre o tema que está sendo debatido, o enfoque principal está no terceiro

31 CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume 1, parte geral: (arts. 1º a 120) / Fernando Capez. — 15. ed. São Paulo : Saraiva, 2011 pg. 106

32 TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos do Direito Penal, ed. Ver e ampl. Belo Horizonte. Saraiva, 1999. Pg.210

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elemento, a culpabilidade em relação aos psicopatas.

Sobre a culpabilidade, adotado na Teoria, representando a fidelidade do agente com o direito, Nucci estabelece o determinado conceito:

Trata-se de um juízo de reprovação social, incidente sobre o fato e seu autor, devendo o agente ser imputável, atuar com consciência potencial de ilicitude, bem como ter a possibilidade e a exigibilidade de atuar de outro modo, seguindo as regras impostas pelo direito (teoria normativa pura, proveniente do finalismo)33.

A definição de crime, então, é entendida como a conduta humana típica, antijurídica e culpável. Típica por haver expressa disposição legal prevendo que tal conduta é vetada. Antijurídico é o fato contrário a lei. Por fim, culpável é o elemento subjetivo, caracterizado como imputabilidade, consciência efetiva da antijuridicidade e exigibilidade de conduta conforme ao Direito34.

No entanto, quando uma pessoa pratica uma ação típica, antijurídica e culpável, percebe-se que cometeu um crime, levando em conta que o legislador tipificou o fato social em análise e, ao mesmo tempo, já cominou uma determinada pena para aquele tipo de conduta. Desta forma, a respeito do crime, se o agente for condenado, deverá cumprir uma pena previamente determinada pelo ordenamento jurídico. Para que haja a responsabilização penal do agente é necessário que o mesmo seja imputável. A imputabilidade pode ser definida então como a possibilidade de se imputar o fato típico e ilícito ao indivíduo delinquente. A imputabilidade é a regra e a inimputabilidade é a exceção. Em relação a isso, leciona Greco:

A imputabilidade é constituída por dois elementos: um intelectual (capacidade de entender o caráter ilícito do fato), outro volitivo (capacidade de determinar-se de acordo com esse entendimento). O primeiro é a capacidade (genérica) de compreender as proibições ou determinações jurídicas. Bettiol diz que o agente deve poder ―prever as repercussões que a própria ação poderá acarretar no mundo social", deve ter, pois, ―a percepção do significado ético-social do próprio agir". O segundo, a capacidade de dirigir a conduta de acordo com o entendimento ético- jurídico. Conforme Bettiol, é preciso que o agente tenha condições de avaliar o valor do motivo que o impele à ação e, do outro lado, o valor inibitório da ameaça penal 35.

33 NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado, 13. Ed. ver e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013 pg. 238

34 Idem.

35 GRECO, Rogério, Curso de Direito Penal, Parte Geral, V. I, 11ª Ed. Niterói: Ímpetus, 2009 pg.75

(32)

Com intuito de complementar o exposto, Nucci afirma que a imputabilidade penal pode ser conceituada como pressuposto de culpabilidade, portanto, apenas se analisa se alguém age com dolo ou culpa, caso se constate ser essa pessoa imputável (mentalmente sã e maior de 18 anos)36. A imputabilidade é imprescindível para que se aplique a pena. Nos dizeres de Zaffaroni, a imputabilidade é, como regra geral, a capacidade psíquica de culpabilidade, ou em outras palavras, é a capacidade psíquica de ser sujeito de reprovação, composta da capacidade de compreender a antijuridicidade da conduta e de adequá-la de acordo com esta compreensão37 e para Fernando Capez:

É a capacidade de entender o caráter ilícito e de determina-se de acordo com este entendimento. O agente deve ter condições físicas, psicológicas e morais de saber que está realizando um ilícito penal. Mas não é só isso.

Além dessa capacidade plena de entendimento, Deve ter totais condições de controle sob sua vontade38.

A legislação encontra na pena a finalidade essencial de prevenir delitos, repreender delinquentes e ressocializar apenados. O art. 59 do Código Penal é expresso:

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;

(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra

Neste âmbito o juiz deve fixar a pena de modo a ser necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime. Nucci, ao lecionar acerca da finalidade da pena, afirma:

36 NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado, 13. Ed. ver e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013

37 ZAFFARONI, Eugênio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro:

volume 1: parte geral 9. ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011 pg. 68

38 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral. 14. ed. São Paulo, 2010 p.30

39 BRASIL, Código Penal 1940. In:CURIA, Luiz Roberto. Vade Mecum Saraiva. 21 ed. São Paulo:

Saraiva, 2016 p. 533

Critérios especiais da pena de multa39

espécie de pena, se cabível. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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