Curvatura Escalar, o Operador Linearizado e Aplica¸ c˜ oes
Ana Lucia Pinheiro Lima
A minha m˜` ae L´ucia Maria e ao Prof. Luis Roque
Agradecimentos
Ao meu querido orientador Prof. Hil´ario Alencar pelo muito que me ensinou e por ser exemplo de profissional a ser seguido, `a Profa. Walcy Santos pelas valiosas con- tribui¸c˜oes dadas a este trabalho, aos Professores Marco Antˆonio Fernandes e Enaldo Vergasta pelo incentivo, paciˆencia e apoio, aos meus professores da UNEB, a Vivaldo e Marlene Pinheiro, a George Santos, ao Prof. Benedito Pontes, a Francisco Petr´ucio, Aryana Silva e Karoline Cavalcante, e aos colegas de Mestrado, em especial `a Juceli Cardoso, Eliana Silva e a Gilmar Veiga.
´ Indice
Introdu¸c˜ao 4
1 Preliminares 6
2 L1 - O operador linearizado 13
3 Hipersuperf´ıcie completa, n˜ao-compacta, com curvatura escalar cons-
tante 23
4 Estimativa de altura 27
Bibliografia 33
Introdu¸ c˜ ao
Nesta disserta¸c˜ao consideraremosM uma hipersuperf´ıcie de dimens˜aon com cur- vatura escalar constante e imersa isometricamente no espa¸co Euclidiano.
Inicialmente, seja f : Mn → R uma fun¸c˜ao de classe C2. Assim, definimos o operador linearizadoLr por
Lr(f) = tr(Tr(Hess(f))),
onde Tr ´e a transforma¸c˜ao de Newton definida indutivamente por T0 =I,
Tr =SrI−BTr−1,B ´e a segunda forma fundamental da imers˜ao eHess´e o hessiano da fun¸c˜aof.
Vale observar que os operadores Lr apareceram, n˜ao ainda na forma definida acima, no artigo de K. Voss [V], em 1956.
R. Reilly em 1973, relacionou o operador Lr com a derivada da (r + 1)-´esima fun¸c˜ao sim´etrica Sr+1 num trabalho sobre problemas variacionais (ver [R1]).
Em 1977, Cheng e Yau [CY1] se restringiram ao casor= 1 e escreveram o operador L1 como
L1(f) =
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)fij,
ou seja, em fun¸c˜ao da curvatura m´ediaH = Sn1, dos coeficienteshij da segunda forma fundamental e dos coeficientesfij da Hessiana def. Nesse trabalho foram determina- das importantes propriedades do operadorL1 e uma aplica¸c˜ao dessas propriedades.
Rosenberg em [R2], 1993, mostrou que o operador Lr pode ser escrito como Lr(f) =div(Tr∇f).
Com isso, o operadorLr passou a ser visto como uma generaliza¸c˜ao do Laplaciano, pois parar = 0, L0(f) = ∆f.
E bem conhecido o importante papel do Laplaciano no estudo das variedades´ m´ınimas (Sn1 =H1 = 0), ent˜ao espera-se (e estudos atuais vem confirmando este fato) que os operadoresLrdesempenhem fun¸c˜ao semelhante no estudo das variedadesHr+1- est´aveis.
Diante disso, damos aten¸c˜ao especial ao operador L1, pois assim, adquirimos t´ecnicas para estudarmos as hipersuperf´ıcies com curvatura escalar constante, objeto desse trabalho.
Portanto, o nosso objetivo ´e obter resultados sobre hipersuperf´ıcies com curvatura escalar S2 constante no espa¸co Euclidiano, usando, como principal ferramenta nas demonstra¸c˜oes, as propriedades do operador L1.
Mais precisamente, demonstraremos resultados obtidos, em 1977, por Cheng e Yau [CY1] e Rosenberg [R2], em 1993.
Teorema (Cheng-Yau). Seja M uma hipersuperf´ıcie no espa¸co Euclidiano, completa, n˜ao-compacta, com curvatura seccional n˜ao-negativa. Se a curvatura esca- lar de M ´e constante, ent˜ao M ´e um cilindro generalizado.
Teorema (Rosenberg). Seja M ⊂ Rn+1 uma hipersuperf´ıcie mergulhada com
∂M ⊂Rn =Rn×0. Se S2 ´e constante positiva em M, ent˜ao a distˆancia m´axima de M ao hiperplano Rn ´e
q2n(n−1) S2 .
A estrutura desta disserta¸c˜ao ´e a seguinte: no Cap´ıtulo 1, ser´a desenvolvido o conte´udo b´asico que possibilitar´a um bom entendimento dos cap´ıtulos posteriores.
O operador L1 e suas propriedades s˜ao os assuntos tratados no Cap´ıtulo 2 e os re- sultados deste cap´ıtulo ser˜ao fundamentais nas demonstra¸c˜oes dos teoremas acima.
No Cap´ıtulo 3, enunciamos e provamos o Teorema de Cheng e Yau e no Cap´ıtulo 4 fazemos a demonstra¸c˜ao, com algumas modifica¸c˜oes da prova original, do Teorema de Rosenberg, uma vez que a nossa escolha da segunda forma fundamental da imers˜ao difere por um sinal da escolha feita por Rosenberg.
Cap´ıtulo 1 Preliminares
Neste primeiro cap´ıtulo, apresentaremos resultados b´asicos e fundamentais para um melhor entendimento deste trabalho.
Definiremos imers˜ao isom´etrica, segunda forma fundamental, hipersuperf´ıcie con- vexa e curvatura seccional.
Sejam Mn e Mk variedades diferenci´aveis de dimens˜ao n e k = n+m, respecti- vamente. Denotaremos por TpM, p ∈ M, o espa¸co dos vetores tangentes a M em p.
Uma aplica¸c˜ao diferenci´avel ϕ:M →M ´e uma imers˜ao sedϕp :TpM →Tϕ(p)M
´e injetiva para todo p ∈ M. Se M tem uma estrutura Riemanniana, ϕ induz uma estrutura Riemanniana em M por hu, vip = hdϕp(u), dϕp(v)iϕ(p), u, v ∈ TpM. Tal m´etrica ser´a denominadam´etrica induzida por ϕ. Nesta situa¸c˜ao,ϕpassa a seruma imers˜ao isom´etrica de M em M.
Consideraremos sempreM uma variedade Riemanniana e usaremos∇para deno- tar sua conex˜ao de Levi-Civita.
Se ϕ : M → M ´e uma imers˜ao, podemos afirmar que, para cada p ∈ M, existe uma vizinhan¸ca U ⊂ M de p, tal que ϕ(U) ⊂ M ´e uma subvariedade de M, isto ´e, temos uma vizinhan¸ca deϕ(p), U ⊂M, onde podemos definir um difeomorfismo que leva ϕ(U)∩U em um aberto do subespa¸co Rn ⊂ Rk. Portanto, simplificaremos a nota¸c˜ao identificando cada pontop∈M com sua imagemϕ(p) e cada vetorv ∈TpM com o vetordϕp(v)∈Tϕ(p)M.
Atrav´es do produto interno definido em TpM, podemos decompor o espa¸co tan- gente deM em p como a soma direta
TpM =TpM ⊕(TpM)⊥, onde (TpM)⊥ ´e o complemento ortogonal de TpM em TpM.
Tomando v ∈TpM, podemos escrevˆe-lo como v =vT +vN, onde vT ∈TpM, vN ∈(TpM)⊥.
Consideremos X, Y campos locais de vetores em M e X, Y as extens˜oes locais em M, respectivamente. Da´ı, temos a seguinte igualdade
∇XY = (∇XY)T.
O nosso objetivo ´e definir a segunda forma fundamental da imers˜aoϕ:M →M. Para isto, introduziremos a aplica¸c˜ao bilinear sim´etrica B : χ(U)×χ(U) → χ(U)⊥ dada por
B(X, Y) = ∇XY − ∇XY.
Aqui χ(U) (respectivamente, χ(U)⊥) ´e o espa¸co dos campos de vetores (respecti- vamente, normais) de classe C∞ em M, e U ⊂ M ´e uma vizinhan¸ca de p tal que ϕ(U)⊂M ´e uma subvariedade de M.
Sejam p ∈ M e η ∈ (TpM)⊥. A aplica¸c˜ao Hη : TpM ×TpM → R dada por Hη(x, y) =hB(x, y), ηi, x, y ∈TpM ´e tamb´em uma forma bilinear sim´etrica.
Assim, podemos definir a forma quadr´atrica IIη em TpM dada por IIη(x) =Hη(x, x).
IIη ´e chamada asegunda f orma f undamental de f em p segundo o vetor normal η.
A aplica¸c˜` ao bilinear Hη associa-se uma aplica¸c˜ao linear auto-adjunta Qη :TpM →TpM definida por
hQη(x), yi=Hη(x, y) =hB(x, y), ηi.
Qη ´e chamado endomorf ismo de W eingarten.
Uma observa¸c˜ao importante ´e que tamb´em podemos designar a aplica¸c˜aoB como a segunda forma fundamental, tomando valores em (TpM)⊥. Faremos uso desta nota¸c˜ao no decorrer do nosso trabalho.
A proposi¸c˜ao seguinte nos d´a uma rela¸c˜ao entre o endomorfismo de Weingarten e a derivada covariante.
Proposi¸c˜ao 1.1. Sejam ϕ:Mn→Mn+m uma imers˜ao isom´etrica, p∈M, v ∈TpM, η ∈(TpM)⊥ e N uma extens˜ao local de η normal a M. Ent˜ao,
Qη(v) =−(∇vN)T.
P rova. Sejam v, w ∈ TpM e V, W extens˜oes locais de v, w, respectivamente, e tangentes a M. Ent˜ao, hN, Wi= 0 e, portanto,
hQη(v), wi = hB(V, W)(p), Ni
= h∇VW − ∇VW, Ni(p)
= h∇VW, Nip− h∇VW, Nip
= h∇VW, Nip
= −hW,∇VNip
= h(−∇VN)T, Wip , para todow∈TpM.
Os teoremas principais deste trabalho tratam do caso particular de imers˜oes cuja codimens˜ao ´e igual a 1, isto ´e, ϕ:Mn → Mn+1. Neste caso, ϕ(M)⊂ M ´e chamada dehipersuperf´ıcie.
Sejam p ∈ M e η ∈ TpM⊥ tal que | η |= 1. Assim, o fato do endomorfismo de Weingarten Qη : TpM →TpM ser sim´etrico, garante a existˆencia de uma base orto- normal de vetores pr´oprios {e1, ..., en} de TpM com valores pr´oprios reais λ1, ..., λn, ou seja, Qη(ei) = λiei, 1≤i≤n.
Para M =Rn+1 temos uma interessante interpreta¸c˜ao geom´etrica para Qη. Sejam N extens˜ao local de η, unit´aria e normal aM eSn={x∈Rn+1;kxk= 1}
a esfera unit´aria de Rn+1. Definimos a aplica¸c˜ao normal de Gauss g : Mn → Sn transladando a origem do campo N, para a origem do Rn+1 e fazendo
g(q) =ponto f inal do transladado de N(q).
Como TqM e Tg(q)(Sn) s˜ao paralelos, podemos identific´a-los. Logo, vemos que dgq :TqM →TqM ´e dada por
dgq(v) = d
dt(N ◦c(t))t=0 =∇vN = (∇vN)T =−Qη(v),
onde c: (−, )→M ´e uma curva com c(0) =q e c0(0) =v.
Portanto, −Qη ´e a derivada da aplica¸c˜ao normal de Gauss.
Quando M e M est˜ao ambas orientadas, o vetor η ´e univocamente determinado se exigirmos que {e1, ..., en} e {e1, ..., en, η} sejam bases na orienta¸c˜ao de M e M, respectivamente. Quando isto ocorre, denominamos os ei dire¸c˜oes principais e os λi =ki curvaturas principais deϕ.
Um fato relevante com rela¸c˜ao as curvaturas principais ´e que suas fun¸c˜oes sim´etricas s˜ao invariantes da imers˜ao.
Definimos ar-´esima curvatura m´edia Hr, r= 0,1, ...n, deM como sendo Hr= 1
crSr, onde cr = nr
e Sr ´e a r-´esima fun¸c˜ao sim´etrica das curvaturas principais (ki) da imers˜aoϕ, ou seja,
Sr = X
i1<...<ir
ki1 ·...· kir .
Observe que,S0 = 1 eS1, S2, e Sns˜ao, a menos de fator constante, ascurvaturas m´edia,escalar eGauss−Kronecker, respectivamente.
Consideremos uma fun¸c˜aof ∈C∞(M) e um campo qualquerX ∈χ(M). Defini- mos o gradientede f como o campo ∇f em M dado por
h∇f, Xi=Xf =df ·X, odivergente de X como a fun¸c˜aodiv:M →R definida por
divX =tr(Y → ∇YX)
e o Laplacianode M como o operador ∆ :C∞(M)→C∞(M) dado por
∆f =div(∇f).
Agora, consideremos um referencial geod´esico {e1, ..., en} em um aberto de M e um campoX escrito neste referencial comoX =Pn
i=1aiEi. Ent˜ao, podemos escrever ogradiente, divergente e o Laplacianonesse referencial como
∇f =
n
X
i=1
(ei(f))ei,
divX =
n
X
i=1
ei(ai),
∆f =
n
X
i=1
ei(ei(f)), respectivamente.
Usando as defini¸c˜oes de gradiente, divergente eLaplaciano, obtemos, para toda g ∈C∞(M), a equa¸c˜ao
div(gX) =gdivX +h∇g, Xi. (1.1) Consideremos uma variedade compacta M com bordo∂M e um campoX em M. O Teorema da Divergˆencia (ver [S], p.192) afirma que
Z
M
divX dM = Z
∂M
hX, νidr, (1.2)
onde dM e dr s˜ao os elementos de volume de M e de ∂M, respectivamente, e ν ´e o campo de vetor unit´ario normal exterior ao ∂M, cuja dire¸c˜ao ´e oposta `a do vetor curvatura m´edia. Assim, se tomamos X = f∇h em (1.1) e usamos (1.2), temos a F´ormula de Green
Z
M
{f∆h+h∇f,∇hi}dM = Z
∂M
fh∇h, νidr (1.3)
para f, h∈C∞(M).
Dizemos queM ´e uma variedade Riemanniana (geodesicamente)completase para todo p ∈ M, a aplica¸c˜ao exponencial, expp, est´a definida para todo v ∈ TpM, isto
´e, se as geod´esicas γ(t) que partem de p est˜ao definidas para todos os valores do parˆametro t∈R.
Quando a variedade M ´e fechada e limitada diz-se que M ´ecompacta.
Nos resultados deste trabalho encontramos a express˜ao cl´assica: “variedades de curvatura constante”. Esta express˜ao designa as variedades Riemannianas simples- mente conexas, completas, de curvatura seccional constante.
Definamos ent˜ao curvatura seccional. Dados um pontop∈M e um subespa¸co bi- dimensionalσ⊂TpM, o n´umero real K(x, y) =K(σ) = hR(x,y)x,yi
|x∧y|2 , ondeR representa o tensor curvatura e {x, y}´e uma base qualquer deσ, ´e chamado curvatura seccional deσ em p.
Uma interpreta¸c˜ao geom´etrica da curvatura seccional nos diz que K(p, σ) ´e a curvatura Gaussiana em p de uma pequena superf´ıcie formada por geod´esicas de M que partem dep e s˜ao tangentes aσ.
Para uma hipersuperf´ıcieMn ⊂Rn+1, a condi¸c˜ao an´aloga a ter curvatura Gaussiana positiva em p ´e a condi¸c˜ao que toda curvatura seccional em p ´e positiva; equivalen- temente, toda curvatura principal ter´a o mesmo sinal, ou ainda, a segunda forma fundamental B ´e positiva ou negativa definida e isto nos garante o fato, puramente geom´etrico, que M est´a situada em um lado do hiperplano tangente de M em p.
Dizemos ent˜ao que o fato de B ser positiva ou negativa definida, implica queM ´elo- calmente convexa e argumentos gerais mostram que um conjunto localmente convexo
´e, na verdade, convexo.
Dizemos que uma hipersurperf´ıcie mergulhada f : Mn → Rn+1 ´e uma hipersu- perf´ıcie convexa quando ela est´a contida no bordo de um corpo convexo C ⊂ Rn+1. Por um corpo convexo entendemos um subconjunto C de Rn+1 tal que, dados dois pontosp, q ∈C, o segmento que liga p eq est´a contido em C .
Um dos fatos mais importantes para desenvolvimento deste trabalho ´e o operador L1, definido no pr´oximo cap´ıtulo, ser el´ıptico. Antes vamos estabelecer algumas defini¸c˜oes.
Um operador L do tipo Lu=
n
X
i,j=1
aij ∂2u
∂xi∂xj +
n
X
i=1
bi ∂u
∂xi +cu ,
´e chamado operador diferencial de ordem dois, onde aij, bi, c : U → R, i, j = 1, ...n, s˜ao fun¸c˜oes definidas em aberto U de Rn.
Quando A(x) = (aij(x)) ´e sim´etrica e positiva definida, para todo x∈U, isto ´e,
n
X
i,j=1
aij(x)λiλj >0,∀x∈U e∀λ= (λ1, ..., λn)∈Rn− {0}, a express˜aoLu= 0 ´e chamada equa¸c˜aoel´ıptica de segunda ordem.
O princ´ıpio do m´odulo m´aximo para fun¸c˜oes hamˆonicas foi generalizado por E.
Hopf em 1927 para equa¸c˜oes diferenciais parciais el´ıpticas (ver[GT], p. 31).
Teorema 1.1 (E. Hopf). Seja Lu=
n
X
i,j=1
aij ∂2u
∂xi∂xj +
n
X
i=1
bi∂u
∂xi +cu,
onde u:U⊂Rn→R´e uma fun¸c˜ao duas vezes diferenci´avel ebi, c:U→Rs˜ao fun¸c˜oes localmente limitadas com c ≤ 0. Suponhamos que, para todo ponto p ∈ U, existem uma vizinhan¸ca V de p e constantes δ e positivas tais que
δ
n
X
i=1
λ2i ≤
n
X
i,j=1
aij(x)λiλj ≤
n
X
i=1
λ2i,
∀x∈ V e todo λ= (λ1, ..., λn)∈Rn.
Se Lu≥0 em U e p ´e um ponto de m´aximo local n˜ao-negativo, ent˜ao u ´e constante em uma vizinhan¸ca de p.
O princ´ıpio da tangˆencia ´e uma aplica¸c˜ao desse resultado, e pode ser enunciado do seguinte modo:
Sejam M1n, M2n hipersuperf´ıcies orientadas em Mn+1, p ∈ M1n ∩M2n um ponto de tangˆencia e u1, u2 : U ⊂ TpM1 → R fun¸c˜oes definidas em uma vizinhan¸ca U da origem do plano tangente TpM1, cujos gr´aficos s˜ao vizinhan¸cas V1 ⊂M1 e V2 ⊂ M2 de p, respectivamente. Se u1 e u2 satisfazem uma mesma equa¸c˜ao diferencial parcial el´ıptica e u1 ≤ u2 em U, ent˜ao M1 e M2 coincidem em U.
Para finalizar este cap´ıtulo, enunciaremos um resultado obtido por Hartman e Nirenberg [HN] que ser´a usado na demonstra¸c˜ao do Teorema de Cheng e Yau, no Cap´ıtulo 3.
Teorema 1.2 (Hartman-Nirenberg). Sejam Mn uma variedade Riemanniana com- pleta flat ef :Mn→Rn+1 uma imers˜ao isom´etrica. Ent˜ao, f(M) ´e um cilindro sobre uma curva plana.
Cap´ıtulo 2
L 1 - O operador linearizado
Neste cap´ıtulo faremos um estudo sobre o operador L1. Inicialmente, usaremos a defini¸c˜ao dada por Cheng e Yau [CY1] , veremos queL1´e o caso particular, parar= 1, do operadorLr definido por Rosenberg [R2] e demonstraremos algumas propriedades desse operador.
QuandoMn´e uma hipersuperf´ıcie completa com curvatura seccional n˜ao-negativa no espa¸co Euclidiano, podemos escolher o campo de vetores normais N :M →Sn+1 de maneira que a segunda forma fundamental B seja positiva semi-definida.
Seja f : Mn → R uma fun¸c˜ao de classe C2. Definimos o operador L1 por (ver [CY1], p. 201)
L1(f) =
n
X
i,j=1
(nHδij−hij)fij , (2.1) onde H = Sn1 ´e a curvatura m´edia deM, hij os coeficientes da segunda forma funda- mental, δij delta de Kronecker e fij os coeficientes da matriz Hessiana de f.
Ao estudo das r-´esimas curvaturas m´edias est´a relacionada a Transforma¸c˜ao de NewtonTr =SrI−Sr−1B+...+(−1)rBr, que tamb´em pode ser definida indutivamente porTr =SrI−BTr−1, T0 =I.
Proposi¸c˜ao 2.1. Seja Tr a Transforma¸c˜ao de Newton. Ent˜ao, s˜ao v´alidas as seguin- tes propriedades:
a) Tr(ei) = Sr(Bi)ei;
b) (r+ 1)Sr+1 =tr(BTr) (F´ormula de Newton);
c) tr(Tr) = (n−r)Sr;
d) tr(TrB2) =S1Sr+1−(r+ 2)Sr+2; e) Tr ´e auto-adjunto.
Prova. Ver Lemma 2.1 [BC], p.279 para as quatro primeiras propriedades.
O fato do operador Tr ser auto-adjunto ´e conseq¨uˆencia dele ser polinˆomio em B.
Agora, definida a transforma¸c˜aoTr, a maneira natural de escrever a defini¸c˜ao dada por Cheng e Yau para o operadorL1 ´e
L1(f) = tr(T1Hess(f))
= tr((S1I−B)(Hess(f))).
Em 1993, Rosenberg (ver [R2], Theorem 4.1, p.225) estabeleceu a seguinte ex- press˜ao para o operador diferenci´avel linear de segunda ordem Lr,
Lr(f) =div(Tr∇f), r= 0,1, ..., n.
O operador Lr j´a havia aparecido em artigos de Voss [V] e Reilly [R1], associado a problemas variacionais e escrito como combina¸c˜ao das fun¸c˜oes sim´etricas Sr+1. O trabalho de Rosenberg [R2] teve grande importˆancia, pois o fato do operadorLrpoder ser escrito como um divergente possiblitou o uso de muitos resultados j´a conhecidos.
Quando r = 1,
L1(f) = div(T1∇f) (2.2)
coincide com o operador de Cheng e Yau L1(f) =
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)fij.
De fato, sabemos que
∇f =
n
X
i=1
fiei e T1 =S1I−B =nHI −B, onde {e1, ..., en}´e o referencial geod´esico.
Da´ı,
T1∇f =
n
X
i=1
(nHI−B)fiei
=
n
X
i=1
(nHfiei−fiBei). Como Bei =Pn
j=1hjiej, temos
T1∇f =
n
X
i=1
nHfiei−fi n
X
j=1
hjiej
!
=
n
X
i,j=1
(nHδij −hji)fiej
=
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)fiej
=
n
X
j=1 n
X
i=1
(nHδij −hij)fi
! ej .
Assim,
div(T1∇f) =
n
X
j=1 n
X
i=1
nHjδij−hijj
! fi+
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)fij
=
n
X
j=1 n
X
i=1
nHjδij
! fi−
n
X
i,j=1
hijjfi+
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)fij
=
n
X
i,j=1
nHjδijfi−
n
X
i=1
nHifi+
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)fij
=
n
X
i=1
nHifi−
n
X
i=1
nHifi+
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)fij
=
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)fij .
Portanto, conclu´ımos que
div(T1∇f) =
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)fij .
Em um certo sentido, os operadores Lr generalizam o operador Laplaciano ∆, pois, parar = 0,
L0(f) = div(T0∇f)
= div(∇f)
= ∆f.
Vale observar que esses operadores s˜ao muito usados em estudos de hipersuperf´ıcies com r-´esima curvatura Hr constante.
Os resultados apresentados neste trabalho, a partir de agora, estar˜ao relacionados ao operador L1.
DefinindoL1de um campo como sendo o campo cujas coordenadas s˜aoL1aplicado a cada uma das coordenadas do campo original, vamos agora calcularL1(X) eL1(N), onde X eN s˜ao o vetor posi¸c˜ao e o vetor normal de M, respectivamente.
Proposi¸c˜ao 2.2. Sejam X e N o vetor posi¸c˜ao e o vetor normal de M, respectiva- mente. Ent˜ao,
a) L1(X) = n(n−1)RN;
b) L1(N) = (−S1S2+ 3S3)N− 12n(n−1)Pn
k=1Rkek.
Prova. Seja {e1, ...en} um referencial ortonormal emM. Ent˜ao,
∇eiX =ei. Da´ı,
Xij =∇ej∇eiX =∇ejei =hijN, ou seja,
Xij =hijN . (2.3)
Al´em disso,
Ni =
n
X
k=1
hNi, ekiek+hNi, NiN .
Sabemos que hN, eki = 0 e hN, Ni = 1. Dessas igualdades, conclu´ımos que hNi, eki=−hki e hNi, Ni= 0.
Assim,
Ni =−
n
X
k=1
hkiek . Logo,
Nij = −
n
X
k=1
hkijek−
n
X
k=1
hki∇ejek
= −
n
X
k=1
hkijek−
n
X
k=1
hkihkjN. (2.4)
Calculemos o valor de L1(X). Por (2.1), L1(X) =
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)Xij .
Substituindo o valor encontrado em (2.3), temos L1(X) =
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)hijN
= (nH)2−
n
X
i,j=1
h2ij
! N
= (
n
X
i=1
ki)2−
n
X
i=1
ki2
! N
= 2X
i<j
kikj
! N
= (2S2)N . (2.5)
Visto que R = n(n−1)2 S2, tamb´em podemos escrever L1(X) como
L1(X) = n(n−1)RN . (2.6)
Analogamente, calculamos o valor de L1(N), substituindo a express˜ao (2.4) em (2.1), ou seja,
L1(N) =
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)Nij
=
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)(−
n
X
k=1
hkijek−
n
X
k=1
hkihkjN)
= −
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)(
n
X
k=1
hkihkj)N −
n
X
i,j,k=1
(nHδij −hij)hkijek.
Usando Codazzi e a bilinearidade de B, L1(N) = −
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)(
n
X
k=1
hikhkj)N −
n
X
k=1
"
nH(nH)k−
n
X
i,j=1
hkijhij
# ek
= −
n
X
i,j=1
(nHδij −hij)(
n
X
k=1
hikhkj)N −
n
X
k=1
1
2n(n−1)Rkek
= −
n
X
i,j,k=1
nHδijhikhkj +
n
X
i,j,k=1
hijhikhkj
!
N − 1
2n(n−1)
n
X
k=1
Rkek
= (−nH kB k2 +trB3)N − 1
2n(n−1)
n
X
k=1
Rkek.
Como trB3 =nH kB k2 −12n2(n−1)HR+ 3S3, ver equa¸c˜ao (1) em [R1], temos L1(N) =
−1
2n2(n−1)HR+ 3S3
N −1
2n(n−1)
n
X
k=1
Rkek
= (−S1S2+ 3S3)N − 1
2n(n−1)
n
X
k=1
Rkek.
Assim,
L1(N) = (−S1S2+ 3S3)N − 1
2n(n−1)
n
X
k=1
Rkek. (2.7)
Proposi¸c˜ao 2.3. Sejam X e N o vetor posi¸c˜ao e o vetor normal de M, respectivamente e seja v vetor fixo em Rn+1. Ent˜ao,
a) L1(hX, vi) = n(n−1)RhN, vi;
b) L1(hN, vi) = (−S1S2+ 3S3)hN, vi − 12n(n−1)Pn
k=1Rkhek, vi . Prova. Afirmamos que L1(hX, vi) =hL1(X), vi. Com efeito,
L1(hX, vi) =
n
X
ij=1
(nHδij −hij)hX, viij
=
n
X
ij=1
(nHδij −hij)hXij, vi
=
* n X
ij=1
(nHδij −hij)Xij, v +
= hL1(X), vi.
Ent˜ao, usando (2.5) e (2.6),
L1(hX, vi) = h(2S2)N, vi (2.8)
= hn(n−1)RN, vi
= n(n−1)RhN, vi. (2.9)
Usando (2.7), temos
L1(hN, vi) = (−S1S2+ 3S3)hN, vi −1
2n(n−1)
n
X
k=1
Rkhek, vi. (2.10) Uma propriedade importante do operador L1 ´e o fato dele ser auto-adjunto.
Proposi¸c˜ao 2.4 ([CY1], Proposi¸c˜ao 1). Seja M uma variedade Riemanniana com- pacta e orient´avel. Ent˜ao, o operador L1 ´e auto-adjunto.
P rova. Por (2.2) e usando o produto interno definido porhf, gi=R
Mf g dM para f, g:M →R, podemos afirmar que
hL1(f), gi = hdiv(T1∇f), gi
= hg, div(T1∇f)i
= Z
M
gdiv(T1∇f)dM .
FazendoX =T1∇f em (1.1) e usando o Teorema da Divergˆencia (ver p.10), pois M ´e compacta sem bordo, conclu´ımos que
hL1(f), gi = Z
M
gdiv(T1∇f)dM
= Z
M
div(gT1∇f)dM − Z
M
h∇g, T1∇fidM
= −
Z
M
h∇g, T1∇fidM . Agora, usando o mesmo argumento temos que
hf, L1(g)i = hf, div(T1∇g)i
= Z
M
f div(T1∇g)dM
= Z
M
div(f T1∇g)dM − Z
M
h∇f, T1∇gidM
= −
Z
M
h∇f, T1∇gidM . Como T1 ´e auto-adjunto, isto ´e,
h∇f, T1∇gi=hT1∇f,∇gi, temos a igualdade desejada, ou seja,
hL1(f), gi=hf, L1(g)i.
O resultado a seguir ´e uma desigualdade, Princ´ıpio do Mini-Max, para o operador L1. A demonstra¸c˜ao desse fato usa uma estimativa para seu primeiro auto-valor (ver [C], p.16).
Proposi¸c˜ao 2.5([CY1], Proposi¸c˜ao 2). SejaL1 um operador el´ıptico auto-adjunto de segunda ordem , possivelmente degenerado, definido em uma variedade M compacta com bordo. Seja f uma fun¸c˜ao positiva de classe C2. Ent˜ao, para qualquer fun¸c˜ao g ∈C2 n˜ao-negativa tal que g
∂M = 0, temos
− Z
M
gL1g
≥ inf
M
−L1f f
Z
M
g2 −1
. (2.11)
P rova. Se g ´e identicamente nula nada temos a demonstrar. Ent˜ao, suponhamos g 6≡ 0 e notemos que precisamos apenas provar (2.11) assumindo que L1 ´e el´ıptico n˜ao-degenerado. Caso contr´ario, podemos substituirL1 por L1+∆ e fazer→0.
Sejam λ o primeiro auto-valor e gλ a primeira auto-fun¸c˜ao de L1 sobre D com a condi¸c˜ao gλ
∂D = 0.
E bem conhecido que´ λ≤
− Z
M
gL1g Z
M
g2 −1
egλ ´e positiva no interior de D.
Considere a fun¸c˜ao gfλ definida emD (temos gfλ
∂D = 0).
Nos pontos onde gfλ atinge seu m´aximo, podemos verificar que λ=−L1gλ
gλ ≥ −L1f f . Logo, provamos a seguinte estimativa:
− Z
M
gL1g Z
M
g2 −1
≥inf
M
−L1f f
.
A condi¸c˜ao suficiente para o operador L1 ser el´ıptico ´e dada pela proposi¸c˜ao se- guinte (ver[CY1], p.201).
Proposi¸c˜ao 2.6. Se S2 ´e constante positiva, ent˜ao L1 ´e el´ıptico.
P rova. ComoL1(f) =Pn
i,j=1(nHδij −hij)fij, temos aij =nHδij −hij.
Visto que a segunda forma fundamental ´e diagonaliz´avel, basta analisarmos aij para i=j. Assim,
aj = nH −kj
= S1−kj.
Pela defini¸c˜ao de operador el´ıptico (ver p.11) devemos teraj >0.
Para cada j, sabemos que S12 =
n
X
j=1
kj2+ 2S2 > kj2, ou seja,
S12−kj2 >0.
Da´ı,
(S1+kj)(S1−kj)>0.
Supondo S1 +kj <0 e S1−kj < 0 e somando essas duas desigualdades, encon- tramos
2S1 <0.
Logo, temos um absurdo, poisS1 >0. Portanto,S1−kj >0 e, consequentemente, aj >0, j = 1, ..., n.
Assim, quando S2 ´e constante positiva, L1 ´e um operador el´ıptico .
Esse resultado ´e fundamental na demonstra¸c˜ao dos teoremas principais deste tra- balho, pois o fato de L1 ser um operador el´ıptico nos permite utilizar o princ´ıpio do m´odulo m´aximo (ver Teorema 1.1, p.12).
Cap´ıtulo 3
Hipersuperf´ıcie completa,
n˜ ao-compacta, com curvatura escalar constante
O objetivo deste cap´ıtulo ´e provar que, seM ´e uma hipersuperf´ıcie completa n˜ao- compacta no espa¸co Euclidiano, com curvatura seccional n˜ao negativa e curvatura escalar S2 constante, M ´e um cilindro generalizado. Este resultado foi obtido por Cheng e Yau em [CY1].
A id´eia central da demonstra¸c˜ao deste resultado ´e provar que M ´e flat, isto ´e, provar queM possui curvatura escalar identicamente nula. Assim, poderemos aplicar o Teorema de Hartman e Nirenberg (Teorema 1.2, p.12) e concluir a demonstra¸c˜ao.
Enunciemos ent˜ao, o resultado de Cheng e Yau.
Teorema 3.1([CY1], Teorema 4).SejaMnuma hipersuperf´ıcie completa n˜ao-compacta no espa¸co Euclidiano Rn+1 com curvatura seccional n˜ao-negativa. Se a curvatura es- calar de M ´e constante, ent˜ao M ´e um cilindro generalizado.
P rova. Como M ´e completa, com curvatura seccional n˜ao-negativa, conclu´ımos queM ´e convexa (ver p.11).
No cap´ıtulo anterior (ver Proposi¸c˜ao 2.6, p.21) provamos o seguinte fato: se S2
´e constante positiva, ent˜aoL1 ´e el´ıptico. Ent˜ao, se tivermos L1 el´ıptico degenerado, significa que em algum ponto deM,P
i6=jki = 0 para alguma curvatura principal ki, ou seja, ki = 0 para todo i6=j Assim, a curvatura escalar de M neste ponto ´e zero.
Quando a curvatura escalar de M ´e zero, M ´e flat e o resultado segue-se do Teorema de Hartman-Nirenberg (ver Teorema 1.2, p.12).
O fato da imagem da aplica¸c˜ao normal de Gauss de uma hipersuperf´ıcie convexa completa situar-se num hemisf´erio aberto, nos permite garantir a existˆencia do vetor unit´ario a no espa¸co Euclidiano tal que hN, ai ≥ 0, onde N ´e vetor normal em M (ver [W], p. 279).
Agora, afirmamos que se hN, ai = 0 em algum ponto de M, temos que hN, ai ´e identicamente nula.
Com efeito, calculemos o sinal de L1(hN, ai).
L1(hN, ai) = hL1(N), ai
= −
n
X
j,l=1
(nHδjl−hjl)
n
X
i=1
hjihil
! hN, ai
= −n(n−1)R
n
X
i=1
h2ijhN, ai.
Logo, L1hN, ai ≤0.
Assim, nossa afirma¸c˜ao segue-se do princ´ıpio do m´ınimo aplicado `a equa¸c˜ao el´ıptica acima, ou seja, como L1hN, ai ≤0 ehN, ai ≥0, se hN, ai assume seu m´ınimo (que ´e zero), ent˜ao hN, ai ser´a constante e igual a zero.
Conclu´ımos que, ou hN, ai´e sempre positiva ou hN, ai ≡0.
No segundo caso, diferenciando a equa¸c˜aohN, ai ≡ 0, obtemos kihei, ai ≡ 0 para todas as curvaturas principaiskie dire¸c˜oes principaisei. ProjetandoaemM, obtemos o campo de vetores unit´arios P
iha, eiiei que ´e paralelo em M. Portanto, podemos retirar uma linha e continuar por indu¸c˜ao a prova do teorema.
Quandof =hN, ai´e estritamente positiva, aplicamos a Proposi¸c˜ao 2.5 (ver p.20), e garantimos que
− Z
M
gL1g Z
M
g2 −1
≥inf
M
Pn
j,l=1(nHδjl−hjl)(Pn
i=1hjihil)hN, ai hN, ai
! ,
ou ainda,
− Z
D
gL1g Z
D
g2 −1
≥min
D n
X
j,l=1
(nHδjl−hjl)(
n
X
i=1
hjihil)
!
(3.1) para toda fun¸c˜ao suave g com suporte compacto D.
Com as propriedades que M possui, ´e poss´ıvel afirmar (ver [W], Teorema 2, p.
280) queM ´e essencialmente um gr´afico sobre a e com isso, o conjunto Dr ={X;hX, ai ≤r}´e compacto para todo r >0.
Podemos aplicar a fun¸c˜ao g(p) = r− hX(p), ai em (3.1) substituindo D por Dr. Assim,
−R
Dr(r− hX, ai)L1(r− hX, ai) R
Dr(r− hX, ai)2 ≥min
Dr
n
X
j,l=1
(nHδjl−hjl)(
n
X
i=1
hjihil)
! .
Por outro lado, por (2.9), temos
−R
Dr(r− hX, ai)L1(r− hX, ai) R
Dr(r− hX, ai)2 = −R
Dr(r− hX, ai)(−hn(n−1)RN, ai) R
Dr(r− hX, ai)2
≤ R
Drrn(n−1)RhN, ai R
Dr(r− hX, ai)2
= rn(n−1)RR
DrhN, ai R
Dr(r− hX, ai)2 . Seja Dr
2 ={X;hX, ai ≤ r2}. Ent˜ao, em Dr
2 vale a seguinte desigualdade, r− hX, ai ≥r− r
2 , ou seja,
r− hX, ai ≥ r 2 . Da´ı,
rn(n−1)RR
DrhN, ai R
Dr(r− hX, ai)2 ≤ rn(n−1)RR
DrhN, ai R
Dr
2
(2r)2
≤ rn(n−1)RR
Dr
r2 4
R
Dr
2
= 4n(n−1)Rvol(Dr) rvol(Dr
2) .
Portanto,
−R
Dr(r− hX, ai)L1(r− hX, ai) R
Dr(r− hX, ai)2 ≤4n(n−1)r−1Rvol(Dr)[volDr
2]−1. (3.2)
O fato de M ser convexa tamb´em nos garante a existˆencia de constantes c1 e c2 tais que vol(Dr)≤c1rn+c2 (ver [SY], p. 23-25). Isto implica que
lim inf
r→∞ r−vol(Dr)[volDr
2]−1 = 0, ∀ >0. (3.3) Combinando (3.1), (3.2) e (3.3), temos
infM n
X
j,l=1
(nHδjl−hjl)
n
X
i=1
hjihil
!
= 0. (3.4)
Sejam k1 e k2 curvaturas principais tais que k1k2 ≥R. Ent˜ao,
n
X
k,l=1
(nHδkl−hkl)
n
X
i=1
hkihil
!
≥ k1k22+k2k12
≥ (k1k2)(k1+k2)
≥ k1k2p 2k1k2
≥ √
2R3/2. (3.5)
Como R ´e constante, conclu´ımos de (3.4) e (3.5) que R = 0 e o resultado ´e conseq¨uˆencia imediata do Teorema de Hartmam-Nirenberg (Teorema 1.2, p.12).
Coment´ario. Em 1978, P. Hartman (ver [H1]) generalizou o resultado de Cheng e Yau para curvatura m´edia Hr constante positiva.
Teorema (Hartman). Seja M = Mn uma variedade Riemanniana completa conexa com curvatura seccional n˜ao-negativa. Seja X : M → Rn+1 uma imers˜ao isom´etrica de classe C∞ tal que X(M) possui a r-´esima curvatura m´edia satisfazendo Hr =c >0 para algum r, 1≤r≤n. Ent˜ao, M ´e um cilindro generalizado.
Cap´ıtulo 4
Estimativa de altura
O resultado apresentado neste cap´ıtulo ´e uma estimativa obtida por Rosenberg [R2], para a distˆancia m´axima dos pontos de M ao seu bordo, quando M ´e uma hipersuperf´ıcie mergulhada em Rn+1 com curvatura escalar S2 constante positiva e bordo emRn.
A demonstra¸c˜ao deste teorema ´e um bom exemplo de aplica¸c˜ao das propriedades do operador L1.
Inicialmente, vamos demonstrar o resultado seguinte.
Proposi¸c˜ao 4.1. Se H1, H2,..., Hi s˜ao n˜ao-negativas, ent˜ao
H1Hi+1 ≥ Hi+2 , (4.1)
para 0≤i≤n−2.
Prova. Sabemos que
Hi−1Hi+1 ≤ Hi2, i= 1,2, ..., n−1 e
HiHi+2 ≤ Hi+12 , i= 0,1, ..., n−2 (4.2) s˜ao equivalentes (ver [HLP], p.104).
Para i= 0, temos, por (4.2) e a equa¸c˜ao de Gauss,
H12−H2 ≥0. (4.3)
Para i= 1, H2 >0 (isto implica H1 >0), temos, usando (4.2), que
H1H3 ≤H22 , isto ´e, H2 ≥ H1H3
H2 . (4.4)
Agora, por (4.3) e (4.4),
H1 ≥ H2
H1 ≥ H1H3 H1H2 = H3
H2, isto ´e,
H1H2−H3 ≥0. (4.5)
Para i= 2 e H3 >0 (isto implica H1 >0, H2 >0), temos por (4.2),
H2H4 ≤H32 , isto ´e, H3 ≥ H2H4
H3 . (4.6)
Agora, por (4.5) e (4.6), obtemos H1 ≥ H3
H2
≥ H2H4 H3H2
= H4 H3
, isto ´e,
H1H3−H4 ≥0.
Suponhamos que a proposi¸c˜ao vale para i=n−3, isto ´e,
H1Hn−2−Hn−1 ≥0. (4.7)
Ent˜ao, para i=n−2 e Hn−1 ≥0 temos, por (4.2),
Hn−2Hn≤Hn−12 , ou seja, Hn−1 ≥ Hn−2Hn Hn−1
. (4.8)
Por (4.7) e (4.8), temos
H1 ≥ Hn−1
Hn−2 ≥ Hn−2Hn
Hn−1Hn−2 = Hn Hn−1. Portanto,
H1Hn−1−Hn ≥0.
Teorema 4.1 ([R2], Teorema 6.1). Seja M ⊂ Rn+1 uma hipersuperf´ıcie compacta mergulhada com ∂M ⊂ Rn = Rn×0. Se S2 ´e constante positiva, ent˜ao a distˆancia m´axima de M ao hiperplano Rn ´e
q2n(n−1) S2 .
Prova. Inicialmente, consideremos uma hipersuperf´ıcie M em Rn+1, compacta, com S2 constante positiva, como sendo o gr´afico de uma fun¸c˜ao Xn+1 definida num compacto deRn tal que ∂M ⊂Rn.
Escolheremos o vetor N normal a M, tal que Nn+1 ≤ 0. Observe que com esta escolha, o operadorL1 ´e el´ıptico positivo definido.
Sejam Hi as i-´esimas fun¸c˜oes curvaturas m´edias deM, definidas por Si = ni Hi. E conhecido que (ver [HLP]),´
Hi−1Hi+1 ≤ Hi2 (1 ≤ i < n), (4.9) H1 ≥H21/2 ≥ H31/3 ≥...≥Hi1/i, (4.10) quando H1, H2,..., Hi s˜ao n˜ao-negativas.
Agora, observe que podemos reescrever a desigualdade (4.1) em fun¸c˜ao das Si, isto ´e,
(n−i−1)S1Si+1−n(i+ 2)Si+2 ≥ 0, (4.11) i≤n−2.
Assim, como S2 ´e constante positiva em M, temos Hi >0 para i≤2 e, portanto, podemos usar a desigualdade (4.11) com i= 1, ou seja,
(n−2)S1S2−3nS3 ≥ 0 (4.12)
Definamos a fun¸c˜aof =
S2
c2
12
Xn+1+Nn+1, onde c2 = n2 .
Baseado nos resultados do Cap´ıtulo 2, iremos calcular o valor de L1 aplicado `a fun¸c˜ao f definida acima.
Podemos escrever f como o produto
S2
c2
12
X+N,(0, ...,0,1)
. Assim,
L1(f) = L1 *
S2 c2
12
X+N,(0,0, ...,0,1) +!
= L1 *
S2 c2
12
X,(0,0, ...,0,1) +
+hN,(0,0, ...,0,1)i
! .
Como L1(hX, vi) =hL1(X), vi eL1(hN, vi) =hL1(N), vi , obtemos L1(f) = L1
* S2 c2
12
X,(0,0, ...,0,1) +
+hN,(0,0, ...,0,1)i
!
= S2
c2 12
hL1(X),(0,0, ...,0,1)i+hL1(N),(0,0, ...,0,1)i.
Substituindo os valores encontrados em (2.8) e (2.10) e observando que Rk = 0 quando S2 ´e constante, obtemos
L1(f) = S2
c2 12
hL1(X),(0,0, ...,0,1)i+hL1(N),(0,0, ...,0,1)i
= S2
c2 12
h2S2N,(0,0, ...,0,1)i+h(−S1S2+ 3S3)N,(0,0, ...,0,1)i
= S2
c2 12
(2S2Nn+1+ (−S1S2+ 3S3)Nn+1)
=
"
S2 2 S2
c2 12
−S1
! + 3S3
# Nn+1
=
"
S2 2 S2
c2 12
−S1
! +
n−2 n
S1S2−
n−2 n
S1S2+ 3S3
# Nn+1
=
"
S2 2 S2
c2
12
−S1+S1− 2 nS1
!
−
(n−2)S1S2−3nS3 n
# Nn+1.
Portanto, usando (4.12) e o fato que Nn+1 ≤0, L1(f) ≥ S2 2
S2 c2
12
− 2 nS1
! Nn+1.
Como S1 e S2 s˜ao n˜ao-negativas, temos, por (4.2), que
S2
c2
12
≤ Sn1. Conclu´ımos ent˜ao que L1(f)≥0.
Por outro lado, por hip´otese,∂M ⊂Rn=Rn×0. Logo, Xn+1
∂M = 0 e, portanto, f
∂M ≤0.
Como o operador L1 ´e el´ıptico, o Princ´ıpio do M´aximo nos garante que f atinge seu m´aximo no interior deM somente se f for constante, o que n˜ao ´e o caso. Ent˜ao, o m´aximo de f ´e n˜ao positivo, da´ıf ≤0 em toda M, ou seja,
S2 c2
12
Xn+1+Nn+1 ≤0 emM.
Portanto,
S2 c2
12
Xn+1 ≤ −Nn+1 ≤1, isto ´e,
Xn+1 ≤ c2
S2 12
.
Consideremos agora,M hipersuperf´ıcie compacta, mergulhada, com∂M ⊂Rn. A conclus˜ao do teorema ser´a uma aplica¸c˜ao da id´eia da prova do princ´ıpio de reflex˜ao de Alexandrov a M(ver [A]). Com efeito, consideremos um hiperplano Q paralelo a Rn cuja interse¸c˜ao com M ´e vazia. Fazendo Q se aproximar paralelamente da hipersuperf´ıcie Rn temos um novo plano Q1 (transladado de Q) tocando M num primeiro ponto. Quando fazemos Q1 deslizar (sempre na mesma dire¸c˜ao) para um posi¸c˜ao Q2, temos que a reflex˜ao em rela¸c˜ao a Q2 da parte de M que se encontra acima deste hiperplano, localiza-se no interior da regi˜ao limitada porM e pela regi˜ao na hipersuperf´cie Rnque ´e limitada pela fronteira deM (isso ´e conseq¨uˆencia imediata do princ´ıpio da tangˆencia), ou seja, a parte deM acima deQ2 ´e um gr´afico. Podemos usar este argumento at´e que a reflex˜ao da parte acima do hiperplano transladado toque a hipersuperf´ıcieRn, onde est´a o bordo deM. Isso ocorre, exatamente, quando o hiperplano transladado divide a altura de M em duas partes iguais. Com isso, garantimos que a parte de M acima de tal hiperplano ´e gr´afico, e pelo resultado acima, com altura m´axima
c2
S2
12
. Ent˜ao, a altura m´axima deM ser´a 2 c2
S2
12 .
Coment´arios. Heinz em [H2], 1955, obteve estimativa de altura para gr´afico de curvatura m´edia constante emRn+1, al´em disso, como o objetivo desse trabalho ´e tra- tar das hipersuperf´ıcies com curvatura escalar constante, particularizamos oTeorema de Rosenberg para r = 1, mas o resultado vale parar = 0,1, ..., n−1. Assim,
Teorema (Rosenberg). Seja M ⊂ Rn+1 hipersuperf´ıcie compacta, mergulhada, com ∂M ⊂Rn. Se Sr+1 ´e constante positiva em M, ent˜ao a distˆancia m´axima de M para o hiperplano Rn ´e 2c
r+1
Sr+1
r+11
, onde cr+1 = r+1n .