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A colaboração entre pesquisadores brasileiros e franceses no programa CapesCofecubi - 2004-2009

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DataGramaZero - Revista de Informação - v.16 n.2 abr/15 ARTIGO 02

A colaboração entre pesquisadores brasileiros e franceses no programa Capes/Cofecubi - 2004-2009

The collaboration between brazilian and french researchers within the program Capes/Cofecubi (2004-2009)

por Thais Mere Marques Aveiro

Resumo: O objetivo deste estudo cientométrico é comparar a colaboração entre pesquisadores brasileiros e franceses no âmbito do programa Capes/Cofecubi no período de 2004 a 2009 visando averiguar como ocorreu essa parceria com foco na produção bibliográfica conjunta entre os coordenadores dos projetos. Para isso, foram analisados os currículos Lattes dos coordenadores brasileiros dos projetos financiados pelo programa. A avaliação foi realizada com base na produção científica conjunta dos pesquisadores envolvidos na parceria. As variáveis envolvidas foram unidade da federação no Brasil, área do conhecimento dos pesquisadores, gênero do pesquisador brasileiro e produção bibliográfica nos diferentes canais de comunicação (número de publicações em periódicos nacionais e internacionais, participação em anais de congressos nacionais e internacionais, livros e capítulos de livros). Os resultados mostram que, de forma geral, o financiamento resultou em publicação conjunta, principalmente em anais de congresso internacionais e periódicos estrangeiros, com destaque para as áreas de Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Ciências Biológicas.

Palavras-chave: Capesi, Cofecubi, França, colaboração, produção científica, avaliação..

Abstract: The objective of this scientometric study is to compare the collaboration between Brazilian and French researchers within the Capes/Cofecubi program for the period 2004-2009 aiming to find out how this partnership occurred, focused on joint production between coordinators of the projects during this period of analysis. To reach the objective, the curricula of the Brazilian coordinators were analyzed. The evaluation was based on the joint scientific production of researchers involved in the projects. The variables considered were: federal state in Brazil, area of knowledge, Brazilian researcher gender and scientific production in different communication channels (number of publications in national and international journals, participation in annals of national and international conferences, books and chapters of books). The results show that, in general, funding resulted in joint publications, primarily in the annals of international conferences and international journals, highlighting the areas of Exact and Earth Sciences, Engineering and Biological Sciences.

Keywords: Capesi, Cofecubi, France, collaboration, scientific production, evaluation. .

Introdução

Fundada em 1951, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes – subsidia o Ministério da Educação na formulação de políticas nacionais para as áreas de educação básica, educação à distância e pós-graduação. A Capes atua em cinco grandes linhas: avaliação da pós-graduação “stricto sensu” (mestrado e doutorado), formação de recursos humanos de alto nível no país e no exterior, cooperação internacional, acesso e divulgação da produção científica e formação de pessoal qualificado para educação básica (presencial e à distância). Sua missão institucional é viabilizada por meio de três seguimentos principais de atuação, representando seus objetivos estratégicos:

investimentos na formação de recursos humanos pós-graduados e na formação de professores e profissionais para a educação básica; fomento às atividades voltadas para o desenvolvimento institucional acadêmico educacional, bem como à melhoria da qualidade da educação brasileira; e processos de avaliação dos cursos de pós-graduação com vistas a manter e expandir a excelência da pesquisa acadêmica, científica e tecnológica do país.

As atividades de intercâmbio e cooperação internacional, como parte da missão da Capesi, constituem-se em importantes instrumentos à ampliação da competência científico-tecnológica do Brasil. O trabalho da cooperação internacional se dá por intermédio da concessão individual de bolsas de estudos no exterior e no país, mediante financiamento de projetos conjuntos de pesquisa, financiamento de parcerias universitárias e programas especiais. Os programas contemplam ainda atividades relacionadas à realização de eventos (seminários, workshops científicos, dentre outros), implantação de cursos de pós-graduação brasileiros no exterior e fomento à vinda de renomados pesquisadores estrangeiros para a oferta de cursos monográficos nas Instituições de Ensino Superior Brasileiras. A intensificação das atividades da cooperação internacional da fundação pode ser demonstrada pela diversidade de modalidades de fomento que coexistem na agência, variando desde ações de caráter assistencial até atividades de cooperação em parcerias cada vez mais simétricas.

Entre os programas de cooperação internacional financiados pela instituição, merece destaque o Programa

Capes/Cofecubi, objeto de estudo do presente artigo. Buscar-se-á realizar uma avaliação dos resultados apresentados pelo programa entre os anos de 2004 e 2009, podendo vir a ser uma ferramenta para auxiliar a agência no processo de tomada de decisão. A realização de estudos dos resultados dos programas da Capesi é bastante relevante, haja vista que a intensificação no fomento às atividades de cooperação internacional não veio acompanhada de uma avaliação dos resultados obtidos. Assim, tem-se como objetivo apresentar um panorama dessa cooperação para auxiliar nas decisões acerca do financiamento no âmbito do Programa Capes/Cofecubi, haja vista a não localização da existência desse tipo de subsídio nesse processo Cofecub é a siga francesa para indicar “ French Committee for the Evaluation of Academic and Scientific Cooperation with Brazil”. A realização do presente trabalho é resultado da falta de avaliação do

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dispunha até 2012 de uma Coordenação para realização da avaliação dos programas. A avaliação da colaboração entre os pesquisadores é de grande relevância para que o programa alcance seu objetivo principal: a aproximação entre os pesquisadores, aqui medido pela produção científica conjunta em relevantes canais de comunicação.

Considerando-se a inexistência dessa análise na Agência, verificou-se nas bases científicas possíveis estudos acerca do programa. Em uma busca no Portal de Periódicos da Capes, foram encontrados 816 citações na busca livre (não foi realizada a exclusão de possíveis duplas contagens). Pela análise desses artigos, verificou-se que, em sua maioria, citavam o programa Capes/cofecub como financiador da pesquisa. Verificamos que apenas o artigo: “Une géographie de la coopération universitaire France-Brésil, analyse des accords Capes-Cofecub” de Hervé Théry faz uma análise do programa, mas apenas no que se refere as áreas de cooperação, estados de origem dos pesquisadores e universidades, mas não faz o estudo dos resultados da colaboração. O outro artigo encontrado acerca da temática: “A evolução da concepção e da linha de ação do programa Capes/cofecub” de Maria Auxiliadora Nicolato também faz apenas uma análise panorâmica do programa, sem verificar os resultados da colaboração . Em última instância, a análise do programa pode auxiliar no direcionamento do quadro brasileiro de fomento à cooperação. Aditivamente, o presente estudo pode ser utilizado como referencial para futuros estudos de outros programas da agência e nortear universidades e institutos de pesquisa no processo de internacionalização.

O Programa Capes/Cofecubi

Criado em 1978, o Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil em parceria com a Capesi tem o objetivo de estimular a formação de doutores e o aperfeiçoamento de docentes em todos os campos disciplinares. No programa, professores/pesquisadores brasileiros e franceses realizam projetos de pesquisa científica de alto nível visando contribuir para a criação de uma rede sólida de intercâmbios acadêmicos.Primeiro programa de cooperação internacional da Capesi, o Cofecubi é, na atualidade, o maior programa de projetos conjuntos de pesquisa internacional financiado pela agência. Desde sua criação, até o ano de 2014, foram financiados 831 projetos nas diferentes áreas do conhecimento.

Com a finalidade de apresentar subsídios para a tomada de decisão no âmbito do Programa Capes/Cofecubi, com vistas ao seu possível aprimoramento, o artigo busca apresentar um panorama geral dos projetos financiados no período de 2004 a 2009, apresentando as áreas do conhecimento financiadas, gênero do coordenador brasileiro, unidades da federação de origem dos projetos e resultados da colaboração pautados na produção científica conjunta. O estudo descritivo da produção bibliográfica nos diferentes canais de comunicação (número de publicações em periódicos nacionais e internacionais, participação, anais de congressos nacionais e internacionais, livros e capítulos de livros) pode ser uma excelente ferramenta para se aprimorar o processo de tomada de decisão da agência. A realização desse tipo de estudo efetuada de forma sistêmica pela Capes seria de grande relevância para auxiliar no êxito da cooperação internacional, principalmente no âmbito do Programa Capes/Cofecubi.

A Cooperação educacional internacional

A cooperação educacional internacional é reflexo da necessidade de articulação entre as universidades, bem como de uma participação mais ativa do governo central por meio das agências de fomento. Essa negociação é um exemplo típico de neofuncionalismo, em que se enfatiza a cooperação em setores específicos, neste caso, a educação e formação profissional para o desenvolvimento da pesquisa e qualificação de recursos humanos. Além disso, a negociação dos projetos está baseada na solidariedade, confiança e reciprocidade. Segundo o professor Alcides Costa Vaz, “sobressaem a valorização da criatividade, a busca de opções construtivas e dinâmicas e a mobilização de idéias e de ações novas, correspondendo ao que se denomina, na teoria dos jogos, um jogo de soma positiva, no qual o desfecho alcançado implica ganhos para todas as partes envolvidas”. (Vaz, 2002, p.52)

O conhecimento é elemento crucial para o desenvolvimento. Segundo Castells: “Quanto mais próxima for a relação entre os locais de inovação, produção e utilização das novas tecnologias, mais rápida será a transformação das sociedades e maior será o retorno positivo das condições sociais sobre as condições gerais para favorecer futuras inovações”. (Castells, 1999, p.55). Assim, a cooperação internacional pode facilitar esse processo.

Para Meadows, vale a pena conquistar novos conhecimentos devido a duas razões: “pelo que isso representa em si mesmo e por causa de suas aplicações”. Para isso, ele defende que no coração da ciência está a comunicação. E que uma “comunicação eficiente e eficaz constitui parte essencial do processo de investigação científica, sendo tão vital quanto à própria pesquisa”. (Meadows, 1999, p. 3 e p. vii).

Na sociedade global, é vital, para o pesquisador, a interação com outros pesquisadores, interna e externamente. A colaboração internacional possibilita o fluxo de informações e conhecimento e propicia o ambiente necessário à expansão do desenvolvimento científico e tecnológico. Nesse sentido, a parceria entre pesquisadores possibilita, muitas vezes, a complementaridade da pesquisa. Katz e Martin (1995) definem pesquisa colaborativa como “o trabalho conjunto de pesquisadores a fim de se atingir um objetivo comum de se produzir novos conhecimentos

científicos”.(p.7). Segundo eles, a pesquisa colaborativa é positiva e deve ser encorajada. Ela é convencionalmente medida por meio de publicações conjuntas. Ademais, a autoria múltipla possibilita maior visibilidade e impacto da produção científica sendo que no caso da colaboração internacional esse impacto é ainda maior (Vilan Filho, 2010, p. 61, sintetizando as ideias de Meneghini, 1996; Leta e Chaimovich, 2002 e Oliveira, 2003)

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de cultura fundamental para as novas invenções. Na nova ordem mundial, a universidade ocupa posição de destaque. E, nesse cenário, a pesquisa colaborativa internacional auxilia o esforço interno de desenvolvimento.

A cooperação internacional abre oportunidades para maior e melhor competitividade entre pares. Sobre essa temática, Jacques Marcovitch assevera que: “articular a cooperação para elevar a competitividade e enfrentar a competição constitui desafio aparentemente ambíguo, porém decisivo. Cabe aos atores sociais conciliar esses movimentos sob a autoridade do Estado”. (Marcovitch, 1994, p.61). Deste modo, convém salientar que o impacto da Cooperação Educacional Internacional fomentado pela Capesi, além de essencial para o aprimoramento de nossas universidades, é parte do esforço da agência para viabilizar a colaboração entre pesquisadores e, ao mesmo tempo, contribuir para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no país.

O Brasil tem feito enorme esforço para promoção do desenvolvimento tecnológico e para sua inserção científica internacional. A Capesi, por sua vez, tem-se empenhado em criar uma agenda positiva. Como agência governamental de fomento à internacionalização da pós-graduação, atua como articuladora, orientadora e avaliadora do processo de cooperação internacional. Os programas de cooperação internacional da agência buscam potencializar a colaboração entre as universidades, visando à difusão do conhecimento cientifico e à colaboração internacional entre pares. Por um lado, a formalização de acordos entre a Capesi e agências estrangeiras similares possibilita a institucionalização dessa política. O engajamento das universidades, como os grandes atores envolvidos nessa política, por outro lado, torna mais participativa a gestão da política. O programa Capes/cofecubi e seu aperfeiçoamento ao longo dos trinta e cinco anos de sua existência confirmam esse propósito.

Método

O presente estudo cientométrico busca mediar a colaboração na produção do conhecimento científico no âmbito do Programa Capes/cofecubi no período entre 2004 e 2009. Segundo Araújo, a cientometria é uma subdisciplina ou subcampo da bibliometria, “técnica quantitativa e estatística de medição dos índices de produção e disseminação do conhecimento científico” (Araújo, 2006, p.12). Para o autor, a cientometria, como subdisciplina da bibliometria, assemelha-se a esta pelos métodos quantitativos, mas se diferencia quanto ao objeto de estudo, as variáveis, os métodos específicos e os objetivos. Enquanto a bibliometria tem como objeto de estudo os livros, a cientometria estuda assuntos, áreas e campos. (Araújo, 2006).

Assim, o levantamento de dados para a realização desta pesquisa teve início com a compilação de informações dos projetos financiados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, no âmbito do Programa Capes/cofecubi por meio das planilhas da agência, produzidas e alimentadas pela Coordenação de Programas da Diretoria de Relações Internacionais. Foram utilizados os seguintes filtros: número do projeto (identificador da agência), ano de início do financiamento, título do projeto, instituição de ensino superior no Brasil, coordenador brasileiro, instituição de ensino superior na França, coordenador francês e área do conhecimento. Compilados os dados, realizou-se a inclusão da unidade da federação, bem como a uniformização da área do conhecimento utilizando-se a tabela de grandes áreas da Capes que contempla 8 áreas: Ciências Exatas e da Terra; Ciências Biológicas; Engenharias; Ciências da Saúde; Ciências Agrárias; Ciências Sociais Aplicadas; Ciências Humanas; Linguística, letras e artes. O resultado desta busca foi uma lista de 219 projetos financiados no período de 2004 a 2009. Muito embora essa opção possa trazer algumas simplificações para o processo de análise, ela viabiliza a investigação, dada a dificuldade na classificação do acadêmico em áreas específicas com base nas informações do currículo Lattes.

Segundo Mueller (2005), “muitas vezes a área de formação básica, o departamento ou instituto onde o

professor/pesquisador está lotado, o título do departamento acadêmico ou laboratório onde cumpriu estágio de pós-doutoramento e os títulos de seus trabalhos e dos periódicos onde publicou tornavam a classificação em área específica bastante difícil”. A adoção da classificação da Capes facilitou muito essa tarefa.

A partir das informações coletadas e padronizadas, utilizou-se a base de dados do Currículo do Pesquisador disponível na Plataforma Lattes mantida pelo CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e

alimentada pelos próprios pesquisadores .

A Plataforma Lattes foi criada pelo CNPq – visando integrar as informações dos grupos de pesquisa e instituições em um sistema único de informações. Na década de 90 do século passado, o CNPq buscou criar um formulário eletrônico para padronização dos dados dos pesquisadores. Em 1999, “o CNPq lançou e padronizou o Currículo Lattes como sendo o formulário de currículo a ser utilizados no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia e CNPq. Segundo o Conselho, os objetivos deste formulário seriam, além de permitir a avaliação curricular do pesquisador, a criação de uma base de dados que possibilitasse a seleção de consultores e especialistas, e a geração de estatísticas sobre a distribuição da pesquisa científica no Brasil. Foi, então criado, um sistema denominado Banco de Currículos que à época, contava com formulário de captação de dados em papel e etapas de enquadramento e digitação de dados em um sistema informatizado. O Currículo Lattes se tornou um padrão nacional no registro da vida pregressa e atual dos estudantes e pesquisadores do país, e é hoje adotado pela maioria das instituições de fomento, universidades e

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Em cada currículo, foram verificadas as seguintes informações relativas à produção bibliográfica conjunta: número de publicações em periódicos nacionais e internacionais, participação em anais de congressos nacionais e internacionais, livros e capítulos de livros. Todas as publicações conjuntas informadas nos currículos dos pesquisadores brasileiros nesse período foram computadas. É importante ressaltar que pode ter havido alguma imprecisão caso o pesquisador não tenha realizado o registro da produção, uma vez que a atualização do currículo é responsabilidade individual. Essa possibilidade é bastante reduzida tendo em vista a necessidade de inclusão das informações para recebimento de financiamentos e bolsas, bem como para fins de avaliação dos cursos de pós-graduação pela Capesi. A busca foi realizada acessando-se o portal geral do CNPq, em seguida, Plataforma Lattes, Currículo Lattes, Buscar Currículo . Na busca textual do currículo Lattes, é possível verificar-se a publicação do autor por meio dos indicadores de produção, contudo, para nosso propósito não foi viável realizar a pesquisa pelos indicadores, uma vez que, nessa ferramenta, todas as produções bibliográficas são listadas conjuntamente e, em nosso artigo, um dos propósitos é se averiguar quais canais de comunicação têm sido utilizados para divulgação da pesquisa.

Todas as publicações conjuntas entre os pesquisadores brasileiros e franceses coordenadores dos projetos derivadas do financiamento realizado pela Capesi no âmbito do programa CAPES/cofecubi foram computadas. Devidos a

inexistência de um banco de dados com informações de todos os pesquisadores envolvidos nos projetos, a pesquisa limitou-se a avaliar a colaboração entre os coordenadores. Para o estudo, delimitou-se o período de 2004 a 2009 como anos de referência do início do financiamento. Assim, foi verificada a colaboração entre coordenadores dos 219 projetos aprovados nesse espaço temporal. Considerando-se que o período de financiamento de cada projeto é de até quatro anos, limitou-se a 2009 o ano final do início do projeto para que houvesse prazo suficiente para que a

colaboração se consolidasse. As publicações conjuntas entre os autores a partir da aprovação do projeto foram consideradas, o que, portanto, ocorre até o ano de 2013, data da coleta dos dados.

No que se refere à produção bibliográfica, optou-se por incluir os canais mais relevantes de comunicação científica: artigos publicados em periódicos estrangeiros, artigos em periódicos nacionais, trabalhos em anais de congressos nacionais e internacionais, em todos os seus formatos, livros e capítulos de livros. Muito embora outros tipos de publicações, tais como traduções, artigos em revistais e jornais, apresentação de trabalho, também possam ser listados como parte da produção bibliográfica no currículo Lattes, optou-se por sua não inclusão no levantamento devido à heterogeneidade dessa produção e de sua menor relevância frente às publicações computadas. Também não foram incluídas no levantamento as produções técnicas, as organizações de eventos e as produções artísticas e culturais. Feita essa delimitação, foram incluídos todos os documentos acima mencionados em que os autores figuram conjuntamente na autoria, mesmo que a colaboração tenha contado com a participação de outros autores. Acerca da unidade da federação, considerou-se o estado da universidade a qual o coordenador está vinculado. Quanto ao gênero, optou-se por averiguar apenas o gênero do pesquisador brasileiro, haja vista a dificuldade em se confirmar com precisão essa informação sobre o pesquisador francês.

Resultados

Coletadas as informações disponíveis nos currículos dos 219 acadêmicos, constatou-se a produção de um total de 1694 documentos em colaboração. Esse quantitativo resultaria, de maneira simplificada, em uma média de 7,75 documentos em coautoria por dupla de coordenadores. A distribuição da produção, no entanto, não se configura de forma uniforme e homogênea. O arranjo se dá de maneira heterogênea em todos os aspectos: no que se refere aos meios de

comunicação científicos utilizados para publicação, ao gênero do coordenador, as unidades da federação que mais cooperam, no quantitativo de documentos produzidos por área e até mesmo nas áreas que mais receberam

financiamento. Muito embora o programa tenha sido inicialmente concebido para impulsionar o desenvolvimento das universidades da região nordeste, ao longo de seus trinta e cinco anos, esse quadro foi alterado. Observou-se a concentração do financiamento em três estados do país no eixo sul-sudeste, a saber, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul respectivamente. Mesmo Pernambuco que representa o quarto maior estado em financiamento, apresenta um número de projetos patrocinados bem inferior aos três maiores estados cooperantes. A produção científica conjunta também oscila bastante. O ano de maior produção, 2007, não corresponde ao período em que houve maior aprovação de projetos – 2005. No primeiro, observou-se um percentual de publicações, 6% maior que o percentual de projetos financiados, comparativamente aos demais anos. Em 2008, a produção também foi proporcionalmente superior ao financiamento. Nos demais anos, o financiamento dos projetos supera o percentual de publicações conjuntas, conforme figura 1.

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Em termos de áreas de financiamento, as diferenças também são amplas. A área mais financiada – Ciências Exatas e da Terra – recebeu sozinha 40% do total do financiamento, enquanto a área de Linguística, Letras e Artes recebeu apenas 2% do total. Outra área em que a cooperação foi bastante inexpressiva foi a saúde que obteve apenas 4% dos

investimentos do programa.

Quadro 1 – Financiamento

Essas diferenças são refletidas também na publicação conjunta, contudo não de maneira direta. Apesar de a maior produção ser observada nas Ciências Exatas e da Terra em que há o maior número de projetos financiados, e a menor produção ser observada na área de Linguística, letras e artes, as áreas de Ciências Sociais Aplicadas e Ciências Humanas que receberam um financiamento de 9% do total, apresentam uma produção inferior a Saúde e Ciências Agrárias, por exemplo. A figura 2 apresentação a proporção entre o percentual de financiamento e o percentual de publicação. As áreas de Ciências Exatas e da Terra e Engenharias apresentam produção científica proporcionalmente maior que financiamento, muito embora essa diferença seja realmente substancial na área de Exatas e da Terra. Isso talvez possa ser resultado das próprias especificidades de cada área no que se refere aos canais preferenciais para comunicação. Mueller (2005) já apontava para essa heterogeneidade mesmo em termos de publicações individuais.

Figura 2 – Comparativo entre de financiamento por área do conhecimento e o percentual de publicações conjuntas

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nessas áreas, o resultado é a maior publicação nesses canais. Já nas áreas de ciências sociais aplicadas, humanas, linguística, letras e artes, os canais de comunicação preferenciais são os livros e capítulos de livros. Face ao exposto,

Mueller (2005) argumenta que “entre áreas distintas, as diferenças de enfoque e conteúdo demandam formas de comunicação igualmente diferentes”. Observa-se que os canais preferencias para publicação individual também se refletem na publicação em autoria múltipla.

Quadro 2 – Canais de Comunicação utilizados pelas diferentes áreas do conhecimento

Um último aspecto considerado no presente artigo refere-se às diferenças de gênero do coordenador quanto ao financiamento. Essas diferenças na concessão de apoio a projetos entre pesquisadores do sexo feminino e masculino são bastante significativas. Mesmo no ano de 2009, em que a participação feminina é mais expressiva, ela corresponde à apenas 30% do total. Na média, esse montante não alcança 20% dos projetos contemplados.

Figura 3 – Distribuição anual do financiamento por gênero

Considerações Finais

O presente estudo buscou apresentar um panorama geral do comportamento do programa Capes/cofecubi no período de 2004 a 2009 com intuito de auxiliar tomadores de decisão na escolha dos projetos a serem financiados e na condução do financiamento de maneira geral. Apresentou, ainda, a maneira como é realizada, no Capes/Cofecubi, a produção conjunta nas diferentes áreas do conhecimento, o que, como constatado, é reflexo do comportamento individual dos pesquisadores. Verificou-se que os canais de comunicação preferências para a colaboração são os mesmos da autoria individual utilizados nas diferentes áreas. A frequência da produção nas diferentes áreas individualmente também é refletida no que se refere aos artigos de autoria múltipla.

Constatou-se que a média da produção em torno a 7,75 pode ser considerada positiva, muito embora, heterogênea e relativamente escassa em algumas áreas. Também reflexo do comportamento científico de cada área. Segundo Mueller

(2005), “pesquisadores de diferentes áreas têm preferências próprias, diferentes, que devem ser respeitadas quando do estabelecimento de critérios de avaliação”. Vale ressaltar, todavia, que a análise e o entendimento desses referenciais são de fundamental importância no momento de tomada de decisão, visto que o primordial, nesse caso, é se alcançar os objetivos do programa, que de forma bastante reduzida é a colaboração dos parceiros e produção científica conjunta. Como já apontado, a pesquisa colaborativa tem entre seus méritos, levar a uma maior visibilidade e impacto da produção científica, no caso da colaboração internacional esse impacto é ainda maior.

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de Janeiro e Rio Grande do Sul respectivamente. Esse resultado vai de encontro ao objetivo inicial do programa que visava impulsionar o desenvolvimento de universidades do nordeste do Brasil. Essa constatação pode ajudar no posicionamento dos decisores no momento de aprovação das propostas. Outra variável valiosa nesse conjunto refere-se ao gênero do coordenador brasileiro. O financiamento para pesquisadoras tem sido significativamente menor que aquele dispensado aos pesquisadores. Não podemos deixar de considerar, contudo, a possibilidade que isso possa decorrer de baixa demanda por parte de coordenadoras. De qualquer forma, em casos de possíveis discriminações positivas, esse resultado pode amparar futuras deliberações.

Assim, a intenção do estudo foi de fornecer um quadro descritivo acerca do comportamento dos pesquisadores envolvidos no programa Capes/Cofecubi, no que se refere à colaboração, ao gênero dos participantes, às unidades da federação brasileira cujas universidades recebem financiamento e aos canais de comunicação em que a produção conjunta é divulgada. Este levantamento pode auxiliar futuras avaliações do programa e orientar sua condução. Ademais, a presente investigação pode servir como parâmetro para que estudos avaliativos de outros programas de cooperação internacional sejam realizados.

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Sobre os autor / About the Author:

Thais Mere Marques Aveiro

Email de referência: taveiro@hotmail.com

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Figura 2 – Comparativo entre de financiamento por área do conhecimento e o percentual de publicações conjuntas
Figura 3 – Distribuição anual do financiamento por gênero

Referências

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