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"Como a Engenharia Mecânica e Industrial podem melhorar o Agronegócio do Brasil"

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"Como a Engenharia Mecânica e Industrial

podem melhorar o Agronegócio do Brasil"

AUDITORIA ENERGÉTICA: UMA IMPORTANTE FERRAMENTA PARA CONSTANTES MELHORIAS EM SISTEMAS DE AR COMPRIMIDO

Alisson Lara de Carvalho(1) (alissonlcarvalho@yahoo.com.br), Júlia Assunção de Castro Oliveira (2) (julia.assuncaooliveira@hotmail.com), Tereza Cristina Bessa Nogueira Assunção (3) (bessa@ufsj.edu.br),

Jorge Nei Brito (4) (brito@ufsj.edu.br)

(1) Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) | Rede Temática em Engenharia de Materiais (2) Universidade Federal de Lavras (UFLA) | Departamento de Agricultura

(3) Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) | Departamento de Engenharia Elétrica (4) Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) | Departamento de Engenharia Mecânica

RESUMO: Auditoria energética é uma ferramenta que permite o planejamento em ações de redução de custos e aumento da competitividade através de redução de desperdícios. Neste trabalho serão apresentados os resultados obtidos través de duas auditorias energéticas efetuadas no sistema de geração de ar comprimido em uma planta de produção de Carbeto de Silício (SiC) situada no estado de Minas Gerais. Os resultados demonstram que a economia obtida com as ações tomadas entre as duas auditorias

permitiu a redução de 25% no consumo específico de energia por m3 de ar comprimido gerado.

PALAVRAS-CHAVE: Auditoria Energética; Melhoria Contínua; Ar Comprimido.

ENERGY AUDITING: AN IMPORTANT TOOL FOR CONSTANT IMPROVEMENTS IN COMPRESSED AIR SYSTEMS

ABSTRACT: Energy auditing is a tool that allows planning in actions to reduce costs and increase competitiveness through waste reduction. In this work we will present the results obtained through two energy audits performed in the compressed air generation system in a Silicon Carbide (SiC) production plant located in the state of Minas Gerais. The results show that the savings obtained from the actions taken between the two audits allowed a 25% reduction in specific energy consumption per m3 of compressed air generated.

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1.INTRODUÇÃO

O sistema de ar comprimido possui várias características importantes que devem ser analisadas com cautela, como, por exemplo, a capacidade do compressor, número de compressores, projeto do sistema, localização, tubulações, capacidade de armazenamento, dentre outras (Rollins, 2004). Além disso, deve ser observada a possibilidade de uma futura ampliação da central de geração de ar comprimido (Atlas Copco, 2015). Quando estas análises ocorrem de forma correta e o sistema está bem dimensionado são evitados diversos problemas que geram custos e perda de eficiência do sistema.

Existem diversos tipos de auditoria em sistemas de ar comprimido que ser realizadas para detectar vazamentos ou considerar o sistema como um todo (Saidur et al. 2010). Estas auditorias podem ser divididas em três categorias: Auditorias Preliminares, realizadas em um prazo curto de tempo que tem como objetivo identificar grandes perdas em equipamentos; Auditorias

Específicas, onde o foco pode ser um projeto, um equipamento ou parte das instalações; Auditorias Abrangentes, que abordam todas as questões de uma planta em funcionamento,

desde consumo e distribuição às formas de utilização dos recursos.

Dentre os potenciais de redução de custos em sistemas de ar comprimido, tem-se duas principais alternativas. A primeira é optar por aparelhos com maior eficiência, onde a energia elétrica é utilizada diretamente para acionar os compressores. A segunda é onde a eficiência de um motor de ar comprimido é de 12,5% e um motor elétrico por chegar até 90%. Para uma maior redução do consumo de energia elétrica em sistemas de ar comprimido, podem ser adotadas as seguintes medidas: avaliação dos aspectos técnicos; as dificuldades de implantação e retorno do investimento, que devem ser discutidos nas auditorias para viabilizar a implantação (Zuercher, 2003).

No Brasil, o consumo de energia elétrica no setor industrial representa 50% do consumo total (Elektro, 2015). Assim, uma alternativa para reduzir o consumo energético de uma indústria seria uma melhor utilização desta energia para operação de máquinas, compressores e outros equipamentos. A escolha de equipamentos eficientes é um fator imprescindível quando o objetivo é a redução de perdas de energia. No Brasil, diversos produtos possuem classificação de acordo com sua eficiência energética e recebem um selo que varia de A a E, onde A corresponde a um aparelho de maior eficiência e E um aparelho de menor eficiência (Inmetro, 2014).

Estudos realizados na União Europeia, a partir do programa SAVE II, apontam que 18% da energia elétrica consumida no setor industrial é destinada a sistemas de AC e 7% para os compressores de refrigeração. Dessa forma, pode-se inferir uma alta relevância na utilização e geração de AC devido a uma operação eficiente destes equipamentos (Almeida et al., 2000).

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O objetivo do presente trabalho é demonstrar a importância de se realizar periodicamente auditorias energéticas em sistemas de ar comprimido para constantes melhorias, economia financeira e desenvolvimento sustentável.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste trabalho serão apresentados os resultados de duas auditorias energéticas no sistema de ar comprimido realizadas nos anos de 2010 e 2012 em uma Planta Industrial produtora de Carbeto de Silício (Sic).

3. RESULTADOS

3.1. PRIMEIRA AUDITORIA ENERGÉTICA (2010)

A primeira auditoria teve como objetivo inicial a redução de 25% do consumo de energia elétrica. O grupo de máquinas da casa principal era composto por 7 compressores modelos GA do

Fabricante I, sendo uma das máquinas reserva, 1 compressor ZR-275 e 1 compressor ZR-5. 3.1.1. MONITORAMENTO DOS PARÂMETROS DOS COMPRESSORES

A partir do monitoramento dos parâmetros: pressão média de operação, vazão média, corrente média de operação dos compressores verificou-se que existia um déficit de ar comprimido. Identificou-se que o pico de demanda ocorria após o horário de 6h42min que coincidia com o início da operação dos grandes consumidores de ar comprimido, como os moinhos a ar comprimido do setor de moagem. Verificou-se também que após as 23h30min ocorria uma redução de demanda devido ao fim do turno de produção dos setores de moagem.

Nos períodos entre 02/02/2010 a 06/02/2010 entre o horário de 07h00min a 23h30min foram identificados vários pontos de déficit de ar comprimido destacado pela cor rosa. Neste primeiro momento foi verificado que não houve déficit na geração de ar comprimido somente no dia 07/02/2010 (domingo) onde o setor de beneficiamento desta empresa não estava em operação.

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Na primeira auditoria, foram estudadas as características dos compressores instalados (ZR-275 e ZR-5), como dados técnicos, dados de funcionamento, além do monitoramento durante operação. As principais características da central de ar comprimido estão apresentadas na Tabela 1.

TABELA 1. Sistema de Compressores Planta SiC- 2010. DADOS DE CONSUMO ESPECÍFICO

Central Potência Instalada (kW) Capacidade Instalada (m3/h) Consumo Específico (kWh/m3) Principal 975 7640 0,1276 ZR 5 373 3568 0,1045 ZR 275 261 2720 0,0959 Total 1609 13328 0,1207 DADOS DE VAZÕES

Central Vazão Média

(Nm3/h) Vazão Máxima (Nm3/h) Principal 6076 6614 ZR 5 2040 3389 ZR 275 1488 2553 Total 9604 12556

DADOS DO CONSUMO ENERGÉTICO

Central (kWh) (kWh/ano)

Principal + ZR 5 1.145,17 7.729.877,25

ZR 5 209,26 1.412.511,75

Total 1.354,43 9.142.389,00

Fonte: Carvalho (2016).

Durante o monitoramento do compressor ZR-275, verificou-se uma corrente média de 270 A, uma vazão média de 34,61 m3/min e uma pressão média de 6,6 Bar. No período entre

23/12/2009 à 29/12/2009 foi realizado o monitoramento da vazão do compressor ZR-275 separado ao da central principal, pois este era conectado em uma linha independentepara atendimento de um setor específico da fábrica como mencionado anteriormente.

O compressor ZR-5 foi instalado para atender a planta de processamento de grãos micro-abrasivo da unidade, sendo também, independente da central principal. Assim, por se tratar de

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um compressor dedicado a produção de grãos micro abrasivos na planta SiC, uma medição foi considerada suficiente na auditoria. No período de 23/12/2009 à 29/12/2009 foi realizado o monitoramento da vazão do ZR-5, separado ao da central principal. Assim como o modelo ZR-275, o ZR5 também é conectado em uma linha independente ao da central principal. No dia 07/01/2010, foi realizado o monitoramento do regime de operação do compressor ZR-5, onde a pressão média de operação foi 6,6 bar, a vazão média foi 49,97 m3/min e a corrente média de

operação foi 90,8 A.

A potência específica nominal de 0,1207 kWh/m3 foi identificada como o parâmetro de

referência de funcionamento da central de AC, sendo esta a potência necessária para a produção de 1 m3, de acordo com os equipamentos instalados na planta SiC. Após a comparação entre o

consumo específico de energia dos compressores instalados foi constatado que a central principal de ar comprimido possuía uma baixa eficiência na geração de ar comprimido, com uma potência específica de 0,1276 kWh/m3, bem acima dos valores identificados para o compressor ZR-5 de

0,1045 kWh/m3 e do ZR-275 de 0,0959 kWh/m3.

Ao se comparar a potência específica da central principal com a do compressor ZR-5, esta consome 22% a mais de energia elétrica para produzir 1 m3 de ar comprimido. Quando comparado

o consumo de energia elétrica para produção de 1 m3 de ar comprimido com o consumo do

compressor ZR-275, a central principal consome 33% a mais de energia elétrica para a produção de 1 m3 de ar comprimido. Por este motivo, foi proposto um estudo para a substituição das

máquinas da central principal por máquinas de maior eficiência energética.

3.1.3. PREMISSAS INICIAIS PARA O NOVO ESTUDO DO SISTEMA DE AR COMPRIMIDO | ESTUDOS TÉCNICOS INICIAIS E DE VIABILIDADE ECONÔMICA

Foram definidas as premissas iniciais para a escolha das novas máquinas e equipamentos mais eficientes, sendo um dos objetivos a redução de 25%de energia por (m3) de ar gerado na

planta SiC, além da implantação de um sistema eficiente de tratamento de ar.

Estudos em conjunto com uma equipe especializada em eficiência energética de uma concessionária de energia elétrica, sediada no estado de Minas Gerais. Após o levantamento dos dados iniciais de potência, horas trabalhadas e fator de utilização, e objetivando uma economia de energia elétrica de 25%, foi calculado o potencial valor financeiro de redução de custos correspondente a R$ 192474,53/ano, no ano de 2010.

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Após o estudo das premissas iniciais do estudo do investimento em compressores bem como a análise técnica da situação operacional dos compressores, foram feitas as cotações para a substituição dos compressores instalados na central principal em 2010 por compressores com maior eficiência energética. Estas cotações foram realizadas com dois grandes grupos fabricantes,

Fabricante I e a Fabricante II, ambos com conhecimento e visibilidade mundial no ramo de

compressores.

Dispostos dos dados das cotações foram adicionados os custos complementares relacionados ao projeto. Estes custos foram estimados conforme os orçamentos levantados por empresas de infraestrutura (mecânica, hidráulica, estrutural, elétrica e civil), tendo como objetivo um melhor preço final para a instalação do novo sistema. Os valores relacionados a outros custos como, por exemplo, despesas relacionadas a transporte, encargos financeiros adicionais, manutenção e instalação fornecidos pela empresa também foram adicionados. Após a análise dos orçamentos dos fabricantes, foram solicitados também os dados adicionais dos compressores de sistema lubrificado e isento de óleo.

Desta forma foram comparadas as soluções apresentadas pelo Fabricante I e Fabricante II, considerando o consumo de energia, regime de utilização de 24 horas/dia e preço de energia projetado para o período entre 2012 a 2016 a partir do estimado em 2010. O consumo específico inicial para comparação foi de 0,1207 kWh/m3 e no escopo de projeto é proposto um consumo

específico mínimo de 0,0987 kWh/m3. Estes valores foram propostos nas premissas do projeto e

discutidos com os fabricantes.

Nesta avaliação foi utilizado um sistema de pontuação de atendimento do escopo apresentado para a comparação das propostas dos fabricantes. Na revisão das propostas a o

Fabricante II se destacou, pois, seu consumo específico foi 17,6% menor do que o Fabricante I.

Foram solicitados os custos para a instalação do sistema, sendo a proposta do Fabricante I a mais viável. Nesta proposta foi solicitada a inclusão de um sistema de partida de motores com a "Chave

Soft Starter", para evitar oscilações e problemas no sistema de alimentação da fábrica. Os custos

das obras civis e instalações foram menores em comparação com o Fabricante II.

Apesar da relevância dos custos da instalação, os custos de energia elétrica têm maior impacto financeiro, sendo o consumo específico de energia por m3 o parâmetro mais relevante

para a energia elétrica. Os valores apresentados pelo Fabricante II de consumo específico de energia foram de 0,09424 kWh/m3, sendo inferior ao apresentado pelo Fabricante I que foi de

0,1147 KWh/m3.

Com base nas informações supracitadas o Fabricante II foi escolhido para a implantação do sistema de ar comprimido.

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3.1.4. RESULTADOS DA AUDITORIA REALIZADA EM 2010

Após a seleção técnica e econômica é necessário captar recursos para viabilizar o investimento. Na Tabela 2 são apresentados os dados para o cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR) (Ardalan, 2000).

Para realização dos cálculos foi utilizado a taxa de juros SELIC de 8% a.a. correspondente ao dia 12/07/2012. Nesta análise a TIR foi de 19,1 % com retorno do investimento previsto para um período de 6,4 anos, considerando a vida útil da instalação de 15 anos e uma taxa de juros anual de 8%, o fator de capitalização de acordo com os juros compostos no período definido. Um dado importante a ser considerado são os gastos com a manutenção e operação, os quais foram reduzidos com a nova instalação (Ministério da Fazenda, 2015).

TABELA 2: Análise Econômica do Investimento para Aquisição de Compressores em 2012. Análise de Investimentos em Compressores em 2012

Vida útil 15 Anos

Taxa de Juros 8%

Fator de Capitalização 0.117

Investimento (custo de capital total) 2428869 R$ Custo anualizado do investimento 283763.7 R$/ano

Custo O&M 145300 R$/ano

Custo Energia 814607 R$/ano

Custo total anualizado 1243670.7 R$/ano

Sistema convencional

Custo anual com eletricidade 1043325 R$/ano

Custo O&M 407500 R$/ano

Outros 10000 R$/ano

Custo total anualizado 1460825.0 R$/ano

Economia anual 217154.3 R$/ano

Tempo de retorno 6.4 Anos

Valor presente líquido 1721044.4 R$ Taxa interna de retorno 19.1% a.a Fonte: Carvalho (2016).

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Como os custos de instalação, operação e manutenção estão relacionadas as economias diretas, um dos fatores que influencia de forma mais impactante é a taxa de juros do investimento captado.

Na Figura 1 tem-se a variação do fluxo de caixa de acordo com a taxa de juros para 6%, 8%, 10%, 12% e 14%. Para uma taxa de juros de 14% a.a. o tempo de retorno de investimento é de aproximadamente 9 anos, demonstrando que uma correta forma de captação de investimento é fundamental para viabilização do projeto.

FIGURA 1: Fluxo de Caixa x Taxas de Juros para investimento

de compressores Planta SiC. Fonte: Carvalho (2016).

No ano de 2012 foi realizada a substituição dos compressores e modificações no layout da instalação com o objetivo principal de reduzir o consumo específico de AC em 25%, além da instalação de sistema de tratamento de ar comprimido que foi prevista inicialmente. Foram adquiridos 5 novos compressores tipo parafuso lubrificado do Fabricante II, onde um deles é denominado Nirvana dotado de um sistema de controle de velocidade através de um inversor de frequência. Os compressores Fabricante I, modelos ZR-275 e ZR-5, que já estavam instalados, foram mantidos como máquinas reservas. Além da instalação dos compressores, foram instalados 03 secadores de ar por refrigeração do Fabricante II, modelo TD 3810.

Foram realizadas análises dos investimentos por tipo, onde foi verificado que os investimentos em equipamentos e tubulações incluídos no conjunto Mecânico representam 70% dos custos totais do projeto. Desta forma, verifica-se que, uma escolha correta de acordo com as

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análises de viabilidade é extremamente representativa, podendo inviabilizar o projeto quando inadequadamente dimensionado.

3.2. SEGUNDA AUDITORIA ENERGÉTICA (2012)

Após a instalação dos novos compressores, uma nova auditoria foi realizada no sistema de ar comprimido com o objetivo de realizar ajustes necessários e verificar o desempenho dos equipamentos em operação.

No relatório fornecido pela consultoria contratada para auditoria energética de 2012, foi verificado que o consumo específico de energia médio da casa de compressores foi de 0,0938 kWh/m3, atingindo o objetivo principal do projeto de redução 25% após as modificações.

Entretanto, foram relatadas algumas pendências no sistema de gerenciamento inteligente dos compressores e no sistema de controle de pressão da central.

Este sistema foi inserido na auditoria de 2010 para compor o plano de eficiência energética, porém foi relatado como uma das pendências no startup da nova central. Tanto o sistema de gerenciamento inteligente quanto o sistema de controle de pressão tinham como objetivo monitorar e modular o funcionamento dos compressores de forma a garantir uma pressão apropriada no vaso de pressão e o funcionamento das máquinas em cascata, ligando e desligando os compressores conforme a demanda de ar comprimido. O compressor Nirvana dotado de inversor de frequência complementa a demanda de ar comprimido para reduzir ao mínimo consumo de energia.

Um dos principais problemas do sistema de gerenciamento não inteligente é o excesso de horas em alívio dos compressores não dotados de inversor de frequência. Um compressor em alívio tem um consumo de aproximadamente 20% da energia total gasta em operação, porém sem gerar ar comprimido. Durante um monitoramento de rotina verificou-se que aproximadamente 20% do tempo de operação dos compressores 01, 02, 03 e 04 foram em alívio, portanto, não houve geração de ar comprimido.

Devido à deficiência do sistema de gerenciamento inteligente foi definido que os compressores deveriam ser interligados a um sistema provisório central, onde através de instrumentação e lógicas de programação seria realizado o gerenciamento dos compressores da unidade. Vale ressaltar que, o representante do fabricante não conseguiu solucionar o problema do sistema de gerenciamento inteligente dos compressores.

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Como mencionado anteriormente, os gastos com manutenção são significativos quando comparados com o custo total de um sistema de ar comprimido.

De acordo com Capelli (2007), 12% dos custos são referentes as instalações de ar comprimido, portanto é necessário considerar este acréscimo nos custos gerais de uma central de ar comprimido.

A manutenção de sistemas de ar comprimido possui um papel importante na economia energética, pois quando os componentes do sistema estão sujos, por exemplo, podem causar perda de carga acima do desejável e um aumento no consumo de energia elétrica.

Na Figura 2 tem-se a evolução dos gastos com a manutenção da Planta SiC, onde o ano de 2009 foi desconsiderado devido a crise econômica mundial e o ano de 2012 foi considerado devido as mudanças de layout na casa de compressores.

FIGURA 2. Gastos com Manutenção dos Compressores da Planta SiC. Fonte: Carvalho (2016).

A partir da Figura 2 verificou-se que a substituição da central antiga pelas máquinas novas, influenciou positivamente a evolução dos gastos, demonstrando a importância dos pontos identificados na primeira auditoria energética que posteriormente foram adequados. Mesmo com peças e sobressalentes de valor mais elevado, é praticamente inexistente o índice de corretivas no novo sistema, o que melhorou a confiabilidade da planta.

Nesta segunda auditoria verificaram-se transtornos e gastos não programados com os secadores de ar, pois, estes não haviam sido incluídos no plano de manutenções preventivas. Também foi identificado erro no dimensionamento dos purgadores tipo bóia, os quais foram

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substituídos por purgadores temporizados. O erro no dimensionamento dos purgadores causou a perda de filtros coalescentes instalados no sistema, aumentando os gastos com manutenção.

Ao verificar os filtros coalescentes, foi identificado que a disposição dos secadores de ar era mais elevada. Esta diferença de nível associada à instalação dos secadores antes do vaso de pressão provocou o acúmulo de condensado na parte inferior da instalação, onde estavam localizados os filtros coalescentes dos compressores do Fabricante II.

Este tipo de instalação demonstra uma desvantagem, pois sobrecarrega os secadores de ar devido a deposição do condensado no fundo do principal vaso de pressão. Uma forma de corrigir esta desvantagem seria a instalação do vaso de pressão antes dos secadores que seriam drenados por purgadores, reduzindo assim, a demanda dos secadores.

Desta forma, para solucionar o problema, foram instalados purgadores do tipo bóia nos filtros coalescentes para realização da drenagem do condensado. Porém, o funcionamento do modelo escolhido foi ineficiente, pois ocorriam problemas constantes de entupimento que causavam acúmulo de água nos filtros coalescentes, e perda dos elementos filtrantes do conjunto. Desta forma houve um aumento dos custos de manutenção e a redução da eficiência do tratamento do ar da instalação.

Devido os problemas de obstrução constantes no purgador instalado na central de ar comprimido em 2012 e a disposição do sistema de secagem acima dos purgadores foi realizada uma análise para eliminar o condensado. Esta análise resultou na Tabela 3, onde foi identificada como alternativa viável e rápida, a instalação de purgadores temporizados no lugar dos purgadores tipo boia instalados inicialmente. Além de aumentar a eficiência, a seleção dos purgadores temporizados foi escolhida devido ao menor custo quando comparado ao custo da aquisição de novos filtros coalescentes.

TABELA 3. Comparação entre as Alternativas para Eliminação de Condensado.

Altenativa Facilidade de

implantação

Custo de implantação (R$)

Eficiência

Alterar o Layout da instalação Baixa Alto Alta

Instalação de Purgadores Temporizados

Alta Baixo Média

Redimensionar Purgadores tipo Boia Médio Baixo Alta

Fonte: Carvalho (2016).

3.2.2. MELHORIAS PARA AUMENTAR A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DA NOVA CASA DE COMPRESSORES

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Na auditoria de 2012 foi verificado um ponto discutível relacionado a eficiência energética da nova casa de compressores. Este ponto seria a captação de ar aquecido pela própria central de compressores.

Após uma análise prévia e devido aos desarmes do sistema de proteção de alguns equipamentos, foi identificado que o ar de exaustão do sistema de arrefecimento dos compressores estava aquecendo a sala de compressores, pois o ar aquecido estava se concentrado no galpão dos compressores.

Para a captação de ar diretamente do ambiente externo, sem a influência do aquecimento de ar da central de AC, foram realizadas aberturas na parte externa da instalação. As aberturas como mostrada na Figura 3 foram feitas na área posterior da central de AC.

FIGURA 3: Aberturas Realizadas na Central de Compressores 2012. Fonte: Autor (2019).

Devido a temperatura de admissão influenciar diretamente na eficiência do sistema, a abertura foi uma medida adotada para o aumento da eficiência energética do sistema, além de eliminar os desarmes devido ao acionamento do dispositivo térmico de proteção.

O processo produtivo também foi influenciado por contratempos relacionados à disponibilidade dos prestadores de serviços da manutenção preventiva dos secadores, resultando em parada corretiva no sistema de tratamento de arda central.

A parada corretiva ocorreu devido a não inclusão dos secadores no plano de manutenção preventivo da central, pois a empresa de manutenção preventiva dos compressores da central não trabalhava com este tipo de secador de ar

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Nas manutenções preventivas, para substituição de filtros coalescentes, foram identificados problemas na isolação dos componentes do sistema de válvulas, as quais apresentaram problemas de não abertura e deformação no eixo da haste. Algumas destas válvulas estavam instaladas no sistema baypass dos filtros coelescentes e foram substituídas por válvulas do tipo gaveta.

Também foram identificados erros na linha principal, como o envio de ar sem tratamento pelos secadores na operação do compressor ZR-5 para um dos setores da unidade.

3.3. ANÁLISE DAS AUDITORIAS 1 E 2

Os estudos realizados na primeira auditoria serviram para identificar problemas a partir de monitoramentos cotidianos, demonstrando a importância destes monitoramentos. Além disso, este estudo detalhado sobre os custos da instalação de aparelhos novos, características dos compressores, manutenção preventiva, encargos e custos adicionais proporcionou a escolha de aparelhos com menor consumo específico que proporcionaram o objetivo inicial de redução de 25% confirmados ao início da segunda auditoria realizada em 2012.

A segunda auditoria aumentou a eficiência da nova da central de compressores quando substituiu os purgadores e válvulas, além da abertura dos galpões para evitar o superaquecimento da central de compressores.

Ao final da segunda auditoria foram apontados problemas devem ser corrigidos nas próximas auditorias mantendo um ciclo vicioso de correções, ajustes e implantação das melhorias com o objetivo de manter a uma alta eficiência do sistema e continuar a redução com gastos com energia elétrica, troca de acessórios devido a falta de planejamento.

4. CONCLUSÃO

As auditorias em sistemas de ar comprimido têm como objetivo reduzir os custos e aumentar a produtividade e a qualidade. Sendo assim, as auditorias realizadas em 2010 e 2012 atingiram o objetivo principal de uma auditoria.

Conforme as análises e a auditoria realizada no ano de 2010, o projeto de substituição dos compressores da planta SiC no ano de 2012, atendeu os requisitos de redução de 25% no consumo específico de energia elétrica, como proposto no projeto original. Portanto, todos os investimentos realizados foram viabilizados pela economia energética obtida.

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2010 além da elaboração de planos ação com cumprimento a cada dois anos. Estas auditorias também permitiriam uma elaboração de planos de investimentos que atendam as demandas em redução de consumo energético.

REFERÊNCIAS

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MINISTÉRIO DA FAZENDA. Taxa de Juros Selic. Disponível em <http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/pagamentos-e-parcelamentos/taxa-de-juros-selic#Taxaselic>Acessado em 27/11/2016.

ROLLINS, J.P. Manual de Ar Comprimido e Gases/ Compressed Air Gas Institute. Ed. Prentice Hall. São Paulo, 2004.

SAIDUR, R; RAHIM, N.A.; HASANUZZAMAN, M. A review on compressed-air energy use and energy savings. Renewable and Sustainable Energy Reviews 14, 2010.

Referências

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