Questão 01
“O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mais falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos-santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal frequência é cansativa.”
(Fragmento de Dom Casmurro, Machado de Assis) Após a leitura do fragmento do romance “Dom Casmurro”, podemos afirmar que Machado de Assis filiou-se ao estilo de época do:
a) Parnasianismo b) Modernismo c) Realismo d) Simbolismo
Questão 02
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes
Questão 11
O índio, em alguns romances de José de Alencar, como Iracema e Ubirajara, é:
a) retratado com objetividade, numa perspectiva rigorosa e científica. b) idealizado sobre o pano de fundo da
natureza, da qual é o herói épico. c) pretexto episódico para descrição da
natureza.
d) visto com o desprezo do branco
preconceituoso, que o considera inferior. Os trechos I, II e III referem-se às questões 12 a 14.
I - "Passaram-se semanas, Jerônimo agora, todas as manhãs tomava uma xícara de café bem grosso, à moda da Ritinha e tragava dois dedos de parati "pra cortar a friagem".
Uma transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia a dia, hora a hora, reviscerando-lhe o corpo e alando-lhe os sentidos, num trabalho misterioso e surdo de crisálida. A sua energia afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo e amoroso. A vida americana e a natureza do Brasil patenteavam-lhe agora aspectos imprevistos e sedutores que o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos de ambição, para idealizar felicidades novas, picantes e violentas;
tornava-se liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que de guardar, adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e volvia-se preguiçoso, resignando-se, vencido, às
da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
[...]
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes.
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).
A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obraA hora da estrela
, de 1977, ano
da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador
a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem.
c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.
d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas.
Questão 03
Sobre as principais características do Concretismo, é incorreto afirmar:
a) Principal corrente de vanguarda da Literatura
imposições do sol e do calor, muralha de fogo com que o espírito eternamente revoltado do último tambor entrincheirou a pátria contra os conquistadores aventureiros."
II -"O que estou é velho. Cinqüenta anos pelo São Pedro. Cinqüenta anos perdidos, cinqüenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a
sensibilidade embotada.
Cinqüenta anos! Quantas horas inúteis!
Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber para quê! Comer e dormir como um porco! Como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo? Sol, chuva, noites de insônia, cálculos,
combinações, violências, perigos e nem sequer me resta a ilusão de ter realizado obra
proveitosa."
III- "Seguia-se a Paula, uma cabocla velha, meio idiota, a quem respeitavam todos pelas virtudes de que só ela dispunha para benzer erisipelas e cortar febres por meio de rezas e feitiçarias. Era extremamente feia, grossa, triste com olhos desvairados, dentes cortados à navalha, formando ponta, como dentes de cão, cabelos lisos, escorridos e ainda retintos apesar da idade. Chamavam-lhe "Bruxa".
Questão 12
Pelo tratamento dado às personagens pode-se dizer que:
a) texto I é romântico, o II é moderno e o III é naturalista.
b) Os textos I e III são naturalistas e o II é moderno.
c) Os textos I e II são modernos e o III é naturalista.
Brasileira, o Concretismo foi fortemente influenciado pelas vanguardas europeias do começo do século XX. b) O Concretismo foi responsável por marcar um avanço na arte multimídia, pois a poesia passou a ter relação imediata com outras artes.
c) O Concretismo foi marcado pelas experiências estéticas no campo da linguagem, apresentando poucas inovações em relação à forma.
d) Uma das principais características do Concretismo foi a ruptura com a estrutura discursiva do verso tradicional.
Questão 04
Soneto de fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. (Vinicius de Moraes)
d) Os textos I e II são modernos e o III é romântico.
Questão 13
Percebe-se a personagem em conflito com os valores do seu mundo:
a) somente no trecho I. b) nos trechos I e II. c) somente no trecho II. d) nos trechos I e III.
Questão 14
O texto II pertence a: a) Graciliano Ramos. b) José Lins do Rego. c) José de Alencar. d) Aluísio Azevedo.
Questão 15
Assinale a alternativa que completa adequadamente a asserção:
O Romantismo, graças à ideologia dominante e a um complexo conteúdo artístico, social e político, caracteriza-se como uma época propícia ao aparecimento de naturezas humanas marcadas por
a) teocentrismo, hipersensibilidade, alegria, otimismo e crença.
b) etnocentrismo, insensibilidade, descontração, otimismo e crença na sociedade.
c) egocentrismo, hipersensibilidade, melancolia, pessimismo, angústia e desespero.
d) teocentrismo, insensibilidade,
descontração, angústia e desesperança.
Questão 16
"Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá."
Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, delineia-se a ideia de que o poeta
a) não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas.
b) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível apaixonar-se por outra e trocar de amor. c) entende que somente a morte é capaz de findar com o amor de duas pessoas.
d) concebe o amor como um sentimento intenso a ser compartilhado, tanto na alegria quanto na tristeza.
Questão 05
Ossian o bardo é triste como a sombra Que seus cantos povoa. O Lamartine É monótono e belo como a noite,
Como a lua no mar e o som das ondas... Mas pranteia uma eterna monodia, Tem na lira do gênio uma só corda; Fibra de amor e Deus que um sopro agita: Se desmaia de amor a Deus se volta, Se pranteia por Deus de amor suspira. Basta de Shakespeare. Vem tu agora, Fantástico alemão, poeta ardente Que ilumina o clarão das gotas pálidas Do nobre Johannisberg! Nos teus romances Meu coração deleita-se... Contudo,
Parece-me que vou perdendo o gosto. (…)
(Álvares de Azevedo, Lira dos vinte anos
)
Considerando-se esse excerto no contexto do poema a que pertence (Ideias íntimas
), é correto afirmar que,
nele,
a) o eu lírico manifesta tanto seu apreço quanto sua
Portugal, o poeta vive um momento marcado por a) solidão, devaneio e idealização
nacionalista.
b) melancolia, tédio e ironia;
c) amor a Portugal, devaneio e idealização nacionalista;
d) saudades, ânimo satírico e pessimismo.
Questão 17
Numere a coluna da esquerda, de acordo com a coluna da direita, tendo em vista a poesia romântica brasileira: 1. primeira geração 2. segunda geração 3. terceira geração ( ) abolicionismo ( ) condoreirismo ( ) autocomiseração exacerbada ( ) obsessão pela morte
( ) indianismo ( ) nacionalismo
Agora, escolha a alternativa que apresenta a seqüência correta dos numerais:
a) 3 - 3 - 2 - 2 - 1 - 1; b) 1 - 3 - 2 - 1 - 2 - 3; c) 3 - 2 - 2 - 1- 2 - 2; d) 2 - 1 - 2 - 2 - 1 - 1.
Questão 18
Embora contemporâneos e focalizando, muitas vezes, o mesmo ambiente social, os romances desses dois escritores revelam a distância em que se encontram: um pela capacidade de
desmascarar e denunciar certos aspectos profundos recalcados, da realidade social e individual, pode ser considerado um modesto precursor de Machado de Assis; o outro deve sua popularidade ao fato de trazer para o romance justamente o cenário e personagens familiares ao meio fluminense da segunda metade do século
insatisfação em relação aos escritores que evoca. b) a dispersão do eu lírico, própria da ironia romântica, exprime-se na métrica irregular dos versos.
c) o eu lírico rejeita a literatura e os demais poetas porque se identifica inteiramente com a natureza. d) a recusa dos autores estrangeiros manifesta o projeto nacionalista típico da segunda geração romântica brasileira.
Questão 06
Sobre o pós-modernismo, é correto afirmar, exceto: a) Pós-modernismo é o nome dado às mudanças ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades desde 1950.
b) O pós-modernismo é um termo de periodização artística e literária que se refere ao que vem depois do modernismo, abrangendo suas três fases: primeiro modernismo dos anos 20, modernismo dos anos 30-45, modernismo canônico de meados dos anos 40 e 60. c) As narrativas pós-modernas apoiam-se no cotidiano, daí o seu caráter espontâneo, e dão prioridade às temáticas que levam ao inconsciente coletivo.
d) Os temas da prosa pós-modernista são extraídos do cotidiano e tratados com irreverência. Essa abordagem tinha como objetivo destruir e contestar os valores artísticos do passado, bem como os valores ideológicos, sociais e históricos que forjaram o patriotismo brasileiro.
Questão 07
Ideologia Meu partido É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito Eu nem acredito
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
XIX.
Trata-se, respectivamente, de
a) José de Alencar e Joaquim Manuel Antônio de Almeida;
b) Joaquim Manuel de Macedo e Manuel Antônio de Almeida;
c) Manuel Antônio de Almeida e Bernardo Guimarães;
d) Bernardo Guimarães e Visconde de Taunay.
Texto para as questões 19 e 20:
"Sua ambição literária era, contudo, imensa e pode ser aferida, não só por sua produção romanesca, como pelo projeto gigantesco que delineara de maneira bem significativa, na sua indiscutidíssima introdução ao romance Sonhos d'Ouro
. Está fora de dúvida que (o romancista)
considerava sua obra como fator primacial da criação realmente orgânica de nossa literatura". (Eugênio Gomes).
Questão 19
O romancista a que se refere o crítico é: a) João Guimarães Rosa;
b) Joaquim M. de Macedo; c) Bernardo Guimarães; d) José de Alencar;
e) Manuel Antônio de Almeida.
Questão 20
Assinale a opção em que vêm citadas obras do romancista, objeto da questão antecedente.
a) Cortiço e Casa de Pensão; b) Fogo Morto e Banguê; c) Senhora e O Guarani;
d) Grande Sertão: Veredas e Saragana;
Questão 08
Sobre a prosa na segunda geração do modernismo, é correto afirmar, exceto:
(Mudar o mundo)
Frequenta agora as festas do "Grand Monde"
Meus heróis morreram de overdose Meus inimigos estão no poder
Ideologia Eu quero uma pra viver
Ideologia Eu quero uma pra viver
O meu prazer Agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock 'n' roll Eu vou pagar a conta do analista
Pra nunca mais ter que saber quem eu sou Pois aquele garoto que ia mudar o mundo
(Mudar o mundo)
Agora assiste a tudo em cima do muro
Meus heróis morreram de overdose Meus inimigos estão no poder
Ideologia Eu quero uma pra viver
Ideologia Eu quero uma pra viver.
(Cazuza e Roberto Frejat - 1988) E as ilusões estão todas perdidas
(v. 3)
Esse verso pode ser lido como uma alusão a um livro intitulado Ilusões perdidas
, de Honoré de Balzac.
Tal procedimento constitui o que se chama de: a) metáfora
1930 e 1940, período em que o país e o mundo viveram profundas crises, colocou-se a serviço da análise crítica de nossa realidade e teve na obra de Graciliano Ramos a principal expressão desse momento.
b) Ainda que distantes do experimentalismo estético proposto pelos modernistas de 1922, os romancistas de 1930 consideravam irreversíveis muitas de suas conquistas, tais como o interesse por temas nacionais, a busca de uma linguagem mais brasileira e o interesse pela vida cotidiana.
c) O romance de 1930 trilhou diferentes caminhos, sendo o regionalismo, especialmente o nordestino, o mais importante entre todos. Entre seus principais nomes, estão Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz. d) A prosa na segunda geração do modernismo foi marcada pela preocupação com a descoberta e com a exploração de novas técnicas narrativas, além da sondagem do universo social e psicológico do ser humano. Entre suas principais obras, está Macunaíma
, de Mário de Andrade.
Questão 09
Texto I:Perante a Morte empalidece e treme, Treme perante a Morte, empalidece. Coroa-te de lágrimas, esquece O Mal cruel que nos abismos geme. (Cruz e Souza, Perante a morte
.)
Texto II:
Tu choraste em presença da morte? Na presença de estranhos choraste? Não descende o cobarde do forte; Pois choraste, meu filho não és! (Gonçalves Dias, I Juca Pirama
.)
Texto III:
Corrente, que do peito destilada, Sois por dous belos olhos despedida;
b) pertinência c) pressuposição d) intertextualidade
Questão 10
“A novidade veio dar à praia na qualidade rara de sereia
metade um busto de uma deusa maia metade um grande rabo de baleia a novidade era o máximo
do paradoxo estendido na areia alguns a desejar seus beijos de deusa outros a desejar seu rabo pra ceia oh, mundo tão desigual
tudo tão desigual
de um lado este carnaval do outro a fome total
e a novidade que seria um sonho milagre risonho da sereia
virava um pesadelo tão medonho ali naquela praia, ali na areia a novidade era a guerra
entre o feliz poeta e o esfomeado estraçalhando uma sereia bonita despedaçando o sonho pra cada lado”
(Gilberto Gil – A Novidade) Assinale a alternativa que ilustra a figura de linguagem destacada no texto:
a) “A novidade veio dar à praia/na qualidade rara de sereia”
b) “A novidade que seria um sonho/o milagre risonho da sereia/virava um pesadelo tão medonho”
c) “A novidade era a guerra/entre o feliz poeta e o
E por carmim correndo dividida, Deixais o ser, levais a cor mudada
.
(Gregório de Matos, Aos mesmos sentimentos.
)
Texto IV:
Chora, irmão pequeno, chora, Porque chegou o momento da dor. A própria dor é uma felicidade...
(Mário de Andrade, Rito do irmão pequeno
.)
Texto V:
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!... Silêncio! ...Musa! Chora, chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto... (Castro Alves, O navio negreiro.)
Dois dos cinco textos transcritos expressam sentimentos de incontida revolta diante de situações inaceitáveis. Esse transbordamento sentimental faz-se por meio de frases e recursos linguísticos que dão ênfase à função emotiva e à função conativa da linguagem. Esses dois textos são:
a) I e IV. b) II e III. c) II e V. d) III e V.
esfomeado”
d) “Metade o busto de uma deusa maia/metade um grande rabo de baleia”