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(b.b) Ele morreu, naturalmente. (c.a) Pedro encontrou Maria; Clliudio, Roberto.

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Academic year: 2021

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ABSTRACT: In written language, linguistics signs and punctuation signs operate conjointly in order to construct meaning. From a distinction between syntagmatic and polyphonic punctuation, arises a systematic representation: punctuation functions in relation to what is enunciated either in a co-orientating or in a des-orientating way.

Apesar de a pontua~iio ser um objeto lingilfstico constitutivo da escrita, sua substdncia, todavia, e heterog8nea em rela~lio

a

ordem escritural, ja que se compoe de um conjunto de signos ideograficos que entram em intera~iio com os lingilfsticos. 0 sentido se constr6i em e pela intera~lio dessas duas ordens cujos modos de interfer8ncia importa analisar. Para isso, estabeleceremos, de imediato, 0que me parece ser uma de

suas constantes: ela opera ou de maneira co-orientadora, ou de maneira des-orientadora em rela~lio ao enunciado. Mas, nos dois casos, admitiremos que 0sentido e produzido pela resultante dessa heterog~neidade. Por outro lado, a pontua~lio e tanto um fato de discurso quanto de lfngua. Ora, essa dimenslio discursiva tem implica~oes, cuja importancia ainda nlio foi demonstrada. Em primeiro lugar, hli uma parte da pontua~iio que escapa

a

prescri~iio e, por conseguinte, varia de acordo com 0 enunciador. Em

segundo lugar, no tocante

a

delimita~iio da frase que remete a uma no~lio abstrata: na verdade, em lfngua, nenhum criterio operat6rio permite determinar em que momento ela deve ou deveria cessar.

E

preciso, portanto, resolver a questiio da frase de forma empfrica: diremos, entiio, que a no~iio de frase corresponde concretamente a um perfodo definido como um encadeamento de unidades discursivas (Berrendonner, 1993:22). Por conseguinte, depende da instfulcia enunciativa a atualiza~iio do duplo ponto de vista do local e da frequ8ncia de um dos sinais indicadores do final de uma frase ([.] [?] [I] [...

J).

o

que importa manter nessas duas observ~oes e 0 fato de a parte enunciativa da pontua~iio pertencer essencialmente

a

frequ8ncia, alta ou baixa, dos signos de pontua~iio intra e interfrasicos, 0que nos conduz a nossa terceira observa~lio, isto e, a pontu~lio niio pode estar dissociada de sua dimenslio textual.

(2)

A pontua~iio se designa como urn dos meios de acesso ao sentido: ela e urn vetor do legfvel e daquilo que e escrito. Considerando 0fato que todo enunciado se constr6i na intera~iio das duas ordens alfabetica e ideografica, analisaremos agora suas formas de interfer~ncia. Para isso, distinguiremos a fun~iio sintagmatica e a fun~iio polifOnica dos sinais de pontua~iio (Anis:1983). Na problematica pontua~iiol sentido, nossa hip6tese e que a pontua~iio com fun~iio sintagmatica trabalha de forma co-orientadora em rela~iio

a

ordem alfabetica, enquanto que a pontua~iio polif6nica age de forma des-orientadora.

1.1. A pontua~iio sintagmatica ([alinea] [.] [;] [:] [,J) tern uma fun~iio sintatica: ela segmenta 0

continuum

da escrita, delimita os sintagmas reagrupando-os ou separando-os

e, por fim, os hierarquiza, indicando a natureza de sua rela~iio. Os

corpus

seguintes que apresentam uma sequ~ncia identica de palavras identicas, bastarilo para demonstrar as opera~oes sintaticas produzidas exclusivamente pela pontua~ilo:

(a.a) Os alunos que se atrasaram seriio punidos. (a.b) Os alunos, que se atrasaram, seriio punidos. (b.a) Ele morreu natural mente.

(b.b) Ele morreu, naturalmente.

(c.a) Pedro encontrou Maria, Claudio, Roberto. (c.a) Pedro encontrou Maria; Clliudio, Roberto.

Nilo e necessario nos determos aqui nas diferen~as de sentido, diremos apenas que elas siio produzidas de fato, pela presen~a ou ausencia da pontua~ilo. Eu gostaria, entretanto, de apropriar-me da distin~iio entre proposi~oes determinativa e apositiva (a.a) e (a.b), bastante mencionada nas gramaticas, para criticar 0 comentlirio que as acompanha, pois parece-me epistemol6gica e funcionalmente falso. Na verdade, as formula~oes mais freqiientes tais como:

A v(rgula [...] emprega-se/ Para separar as

orafoes

adjetivas explicativas (Torres, s/d:255). Emprego da v(rgulal Casos

obrigatorios/ Na separapl0 das orafoes adjetivas (Silveira Bueno.1958:

459),

Entre

orafoes, emprega-se a v(rgulal Para isolar as orafoes subordinadas adjetivas

explicativas (Cunha, 1980:

424) baseiam-se todas em uma premissa consensual ainda que implfcita, de acordo com a qual a pontua~iio representaria urn papel acess6rio de indica~iio, ate mesmo de simples confirma~ilo da constru~ilo sintatica. Ora, se admitirmos possuir a pontua~iio sintagmatica uma fun~iio eminentemente sintatica e que a sintaxe e doadora de sentido do mesmo modo que (embora em menor propor~ilo) os signos lingilfsticos, diremos a respeito da rela~iio pontua~iio-sentido via sintaxe que:

1) no caso de enunciados com ordem e conteudo lexical id8nticos (cf. os exemplos citados acima), a pontua~iio nilo indica a constru~ilo sintatica, mas vai gera-Ia, produzi-Ia, na medida em que ela intervem como unico operador sintatico;

2) na produ~iio de qualquer outro enunciado, a pontua~ilo age simultAnea e solidariamente com outros operadores sintaticos.

Encontra-se de fato invalidada a premissa - que subjaz aos comentarios dos gramaticos - segundo a qual a constru~iio sintatica seria dada anterior

a,

ou independentemente da pontua~iio. Trata-se aqui de uma inversiio completa da perspectiva que restitui a parte efetiva da pontua~iio na constru~iio do sentido e permite compreender melhor seu papel. Ora, precisamente a pontua~iio sintagmatica, visto ser

(3)

467

ela urn operador sintatico, opera em conjunto, em solidariedade e de forma co-orientante em rela~lio aos outros operadores sintaticos, tendo em vista a constru~lio do sentido do enunciado. Pode-se dizer 0mesmp sobre a pontua~lio polifOnica?

1.2. A pontua~lio polif6nica

A pontua~ao polif6nica compreende 0 conjunto dos sinais que indicam uma interrup~lio enunciativa, quer seja atraves de marcas do discurso citado: f' "I, litalicol , Itravessliol , de marcadores expressivos: Imaiuscula1, Isublinhadal, litalico/, Itra~o/; de hierarquizadores discursivos: 1:/, 1- -I, I( )1; ou de marcadores de interrup~lio enunciativa: /?I, III, 1.../ (Chiss, Ibid.).

Na pontua~lio polif6nica, conservarei apenas I?I e III na sua forma de interferencia em rel~lio ao enunciado afetado por eles. Os sinais estabelecendo a heterogeneidade mostrada foram ja amplamente estudados. Restam as 1.../, que ja foram assunto de urn artigo meu (Dahlet,1996).

1.2.1. Marcadores de interrup~lio enunciativa

Nas gramaticas, diz-se que 0I?I serve para fazer uma pergunta e que 0

11/

e dotado de todo tipo de nuances em fun~lio do estado de espfrito do enunciador . Em lingiifstica, diz-se que a pontua~lio do paradigma final atribui ao enunciado a modalidade enunciativa . Essa fun~lio e em si mesma interessante, pois ela introduz completamente 0enunciador em sua rela~lio com 0enunciado e com 0enunciatario, em outras palavras, as dimensoes subjetivas e pragmaticas estlio integradas obrigatoriamente no processo constitutivo do sentido.

Convem agora distinguir, entre os enunciados interrogativos e exclamativos, os que comportam elementos sintaticos ou lexicais os quais constroem de antemlio a modalidade, como por exemplo, a posposi~lio do sujeito em frances Fera-t-il beau demain? ou a forma est-ce que: Est-ce qu'il fera beau demain? para a interroga~lio e algumas constru~oes sintliticas pr6prias

a

exclama~lio como: Que chuval Nsl ? Que chuva./? Eu citarei apenlUl sobre esse tipo de enunciados, que eles manifestam claramente (se ainda for preciso) a contribui~lio coincidente e mutua da sintaxe e da pontu~lio na constru~lio do senti do. Analisarei agora os enunciados sintaticamente desprovidos de marcas doadoras de modalidade, quer dizer, aqueles que slio suscetfveis de aceitar qualquer uma das modalidades enunciativas.

Os I?I e os III slio interessantes, pois produzem urn desdobramento do enunciador que, por urn movimento de retorno ao seu discurso, 0reorienta, 0modifica

e0perturba.

Com 0I?I , destacamos urn enunciado, em seguida 0desdobramos atraves da alternativa que resulta do I?I. Em Ele estd an, 0sentido esta completo do ponto de vista sintlitico, mas nlio estli numa perspectiva de comunica~lio, pois pede uma resposta que, junto com a pergunta, formarao a completude (/vsl a asser~lio: Ele estd a{). Pode-se ja dizer que em todos os casos de estrutura sintatica identica, quer dizer, nlio marcada pela sintaxe interrogativa, esse sinal de pontua~lio (ordem ideografica) tern por efeito imediato amputar a completude do sentido (ordem alfabetica), e isso na medida em que lhe basta construir a estrutura bipolar configurando 0lugar de emergencia do outro.

Entretanto, existem varios enunciados interrogativos que slio como passarelas para outros sentidos, que dizem outra coisa daquilo que eles dizem, isto e,0I?I obriga a

nao tomar 0 exposto ao pe da letra, mas procurar 0 sentido induzido. Pensa-se evidentemente, na interro-negativa, cuja forma nlio serve para fazer uma pergunta. Assim, em Camarada, niio

e

tempo de pegar as armas?, eu afirmo algo:

e

tempo de

(4)

468 pegar as armas, a respeito do qual eu busco a adeslio de meus interlocutores. Em voce nao quer tornar um cafe, eu me interesso menos pela sua eventual vontade do que pela minha em ve-Io ficar ainda algum tempo. No entanto, independentemente da interro-negativa bem conhecida, que alias comporta uma estrutura sintatica interrogativa, existem muitos enunciados que em visto do I?I desviam 0 sentido dado pela cadeia alfabetica.Assim:

(a) - 0 embrulho e sagrado, ta ouvindo?

Ns/?

-

0 embrulho e sagrado, ta ouvindo.

(b) - Ja vai embora, Seu Pedro?

Ns/? -

Ja vai embora, Seu Pedro. Essa interroga~lio que substitui outras formas, responde

a

outras inten~oes alem daquela de fazer uma pergunta. Na verdade, em (a) , Td ouvindo?, nlio se trata de uma interroga~lio sobre 0fato de perceber pela audi~lio ou sobre 0fato de compreender o que acaba de ser dito, mas uma forma de exorta~lio feita ao outro para confirmar e aderir ao dizer do enunciador. Em (b), 0 fato interrogativo desvia mais uma vez a literalidade do enunciado, pois seria incoerente pedir uma informa~lio sobre 0 fato constatado: sob a aparencia de urn enunciado interrogativo, 0 enunciador declara seu

sentimento suscitado pela partida de seu interlocutor: eu nao gostaria que vocl partisse jd I Fique mais se isso for poss(vel.

o

I!I

funciona de forma diferente em rela~lio com 0enunciado afetado por ele. "Expresslio do mais alto grau" (Culioli), 0 III e, de alguma forma, 0 substituto ideografico da expresslio do superlativo absoluto, ou melhor: produz-se urn transbordamento do sentido que poderia ser dado pelos signos lingUfsticos sobre 0III,

signo ideografico. Ele modifica, entlio, sensivelmente 0 sentido, completo, veiculado pela cadeia alfabetica. Mas trata-se de uma simples transferencia? Comparando os dois enunciados seguintes que pod'edamos a priori considerar semanticamente semelhantes: Pegue a porta! lEu the ordeno pegar a porta., percebe-se imediatamente que 0efeito de sentido nlio e0 mesmo. Na verdade, 0III e ao mesmo tempo urn modificador e urn

translador de sentido: a opera~lio que efetua ap6ia-se sempre sobre a rela~ao do enunciador aquilo que ele diz, de forma que 0 enunciado exclamativo remete pelo menos tanto ao enunciador quanta a urn referente. Assim, (a) Fazfrio!, (b) loao e um belo homem! , eu nlio constato que faz frio, eu falo de mim, da minha rela~lio com 0

frio; da mesma forma que evoco menos a beleza de Jolio do que a minha sensibilidade

a

sua beleza. Em resumo, faIo de mim, eu me falo. Dat, 0efeito de sentido diferente em

Pegue a porta! I Eu the ordeno pegar a porta., pois na injun~ao do primeiro enunciado manifesta-se todo 0investimento emocional do eu do qual e completamente desprovido

o segund enunciado.

E

notavel com 0enunciado interrogativo ou exclamativo 0fato de ele remeter de forma espetacular ao enunciador. Quer a polifonia instaurada pela pontua~lio opere no dois - I?I - ou no urn - III - do sujeito (mas esta claro que a polifonia em urn repercute no interlocutor), ela produz urn efeito des-orientador em rela~lio ao sentido referenciado. Essa reflexibilidade da enuncia~lio sobre si mesma constr6i urn discurso in absentia em urn discurso in praesentia, certo discurso do sujeito no discurso enunciado pelo sujeito.

No entanto, tudo levari a a crer que urn fen6meno comparavel (mas nao identico) se produz no nfvel da pontua~ao textual.

(5)

Definiremos a pontua~ao textual, levando em conta a intera~ao de sua dupla dimensiio, intra e interfnisica. Ela engloba, por conseguinte, as pontua~oes sintagmatica e polif6nica, cuja a opera~iio co-orientadora e des-orientadora tratamos respectivamente. Assim, no que diz respeito

a

pontua~iio textual, estabeleceremos que ela trata, globalmente, de forma des-orientadora em rela~ao

a

cadeia alfab6tica. Des-orientadora na medida em que exerce uma tensao, uma dinamica, que, pelo fato de ela atravessar e deportar 0sentido referenciado, 0impede de significar de forma ao mesmo tempo plena e aut6noma.

Entretanto, antes de analisar concretamente 0modo de interferencia das ordens

alfab6tica e de pontua~iio, na escala textual, e util esclarecer dois pontos:

(a) 0corpus que analisarei

c

construido de urn texto literario, pela simples

razao de que nos fazemos uma representa~iio da pontua~iio, por sua vez determinada pelos parametros que condicionam toda escrita: remetente, destinatario, finalidade, lugar social.

E,

pois, em fun~iio desses parametros, que se fara uma represent~iio quanto

a

situa~iio e

a

frequencia - considerada alta ou baixa em rela~iio a uma media empiricamente perceptfvel - dos sinais de pontua~ao: representa~iio negativa em urn escrito comum, positiva em urn escrito literario. Em outras palavras, 0escrito comum nao deve ser nem estrategica, nem social mente distinguido por meio de uma escritura intransitiva (Barthes). Coloca-se, entiio, a questao do estilo, sobre a qual eu niio poderei me estender aqui, dizendo apenas que 0ato de pontuar, quando e refletido, ativo e niio reativo, contribui certamente para a cria~ao e uma estetica literaria

(b) essa segunda observa~iio resulta da primeira: excluo da pontua~iio textual a parte que tern por fun~iio facilitar a gestiio de leitura (sobretudo a constitui~lio de paragrafos e de partes).

Admitiremos que 1) ~erta atividade de pontua~lio cria urn efeito de sentido que se impoe para significar dialetica e combinatoriamente com 0 sentido referenciado: a

partir daf, niio hli sentido sem efeito de sentido; 2) essa atividade de pontua~lio e notoriamente polif6nica (no sentido de Chiss), pelo fato de a instancia enunciativa se revelar, gra~as a ele, de modo ostentat6rio. Sabe-se, pelo menos a partir de Benveniste, que 0sujeito da enuncia~iio se manifesta por meio de algumas marcas: deiticos, shifters, predicados modais, mas talvez nao tenhamos suficientemente percebido que ele se manifesta da mesma forma gra~as a marcas lingtifsticas nlio alfab6ticas, nesse caso pel a pontua~lio, sinais ideograficos.

Assim, por exemplo, Um copo de colera, de Raduan Nassar, narrativa composta de sete capftulos com grande leque de sinais de pontua~ao, exceto 0ponto, que aparece apenas uma vez, no final de cada urn dos capftulos, os quais formam uma unica e grande frase (se e que essa no~iio mantem aqui sua pertinencia) e se apresentam sem interrup~iio. Ora, como 0 ato de escrever prefigura 0 ato de ler, essa forma de

pontua~iio age diretamente sobre 0 processo de leitura, interpel a 0 leitor na

conformidade de sua atividade, 0 estimula a compor com essa for~a de deriva~iio (a

menos que ele feche 0 livro), em resumo, 0 obriga a nao amputar na sua

leitura-interpreta~iio uma parte notavel da configura~iio enunciativa, fixando-se exclusivamente no sentido referenciado.

Ostentat6rio, 0ato de sub-pontua~iio do paradigma final leva a urn efeito de sentido imediato, incontornavel. Este e produzido pela correla~iio do unico ponto final,

(6)

470 ou seja, pela longa sucessiio de vfrgulas que separam as unidades discursivas, mas sem hierarquiza-las. Elas pertencem a urn mesmo plano: 0 da planifica~iio, da pura sucessividade, enquanto que a aus8ncia de pontua~iio mais forte da a impressiio - pois e evidente que 0 efeito de sentido conta sobre e com a subjetividade do leitor e, em

particular, com a sua representa~iio da pontua~iio - de uma maquina desenfreada que nada detera. 0 efeito de sentido visa aqui reduplicar por meio do unico recurso da pontua~iio, a tensiio exacerbada que caracteriza a rela~iio entre os dois protagonistas da narrativa, tensiio restitufda pela cadeia alfabetica.

E

nesse sentido que podemos comparar a dinamica executada pelo I!/ com esse tipo de pontua~iio textual, pois com certeza, esta assume a fun~iio de doadora do mais alto grau da tensiio, especie de superlativo absoluto, ao mesmo tempo em que manifesta a rel~iio do sujeito escritor com a rela~iio referenciada entre os dois protagonistas, 0 eu-narrador e 0

ela.

Configura-se assim, uma instancia enunciadora complexa, onde a primeira pessoa se divide em dois

eu,

0eu-narrador e0eu-narrado, mas essa dupla unidade do

eu

encontra-se perpassada por urn terceiro

eu,

0

eu

do sujeito-escritor cujo modo de instancia~iio e heterog8neo em rela~iio ao do eu-narrador.

Os fato de as duas instancias, as duas vozes enunciadoras contribufrem juntas para a cria~iio da mesma tensiio extrema que se desdobra na narrativa, niio invalida aqui a opera~iio des-orientadora da pontua~iio em rela~iio ao sentido constitufdo pelos signos lingiifsticos, pois, na verdade, 0movimento de des-orienta~iio incide sobre 0processo das interfer8ncias entre essas duas ordens. A pontua~iio, assim percebida como acontecimento, e dotada de urn centro de gravidade suficientemente s6lido para tornar-se agente determinante da produ~iio do tornar-sentido, mas repetimos ainda uma vez, em urn jogo de concorr8ncia combinat6ria e solidaria com 0sentido referenciado.

Tentamos, enfim, ao longo dessa analise, mostrar como e em que medida os dois modos de a~iio da pontua~iio, orientandor e des-orientandor, t8m uma capacidade construtora e representam a caaa momento instru~oes para 0 reconhecimento de uma

inten~iio de significa~iio.

RESUMO:

Na escrita, os signos lingiUsticos e os sinais de pontuafiio operam

conjuntamente para construir

0

sentido.

A

partir de uma distinfiio entre pontuafiio

sintagmdtica e pontuafiio polijonica, aparece uma sistematica: a pontuafiio funciona

ou de uma forma co-orientadora em relafiio ao enunciado, ou de uma forma

des-orientadora.

ANIS,

J.

(1983), Pour une graphematique autonome.

lAngue

Franfaise,

59.

(7)

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