• Nenhum resultado encontrado

Satisfação com a Democracia e Avaliação de Governo: fenômenos distintos?

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Satisfação com a Democracia e Avaliação de Governo: fenômenos distintos?"

Copied!
26
0
0

Texto

(1)

1 Satisfação com a Democracia e Avaliação de Governo:

fenômenos distintos?

Fabíola Brigante Del Porto Centro de Estudos de Opinião Pública Universidade Estadual de Campinas

Trabalho preparado para apresentação no 40º Encontro Anual da ANPOCS Seminário Temático 06 “Comportamento, opinião pública e cultura política”

(2)

2

Resumo

A satisfação com a democracia tem sido definida, por exemplo, como a avaliação da “[...] capacidade dos governos de responder às demandas da população” (Moisés, 2011, p.345, tradução livre). Satisfação com a democracia e avaliação de governo são, então, um mesmo fenômeno? Com base na análise de dados do ESEB 2014, o trabalho analisa os correlatos da medida de satisfação com a democracia, por um lado, e da avaliação do governante do momento. A hipótese aponta que a satisfação com a democracia articula a avaliação das políticas governamentais à percepção de aspectos normativos e procedimentais da democracia representativa e é essa inclusão de percepções de procedimentos que faz com que a avaliação da democracia se diferencie conceitual e empiricamente da avaliação dos governantes do momento. Embora ainda em fase exploratória, modelos de regressão logísticas multinomial para a satisfação com a democracia e para a avaliação de governo como variáveis dependentes mostram que a preferência pela democracia correlaciona-se, de fato, apenas com a satisfação com a democracia, mas a dimensão institucional do regime, por outro lado, afeta somente a avaliação de governo. Os resultados sugerem ainda que as duas variáveis sofrem maiores impactos da avaliação da situação econômica e das políticas públicas. A avaliação da economia tem, porém, efeito mais expressivo sobre a avaliação de governo.

(3)

3

Introdução1

A satisfação com a democracia tem sido definida como atitude “[...] positiva ou negativa, em relação ao desempenho imediato de governos e da democracia tal como ela existe no momento” (Moisés, Carneiro, 2010, p.159) ou ainda como avaliação da “[...] capacidade dos governos de responder às demandas da população” (Moisés, 2011, p.345, tradução livre). Satisfação com a democracia e avaliação dos governantes do momento são, então, um mesmo fenômeno? Com base na análise de dados do Estudo Eleitoral Brasileiro (ESEB) para o ano de 2014, este texto analisa alguns correlatos da medida de satisfação com a democracia, por um lado, e da avaliação do governante do momento, de outro, de modo a averiguar suas semelhanças e distinções e contribuir para o entendimento do fenômeno da (in)satisfação com a democracia no país.

Os estudos sobre a legitimidade democrática têm demonstrado a multidimensionalidade do fenômeno destacando a capacidade dos cidadãos de diferenciarem a comunidade política, os princípios da democracia, seu desempenho, suas instituições e as autoridades (p.e., Norris, 1999, 2011; Dalton, 2004; Both, Seligson, 20092). Se Gunther e Montero (2003) se concentram em apontar as diferenças conceitual e empírica entre a legitimidade democrática e a efetividade do regime, medidas usualmente, respectivamente, pela hipótese de Churchill (concordância com a frase “A democracia tem problemas, mas é o menos pior dos regimes”) e pela medida de satisfação com a democracia ("De uma maneira geral, o(a) sr.(a) está muito satisfeito(a), satisfeito(a), pouco(a) satisfeito(a) ou nada satisfeito(a) com o funcionamento da democracia no país?"), a dimensão do “desempenho do regime” tem sido objeto de distintas interpretações pelos analistas (Canache, Mondak e Seligson, 2001).

Diante das ambiguidades da medida, Booth e Seligson (2009), por exemplo, preferem abandonar seu uso e passam a medir o desempenho do regime democrático por medidas de percepção da economia, tendo em vista que esta é um fator “crítico na

1 Esta é uma versão preliminar. Por favor, não citar. A discussão proposta neste texto faz parte do Projeto de pesquisa: “O que sabemos sobre a (in)satisfação com a democracia no Brasil? Orientações avaliativas do regime democrático segundo os brasileiros no período democrático recente (2002-2014)”, em andamento, desenvolvido pela autora no âmbito do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp e apoiado pela Fapesp (Processo 16/05619-7). O projeto analisa, de modo longitudinal, as dimensões de avaliações de governantes do momento, das instituições representativas, dos serviços e políticas públicas e procedimentos do regime e verifica quais dimensões são mais importantes para estruturar a (in)satisfação geral dos cidadãos com a democracia no cenário brasileiro recente. Entre seus objetivos específicos estão o estudo do conceito de desempenho e satisfação com o regime democrático e uma análise empírica crítica da medida de satisfação com a democracia em diferentes períodos, instrumentos de pesquisa e contextos.

2

(4)

4

avaliação cidadã do governo” (Booth, Seligson, 2009, p.43). Duas questões emergem dessa escolha: primeiro, ao restringir o desempenho do regime a seu aspecto econômico, essa perspectiva não leva em conta que os cidadãos também podem estar atentos a aspectos políticos e institucionais do regime quando respondem à pergunta sobre o funcionamento da democracia. Ademais, na definição de Booth e Seligson (2009), nota-se como as dimensões “denota-sempenho do regime” e “avaliação de governo” são tratadas de modo indistinto (do mesmo modo que as duas citações apresentadas no início deste texto). Apesar dessas “definições”, no Brasil, os estudos de apoio político, em geral, não têm focado sobre as diferenças e semelhanças entre os fenômenos da satisfação com a democracia e a avaliação de governos do momento ou incumbentes políticos. É essa questão que este texto procura explorar a partir do estudo do caso brasileiro. Na próxima seção são apresentados os aspectos teóricos que embasam esta discussão.

Referenciais teóricos

Tal como o próprio conceito de democracia, a definição do desempenho do regime democrático é objeto de controvérsias (Canache, Mondak e Seligson, 2001; Linde, Ekman (2003). No entanto, como adverte Norris (2011), apesar do desenvolvimento dos estudos de desconfiança institucional desde Critical Citizen (1999), ainda sabe-se pouco sobre os aspectos que embasam as percepções cidadãs sobre o processo democrático. No cenário brasileiro, em específico, embora o tema da (in)satisfação com o regime “realmente existente” esteja em pauta desde o início da experiência democrática recente, chamando atenção para o fato de que os cidadãos já aderiam à democracia enquanto ideal, mas ao mesmo tempo percebiam que a promessa democrática parecia não ser realizável (Moisés, 1995), ainda não se produziu uma reflexão sistemática sobre o conceito e os conteúdos substantivos da satisfação com a democracia no país. As (poucas) análises sobre a (in)satisfação com o funcionamento da democracia no país procuram explicar apenas suas bases sociais, seus correlatos e algumas consequências atitudinais (Moisés, 1995, 2010, 2011; Moisés e Carneiro, 2010; Rennó et al., 2011; Sarsfield, Echegaray, 2001; Seligson, Smith, 2010).

Depois de estudo para o começo dos anos 1990 que apontou para os efeitos perversos da estrutura social sobre a satisfação com a democracia, que mostrou que os mais pobres e menos escolarizados se mostravam mais satisfeitos com o desempenho do regime devido a sua falta de recursos cognitivos que os capacitassem a crítica e a

(5)

5

comportamentos deferentes (Moisés, 1995), trabalhos mais recentes não encontraram efeitos significativos da estrutura social sobre a chance de satisfação com a democracia no país (Moisés e Carneiro, 2010; Rennó et al., 2011). Por outro lado, Baquero e Gonzalez (2011), embora não analisem os fatores que possam impactar a satisfação com a democracia e sim efeitos das eleições brasileiras sobre a socialização das distintas coortes de idade nos valores democráticos, encontram, em três pontos sucessivos no tempo (2002, 2006 e 2010), que os mais jovens mostram-se mais insatisfeitos com o regime. Os autores sugerem que eles estariam sendo menos atendidos pelas políticas governamentais.

A partir desse conjunto de estudos sabe-se que a satisfação com a democracia no país é afetada, entre outras coisas, pelas percepções de que a delinquência aumentou e de que a renda é insuficiente, pelas percepções e experiências de corrupção, criminalidade e discriminação e pela avaliação da capacidade do governo de gerir a economia. Em termos de consequências, alguns estudos demonstraram que a insatisfação com o regime democrático afeta a preferência pela democracia e aumenta a chance de os entrevistados escolherem desenhos institucionais de democracia sem partidos e sem parlamentos (Sarsfield, Echegaray, 2001; Moisés e Carneiro, 2010).

Não se sabe, porém, qual o conceito ou significado de satisfação democrática que subjaz essas análises. Tal conceito tem sido definido frouxamente, como apontado no início deste texto, como satisfação com o desempenho imediato dos governos e capacidade destes de atender às demandas da população. Ou ainda, tal como sugerem Baquero e Gonzalez quando comparam resultados do apoio normativo ao regime à satisfação com a democracia, trata-se (esta última) de dimensão relacionada às políticas governamentais “[...] em que a situação pessoal tem peso na opinião” (Baquero e Gonzalez, 2011, p.386).

Meneguello (2010, 2013) procurou entender a avaliação do desempenho do regime em termos multidimensionais, apresentando uma definição mais precisa de avaliação do desempenho da democracia: “[...] dimensão na qual são levados em conta a responsividade do sistema e suas instituições e atores necessários para enfrentar os problemas apresentados pelos cidadãos” (Meneguello, 2010, p.134). Essa definição está conectada à perspectiva teórica da qualidade da democracia de Diamond e Morlino (2005). Para esses autores, a responsividade é a dimensão de resultados que relaciona as dimensões procedimentais às dimensões substantivas da democracia mensurando a

(6)

6

extensão na qual as ações governamentais e as políticas públicas democráticas correspondem às expectativas, demandas, necessidades, preferências e aos interesses dos cidadãos.

Embora não esteja entre as preocupações de Diamond e Morlino (2005) estabelecer medidas empíricas para aferir como os cidadãos percebem as dimensões da qualidade da democracia3, para os autores, pode-se medir as percepções cidadãs da responsividade, de modo indireto, a partir da medida de sua satisfação com o modo como a democracia trabalha. Ainda segundo essa perspectiva, os cidadãos mostrarão satisfação com o funcionamento desse regime não apenas quando os governos estabelecerem políticas que atendam a suas demandas, mas também quando avaliarem positivamente ou estiverem de acordo com o próprio processo democrático e com os procedimentos associados (Powell, 2005).

Easton (1975) já chamara a atenção para esse aspecto. Quando aborda o fenômeno do “déficit democrático”, Norris (2011) aponta que a insatisfação com o funcionamento da democracia resulta do modo como as pessoas experimentam o processo democrático, referindo-se tanto às avaliações das práticas e processos do regime (dos arranjos constitucionais globais e das regras do jogo) como às avaliações das políticas substantivas (avaliação de que os serviços públicos são efetivos). Segundo Norris, os processos de modernização social e mobilização cognitiva, subsidiados também por um noticiário correntemente negativo sobre ações dos governos, aumentariam as demandas e críticas dos cidadãos sobre a atuação dos governos democráticos e seus resultados.

Para a autora, tal como a explicação de Hardin (1999) para a confiança política, segundo a qual essa atitude tem uma base cognitiva e, portanto, está embasada no conhecimento por parte dos cidadãos das motivações e competências dos agentes públicos a partir do qual os cidadãos oferecem ou retiram confiança àqueles agentes, a satisfação com o funcionamento da democracia também refletiria uma avaliação

3

No entanto, Rennó et al. (2011) baseiam-se na discussão teórica de Diamond e Morlino (2005) e, baseados em dados do Lapop (2010), propõem um modelo empírico para apreender como os cidadãos das Américas percebem o funcionamento do regime democrático a partir de quatro pontos que remetem à qualidade da democracia em seus países, quais sejam: 1.o funcionamento do estado de direito a partir das visões sobre a corrupção e segurança pública; 2.em termos de resultados substantivos, os autores analisam o debate sobre a igualdade; 3.dimensões de representação, accountability vertical e responsividade, analisadas através dos recursos que os cidadãos dispõem e utilizam para cumprir seu papel no processo democrático (medidas através da informação política, preferência partidária e avaliação dos políticos) e 4.participação política pois, segundo os autores, não basta garantir o direito de participação, uma democracia de qualidade deve ter participação efetiva. Os autores investigam ainda como as visões dessas diferentes dimensões da qualidade da democracia afetam as percepções da legitimidade dos regimes democráticos e encontram que os maiores efeitos das variáveis da qualidade da democracia se estabelecem sobre as variáveis mais específicas, ou de tipo avaliativo, da legitimidade, quais sejam, apoio às autoridades, instituições e desempenho do regime.

(7)

7

informada a partir de registro cumulativo de julgamentos de governos sucessivos, seus processos de tomada de decisão e sua realização de certos produtos ou resultados desejados pelos cidadãos.

Nessa perspectiva, se a satisfação com a democracia tem um componente de registro cumulativo de avaliação de governos e procedimentos, ela não se reduz a apenas uma avaliação imediata dos governantes do momento. Para Norris, trata-se de apoio aos “trabalhos do regime”, que diz respeito à relação entre o apoio aos ideais e às práticas do processo democrático, que produziria (ou não) um apoio mais difuso do que aquele que os cidadãos outorgam às instituições representativas. Essa perspectiva difere daquela adotada por Moisés (2011) e Moisés e Carneiro (2010) que, analisando os determinantes da satisfação com o funcionamento do regime democrático e da confiança nas instituições representativas no Brasil e na América Latina, entendem ser a confiança nas instituições apoio de tipo difuso, formada, sobretudo, pela percepção crítica e de fundo que os indivíduos têm de que sua atuação está em acordo com as normas para a qual foram criadas, ao passo que a satisfação com o funcionamento da democracia, como apoio específico, é circunstancial, devendo variar com a percepção do “[...] desempenho específico de governos para resolver problemas socialmente percebidos como prioritários” (Moisés, Carneiro, 2010, p.159).

Neste ponto, cumpre retomar o redimensionamento da discussão de apoio político de Easton (1965) efetuada por Norris (1999, 2011) e Dalton (1999, 2004), seguidos por outros pesquisadores. Analisando as democracias contemporâneas, Dalton (1999) e Norris (1999) redimensionaram a contribuição teórica de Easton (1965, 1975) sobre o apoio político e seus componentes específico (resposta às autoridades diante da satisfação com desempenho ou resultados percebidos) e difuso (avaliação do que os objetos políticos são ou representam), que pode ser atribuído aos diferentes objetos (comunidade, regime e autoridades) que compõem o sistema político. Na contribuição original de Easton (1965), o regime compunha-se ainda dos subníveis princípios, regras do jogo e instituições e Dalton (1999) e Norris (1999) desmembraram os subcomponentes do regime em dimensões distintas, definindo cinco objetos políticos: a comunidade política, os princípios do regime, o desempenho do regime, as instituições políticas (representativas) e os atores políticos. Nessa perspectiva, os cidadãos passam a ser vistos como capazes de diferenciar e dar apoio a esses cinco objetos que, nessa ordem, compõem um contínuo da dimensão mais difusa a mais específica. Neste contínuo, a

(8)

8

avaliação do desempenho do regime remonta a “um apoio político de nível intermediário, que é frequentemente difícil de captar” (Norris, 1999, p.11; 2011, p.28). Ainda, as ideias de sistema e de contínuo sugerem que ao mesmo tempo em que cada dimensão abrange aspectos distintos do sistema político, tornando os cidadãos capazes de apoiar determinados aspectos ao mesmo tempo em que se opõem a outros, elas estão relacionadas.

A partir de então, os estudos do apoio político nos regimes democráticos avançaram no entendimento de que as democracias contemporâneas, tanto as longamente estabelecidas como as que provêm das recentes experiências de democratização, são povoadas por cidadãos que, embora prefiram a democracia em termos normativos, são críticos da atuação de atores políticos e das instituições representativas (Dalton, 1999, 2004; Klingemann, Fuchs, 1995; Norris, 1999, 2011; Pharr, Putnam, 2000). Norris (2011) argumenta que, no entanto, muitas análises empíricas voltaram-se, a compreender as atitudes céticas dos cidadãos para com as instituições representativas versus o apoio crescente aos ideais democráticos e, com base nessas, e talvez com excesso de aliteração, esse fenômeno passou a ser descrito em termos de “democratas insatisfeitos” ou “desencantados” (Norris, 2011, p.10). Por outro lado, avançou-se pouco no entendimento dos conteúdos substantivos da dimensão do desempenho do regime.

Em parte, isso se deve a um debate não resolvido nos estudos de apoio político em torno do significado da medida empírica clássica4 de satisfação com o funcionamento com a democracia (Canache, Mondak e Seligson, 2001; Linde e Ekman, 2003). Enquanto alguns autores tratam o indicador de satisfação com a democracia como medida de apoio a autoridades (Dalton, 1999), outros a tratam como apoio ao regime democrático em termos de normas constitucionais em operação, procedimentos, instituições, ou mesmo entendem a avaliação do funcionamento do regime em contraste aos ideais do governo democrático (Fuchs, Guidorossi e Swensson, 1995; Moisés, 2011). Outros ainda, como Fuchs e Klingemann (1995), Tóka (1995) e Mishler e Rose (1999, 2002), entendem a medida de satisfação com a democracia como equivalente ou intercambiável à medida de legitimidade política. Para resumir o debate, usando os termos de Easton (1965, 1975), as definições sobre o conceito, de um lado, e sobre os usos da medida/indicador de

4 Trata-se da pergunta "De uma maneira geral, o(a) sr.(a) está muito satisfeito(a), satisfeito(a), pouco(a) satisfeito(a) ou nada satisfeito(a) com o funcionamento da democracia no país?" A pergunta tem sido incluída em diferentes instrumentos de pesquisa de opinião internacionais: Eurobarometer, Latinobarômetro, Comparative Study of Electoral Systems (CSES), Latin American Public Opinion Project (AmericasBarometer) e New Democracies Barometer (este último realizado nos países ex-comunistas do Leste Europeu).

(9)

9

satisfação com a democracia, de outro, por parte dos estudiosos do apoio político, oscilariam entre o apoio específico e o apoio difuso. No campo teórico, Easton (1975, p.447) aponta para o segundo tipo de apoio ao afirmar que “[...] a satisfação simbólica com os processos pelos quais o país é governado” representa a confiança que os cidadãos depositam no regime político, e a confiança é uma das formas de apoio difuso (a outra é a legitimidade) que os cidadãos podem direcionar ao regime e às autoridades políticas. Nessa perspectiva, a satisfação com o regime, como apoio difuso, seria fruto tanto do processo de socialização como das experiências políticas dos cidadãos com a democracia e seus processos e resultados associados.

Analisando as distintas definições e usos da medida de satisfação com a democracia, Canache, Mondak e Seligson (2001) apontaram para a ambiguidade da medida - pois, na falta de referenciais na questão, os cidadãos poderiam referir-se à satisfação com as autoridades, com as instituições do regime, com suas normas ou a um misto de tudo isso - defendendo que seu uso deveria ser evitado. Baseados nesses diagnósticos, Booth e Seligson (2009), em detalhado estudo teórico e empírico sobre a legitimidade democrática em oito países da América Latina, rejeitam o uso da pergunta de satisfação com a democracia e utilizam indicadores sociotrópicos de avaliação da economia como forma de medir a percepção do desempenho do regime, justificando se tratar de indicadores “[...] tão amplamente usados em tantos surveys e [que] o desempenho da economia é um fator tão crítico na avaliação cidadã do governo” (Booth, Seligson, 2009, p.43). No entanto, ao restringir o desempenho do regime a seu aspecto econômico, essa perspectiva não leva em conta que os cidadãos também estão atentos a aspectos políticos do regime e/ou dos governos do dia quando respondem à pergunta sobre o funcionamento da democracia. Nesse sentido, McAllister (1999), Bratton e Mattes (2001) e Mishler e Rose (1997; 2001; 2002), analisando cenários distintos, como os países da Europa Ocidental, da África e do Leste Europeu, têm demonstrado que bens políticos, como a avaliação que os cidadãos fazem sobre a situação das liberdades e dos direitos humanos em seus países, são tão importantes quanto os bens econômicos na avaliação acerca do desempenho do regime democrático e de suas instituições. Ademais, voltando à citação de Booth e Seligson (2009), é notável que, mais do que a medida de satisfação com a democracia, a própria definição de desempenho do regime é problemática, ao tratar de modo indistinto as dimensões “desempenho do regime” e “avaliação do governo”.

(10)

10

Gunther e Montero (2003), por outro lado, confiando na medida de satisfação com a democracia como expressão da percepção cidadã sobre a eficácia do regime, demonstram, teórica e empiricamente, que se trata de construto distinto da legitimidade do regime, que expressa - a satisfação - o desagrado por parte dos cidadãos resultante da crença de que governos e instituições não cumprem a missão para a qual foram criados. Os estudos no Brasil sobre o apoio político acompanham essa distinção. No entanto, salvo engano, apenas Rennó et al. (2011) exploram os diferentes correlatos da satisfação com a democracia, de um lado, e avaliação de autoridades, por outro. Segundo os autores, trata-se, ambas as dimensões, de objetos de apoio específico e, portanto, sujeitas aos efeitos das percepções que os cidadãos têm da qualidade do regime democrático em suas distintas dimensões (ver nota 3 deste texto). Chama atenção, todavia, que os autores não considerem nem o impacto das percepções da economia nem o das instituições representativas, como instrumentos que fazem a intermediação dos interesses dos cidadãos com o regime, entre os fatores que potencialmente afetariam a avaliação do regime e/ou a avaliação dos governos.

É Meneguello (2010, 2013) quem avança nesse sentido ao analisar os conteúdos da insatisfação com o funcionamento do regime democrático, ou, em outros termos, da “[...] crítica do cidadão ao estado de coisas em que vive o país” (Meneguello, 2010, p.134). Segundo a autora, o construto de desempenho do regime, segundo os cidadãos, envolve as avaliações de serviços públicos, instituições, incumbente político e percepção da gestão da economia. Um aspecto não considerado pela autora, no entanto, diz respeito ao impacto da percepção de normas e procedimentos da democracia representativa, tais como o papel do voto e da percepção de representação do regime. Aarts e Thomassen (2008) encontraram que, em diferentes cenários institucionais, a satisfação com a democracia é afetada pelas percepções cidadãs das normas de accountability vertical e de representatividade do sistema político. Explorar essa questão é importante na análise do caso brasileiro tendo em vista os efeitos politizadores do voto e das eleições na democratização recente (Meneguello, 2006).

Ainda no que se refere a possíveis correlações do componente normativo da democracia com a avaliação do desempenho do regime, há que se considerar que em cenários de democracia recente, o apoio político, mesmo em seu componente difuso, é contingente à socialização dos indivíduos em suas normas e regras (Easton, 1975; Muller e Seligson, 1994, Mishler e Rose, 2001, 2002). Nessa perspectiva, o apoio normativo à

(11)

11

democracia ou o compromisso com valores democráticos pode correlacionar-se à avaliação de seu desempenho no sentido de que os cidadãos, tendo em vista sua experiência política prévia, podem dar um “crédito” à democracia ao compará-la com o regime anterior (Mishler e Rose, 1999). Embora estudos no país tenham apontado para efeitos da insatisfação com a democracia sobre o apoio normativo, falta verificar o caminho inverso: em que medida as orientações normativas ou o apoio aos princípios da democracia afetam a satisfação com seu funcionamento prático? Para explorar essa questão, tal como Rose (2002) aponta, neste texto o entendimento é de que, no cenário brasileiro de democratização recente, o apoio normativo à democracia deve ser abordado a partir de medida realista, que compara experiências políticas distintas.

A partir dessa discussão, este texto propõe uma análise exploratória das diferenças e semelhanças das avaliações sobre o regime democrático e sobre o governante do momento, com base na observação do cenário brasileiro para 2014. Embora dados de natureza transversal como os aqui explorados não permitam tirar conclusões mais robustas sobre o fenômeno da (in)satisfação com a democracia no país, a análise procura reunir alguns subsídios para melhor compreender a medida e conceituar a dimensão do desempenho do regime democrático no país. A hipótese aponta que a satisfação com a democracia articula a avaliação das políticas governamentais à percepção de aspectos normativos e procedimentais da democracia representativa. A inclusão das percepções dos procedimentos faz com que a avaliação da democracia transcenda a avaliação dos governantes do momento, diferenciando as duas dimensões conceitual e empiricamente. Na próxima seção, são descritos os dados utilizados e as análises estatísticas realizadas com o intuito de explorar essa questão.

O Estudo Eleitoral Brasileiro (ESEB) e Análise de Dados

A análise empírica deste texto baseia-se em medidas de nível individual obtidas da pesquisa de opinião por amostragem Estudo Eleitoral Brasileiro para 20145.

5

O ESEB (Estudo Eleitoral Brasileiro) baseia-se em entrevistas individuais face a face realizadas logo após as eleições presidenciais e sua onda foi aplicada em 2002. Coordenado pela Profa. Dra. Rachel Meneguello (DCP e CESOP/ UNICAMP) desde sua primeira onda, a pesquisa faz parte do Comparative Study of Electoral Systems (www.cses.org) coordenado pela University of Michigan. A onda de 2014 foi realizada entre os dias 1 e 19 de novembro de 2014, com uma amostra de 3136 indivíduos, representativos dos eleitores brasileiros. A amostragem é probabilística estratificada em estágios (municípios, setores censitários e domicílios), e com um último estágio de estratificação segundo cotas dentro dos setores, definidas de acordo com o perfil de idade, escolaridade e população economicamente ativa cruzadas por sexo. O questionário completo pode ser visualizado no Banco de dados do CESOP ((http://www.cesop.unicamp.br/site/htm/busca.php). A base de dados pode ser obtida sob demanda ao centro.

(12)

12

A pesquisa contém, em pontos distantes do questionário, as medidas de satisfação com o funcionamento da democracia ("De uma maneira geral, o(a) sr.(a) está muito satisfeito(a), satisfeito(a), pouco(a) satisfeito(a) ou nada satisfeito(a) com o funcionamento da democracia no país?") e avaliação geral do governo (“Na sua opinião, de uma maneira geral o governo da presidente Dilma Rousseff nos últimos 4 anos foi ótimo, bom, ruim ou péssimo?”), que são as variáveis dependente aqui tratadas e medidas relacionadas às percepções sobre normas e procedimentos (democracia, papel do voto, partido político)6, avaliação das instituições representativas, avaliação da situação econômica7 e avaliação de políticas públicas - dimensões definidas como potencialmente explicativas das primeiras.

O Gráfico 1 mostra as distribuições das respostas às perguntas sobre a satisfação com a democracia e a avaliação de governo. A Tabela 1, na sequência, apresenta a distribuição das respostas positivas para os conjuntos de questões aqui utilizadas como preditoras das avaliações do desempenho do regime e do governo:

6

Para Aarts e Thomassen (2008) a pergunta sobre o voto tem validade duvidosa como indicador de percepção de

accountability vertical pelos cidadãos. Mesmo assim, os autores a utilizam nesse sentido. Ainda, na ausência de um

indicador melhor de percepção da representação pelo regime democrático, a pergunta “Existe algum partido que representa a maneira como o senhor pensa?”, presente em todas as ondas do ESEB, é utilizada como medida de

sentimento de representação pelo sistema político democrático. Os dois indicadores são imperfeitos, mas são as informações disponíveis no conjunto dos dados que mais se aproximam das percepções de accountability vertical e de representatividade do regime.

7

O ESEB 2014 não inclui a pergunta de avaliação da situação econômica, do país ou pessoal, atual e sim apenas as avaliações retrospectiva e prospectiva. Como o objetivo deste texto é comparar a satisfação com a democracia e a avaliação do governo do momento, a opção foi pela inclusão da avaliação retrospectiva da economia.

(13)

13 Gráfico 1

Satisfação com a Democracia e Avalição de Governo (%) - Brasil 2014

Fonte: Estudo Eleitoral Brasileiro (2014). Obs: somente respostas válidas.

Tabela 1

Variáveis de avaliação do desempenho do regime e de percepção normativa da democracia – Brasil 2014

Variáveis %

Avaliação do Congresso (ótima + boa) 16,8

Avaliação dos Partidos 15,5

Avaliação da Justiça 23,7

Avaliação da Polícia 25,7

Voto influencia o que acontece no Brasil (soma dos graus influencia muito e influencia)

79,6 Situação econômica em comparação aos 12 meses

anteriores

(melhor)

24,7 Controle da criminalidade (soma das respostas de 7 a 10,

onde 10= “totalmente satisfeito”)

5,4

Diminuição das desigualdades sociais 9,7

Acesso do cidadão comum à justiça 10,5

Qualidade do ensino público 15,4

Acesso aos serviços de atendimento médico 8,1

Diminuição do desemprego 12,8

Identifica-se com partido político 28,1

A democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de regime 77,9 Fonte: Estudo Eleitoral Brasileiro (2014).

Obs: somente respostas válidas.

7,3 38,6 31,8 13,5 8,8 4,4 36,3 21,5 22,8 14,9 Ótimo / Muito satisfeito

Bom / Satisfeito Regular / Nem satisfeito nem insatisfeito Ruim / Pouco satisfeito Péssimo / Nada satisfeito

(14)

14

No Gráfico 1, comparadas as categorias de respostas de cada uma das variáveis dependentes, observa-se que os entrevistados, em termos agregados, definem-se mais insatisfeitos com a democracia do que avaliam mal o governo. Apesar disso, os percentuais das respostas positivas das duas medidas estão no mesmo patamar - o que contrabalança a diferença na avaliação negativa entre ambas é que nas categorias de respostas intermediárias das perguntas sobre a avaliação de governo satisfação com a democracia, há, respectivamente, uma maior concentração de respostas “regular” do que “nem satisfeitos nem insatisfeitos”.

Na Tabela 1, a distribuição das respostas positivas para as dimensões normativas da democracia (preferência por regime e voto) e para as dimensões de avaliação das instituições, políticas e economia mostra a convivência da crítica às instituições representativas e aos resultados de políticas públicas e de percepções positivas sobre a democracia em termos normativos, conforme cenários paradoxais já relatados por outros autores desde o início da experiência democrática brasileira recente (Moisés, 1995; 2010a) e comum a outros países de democracia recente e longamente estabelecida.

Com o intuito de avançar no entendimento das articulações dessas dimensões no construto de desempenho do regime e governo democráticos e de como as medidas de satisfação com a democracia e avaliação de governo se relacionam, a análise dos dados inicia com a execução de duas técnicas de análise de componentes principais, inicialmente a análise de componentes principais para variáveis categóricas e, em seguida, para as variáveis transformadas resultantes, a análise fatorial em sua variante rotacionada. O resultado é apresentado na Tabela 2:

(15)

15 Tabela 2

Dimensões do desempenho do regime democrático – Brasil 2014

1 2 3 4

Acesso do cidadão comum à justiça ,742 Diminuição das desigualdades sociais ,736 Acesso aos serviços de atendimento médico ,704 Qualidade do ensino público ,694 Controle da criminalidade ,667

Diminuição do desemprego ,654

Avaliação da atuação do congresso nacional ,820 Avaliação da atuação dos partidos políticos ,806 Avaliação da atuação do poder judiciário ,778

Avaliação da atuação da polícia ,756

Avaliação da situação econômica em comparação aos 12 meses anteriores

,776

Avaliação Governo Dilma ,711

Satisfação com o funcionamento da democracia ,614

Preferência pela democracia ,670

Identifica-se com partido político ,663

Voto influencia muito no que acontece no Brasil ,489

Variância explicada 24,3% 13,2% 8,5% 6,7%

Variância total explicada 52,8%

Fonte: Elaboração própria a partir do Estudo Eleitoral Brasileiro (2014).

A solução encontrada, com 4 fatores, inclui todas as variáveis adicionadas com cargas significativas. Primeiramente, a disposição dos fatores corrobora resultado de Meneguello (2010) de que o construto de desempenho do regime democrático fundamenta-se, sobretudo, na avaliação de serviços e políticas públicas (que compõem exclusivamente o Fator 1) e na avaliação das instituições representativas (que compõem exclusivamente o Fator 2). Esses dois primeiros fatores concentram quase 40% da capacidade explicativa do modelo. Ainda com respeito a esses dois fatores, chama atenção que as instituições, apesar de figurarem no segundo fator, têm as cargas mais elevadas do modelo.

A terceira dimensão também repete resultados de Meneguello (2010), e aponta para a estreita conexão entre a avaliação da situação econômica, a avaliação do governo do momento e a satisfação com a democracia. A inclusão dessas três variáveis em um mesmo fator sugere que, apesar da importância da situação econômica na avaliação de desempenho, os cidadãos consideram não apenas os resultados da economia, mas o modo como ela é gerida seja em termos de condutas do incumbente político seja em termos dos processos democráticos.

(16)

16

Diferente do trabalho de Meneguello (2010), foram incluídas na análise variáveis referentes a aspectos normativos da democracia - a escolha democrática em perspectiva comparada, a identificação partidária e a percepção da capacidade de influência do voto. Estas variáveis compõem o quarto fator, mostrando que essa dimensão também contribui, ainda que pouco, para o construto da avaliação do desempenho do regime: quando avaliam o funcionamento da democracia, os entrevistados consideram sim seus resultados, a atuação de suas instituições e autoridades, mas também o aspecto normativo da democracia e as dimensões democráticas nas quais “atua”, sentindo-se representado e votando8.

Embora esses resultados ainda necessitem de testes adicionais, em seu conjunto, eles sugerem a complexidade da avaliação do desempenho do regime democrático e que avaliação de políticas, de instituições, de governo, satisfação com a democracia e adesão a seus aspectos normativos estão correlacionadas.

Procurando entender melhor o fator 3, em particular a natureza das medidas de avaliação da democracia, por um lado e do governo, por outro, bem como de seus principais correlatos, na sequência, são apresentados dois modelos logísticos multinomiais para a: 1. satisfação com a democracia e 2.avaliação do governo Dilma como variáveis dependentes.

Os modelos foram estipulados tendo como categorias de referência as respostas positivas, ou seja, a soma das respostas “muito satisfeito” e “satisfeito”, para a satisfação com a democracia, e a soma das respostas “ótimo” e “bom” para a avaliação do governo Dilma. Apoio normativo à democracia importa? Os fatores que mais contribuem para as avaliações positivas da democracia e do governo são os mesmos? Mais, que aspectos fazem o indivíduo avaliar o governo como “regular” e se definir como “nem satisfeito nem insatisfeito” com o funcionamento da democracia?

As variáveis potencialmente explicativas dos fenômenos são as que constam nos demais fatores da análise fatorial (Tabela 2). Nesse caso, também se optou, sempre que possível, para sua inclusão nos modelos de regressão como multicategórias para melhor observar as correlações das categorias de respostas sobre a avaliação do desempenho do

8

Em análise fatorial com as mesmas variáveis da aqui apresentada na Tabela 2, excluindo-se, porém, a identificação partidária, foi encontrada solução com os mesmos 4 fatores, mas as variáveis “preferência por regimes” e “percepção de influência do voto” apresentaram, ambas, cargas fatoriais superiores a 0,7. Do mesmo modo, modelo prévio que excluía o voto, mostrou praticamente a mesma variância explicada da Tabela 2, com mesmas distribuição de fatores e cargas fatoriais relativas a cada variável. Tendo em vista a preocupação teórica deste texto, e por se tratar de um estudo ainda em fase exploratória, optou-se pela inclusão de todas as variáveis nesta análise e na subsequente.

(17)

17

regime e do governo9. Além dessas variáveis, foram incluídas variáveis socioeconômicas e de contexto e ainda medidas sobre acesso ao noticiário, estas últimas para verificar, como propôs Norris (2011), seus possíveis efeitos sobre as percepções da democracia e do governo.

A descrição detalhada das variáveis preditoras é apresentada na Tabela 3:

Tabela 3

Operacionalização das variáveis preditoras

Pergunta Categorização das respostas

Eu vou falar o nome de várias instituições e gostaria que o senhor dissesse se avalia a atuação de cada uma como ótima, boa, ruim ou péssima? (Instituições utilizadas: Polícia; Justiça; Partidos políticos; Congresso).

As respostas foram recodificadas nas respostas ‘avaliação positiva’(muito bom, bom), ‘regular’ (espontânea, regular para bom e regular para mal) e ‘avaliação negativa’ (regular para ruim, péssima). Em seguida, as 4 variáveis foram somadas em uma única variável com valores de 1 a 12 que vai da avaliação mais positiva à mais negativa. Os valores 1 a 5 foram definidos como ‘positivo’, 6 e 7 como ‘regular’ e 8 a 12 como ‘negativo’. A categoria de referência é o grupo positivo.

Vou citar algumas políticas e gostaria que o sr. dissesse o quanto está satisfeito com cada uma delas.(Políticas utilizadas na análise: "Controle da criminalidade"; "Diminuição das desigualdades sociais"; "Acesso do cidadão comum à justiça"; "Qualidade do ensino público"; "Acesso aos serviços de atendimento médico"; "Diminuição do desemprego".)

As respostas foram assim recodificadas: notas 0 a 4 - avaliação negativa, notas 5 e 6 - avaliação regular, notas 7 a 10 – avaliação positiva. As variáveis resultantes foram somadas em uma medida que varia de 0 a 18. A variável resultante foi dividida em: 0 a 6 = avaliação negativa e 7 a 12 avaliação regular e 13 a 18 = avaliação positiva. A categoria de referência é a avaliação positiva.

O sr. considera que a situação econômica atual do país está melhor, igual ou pior que há 12 meses?

As respostas originais ‘melhor’, ‘igual’ e ‘pior’ foram mantidas. A categoria de referência é melhor.

Algumas pessoas dizem que o nosso voto influencia muito no que acontece no Brasil. Outras dizem que o nosso voto NÃO influencia nada no que acontece no Brasil. Gostaria que o senhor desse uma nota de 1 a 5. O 1 significa que o nosso voto não influencia nada no que acontece no Brasil e 5 significa que o nosso voto influencia muito no que acontece no Brasil. Que nota de 1 a 5 o sr. dá para representar sua opinião sobre isso?

Foi criada uma variável dicotômica na qual o grau 5 foi tratado como ‘influencia muito’ contra a soma das respostas 1 a 4= ‘influencia pouco ou não influencia’. A categoria de referência é ‘influencia muito’.

continua...

9

Antes de proceder aos modelos de regressão também foram realizados testes de associação bivariada entre as variáveis dependentes e cada uma das variáveis independentes. O nível de significância adotado foi de ,05 (teste do qui-quadrado de Pearson) e as medidas de associação foram o Coeficiente de Contingência para as variáveis nominas e Tau-b de Kendall para as ordinais. Todos os testes foram significativos.

(18)

18 Tabela 3 (CONT.).

Operacionalização das variáveis preditoras

Pergunta Categorização das respostas

Na sua opinião: 1.A democracia é sempre melhor que qualquer outra forma de governo; OU 2.Em algumas situações é melhor uma ditadura do que uma democracia.

As categorias de resposta incluem ainda a opção espontânea “Tanto faz / Nenhuma das duas é

melhor”. As três opções de respostas, democracia, ditadura, tanto faz, foram mantidas. A resposta

‘democracia’ é a referência.

Existe algum partido que representa a maneira como o senhor pensa?

As respostas originais ‘sim’ e ‘não’ foram mantidas. A categoria de referência é sim.

Costuma ler jornal na versão impressa, digital, pela internet ou ambas?

As respostas ‘versão impressa’, ‘versão digital’ e ‘ambas’ foram agrupadas na categoria ‘sim’ contra a resposta ‘não tem o costume de ler jornal’. A resposta não é a categoria de referência.

Essa semana, o sr. assistiu algum telejornal de transmissão nacional, ou seja que passa em todo o Brasil?

As respostas originais ‘sim’ e ‘não’ foram mantidas. A categoria de referência é não.

Sexo A categoria de referência é feminino.

Variável original COR categórica com 5 categorias de resposta - Branco, Preto, Pardo/Moreno,

Amarelo, Indígena - foi dicotomizada em ‘Branco’

e ‘Não branco’.

A categoria de referência é branco.

Faixa etária A variável original ‘idade’ (contínua) foi categorizada em 3 grupos: até 30 anos; 31 a 50 anos e mais de 50 anos. A categoria de referência é ‘até 30 anos’.

Escolaridade Variável com 4 categorias:

Até Ensino Fundamental incompleto; Até Ensino Médio incompleto; Ensino Médio Completo; Superior incompleto ou mais.

A categoria de referência é Até Ensino Fundamental incompleto.

Região Variável com 5 categorias de resposta: Norte, Nordeste, Centro-oeste, Sudeste e Sul.

A categoria de referência é a região Nordeste.

A Tabela 4 apresenta as razões de chance (coeficientes OR- Exp(B)) de ocorrência de satisfação com o funcionamento da democracia e de avaliação positiva do governo Dilma segundo os modelos especificados:

(19)

19 Tabela 4

Correlatos da Satisfação com a Democracia e da Avaliação de Governo Brasil 2014 Satisfação com a democracia Avaliação de governo Insatisfeitos Nem satisfeitos

nem insatisfeitos

Ruim Regular

Avaliação da economia comparada aos 12 meses anteriores

Igual 1,182 1,334 1,642** 1,364**

Pior 4,006* 2,890* 8,954* 3,060*

Avaliação das instituições representativas

Regular 1,378 1,429 1,762 1,546**

Negativa ,846 1,359 2,917* 1,885*

Avaliação das políticas públicas

Regular 2,059* 1,751** 3,493* 1,844*

Negativa 2,912* 2,372* 6,663* 2,588*

Preferência por regime

Ditadura 1,689* 1,762* 1,339 1,082

Tanto faz 1,836* 2,859* 2,045* 1,496

Voto influencia no que acontece no país

Concorda 1,073 ,847 1,088 1,066

Identifica-se com partido político

Sim ,690* ,512* ,681** ,542*

Costuma ler jornais

Sim 1,065 1,323 1,297 1,226

Assistiu noticiário televisivo nacional na semana Sim ,732** ,885 ,966 ,936 Sexo Masculino ,892 ,895 1,088 1,095 Grupo étnico Não branco 1,331** 1,110 ,668* ,800 Região Norte ,633** 1,035 ,454** ,734 Centro-oeste ,527* ,858 ,788 1,369 Sudeste ,783 ,908 1,822* 1,291 Sul 1,214 1,119 1,413 1,091 Escolaridade

Até Fundamental incompleto ,880 1,208 ,441* ,823

Até Médio incompleto ,888 1,283 ,546* ,866

Médio completo 1,104 1,191 ,705 1,059

Faixa etária

31 a 50 anos 1,159 ,954 ,696** ,806

Mais de 50 anos ,823 ,883 ,773 ,900

R² Cox & Snell ,151 ,236

R² Nagelkerke ,171 ,268

R²McFadden ,077 ,127

N 1805 1821

Em cinza, variáveis significativas - * sig. a ,01; **sig. a ,05.

Variável dependente: satisfação com o funcionamento da democracia no país. Categoria de referência: satisfeitos/muito satisfeitos.

Notas: Nos 2 modelos, os números das amostras dos modelos são menores do que o total da amostra devido aos “missing cases” contidos na variável dependente. Categorias de referência das variáveis independentes omitidas. Fonte: Elaboração própria a partir do Estudo Eleitoral Brasileiro (2014).

(20)

20

O mais forte efeito tanto sobre a satisfação com a democracia como sobre a avaliação do governo do momento provém da avaliação retrospectiva da situação econômica do país. Porém, os efeitos da avaliação das políticas públicas são também bastante expressivos, sugerindo que as duas medidas captam avaliações mais complexas do que os resultados econômicos associados aos governos ou às políticas democráticas.

Ainda com relação à avaliação da economia, também é notável que, enquanto aqueles que consideram a situação econômica como igual a do período anterior dão notas baixas ao governo do momento, essa mesma avaliação da economia não é suficiente para afetar a satisfação com a democracia. Essa diferença parece sugerir um entendimento por parte dos cidadãos das diferenças de responsabilidades do governo e do regime democrático na gestão da economia. Nesse sentido, o que os dados para 2014 mostram, nesse caso, é que a percepção da economia afeta a avaliação do regime apenas entre aqueles que consideram que ela vai mal ou piorou. O mesmo não vale para o apoio aos incumbentes políticos.

Por outro lado, avaliar o conjunto de políticas públicas como regulares aumenta as chances de insatisfação e indiferença quanto ao funcionamento do regime assim como a chance de avaliar o governo como regular e ruim. Se estes efeitos das avaliações das políticas sobre a satisfação com o funcionamento do regime e sobre a avaliação do governo parecem óbvios - aliás, os estudos de apoio político anteriormente relatados já apontavam na direção da conexão entre as políticas dos governos democráticos e a satisfação e avaliação dos governos democráticos -, eles reforçam a ideia de que, neste cenário, a avaliação da economia, embora sobressaliente, não explica sozinha o desempenho do governo e da democracia segundo os cidadãos.

Nesses resultados também tem destaque o fato de que a avaliação das instituições representativas não esteja correlacionada, na análise multivariada, à medida de satisfação com a democracia. Por outro lado, ela se correlaciona fortemente com a avaliação do governo, ao contrário do que era esperado inicialmente. Quando, em testes anteriores, as instituições (congresso nacional, partidos políticos, poder judiciário e polícia) foram incluídas separadamente, a satisfação com a democracia mostrou-se correlacionada à avaliação da justiça, ao passo que as avaliações do congresso e dos partidos afetavam apenas a avaliação do governo. Embora isso ainda precise de novas avaliações, parece

(21)

21

sugerir que os entrevistados associem mais as instituições “partidos” e “congresso” ao desempenho do governo.

Por último com relação às variáveis políticas, cabe comentar os efeitos das variáveis referentes ao apoio normativo à democracia, aos mecanismos de accountability vertical (percepção de influência do voto) e a identificação partidária.

Primeiramente, os resultados para o papel do voto devem ser destacados, ainda mais tendo em vista tratar-se de uma conjuntura pós-eleitoral: acreditar em sua capacidade de influência no rumo do país não aumenta nem a chance de satisfação com a democracia nem a avaliação positiva do governo. Esse resultado contraria evidências apresentadas por Aarts e Thomassen (2008) para a satisfação com a democracia. Não obstante, no contexto deste texto, esse resultado já poderia ter sido vislumbrado, tendo em vista que, na análise fatorial, a percepção da influência do voto já apresentara carga fatorial menor que 0,5, mas foi mantida lá (e aqui) em razão de sua importância em termos teóricos10. Aqui também deve-se considerar que os modelos de Aarts e Thomassen (2008), com intuito distinto do nosso, incluem apenas as percepções de accountability vertical e representação sobre a satisfação com a democracia.

Por outro lado, aqueles que declaram identificar-se com algum partido apresentam menores chances de insatisfação ou indiferença tanto quanto ao desempenho do regime e como às avaliações ruim ou mediana do incumbente político nacional. Os efeitos sobre todas as categorias de respostas são, no entanto, pequenos. De todo modo, como, neste texto, a variável identidade partidária é tomada por uma proxy da percepção da capacidade de representação do regime democrático, essa associação entre as variáveis parece significar a associação entre a percepção da capacidade representativa da democracia e a satisfação com seu funcionamento de um modo geral e com o desempenho do governo de modo particular11. Para a satisfação com a democracia, essa ideia é reforçada pelo fato de que, quando se inclui a variável ‘existe algum partido que

10

Também deve ser destacado que em análise fatorial com as mesmas variáveis da aqui apresentada na Tabela 2, excluindo-se, porém, a identificação partidária, foi encontrada solução com os mesmos 4 fatores, mas as variáveis “preferência por regimes” e “percepção de influência do voto” apresentaram, ambas, cargas fatoriais superiores a 0,7. 11

Em estudo anterior sobre os correlatos da satisfação com a democracia no país em termos longitudinais, entre as variáveis políticas incluídas (avaliação de partidos, avaliação da justiça, avaliação do congresso nacional, avaliação da polícia, avaliação de serviços públicos, avaliação de governo e percepção de influência do voto), “ter identidade partidária” e a “avaliação do governo do momento” foram as únicas variáveis que se mantiveram em todos os testes (Del Porto, 2015).

(22)

22

você gosta?’ no lugar de ‘algum partido representa o seu modo de pensar’, a satisfação com a democracia não sofre seu efeito, apenas a avaliação de governo12.

Até aqui, em geral, as variáveis se ajustam melhor para a explicação da avaliação de governo do que da democracia. A preferência por regimes, no entanto, é bastante correlacionada apenas à satisfação com a democracia, sugerindo que o compromisso normativo com este regime, medido por uma medida realista e, portanto, fundado não apenas na oposição à ditadura como também na oposição à indiferença quanto ao tipo de regime preferido, importa para a avaliação que os cidadãos fazem de seu desempenho em termos práticos. Ressalte-se que a inclusão da medida nos modelo para a satisfação com a democracia não causa problemas de colinearidade, pois a correlação entre ambas é de apenas 0,182 (sig. ,000 - conforme testes do Qui-Quadrado de Pearson e Coeficiente de Contingência). Ademais, como o modelo não permite falar em direção da causalidade, não é possível afirmar se os mais satisfeitos preferem a democracia em função da avaliação que fazem de seu desempenho ou se quando avaliam o desempenho do regime o fazem levando em conta seu conteúdo normativo. De todo modo, os resultados apontam que, mesmo sendo fenômenos distintos, os apoios prático e normativo à democracia estão correlacionados13.

Os resultados apontam ainda que variáveis de acesso à informação - hábito de leitura de jornais e assistência de noticiários nacionais na semana da pesquisa - praticamente não afetaram as chances de satisfação com o desempenho do regime ou do governo. Apenas entre os que se dizem insatisfeitos com a democracia seu efeito é significativo e no sentido esperado, mas muito pequeno.

Finalmente, as variáveis socioeconômicas e de contexto também têm poucos efeitos sobre as duas variáveis dependentes, sendo um pouco mais significativas na avaliação do governo.

As variáveis ‘grupo étnico’ e ‘região’ são as que mais se correlacionam as duas variáveis dependentes nos modelos aqui especificados. A dimensão ‘cor’ tem efeitos

12

Teste não mostrado neste texto. Esta questão será mais bem desenvolvida em outra etapa do trabalho, que procurará entender melhor o papel dos partidos políticos para a satisfação com a democracia no Brasil, tendo em vista esses resultados e também a ausência de impacto da avalição da atuação dos partidos políticos sobre a satisfação com a democracia, resultado preliminar observado quando, ao invés do índice de avaliação institucional, os modelos incluíram as instituições em separado como comentado anteriormente.

13

Seria interessante também medir o apoio normativo à democracia através de medidas de adesão à sua dimensão participativa, tal como fazem, embora com propósito distinto do deste texto, Fuks et. al (2016) e Rennó et al. (2011). No entanto, esta dimensão não está disponível para os dados aqui utilizados.

(23)

23

opostos: os que se definem como brancos têm mais chances de estarem satisfeitos com o funcionamento da democracia, mas avaliam pior o governo. Isso pode sugerir um entendimento de que se trata de dimensões distintas e de não transferir ao regime uma insatisfação com o governo do momento, mas trata-se de uma hipótese muito vaga, que não pode ser avançada no limite dos dados disponíveis. No que se refere à região, embora estas também mostrem algumas pequenas diferenças no tocante à satisfação com o regime, o resultado mais notável, e esperado pelo senso comum dentro do cenário eleitoral de 2014, é o que aponta que os residentes na região sudeste têm quase o dobro de chance do que os habitantes do nordeste de avaliar o governo Dilma como ruim ou péssimo.

Os demais efeitos, apenas para a avaliação do governo, são de pequena monta: as duas primeiras faixas de escolaridade, que incluem aqueles que têm até o ensino médio incompleto, têm chances um pouco menores de avaliar o governo como “ruim/ péssimo” do que aqueles que têm pelo menos ensino superior incompleto. Ainda, aqueles que têm entre 30 e 50 anos mostram menor insatisfação com o governo do que a coorte mais jovem.

Breves considerações finais

Estudando as democracias contemporâneas, Norris (1999), Dalton (1999) e outros redimensionaram o conceito de apoio político de Easton (1965) bem como o entendimento do regime político deste autor. Nesse redimensionamento, os regimes democráticos foram entendidos como compostos por dimensões separadas, mas inter-relacionadas, quais sejam, nessa ordem, os princípios do regime, seu desempenho e as instituições representativas. Trata-se, segundo Norris, de parte de um contínuo que vai da dimensão mais difusa (comunidade política) a mais específica (atores políticos), no qual o desempenho ao regime representa um “nível intermediário de apoio” e difícil de ser apreendido.

Enquanto Gunther e Montero (2003), por um lado, se apoiam na pergunta de satisfação com a democracia para apreender o desempenho do regime e demonstrar sua distinção da dimensão normativa da democracia, Canache, Mondak e Seligson (2001) apontam para as ambiguidades inerentes à pergunta no que tange a captar a percepção do desempenho do regime: cidadãos com traços culturais e socioeconômicos distintos e

(24)

24

provenientes de diferentes contextos, avaliariam a questão de modos distintos e imprevistos a priori, o que prejudicaria a análise comparada de seus resultados.

A parte essas interpretações distintas da medida de satisfação com a democracia, observa-se que a própria definição de desempenho do regime tem sido tratada de modo inespecífico, por exemplo: “satisfação simbólica com os processos pelos quais o país é governado” (Easton, 1975, p.447) ou ainda “satisfação com os trabalhos do regime” (Norris, 1999, p.10). Dada a dificuldade de apreender em termos empíricos essas definições, sua definição mais comum nas análises empíricas, salvo engano, tem sido a que a associa à atuação dos governos do momento ou autoridades. Esta, no entanto, embora possa estar relacionada à dimensão do desempenho do regime, trata-se da parte mais específica do contínuo de apoio político.

Diante desse cenário, este texto, baseado na análise de dados do ESEB 2014, procurou explorar as diferenças e semelhanças entre a satisfação com o desempenho da democracia e avaliação do governo, ainda que de modo preliminar. Em busca de uma definição mais precisa da satisfação com o desempenho do regime democrático, a perspectiva teórica adotada vincula-se à dimensão da responsividade como qualidade do regime democrático que vincula as dimensões procedimentais e de resultados do regime (Diamond e Morlino, 2005; Meneguello, 2010; Norris, 2011). Nesse sentido, a avaliação do funcionamento do regime deve transcender a avaliação circunstancial dos governos do dia, tendo também um componente de mais longo prazo, que se associa à percepção da atuação das normas e instituições democráticas. Os resultados empíricos, embora ainda preliminares, confirmam parcialmente, para o cenário brasileiro pós-eleitoral de 2014, essa hipótese. Os resultados sugerem que os cidadãos preocupam-se, de fato, primeiro com os resultados tanto quando avaliam o regime como quando avaliam o governo: os maiores impactos sobre as duas dimensões provêm das avaliações da situação econômica e das políticas públicas. A avaliação da economia tem, porém, efeito mais expressivo sobre a avaliação de governo. Em seguida, com relação à consideração dos aspectos procedimentais do regime, os resultados são mistos: a preferência normativa pela democracia correlaciona-se, de fato, apenas com a satisfação com a democracia, mas a dimensão institucional do regime só afeta a avaliação de governo.

(25)

25

Referências

Aarts, K.; Thomassen, J. “Satisfaction with democracy: do institutions matter?” Electoral

Studies, 27, p.5-18, 2008.

Baquero, M.; Gonzalez, R. “Eleições, estabilidade democrática e socialização política no Brasil: análise longitudinal da persistência de valores nas eleições presidenciais de 2002 a 2010”.

Opinião Pública, vol.17, nº2, 2011.

Blais, A.; Gélineau, F. “Wining, losing and satisfaction with democracy”. Political Studies, vol.55, p.425-441, 2007.

Booth, J.; Seligson, M. The legitimacy puzzle in Latin America: political support and democracy in eight nations. Cambridge University Press, 2009.

Bratton, M.; Mattes, R. “Support for democracy in Africa: intrinsic or instrumental?” British

Journal of Political Science, Vol.31, Issue 3, p.447-474, 2001.

Canache, D.; Mondak, J.; Seligson, M. “Meaning and measurement in cross-national research on satisfaction with democracy”. Public Opinion Quarterly, vol.65, p.506-528, 2001.

Dalton, R. Political support in advanced industrial democracies. In: Norris, P. (org.). Critical

citizens: global support for democratic governance. Oxford: Oxford University Press, 1999.

______. Democratic challenges, democratic choices: the erosion of political support in advanced industrial democracies. Oxford: Oxford University Press, 2004.

Del Porto, F. B. “Bases da satisfação com o funcionamento da democracia no Brasil (2002-2010)”. Paper apresentado no VIII Congresso Latinoamericano de Ciência Política. Disponível em: < http://congreso.pucp.edu.pe/alacip2015/ponencias/?pagina=47 >. Lima, Peru, 2015.

Diamond, L.; Morlino, L. (eds.). Assessing the quality of democracy. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 2005.

Easton, D. A system analysis of political life. New York: Willey Press, 1965.

______. “A re-assessment of the concept of political support”. British Journal of Political

Science, vol.5, nº4, 1975.

Fuchs, D.; Guidorossi, G.; Svensson, P. Support for the democratic system. In: Klingemann, H.-D.; Fuchs, D. (eds.). Citizens and the State. Cambridge University Press, 1995.

Fuchs, D.; Klingemann, H.D. Citizens and the State: a relationship transformed. In: Klingemann, H.D.; Fuchs, D. (eds.). Citizens and the State. Cambridge University Press, 1995.

Fuks, M. et al. “Qualificando a adesão à democracia: quão democráticos são os democratas brasileiros?”. Revista Brasileira de Ciência Política, nº19, 2016.

Gunther, R.; Montero, J.R. "Legitimidade política em novas democracias". Opinião Pública, vol. IX, nº1, 2003.

Klingemann, H.-D. Mapping political support in the 1990s: a global analysis. In: Norris, P. (org.).

Critical citizens: global support for democratic governance. Oxford: Oxford University Press,

1999.

Linde, J.; Ekman, J. “Satisfaction with democracy: a note on a frequently used indicator in comparative politics”. European Journal of Political Research, vol.42, p.391-408, 2003.

Meneguello, R. “Reeleições: do poder em dose dupla”. Insight, out.-dez.2006.

______. Aspectos do desempenho democrático: estudo sobre a adesão à democracia e avaliação do regime. In: Moisés, J. A. (org.). Democracia e confiança. Por que os cidadãos desconfiam das instituições públicas? São Paulo: EdUsp, 2010.

(26)

26

______. As bases do apoio ao regime democrático no Brasil. In: Moisés, J. A.; Meneguello, R. (orgs.). A desconfiança política e os seus impactos na qualidade da democracia. São Paulo: EdUsp, 2013.

Mishler, W.; Rose, R. “Trust, distrust and skepticism: popular evaluations of civil and political institutions en post-communist societies”. The Journal of Politics, vol.59, nº2, May 1997.

______.Five years after the fall: trajectories of support for democracy in post-communist Europe. In: Norris, P. (org.). Critical citizens: global support for democratic governance. Oxford: Oxford University Press, 1999.

______. “What are the origins of political trust? Testing Institutional and Cultural theories in Post-Communist Societies”. Comparative Political Studies, v.34, nº1, 2001.

______. “Learning and re-learning regime support: the dynamics of post-communist regimes”.

European Journal of Political Research, v.41, nº1, 2002.

Moisés, J. A. Os brasileiros e a democracia: bases sócio-políticas da legitimidade democrática. São Paulo: Editora Ática.

______. “A desconfiança nas instituições democráticas”. Opinião Pública, vol. XI, nº1, 2005. ______. A."Political discontent in new democracies: the case of Brazil and Latin America".

International Review of Sociology, vol.21, nº2, 2011.

Moisés, J. A.; Carneiro, G. P. Democracia, desconfiança política e insatisfação com o regime: o caso do Brasil. In: Moisés, J. A. (org.). Democracia e confiança. Por que os cidadãos desconfiam das instituições públicas? São Paulo: EdUsp, 2010.

Moisés, J. A.; Meneguello, R. (orgs.). A desconfiança política e os seus impactos na qualidade

da democracia. São Paulo: EdUsp, 2013.

Norris, P. (org.). Critical citizens: global support for democratic governance. Oxford: Oxford University Press, 1999.

______. Democratic Deficit: critical citizens revisited. Cambridge University Press, 2011. Pharr, S.; Putnam, R. (eds.). Disaffected democracies: what's troubling the trilateral democracies. Princeton: Princeton University Press, 2000.

Powell, G. B. The chain of responsiveness. In: Diamond, L.; Morlino, L. (eds.). Assessing the

quality of democracy. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 2005.

Rennó, L. et al. Legitimidade e qualidade da democracia no Brasil: uma visão da cidadania. São Paulo: Intermeios; Nashville: LAPOP, 2011.

Rose, R. "Medidas de democracia em surveys". Opinião Pública, vol.VIII, nº1, 2002.

Sarsfield, R.; Echegaráy, F. “Opening the black box: how satisfaction with democracy and its perceived efficacy affect regime preference in Latin America”. International Journal of Public

Opinion Research, vol.18, nº2, 2005.

Seligson, M.; Smith, A. E. The political culture of democracy, 2010. Democratic consolidation in the Americas in hard times. Vanderbilt University, 2010.

Tóka, G. Political support in East-Central Europe. In: Klingemann, H.-D.; Fuchs, D. (eds.).Citizens and the State. Cambridge University Press, 1995.

Referências

Documentos relacionados

Com base no trabalho desenvolvido, o Laboratório Antidoping do Jockey Club Brasileiro (LAD/JCB) passou a ter acesso a um método validado para detecção da substância cafeína, à

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Costa (2001) aduz que o Balanced Scorecard pode ser sumariado como um relatório único, contendo medidas de desempenho financeiro e não- financeiro nas quatro perspectivas de

Após a colheita, normalmente é necessário aguar- dar alguns dias, cerca de 10 a 15 dias dependendo da cultivar e das condições meteorológicas, para que a pele dos tubérculos continue

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem

A evolução sócio-cultural dos homens no cotidiano, na vida profissional, no meio - ambiente e, também, na empresa, provocou uma necessidade de mudanças nas regras de

Neste contexto, o estudo foi realizado em quatro fragmentos, remanescentes de mata ciliar, por meio de levantamento florísticofitossociológico, localizados respectivamente em

Este novo século, é a era do conhecimento e dos avanços das Tecnologias de Informação e Comunicação - TICs, mas também do individualismo, da competição promovida pelo