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MANDADO DE SEGURANÇA Nº / DF

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Academic year: 2021

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Nº 8636 – RJMB / pc

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 29.959 / DF RELATOR : Ministro CELSO DE MELLO

IMPETRANTE : Caixa de Assistência dos Empregados de Furnas e Eletronuclear

– CAEFE

IMPETRADO : Presidente do Tribunal de Contas da União

MANDADO DE SEGURANÇA. REPASSE DE RECURSOS FINANCEIROS DA ELETRONUCLEAR PARA A CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS EMPREGADOS DE FURNAS E ELETRONUCLEAR – CAEFE. AUSÊNCIA DE AMPARO LEGAL. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO E DE ATO JURÍDICO PERFEITO A AMPARAR TAIS TRANSFERÊNCIAS. DETERMINAÇÃO DE DEVOLUÇÃO DE VALORES AOS COFRES PÚBLICOS POR PARTE DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO: POSSIBILIDADE .

1. Descabida a alegação de ausência de caráter definitivo da decisão do TCU que determinou a cessação dos repasses de recursos financeiros da Eletrobrás Termonuclear S/A – Termonuclear para a Caixa de Assistência dos Empregados de Furnas e Eletronuclear – CAEFE ante a decisão da Corte de Contas ter sido proferida em autos apartados do TC 022.849/2006 — no qual proferido o acórdão nº 1.225/2008-TCU-Plenário, que suspendeu tais repasses como medida acauteladora — instaurados com o fim de apreciar, justamente, a regularidade da transferência de tais recursos financeiros.

2. A determinação de devolução dos valores pagos a título de salário ao empregado da Eletronuclear cedido irregularmente à CAEFE decorre não da natureza jurídica da entidade (direito público ou privado), mas sim da origem pública dos recursos a ela transferidos. Precedentes .

3. As transferências de recursos da Eletronuclear para a CAEFE, por não encontrar amparo legal , ainda que amparada em convênio, não se reputa ato jurídico perfeito, vez que a caracterização deste pressupõe observância da lei ao tempo em que se efetuou (LINDB, art. 6º, § 1º).

4. O acórdão nº 1.901/2010-TCU-Plenário não afastou o direito ao plano assistencial dos empregados de Furnas e Eletronuclear, mas, tão somente, reconheceu a ausência de amparo legal que legitimasse o repasse dos recursos financeiros da Eletronuclear para a CAEFE, bem como a ilegalidade da cessão de empregado desta para a referida Caixa de Assistência.

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Trata-se de mandado de segurança fundado nos arts. 5º, LXIX e 102, I, d , da CF, com pedido de liminar, impetrado pela Caixa de Assistência dos Empregados de Furnas e Eletronuclear – CAEFE em face de decisão do Tribunal de Contas da União consubstanciada no Acórdão nº 1.901/2010-TCU-Plenário, que determinou à Eletronuclear a adoção de providências com vistas ao retorno de empregado cedido à CAEFE e a restituição aos cofres públicos dos valores dos salários correspondentes ao período de cessão ilegal.

Sustenta a impetração que a CAEFE é uma associação de direito privado para a qual não se aplica o regime de cessão de servidores públicos, não tendo como ser aplicada a ela a determinação do TCU de restituição dos valores pagos a título de salário. Aduz, ademais, ser temerária a determinação de execução definitiva de “algo que ainda não foi definitivamente decidido pelo próprio Tribunal de Contas”, bem como a violação ao ato jurídico perfeito e ao direito adquirido de seus associados de manterem os planos assistenciais, cujo custeio incumbe à Eletronuclear na forma do convênio firmado.

Requer, ao final, o deferimento da medida liminar para suspender os efeitos do acórdão impugnado e determinar à Eletronuclear que se abstenha de efetuar qualquer medida de cobrança em relação à CAEFE até deliberação do TCU no TC nº 022.849/2008. No mérito, requer a confirmação da liminar para afastar todas as ressalvas e imposições estabelecidas pelo TCU nos processos referidos no Acórdão nº 1.901/2010-TCU-Plenário.

Liminar indeferida. Informações prestadas. Em síntese, o relatório.

O acórdão nº 1.225/2008, proferido nos autos do TC 022.849/2006-0, relativo ao segundo monitoramento do item 9.3.2 do acórdão 1.557/2005, dos autos do TC 010.987/2004-8, que tratou do primeiro monitoramento das ações promovidas pela Eletrobrás Termonuclear S.A – Eletronuclear com vistas à substituição da mão-de-obra terceirizada por servidores concursados.

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Em face da insuficiência das informações prestadas pela Eletronuclear em relação ao montante dos recursos repassados à CAEFE, o Plenário do TCU, por meio do acórdão nº 1.225/2008 (item 9.1) decidiu suspender os repasses, como medida acauteladora , até a deliberação definitiva da Corte de Contas, a ser proferida após as diligências determinadas pelos itens 9.2.1 e 9.2.2 do acórdão nº 1.225/20081, em autos apartados.

Em cumprimento aos itens 9.2.1 e 9.2.2 do acórdão nº 1.225/2008 foi autuado o TC 018.241/2008-0, no qual proferido o acórdão nº 1.901/2010, o qual recusou as razões e justificativas apresentadas pelos responsáveis e, ante da ausência de base legal para o repasse de recursos à CAEFE, bem como para a cessão de um dos funcionários da Eletronuclear para ocupar um cargo de diretoria na Caixa de Assistência, o TCU decidiu pela cessação dos repasses ilegais e pela restituição aos cofres públicos dos valores dos salários correspondentes ao período de cessão ocorrida sem amparo legal.

Assim as determinações do acórdão nº 1.901/2008-TCU-Plenário:

“9.1 determinar à Eletronuclear, com fundamento no art. 45 da Lei 8.443/92, a adoção das medidas necessárias ao exato cumprimento da Lei, mediante a cessação de transferências de recursos financeiros à Caixa de Assistência dos Funcionários de Furnas e Eletronuclear – CAEFE, ante a infração do art. 1º do Decreto 99.509/1990;

9.2 determinar à Eletronuclear que providencie, caso ainda não tenha feito, o retorno do empregado cedido à CAEFE, adotando as medidas cabíveis para que a CAEFE restitua aos cofres públicos os valores dos salários correspondentes ao período da cessão ocorrida sem amparo legal;

9.3 dar ciência desta deliberação à Caixa de Assistência dos Funcionários de Furnas e Eletronuclear – CAEFE;

9.4 determinar à Secex/RJ que monitore o cumprimento dos itens 9.1 e 9.2.”

1 9.2.1 constitua processo apartado com vistas a apurar a regularidade dos repasses realizados pela

Eletrobrás Termonuclear S.A. - Eletronuclear à CAEFE, bem como a possível existência de débito, o valor devido e os respectivos responsáveis, autorizando, desde logo, a unidade técnica a adotar as providências cabíveis para elucidar a questão;

9.2.2 proceda, no âmbito do referido processo apartado, à oitiva da Eletrobrás Termonuclear S.A. - Eletronuclear e da CAEFE, nos termos do § 3º do art. 276 do Regimento Interno, tendo em vista a adoção

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Logo, as deliberações do Plenário do TCU acerca da cessação das transferências de recursos financeiros à CAEFE e de restituição dos valores dos salários do período de cessão ilegal do servidor são dotadas de caráter definitivo , dada a medida acauteladora de suspensão dos referidos repasses ter sido confirmada pelo TCU nos autos do TC 018.241/2008-0, nos termos do acórdão nº 1.901/2010, impugnado na presente impetração.

Ademais, não procede a alegação de não ser aplicável à CAEFE, por ser pessoa jurídica de direito privado, a determinação do TCU de devolução aos cofres públicos dos valores pagos a título de salário ao servidor ilegalmente cedido. É que a atuação do TCU é definida não em razão da natureza jurídica da entidade (pública ou privada), mas sim da origem pública dos recursos e bens (CF, art. 71, II; D.L. 200/67, art. 93; Lei 8.443/92, arts. 5º, II e 8º).

É o que se depreende da ementa do seguinte julgado:

“Mandado de segurança. Tribunal de Contas da União. 2. Prestação de contas referente à aplicação de valores recebidos de entidades da administração indireta, destinados a Programa Assistencial de Servidores de Ministério, em período em que o impetrante era Presidente da Associação dos Servidores do Ministério. 3. O dever de prestar contas, no caso, não é da entidade, mas da pessoa física responsável por bens e valores públicos, seja ele agente público ou não. 4. Embora a entidade seja de direito privado, sujeita-se à fiscalização do Estado, pois recebe recursos de origem estatal, e seus dirigentes hão de prestar contas dos valores recebidos; quem gere dinheiro público ou administra bens ou interesses da comunidade deve contas ao órgão competente para a fiscalização. 5. Hipótese de competência do Tribunal de Contas da União para julgar a matéria em causa, a teor do art. 71, II, da Constituição, havendo apuração dos fatos em procedimentos de fiscalização, assegurada ao impetrante ampla defesa. 6. Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, arts. 9º, §§ 1º e 8º, 119 e 121. Pauta Especial de julgamento publicada com inclusão do processo em referência. 7. Não cabe rediscutir fatos e provas, em mandado de segurança. 8. Mandado de segurança indeferido.” (MS 21.644, Rel. Min. Néri da Silveira, DJ de 08.11.96 – grifo nosso).

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“O dever de prestar contas alcança não só administradores de entidades e órgãos públicos como, também, os de entes paraestatais e até os particulares que recebem subvenções estatais para aplicação determinada (CF, art. 70 e parágrafo único). A regra é universal: quem gere dinheiro público ou administra bens ou interesses da comunidade deve contas ao órgão competente para a fiscalização. Essa prestação de contas, segundo os ditames constitucionais, é feita ao órgão legislativo de cada entidade estatal, através do Tribunal de Contas competente, que auxilia o controle externo da administração financeira, como explicamos no capítulo próprio (cap. XI, item 4.2.1).”2

Por outro lado, descabida a qualificação do convênio firmado com a CAEFE como ato jurídico perfeito. É que, consoante demonstrado pelo TCU, a transferência de recursos da Eletronuclear para a CAEFE não encontra amparo legal e, por isso mesmo, não pode ser reputado ato jurídico perfeito a embasar tais repasses, vez que este pressupõe, a teor do § 2º do art. 6º da Lei de Introdução, a observância à lei ao tempo em que se consumou.

Tampouco há falar em violação direito adquirido à manutenção dos planos assistências dos funcionários da Eletronuclear. É que o TCU não afastou o direito de tais funcionários aos planos assistenciais geridos pela CAEFE, mas, tão somente, reconheceu a ausência de amparo legal para as transferências de recursos financeiros da Eletronuclear para a CAEFE, com base na vedação contida no caput do art. 1º do Decreto nº 99.509/90.

Diante de todo o exposto, opina o Ministério Público Federal pela denegação da segurança.

Brasília, 17 de abril de 2013.

Rodrigo Janot Monteiro de Barros

Subprocurador-Geral da República

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