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Atuação da rede de enfrentamento ao tráfico de pessoas com fins de exploração sexual em Sergipe

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Academic year: 2021

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Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016.

ISSN: 1807-2518

Atuação da rede de enfrentamento ao tráfico de pessoas com fins de exploração

sexual em Sergipe

Lucivânia de Oliveira Lisboa (Residente/ MEC), e-mail: lucivanialisboa@gmail.com; Maria Helena Santana Cruz (NPGED/UFS), e-mail:helenacruz@uol.com.br

Universidade Federal de Sergipe/Serviço Social/Aracaju, SE. Exemplo: 6.10.00.00-0 – Serviço Social 6.10.02.00-3 – Serviço Social Aplicado

Pesquisa executada com recursos próprios do pesquisador.

RESUMO: O tráfico de seres humanos vem

assumindo proporções gigantescas nas últimas décadas, impulsionado pelas desigualdades socioeconômicas, aliadas as de gênero raça/etnia, questões estruturantes do fenômeno tráfico de pessoas. A presente pesquisa, sob a abordagem de gênero, objetiva analisar as representações de gestores e profissionais sobre o trabalho da Rede de Enfrentamento do Tráfico de Pessoas para fins de Exploração Sexual em Sergipe, apontando tendências e desafios enfrentados no cotidiano. Norteia-se pelo método histórico-dialético, o qual busca compreender a questão do Tráfico de Pessoas para fins de Exploração Sexual para além da sua expressão fenomênica, destacando os aspectos singulares e universais, bem como as particularidades do objeto. Foram utilizadas diferentes fontes de informação: bibliografias, documentos, fontes orais por meio da entrevista semiestruturada com mulheres e homens gestores e profissionais das instituições executoras, nos eixos de Promoção, Defesa e responsabilização. Os resultados evidenciam, entre outras questões, a existência de fragilidade/desarticulação da gestão intersetorial nas ações e instâncias das secretarias, falta de comunicação entre diferentes políticas, hierarquização dos serviços, desconhecimento sobre a legislação e estudos sobre o fenômeno.

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Palavras-chaves: Rede de Enfrentamento do

Tráfico de Pessoas. Tráfico de Seres Humanos, Exploração Sexual, Gênero.

INTRODUÇÃO

O tráfico de seres humanos vem assumindo proporções gigantescas nas últimas décadas, e esse quadro tem sido impulsionado pelas desigualdades socioeconômicas, que tem entre alguns reflexos os intensos fluxos migratórios, o qual vem sendo combatido pelos países desenvolvidos através do fechamento de fronteiras e engrossamento da legislação migratória por parte dos países receptores.

Esta pesquisa toma o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual de acordo com a convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo) a definição de Tráfico de pessoas no Artigo 4° do Decreto 6.017/2004

O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto*, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de órgãos (BRASIL, 2004).

Nesta linha de reflexão, conforme Libório (2004), a Exploração Sexual constitui um problema mundial, multifacetado e com raízes complexas. O tráfico de pessoas é um crime que traz consequências graves para suas vítimas e famílias nas suas diversas modalidades – remoção de órgãos, trabalhos forçados e

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Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016.

ISSN: 1807-2518

exploração sexual; trata-se de um problema que atinge todos os países do mundo com a forma de crime organizado transnacional (LEAL & LEAL, 2004).

Considerando a importância da pesquisa acadêmica e com intuito de contribuir para o debate de construção da rede de enfrentamento ao Tráfico de Pessoas em Sergipe, o objeto desta pesquisa aborda o estudo das representações de gestores e profissionais da rede de enfrentamento ao tráfico de pessoas com fins de exploração sexual em Sergipe no período de 2013 a 2014.

Para isto a pesquisa tem como objetivo geral, analisar as representações de gestores e profissionais inseridos no trabalho da Rede de Enfrentamento do Tráfico de Pessoas para fins de Exploração Sexual no estado de Sergipe no período de 2013 a 2014, apontando tendências e desafios enfrentados no cotidiano. Têm-se como objetivos específicos: 1 – Descrever as ações de enfrentamento do Tráfico de Pessoas para fins de Exploração Sexual no âmbito da promoção, defesa e responsabilização. 2– Identificar as respostas do governo sergipano ao tema.

MATERIAL E MÉTODOS

A fundamentação teórica e metodológica que embasa a pesquisa está ancorada na perspectiva dialética de inspiração marxista que implica em considerar o movimento entre o todo e as partes, no qual não é possível pensar o primeiro (todo) sem as últimas (partes) e vice-versa. É objetivo do pesquisador, ir além da aparência imediata e empírica e apreender a essência do objeto em foco, evitando visões reducionistas e moralistas sobre a temática

Como bem destaca Cecília Minayo (2007), a metodologia qualitativa verifica uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto e, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números, visto que se

preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado.

Foram consultadas diferentes fontes

a) fontes bibliográficas: revisão de literatura, livros, artigos, constituindo o primeiro passo do estudo;

b) fontes documentais: diretrizes e princípios norteadores contidos no I e II Planos Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas para Fins de Exploração Sexual e Legislações sobre a Temática: o Código Civil, Código Penal, ECA, entre outros, além de estatísticas estaduais sobre programas e ações de enfrentamento ao fenômeno em foco em âmbito estadual;

c) fontes orais foram obtidas por meio de semi-estruturada com gestoras da Secretaria de Política para Mulheres, Secretaria de Turismo, duas profissionais da Secretaria de Direitos Humanos e do Ministério Público Federal. Os dois homens foram gestores da Policia Federal.

RESULTADOSEDISCUSSÃO

O presente processo investigativo constituiu na análise de programas e ações de enfrentamento ao tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, sob a ótica dos profissionais e gestores das instituições executoras, nos eixos de Promoção, Defesa e responsabilização.

Foi perceptível que as ações de enfrentamento e prevenção a este fenômeno estar em fase de formatação de acordo com os parâmetros nacionais, dificuldades de compreensão da temática e desconhecimento dos dados estatísticos referente a elas. Entretanto, é necessário uma abordagem com maior profundidade, nesta pesquisa a escolha é pela entrevista semiestruturada com profissionais e gestores que atuem em dois órgãos do eixo de prevenção (Secretaria Estadual de Política para Mulheres, Secretaria Estadual dos Direitos Humanos e Secretaria do Estadual do Turismo) e três órgãos do eixo de repressão e

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Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016.

ISSN: 1807-2518

responsabilização (Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Ministério Público da União).

Leal & Leal (2004), afirmam que uma política pública de enfrentamento ao tráfico de pessoas deve ter como característica fundamental a articulação entre as diferentes políticas e setores por meio de uma atuação multidimensional e intersetorial.

A intersetorialidade não é apenas um campo de aprendizado dos funcionários institucionais, é sim também um percurso para construção de novas ações para cada uma das políticas (SPOSATI, 2002).

Apesar da pequena notoriedade dada por esses entes que deveriam trabalhar em rede, a pesquisa é considerada necessária para chamar atenção da sociedade acadêmica, profissionais de outras pessoas que terão acesso a esses resultados, para a dimensão deste crime, suas potenciais vítimas e serviços a serem ofertados para a sua prevenção, repressão e responsabilização. A invisibilidade deste problema e a complexidade da rede criminosa é um dos motivos que dificulta a construção de estatísticas sobre o crime, assim como ações de proteção as vítimas e repressão e responsabilização a rede criminosa.

Na análise dos depoimentos e dos serviços e ações existentes de enfrentamento ao tráfico de pessoas, foi possível verificar que não há uma rede de enfrentamento a este crime, que se constituiu como uma violência a dignidade humana, em Sergipe, porém, torna-se necessário a construção da mesma de maneira articulada, com profissionais capacitados e com conhecimento sobre o tema, assim como é mister que haja uma comunicação interativa entre os componentes da mesma, planejamentos conjuntos, assim como também haver momentos de avaliação dos resultados

CONCLUSÕES

Na análise dos depoimentos e dos serviços e ações existentes de enfrentamento ao tráfico de pessoas, foi possível verificar que não há uma rede de enfrentamento a este crime, que se constituiu como uma violência a dignidade humana, em Sergipe, porém, torna-se necessário a construção da mesma de maneira articulada, com profissionais capacitados e com conhecimento sobre o tema, assim como é mister que haja uma comunicação interativa entre os componentes da mesma, planejamentos conjuntos, assim como também haver momentos de avaliação dos resultados

Aponta-se para a necessidade de superar a fragmentação das ações e serviços governamentais, por meio de um trabalho intersetorial, tanto no campo das políticas públicas, quanto no eixo de defesa e responsabilização. É imperativo que todos assumam a sua responsabilidade na defesa dos direitos de mulheres e crianças. Esta pesquisa não se encerra aqui, pelo contrário, suscitou novas questões que exigem maior aprofundamento do estudo.

REFERÊNCIAS

a. Livro:

LEAL, M. L. & LEAL, M. L. Pesquisa sobre o Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil. Brasília: PESTRAF/CECRIA, 2004

MINAYO, M. C. S. (Org.), Pesquisa social: teoria, método e

criatividade. (13a ed). Petrópolis: Vozes. 2007.

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b. Capítulo de livro:

LIBÓRIO, R. M. C. Exploração sexual comercial Infanto-Juvenil: categorias explicativas e políticas de enfrentamento. In: LIBÓRIO. R. M. C.; SOUSA, S. M. G. A. (orgs.). A

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Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016.

ISSN: 1807-2518

exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil: reflexões teóricas, relatos de pesquisas e intervenções psicossociais. São Paulo: Casa do psicólogo, 2004; Goiânia, GO: Universidade Católica de Goiás, 2004, p. 19-50.

SPOSATI. A. Gestão pública intersetorial: sim ou não? Comentários de experiência. Revista Serviço Social & Sociedade, n.72, São Paulo, Cortez, 2002. p. 133-141.

c- Internet:

BRASIL. Ministério da Justiça. Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo) e leis nacionais. Brasília, Disponível em: WWW.mj.gov.br, acesso em: 02 de dezembro de 2013.

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Anais 2016: 18ª Semana de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A prática interdisciplinar alimentado a Ciência”. 24 a 28 de outubro de 2016.

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