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Revista Do Núcleo de Estudos Estratégicos 3

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 REVISTA DE

 REVISTA DE

ESTUDOS

ESTUDOS

ESTRATÉGICOS

ESTRATÉGICOS

Número

Número 03 03 - - Ano Ano 01 01 Fevereiro/Março Fevereiro/Março de de 20122012

Escatologia Revolucionária

Escatologia Revolucionária

O V

O V

erdade

erdade

iro Ha

iro Ha

vel

vel

Desinformação e Tradução:

Desinformação e Tradução:

Orelhada Ideológica

Orelhada Ideológica

O Nazismo e Igreja Católica

O Nazismo e Igreja Católica

na Alemanha: Colaboração

na Alemanha: Colaboração

ou Resistência?

ou Resistência?

 A R

(2)
(3)
(4)

Escatologia e a

Escatologia e a Obsessão RevolucionáriaObsessão Revolucionária

O movimento revoluci

O movimento revolucionário e a onário e a incapacidade para o incapacidade para o transcendenttranscendentee

Tiago Venson

Tiago Venson

O Verdadeiro Havel

O Verdadeiro Havel

Petr Cibulka, um real dissidente do regime comunista

Petr Cibulka, um real dissidente do regime comunista

 Alex Pereir

 Alex Pereiraa

Desinformação e Tradução: A Orelhada Ideológica

Desinformação e Tradução: A Orelhada Ideológica

Um novo estilo literário de falsiicação

Um novo estilo literário de falsiicação

Hélio Angotti Neto

Hélio Angotti Neto

O Nazismo e Igreja Católica na Alemanha:

O Nazismo e Igreja Católica na Alemanha: ColaboraçãoColaboração

ou Resistência?

ou Resistência?

Parte1: A ascenção do Nazismo e a Igreja alemã

Parte1: A ascenção do Nazismo e a Igreja alemã

Henrique de Albuquerque

Henrique de Albuquerque

 A Religião global

 A Religião global da URIda URI

A United Religions Iniciative, a religião biônica da ONU

A United Religions Iniciative, a religião biônica da ONU

Cristian Derosa Cristian Derosa 1 1 14 14 23 23 27 27 44 44 Resenhas Literárias Resenhas Literárias Vidas Secas Vidas Secas

O brasileiro continua Fabiano

O brasileiro continua Fabiano

Hélio Angotti Neto

Hélio Angotti Neto

 A Tr

 A Tragédia da Redenção Inatagédia da Redenção Inatingíveingívell

Hélio Angotti Neto

Hélio Angotti Neto

 A

 A 1984: A Profecia Moderna de George Orwell1984: A Profecia Moderna de George Orwell

Hélio Angotti Neto

Hélio Angotti Neto

Seção de Livros Seção de Livros 37 37 40 40 42 42 60 60

 Artigos

 Artigos

Literatura

Literatura

Índice Índice

(5)

Retirados de cena a alma e o Absoluto, resta

apenas o combate de Leviatã e Beemoth: o

espírito de rebelião autolátrica que comanda

a História, o espírito de submissão cega e

mecânica à natureza exterior 

(6)

A

nova edição da Revista do Núcleo de Estudos Estratégicos do

Seminário de Filosoa vem com uma nova disposição do nome, atendendo agora como somente Revista de Estudos Estratégicos, o que procura melhor lembrar o tema de seus estudos. Da mesma forma, a imagem que ilustra a capa,  Man of war between two galleys, de Pieter

Bruegel, representando os mares como a grande metáfora inaugural que, trazida da inspiração do mestre Olavo de Carvalho, nos reconstrói o espírito a cada edição, a cada ímpeto de investigação dispendido em sua forma, nas ondas dos mares mais bravos. Não por acaso, iniciamos as páginas com a imagem da serpente, essa eterna inimiga do homem e de Deus, monstro que  pode representar tanto a furtividade que engana a percepção humana quanto

os monstros marinhos colossais obstáculos à toda navegação.

Esta edição traz, em mais um ótimo texto losóco de Tiago Venson, uma importante reexão sobre o tempo, a Eternidade na escatologia cristã, no

contexto da perversão revolucionária de nossos dias. A edição conta também com os artigos de Hélio Angotti Neto, que traz a literatura como um dos grandes interesses do NEE em importantes meditações de certo modo essenciais para o suporte imaginativo e também reexivo dos que pretendem compreender a intrincada trama que o real nos oculta, seja no pantanoso universo brasileiro ou na caótica e por vezes incompreensível estrutura da realidade a qual nos dedicamos a decifrar.

O artigo Desinformação e tradução: a orelhada ideológica, também de

Hélio, demonstra como é exercido o poder deformador dos intelectuais de esquerda na cultura brasileira, o que nos sugere uma realidade ainda mais acabrunhante quando pensamos na legitimidade que intelectuais como Emir Sader gozam no meio editorial e acadêmico do país. Um dos frutos desse tipo de desinformação acarretou erros de interpretação tais como o que é aqui demonstrado por Alex Pereira no artigo, O verdadeiro Havel , que

 para tanto conta com as informações preciosas do dissidente tcheco Petr Cibulka, desmontando a farsa da Revolução de Veludo por meio da Carta 77, o que deu oportunidade para ascensão de intelectuais e políticos como Mikhail Gorbachev, George Soros, Fernando Henrique Cardoso, entre outros comunistas apresentados ao mundo como grandes democratas e libertadores. Somente em uma cultura lentamente anestesiada para qualquer  preocupação com a análise cuidadosa de qualquer assunto, tais técnicas  primárias de falsicação intelectual poderiam alcançar tamanho êxito. Juízos superciais tornaram-se, aliás, a especialidade não só do brasileiro. Em uma época em que cristãos são massacrados sicamente no Oriente Médio e África e

Cartograa da desinformação

(7)

Edição dos Textos: Cristian Derosa , Edson Camargo e Tiago Venson

Edição Gráfca: Alex Pereira Artigos: Tiago Venson, Alex Pereira, Hélio Angotti , Henrique Albuquerque e Cristian Derosa

Revisão Geral: Bruno Machado Coordenação do Núcleo: Jayme Neto

E-mail: contato@neesf.org

 REVISTA DE

ESTUDOS

ESTRATÉGICOS

Número 03 - Ano 01 - Fevereiro/Março de 2012

Publicação do Núcleo de Estudos Estratégicos do Seminário de Filosofa

moralmente em todo o Ocidente, a Igreja Católica ainda sofre com velhas lendas e associações históricas bizarras. Henrique Albuquerque, na primeira parte da

série O nazismo e Igreja Católica na Alemanha: colaboração ou resistência?,

demonstra com ampla referência bibliográca a forte atuação do papa Pio XI e do cardeal Pacelli, desmisticando a lenda falaciosa do “Papa de Hitler”. Toda a imprensa e órgãos ociais governamentais engajaram-se na destruição e marginalização da Igreja Católica, mas não só dela. A Cristandade corre  perigo grave com a inltração comunista e gnóstica, dos quais grande parte

da mesma imprensa segue ordens expressas.

Os movimentos Nova Era, carregados por entidades como a United Religions Initiative, fecham a edição e fazem parte de uma série de artigos, resultado das pesquisas que se iniciaram com a leitura do livro False Dawn, de Lee Penn, levados a cabo por Cristian Derosa e Alex Pereira, dentro do que convencionou-se chamar Grupo de Estudos dos Movimentos Gnósticos. Assim como este grupo, outros grupos surgirão e têm surgido, fruto do interesse e do sentido de vida de cada membro, o que deve orientá-lo na  busca da verdade. E fruto igualmente do esforço no enfrentamento de todos os obstáculos prossionais, emocionais e de isolamento, de períodos de tempestades e calmarias, dúvidas e incertezas, o que certamente deve nos instigar ainda mais a juntar a força necessária para que alcancemos os  propostos objetivos, se Deus assim o quiser.

(8)

Santo Agostinho empreendeu esforços enormes para entender a Santíssima Trindade. Diz a lenda que seu empenho foi tamanho que o próprio Cristo, em forma de menino, veio mostrar-lhe que sua empreitada era tão impossível quanto transferir toda a água

do mar para um buraco na areia usando uma concha1. A despeito

do recado, o Santo não desistiu, mas entendeu que, tomando o estudo da Divindade como manifestação de seu amor por Deus, a inviabilidade de concluir a missão não era um empecilho, mas, ao invés, era a garantia de

que a prova de amor se estenderia por toda sua vida. Ou seja, a

irresignação agostiniana perante o impossível mostrou-se atestado de sabedoria e meio santiicação.

Talvez como prêmio por sua valentia, o Doutor foi iluminado com a seguinte conclusão: A onipotência divina torna viável que os próprios conhecimentos e pensamentos de Deus façam-se realidade. Sendo Deus

onisciente, seria imperativo que tivesse ciência de si próprio. Tal conhecimento de sua própria natureza é o seu logos, ou verbo no sentido do entendimento de si

Escatologia e a obsessão

revolucionária

Tiago Venson Movimento Revolucionário

(9)

próprio. Por fruto da onipotência, o logos manifesta-se como

realidade da substância divina, compondo uma pessoa, Deus Filho. Deus Pai, olhando para seu entendimento de si mesmo, reconhece-se e vê que é bom, e o ama. O verbo, reconhecendo em si o Pai, e percebendo seu amor, o devolve, formando-se um enlace amoroso entre Pai e Filho, uma relação recíproca que, também por fruto da onipotência, consubstancia-se na terceira

pessoa, o Espírito Santo2.

Uma vez que a Santíssima Trindade tem sua existência no plano do eterno, a relação entre as três pessoas é imutável, ou seja, existe desde sempre e para sempre. A estrutura da eternidade pode ser condensada conforme

 ig. 1.

Mas Deus expande essa

estrutura por meio da criação, formando uma segunda camada conforme narrado no Gênesis. Lá, as coisas são feitas e Ele vê que o que Ele criou é bom. Importante notar, partindo das conclusões de Santo Agostinho, e tendo em vista os atributos divinos da bondade, beleza e verdade, que se Deus Pai gera Deus Filho ao reconhecer-se, então na criação Deus Filho está

presente em tudo que é bom, belo e verdadeiro, e incide sobre tais coisas o Espírito Santo.

Por outro lado, a criação não estava mais na eternidade, pois o eterno não tem começo. Portanto, com o advento do mundo,

iniciou-se uma nova estrutura da realidade, dessa vez com começo, mas sem im, denominada evo. A eviternidade caracteriza-se pela ausência de antes e depois, embora lhe sejam aplicáveis3.

Pode-se imaginar o evo como tendo alguma semelhança com os pensamentos, que embora não estejam presos pelos

limites temporais podemos nos lembrar de situações passadas ou planejar atos futuros podem seguir voluntariamente uma linha seqüencial, como quando pensamos em um diálogo. O evo é um intermédio entre o eterno e o tempo, aquele marcado

pela absoluta imobilidade e simultaneidade, este, pela mutabilidade constante e transcurso progressivo de

momentos. Eric Voegelin anota que:

“A estória da busca

como o relato de um

evento participativo

Pai Espírito Santo Filho  Amor  ig. 1

(10)

[Criação] não se origina

nem se desenrola na

dimensão temporal dos

objetos externos nem

na dimensão de uma

eternidade, de um tempo

divino fora do tempo,

mas em algum lugar no

Intermediário de ambos,

isto é, na dimensão

simbolizada por Platão

como a metaxy. A partir

desse fator, abre-se no

 paradoxo a visão sobre

os problemas dos vários

modos do tempo. O

 fator é uma das razões

experienciais que levaram

Platão a simbolizar o

tempo como o eikon

móvel da eternidade.”

4

No evo é que aparece a dúvida de alguns anjos sobre a bondade de Deus e suas transmudações em demônios.5 Ali ocorre a guerra

entre os anjos, a luta entre Miguel e o Dragão, narrada em Apocalipse: 12, 7 . Portanto, a batalha está fora

do tempo, caracterizando uma tensão entre vontades obedientes e rebeladas a Deus, tensão essa que tem relexos no nosso mundo.

Também no evo se cria o

primeiro casal, então em corpos gloriosos, à imagem e semelhança de Deus. Mas, para garantir a

liberdade da inteligência, Deus impôs a proibição de que Adão e

Eva comessem do fruto da árvore do conhecimento. No primeiro efeito, na história, da revolta dos anjos sobre os homens, nossos pais ancestrais desobedeceram a proibição e o mal entrou no mundo.

Com a manifestação do mal,

vêm ao ser os efeitos do mal, entre eles, a corrupção. A maldição de Deus pelo Pecado Original culmina na sentença: Pois tu és pó e ao

 pó retornarás, ou seja, a partir de então, o homem não era mais imortal, mas sujeito à corrupção e desgaste até sua aniquilação com a morte.6

Ora, a corrupção é um fenômeno temporal, pois se caracteriza por uma corrosão que, depois, é maior do que imediatamente antes. Ou seja, a sucessão de momentos torna-se uma propriedade

necessária da realidade onde o mal se manifesta, de modo que surge uma terceira camada do ser, o tempo.

Note-se que o tempo não

decorre diretamente dos planos de Deus, mas do mal, e é permitido por Deus apenas por respeito

ao livre arbítrio. A amplitude do evo, desse modo, é reduzida a uma sucessão de momentos de constantes e ininitas decadências.

Em suas Conissões, Santo

Agostinho explicita a pequenez da extensão do tempo:

De modo que existem

aqueles dois tempos o

 passado e o futuro se o

(11)

 passado já não existe e o

 futuro ainda não veio?

Quanto ao presente, se

 fosse sempre presente

e não passasse para o

 pretérito, já não seria

tempo, mas eternidade.

 Mas se o presente,

 para ser tempo, tem

necessariamente de

 passar para o pretérito,

como podemos armar

que ele existe, se a causa

da sua existência é a

mesma pela qual deixará

de existir? Para que

digamos que o tempo

verdadeiramente só existe

 porque tende a não ser?

(...)

O que agora claramente

transparece é que nem

há tempos futuros nem

 pretéritos. É impróprio

armar que os tempos são

três: pretérito, presente

e futuro. Mas talvez

 fosse próprio dizer que os

tempos são três: presente

das coisas passadas,

 presente das presentes

e presente das futuras.

Existem, pois, estes três

tempos na minha mente

que não vejo em outra

 parte: lembrança presente

das coisas passadas,

visão presente das coisas

 presentes e esperança

 presente das coisas

 futuras. Se me é lícito

empregar tais expressões,

vejo então três tempos e

confesso que são três.

Ou seja, o tempo é um iapo de realidade atual que se mantém em constante e absoluta mutação. O tempo é, portanto, a antítese da eternidade.

Ademais, o tempo, ao contrário da eternidade e do evo, tem

princípio e im. O princípio do tempo ocorre com o pecado e o surgimento do mal. Seu im

ocorrerá com o juízo inal, quando o mal será lançado em um lago de fogo, para ali sofrer a segunda morte, cessando seu efeito

corruptor. A estrutura do ser, então, ica conigurada conforme a ig. 2.

O Pecado Original, tendo provocado a queda de Adão e Eva para a dimensão temporal evento simbolizado pela expulsão do primeiro casal do Jardim

do Éden tem por conseqüência que toda a geração humana nasce na dimensão temporal, tornando impossível seu retorno à eviternidade, dada sua natureza maculada pelo mal. Para abrir novamente essa possibilidade e resgatar o cosmos ao plano de

(12)

logos divino se encarne no ventre de uma virgem imaculada para que exista, no mundo, um novo Adão absolutamente bom, imune à corrupção e, portanto, apto a ingressar novamente no evo.8

Mas não bastava isso, pois todos os homens sendo já atingidos pelo mal, estariam condenados à degradação até a morte. Por isso, Cristo abre o caminho para o evo por meio de um mecanismo que acontece após a consumação da corrupção, com a reversão da morte via

ressurreição gloriosa da carne. Os detalhes desse mecanismo, a visita à mansão dos mortos, a paixão e outros elementos, ainda que interessantes, não têm relação direta com o assunto deste artigo.

Há, entretanto, que se enfatizar a impossibilidade de retorno do homem ao evo a princípio apenas como alma, e depois como corpo glorioso antes da purgação de todo o seu mal. Ou seja, se apenas o que é bom, belo e verdadeiro

pode adentrar o evo, e se o que é bom, belo e verdadeiro consiste em manifestação de Deus Filho sob o amor do Espírito Santo, somente quando os homens abandonam sua natureza

pecaminosa e se tornam como Cristo é que podem ser admitidos nos Reinos dos Céus. Em outras palavras, para que o homem seja aceito nas proximidades do plano eterno, é necessário que ele diga, como São Paulo “já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gálatas: 2, 20). Neste sentido, airmou o então Cardeal Ratzinger:

9

 One is in heaven

when, and to the degree,

that one is in Christ. It is

by being with Christ that

we nd the true location

of our existence as human

beings in God.

Aqueles que se apegam à sua natureza temporal com a morte

Pai

Espírito Santo

Filho

Criação

Guerra entre os anjos Pecado Original

 Amor

Eviternidade

Tempo

(13)

continuam no tempo e, assim, mantêm-se a degradar-se e corroer-se, até o dia do juízo. É possível imaginar o sofrimento de uma alma que, apegando-se durante a vida unicamente ao que é mutável e sensível, encontra-se após a morte carente do corpo, exatamente o fornecedor de todo estímulo sensorial. Nos vivos, a privação completa de estímulos provoca a insanidade em curto prazo. Nas almas, literalmente é o inferno.

Outros, em sua vida não se

moldam totalmente aos atributos eternos da bondade, beleza e

verdade, mas mantém-se em um estado híbrido. Nesses casos, há um pouco de imutável, de Cristo, em seus seres, mas também há algum mal. Ora, o mal se corrói e se extingue a si mesmo se não for alimentado. Com a morte, tais homens permanecem no tempo até que sua parte não cristã se esgote e eles, no que resta de

bondade, possam ascender ao evo. Esse tempo em que permanecem no tempo é a puriicação, ou o purgatório. A respeito, o Cardeal Ratzinger ensina:

However, Clement does

not fall into the trap of

the idea of timelessness

(considered above).

He lights upon a

pro- found anthropological

concept of time which

allows him to say that,

when the one who is

“ascending”reaches

the highest level of

 pneumatic bodiliness,

the pleröma, then at

that moment he enters

sunteleia, perfection,p

and therewith the

eschatological “Day of

God”, the eternal Today.

(…)

The essential Christian

understanding of

Purgatory has now

become clear. Purgatory

is not, as Tertullian

thought, some kind

of supra worldly

concentration camp

where man is forced to

undergo punishment in

a more or less arbitrary

 fashion. Rather is it

the inwardly necessary

 process of transformation

in which a person

becomes capable of

Christ, capable of God

and thus capable of

unity with the whole

communion of saints.

10

Finalmente, aqueles que se desprendem do que é carnal,

mundano e diabólico e se dedicam plenamente ao que é de natureza

(14)

divina, eterna e imutável, são

admitidos imediatamente no evo. Essa explicação do destino das almas mostra-se necessária para deixar evidente que a essência da salvação é o abandono do que é temporal/mutável, por meio de uma escolha consciente de amor a Deus e busca por algo que está no plano da eternidade/ imutabilidade. Essa constatação é bastante antiga. No diálogo Fedon - posto que contenha

alguns raciocínios primitivos ou excessivamente simbólicos - vê-se que Sócrates já capta que o amor da alma pelo imutável é condição para sua felicidade após a morte. Diz-nos o ilósofo:

- Não dizíamos, ainda

há pouco, que a alma

utiliza às vezes o corpo

 para observar alguma

coisa por intermédio da

vista, ou do ouvido, ou de

outro sentido? Assim o

corpo é um instrumento,

quando é por intermédio

de algum sentido que

se faz o exame da coisa.

Então a alma, dizíamos,

é arrastada pelo corpo

na direção daquilo que

 jamais guarda e mesma

 forma; ela mesma se torna

inconstante, agitada, e

titubeia como se estivesse

embriagada: isso, por

estar em contato com

coisas desse gênero.

- Realmente.

- Mas quando, pelo

contrário nota bem! ela

examina as coisas por si

mesmo, quando se lança

na direção do que é puro,

do que sempre existe,

do que nunca morre, do

que se comporta sempre

do mesmo modo - em

virtude de seu parentesco

com esses seres puros - é

sempre junto deles que

a alma vem ocupar o

lugar a que lhe dá direito

toda realização de sua

existência em si mesma

e por si mesma. Por isso,

ela cessa de vaguear e,

na vizinhança dos seres

de que falamos, passa

ela também a conservar

sempre sua identidade e

seu mesmo modo de ser: é

que está em contato com

coisas daquele gênero.

Ora, este estado da alma,

não é o que chamamos

 pensamento?

(...)

- Suponhamos que seja

 pura a alma que se separa

(15)

do corpo: deste ela nada

leva consigo, pela simples

razão que, longe de ter

mantido com ele durante

a vida um contato

voluntário, ela conseguiu,

evitando-o,

concentrar-se em si mesma e sobre

si mesma, e também pela

razão de que foi para

esse resultado que ela

tendeu. O que equivale

exatamente a dizer que

ela se ocupa, no bom

sentido, com a losoa,

e que, de fato, sem

diculdade se prepara

 para morrer. Poder-se-á

dizer, pois, de uma tal

conduta, que ela não

é um exercício para a

morte?

- Sim, realmente é isso.

- Ora, se tal é seu

estado, é para o que se

lhe assemelha que ela

se dirige, para o que é

invisível, para o que é

divino, imortal e sábio;

é para o lugar onde sua

chegada importa para ela

na posse da felicidade,

onde divagação,

irracionalidade, terrores,

amores tirânicos e todos

os outros males da

condição humana cessam

de lhe estar ligados, e

onde, como se diz dos que

receberam a iniciação,

ela passa na companhia

dos Deuses o resto do

tempo. É deste modo,

Cebes, que devemos falar,

ou cumpre-nos procurar

outro?

- Esse mesmo, por

Zeus!

- Segundo me parece,

 pode-se também supor

o contrário: que esteja

 poluída, e não puricada,

a alma que se separa

do corpo. Do corpo,

cuja existência ela

compartilhava; do corpo,

que ela cuidava e amava,

e que a trazia tão bem

enfeitiçada por seus

desejos e prazeres, que ela

só considerava real o que

é corpóreo, o que se pode

tocar, ver, beber, comer e

o que serve para o amor;

ao passo que se habituou

a odiar, a encarar com

receio e a evitar tudo

quanto aos nossos olhos

é tenebroso e invisível,

inteligível, pelo contrário,

(16)

 pela losoa e só por ela

apreendido!

11

De fato, se para a ascensão ao evo é necessário que o homem seja como Cristo, e sendo Deus imutável, o evo é uma dimensão caracterizada pela constância de beleza, bondade e verdade.

Começa a se desenhar a

natureza maléica e diabólica da mente revolucionária, na qual um dos elementos constante é a aversão e quase terror a

qualquer imobilidade, harmonia duradoura, ixidez. Descrever a um revolucionário a felicidade de um casamento monogâmico que dure até o im da vida, ou a alegria de uma vida de estudos cujo im não é a transformação social, mas a simples contemplação da realidade, é semelhante a uma recitação fervorosa do hino da

Segunda Carta aos Filipenses a um possesso: esgares e convulsões.12

Também se vê que o amor pela mutabilidade é

predominantemente revestido de soberba, de um sentimento de superioridade que leva

a conclusão de que ele, o

revolucionário, é capaz de mudar a própria estrutura da realidade. Coincidentemente, o orgulho foi justamente o pecado do primeiro anjo caído.

Ainda, o revolucionário não admite a alteração sutil do mundo, com modiicações naturais mediante acúmulo de conhecimentos e técnicas contra

as quais nenhum conservador se oporia -, mas busca a ruptura do estado anterior por meio da completa inversão do objeto de sua ação. A revolta demoníaca,

semelhantemente, não se contenta com a simples criação de símbolos e rituais próprios, mas prefere a inversão do que é sagrado, como a cruz, os nomes ou a missa.

Mas o aspecto mais

evidentemente demoníaco da mente revolucionária é sua característica de revolta que adquire ininitas facetas, todas elas tendo em comum buscarem se afastar da divindade. A imagem ica clara pelo simbolismo das

catedrais, nas quais as iguras

horrendas esculpidas nas gárgulas estão voltadas para fora, de costas para o altar (Deus), como que

evitando contemplá-lo. Daí sua deformidade. Porém, enquanto o altar é único e localizado no centro, as gárgulas são inúmeras e cada uma delas voltada para uma direção.13 Do mesmo modo,

as manifestações revolucionárias tentam voltar as costas para as esferas superiores da realidade, ou negando-as, ou airmando que os atributos da eternidade e do evo estão, na verdade, no tempo. Eric Voegelin descreve o fato do seguinte modo:

Neste ponto, quando

a resistência à desordem

se transforma numa

revolta contra o próprio

 processo da realidade e

(17)

sua estrutura, a tensão

da existência formativa

no movimento e no

contramovimento

divino-humano da metaxy pode

ruir; a presença do Além,

sua Parusia, não é mais

experimentada como uma

 força ordenadora ecaz,

e, conseqüentemente, o

inquiridor da verdade

não pode mais contar

uma estória que fala

 parte da estória contada

 pela realidade-Isso. No

extremo da revolta da

consciência, a realidade

e o Além se tornam duas

entidades separadas, duas

coisasc a ser magicamente

manipuladas pelo

homem sofredor com

o propósito de abolir

inteiramente a realidader

e refugiar-se no Além,

ou com o propósito

de impor a ordem do

 ,AlémA à realidader. A

 primeira das alternativas

mágicas é preferida

 pelos gnósticos da

 Antiguidade; a segunda,

 pelos pensadores

 gnósticos modernos.

14 Realmente, observando os principais movimentos

revolucionários, percebe-se que todos se concentram no plano temporal ao mesmo tempo em que negam tudo que estiver

acima. Vejamos alguns exemplos. Para formar uma descrição mais esquemática de cada grupo,

descrever-se-á a estrutura da

eternidade como Deus, o evo como paraíso, e o tempo como mundo:

1

O pensamento iluminista da tradição intelectual de Espinosa a Diderot se caracteriza pela rejeição às esferas superiores e airmação de todo o cosmos

apenas no tempo, substituindo a divindade, os milagres e as revelações pela idéia de um bem maior atualizável por meio de leis que incorporam o bem comum. Segundo Jonathan I. Israel, “o que estava em jogo eram duas visões de mundo opostas, uma baseada na Revelação, religião e milagres e a outra rejeitando essa visão em favor de um

determinismo ilosóico e um materialismo enraizado na idéia

(18)

de que não havia um governo

divino do mundo e nem existência após a morte”15. Ou seja, para o

iluminismo, não há Deus e não há paraíso, há apenas mundo.

2

O gnosticismo de Helena Petrovna Blavatsky, Alice Bailey e Rudolf Steiner não nega os atributos superiores, mas os trás para o plano temporal, seja enxertando nos homens os aspectos divinos, seja promovendo uma apologia ao plano temporal de existência, a im de convencer seus adeptos de que o paraíso ica neste patamar de realidade. São comuns citações como:

Esoteric philosophy

shows that man is truly

the manifested deity in

both its aspects – good

and evil.

16

We are all Gods, all

the children of the One

Father, as the latest of the

 Avatars, the Christ, has

told us.

17

No one will ever

dissuade me from

thinking that the real

divide, de real human

conict today, is not

between democrats,

 fascists, communists,

and Christians, but

between those who do

and do not believe that

there is a Humanity to

be constructed over and

above man (to save and

complete Man, to be

 precise). It is a struggle

between Stability and

 Movement.

18

Vê-se então que para essa vertente da gnose, há Deus, mas está no homem, e há paraíso, mas está no mundo.

3

O comunismo marxista segue uma linha

semelhante, porém nega a existência da divindade e põe ênfase na construção de um paraíso terrestre. Como resume Eric Voegelin, “Na raiz da ideia marxiana está uma doença

espiritual, a revolta gnóstica de quem se fecha à realidade transcendente” .19 Há acentuada

apologia ao movimento, aversão à imobilidade e necessidade da revolução como um im em si mesmo: “O que vulgarmente se chama a inalidade derradeira do socialismo nada representa para mim; o movimento é tudo.”  20

Em resumo, o comunismo considera que não há Deus, mas que há paraíso, o qual é realizável no mundo por meio da revolução socialista.

4

Em um último exemplo, vê-se a tentativa do

cientiicismo moderno de

(19)

que permitam a exata previsão e total controle da realidade

temporal, afastando os caracteres qualitativos dos objetos e

airmando a existência pura das quantidades. Nega-se Deus, nega-se o paraíso, e busca-nega-se atualizar a eternidade no mundo.

O que resta claro é que há uma constante em todo

movimento revolucionário, que é a incapacidade de vislumbrar a transcendência. Porém, como todo homem tem no coração uma consciência mais ou menos tênue da eternidade, resta aos

revolucionários tentar trazer para seu alcance teórico - que se limita ao mundo - tais atributos.

É necessário ressaltar que esse procedimento não é exclusivo da mentalidade revolucionária, não sendo, portanto, um critério distintivo. Os denominados

libertarians, por exemplo, também não conseguem vislumbrar as

esferas superiores e as negam.

Entretanto, a negação dos estratos superiores, ou a tentativa de

trazer seus caracteres para o

mundo, é presente em toda mente revolucionária.

Por im, é de se pensar: se a presença das esferas superiores do ser é perceptível em toda alma humana, e a atualização de seus caracteres no tempo é obstada pela própria estrutura da realidade, por que a mentalidade revolucionária continua a buscar novos meios para fugir de tais

constatações? A pergunta é tão irrespondível quanto a questão dos motivos que levaram o maior e mais belo dos anjos a topar uma briga cuja vitória é impossível. Nesses casos, apenas se pode responder que a irresignação perante o impossível mostra-se nada mais que um atestado profano de estupidez.

NOTAS

1 http://www.vatican.va/

holy_father/benedict_xvi/elezione/ stemma-benedict-xvi_po.html

2 AGOSTINHO, Santo. A trindade.

Tradução: Frei Agustino Belmonte, O. A. R. São Paulo: Ed. Paulus, 1995, Livro VI, Cap. 5, p. 224.

3 AQUINO, Tomas de. Suma teológica. Tradução: José Martorell

Capó. Madri: Biblioteca de Autores Cristianos, 2001. p. 158.

4 VOEGELIN, Eric. Ordem e

História. Tradução: Luciana Pudenzi.

São Paulo: Loyola, 2010. Vol. V. p. 50 5 Para uma descrição detalhada, ver: FORTEA, José Antônio. Summa Daemoniaca. Editorial Dos Latidos,

2004. p. 13-18.

6 O mal parece agir como uma espécie de bloqueio à ação criadora de Deus, de modo que aquilo que foi criado, diante desse obstáculo, começa a perecer, em um movimento de “descriação”. De fato, os santos que se afastaram radicalmente do mal deixam a incorruptibilidade de seus corpos como prova, a contrario sensu, dos seus efeitos corrosivos.

7 AGOSTINHO, Santo. Conissões.

Tradução: J. Oliveira Santos e A.

Ambrósio de Pina. Petrópolis: Vozes, 1990. 10 ed. P. 278 e 284.

(20)

Virgem Maria por ação do Espírito Santo. Se o Espírito Santo é o amor entre Deus Pai que se reconhece no Deus Filho, conclui-se que Deus Pai vislumbrou-se tão intensamente naquele homem que iria nascer que a constituição de seu corpo e alma conformou-se totalmente com os atributos divinos - beleza, verdade e bondade - de modo que aquele homem, todo homem, foi inundado com o Espírito Santo sendo, portanto, hipostaticamente também todo

Deus Filho. É de se notar também que a Santíssima Virgem, imaculada e concebida sem pecados, é quase totalmente composta de beleza,

bondade e verdade, tendo como único defeitod ter nascido de uma relação entre pecadores, e não por meio da geração pelo Espírito Santo em um corpo imaculado.

9 RATZINGER, Joseph; AUER, Johann.Eschatology: Death and Eternal Life. Catholic

University of America Press:

1988. O capítulo 7 pode ser obtido em: http://www.google.com.br/ url?sa=t&rct=j&q=ratzinger%20 eschatology%20ch%207&source= web&cd=2&ved=0CCkQFjAB&url= http%3A%2F%2Fwww.ldysinger. com%2F%40magist%2F2005_ Ben16%2FEschatology-Ch_7.doc&ei= GEP9TrSlI9Gctwfa2N3PBg&usg=AFQj CNE-w6IqLwblha2zZyebiUd7FjCfzA 10 Idem.

11 PLATÃO. Diálogos: O Banquete - Fédon - Soista - Político. Tradução:

José Cavalcante de Souza, Jorge

Paleikat e João Cruz Costa. São Paulo: Abril, 1972. P. 89-92.

12 A diferença é que o demônio, mais sincero, dobra o joelho ante a verdade, conforme relata o Pe. Gabrielle Amorth, em habla un

exorcista, na tradução de Juan Carlos Gentile Vitale, Ed. Planeta, 1997, p. 13.

13 Esse símbolo aparece também nos exorcismos. Nos exemplos

contidos na summa daemoniaca,

vê-se que, quando um demônio se apresenta como tristeza, o exorcista o expulsa confrontando-o com a felicidade que está em Deus. Se o demônio aparece como soberba, o exorcista lhe prega sobre a humildade de Deus que se fez homem. É como se o padre girasse a gárgula a força, compelindo a escultura a encarar o altar, de modo que o demônio, não suportando a visão, fosse obrigado a abandonar o ediício.

14 VOEGELIN, Eric. Ordem e História. Tradução: Luciana Pudenzi.

São Paulo: Loyola, 2010. Vol. V. p. 58-59.

15 ISRAEL, Jonathan I. Iluminismo Radical . Tradução: Cláudio Blanc. São

Paulo: Madras, 2009, p. 113-114. 16 H. P. Blavatsky, apud PENN, Lee. False Dawn. Sophia Perennis,

2005, p. 249.

17 A. Bailey, apud PENN, Lee.

False Dawn. Sophia Perennis, 2005, p.

262.

18 Pierre Teilhard de Chardin, apud PENN, Lee. False Dawn. Sophia

Perennis, 2005, p. 292.

19 VOEGELIN, Eric. Karl Marx, em Estudos de Idéias Políticas - de Erasmo a Nietzsche, Lisboa: Ática, 1996.

20 BERNSTEIN, Eduard, apud VOEGELIN, Eric. Karl Marx, em

Estudos de Idéias Políticas - de Erasmo a Nietzsche, Lisboa: Ática, 1996.

(21)

O dissidente possui o maior arquivo particular, com

ichas dos agentes e colaboradores do serviço secreto

comunista da antiga Tchecoslováquia, e desmascara

a maior operação de desinformação do século XX

Petr Cibulka em uma reunião com o governo de transição, em 1989

O Verdadeiro Havel

Em agosto de 1968, quando os exércitos do Pacto de Varsóvia invadiram a Tchecoslováquia e seus tanques massacraram a população nas ruas de Praga esmagando os protestos, o país virou um símbolo da luta contra o totalitarismo comunista no mundo. Jan Palach, estudante de 20 anos, em um ato de desespero, imolou-se pelo fogo e foi imortalizado como mártir da luta pela liberdade do país. Os anos se passaram, mas o regime pós 68 acabou colocando o país sob total inluência da URSS. Após 20 anos, houve a queda do comunismo, na chamada Revolução de Veludo, e o então prisioneiro e dissidente Václav Havel assume a presidência em um conto de fábulas repleto de

mentiras.

Petr Cibulka, jornalista e dissidente político tcheco, nasceu em 1950, na cidade de Brno, na província da Morávia. Foi preso cinco vezes pelo regime comunista, do período de 1979 a 1989, chegando a fazer uma greve de fome de 31 dias. Participou do movimento Carta 77, sendo um dos primeiros a assinar o manifesto. Libertado da prisão em 17 de novembro de 1989, em plena Revolução de Veludo, acreditou que com o im do comunismo, aconteceriam mudanças democráticas no país. Bastaram algumas semanas após a queda do regime, para perceber que tudo era um teatro armado Desinformação  Alex Pereira

(22)

pelos comunistas, e que o poder e o dinheiro continuariam nas mesmas mãos.

A privatização ocorrida da noite para o dia seguiu os preceitos russos de passar todo o

estado para os membros da KGB, StB e do partido comunista. Sua história de perseguido político, sofrendo prisões

e interrogatórios, não havia terminado com o im do regime, mas continuou no governo de seu ex-amigo, o então presidente Václav Havel, o qual Cibulka chamou de “porco” e traidor, e que, segundo ele, trabalhava para os comunistas.

Após ser o único a divulgar uma lista com mais de 160 mil nomes de oiciais e informantes do serviço secreto tchecoslovaco, a Státní bezpečnost, ou StB, através do seu website (www.cibulka.com), sofreu perseguições e numerosos processos judiciais.

Atualmente é uma das poucas vozes que denuncia a continuidade dos comunistas no controle da República Tcheca.

Segundo Cibulka, os últimos dois presidentes, Václav Havel e o atual Václav Klaus, são agentes de Moscou.

Ele lembra que as conexões do governo tchecoslovaco com os comunistas vêm de antes da Segunda Guerra Mundial, quando o então presidente Edvard Beneš já lertava com Stálin, na esperança de criar uma alternativa ao

Ocidente.

Depois da anexação nazista em 1939, Beneš montou um governo de exílio em Londres, junto com iguras como Jan Masaryk, Josef Korbel (pai da ex-secretaria de estado norte-americana Madeleine Albright) e Pavel Kavan (pai do ex-secretário da Assembleia Geral da Onu, Jan Kavan), todos membros do Comintern (Internacional Comunista).

Em 1943, o presidente Beneš e representantes do governo foram até Moscou assinar um tratado de cooperação e amizade com a URSS, sob os termos unilaterais de Stálin. Winston Churchill desaprovou a atitude de Beneš, já prevendo os resultados catastróicos do acordo.

Cibulka explica que o plano de dissolução do comunismo na União Soviética e no Leste Europeu foi um grande embuste, planejado nos mínimos detalhes. Tudo isso era parte de uma estratégia maior, que tem como objetivo a derrota dos países livres do Ocidente, principalmente o maior inimigo do comunismo, os Estados Unidos.

A iniltração maciça de agentes e espiões nos altos escalões dos governos, instituições de ensino e pesquisa, e organizações das mais variadas, possibilitou corroer o sistema de dentro para fora. Os comunistas criaram uma série de partidos, com denominações variadas, como forma de manter o

“ Václav,

você é um

(23)

controle político oculto da vista da população.

Cibulka criou um partido conservador tcheco, chamado Bloco de Direita, mas vem conseguindo pouco espaço no cenário político, boa parte pela censura da mídia do país, e também pela total apatia dos tchecos após décadas sob o regime ditatorial socialista.

 A infiltração comunista

no Ocidente

Quando Cibulka cita o caso de Josef Korbel, percebemos a rede global de agentes e colaboradores comunistas, atuando iniltrados nos países democráticos. Ele não entende porque o governo americano aceitou Korbel, um agente do serviço secreto de Moscou, membro do Komintern, nos postos mais altos da faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Denver.

A ilha de Korbel, Madeleine Albright, seguiu a carreira do pai, sendo pesquisadora ‘sênior’

de institutos de pesquisas dos Estados Unidos, especialista em Estudos Soviéticos. Trabalhou como analista para o governo norte-americano, e o ponto alto de sua carreira foi ter sido escolhida no governo Clinton, como a primeira mulher a ocupar o cargo de Secretária de Estado. Ele diz que as decisões do país foram profundamente comprometidas com a escolha de Albright.

Também lembra da sobrinha de Korbel, Dagmar Simova-Deimlova, que morou com o tio em Londres na Segunda Guerra Mundial. Dagmar trabalhou durante 42 anos na agência de notícias do governo tchecoslovaco, a ČTK, no setor de notícias internacionais, um cargo de coniança. O fato de seu tio ser um professor universitário de renome na América, sua prima ter uma ascendente carreira política nos EUA, e Dagmar não sofrer nenhuma discriminação no país, seria algo impossível de acontecer sob circunstâncias normais.

Korbel também foi o mentor da Secretária de Estado do governo George W. Bush, Condoleezza Rice. Ela pretendia estudar música na Universidade de Denver, mas foi incentivada por Korbel a ingressar na faculdade de Ciências Políticas. Cibulka diz que isso comprometeu todas as decisões

Os arquivos que Cibulka tem da STB contam com mais de 160.000 nomes

(24)

da política externa e militar do governo Bush, principalmente em relação a Rússia.

Tanto Madeleine como Condoleezza, segundo Cibulka, provam o alto grau de iniltração do serviço secreto comunista no governo norte-americano.

A Rússia, segundo ele, inge atualmente ser uma parceira estratégica dos EUA em troca da ajuda econômica. Mas ela continua cumprir o seu velho papel de organizadora da frente mundial para destruição da América.

 A Carta 77, Soros e Moscou Em 1976, a prisão de membros do grupo de rock Plastic People of the Universe, serviu para o início do movimento cívico contra a repressão no país, chamado Carta 77. Entre os seus fundadores estavam o dramaturgo Václav Havel, intelectuais, personalidades entre outros. Das 217 pessoas que assinaram a declaração da Carta 77, 156 eram ex-membros do partido comunista.

Durante os seus 13 anos de existência (1976-1992), o movimento nunca teve nenhuma inluência política na Tchecoslováquia. Em 1989, nas vésperas da Revolução de Veludo, o movimento chegou a ter 1.900 membros, a maioria sem saber os reais objetivos da organização.

Contava com colaborações milionárias, coordenadas pela ONG sueca Fundação Carta 77. Um terço da organização era

inanciada por George Soros, que também colaborava na mesma época com o movimento polonês Solidarność. Documentos suecos entregues ao dissidente Miroslav Dolejsi indicam que a ONG era parte de uma operação controlada pela KGB e a GRU.

A Carta 77 foi um fantoche nas mãos dos comunistas, que possibilitaram uma transição política pacíica do país, sem levantar suspeitas, com seus mártires fabricados, prontos para seguir a cartilha de Moscou.

Após a queda do comunismo, Soros se tornou um dos maiores investidores no país, e instalou na capital várias organizações de sua Open Society, como o Project Syndicate, uma associação de 439 jornais de mais de 150 países, com um total de tiragens de 50 milhões de cópias, sendo a maior organização para comentaristas de mídia no mundo. Entre seus colaboradores estão Jimmy Carter, Mikhail Gorbachev, Fernando Henrique Cardoso, Václav Havel e diversos intelectuais e personalidades, homogeneizando a chamada opinião pública global. Václav Havel

O famoso dramaturgo foi o símbolo dos dissidentes no regime comunista. Filho de uma das famílias mais ricas de Praga, proprietária dos estúdios cinematográicos Barrandov, que colaboraram com a Gestapo na Segunda Guerra Mundial. Após

(25)

a guerra, sua família não foi acusada de colaboracionismo com os nazistas. Automaticamente passaram de lado, e começaram a trabalhar com a GRU e a KGB, sob proteção dos comunistas.

Václav Havel cursou a faculdade de Economia em Praga de 1955 até 1957, e de 1962 até 1966 cursou dramaturgia na Academia de Teatro (DAMU).

Em 1964, Havel encontrou em sua caixa de correspondências um panleto anticomunista, e como um bom cidadão socialista, denunciou, entregando a propaganda para o representante do governo no seu bairro, que repassou para a StB. Logo após isso, foi contatado por um oicial da StB que fez uma visita de cortesia. Durante a conversa, o oicial perguntou para Havel quais de seus amigos poderiam escrever o panleto, e ele entregou uma lista de vários conhecidos capazes disso.

Václav Havel ingressou nos quadros da StB, sendo considerado um agente de grande credibilidade. Viajou em 1968 para a Europa Ocidental e para os Estados Unidos. Em 1969, escreveu um protesto

enviado ao Partido Comunista Tchecoslovaco. Foi o começo da criação do seu mito de dissidente. Em 1975, escreveu uma carta aberta para o Presidente Gustáv Husák, analisando a situação da sociedade e da política do país, e em 1º de janeiro de 1977, assinou a Carta 77, tornando-se o principal porta-voz do movimento. Isso provocou a sua prisão durante quase cinco meses nesse mesmo ano, e outras duas em 1978, sendo libertado em maio de 1983, por razões de saúde. Foi preso mais duas vezes em 1988, e em janeiro de 1989, foi condenado a nove anos de reclusão, saindo e voltando a cumprir alguns dias de prisão no inal de 89, em plena Revolução de Veludo. No inal de dezembro do mesmo ano, foi nomeado Presidente da Tchecoslováquia, com grande aclamação pública.

As regalias de Havel na prisão são fortes indícios de suas conexões com o regime comunista. Pôde escrever seus livros no cárcere, como o best-seller Cartas para Olga, algo impensável para os prisioneiros do regime.

Havel era aclamado nas

(26)

ruas como um santo libertador, incorporando a mística de São Venceslau (Svatý Václav), padroeiro do país. A imagem de Havel criada pelo serviço secreto comunista foi a de um mártir, símbolo da luta pela liberdade da nação. Menos para seus conhecidos mais próximos.

Descrito por amigos íntimos como uma pessoa ingênua e inluenciável, com personalidade não combativa, extremamente individualista, incapaz de assumir responsabilidades e de nunca ajudou ninguém na vida. Um peril totalmente oposto do que se espera de um líder.

Houve relatos como o do cineasta Stanislav Milota e o ativista político John Bok, que participaram das reuniões de Havel com agentes da KGB em 1989, deinindo o seu futuro e o do país. Ele foi conscientemente manipulado, sempre sob as ordens da inteligência comunista, que o colocou como líder do movimento dissidente.

Negociou toda a transição política do país, garantindo a total anistia aos comunistas, bem como continuidade do seus poderes políticos e econômicos. O repasse na privatização das propriedades, bens e empresas do governo para

as mãos dos comunistas e russos criou um mal estar entre os seus antigos companheiros dissidentes, provando tudo o que Petr Cibulka havia dito.

Václav Klaus

O atual presidente da República Tcheca é o ex-primeiro ministro do governo Havel, Václav Klaus. Segundo Cibulka, existem rumores de que seu verdadeiro nome seja Václav Pruzhinskiy (de origem russa), sendo que isso nunca foi desmentido por Klaus.

É conhecido no Ocidente como um político conservador (ex-aluno da Cornell University -1969), e crítico do aquecimento global e da União Europeia, mas sempre serviu os interesses de Moscou.

Iniciou sua carreira como agente da StB em 1962, aos 21 anos, quando era estudante de Economia em Praga. Seu codinome era “Vodichka”, e espionava as atividades políticas de seus colegas de classe.

Em 1970, Klaus participou da

Putin condecorou Klaus com a Medalha Pushkin,  por serviços prestados a cultura russa

(27)

Operação Ratoeira, feita pela StB em conjunto com a KGB. Ele foi apontado como um anti-socialista descontente, sendo expulso do Instituto de Economia de Praga. O objetivo era colocar Klaus como um dissidente vítima do regime, para poder penetrar em círculos anticomunistas e espionar suas atividades. A operação foi bem sucedida, e Klaus monitorou as atividades da oposição. Nessa época, estabeleceu um contato secreto com o líder dissidente Václav Havel.

Durante 15 anos, Klaus teve uma carreira no Banco do Estado (algo incomum para os dissidentes e críticos do regime comunista) e gozava do privilégio de poder viajar.

Klaus foi oicialmente reabilitado pelo governo em 1987, quando ingressou no Instituto de Prognósticos Econômicos da Academia de Ciências, uma cópia da instituição com o mesmo nome em Moscou, fundado pelo general da KGB Michail Ljubimov, sob as ordens de Yuri Andropov. Klaus espionou as atividades dos membros para o serviço secreto, mantendo a reputação de subversivo.

Em 1989, Klaus entrou na política como membro do Partido do Fórum Cívico, o futuro ODS (Partido Democrático Cívico), e foi nomeado ministro das Finanças. Três anos mais tarde ele se tornou primeiro-ministro do país.

Amigo particular de Vladimir

Putin, presente no dia de sua posse na Presidência da República, foi condecorado com a Medalha Pushkin, pelos seus serviços prestados na divulgação da cultura russa.

A opinião de Klaus contra o aquecimento global segue os interesses da gigante energética russa Gazprom, que inanciou a edição em russo do seu livro Planeta Azul e Algemas Verdes, uma crítica contra o movimento ambientalista e a tese do aquecimento global. No seu novo livro, Europa?, ele ataca a União Europeia, agradando a opinião do seu amigo Putin, da União Eurasiana.

Klaus saiu em defesa da Rússia na guerra da Ossétia do Sul, e é pessoalmente contra o sistema de defesa antimísseis europeu proposto pelos Estados Unidos, contra futuras ameaças de mísseis intercontinentais vindos do Oriente.

Bill Clinton

Cibulka acredita nos rumores de que Bill Clinton seja um agente comunista, recrutado pelo serviço secreto tchecoslovaco após sua viagem para URSS, em 1970.

Também acredita no envolvimento do ex-vice-presidente Al Gore com a espionagem comunista. O fato de eles terem rejeitado a extradição de Osama Bin Laden do Sudão para os EUA, nos anos 90, demonstra, para Cibulka, o interesse russo em usar Bin Laden nos seus

(28)

planos, que culminaram no 11 de setembro.

Cibulka cita a viagem para Praga feita pelo senador republicano Alfonse D’Amato (NY) em 1992, investigando a passagem de Clinton nos países do bloco comunista em 1970. A investigação acabou não produzindo resultados positivos, por causa do então governo tchecoslovaco, que ocultou todas as informações sobre a passagem de Clinton pelo país. Segundo Cibulka, Moscou não icaria muito feliz se alguma informação vazasse.

Vladimir Putin e o objetivo comunista

Putin é um coronel da KGB treinado para a manipulação e o engano, e tem a missão de destruir os Estado Unidos. É essa a visão de Cibulka, que estudou por mais de 30 anos o modus operandi

dos serviços secretos comunistas. Para Putin e a KGB, não importam os meios necessários para alcançar esse objetivo, mesmo às custas da autodestruição da Rússia. O movimento comunista internacional domina o crime organizado. De acordo com alguns analistas, um quinto do dinheiro do mundo é propriedade de grupos criminosos sob controle de Moscou. Isso inclui

o mercado de drogas, de armas, a lavagem de dinheiro, prostituição, entre outras contravenções. São armas revolucionárias. Cibulka diz que milhares de prostitutas russas foram enviadas para os EUA, com o objetivo de prejudicar o espírito e a moral norte-americana. Esses são os velhos truques tomados emprestados de Sun Tzu. Eles trabalham para destruir seus inimigos por dentro, a partir dos seus valores, ideais e símbolos. Depois que o inimigo está enfraquecido, ele pode ser subjugado facilmente.

Ele cita o livro de Victor Suvorov, Spetsnaz: A História Interna das Forças Especiais Soviéticas, sobre as operações de membros das Spetsnaz já operando nos Estados Unidos, e se preparando para uma guerra. Para a Rússia, se torna muito mais vantajoso lutar em território norte-americano, do que em solo russo. Cibulka diz que para se compreender esses fatos, você precisa ver através dos olhos do inimigo. A Rússia sabe que a China é um risco futuro, mas os EUA são um risco presente. Por isso, eles sabem da importância de superar essa ameaça, fortalecendo o pólo estratégico asiático, através da Eurásia, criando um cenário global multipolarizado e assegurando os interesses de russos.

(29)

Cibulka pensa que os EUA terão motivo para se sentirem culpados por terem subestimado a ameaça do comunismo e abandonado aqueles que estão lutando contra a ideologia em todo mundo. Para ele, no inal, os EUA terão que pagar um preço muito alto pela sua negligência, e infelizmente, isso já está acontecendo.

NOTAS

-Spetsnaz: A História Interna das Forças Especiais Soviéticas de Victor Suvorov  -http://www.jrnyquist.com/ cibulka_2005_0417.htm -http://www.tldm.org/news4/ cibulka.htm -http://www.freerepublic.com/ focus/f-news/1594744/posts

-And Reality Be Damned... Undoing  America: What Media Didn’t Tell

You About the End of the Cold War and the Fall of Communism in

Europe

 -http://pdfcast.org/ paid/9781609111663 -The Velvet Philosophical Revolution

http://frontpagemag.

com/2010/02/15/the-velvet-philosophical-revolution/ Historical Deceptions: Fall of Communism. From the World Affairs Brief 

http://www.worldaffairsbrief. com/keytopics/Communism. shtml

-Dark secret of new EU president Vaclav Klaus Robert Eringer http://cryptome.org/0001/ vaclav-klaus.htm -Václav Klaus a KGB… http://smrk.blog.idnes. cz/c/106155/Vaclav-Klaus-a-KGB. html

-Pavel Žáček: CELOSTÁTNÍ PROJEKT RUSKO-ČESKÉHO KOMUNISTICKÉHO GESTAPA StB “KLÍN” NA INFILTRACI A

ROZVRÁCENÍ OPOZICE!!! DODNES AKTUÁLNÍ!

http://www.cibulka.net/ wp/?p=3066

-KGB Yesterday, Today, and Tomorrow

http://frontpagemag.

com/2010/07/06/kgb-yesterday-today-and-tomorrow-2/

-The Case Of George Soros http://www.rense.com/

general61/thecaseofgeorgesoros. htm

-In Eastern Europe Things Are Not What They Seem

-An interview with Petr Cibulka http://www.cibulka.

net/petr0/view.

php?cisloclanku=2005070204 -Prague Declaration on European Conscience and Communism

http://www.sinagl.cz/phpbb2/ viewtopic.php?p=12287&sid= 36a6a59b9b12580a1925962d 6c126995

-Clash Of The Dissidents Posted: December 22, 1993 By Hider, James

-http://www.praguepost.com/ archivescontent/11804-clash-of-the-dissidents.html

(30)

Não é à toa que qualquer um dedicado à vida intelectual precisa recorrer aos originais.

Deparei-me recentemente com um livro que despertou instantaneamente minha atenção. Escrito por Alain Besançon, a pequena obra intitulada “Infelicidade do Século” expunha os crimes e as razões de ser do nazismo e do comunismo, ressaltando o sofrimento judeu e um fato curioso, senão imoral: o excesso de atenção dada ao nazismo na mídia e nas discussões políticas, e o descaso absurdo com o comunismo e seus resultados ainda mais aterradores que os resultados do partido de Hitler. Besançon, num poder de síntese louvável, explica bem o caráter messiânico do comunismo, e como o mesmo se autoriza a praticar os maiores males com as melhores promessas, utópicas, certamente.

“Le Malheur du siècle”, um livro que critica o esquecimento dos crimes comunistas, e mostra como a

carapuça de santidade  pode promover na

 prática males muito maiores do que o nazismo.

Mas não quero falar do livro em si. Basta o que foi dito como incentivo à leitura. O que me surpreendeu foram alguns detalhes editoriais e de tradução para o português. Estranhando os detalhes, descobri que o tradutor era ninguém mais, ninguém menos, que Emir Sader. Ele mesmo, o do Getúlio com “LH”.

Desinformação e Tradução:

 A Orelhada Ideológica

Um novo estilo literário se aproxima: é a

orelhada, uma falsiicação do conteúdo real

do livro em sua própria orelha, e a técnica já

possui representantes no Brasil. Em suma: mais

uma forma gerada pela pior parte da esquerda

brasileira (ou melhor?) para enganar tapados.

(31)

Emir Sader, ele mesmo, aquele do Getúlio com LH! Agora fazendo

mágica com etimologia de fundo de quintal.

No original, Alain Besançon descreve que ocorreu uma amnésia em relação ao comunismo (l’amnésie du communisme) e

uma hipermnésia em relação ao nazismo (l’hypermnésie du nazisme). Hipermnésia, para

qualquer brasileiro alfabetizado de forma razoável, e que teve algumas poucas aulas de etimologia, remete à “hiper” (muito) e “mnésia” (lembrança, recordação). O nazismo está na mídia, está em Holywood, está nas discussões políticas e nos exemplos dados

pelos professores de história por todo nosso país. Basta falar do século XX e o bigode de Hitler aparece. Os gritos histéricos e a gesticulação exagerada dos dicursos de Hitler despertam sem dúvida nenhuma muito mais repúdio do que o sorriso maroto escondido pelo bigode de um Stálin tão bem retratado pela propaganda comunista.

Na memória das massas o nazismo  permanece como um  grande mal enquanto

o comunismo muitas vezes é exaltado como utopia adequada e

(32)

 Aí está o grande mal. Ideologias que  pregam ins um

 pouco diferentes (o comunismo tem um cunho mais

universalista), mas que empregam métodos  semelhantes. Só que a ideologia travestida de boas intenções tem um potencial de destruição incrivelmente maior  justamente pela

camulagem que usa. E eis que Emir Sader, num passe de mágica, traduz hipermnésia como... Hiper-amnésia! Claro que qualquer leitor atento compreende logo o sentido proposto por Besançon, aliás, muito claro em sua exposição, mesmo após o prejuízo imposto pela má tradução. Mas ouso dizer que ler hiper-amnésia é tão contraditório que às vezes a concentração parece falhar. Ainal de contas, Sader transformou um excesso de recordação em um super-esquecimento!

Ainda mais absurdo é o que se encontra na orelha do livro. Emir Sader comenta casualmente que o tema do livro é justamente não permitir que o nazismo seja esquecido. Isso mesmo! Não estou brincando, e nem li no local errado.

Na tortura mental que é a leitura das palavras do Emir, a explicação se inverte. Mas como o tradutor é um cara muito legal, ele concede um pouco de crédito à sua vítima, digo, ao autor do livro. Emir escreve que apesar de Besançon ser conservador, sem dúvida nenhuma uma qualidade que impede a racionalidade na maioria dos seres humanos, sua obra permanece como um libelo contra a opressão, ou alguma porcaria do tipo. Que bom que Sader gasta um pouco de sua misericórdia para com Besançon, não? Mas não é que o danado do Emir consegue jogar até mesmo um pouco de veneno contra os judeus na questão da Palestina no pouco espaço das orelhas do livro? É um prodígio!

Nas orelhas do livro,

Emir dá suas orelhadas. Ele fala de imperialismo, capitalismo, busca de  poder, um excesso de

atenção aos crimes do comunismo, uma neutralização da memória dos crimes nazistas por causa das maldades que os  judeus fazem contra os  palestinos... Mas de que

livro Sader está falando ainal?

(33)

As conclusões desse iasco ao qual alguns imbecis deram o nome de tradução só podem estar incluídas entre as seguintes hipóteses:

1

Emir Sader é uma pessoa honestíssima, mas além de não saber interpretar textos, incluídos os que ele acaba de traduzir, também não compareceu às aulas de etimologia. Resumindo: Emir Sader pode até ser honesto, se for escandalosamente burro ou mal preparado.

2

Emir Sader errou de forma consciente num ato de má-fé evidente e inegável. Distorceu as idéias e palavras de Alain Besançon e dele fez pouco caso. Já que não conseguiu, ou não consegue, evitar a tradução de uma obra literária de um conservador, o que resta a ser feito é sabotar o mesmo, distorcendo e deturpando sua obra, tentando usá-la para o im contrário desejado pelo autor.

3

Se Emir Sader cometeu tais atos movido por má-fé, considera que seus alunos e seus leitores são incrivelmente estúpidos, ou até mesmo portadores de grave retardo mental ou de uma preguiça irresistível. Esperar obter algum resultado ideológico prático operando erros grosseiros de tradução e interpretação (como os que foram feitos) utilizando as orelhas do livro e mudando

algumas palavras é o mesmo que não contar com a leitura atenta do livro, ou contar com sua não compreensão. Resumindo Emir Sader só teria crédito em meio a alunos imbecilizados, preguiçosos e incapazes de ler e/ou apreender o conteúdo de uma leitura relativamente clara e fácil.

4

Na verdade Emir Sader é honesto e traduziu correto. O culpado é o responsável pela edição, um perigoso ideólogo que tentou destruir a carreira de Emir Sader esculhambando com sua obra na tradução do livro de Besançon.

Considerando esse excelente trabalho auto-difamatório realizado pelo Emir Sader, seria necessário dizer pouco mais, mas ica a discussão da contra-capa como um exemplo do nível baixo de desinformação à qual a juventude brasileira está submetida.

Buscando mais informações sobre a porcaria feita na tradução brasileira, respirei aliviado ao ver que outros já haviam testemunhado sobre o absurdo. Abaixo, alguns links onde críticas excelentes e de maior mérito podem ser encontradas:

www.olavodecarvalho.org/ convidados/0098.htm www.olavodecarvalho.org/ semana/05272002globo.htm www.olavodecarvalho.org/ semana/080925dce.html

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A situação política e econômica da Alemanha no começo da década de 1930 era de uma gravidade crescente. As sucessivas crises econômicas da década de 1920, agravadas pela Grande Depressão de 1929, izeram cessar o luxo de investimentos inanceiros americanos. Embora o mundo inteiro sofresse com a crise, esta se apresentou particularmente grave na Alemanha, mais grave do que em qualquer outro país europeu.

disso –, o sistema democrático parlamentar alemão passava por uma crise sem precedentes: o povo faminto e desempregado, sem nenhuma perspectiva de vida, questionava-se sobre a utilidade de um sistema que não conseguiu, em pouco mais de uma década, tirar a Alemanha do buraco em que se achava desde o im da Guerra. Foi nesse ambiente social desgastado, terreno fértil para as aventuras totalitárias, no qual a pobreza

O Nazismo e Igreja Católica

na Alemanha: Colaboração ou

Resistência?

Henrique de Albuquerque Religião

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instituições eram corroídas pela crise e pelas disputas políticas, que o Partido Nacional-Socialista de Adolf Hitler foi paulatinamente crescendo na preferência popular. “Nacionalistas, banqueiros, industriais e o eleitor comum estavam todos convencidos, durante os anos de 1931 e 1932, que o partido nazista era o único que poderia impor ordem às coisas do estado e resolver o problema dos desempregados, que somavam já mais ou menos 3 milhões, por volta de 1930. Este número aumentaria para 8 milhões em 1932, muitos deles ingressando nas ileiras das SA1, para ter algo que fazer”2.

Nas eleições de 14 de setembro de 1930, os nazistas conseguiram seis milhões e meio de votos, um total de 107 cadeiras no Reichstag, o parlamento alemão, contra as doze que tinham adquirido nas eleições de 1928. Nas eleições presidenciais de 1932, Hitler obteve onze milhões de votos contra dezoito milhões do presidente eleito Paul Von Hindenburg, mas sua posição se tornou bem confortável para o futuro. Nas eleições de julho de 1932, os nazistas conseguiram 230 cadeiras. Em novembro, perderam 37 dessas vagas, mas através de manobras e conchavos políticos, Hitler conseguiu ser nomeado chanceler em 30 de janeiro de 1933. Acusando os comunistas de conspirarem contra o novo governo, e dando como prova o incêndio do prédio do Reichstag, atribuído a eles, Hitler assinou,

em 23 de março, a Lei de Exceção que concedia ao governo o poder de governar por decretos, Lei que o parlamento acatou por meio de ameaças e pressões. Todo o processo estaria completo com a supressão do cargo de presidente, quando Von Hindenburg falecesse, o que ocorreu em agosto de 1934. Nascia, assim, a ditadura hitleriana. Foi nesse ambiente que os acertos inais para uma Concordata do Reich com a Igreja foram tomados3.

A necessidade da Concordata tornou-se ainda mais premente diante do novo governo que, se não promovia abertamente uma perseguição contra os católicos, permitia sub-repticiamente que tal acontecesse a nível local pela ação dos grupos paramilitares nazistas. A Concordata foi assinada em 20 de julho de 1933, em Roma, pelo Cardeal Secretário de Estado Eugenio Pacelli, representando a Santa Sé, e pelo vice-chanceler do Reich, Franz Von Papen, representando a Alemanha. Pelo acordo, icavam reconhecidas as Concordatas anteriores assinadas com os estados alemães (Baviera, Prússia, Baden), a Igreja Católica gozaria de plena liberdade religiosa no Reich, as faculdades de teologia seriam mantidas nas universidades estatais, assegurava-se a educação religiosa nas escolas, mesmo as não-confessionais, possibilitava-se a ação pastoral nos hospitais e no Exército e prometia-se a proteção das associações católicas com inalidades religiosas, culturais,

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