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FASCICULO-LINGUISTICA-1

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UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ 

GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ 

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ 

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ 

COORDENAÇÃO D

COORDENAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA –

E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – COED

COED

 L

 Liin

ng

gu

uííssttiicca

a I 

LICE

(2)
(3)

Equipe Multidisciplinar da UAB/UESPI –  Equipe Multidisciplinar da UAB/UESPI – 

Universidade Aberta do Brasil –  Universidade Aberta do Brasil –  Universidade Estadual do Piauí  Universidade Estadual do Piauí 

Coordenadora EaD/UAB Coordenadora EaD/UAB::

Profa. Dra. Bárbara Olímpia Ramos de Melo Profa. Dra. Bárbara Olímpia Ramos de Melo Coordenador Adjunto

Coordenador Adjunto::

Prof. Esp. Marivaldo de Oliveira Mendes Prof. Esp. Marivaldo de Oliveira Mendes

Coordenadora do Curso de Licenciatura Coordenadora do Curso de Licenciatura Plena em Letras – Espanhol

Plena em Letras – Espanhol:: Profa. Msc.

Profa. Msc. Margareth TMargareth Torres de Alencarorres de Alencar Coordenado

Coordenador de Tr de Tutoriautoria:: Prof. Esp. Omar Mario Albornoz Prof. Esp. Omar Mario Albornoz Equipe Multidisciplinar

Equipe Multidisciplinar:: Katiuscia Poliana Jamily de

Katiuscia Poliana Jamily de O. DamascenoO. Damasceno Manuel Gonçalves das Silva Neto

Manuel Gonçalves das Silva Neto

Prof. Msc. Orlando Maurício de Carvalho Berti Prof. Msc. Orlando Maurício de Carvalho Berti Antônio José Pessoa Alencar

Antônio José Pessoa Alencar

Shirlei Marly Alves Shirlei Marly Alves Revisão

Revisão::

Profa. Msc. Silvana da Silva Ribeiro Profa. Msc. Silvana da Silva Ribeiro Diagramação

Diagramação::

Prof. Msc. Orlando Berti Prof. Msc. Orlando Berti Capa Capa:: Orlando Berti Orlando Berti

UAB-UESPI

UAB-UESPI

Campus Poeta Torquato Neto (Pirajá),

Campus Poeta Torquato Neto (Pirajá),

CCN, Sala da UAB, Rua João Cabral, 2231,

CCN, Sala da UAB, Rua João Cabral, 2231,

bairro Pirajá, Teresina (PI). CEP:

bairro Pirajá, Teresina (PI). CEP:

64002-150. 150.Telefone Telefone : (86) 3213-5471, 3213-7398: (86) 3213-5471, 3213-7398 (ramal 294). (ramal 294). http://ead.uespi.br http://ead.uespi.br E-mails  E-mails :: eaduespi@hotmail.com eaduespi@hotmail.com coordenacao.

coordenacao.uab@uespi.bruab@uespi.br

MATERIAL PARA FINS EDUCACIONAIS

MATERIAL PARA FINS EDUCACIONAIS

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS CURSISTAS UAB/UESPI

(4)

UESPI – UNIVE

UESPI – UNIVERSIDADE EST

RSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ 

ADUAL DO PIAUÍ 

COORDENAÇÃO GERAL EAD/UAB/UESPI

COORDENAÇÃO GERAL EAD/UAB/UESPI

CURSO DE LI

CURSO DE LICENCIA

CENCIATURA PLENA EM LETRAS – E

TURA PLENA EM LETRAS – ESP

SPANHOL

ANHOL

LINGUÍSTICA I

LINGUÍSTICA I

Bárbara Olímpia Ramos de Melo Bárbara Olímpia Ramos de Melo

(5)

Luiz Inácio Lula da Silva Vice-presidente da República

José Alencar Gomes da Silva Ministro da Educação

Fernando Haddad

Secretário de Educação à Distância Carlos Eduardo Bielschowsky

Diretor de Educação à Distância CAPES/MEC Celso José da Costa

Governador do Piauí 

José Wellington Barroso de Araújo Dias Vice-governador do Piauí 

Wilson Nunes Martins

Secretário Estadual de Educação e Cultura do Piauí  Prof. Antônio José Castelo Branco Medeiros

Reitor da UESPI – Universidade Estadual do Piauí  Prof. Carlos Alberto Pereira da Silva

Vice-reitor da UESPI Prof. Nouga Cardoso Batista

Pró-reitor de Ensino de Graduação – PREG Prof. Manoel Jesus Memória

Coordenadora da UAB-UESPI Prof. Bárbara Olímpia Ramos de Melo Coordenador Adjunto da UAB-UESPI

Prof. Marivaldo de Oliveira Mendes

Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação – PROP Prof. Izânio Vasconcelos de Mesquita

Pró-reitora de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários – PREX Prof. Francisca Lúcia de Lima

Pró-reitor de Administração e Recursos Humanos – PRAD Prof. Acelino Vieira de Oliveira

Pró-reitor de Planejamento e Finanças – PROPLAN Prof. Raimundo da Paz Sobrinho

Coordenadora do curso de Licenciatura Plena em Letras Espanhol – EAD Prof. Margareth Torres de Alencar Costa

(6)

05

APRESENTAÇÃO...

PLANO DA DISCIPLINA...

INTRODUÇÃO...

UNIDADE I – LÍNGUA E LINGUAGEM:

NATUREZA,

CARACTERÍSTICAS

E

FUNÇÕES

...

1.1 COMUNICAÇÃO ANIMAL E LINGUAGEM HUMANA...

1.2 CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM HUMANA...

1.2.1 Definições de língua...

1.3 MODELOS DE COMUNICAÇÃO...

1.4 FUNÇÕES DA LINGUAGEM...

UNIDADE II – LINGUÍSTICA: NATUREZA DOS

ESTUDOS, HISTÓRIA E

...

2.1 LINGUÍSTICA: OBJETO E OBJETIVOS, HISTÓRICO DOS

ESTUDOS, CORRENTES DE ESTUDOS...

2.2 HISTÓRICO DOS ESTUDOS SOBRE A LINGUAGEM

HUMANA...

2.3 CORRENTES DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS...

2.3.1 Estruturalismo...

2.3.2 Gerativismo...

2.3.3 Funcionalismo...

2.3.4 Sociolinguística...

2.3.5 Linguística Textual...

2.3.6 Análise do Discurso...

08

06

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24

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57

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37

30

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67

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(7)

ABORDAGEM DA LÍNGUA

...

3.1 O PRESCRITIVISMO EM LINGUÍSTICA...

3.2 O DESCRITIVISMO EM LINGUÍSTICA...

3.3 CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA...

UNIDADE

IV

A

PESQUISA

EM

LINGUÍSTICA

...

ANEXOS...

75

77

77

79

83

103

(8)

O presente fascículo integra o material de apoio pedagógico desenvolvido pela Universidade Estadual do Piauí - UESPI correspondente à disciplina Linguística I, que compõe a estrutura curricular do Curso de Licenciatura plena em Língua Espanhola, na modalidade de educação a distância (EAD). Este fascículo foi organizado e sistematizado com o objetivo de contribuir com os seus estudos e suas reflexões acerca da compreensão dos objetivos e da importância da Linguística como ciência.

Nesse sentido, são apresentados aspectos ligados à comunicação humana e à linguagem que possibilita essa comunicação, mais especificamente a língua, a qual é composta de signos verbais, ou palavras, como são mais comumente conhecidas. Sendo a Linguística um campo de estudo que busca uma compreensão do que é e de como funciona a língua, e ainda sendo esta um objeto de natureza complexa, organizamos os conteúdos deste fascículo de modo que você possa ter uma visão ampla sobre as características da comunicação linguística (Unidade I) e, em seguida, sobre como a Linguística constrói seus estudos.

Assim, na Unidade II, apresentam-se as definições, o objeto de estudo, os objetivos e um panorama histórico da Linguística, bem como diferentes modo de abordagem da língua. A Unidade III apresenta esclarecimentos acerca das diferenças entre estudos linguísticos e aqueles desenvolvidos pela Gramática Tradicional, enquanto, na última Unidade (IV), você terá uma visão sobre como se organizam trabalhos de pesquisa em Linguística e como contribuem para a ampliação dos conhecimentos na área.

Para um melhor aproveitamento das informações e um aprendizado mais consistente, sugerem-se alguns passos, tais como atentar para os objetivos de cada unidade e fazer as atividades sugeridas no final de cada texto, ações que o ajudarão a sedimentar conhecimentos; valorizar e empenhar-se nos trabalhos de grupo tanto quanto nas reflexões individuais; compartilhar ideias; atentar para as referências bibliográficas e, se necessitar, recorrer a elas para aprofundar-se nos conteúdos abordados nas disciplinas de seu curso. Finalmente, procure ler, refletir, analisar criticamente cada ideia e/ou teoria aqui apresentada. Suas dúvidas poderão ser colocadas junto ao seu tutor. Bons estudos!

(9)

PLANO DA DISCIPLINA

1 EMENTA

Estudo da comunicação humana e lingüística como ciência.

2 OBJETIVOS

# Refletir sobre a linguagem com base em estudos relativos a sua natureza, características

e funções;

# Identificar as principais linhas de estudo da linguagem, suas perspectivas e estádios de

desenvolvimento;

# Conhecer a ciência da linguagem em seus diversos aspectos – objeto, objetivo, método,

histórico, linhas de investigação, interfaces com outras áreas do conhecimento;

# Compreender as diferentes formas de abordagem lingüística.

# Distinguir atitudes prescritivas e descritivas em relação à língua.

# Analisar trabalhos de pesquisa lingüística, reconhecendo objeto, objetivos,

problematização, método, referencial teórico, resultados;

# Subsidiar-se para desenvolver pesquisa em Lingüística.

3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

UNIDADE I

Língua e linguagem: natureza, características e funções.

UNIDADE II

Lingüística: objeto, objetivos, perspectivas de estudo. História dos estudos lingüísticos. Níveis

de análise lingüística.

UNIDADE III

A prescrição e a descrição nos estudos da linguagem. Concepções de gramática.

UNIDADE IV

(10)

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E AVALIAÇÃO

Os procedimentos e metodologias a serem adotados nos encaminhamentos dos

conteúdos e na avaliação de rendimentos do aluno deverão obedecer à orientação da

Universidade Estadual do Piauí- UESPI, através da coordenação de educação a

distância-CEAD. As dúvidas e dificuldades no decorrer do processo de interação tutor-aluno serão

mediadas pelos meios de comunicação disponíveis para tal finalidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AITCHISON, Jean. Introdução aos estudos lingüísticos. Publicações Europa-América.

BARROS, Diana Luz Pessoa de. Estudos do discurso. In: FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à

Lingüística II. Princípios de Análise. São Paulo: Contexto, 2005.

CARNEIRO, Marísia. Pistas e Travessias. Rio de Janeiro: EUERJ, 1999.

CASTRO, Joselaine Sebem de. A pesquisa em Psicolingüística. Disponível em < www.pucrs.br/

.../pesquisa/pesquisa/artigo13

> Acesso em: 01/11/2009.

FARACO, Carlos Alberto.

Lingüística Histórica 

: uma introdução ao estudo da história das  línguas. ed. ver. e ampl. São Paulo: Parábola, 2005.

FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Lingüística I. Objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2006.

LANGACKER, Ronald W. A linguagem e sua estrutura. Rio de Janeiro: Vozes, 1975.

LYONS, John. Linguagem e Lingüística uma introdução. Trad. de Maria Winkler Averbug. Rio de

Janeiro: LTC, 1981.

MALMBERG, Bertil. A língua e o homem. Introdução aos problemas gerais da Lingüística. Rio

de Janeiro: Nórdica, 1976.

MARTELOTTA, Mário Eduardo. Manual de Lingüística. São Paulo: Contexto, 2009.

MARTIN, Robert. Para entender a Lingüística. Trad. de Marcos Bagno. São Paulo: Parábola, 2003.

MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à lingüística 1 domínios e fronteiras.

2ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

PERINI, Mário. Sofrendo a Gramática. São Paulo: Ática, 1997.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral. São Paulo: Cultrix, 1996.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1 e

2 graus. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1997.

WEEDWOOD, Bárbara. História Concisa da Lingüística. Trad. de Marcos Bagno. São Paulo:

Parábola, 2002.

XAVIER, Antonio Carlos; CORTEZ, Suzana. Conversas com lingüistas: virtudes e controvérsias da

linguística.

(11)

INTRODUÇÃO

Definir Linguística como o estudo da língua nem sempre é tão esclarecedor como pode parecer. Isso porque pode dar a entender que o linguista estuda uma língua em particular, o que, embora não seja errado, tampouco dá uma idéia adequada do objeto de estudo dessa ciência.

É preciso que se alcance uma compreensão do que realmente faz o linguista e como seu trabalho de cientista se direciona para a geração de conhecimentos que nos ajudam a entender, por exemplo, como se adquire uma língua e como esta se estrutura de modo a tornar-se funcional na vida humana.

Como estudante de Letras, área que tem a linguagem humana como foco de interesse, é importante que você saiba como se constroem as informações que temos hoje acerca da língua – de modo geral - e ainda das línguas em particular (como o espanhol, por exemplo). Esse trabalho de reflexão e de investigação é desenvolvido por pessoas que se intitulam linguistas, os quais, em sua grande maioria, se iniciaram como estudante de Letras, fazendo graduação, especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado. Assim foram não só adquirindo conhecimentos, mas também usando-os para pesquisar e gerar mais conhecimentos acerca da linguagem humana. Aliás, na universidade, além do ensino, a pesquisa é uma atividade que deve fazer parte da rotina de trabalho acadêmico. Nesse sentido, mesmo cursando uma Licenciatura, cujo objetivo é primeiramente formar professores, também adquirirá habilidades para fazer pesquisa em Linguística e Literatura de língua espanhola.

Nesse sentido, os estudos de Linguística são necessários para quem vai atuar no campo do ensino, já que, para o professor, é importante ter informações acerca do que é uma língua e de como funciona, pois, só assim terá subsídios para planejar ações de ensino-aprendizagem mais efetivas. Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), documentos do Ministério da Educação que trazem orientações para o trabalho na escola, tomam seus fundamentos das ciências da linguagem.

Face ao exposto, o estudante de Letras tem diante de si uma excelente oportunidade de se iniciar no modo científico de conhecer a linguagem humana – manifesta nas diversas línguas, alcançando uma compreensão que ultrapassa o senso comum, habilitando-se às tarefas em que esses conhecimentos se fazem necessários, incluindo ensinar línguas (materna ou estrangeira).

(12)

UNIDADE 1

LÍNGUA E LINGUAGEM:

NATUREZA, CARACTERÍSTICAS

E FUNÇÕES

(13)

10

24

33

OBJETIVO

* REFLETIR SOBRE A LINGUAGEM COM BASE EM

ESTUDOS RELATIVOS A SUA NATUREZA,

CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES.

CONTEÚDOS

* ASPECTOS DA COMUNICAÇÃO ENTRE SERES

HUMANOS E ENTRE ANIMAIS

* CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM HUMANA

* FUNÇÕES DA LINGUAGEM

(14)

1.1 COMUNICAÇÃO

ANIMAL E LINGUAGEM

HUMANA

A admiração que a linguagem sempre exerceu sobre o homem está atrelada ao poder de não só nomear/  criar/transformar o universo real, mas também trocar experiências, falar sobre o que existiu, poderá vir a existir e até mesmo imaginar o que não

precisa nem pode existir. O interesse pela linguagem manifesta-se de variadas formas: mitos, lendas, cantos, rituais ou trabalhos eruditos que buscam explicar essa capacidade humana.

MITOS E LENDAS SOBRE A LÍNGUA HUMANA

Ao longo dos séculos se encontram relatos que se referem às

primeiras palavras da criança, como também às indagações sobre

as condições necessárias para falar. Conta-se, por exemplo, que o

rei Psamético do Egito, no século VII A.C, determinou o confinamento

de duas crianças desde o nascimento até a idade de dois anos

sem qualquer convívio com outras pessoas, para que se

observasse como falariam ou se falariam ou ainda que língua

falariam no contexto de privação social. Além da crueldade

envolvendo o episódio é preciso notar que a hipótese sustentada

pelo rei era que, se essas crianças crescessem sem exposição à

fala humana e viessem a falar, a primeira palavra emitida

espontaneamente pertenceria à língua mais antiga do mundo.

Passados dois anos de total isolamento as crianças emitiram uma

seqüência fônica que teria sido interpretada como “bekos”, palavra

do frígio, língua indo-européia desaparecida, do grupo anatólico,

que era falada pelos frígios. Concluiu-se, então, que a língua dos

frígios era a língua mais antiga do mundo.

(15)

A Torre de Babel, de

acordo com o livro de

Gênesis, foi uma torre

enorme construída na

cidade de Babilônia

(hebraico: Babel,

acadiano: Babilu)  ,

uma

cidade

c o s m o p o l i t a ,

caracterizado por uma

confusão de línguas,

também chamado de

“princípio” de Nimrod

‘s reino. De acordo

com o relato bíblico,

uma humanidade

unida das gerações

seguintes o Dilúvio, fala um único idioma e migrando do

Oriente, participou da construção. O povo decidiu sua

cidade deve ter uma torre tão grande que ele teria “o seu

topo nos céus.” No entanto, a Torre de Babel não foi

construído para a adoração e louvor a Deus, mas em vez

dedicado à glória do homem, para “fazer um nome” para os

construtores: “Então disseram: Vinde, edifiquemos para nós

uma cidade e uma torre com o seu topo nos céus, e

façamo-nos um nome para nós mesmos, caso contrário seremos

espalhados sobre a face de toda a terra. Alguns acreditam

que um Deus vingativo e veja o que as pessoas estavam

fazendo, desceu e confundiu suas línguas e as pessoas

espalhadas por toda a terra.

(16)

Uma questão que sempre se coloca é a seguinte: só a espécie humana possui linguagem ou existe também comunicação entre os outros animais? Acerca dessa questão, alguns estudos foram desenvolvidos, sendo que um deles foi publicado na década de 1950, por Karl von Frisch, sobre a comunicação entre as abelhas.

Conforme os dados da pesquisa de von Frisch, a abelha comunica-se através de uma “dança” na colméia. Quando uma delas encontra flores com pólen, retorna imediatamente para sua colméia e começa a chamada “dança das abelhas”. Para indicar a posição das flores em relação à colméia, em relação ao Sol e a distância em que as flores com o pólen se encontram, o inseto realiza uma série de movimento curtos e rápidos, de acordo com a informação que quer passar às demais. Na medida em que suas colegas operárias percebem o movimento, elas “decodificam” as informações e descobrem imediatamente onde está a fonte de pólen. Os movimentos são variados, mostrando que há diferentes combinações entre eles, para indicar diferentes locações. Descobertas mais recentes sugerem que até mesmo informações sobre o tipo de flor e a qualidade do pólen são transmitidos nessa dança.

Os diferentes tipos de dança apresentam-se como verdadeiras mensagens que anunciam a descoberta para a colméia: ao perceber o odor da obreira ou absorvendo o néctar que ela deglute, as abelhas se dão conta da natureza do alimento; ao observar a dança, as abelhas descobrem o local onde se encontra a fonte do alimento.

(17)

Essa pesquisa apresenta uma importante revelação sobre o funcionamento de uma “linguagem” animal, o que permite, pelo confronto, avaliar a singularidade da linguagem humana. Embora seja bem preciso o sistema de comunicação das abelhas – ou de qualquer outro animal cuja forma de comunicação já tenha sido analisada – ele não constitui uma linguagem no sentido em que o termo é empregado quando se trata de linguagem humana, como se pretende demonstrar a seguir.

As abelhas são capazes de:

(a)  compreender uma mensagem com

muitos dados e de reter na memória

informações sobre a posição e a

distância; e

(b) produzir uma mensagem simbolizando

 – representando de maneira convencional

 –

esses

dados

por

diversos

comportamentos somáticos.

Essas constatações evidenciam que esse sistema de comunicação cumpre as condições necessárias à existência de uma linguagem:          

há  simbolismo,

ou

seja,

capacidade de formular e interpretar um

“signo” (qualquer elemento que

represente algo de forma convencional);

       

 

há memória da experiência e

aptidão para analisá-la, isto é a abelha

que comunica “lembra” onde está a fonte

do pólen, enquanto as receptoras

conseguem “entender”, analisando a

dança.

(18)

Assim como a linguagem humana, esse sistema é válido no interior de uma comunidade e todos os seus membros são aptos a empregá-lo e compreendê-lo da mesma forma. No entanto, as diferenças entre o sistema de comunicação das abelhas e a linguagem humana são consideráveis, conforme a seguir:

(a)  a mensagem se traduz pela dança

exclusivamente, sem intervenção de um

“aparelho vocal”, condição essencial para

a linguagem;

(b) a mensagem da abelha não provoca uma

resposta, mas apenas uma conduta, o que

significa que não há diálogo entre elas.

As respostas são sempre as mesmas, o que

se diferencia da linguagem humana.

(c)  a comunicação se refere a um dado

objetivo, fruto da experiência. A abelha não

constrói uma mensagem a partir de outra

mensagem. A linguagem humana

caracteriza-se por oferecer um substituto

à experiência, apto a ser transmitido

infinitamente no tempo e no espaço;

(d) o conteúdo da mensagem é único - o

alimento, sendo que a única variação

possível refere-se à distância e à direção.

O conteúdo da linguagem humana, por sua

vez, é ilimitado;

(e) a mensagem das abelhas não se deixa

analisar, decompor em elementos

menores.

(19)

É esse último aspecto a característica mais marcante que opõe a comunicação das abelhas à linguagem humana. Num enunciado lingüístico como “Quero água”, é possível identificar primeiramente dois elementos portadores de significado:quero eágua.

 Articulando-se os dois, tem- Articulando-se o enunciado Quero água . Quero  eágua  também

se podem decompor, cada um em dois elementos portadores de significado:quer- (radical verbal) +-o  (desinência número-pessoal); águ - (radical nominal) +-a  (vogal temática nominal). Esses elementos

são denominados morfemas. Prosseguindo a decomposição, pode-se chegar a elementos menores ainda. No enunciado “Quero água”, a menor unidade, os segmentos sonoros, denominados fonemas (/a/  , /g/, /u/, /a/), permitem distinguir significado, como se pode observar na substituição de (á) por (é) em água\égua.

Essa decomposição de elementos comprova que as unidades são articuladas umas com as outras, o que é fundamental na linguagem humana, pois permite produzir uma infinidade de mensagens novas a partir de um número limitado de elementos sonoros distintivos.

Percebe-se, assim, que a comunicação das abelhas não é uma linguagem propriamente dita, mas um código de sinais, como se pode observar pelas suas características: conteúdo fixo, mensagem invariável, relação a uma só situação, transmissão unilateral e enunciado indecomponível. O linguista Émile Benveniste chama a atenção, ainda, para o fato de essa forma de comunicação ter sido observada entre insetos que vivem em sociedade, o que comprova que esta é condição tanto para a linguagem humana como para os códigos dos animais.

(20)

As características apontadas acima podem ser sintetizadas no quadro 1, a seguir:

Quadro 1: Comunicação humana x linguagem animal

LINGUAGEM

HUMANA

O diálogo é sua base

É transmitida entre os

indivíduos e ainda de

geração em geração.

Uma mesma mensagem

pode ser transmitida de

diferentes formas. Ex.:

“Estou com fome!” ou

“Ainda não comi hoje!”

É articulada, isto é,

juntam-se unidades menores

para formar unidades

maiores: A-s banan-a-s

caí-ra-m.

O que se comunica pode

se referir ao passado ou

ao futuro

COMUNICAÇÃO

ANIMAL

Não existe diálogo

A informação recebida não

pode ser retransmitida, isto

é, um animal não transmite

a outro a informação

recebida.

A informação não pode ser

alterada. Os sinais são fixos,

e para cada informação há

um tipo de sinal.

Os sinais não podem ser

decompostos, ou seja, não

podem ser compreendidos

em pedaços menores nem

retransmitidos. Não há

articulação.

O que é comunicado só vale

para o momento da

comunicação.

(21)

1.2 CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM

HUMANA

O termo linguagem tem uma acepção ampla e uma acepção estrita, já que tanto é usado para designar todas as formas humanas de utilizar símbolos para comunicar (a linguagem das cores, a linguagem dos gestos, os sinais de trânsito e outros códigos de comunicação) como para referir a uma forma particular de linguagem que é a língua, a qual se caracteriza pelo uso de símbolos verbais – vocais e articulados pelos seres humanos.

Neste fascículo, ao usarmos o termo de linguagem daqui por diante, estaremos atentos ao seu emprego estrito, isto é, tomaremos linguagem como sinônimo de língua,  cujas características distintivas de outras formas de linguagem são as seguintes:

Aitchison (1976) estabelece algumas características das línguas humanas, traçando também um paralelo com os códigos de comunicação animal:

1. Uso de sinais sonoros: também alguns animais, como

pássaros, insetos, golfinhos, usam sons para se

comunicar, mas só os seres humanos possuem um

aparelho fonador (figura ), sendo capazes de produzir

sons distintivos mínimos, como /a/ /f/ /z/ /ê/, os quais

podem se juntar para formar inúmeras palavras.

Figura: Aparelho fonador Fonte: letratura.blogspot.com

(22)

2. Arbitrariedade: você já se perguntou por que

chamamos de

vento 

  o ar que se movimenta? Não

poderia se chamar

ponzo 

 ou

taroco 

? A falta de uma

explicação para a maioria dos nomes que têm as coisas

é que indica que há uma relação arbitrária entre os

sons dos signos e aquilo que significam. No caso dos

animais, muitas vezes se percebe uma relação entre o

sinal usado e a mensagem que é transmitida. Um animal

que queira pôr de sobreaviso um seu opositor arqueará

o corpo em posição de ataque, Na linguagem humana,

as onomatopéias são exceção, pois trata-se de sons

com que se imitam os sons da realidade, mas são muito

reduzidas para invalidar a tese da arbitrariedade dos

signos lingüísticos.

Você já parou para pensar de

onde vêm os nomes das coisas?

Por que computador chama

computador? Por que temos de

chamar a água que cai do céu

de chuva?

Marcelo fica muito cismado

com esse problema e resolve

que vai chamar as coisas do seu próprio modo.

Assim, leite vira “suco de vaca”. Mas sua vida

começa a ficar difícil quando ele inventa

palavras novas para todas as coisas e ninguém

mais entende o que ele fala!

A autora de

 Marcelo, Marmelo, Martelo

 (1976)

é Ruth Rocha, que escreveu mais de 50 livros

para crianças.

(23)

3. A necessidade de aprendizagem: um gato ou um

maçado, desde que nascem, já começam a emitir os

sons que usarão em toda sua vida. Mesmo que fiquem

isolados de seus semelhantes, ainda assim, miarão ou

emitirão grunhidos. Já os bebês humanos dependem

de ficar expostos a uma língua para, poderem, mais ou

menos por volta dos dois anos de idade, começar a

falar. Alguns casos raros de crianças que foram criadas

por animais, longe do convívio humano comprovam

que, mesmo tendo uma dotação genética para uma

língua, precisamos de um estímulo externo, isto é,

precisamos ouvir os outros para adquirir competência

lingüística.

4. Dupla articulação: conforme exposto acima, a língua

humana é articulada, isto é, estruturas maiores são

formadas por estruturas de um segundo nível (frases

- palavras – morfemas – fonemas). A primeira

articulação é aquela em que se unem elementos

significativos (palavras/morfemas), enquanto a

segunda é a que ocorre entre fonemas, que formam

as unidades da primeira articulação.

(24)

5. Diferimento: essa característica da língua

5. Diferimento: essa característica da língua significa

significa

que podemos falar de coisas que não estão

que podemos falar de coisas que não estão

presentes no contexto em que nos comunicamos.

presentes no contexto em que nos comunicamos.

Assim, conversamos sobre nossa infância, sobre um

Assim, conversamos sobre nossa infância, sobre um

incidente ocorrido no dia anterior, sobre sonhos,

incidente ocorrido no dia anterior, sobre sonhos,

planos para o futuro. Isso é possível porque a

planos para o futuro. Isso é possível porque a

linguagem nos permite imagin

linguagem nos permite imaginar, algo que não ocorre

ar, algo que não ocorre

com a maioria dos animais, cuja comunicação requer

com a maioria dos animais, cuja comunicação requer

que os elementos estejam presentes. É por

que os elementos estejam presentes. É por isso que

isso que

não se verá jamais um animal dando u

não se verá jamais um animal dando um “recado” a

m “recado” a

outro. Mesmo a abelha que dança para

outro. Mesmo a abelha que dança para as outras,

as outras,

embora fazendo-as saber sobre o néctar em um lugar

embora fazendo-as saber sobre o néctar em um lugar

distante, só consegue passar essa mensagem, e

distante, só consegue passar essa mensagem, e

mais nenhuma outra. Em comparação com a

mais nenhuma outra. Em comparação com a

capacidade humana de se referir até ao que não

capacidade humana de se referir até ao que não

existe, isso é quase nada em termos de diferimento.

existe, isso é quase nada em termos de diferimento.

Fonte: comunix.org/files/u1/mafalda1.jpg Fonte: comunix.org/files/u1/mafalda1.jpg

(25)

6. Criatividade (ou produtividade): Um número muito

6. Criatividade (ou produtividade): Um número muito

reduzido de mensagens é o que pode produzir um animal

reduzido de mensagens é o que pode produzir um animal

durante toda sua vida. Os seres humanos, por seu turno,

durante toda sua vida. Os seres humanos, por seu turno,

podem produzir novos enunciados sempre que quiserem.

podem produzir novos enunciados sempre que quiserem.

Uma pessoa pode, nas circunstâncias mais imprevistas,

Uma pessoa pode, nas circunstâncias mais imprevistas,

uma fase que nunca tenha sido

uma fase que nunca tenha sido aí enunciada e mesmo

aí enunciada e mesmo

assim ser compreendida, como, por exemplo “Um

assim ser compreendida, como, por exemplo “Um

elefante está voando pela sala!”. Claro que se pode

elefante está voando pela sala!”. Claro que se pode pensar

pensar

que esse falante está bêbado, ou delirando, o que significa

que esse falante está bêbado, ou delirando, o que significa

que o enunciado foi compreendido. Cotidianamente, na

que o enunciado foi compreendido. Cotidianamente, na

hora do

hora do café, podemos dizer: Que café

café, podemos dizer: Que café delicioso! Adore

delicioso! Adoreii

esse café! Nunca tomei um café como

esse café! Nunca tomei um café como esse! e tantas outras

esse! e tantas outras

formas de elogiar a bebida, isto

formas de elogiar a bebida, isto é, sobre a mesma coisa,

é, sobre a mesma coisa,

temos enormes possibilidades de enunciados.

temos enormes possibilidades de enunciados.

Amanhã é meu

Amanhã é meu níverníver. . Amanhã Amanhã é é meumeu aniversárioaniversário.. Adoro

Adoro refrirefri. . Adoro refrigeranteAdororefrigerante.. Ele é

Ele é animalanimal! ! Ele Ele éé muito bommuito bom!! Ela gosta de

Ela gosta de causarcausar. . Ela Ela gosta gosta dede impressionar /impressionar / criar

criar confusãoconfusão.. Estamos só

Estamos só ficandoficando. . Estamos Estamos sósó nos relacionandonos relacionando sem

sem compromissocompromisso.. Ele me

(26)

7. Organização em sistema: Mesmo com a nossa

7. Organização em sistema: Mesmo com a nossa

criatividade lingüí

criatividade lingüística, não dizemos qualquer coisa de

stica, não dizemos qualquer coisa de

qualquer jeito. Por exemplo, não ouviremos jamais a

qualquer jeito. Por exemplo, não ouviremos jamais a

palavras

palavras

 jkrnte  jkrnte 

, em português nem em espanhol;

, em português nem em espanhol;

tampouco uma sentença como

tampouco uma sentença como

Chovi meu antes nesse Chovi meu antes nesse  caso tanto.

caso tanto.

 Isso demonstra que a língua

 Isso demonstra que a língua se organiza

se organiza

em sistemas (compostos de elementos e de regras para

em sistemas (compostos de elementos e de regras para

sua combinação) que cada falante domina mui

sua combinação) que cada falante domina muito bem,

to bem,

produzindo apenas unidades permitidas por esses

produzindo apenas unidades permitidas por esses

sistemas, inclusive quando cria uma palavra nova. Note

sistemas, inclusive quando cria uma palavra nova. Note

que o termo

que o termo

imexível imexível 

, pronunciado pela primeira vez

, pronunciado pela primeira vez

por um ministro brasileir

por um ministro brasileiro na década de 1980, é

o na década de 1980, é formado

formado

por um prefixo + radical + sufixo, seguindo as regras

por um prefixo + radical + sufixo, seguindo as regras

do sistema mórfico do português.

do sistema mórfico do português.

8. Dependência de estrutura: cada elemento da língua

8. Dependência de estrutura: cada elemento da língua

adquire sua identidade na relação que mantém com os

adquire sua identidade na relação que mantém com os

demais. Sabemos, por exemplo que

demais. Sabemos, por exemplo que

i- i- 

 é um prefixo

 é um prefixo

quando aparece na estrutura de palavras como

quando aparece na estrutura de palavras como

irreal irreal 

ou

ou

imóvel.imóvel.

Do mesmo modo, reconhecemos

Do mesmo modo, reconhecemos

Aqueles Aqueles 

como sujeito em enunciados como

como sujeito em enunciados como

Aqueles são meus Aqueles são meus  pais;

pais;

ou como adjunto adnominal

ou como adjunto

adnominal em

em

 Aqueles carros  Aqueles carros  foram multados.

foram multados.

Desse modo, cada estrutura define a

Desse modo, cada estrutura define a

identidade de seus componentes, bem como o lugar

identidade de seus componentes, bem como o lugar

que ocupará na cadeia estrutural.

que ocupará na cadeia estrutural.

LEITURA

LEITURA

COMPLEMENTAR

COMPLEMENTAR

SLIDES INTRODUÇÃO AOS

SLIDES INTRODUÇÃO AOS

ESTUDOS DA LÍNGUA

ESTUDOS DA LÍNGUA

(27)

1.2.1 Definições de linguagem (língua)

O desenvolvimento dos estudos lingüísticos levou muitos estudiosos a proporem definições da linguagem, próximas em muitos pontos e diversas na ênfase atribuída a diferentes aspectos considerados centrais pelo seu autor. Neste item serão apresentadas duas propostas, a de Ferdinand de Saussure e a de Noam Chomsky, que pressupõem uma teoria geral da linguagem e da análise Lingüística.

Saussure (1996) considerou a linguagem “heteróclita e multifacetada”, pois abrange vários domínios; é ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica; pertence ao domínio individual e social. A linguagem envolve uma complexidade e uma diversidade de problemas que suscitam a análise de outras ciências, como a psicologia, a antropologia etc., além da investigação Lingüística, não se prestando, portanto, para objeto de estudo dessa ciência. Para esse fim, Saussure separa uma parte do todo linguagem, a língua -um objeto unificado e suscetível de classificação. A língua é -uma parte essencial da linguagem; é um produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. A língua é, pois, para Saussure “um sistema de signos” - um conjunto de unidades que se relacionam organizadamente dentro de um todo. É “a parte social da linguagem”, exterior ao indivíduo; não pode ser modificada pelo falante e obedece às leis do contrato social estabelecido pelos membros da comunidade.

(28)

O conjunto linguagem - língua contém ainda outro elemento, conforme Saussure: a fala, que é um ato individual; resulta das combinações feitas pelo sujeito falante utilizando o código da língua; expressa-se pelos mecanismos psicofísicos

(atos de fonação) necessários à produção dessas combinações.

A distinção linguagem/língua/fala situa o objeto da Lingüística para Saussure. Dela decorre a divisão do estudo da linguagem em duas partes: uma que investiga a língua e outra que analisa a fala. As duas partes são inseparáveis, visto que são interdependentes:

a língua é condição para se produzir a fala, mas não há língua sem o exercício da fala. Há necessidade, portanto, de duas Lingüísticas: a Lingüística da língua e a Lingüística da fala. Saussure focalizou em seu trabalho a Lingüística da língua, “produto social depositado no cérebro de cada um”, sistema supra-individual que a sociedade impõe ao falante. Para o mestre genebrino, “a Lingüística tem por único e verdadeiro objeto a língua considerada em si mesma, e por si mesma”. Os seguidores dos princípios saussureanos esforçaram-se por explicar a língua por ela própria, examinando as relações que unem os elementos no discurso e buscando determinar o valor funcional desses diferentes tipos de relações. A língua é considerada uma estrutura constituída por uma rede de elementos, em que cada elemento tem um valor funcional determinado. A teoria de análise lingüística que desenvolveram, herdeira das idéias de Saussure, foi denominada estruturalismo. Os princípios teórico-metodológicos dessa teoria ultrapassaram as fronteiras da Lingüística e a tomaram “ciência piloto” entre as demais ciências humanas, até o momento em que se tomou mais contundente a crítica ao caráter excessivamente formal e distante da realidade social da metodologia estruturalista desenvolvido pela Lingüística.

Em meados do século XX, o norte-americano Noam Chomsky trouxe para os estudos lingüísticos uma nova onda de transformação. Chomsky propõe uma definição de linguagem de como um conjunto (finito ou infinito) de sentenças, cada uma finita em comprimento e construída a partir de um conjunto finito de elemento.

(29)

Essa definição abrange muito mais do que as línguas naturais, mas também todas as línguas naturais são, seja na forma falada, seja na escrita, linguagens, no sentido de sua definição, visto que toda língua natural possui um número finito de sons (e um número finito de sinais gráficos que os representam, se for escrita); mesmo que as sentenças distintas da língua sejam em número infinito, cada sentença só pode ser representada como uma seqüência finita desses sons (ou letras).

Cabe ao lingüista que descreve qualquer uma das línguas naturais determinar quais dessas seqüências finitas de elementos são sentenças, e quais não são, isto é, reconhecer o que se diz e o que não se diz naquela língua. A análise das línguas naturais deve permitir determinar as propriedades estruturais que distinguem a língua natural de outras linguagens.

Chomsky acredita que tais propriedades são tão abstratas, complexas e específicas que não poderiam ser aprendidas a partir do nada por uma criança em fase de aquisição da linguagem. Essas propriedades já devem ser “conhecidas” da criança antes de seu contato com qualquer língua natural e devem ser acionadas durante o processo de aquisição da linguagem. Para Chomsky, portanto, a linguagem é uma capacidade inata e específica da espécie, isto é, transmitida geneticamente e própria da espécie humana. Assim sendo, existem propriedades

universais da linguagem, segundo Chomsky e os que compartilham de suas idéias.

Esses pesquisadores

dedicam-se à busca de tais propriedades, na tentativa de construir uma teoria geral da linguagem fundamentada nesses princípios. Essa teoria é conhecida como gerativismo.

(30)

LEITURA

COMPLEMENTAR

SLIDES LÍNGUA OBJETO DA

LINGUÍSTICA

Assim como Saussure - que separa língua de fala, ou o que é lingüístico do que não é - Chomsky distingue competência de desempenho. A competência Lingüística é a porção do conhecimento do sistema lingüístico do falante que lhe permite produzir o conjunto de sentenças de sua língua; é um conjunto de regras que o falante construiu em sua mente pela aplicação de sua capacidade inata para a aquisição da linguagem aos dados lingüísticos que ouviu durante a infância. O desempenho corresponde ao comportamento lingüístico, que resulta não somente da competência Lingüística do falante, mas também de fatores não lingüísticos de ordem variada, como: convenções sociais, crenças, atitudes emocionais do falante em relação ao que diz, pressupostos sobre as atitudes do interlocutor etc., de um lado; e, de outro, o funcionamento dos mecanismos psicológicos e fisiológicos envolvidos na produção dos enunciados. O desempenho pressupõe a competência, ao passo que a competência não pressupõe desempenho. A tarefa do lingüista é descrever a competência, que é puramente Lingüística, subjacente ao desempenho.

A língua - sistema lingüístico socializado - de Saussure aproxima a Lingüística da Sociologia ou da Psicologia Social; a competência - conhecimento lingüístico internalizado - aproxima a Lingüística da Psicologia Cognitiva ou da Biologia.

(31)

1.3 ‘MODELOS’ DE COMUNICAÇÃO

Os primeiros modelos de comunicação têm uma ligação mais estrita com a teoria da comunicação. Esses modelos de comunicação eram bem simples, e desconsideravam aspectos relacionados à pragmática e/ou ao contexto, ligando o escritor ao leitor e passando pelo meio em linha reta. O modelo de Bloomfield (1935) é um exemplo disso:

Alguns anos depois, nos anos 50, alguns pesquisadores tentaram aplicar o modelo de C. F. Shanon para a teoria da informação, sendo desenvolvido inicialmente para aplicação de movimentos de sinais elétricos por fios e a possibilidade de codificação e descodificação por máquinas de um sistema binário.

O principal problema desse modelo foi o seu caráter mecanicista, ou seja, as propostas da teoria da informação praticamente não levam em consideração questões “extralingüísticas” ou do contexto sócio-histórico e cultural, além disso tem o fato de excluir a possibilidade de se obter várias interpretações de uma mesma origem — como, por exemplo, no caso de um mapa — e é um processo unidirecional, que não pode ser aplicado para a comunicação escrita.

Alguns nos após a divulgação do modelo de Shanon, Bertil Malmberg (1969) e Roman Jakobson (1969), apresentam suas propostas. A preocupação de Jakobson e Malmberg é “completar” ou “ampliar” as propostas anteriores, para que pudesse ser usado para a comunicação verbal, o modelo de comunicação excessivamente simplificado da teoria da informação, da teoria da comunicação ou da cibernética, ou dele aproveitar apenas os elementos necessários

(32)

ao exame da comunicação humana. “Caixas” são assim acrescentadas ou excluídas.

Para Jakobson, na esteira dos estudos sobre a informação, há na comunicação um remetente que envia uma mensagem a um destinatário, e essa mensagem, para ser eficaz, requer um contexto (ou um “referente”) a que se refere, apreensível pelo remetente e pelo destinatário, um código, total ou parcialmente comum a ambos, e um contato, isto é, um canal físico e uma conexão psicológica entre o remetente e o destinatário, que os capacitem a entrar e a permanece em comunicação.

Bertil Malmberg e Roman Jakobson foram responsáveis pelo processo de reformulação do modelo de comunicação. Os autores ampliam o modelo com a representação do código, situando a atualização das unidades lingüísticas entre o código e o emissor; introduzem também a preocupação com a relação do emissor e elementos extralingüísticos.

O modelo resultante dessa ampliação é um dos mais conhecido entre os estudiosos da linguagem na atualidade. Confira na figura 1, a seguir:

Quadro 2: Modelo do processo de comunicação, segundo Roman Jakobson.

Se as propostas de Jakobson ampliam o modelo da teoria da informação, sobretudo no que diz respeito aos códigos e subcódigos e à variação lingüística, sua contribuição mais conhecida e igualmente relevante para o estudo da comunicação está relacionada com a questão da variedade de funções da linguagem. Jakobson mostrou que a linguagem deve ser examinada em toda a variedade de suas funções, e não apenas em relação à função informativa (ou referencial ou denotativa ou cognitiva), que, por ser a função dominante em certo tipo de mensagem e por ser a que interessa ao teórico da informação, foi, muitas vezes, no século XX principalmente, considerada a única ou a mais importante.

(33)

1.4 FUNÇÕES DA LINGUAGEM

As funções da linguagem propostas por Jakobson partem da consideração do modelo de comunicação acima, focalizando cada um dos elementos presentes na comunicação. Assim, em qualquer processo comunicativo, alguns elementos assumem papel central e são mais focalizados do que os outros. A função da linguagem que ganha destaque é, por isso, aquela que melhor se adequa à centralidade de qualquer um dos itens constantes no processo comunicativo. O realce particular de cada um dos componentes do modelo comunicativo é feito a partir de uma das funções da linguagem, apresentadas nas figuras a seguir:

(34)

Figura 3: Elementos da Comunicação/Funções da linguagem Fonte: www. jackbran.pro.br

A função referencial, ou informativa, é centrada no componente contextual da comunicação, focando o conteúdo da mensagem, ou seja, apresenta a informação a ser veiculada de modo objetivo e claro, sem fazer referência ao emissor ou destinatário. Esta função é a mais encontrada no discurso jornalístico e acadêmico.

JORNAL ESPANHOL NOTICIA PRIVATIZAÇÃO DE

PARTES DA AMAZÔNIA

O diário El Pais  afirma que o presidente Lula deu sinal verde para

o início da privatização de parte da floresta brasileira.

O jornal espanhol ressalta que Lula sempre foi contra as

privatizações, assim como o PT, mas se rendeu aos problemas

insolúveis relativos à preservação da Amazônia. Segundo o El 

Pais , o objetivo do governo brasileiro é inibir o desmatamento

com a chegada de empresas para a extração de madeira e outros

produtos de forma sustentável.

Uma área de 90 mil hectares de floresta amazônica em Rondônia

seria a primeira a ser privatizada, já em 2008.

(35)

A função emotiva centra-se no emissor da mensagem. As estratégias lingüísticas encontradas nessa função destacam o remetente como parte do conteúdo veiculado, expressando, o caráter emocional e afetivo do enunciador. Os efeitos dessa função são a subjetividade e proximidade do sujeito que veicula a mensagem do conteúdo desta. Esta função predomina em textos que destacam o eu-lírico ou o próprio enunciador, como as poesias.

A função conativa procura organizar o texto de forma a que se imponha sobre o receptor da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função, busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar este ou aquele comportamento. da linguagem focalizada o destinatário. Essa função é bastante utilizada quando agimos sobre o outro, dando conselhos, fazendo perguntas, pedidos e ordens. Outro uso bastante comum da função conativa é na linguagem da publicidade em que se procura convencer e persuadir o destinatário, produzindo nele comportamentos desejados.

Atinja suas metas comerciaisMultiplique cada dólar investido. Atingimos lucro máximo com o mínimo de investimento.

(36)

A função fática diz respeito ao fato de que usamos certos signos para chamar a atenção (ruídos comopsiu, ahn, ei ), ocorrendo quando

a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência. da linguagem centra-se na utilização do canal de contato entre emissor e destinatário. Os efeitos dessa função são a aproximação entre os interlocutores, produzindo interesses comuns, e efetivando a manutenção da interação.

A função poética da linguagem se manifesta quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de idéias. Essa função é capaz de despertar no leitor prazer estético e surpresa. A língua é utilizada para produzir mensagens que chamem à atenção o destinatário pela forma como são construídas, elaboradas. A publicidade, assim como a literatura, são formas de uso da língua em que se encontra com mais freqüência a aplicação dessa função.

(37)

A função metalingüística se caracteriza quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio referente. Geralmente o entendimento da metalingüística se define pelo fato de o código se tornar objeto da comunicação, possibilitando assim sua avaliação, sua adequação, e sua significação no processo comunicativo. A metalingüística é encontrada nos glossários e dicionários.

Pirâmide

s.f. Monumento de base retangular e quatro faces

triangulares, que formam uma ponta na extremidade

superior. / Fig. Amontoamento de objetos em forma de

pirâmide. / Apresentação de acrobacia em que umas

pessoas se apóiam sobre outras, formando uma espécie

de pirâmide. // Pirâmide das idades, representação gráfica

das idades de um grupo humano (geralmente um estado),

apresentando-se em abscissas negativas o número dos

homens e em abscissas positivas o número das mulheres.

// Anatomia. Pirâmide de Malpighi, elemento cônico que

forma a substância medular do rim. // Matemática. Pirâmide

regular, a que tem por base um polígono regular e cujo

vértice se projeta ao centro desse polígono. (As faces de

uma pirâmide regular são triângulos isósceles iguais.) (A

área lateral de uma pirâmide regular tem por valor o

semiproduto do perímetro de sua base por seu apótema.

O volume de uma pirâmide é igual à terça parte do produto

da superfície da base pela altura.)

(38)

É preciso esclarecer, porém, que as seis funções não se excluem - dificilmente temos, em uma mensagem, apenas uma dessas funções. Entretanto, é engano pensar que todas estejam presentes simultaneamente. O que pode ocorrer é o domínio de uma das funções; assim, temos mensagens predominantemente referenciais, predominantemente expressivas.

As funções da linguagem, como

descritas por Jakobson, pressupõem a concepção de que a língua tem como função maior e vital os processos de comunicação. Assim, cada uma das funções aqui descritas corresponde às opções do falante de destacar um aspecto da comunicação sobre o outro. No entanto, considerar que o papel da língua é apenas comunicar, é reduzi-la a um código que em nada difere de outros sistemas de comunicação até agora estudados. Além desses modelos baseados na teoria da informação, existem modelos de conversação que invertem as setas dos modelos acima. Criando um papel ativo para o receptor.

(39)

ATIVIDADES 

1. Analise as capas da revista Veja, a seguir, e comente a função

da linguagem predominante em cada uma.

2. Por que se pode afirmar que no poema a seguir, há presença

da função metalingüística?

(40)

UNIDADE 2

LINGUÍSTICA: NATUREZA DOS

ESTUDOS, HISTÓRIA E

CORRENTES DE ESTUDOS

LINGUÍSTICOS

(41)

10

24

33

OBJETIVOS

* RECONHECER OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS,

IDENTIFICANDO OBJETO, OBJETIVOS E CORRENTES

DE ESTUDO.

* INTEIRAR-SE DO DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO

DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM HUMANA,

RECONHECENDO FILIAÇÕES ENTRE ELES.

* DISTINGUIR, NAS DIFERENTES ABORDAGENS DA

LÍNGUA, RECORTES E OBJETIVOS

CONTEÚDOS

* OBJETO E OBJETIVOS DA LINGUÍSTICA

* HISTÓRIA DOS ESTUDOS DA LINGUAGEM

* CORRENTES DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS

(42)

2.1 LINGUÍSTICA: OBJETO, OBJETIVOS,

PERSPECTIVAS DE ESTUDOS

Neste tópico trataremos mais especificamente do objeto e dos objetivos dos estudos lingüísticos a fim de nos familiarizarmos ainda mais com aquilo de que se ocupam os lingüistas, estudiosos que buscam deslindar os “mistérios” dessa forma de linguagem que é de uso cotidiano – a língua, e ainda veremos que objetivos buscam alcançar com suas

pesquisas.

Esse estudo se justifica em razão de que, num curso de graduação em Letras, é importante que o estudante tome conhecimento das bases teóricas da disciplina que dão fundamentação aos estudos de língua, compreendendo qual seu objeto e a se propõem esses estudos.

Começaremos comentando

uma pesquisa feita junto a estudiosos brasileiros e, a partir daí, estenderemos nossas considerações com base em outras obras que abordam a questão.

2.1.1 OBJETO DA LINGUÍSTICA

Na obraConversas com lingüistas: virtudes e controvérsias  da linguística , Xavier e Cortez (2003) apresentam uma série de

entrevistas com renomados lingüistas brasileiros, os quais foram questionados sobre definições de língua, caráter científico da Linguística, compromissos desta ciência com a educação e outros assuntos. Segundo os organizadores da obra, “As questões buscavam fazer os entrevistados sintetizarem em torno dos mesmos assuntos toda a sua experiência enquanto estudiosos da linguagem” (p. 10).

Interessam-nos neste fascículo as respostas relativas às seguintes perguntas: Que é Linguística? e  Para que serve a Linguística?, das quais destacamos elementos que nos darão

(43)

base para melhor compreender o objeto e os objetivos dessa ciência:

ENTREVISTADOS

Maria

Bernardete

Marques

Abaurre

Carlos Alberto

Faraco

Francisco

Gomes de

Matos

Rodolfo Ilari

Mary Kato

Ingedore V.

Koch

Luís Antonio

Marcuschi

Maria

CecíliaMollica

O QUE É LINGUÍSTICA?

Campo de estudos que acomoda os mais variados temas a

respeito de linguagem e línguas naturais.

Ciência que tem como objeto a linguagem verbal ou as línguas

naturais

Ciência que se ocupa do processo linguagem em suas

múltiplas representações, principalmente a linguagem escrita,

a linguagem falada e que também se ocupa das origens, da

estrutura e do funcionamento e dos efeitos do uso nos usuários.

Entender como a língua funciona não é saber muitas línguas e

também não consiste apenas em juntar informações sobre as

mais variadas características de uma língua, mas é tentar ver

como funciona.

Ciência que estuda as línguas humanas ou línguas naturais.

É a ciência da linguagem verbal. Estuda o sistema lingüístico e

também a maneira como a língua é posta em prática no seio

da sociedade.

É a investigação das formas, dos usos e das atividades

lingüísticas.

Área de investigação de conhecimento que se ocupa de uma

gama de questões relacionadas à origem, a natureza e a

função da linguagem humana.

(44)

Obs ObsObs Obs

Obs.:.:.:.:.: VVVVeja,Veja,eja, ao f eja,eja, ao f ao f ao f ao f inal do f inal do f inal do f inal do f ascículoinal do f ascículoascículoascículoascículo (ANEX

(ANEX(ANEX (ANEX

(ANEXOS),OS),OS), f OS),OS), f f f f otos e uma biootos e uma biootos e uma biootos e uma biootos e uma bioggr gggr r r af r af af af af iaiaiaiaia profissional dos linguistas citados no profissional dos linguistas citados noprofissional dos linguistas citados no profissional dos linguistas citados noprofissional dos linguistas citados no

quadro. quadro.quadro. quadro.quadro.

Em todas as respostas dos lingüistas, um elemento comum se destaca: o foco dos estudos lingüísticos é a língua (= linguagem verbal) em seus mais variados aspectos: forma, estrutura, origem, função, usos. Observe que não se trata de uma língua em particular, mas sim do que é comum a toda e qualquer língua natural (em oposição às línguas criadas pelo homem (artificiais), como a do universo da informática). Obviamente que há lingüistas que se ocupam especificamente da descrição do português ou do espanhol ou de qualquer outra língua (moderna ou antiga).

Trata-se, nesse caso, de uma especificação do trabalho do estudioso. Nesse ponto, já podemos constatar que existe uma Linguística Geral e estudos linguísticos específicos, também

chamados de Linguística

Descritiva.

Veja a seguir uma notícia de jornal

na qual se pode perceber pontos de vista de lingüistas sobre um determinado fenômeno muito comum em nosso país:

(45)

Esta matéria foi publicada na edição de 23 de

novembro de 1997 do jornal

Folha de São 

Paulo 

:

Leve dicionário na hora de ir às compras

 Nesta época de compras, liquidação vira “sale” e as “stores” 

vendem com 50% “off”. Levantamento mostra que 15%

 das lojas e bares paulistanos são batizados com nomes em

inglês

Lúcia Martins 

Da Reportagem local

A mãe

up-to-date 

 vai neste

X-mas 

 aproveitar uma

sale 

 e conseguir

50%

off 

 em uma

toy shop 

 para comprar um presente para o

baby 

.

Se você tem dificuldades para entender a frase acima, desista de

fazer compras neste Natal em São Paulo.

Usar palavras, expressões ou traduzir nomes inteiros para o inglês

é a nova tática para atrair os consumidores, principalmente nos

bairros de classe média da cidade.

Nos Jardins e na Vila Mariana (ambos na zona sudoeste), é quase

impossível encontrar nomes de lojas, de marcas e de serviços em

português. “

How to get the best price 

”, “Aceitamos

cards 

”, “Fazemos

delivery 

” são alguns exemplos encontrados nesses bairros.

A “invasão” da língua pode ser medida pelo número de lojas com

nomes em inglês. De cada 100 lojas de São Paulo, 15 têm alguma

palavra ou estrutura do inglês no nome. Essa é uma estimativa da

Federação das Câmaras e Dirigentes Lojistas, que fez um

levantamento em 3.300 lojas. A explicação de Maurício Stainoff,

presidente da federação, é a mesma dada por especialistas. “Inglês

tem prestígio”.

Os donos de bares também resolveram americanizar. O índice

de nomes

in english 

  é o mesmo das lojas. Levantamento da

(46)

Associação de Bares e Restaurantes

Diferenciados mostra que cerca de

15% dos seus 300 associados

também têm nomes em inglês.

O grupo que estimula o turismo na

cidade é chamado de SP Convention

Bureau. Segundo o grupo, esse é um

nome usado por outras capitais. A mais

recente campanha do SP Convention

Bureau é a “SP Wellcomes Visa”, para

atrair clientes do cartão de crédito.

Para a maior parte dos estudiosos da

língua, o que ocorre na cidade é apenas reflexo da globalização.

A prova disso é a demanda crescente de quem quer aprender a

língua. Na cidade, há 3.000 cursos.

Para alguns estudiosos do português, o fenômeno é “invasão”.

Para outros, apenas um “empréstimo”. Ieda Maria Alves,

professora-doutora de Filologia e Língua Portuguesa da USP, está

organizando um dicionário de neologismos e levantou cerca de

3.500 palavras novas usadas pela imprensa. Desses, 10% são

anglicismos.

Entre os recordistas em uso, estão

cult 

,

black 

,

talk show 

 (veja as

20 mais usadas nesta página). Para Ieda, os “empréstimos podem

representar um fator de enriquecimento”. No

Aurélio 

, os

anglicismos são cerca de 400, menos da metade dos

estrangeirismos.

Já para Dino Preti, professor-doutor de linguística da PUC-SP, a

“infiltração do inglês é absurda e deve ser controlada”. “Essa

invasão é difícil de evitar. Acho que o caminho é o fortalecimento

das escolas”.

(47)

Mas voltemos a nossa questão inicial:

Qual o objeto da Linguística?

A resposta é então quase óbvia:

A língua em seus múltiplos aspectos.

O fato de ser múltiplo torna esse objeto altamente complexo e, como mostra a história da Lingüística (neste fascículo), os estudos foram, nas suas diversas vertentes, enfocando aspectos diferentes: os gregos, por exemplo, se preocupavam com a eficácia dos discursos e estudavam a língua grega para verificar de que modo os arranjos lingüísticos poderiam fazê-los alcançar sucesso nas assembléias; já os lingüistas comparativistas, principalmente no decorrer do século XIX, buscavam nos elementos fônicos das línguas encontrar parentescos e filiações entre elas.

Como se vê, diferentes objetivos geraram diferentes objetos: ora a língua é vista como discurso, ora como estrutura fônica (a isso é que denominamos objeto de estudo). Percebe-se, com esses dois exemplos, o quanto de riqueza há no objeto língua, o que gerou muitas subdivisões no terreno da ciência lingüística, conferindo-lhe na verdade o status de um conjunto de estudos sobre a linguagem humana.

Para entendermos melhor as multifaces desse grande objeto de estudo que é a língua, reflitamos sobre o depoimento do professor Ataliba de Castilho quando de suas aulas de Linguística na universidade:

Bom, eu quando dou aula na graduação, costumo dizer para os alunos: se você quer entender o que é lingüística e o que é o seu objeto, você precisa pensar um pouco na fábula dos três cegos apalpando o elefante. Cada um apalpava um pedaço e definia o animal por aquele pedaço. Então, o que pegava na perna, dizia assim: “o elefante é assim um cilindro muito duro, rígido, [...] parece que esse animal não se mexe é ocupa posição vertical no espaço”. O outro que mexia lá na tromba, naturalmente, discordava não só quanto à disposição no espaço, quanto à rigidez ao tato, tanto quanto à mobilidade. (XAVIER; CORTEZ, 2003, p. 55).

(48)

Assim, como destaca a professora Mary Kato, a Linguística é, na verdade, uma grande área, um termo genérico para muitas subciências. Por exemplo, há lingüistas que estudam a gramática das línguas, enfocando o modo como os elementos se estruturam morficamente ou sintaticamente – os linguistas formais; outros se voltam para as relações entre as estruturas e as funções que elas desempenham na comunicação humana e como expressam os pontos de vistas dos falantes – são os linguistas funcionais; outros ainda se empenham no estudo dos textos – os linguistas de texto, havendo também estudiosos dos fenômenos do discurso, que têm como objeto de estudo o sujeito situado nos diversos discursos que se constroem com a língua. A esses se chamam analistas do discurso (XAVIER; CORTEZ, 2003)

Há, portanto, muitas tendências na Linguística, sendo que uma delas é o estudo do chamado “núcleo duro” – fonologia, morfossintaxe e semântica. O lingüista americano Noam Chomsky, por sua vez, defende que o objeto de estudo da Linguística é o conhecimento depositado no cérebro humano que dá ao homem a capacidade de usar uma língua sem que lhe tenham ensinado. Outros, como Marcuschi, “acham que a Linguística pode ser mais ampla e envolve inclusive lingüística de texto, análise do discurso, análise da conversação, por exemplo. Isto é, envolve processos, atividades, e outras coisas mais.” (XAVIER; CORTEZ, 2003, p. 136).

A figura a seguir ilustra esquematicamente como a Linguística constrói seu objeto de estudo.

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Segundo Weedwood (2002), os termos microlinguística e macrolinguística, embora ainda não estejam bem estabelecidos, são usados para se referir, respectivamente a uma visão mais estrita da língua (ou núcleo duro, como já tornou comum dizer), restrita aos aspectos puramente lingüísticos, como fonemas, morfemas, sintagmas, elementos lexicais e referências vinculadas apenas aos elementos lingüísticos, enquanto a macrolinguística diz respeito a uma visão mais ampliada do escopo da lingüística, incluindo mecanismos psicológicos que se relacionam à produção e recepção da fala (domínio da psicolinguística), as mudanças pelas quais uma língua passa (linguística histórica), as variações lingüísticas vinculadas a elementos da sociedade, como classe, origem, grau de escolaridade (sociolinguística) e outros.

Como enfatiza Weedwood (2002, p. 12),

Às vezes a lingüística se encontra com a neurologia: inscrita no cérebro, a língua está sujeita a distúrbios (por exemplo, a afasia), extraordinariamente reveladores do seu funcionamento. Às vezes o lingüista tem de ser sociólogo, pois a língua é também, eminentemente um produto social – ou, ainda, psicólogo, pois a produção lingüística ativa todas as faculdades psíquicas (memorização, associação, organização do pensável...) que são do domínio privilegiado da psicologia.

Percebe-se, pois, que, embora seu objeto seja sempre a língua, a Linguística a estuda sob diversos ângulos. Sendo a língua muito complexa, para compreendê-la, são necessários vários modos de abordá-la, daí se geram os diferentes campos de estudos lingüísticos, conforme enfatiza Mollica (XAVIER; CORTEZ, 2003, p. 145),

Nessa medida são inúmeros os seus domínios. Nós podemos imaginar seus domínios e outros que estão por vir. E aí, portanto, é amplo o diálogo com outras áreas do saber. [...] É uma área, vamos dizer assim, por si só naturalmente fragmentada, razão pela qual a própria definição vai conter uma dinamicidade muito grande.

É importante observar que, conforme ainda a figura 1 (acima), os sons da língua, fonemas, morfemas, sintagmas, léxico, estão no chamado núcleo duro, constituindo o que é estritamente lingüístico. Isso significa que tais elementos também fazem parte do

Referências

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