Pneumopatias:
Diagnóstico e tratamento
Denise Simões HOVET/USP
Broncopneumopatia eosinofílica
• infiltrado eosinofílico no pulmão e mucosa bronquial (homem e cão)
• Etiologia: desconhecida
• Adultos jovens (4 a 6anos)
• Husky, Malamute, labrador, PA,rottweiler, Fox e Jack Russel
• Tosse (seca, sonora e persistente) • ACP: normal ou chiado e crepitação
Diagnóstico (BPE)
• Histórico (melhora com corticosteroides) • Anamnese • Sintomas • Achados radiográficos e TC • Hematologia • Broncoscopia • Citologia (LBA)
A- Projeção lateral do tórax: padrão bronco-intersticial grave em cão com BPE
Achados radiográficos
• Infiltrado pulmonar difuso
• Padrão bronco-intersticial misto moderado a grave
• Espessamento da parede bronquial • Infiltração alveolar (>40%)
• Bronquiectasia (crônicos) • Correlação significante:
– score de gravidade radiográfica – n⁰ total de células e de eosinófilos
Tomografia computadorizada
• Anormalidades do parênquima pulmonar (93%)
• Espessamento de parede bronquial (87%) • Presença de plugs (muco/debris) lúmen
bronquial (73%)
• Bronquiectasia (60%)
• Nódulos pulmonares (33%) • Linfoadenopatia (67%)
Hematologia
• Leucocitose (30 a 50%) • Eosinofilia (50 a 60%) • Neutrofilia (25 a 30%) • Basofilia (0 a 55%)
• Ausência de eosinofilia, não exclui diagnóstico de BPE
Broncoscopia
• moderada a intensa quantidade de secreção amarelo-esverdeado
• espessamento da mucosa (moderado a grave) • aparência irregular ou polipóide
• intensa hiperemia das vias aéreas
• fechamento concêntrico exagerado de vias aéreas (exp.)
• detectar possível infecção bacteriana concomitante
Citologia (BPE)
• aumento do n⁰ total de células
• aumento da % de eosinófilos e neutrófilos • cães normais:
– <5% (eosinófilos)
– >24% (eosinófilos) carga parasitária
• contagem de células normal (LBA):
– 200 a 400 céls/µL (macrófagos 65-70%)
• Infecção pulmonar bacteriana é rara em cães com BPE
Citologia de LBA em cão com BPE. Porcentagem de eosinófilos (n=100) > 50%.
Histopatologia
• Grau 1: discreto infiltrado eosinofílico • Grau 2: moderado infiltrado eosinofílico • Grau 3: grave infiltrado eosinofílico
– hiperplasia, metaplasia escamosa
– ulceração epitelial, microhemorragia – fibrose
Histopatolócico de mucosa bronquial (BPE): moderada inflamação (grau 2), com
extravasamento de eosinófilos de vasos da mucosa superficial e migração dessas células através do epitélio respiratório para o lúmen bronquial (HE).
Rinoscopia
• descarga nasal concomitante
• exame citológico e bacteriológico • edema e congestão de mucosa
• secreção mucopurulenta ou mucoide • proliferação polipoide (graves)
Pesquisa de parasitas
• Dirofilariose oculta *
• Pesquisa de helmintos:
– Sulfato de zinco – Baermann
– detecta (30 a 70% das infecções ativas)
• Tratamento:
– Fenbendazol – Tiabendazol – Levamisol
Tratamento
• corticosteróides: prednisolona
– dose: 1mg/kg, bid (1ª semana)
– 1mg/kg, bid EDA (2ª semana) – 1mg/kg, sid EDA (3ª semana)
• sintomas bem controlados:
– redução gradual
– dose de manutenção:
Tratamento (novidades)
• corticosteróides inalados (fluticasona) • ciclosporina
– propriedades imunomoduladoras
• fármacos que suprimem os efeitos das interleucinas
– IL-5 ou IL-13
• compostos que interferem com o receptor principal envolvido no recrutamento de
BPE: antes do tratamento BPE: depois do tratamento com corticosteróide oral
Pneumonia Bacteriana
• Inflamação do parênquima pulmonar secundária a infecção bacteriana
Fonte: new pneumonic cartoon. jpg pneumonia alveolus.jpg O2 Oxigênio incapaz de atingir a circulação sanguínea Circulação sanguínea NORMAL PNEUMONIA Alvéolo
Pneumonia em gatos
• 110 casos (1991-2000): 31.323 gatos
– 39 gatos (infecciosa)
• Taquipneia/dispneia (19); letargia (15), anorexia (14), descarga nasal (8); tosse (3), febre (6)
• bacterianas 21 gatos (51%) aeróbios (80%) • Streptococcus ssp; Pasteurella ssp
• viral 11 gatos (28%) coronavírus
• fúngica 6 gatos (15%) Criptococcus sp
Macdonald,E.S. et al.Clinicopathologic and radiographic features and etiologic agents in cats with histologically c0nfirmed infectious pneumonia: 39 cases (1991-2000). J. Am. Vet. Med. Assoc. 223(8): 1142-1150, 2003
Pneumonia bacteriana
• Fatores de risco:
– defesas do hospedeiro :
• Idade, falência de órgãos, estado nutricional <
eficácia dos macrófagos alveolares
– Bactérias:
• prejuízo para o sistema de transporte muco-ciliar • podem afetar a consistência e o volume de muco
• Flora normal oportunistas (aglomeração):
– condições de higiene inadequadas – animais jovens e não imunizados
Pneumonia bacteriana
• Fatores predisponentes:
– infecções respiratórias :
– viral, bacteriana, fúngica, protozoários, parasitárias
– condição corpórea ruim
– doenças metabólicas (DM, HAC) – nível de consciência reduzido – doenças neuromusculares
Pneumonia bacteriana
• Fatores predisponentes:
– anormalidades anatômicas ou funcionais:
• discinesia ciliar
• hipoplasia traqueal
• anormalidades faringeanas • disfagia
Patógenos
• microflora residente • Cão:
– E. coli, Klebsiella ssp, Pseudomonas ssp – Gram-negativos entéricos (+ comuns)
– Pasteurella ssp.(nasofaringe e vias aéreas >s) – Bordetella ssp. (trato respiratório anterior) – infecções polimicrobianas: > 43%
• Gato:
– Pasteurella spp., Streptococcus spp., Bordetella sp, E. coli, Pseudomona ssp e Mycoplasma spp.
Manifestações Clínicas
Cão • tosse • descarga nasal • taquipnéia/ distrição respiratória • alterações sistêmicas: • febre • anorexia • letargia • perda de peso • desidratação Gato • infecção do trato respiratório anterior • descarga nasal• distrição respiratória grave • manifestações sistêmicas: • febre (variável)
• anorexia • letargia
Foto: Wagner Sato Ushikoshi
Exame Físico
• Inspeção:
– Padrão respiratório restritivo
– FR e amplitude ( complacência)
• ACP:
– sons bronco-vesiculares ou murmúrio vesicular
– sibilos
– crepitações
Diagnóstico
• Histórico e anamnese (sintomas) • Exame físico: • Inspeção: – Padrão respiratório • ACP • Achados radiográficos: – padrões
Diagnóstico
• Citologia e isolamento do agente:
– Lavado endotraqueal (LET) – Lavado bronco-alveolar (LBA)
– Aspirado do pulmão por agulha fina (AAF) – Broncoscopia
• Cultura e antibiograma/ GRAM • Exames laboratoriais
Técnica do LBA e LET
• Suplementação de oxigênio: 10 a 15 minutos • Volume:
– 10mL/ bolus (4 – 5 X) cães pequenos e gatos – 25 mL/ bolus (2X) cães grandes
• Qualidade do fluido coletado:
– Espuma no topo do fluido
Citologia
• Interpretação cuidadosa
• correlacionar a presença de bactérias
extracelular com sintomas e potencial de contaminação da flora oral
• achados de epitélio escamoso ou bactéria Simonsiella ssp: contaminação oriunda da orofaringe
Citologia
• macrófagos alveolares:
– animais saudáveis e com pneumonia
• leucócitos + bactérias intracelulares:
– no de neutrófilos degenerados:
• inflamação ativa
• ausência de bactérias: não exclui infecção
Norris CR et al. Thoracic radiography, bronchoalveolar lavage cytopathology, and pulmonar parenchymal
Broncoscopia
Rha, Ji-Yeun; Mahony, O. Broncoscopy in Small Animal Medicine: Indications, instrumentation and techniques.
Cultura
• Agentes:
• aeróbios, anaeróbios (abscessos pulmonares) • Peeters et al.,2000:
• cultura de aeróbios (LBA):
– >1,7 x 103 UFC/ml infecção trato respiratório
Exames laboratoriais
• Leucograma:
– normal, leucocitose com ou sem desvio à esquerda – leucopenia: pacientes graves
• gatos gravemente doentes: anemia • hipoalbuminemia:
– animais cronicamente e gravemente doentes – produção de proteínas de fase aguda
– aumento da permeabilidade vascular – perda de albumina para o interstício
Tratamento
• terapia de suporte • antibioticoterapia
• acessar a função respiratória e ventilação • avaliar :
– esforço e frequência respiratória – mudanças posturais
Fluidoterapia
• desidratação:
– muda a composição do muco
– diminui a eficácia do clearence muco-ciliar e esvaziamento alveolar
• manter euvolemia
• Excesso de fluido: exacerbar a função pulmonar comprometida!
Antibióticos
• amplo espectro de ação • animais estáveis: VO
• pacientes graves: IV
• doses >s em pacientes leucopênicos: • leucócitos circulantes
• macrófagos alveolar • escalonamento
Antibióticos
doença grave Enrofloxacina 5 mg/kg SC cd 12 h ou Amoxacilina/ clavulanato de K 15 - 20 mg/kg IV 8 h associada a Amicacina 15 – 20 mg/kg IV cd 24 h ou Cefalosporinas 2a ou 3a geração ou Clindamicina 11 mg/kg IV cd 12 h Cão instável (parenteral) não usar: DRC ou perfusão renal
Antibióticos
Cefoxitina 15 mg/kg IV/4 h ou Enrofloxacina 2,5 mg/kg SC cd 12h ou cefalosporinas de 3a geração: • Ceftiofur 2,2 – 4,4 mg/kg SC cd 12 – 24 h instável (parenteral) Gato doença gravePeríodo de tratamento
• mínimo de 4 semanas e acima de 3 meses em casos graves
• controle radiográfico seriados:
– avaliar a progressão da doença
– determinar a duração do tratamento
– realizado em 2 e 6 semanas de tratamento – OK! : manter antibióticos por mais 2 semanas – repetir após 2 semanas (descontinuar o ATB) – evidência de abscesso pulmonar
Broncodilatadores
• Metilxantinas:
• da fadiga diafragmática • clearence mucociliar
• teofilina: liberação prolongada
– cão: 10 mg/kg cd 12h
– gato: 15 mg/kg sid (comp) e 19 mg/kg sid (cáps)
Mucolíticos
• N-acetilcisteína: 5 mg/kg tid
– quebra das ligações dissulfeto no muco da via aérea espessada
– precursor da glutationa:
• antioxidante contra radicais livres associados a inflamação
TAPOTAGEM
– fisioterapia designada para estimular o reflexo da tosse – mobiliza secreçõesNEBULIZAÇÃO
• liberação de gotas de
água para as vias aéreas posteriores
• hidratação do
Monitoração
• oximetria de pulso:
– avalia a necessidade de suplementação com oxigênio
• gasometria arterial:
– avalia oxigenação e ventilação
• Wingfield et al (1997): estudo retrospectivo
Suplementação de oxigênio
• SO2: <94% ou PaO2: < 80 mmHg • gaiolas, cateter nasal, máscaras etc • com umidificação:
– manter a saúde do epitélio muco-ciliar – facilitar a expectoração das secreções
Ventilação mecânica
• hipoxemia persistente apesar da adequada suplementação com O2
• fadiga muscular ventilatória • PaO2: < 50 mm Hg (com O2) • PaCO2: > 50 mm Hg
Neoplasias pulmonares
• Primários (incomuns em pequenos animais):
– adenocarcinomas
– carcinoma alveolar/bronquial
• Metastáticos (comuns):
– adenocarcinoma mamário, tiroideano – osteossarcoma, condrossarcoma
– hemangiosarcoma – melanoma
Tumores primários em gatos
• Raros
• Manifestaçõesclínicas:
– letargia, perda de peso, tosse, dispneia, anorexia, taquipneia
• Classificados quanto sua origem:
Neoplasias intratorácicas
• Podem resultar em efusão pleural:
– obstrução da drenagem linfática ou venosa – inflamação
– infecção secundária – hemorragia.
• tipos de efusão:
– transudatos modificados, exsudatos e efusões hemorrágicas.
Manifestações clínicas
• tosse (+ comum de neoplasia primária)
• dispneia, taquipnéia, intolerância a exercícios • hemoptise (infrequente)
• auscultação:
– estertores, sibilos
– abafamento de sons (consolidação, efusão pleural)
• sintomas não respiratórios: letargia, anorexia, caquexia
Diagnóstico
• radiografia torácica (mais importante):
– neoplasia primária: formação solitária – neoplasia metastática: nódulos múltiplos – linfoma: variável
• outros achados:
– linfoadenopatia – efusão pleural
– citologia/histologia (diagnóstico definitivo) – Tomografia
Diagnóstico
• neoplasia associada à efusão pleural: • exames de imagem:
• Rx, TC (após realização de toracocentese) • citologia do fluido
• aspirado com agulha fina da massa torácica • Toracoscopia + biópsia
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Aspirado por agulha fina
• Nódulo em
parênquima pulmonar guiado pela TC
Tratamento
• Neoplasia primária: – Cirurgia (lobectomia) – Quimioterapia • Neoplasias metastáticas: – Quimioterapia (paliativo) – Pleurodese (efusão pleural)Tratamento
• Antitussígeno:
– Codeína: 0,1 – 0,3 mg/kg, PO, q 4 – 6 h
• Corticoide:
– Predinisona: 0,5 mg/kg sid ou bid
– Prednisolona: 0,5 a 1 mg/kg sid (gatos)
– Acetato de dexametasona (Decadronal): 0,3