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KELLE ANDRADE DO CARMO

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS ARAPIRACA. UNIDADE DE ENSINO PENEDO CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PESCA

KELLE ANDRADE DO CARMO

Estrutura populacional do camarão-canela Macrobrachium acanthurus

(Wiegmann, 1836) (Decapoda: Palaemonidae) capturado pela pesca

artesanal na comunidade de Ponta Mofina/Penedo.

Penedo, AL 2018

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KELLE ANDRADE DO CARMO

Estrutura populacional do camarão-canela Macrobrachium acanthurus

(Wiegmann, 1836) (Decapoda: Palaemonidae) capturado pela pesca

artesanal na comunidade de Ponta Mofina/Penedo.

Penedo, AL 2018

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a banca examinadora do curso de bacharelado em Engenharia de Pesca da Universidade Federal de Alagoas, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Pesca.

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À minha família, minha mãe Rosineide Andrade, ao meu amado pai Valdo do Carmo pоr sua capacidade dе acreditar е investir еm mim. Mãe, sеu cuidado е dedicação fоі que deram еm alguns momentos, а esperança pаrа seguir. Pai, suа presença significou segurança е certeza dе quе numca estive sozinha nessa caminhada. E aos meus irmãos Idalmir Andrade, Michelo Andrade, Alysson Andrade e Francciele Andrade que sempre estiveram na torcida por mim, AMO TODOS VOCES.

À José Carlos Rodrigues, cоm quem escolhi partilhar а vida. Ao teu lado mе sentido mais viva e capaz de qualquer coisa nesse mundo. Obrigado pelo carinho, paciência е sua capacidade dе me trazer pаz e alegria nа correria dе cada semestre.

Аs minhas amigas Vanda Duarte, Alice Rafaele, Aldeci França, Aline Pereira e Andreia Batista pelo incentivo е apoio constantes, pelo carinho e convivência divertida.

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Agradecimentos

Primeiramente а Deus quе permitiu quе tudo acontecesse da melhor forma, ао longo dе toda minha vida, nãо somente nestes anos como universitária, mаs еm todos оs momentos ele foi e é o maior mestre quе alguém pode conhecer. A vida é cheia de surpresas e as melhores e porque não dizer também algumas “ruins” que são as mais edificantes e que se revelam como os maiores desafios que nos deparamos ele me reservou para os dias nos quais permaneci na universidade. Aqui conheci amigos de verdade, mas tambem aprendi a distinguir os bons e os ruins o que podia permanecer e o que não, agradeço a Deus principalmente porque na UFAL eu aprendi, cresci, amadureci.

Agradeço UFAL (Universidade Federal de Alagoas) sеu corpo docente, direção е administração e os amigos da limpeza a todos quе oportunizaram а janela quе hoje enxergo um horizonte superior, me ensinaram que com dignidade, respeito e ética posso ser a melhor profissional de todas.

Agradeço а todos оs professores os quais tive contato ao longo do curso por me proporcionarem о conhecimento e a  formação profissional, quе de alguma forma sе dedicaram а mim, e nãо somente pоr terem mе ensinado, mаs por terem mе feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar serei eternamente grata.

Aqui faço também um agradecimento especial ao Prof. Dr. Petronio Alves Coelho Filho pela oportunidade de trabalhar em seu laboratório е pelo apoio nа elaboração deste trabalho.

Agradeço profundamente Aos meus pais, pelo amor, incentivo е apoio incondicional. minha rainha Rosineide minha grande heroína, mulher maravilha quе mе dеu apoio, que torceu e festejou mais que qualquer um quando recebi a noticia de que estaria na faculdade um dos grandes sonhos de nossas vidas, obrigada pelo incentivo nаs horas difíceis, de desânimo е cansaço, por entender quando não podia ajudar nos afazeres porque tinha que me dedicar aos estudos que como ela dizia: é a única coisa que ninguém vai poder tirar de mim, os conhecimentos que adquire na escola e na universidade. MAMÃE TE AMO.

Ao mеu querido e amado pai quе apesar dе todas аs dificuldades mе fortaleceu е foi muito importante, sempre pronto para me ajudar nas coletas de dados e nas informações

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que precisava para organizar meu trabalho. Sempre pude contar com sua paciência, PAPAI estava sempre la na porta da UFAL as 5:00 horas da tarde me esperando para me levar para casa em segurança, TE AMO.

Aos meus irmãos Idalmir Andrade, Michelo Andrade, Alysson Andrade e Franciele Andrade que nоs momentos dе minha ausência dedicados ао estudo superior sеmprе entenderam quе о futuro é feito а partir dа dedicação e do empenho nо presente!

Ao meu amor José Carlos Rodrigues, meu amado noivo que foi uma das melhores surpresas que a vida me deu, obrigada por ter tido paciência e ter madrugado comigo principalmente nessa reta final, por ter me aguentado e me dado forças quando me via chorar e duvidar de que eu era capaz, TE AMO.

Meus sinceros e profundo agradecimentos аs minhas grandes amigas e primas-irmas Alice Rafaely, Vanda Duarte e a meu afilhado Ronaldy Oliveira pela convivência maravilhosa e edificante, vez em quando estressante, que foi morar durante quase 2 anos na nossa “engebiocasa”, a vocês duas agradeço também pela ajuda nas coletas e na busca por informações e correções deste trabalho.

As minhas grandes amigas Aline, Andreia e aos amigos Alex e Emanuel agradeço pela convivência divertida e horas de conversas “fiadas” e momentos divertidos, mas sem esquecer as horas cultas que tínhamos de aprendizagem e altos papos de conhecimento sobre nossa profissão, aprendi muito com vocês. Meninas a vocês faço um agradecimento especial por terem me ajudado tanto durante todo o período tanto de aulas como principalmente no período de pesquisa e escrita desse trabalho dicas, raiva, vontade de chorar e muitas muitas risadas das situações que passamos juntas, essa será uma amizade que com certeza levarei pra minha vida inteira.

Aos amigos Eline Calazans, Aldeci França, Robson Batista e Ticiano Rodrigo pela convivência por serem tão fieis e terem contribuído para minha formação acadêmica.

E, sobretudo, aos pescadores artesanais da comunidade de Ponta Mofina lugar onde nasce e cresci principalmente a Luiz de Paula e sua esposa Fátima, a José Benildo e Sua esposa Valdenice e a Reginaldo Duarte e sua Esposa Rosângela por numca terem se negado a me ajudar nas coletas de dados e a todos por terem contribuído de alguma forma com meu crescimento profissional espero que esta pesquisa contribua de alguma forma, na continuidade do trabalho de vocês.

A todos vocês companheiros dе trabalhos е irmãos nа amizade quе fizeram parte dа minha formação е quе vão continuar presentes еm minha vida cоm certeza.

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RESUMO

O camarão palemonídeo Macrobrachium acanthurus vem sofrendo elevado grau de pressão em suas populações com evidente declínio dos estoques naturais, intensificado por problemas de degradação dos ambientes, somados a captura excessiva que pode levar os estoques ao colapso. Nos últimos anos pesquisas sobre biologia populacional de crustáceos decápodes vem se intensificando, uma vez que esse tipo de estudo permite compreender o equilíbrio ecológico das espécies. Na Bacia do São Francisco parte dos estoques pesqueiros já se encontra sobre-explorado e as pesquisas sobre essa situação ainda se encontram em estado inicial. Este trabalho, portanto, teve como objetivo oferecer esclarecimentos a respeito da estrutura populacional da espécie capturada na comunidade de Ponta Mofina (Alagoas) localizada no Baixo São Francisco. As coletas foram realizadas mensalmente entre dezembro/14 a Junho/16 junto aos pescadores que faziam a pesca de covo, e ao retornar ofertavam o material para ser analisado, sendo retiradas amostras aleatórias de seis pescadores, um dia a cada mês, até completar 1 kg de camarão. Os espécimes foram levados ao laboratório identificados, sexados, mensurados e agrupados em três categorias: machos, fêmeas não ovígeras e fêmeas ovígeras. Um total de 4.321 espécimes foi analisado sendo 3.605 machos e 716 fêmeas, das quais 377 estavam ovígeras. A razão sexual diferiu significativamente a favor dos machos sendo estes também maiores que as fêmeas. A reprodução de M. acanthurus foi do tipo continua com pico nos meses de abril e maio. A distribuição de frequência em classes de tamanho dos espécimes revelou um padrão de distribuição bimodal com picos de ocorrência nas classes 14,0 – 17,0 e 17,0 – 20,0mm para machos e nas classes 11,0 – 14,0mm e 14,0 – 17,0mm para as fêmeas. O tamanho de primeira maturação resultou em 17,87mm para macho e 12,81mm para as fêmeas. O crescimento foi do tipo alométrico negativo (b<3) para ambos os sexos, evidenciando que os espécimes investem mais no crescimento de carapaça do que em peso.

Palavras-chave: Camarão de água doce; razão sexual; estrutura reprodutiva;

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ABSTRACT

Macrobrachium acanthurus has been experiencing a high degree of pressure in its populations with an evident decline in natural stocks, intensified by problems of degradation of the environments, in addition to the excessive catch that can lead to collapse. In recent years research on the population biology of decapod crustaceans has intensified, since this type of study allows understanding the ecological balance of the species. In the São Francisco Basin part of the fish stocks is already overexploited and research on this situation is still in its initial state. This work, therefore, had as objective to offer clarifications regarding the population structure and the annual fluctuation of the abundance of the species captured in the community of Ponta Mofina (Alagoas) located in the Lower São Francisco. The collections were carried out monthly between December / 14 and June / 16 with the fishermen who were fishing the cove, and when they returned, they were offered the material to be analyzed, and random samples of six fishermen were taken one day each month until 1 kg of shrimp. The specimens were taken to the laboratory identified, sexed, measured and grouped into three categories: males, non-ovigerous females and ovigerous females. A total of 4,321 specimens were analyzed, being 3,605 males and 716 females, of which 377 were ovigerous. The sex ratio differed significantly in favor of the males being these also larger than the females. The reproduction of M. acanthurus was of the continuous type with peak in the months of April and May. The frequency distribution in specimen size classes revealed a bimodal distribution pattern with peaks occurring in classes 14.0 - 17.0 and 17.0 - 20.0mm for males and in classes 11.0 - 14.0mm and 14.0 - 17.0mm for females. The first maturation size resulted in 17.87 mm for male and 12.81 mm for females. The growth was negative allometric type (b <3) for both sexes, evidencing that the specimens invest more in carapace growth than in weight.

Keywords: freshwater shrimp; sexual reason; reproductive structure; growth;

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE GRÁFICOS RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO ... 11 2. OBJETIVOS ... 14 2.1.Objetivo geral...14 2.2.Objetivos específicos...14 3. MATERIAL E METÓDOS ... 15 3.1 Área de estudo...15 3.2 Metodologia de captura...16 3.3 Processos laboratoriais...18 3.4 Análises estatísticas...20 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 21 5. CONCLUSÃO ... 36 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...37

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização geográfica da comunidade de Ponta Mufina as margens do Rio

São Francisco/Alagoas, ponto de coleta dos espécimes...15

Figura 2a, b, c. Representação da arte de pesca ‘covo’ utilizado pelos pescadores para

as amostragens biológicas (2a confeccionado em PVC; 2b confeccionado em tala; 2c

confeccionado em

Pet)...16

Figura 3. Lançamento do covo PVC...16 Figura 4. Lançamento do covo de taboca...18 Figura 5. Desenho esquemático da diferenciação sexual no segundo par de pleópodos

de machos e fêmeas no camarão do gênero

Macrobrachium...19

Figura 6. Medidas obtidas dos indivíduos de M. acanthurus. Onde Ct = Comprimento

total, Cf = Comprimento do cefalotórax e CC = Comprimento de carapaça (com individuo estendido)...20

Figura 7. Pesagem da produção de M. acanthurus e retirada de determinada quantidade

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GRÁFICOS

Figura 8 - Distribuição mensal da frequência absoluta de machos e fêmeas e da

frequência relativa de fêmeas ovígeras...25

Figura 11 - Frequência absoluta mensal de fêmeas ovigeras e fêmeas não ovigeras

durante o período de coleta...26

Figura 12 - Estimativa do comprimento médio de carapaça (em mm) da primeira

maturação de machos Macrobrachium acanthurus capturados num trecho do Rio São Francisco – Alagoas, no período de dezembro de 2014 a junho de 2016...26

Figura 13 - Estimativa do comprimento médio de carapaça (em mm) da primeira

maturação de fêmeas de Macrobrachium acanthurus capturados num trecho do Rio São Francisco – Alagoas, no período de dezembro de 2014 a junho de 2016...33

Figura 14 - Relação entre comprimento total (Ct) e peso total (Pt) para machos de

Macrobrachium acanthurus capturados num trecho do Rio São Francisco – Alagoas, no

período de dezembro de 2014 a junho de

2016...33

Figura 15 - Relação entre comprimento total (Ct) e peso total (Pt) para fêmeas de

Macrobrachium acanthurus capturados num trecho do Rio São Francisco – Alagoas, no

período de dezembro de 2014 a junho de

2016...34

TABELA

Tabela 1 – Frequência absoluta e teste de Qui quadrado X² de machos e fêmeas de M.

acanthurus de analisados durante o período de dezembro de 2014 a Junho de 2016...26

Tabela 2 - Distribuição de frequências absoluta e relativa de CC de M. acanthurus

analisados mensalmente entre os meses de dezembro de 2014 a Junho de 2016...22

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INTRODUÇÃO

A pesca é uma atividade de extrema importância na vida dos seres humanos, sendo um dos primeiros trabalhos realizados para sua sobrevivência (RAMIRES et, al. 2012). Mesmo com o passar dos tempos, a ação de pescar continua exercendo seu papel de influência, estando presente na vida de milhares de homens e mulheres em vários ambientes aquáticos do Brasil e do mundo (LIMA e MELO, 2013), segundo Freitas et, al (2015, p. 45) esta pratica representa mais do que uma atividade econômica revelando-se como modo de vida, acesso a alimentação e renda.

O Baixo São Francisco, mais especificamente a microrregião de Penedo, é uma das áreas de grande potencial pesqueiro, devido aos seus diferentes ecossistemas estuarino, marinho e dulce-aquícolas lóticos e lênticos (SOARES et. al, 2011, p.62) e uma diversidade de espécies de peixes, moluscos e crustáceos são alvos da pesca de diversas comunidades da região.

Na comunidade de Ponta Mofina a pesca é predominantemente artesanal devido à utilização de embarcações e apetrechos rudimentares (CARMO et. al, 2015). Ainda segundo os mesmos autores a atividade é realizada próxima às residências e geralmente executada por um ou no máximo dois indivíduos geralmente parentes próximos como filhos, irmão ou esposa. Praticada principalmente pelos homens, sendo as mulheres, denominadas de marisqueiras, geralmente responsáveis pelo beneficiamento do pescado, que consiste em limpeza e cozimento logo após a chegada do camarão. A pressão de pesca atualmente é exercida totalmente sobre os camarões encontrado em grande quantidade na região do baixo São Francisco, fato que segundo os próprios pescadores se dá pela escassez de espécies outrora encontradas em abundancia no rio, principalmente as varias espécies de peixes que sustentavam as famílias ribeirinhas e o comercio local (CARMO et al, 2015).

A maior parte dos camarões de água doce, termo empregado para nomear uma diversidade de crustáceos decápodes que ocorrem em águas interiores e no estuário (SILVA, 2011 p. 33) de grande interesse comercial pertence ao gênero Macrobrachium Spence Bate, 1868, subfamília Palaemoninae, família Palaemonidae (Decapoda: Caridea), o qual compreende 246 espécies válidas mundialmente (MAGALHÃES et al., 2005; DE GRAVE e FRANSEN, 2011; MACIEL et al., 2011; PILEGGI e MANTELATTO, 2012; DE GRAVE e ASHELBY, 2013; VERA-SILVA et al., 2016), ocorrendo em regiões tropicais e subtropicais do planeta (SHORT, 2004 p. 12). No

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Brasil, este gênero está representado por 19 espécies (RAMOS-PORTO e COELHO 1998), das quais 13 são registradas nas bacias litorâneas e interiores (MELO 2003) incluindo duas espécies introduzidas (MAGALHÃES et al., 2005; DE GRAVE e FRANSEN, 2011; MACIEL et al., 2011; PILEGGI e MANTELATTO, 2012; DE GRAVE e ASHELBY, 2013; VERA-SILVA et al., 2016). Sendo as principais espécies de interesse comercial na região Macrobrachium amazonicum (Heller 1862), Macrobrachium rosenbergii (De man 1879), Macrobrachium carcinus (Linnaeus, 1758) e Macrobrachium acanthurus (Wiegmann, 1836).

Designado popularmente como “camarão de água doce”, “pitu” ou camarão-canela o M. acanthurus (Wiegman, 1836) é um palaemonidae endêmico das Américas com ampla distribuição geográfica, podendo ser encontrado desde os Estados Unidos até o Brasil (do Pará ao Rio Grande do Sul) (TAMBURUS et al. 2012) e nas Indias Ocidentais em água doce e salobra com temperatura entra 15°C e 36°C em altitudes menores que 100m (CUNHA 2008 p. 3). De forma complementar o termo “camarão-canela” usado para M. acanthurus foi o nome sugerido pela FAO (Food and Agriculture Organization) e justifica-se por ser um camarão de “braços” longos, sendo esta uma das diferenças morfológicas para as outras espécies.

De grande capacidade adaptativa necessita de águas marinhas para completar seu desenvolvimento (TAMBURUS, MOSSOLIN E MANTELATTO, 2012). É uma espécie onívora de hábitos noturno que se alimenta principalmente de detritos, plantas e invertebrados (CUNHA 2008 p. 8). Segundo este mesmo autor M. acanthurus vem sofrendo elevado grau de pressão com evidente declínio dos estoques naturais, intensificado por problemas de degradação dos ambientes como o assoreamento, a erosão, fruto do desmatamento e do desbarrancamento das margens do rio, a diminuição da vazão, decorrentes principalmente da construção das varias barragens ao longo do curso do rio São Francisco e a poluição doméstica e industrial (ZELLHUBER e SIQUEIRA, 2016) somados a captura excessiva pode levar os estoques ao colapso, já que ao longo do tempo as espécies tem que adaptar seu crescimento biologico e populacional a todos os processos pelos quais seu habitat vem sofrendo.

Nos últimos anos pesquisas sobre biologia populacional de crustáceos decápodes vem se intensificando, uma vez que esse tipo de estudo permite compreender o equilíbrio ecológico das espécies (LIMA et al. 2013 p. 12), principalmente àquelas que são superexploradas tanto pela pesca industrial quanto artesanal. De acordo com Angelitti e Cervellini (2015) uma caracterização estrutural das populações é essencial

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para a preservação dos recursos naturais. Tais dados podem ser empregados em estudos ecológicos sobre desova, mortalidade, crescimento e migração. Questões como razão sexual, estrutura etária e densidade influenciam no comportamento dos grupos devido principalmente às variações que estão relacionadas ao sexo e à idade dos indivíduos, importantes para que se compreendam as mudanças temporal e espacial dessas características que ocorrem ao longo do tempo (RICKLEFS, 1996). De acordo com Santos e Fonteles-Filho (2016, p. 60) esse tipo de pesquisa fornece ainda informações para tornar possível uma exploração sustentável dos recursos pesqueiros. Porém, Mantelatto e Barbosa (2005) relatam que existem outros fatores como condições climáticas adversas, exploração excessiva dos recursos e algumas atividades econômicas que atuam como impactantes do ciclo vital desses organismos.

Na Bacia do São Francisco parte dos estoques pesqueiros já se encontra sobre-explorados e as pesquisas sobre essa situação se encontram em estado inicial, assim como as informações sobre a bioecologia das espécies da região são conhecimentos dispersos (BARBOSA e SOARES, 2009) são aspectos que impedem a análise do estado de exploração dos recursos dos quais depende os ribeirinhos, e a busca de medidas coerentes de ordenamento pesqueiro, constituindo um dos principais motivos pelos quais as técnicas de manejo, que decorre de ações isoladas, a partir de informações particuladas de instituições e pesquisadores na região, não são aplicadas como deveria e tem se demonstrado ineficiente (BARBOSA e SOARES, 2009).

Nesse contexto, considera-se esta pesquisa de grande valia oferecendo esclarecimentos a respeito da estrutura populacional da principal espécie de camarão capturada em uma comunidade de pescadores, contribuindo para um maior conhecimento sobre a espécie economicamente importante na região e gerando informações que possam ajudar na elaboração de estratégias de manejo visando o ordenamento pesqueiro e a conservação do estoque da pesca artesanal no rio São Francisco.

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OBJETIVOS

GERAL

Analisar os aspectos gerais da estrutura populacional do camarão comum M. acanthurus capturado em uma comunidade de pescadores artesanais na região de Penedo/AL.

ESPECÍFICOS

• Avaliar abundancia e proporção sexual;

• Estimar o crescimento em condições naturais;

• Determinar o Tamanho de primeira maturação;

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MATERIAL E MÉTODOS

1.

Área de estudo

O estudo foi realizado na Comunidade de Ponta Mufina que está inserido entre as coordenadas geográficas 10°23’04” Sul e 36°32’50” Oeste, situada às margens do Rio São Francisco (Figura 1), pertencente ao município de Penedo (Alagoas, Nordeste do Brasil) a uma distância de aproximadamente 12 km da região urbana.

Segundo Nogueira et al. (2012) de acordo com a classificação de Koppen essa região possui clima tropical chuvoso, com verão seco, e média de pluviosidade em torno de 1.200mm/ano com chuvas concentradas nos meses de abril a setembro. Localizada na curva (ponta) do rio em direção ao Pontal do Peba, onde segundo moradores mais velhos o vento se tornava lento “mufino” o que deu origem ao nome da comunidade.

A pesca se tornou principal fonte de renda da comunidade desde que o cultivo de arroz e a agricultura se tornaram inviável pela falta de cheias do rio, e tem sido salvação para temos de desemprego. Atividade está diretamente ligada à história e surgimento da comunidade.

Figura 1- Localização geográfica da comunidade de Ponta Mufina as margens do Rio São

Francisco/Alagoas, ponto de coleta dos espécimes.

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2.

Metodologia de captura

As coletas foram feitas mensalmente entre os meses de dezembro de 2014 a Junho de 2016 junto aos pescadores da Comunidade. A principio estavam previstas a realização de 12 coletas (totalizando um ano de coleta), porém, nos meses de dezembro de 2015 e fevereiro de 2016 não foi possível realizar coletas devido a proibição da pesca no Rio São Francisco pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) que todos os anos promove o defeso entre os meses de novembro a março.

Os procedimentos de captura foram essencialmente os mesmos já praticados pelos pescadores, e o material biológico analisado foi totalmente proveniente das capturas referentes à produção de um dia a cada mês sendo retiradas amostras aleatórias de seis pescadores até que se completasse 1 kg de camarão.

O apetrecho empregado foi o covo, armadilha de fundo passiva e disposta horizontalmente no substrato. Possui formato cilíndrico e é confeccionado na região pelos próprios pescadores em três diferentes tipos de materiais: tela PVC (Policloreto de vinil) (Figura 2a), tala ou taboca (Gaudua superba - nome popular de uma planta da família das poáceas, que ocorre no norte da América do Sul, principalmente no Brasil) (Figura 2b) e garrafa PET (Figura 2c). No entanto o IBAMA só permite a utilização do covo de tala e com espaçamento mínimo de 5cm.

Figura 2a, b, c – Representação da arte de pesca ‘covo’ utilizado pelos pescadores para as amostragens

biológicas (2a confeccionado em PVC; 2b confeccionado em tala; 2c confeccionado em Pet).

Durante as capturas não existiram pontos fixos, pois todo o trecho do rio entre a cidade de Neópolis – SE e uma pequena comunidade chamada Coroa dos Patos - AL, distantes aproximadamente 15 km, fizeram parte da rota de pesca durante a pesquisa. Segundo os próprios pescadores essa mudança é devido à necessidade de buscarem

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locais “descansados” (pontos que se mantém sem covos durante determinado tempo) quando o atual já não sustenta a “tirada” (pesca) de camarão. A maioria das capturas geralmente era feitas no inicio da manhã (madrugada) já que as espécies do gênero Macrobrachium são mais ativas durante a noite (MOSSOLIN e BUENO, 2002).

As armadilhas são confeccionadas pelos pescadores para o covo de tela são utilizados: tela PVC, quatro arcos também de PVC, que dão sustentação e predem as “sangas” dois pedaços de tela afunilados colocados numa das extremidades do covo, que funciona como abertura por onde o camarão entra e não consegui sair. A outra extremidade é fechada e todas as amarrações são feitas com fios monofilamento, na lateral é feito a “porta”, por onde se coloca a isca e uma pedra, que mantêm o covo no fundo e retira o pescado. Possui aproximadamente 60cm de diâmetro com malha de 1X1cm, segundo Santos e Sampaio (2013, p.516) “armadilhas semelhantes são utilizadas em muitos lugares do Brasil e do Mundo”. São dispostas em groseira, composta por uma linha principal e aproximadamente 30 covos presos por uma linha secundária, sinalizada na superfície por algum tipo de boia (garrafa pet, isopor ou qualquer outro objeto ou planta flutuante).

O lançamento é feito com o pescador dentro do barco (Figura 3), o qual lança primeiramente o peso, que manterá a armadilha fixa no fundo, após lança um covo por vez sempre a favor da maré e por último é lançado o cabo de boia que permite a marcação do ponto onde se encontra os covos. A despesca é feita 24 horas após o lançamento, nesse caso não é preciso mergulhar, apenas puxar a linha principal trazendo os covos um a um para dentro do barco para retirada do camarão.

O covo de tala é semelhante ao citado anteriormente, porém, a matéria prima utilizada é a taboca, e fibras naturais de cipós de imbé (Philodendron imbe Schott) as amarrações. Possuem aproximadamente 40 cm de circunferência e menos de 1cm entre uma “tala” e outra, forma como é chamada a taboca depois de cortada em varetas finas que darão origem ao covo. A confecção inicia-se após os cortes das talas e, destas irem ao sol para secar e ficarem firmes. Em seguida, o pescador constrói as duas “sangas” usando os mesmos materiais. Esse tipo de covo fica preso por amarração em varas fincadas ao fundo do rio. Neste caso, tanto para o lançamento quanto recolhimento o pescador tem que descer do barco com água até a cintura ou peito, dependendo da profundidade, para puxar a vara onde o covo está preso (Figura 4).

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O covo de garrafa PET tem aproximadamente 30cm de circunferência e para sua confecção é recortada a “boca” da garrafa que é virada para dentro, a qual servirá de “sanga”. São feitos pequenos furos de menos de 1cm de diâmetro em toda a extensão do covo para que ocorra a entrada e saída de água e o pescado fique retido. No lançamento também são utilizadas varas para marcar o ponto onde se encontra cada petrecho, mas nesse caso o que permite a permanência do covo no local são as pedras que servem de peso, pois não existe amarrações. Assim como o anterior tanto o lançamento como a despesca também é feito com o pescador dentro d’água. Como não existe amarração, esses petrechos são perdidos facilmente, podendo ser encontrado nas margens ou no fundo do rio, poluindo e servindo para pesca fantasma.

As iscas usadas para atrair o camarão vão desde “o bolo de covo" (feito com pó de arroz) até batata, macacheira, coco e laranja. Todos os pescadores lançavam os petrechos pela manhã e os recolhiam após 24h.

Figura 3 – Lançamento do covo PVC Figura 4– Lançamento do covo de taboca

3.

Processos laboratoriais

Os camarões capturados foram acondicionados em caixa de isopor com gelo ainda no local e levados ao laboratório de Carcinologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) - Unidade Penedo. Em laboratório os espécimes foram identificados

(20)

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por meio da chave de identificação segundo Melo (2003), posteriormente foi realizada a diferenciação sexual conforme Ismael e New (2000) com auxilio de um microscópio estereoscópio verificando presença (machos) ou ausência (fêmeas) do apêndice masculino, caracter sexual secundário no endopodito do segundo par de pleópodos (SOARES et al. 2009) (Figura 5) e agrupados em três categorias: machos, fêmeas não ovígeras e fêmeas ovígeras. As fêmeas ovígeras foram identificadas pela presença de ovos aderidos aos pleópodos.

Quanto às medidas morfométricas foram mensurados comprimento total – CT (mm) distancia entre a extremidade distal do rostro até a extremidade distal do telson, comprimento da carapaça – CC (mm) da margem pós-orbital até a margem posterior da carapaça (Figura 6) e peso úmido total (Pt). Sendo que o rostro/telson de alguns dos espécimes estava danificado, preferindo-se utilizar o CC em grande parte das análises. Essas medidas foram tomadas com auxílio de paquímetro inoxidável WESTERN com precisão de 0,01mm e balança digital SHIMADZU de precisão 0,001g.

A estrutura populacional foi verificada por meio da distribuição dos indivíduos em 15 classes de comprimento de carapaça (CC) com intervalo de 3mm de amplitude para as analises das porcentagens. Na primeira classe foram agrupados os indivíduos entre 8,0 a 11,0 mm de comprimento de carapaça e na ultima classe entre 50,0 a 53,0 mm de tamanho.

FIGURA 5 – Desenho esquemático da diferenciação sexual no segundo par de pleópodos de machos e

fêmeas no camarão do gênero Macrobrachium. Fonte: Valenti, 1996.

Figura 6 – Medidas obtidas dos indivíduos de M. acanthurus. Onde Ct = Comprimento total, Cf =

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4.

ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Os dados foram analisados segundo os software BioESTAT 5.0 e EXCEL. A estrutura populacional foi verificada através das distribuições mensais de frequência de comprimento de carapaça de machos e fêmeas. A razão sexual foi determinada através das proporções mensal e total, sendo o teste do Qui - quadrado utilizado para verificar diferenças significativas (5%) entre estas proporções, comparadas mês a mês com base no número de indivíduos de cada espécie. As médias mensais de CC de machos e fêmeas foram comparadas pelo Teste-t verificando a ocorrência de diferenças significativas entre o tamanho de machos e fêmeas.

A relação morfométrica entre o Cc (mm) x Pt (g) para o estudo do crescimento relativo foi analisada por meio de regressão linear, da qual foi obtida uma reta descrita pela equação alométrica Y=aXb adotando como variável dependente o peso total dos animais e variável independente o comprimento total. No presente estudo a relação comprimento total e peso apresentou o coeficiente de correlação de r=0,84 para machos e de r=0,61 para fêmeas. Sendo o peso representado pela variável dependente (Y) e o comprimento total representado pela variável independente (X).

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Figura 7 – Pesagem da produção de M. acanthurus e retirada de determinada quantidade de camarão

Resultados e discussão

Foram analisados 4.321 exemplares de M. acanthurus dos quais 3.605 eram machos (83,43%) e 716 fêmeas (16,57%), com ocorrência constante em todos os meses de coleta. Dentre as fêmeas, 384 (55,25%) estavam ovígeras (52,65% do total de fêmeas) (Figura 10).

A razão sexual observada foi de 5:1 (5M : 1F) tendência evidenciada pelo teste de Qui-quadrado (X2>0,05) em todos os meses de coleta, indicando diferença significativa a favor dos machos predominantemente mais abundantes que as fêmeas, com a proporção sexual total diferindo do esperado 1:1. (tabela 1).

Machos e fêmeas estiveram presentes em todo o período. No entanto sempre a proporção sexual (5M:1F) sempre apresentou elevada predominância de machos. Diferente do que foi encontrado por Tamburus, Mossolin e Mentelatto (2012, p. 11)

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em pesquisa também com M. acanthurus na costa norte do estado de São Paulo, na qual foi observada proporção favorável às fêmeas que representaram 64,8% (302 fêmeas) do total numa população de 466 indivíduos. Já Santos e Fonteles-filho (2016) no estuário do rio Japaratuba/SE encontrou, para a mesma espécie predominância de machos nos meses de outubro a março, e fêmeas de abril a setembro, e maio sem predomínio de nenhum dos sexos.

Costa, Mattos e Machado (2016) registrou para M. amazonicum em dois lagos de várzea da Amazônia, proporção sexual com desvios a favor das fêmeas em ambos os lagos. Matos e Oshiro (2009) no Rio do Moinho, Mangaratiba observaram para M. potiuna uma proporção de 1:1, ou seja, não houve diferença entre os sexos durante os meses de estudo. Rocha e Barbosa (2017) em estudo com uma população de M. jelskii em um algo artificial na Bahia também encontraram uma proporção maior de fêmeas do que de machos, numa razão de 1:1,4. Soares, Oshiro e Toledo (2015) encontraram para M. jelskii uma percentagem maior de fêmeas (63%) do que de machos (36,13%) num total de 2.945 individuos na Represa de três Marias, porém na mesma pesquisa no Rio São Francisco, MG de um total de 1.973 indivduos a proporção foi maior para machos (56,76%) do que fêmeas ( 42,62%).

Antunes e Oshiro (2004) em estudo sobre o aspecto reprodutivo de M. potiuna na Serra do Piloto no Rio de janeiro observou que do total de indivíduos adultos capturados 50% eram fêmeas e 47% machos. Mossolin e Bueno (2002) em São Sebastião em pesquisa com uma população de M. olfersi encontraram uma proporção ainda maior de fêmeas em relação aos machos, pois em um total de 1.880 espécimes mais de 80% eram fêmeas, perfazendo uma proporção de 1:4,3. Diferente das pesquisas anteriores a proporção favorável aos machos de M. acanthurus nesta pesquisa corroboram com os estudos de Lima et. al (2013) para M. jelskii em uma planície inundável na Amazonia que encontrou uma proporção maior para os machos, sendo que segundo Pereira e Chacur (2009, p. 77) geralmente verifica-se proporção favorável para as fêmeas do gênero Macrobrachium, pois ao que parece existe uma relação-tendenciosa feminina que é comum em camarões carideos, principalmente deste gênero (LIMA et. al 2014, p. 250). No entanto, uma proporção favorável de machos ou igual machos e fêmeas pode também ser observado neste gênero (Mattos e Oshiro 2009, Lima et. al 2015).

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Segundo Lima et al. 2014 os desvios na proporção entre os sexos podem ser consequência nas diferenças de tamanho, taxas de mortalidade e natalidade ou outros fatores, como taxas de muda, dispersão, reprodução e migração diferencial. Ainda de acordo com este mesmo autor entre populações de mesma espécie, a proporção sexual pode também ser influenciada por condições ambientais, características geográficas e interferências antropogênicas. Ainda de acordo com Tamburus, Mossolin e Mantelatto (2012) algumas hipóteses não exclusivas podem explicar a predominância de um sexo sobre o outro: a predação que pode ocorrer de forma diferente sobre os sexos (SOUZA e FONTORA 1996); a estratégia reprodutiva, usada pela espécie que envolve a migração de um dos sexos, nesse caso das fêmeas, que procura melhor condição para sua prole; e por ultimo a ação humana, porque esses camarões são capturados pela pesca e são selecionados por tamanho, a ultima hipótese porém não se encaixa neste estudo, pois na região do Baixo São Francisco apesar de a espécie ser a mais capturada pela pesca artesanal não existe seleção de tamanho pelos pescadores.

As fêmeas ovígeras estiveram presentes em todos os meses de coleta, o periodo de janeiro a junho foram os de maiores frequências, porém o pico reprodutivo ocorreu no mês de maio (14,59%), e uma percentagem parecida também foi encontrada no mês de abril (14,32%) (Figura 11) podendo ser considerada uma reprodução sazonal com repouso entre os meses de agosto a fevereiro. O período reprodutivo ocorreu no verão e outono havendo um momento de repouso entre inverno e primavera.

Durante a pesquisa foi possível observar dois períodos de maior atividade reprodutiva o primeiro de janeiro a junho de 2015 e o outro novamente de janeiro a junho de 2016 sendo separados por seis meses de menor atividade reprodutiva de julho a dezembro de 2015. Esses dois períodos de maior reprodução coincide com os meses mais quentes e os mais chuvosos do ano na região, de acordo com Quadros et. al (2017) a estação chuvosa na parte leste da região nordeste é de maio a julho ou seja, os meses de maior oferta de nutrientes carreados pelas chuvas e os de maior intensidade de crescimento, no entanto segundo os pescadores da região os quais falam que as maiores quantidades de fêmeas aparecem nos meses mais quentes (verão).

Segundo Santos e Fontelles-filho (2016) as fêmeas sincronizam o ritmo reprodutivo de maneira a interagir com o período de maior precipitação pluviométrica e vazão, quando a água fica com menor salinidade e há uma grande oferta de nutrientes que promove a sobrevivência das larvas. Este mesmo autor encontrou também para M.

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acanthurus no estuário do Rio Japaratuba/SE um maior período reprodutivo entre os meses de abril a setembro.

Os camarões de água doce apresentam reprodução contínua, quando ocorre fêmeas ovígeras com frequências mensais parecidas ou atividade reprodutiva mais alta durante o ano todo, e periódica quando a reprodução acontece em determinada época do ano. Segundo LIMA et al. (2006), um padrão contínuo de reprodução pode ser observado em regiões onde as temperaturas permanecem relativamente constantes ao longo do ano. Nesses ambientes, as larvas e juvenis são considerados itens alimentares de vital importância para espécies de nível trófico mais alto na cadeia alimentar (BARROS-ALVES et al., 2012).

Fatores ambientais como a pluviosidade pode determinar a intensidade reprodutiva de espécies de camarão (SOUZA, 2013 p. 34), Mossolin e Bueno (2002) em estudo com M. olfersi em São Sebastião encontrou dois períodos de maior atividade reprodutiva, parecido com o presente estudo, porém entre os meses de outubro a abril. Lima e Silva (2016) na foz do rio Amazonas, Estado do Amapá encontrou fêmeas ovígeras de M. amazonicum durante o ano todo, com pico reprodutivo de janeiro a março e em dezembro coincidindo com o período de maior pluviosidade corroborando com o que foi encontrado por Lima et al. (2014).

Ainda para M. amazonicum foi registrado em dois lagos de várzea da Amazônia um período reprodutivo entre os meses de janeiro, fevereiro e abril, registrando pico em dezembro, que coincide com o início do período das cheias do rio Amazonas, Mantel e Dudgeon (2005) em pesquisas em riachos de Hong Kong encontrou pico reprodutivo entre junho e julho para M. haiananense quando 23-76% das fêmeas estavam ovadas. Para M. surinamicum Lima, Cruz e Silva (2015) encontram fêmeas ovigeras ao longo do ano, porém o período reprodutivo entre março a julho, também coincidindo com os meses chuvosos.

Rocha e Barbosa (2017) em uma lagoa artificial na Bahia encontrou para M. jelskii pico reprodutivo em março que correspondeu ao mês de maior precipitação na região. Barros-Alves registrou para mesma espécie frequência relativa alta nos meses de abril e maio. Para M. potiuna foi encontrado por Antunes e Oshiro (2004) um período reprodutivo durante a primavera-verão, com pico ocorrendo no mês de janeiro havendo período de repouso nos meses de abril e junho. Nobrega, Bentes e Martinelli-Lemos investigando a estrutura populacional e o crescimento relativo do camarão

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amazônico M. amazonicum em duas ilhas na planície fluvial-estuarina do Amazônia brasileira encontrou, assim como na presente pesquisa, fêmeas ovigeras durante todos os meses de pesquisa, porém a maior proporção foi encontrada na estação menos chuvosa e o pico reprodutivo ocorreu nos meses de março e outubro, período no qual a água do mar entra no estuário, situação importante para o desenvolvimento das larvas, padrão que divergi da presente pesquisa.

Román-Contreras e Campos-Lince (1993) em estudo com M. acanthurus em um rio no México observou um período reprodutivo entre o período de março a novembro, com pico em maio. Ainda segundo este mesmo autor embora a reprodução pareça ser contínua, não aparece com a mesma intensidade durante o ano, pois, aparentemente, há tempos com maiores taxas de reprodução que geralmente se dá durante a estação chuvosa e de acordo com Pinheiro e Hebling (1998) fatores ambientais, como temperatura, salinidade, precipitação, latitude e principalmente disponibilidade de alimento contribuem para reprodução de camarão estuarino desencadeando o desenvolvimento gonadal a eclosão das larvas e seu crescimento.

Figura 8 - Distribuição de machos e fêmeas e frequência relativa de fêmeas ovígeras de M. acanthurus

capturados entre dezembro de 2014 a Junho de 2016.

Tabela 1 – Frequência absoluta e teste de Qui quadrado X² de machos e fêmeas de M. acanthurus de

analisados durante o período de dezembro de 2014 a Junho de 2016.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% F re qu ên ci a re la ti va

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Fonte: Dados trabalhados pelo autor

Figura 11 - Frequência absoluta mensal de fêmeas ovigeras (Fo) e fêmeas não ovigeras (Fno) de M.acanthurus entre dezembro de 2014 a Junho de 2016.

Os espécimes foram distribuídos em 15 classes de comprimento de CC (com amplitude de 3 mm cada) as classes foram de 8,0 – 50,0mm CC (Tabela 1), com os machos presentes em todas as classes, porém com maior frequência nas classes 14,0 –

Mês Machos Fêmeas Razão ♀ : ♂ p

dez/14 253 28 9 : 1 180,16 0,0001 jan/15 240 41 6 : 1 140,929 0,0001 fev/15 226 57 4 : 1 100,922 0,0001 mar/15 221 62 4 : 1 89,332 0,0001 abr/15 208 99 2 : 1 38,70 0,0001 mai/15 217 62 4 : 1 86,111 0,0001 jun/15 287 50 6 : 1 166,674 0,0001 jul/15 217 12 18 : 1 183,515 0,0001 ago/15 162 18 9 : 1 115,20 0,0001 set/15 243 17 14 : 1 196,446 0,0001 out/15 173 6 29 : 1 155,804 0,0001 nov/15 221 12 18 : 1 187,472 0,0001 jan/16 179 27 7 : 1 112,155 0,0001 mar/16 181 57 3 : 1 64,605 0,0001 abr/16 165 76 2 : 1 32,867 0,0001 mai/16 230 72 3 : 1 82,662 0,0001 jun/16 182 20 9 : 1 129,921 0,0001 total 3605 716 5 : 1 1931,57 0,0001 0 20 40 60 80 100 120 F re qu ên ci a ab so lu ta

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17,0mm (33%) e 17,0 – 20,0mm (32%) o menor com 8,58mm e o maior com 52,39mm de CC.

As fêmeas não estiveram presentes em todas as classes, apresentando picos de captura nas classes 11,0 – 14,0mm (42%) e 14,0 – 17,0mm (45%) (com moda em 17,79mm e 13,12mm respectivamente) o menor comprimento de CC observado foi 8,67mm (média de 19,55mm CC) sobre as fêmeas (média de 14,85mm CC), com significância estatística (p<0,05) em todos os meses. A menor fêmea ovigera mediu 8,85 mm de CC com maior comprimento de 31,50 mm.

Quando se trata das características morfométricas dos indivíduos os maiores tamanhos foram observados nos machos que estiveram presente em todas as classes de comprimento, o menor com 8,58mm e o maior com 52,39mm de CC, já nas fêmeas o menor comprimento de CC observado foi 8,67mm,sendo elas inicialmente maior que os machos, porém não estiveram presente em todas as classes e o maior comprimento foi de apenas 31,5mm, machos e fêmeas estiveram presentes em maior quantidade (33% e 45% respectivamente) na classe de comprimento de 14 a 17mm de CC. Em se tratando das fêmeas ovadas capturadas a menor esteve no comprimento 8,85mm e a maior em 31,5mm.

Esses resultados não corroboram com os estudos feitos por Hayd e Anger (2013) com M. amazonicum no Pantanal onde observou o menor macho com CC de 2,5mm e a menor fêmea ovada tinha 6,0mm. Silva (2010) em estudo com a mesma espécie no Rio Grande, região de Planura, MG encontrou o menor tamanho para o macho de 3,8mm de CC e a menor fêmea ovigera com 6,0mm de CC. Silva (2014, p. 40), porém, em estudo também com M. amazonicum no rio Araguari/ MG encontrou uma maior proporção de fêmeas nas menores classes entre 3,0 a 4,9mm. Pode-se observar que os valores são diferentes dos encontrados no presente estudo (região do Baixo São Francisco), o qual obteve indivíduos com tamanhos maiores, porem com as fêmeas sempre menores que os machos.

Freire et al. (2012) em pesquisa em regiões de um estuário no nordeste do Pará encontrou amplitudes para os machos de M. amazonicum de 7,6 a 31,5mm e de 5,0 a 32,5mm de CC para as fêmeas em um local e 10,1 a 29,6mm e 9,3 27,0mm de CC para machos e fêmeas respectivamente na outra região. Silva (2011) capturou machos e fêmeas da mesma espécie com amplitudes de 1,55mm a 34,23mm de CC e 2,57mm a

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44,72mm de CC respectivamente na região das ilhas de Belém/Pará. Já Santos e Fonteles-Filho (2016) também em pesquisa com M. acanthurus no estuário do rio Japaratuba/SE capturou indivíduos em faixas de comprimento diferentes com as do presente estudo tendo os machos nas menores classes de 12,0 - 20,0 mm CC e as fêmeas, 14,0 - 20,0 mm CC (sem frequência entre 32,0 mm e 40,0 mm).

É possível observar variações na morfometria dos trabalhos mencionados acima em relação ao presente estudo tanto o tamanho mínimo quanto o máximo do gênero, sendo as fêmeas sempre menores que os machos o que ficou ainda mais evidente quando aplicado o teste t demonstrando a superioridade dos tamanho dos machos sobre as fêmeas obtendo-se média de 19,55mm de CC para os machos enquanto as fêmeas a média foi de 14,85mm de CC. Soares et al. (2009) observou um tamanho médio maior para os indivíduos da espécie M. jelskii capturados no rio São Francisco enquanto os da represa de três Marias o CC foi menor.

De acordo com Odinetz-Collart (1988) quando se compara tamanhos de indivíduos de sistemas lênticos, ou seja, de águas mais calmas como lagos e represas, com os de sistemas lóticos de águas corrente como os grandes rios é possível observar que os últimos geralmente apresentam comprimentos maiores devido ao efeito do fluxo do rio sobre o desenvolvimento dos animais. Para Almeida et al. (2009) a maior proporção de fêmeas uma maior classe de comprimento provavelmente se deve a estratégia reprodutiva das espécies, que precisam ter um comprimento maior para comportar uma grande quantidade de ovos e dar continuidade a espécie.

Os comprimentos de 1ª maturidade sexual foram 17,87 para machos e 12,81 para as fêmeas (Figuras 11 e 12), sendo este o provável tamanho mínimo do qual, pelo menos, 50% da população estudada se torna matura sexualmente. No entanto, somente a partir de 26 mm de CC para machos e 17 mm de CC para as fêmeas todos os indivíduos são considerados maduros e participantes ativos no processo reprodutivo do estoque.

Os valores de CC50 para machos e fêmeas, que indicam a instalação da maturidade de M. acanthurus foram estimados em 17,87 mm e 12,81 mm de comprimento da carapaça, respectivamente (Figs 11 e 12) com provável ocorrência de desova parcelada, como sugerido por Tamburus et al. (2012) para a população desta mesma espécie no Estado de São Paulo, um fato que é constatado pelos próprios pescadores da região que indicam que durante todo ano ocorre desova da espécie.

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O tamanho de L50 registrado neste trabalho não se diferencia tanto do encontrado por Santos e Fontele-Filho (20016)no Estuário do rio Japaratuba/SE para a mesma espécie de 11,9mm para as fêmeas. Bertine et al. (2014) encontrou para as fêmeas da mesma espécie uma variação de tamanho de primeira maturidade entre 12,0mm e 23,3mm de CC em estudo no sudoeste do Brasil. Ainda segundo esta mesma autora com relação a espécie o tamanho de primeira maturidade tende a diminuir durante os meses mais quentes e também quando a reprodução é intensa, o que pode ser adaptável se as fêmeas em maturação precoce produzirem mais do que as em maturação tardia.

Lima et al. (2015) em estudo com M. surinamicum na foz do rio Amazonas teve um comprimento estimado de L50 para as fêmeas de 23,7mm de CC,e ainda registrou que a partir de 48mm todas estavam maturas. Freire et al. (2012) também para M. amazonicum estimou o L50 para as fêmeas em 12mm, enquanto para machos foi 12,5 em um estuário da região nordeste do Pará. De acordo com TUCK et al. (2001) o tamanho de maturidade pode ser um instrumento para a exploração sustentável ao determinar o tamanho mínimo de captura sendo que a variação ao longo do tempo pode significar influências (no que se inclui a pesca) do ambiente sobre as populações. Isto porque os indivíduos de uma espécie atingem a maturidade em torno de um determinado tamanho respondendo uma demanda da própria população, ou seja, se está havendo uma maior ou constante captura a própria biologia entra em ação para que as fêmeas maturem mais cedo e dê continuidade à espécie.

Silva (2011) encontrou um L50 de 11,2mm e 11,5mm para femeas e macho respectivamente de M. amazonicum na região da ilhas de Belém, sendo estes valores menores que os anteriores. Para Santos (1978) não há um tamanho fixo, a partir do qual os indivíduos começam a se reproduzir, porém a frequência reprodutiva tende a aumentar com o tamanho, valendo-se do momento em que 50% dos indivíduos de uma população entram ativamente na fase de maturação gonadal. O desenvolvimento de qualquer organismo depende tanto de fatores próprios da espécie, como a genética, como fatores de fatores externos, ou seja do ambiente. Segundo Soares et al. (2015) as diferenças no tamanho para o início da atividade reprodutiva podem estar relacionadas com a oferta de alimentos ou ao estresse ambiental.

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De acordo com NegreirosFransozo et al. (2003), indivíduos que se encontram em ambientes de condições extremas, podem começar a procriar antecipadamente se os recursos alimentares estiverem escassos ou com qualidade ruim. Podendo ocorrer também devido às diferenças em relação ao teor de sais, o que além de induzir a população ao crescimento atrofiado, antecipa a maturidade sexual nos indivíduos de menor porte (Díaz & Conde, 1989). As variações no tamanho da maturidade são comuns em crustáceos podendo ser causadas por variações na taxa de crescimento e por vários graus de variabilidade que podem ocorrer sazonalmente ou em diferentes localidades (Wenner et al.,1985). E até mesmo parâmetros ambientais relacionados à latitude podem promover antecipação ou retardo da maturidade nos crustáceos, caracterizando variações entre populações de uma mesma espécie (Hines, 1989). De acordo com Fonteles-Filho (2011) o conhecimento sobre o tamanho da primeira maturação é fundamental para a utilização sustentável dos estoques pesqueiros, pois estabelece tamanhos mínimos de captura dos estoques e auxilia em medidas de ordenamento pesqueiro da espécie na área estudada.

Com a verificação e estabelecimento prévio do tamanho de primeira maturação sexual da espécie M. acanthurus neste estudo foi possível averiguar em que comprimento os indivíduos estão sendo capturados, pois a média de CC foi de 19,01mm para machos, tendo, porém o L50 de 17,87mm, ou seja, provavelmente os machos já se encontravam maturos, já as fêmeas tiveram um CC médio de 13,22mm com L50 de 12,85mm, ou seja, machos e fêmeas estão sendo capturados após sua contribuição com a população.Mossolin e Bueno (2002) em estudo com M. olfersi encontrou o contrario do presente estudo com os machos maturando em tamanho menor que as fêmeas. Já Silva (2011) encontrou para M. amazonicum um tamanho de primeira maturação de 6,3mm de CC tanto para machos quanto para fêmeas.

Foi analisada a relação peso/comprimento total por meio do crescimento relativo, que refere-se às relações entre dimensões do corpo, que ficou definida em: Pt = 4E-05x Ct2.7108 (R² = 0.843) para machos (Figura 14) e Pt = 0.0003x Ct2.2137 (R² = 0.6174) (Figura 15). De acordo com o coeficiente alométrico linear o crescimento para M. acanthurus foi do tipo alométrico negativo (b<3) tanto para machos quanto para fêmeas, ou seja, o investimento em massa corpórea é inversamente proporcional ao comprimento total do indivíduo. Sendo assim, à medida que esses espécimes crescem, o

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peso se torna maior, mas em uma taxa reduzida, demonstrando maior investimento em crescimento somático do que reprodutivo.

O crescimento relativo refere-se às relações entre dimensões do corpo ou de órgãos, parâmetro importante para o conhecimento das relações entre as várias partes do corpo, possibilitando a interconversão de dados de uma dimensão em outra subsídio importante para a delimitação de populações e estudo taxonômicos (MORAIS-RIODADES e VALENTI, 2002). São relações expressas por equações matemáticas bastante utilizadas para analisar o crescimento em crustáceos (HARTNOLL 1982). Segundo a fórmula y=axb utilizada os coeficientes alométrico linear (b) assumiram valores menor que 3 (três) nas duas relações. Sendo para machos b= 2,71 e para fêmeas b= 2,21 evidenciando alometria tipo negativa, ou seja, o crescimento corporal dos animais é maior que o aumento da biomassa assim o peso cresce a uma taxa relativamente menor que o comprimento.

Costa et al. (2016) em estudo com M. amazonicum no Baixo rio Tocantins também encontrou alometria negativa porém com coeficiente de correlação de (r = 0,95). Lima e Silva (2015) em estudo com a mesma espécie na foz do rio Amazonas encontra alometria positiva em todas as relações estudadas, tendo um r acima de 0,94 para ambos os sexos. Mantelatto e Barbosa (2005) observou um crescimento alometrico positivo para os machos e com relação às fêmeas o crescimento foi isométrico para M. brasiliense no estado de São Paulo. De acordo com Vannini e Guerardi (1988) essa é uma relação de crescimento descrita na literatura como mecanismo que caracteriza o dimorfismo e fase de maturação em crustáceos.

A alometria positiva, ou seja, um crescimento maior no sexo masculino acontece em função da posição dominante dos machos, da hierarquia da comunidade durante as lutas intra e interespecíficas e principalmente do mecanismo de cópula (MANTELATTO e BARBOSA, 2005). Ainda segundo este mesmo autor não se pode inferir que espécies do gênero Macrobrachium seguem um padrão crescimento e peso típico, um fato possivelmente relacionado a diferenças nos aspectos ecológicos, fisiológicos e evolutivos das espécies.

Bastos et al. (2014) também estudando com M. amazonicum em todas as fases da lua encontrou crescimento alométrico negativo, igual ao descrito para a mesma espécie capturada em região estuarina do estado do Pará (NÓBREGA et al. 2014) e

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corroborando com o presente estudo. Essa relação massa x comprimento é uma ferramenta importante em estudos de biologia, fisiologia e ecologia pesqueira, servindo para determinar a massa corporal, quando são avaliadas apenas as medidas de comprimento além de permitir comparações entre o crescimento de diferentes populações (DEEKAE; ABOWED, 2010). A existência de uma diferença de tamanho entre os sexos sem qualquer diferença na massa sugere que os espécimes pode ter tido um ganho de massa em partes do corpo que não reflete no tamanho total (NOBREGA et al. 2014). De acordo com Queiroz et al. (2007 ) a relação peso-comprimento é usada para descrever o aumento em comprimento e consequente ganho em peso ou estimar o peso médio quando se conhece o comprimento.

Tabela 1 - Distribuição de frequências absoluta e relativa de CC de M. acanthurus analisados

mensalmente entre os meses de dezembro de 2014 a Junho de 2016.

Figura 11 - Estimativa do comprimento médio de carapaça (em mm) da primeira maturação de machos Macrobrachium acanthurus capturados num trecho do Rio São Francisco – Alagoas, no período de

dezembro de 2014 a junho de 2016. Classe de tamanho em mm (CC) Nº da classe de tamanho N % N % 8 l--- 11 1 10 1% 16 0% 11 l---14 2 290 42% 175 5% 14 l--- 17 3 314 45% 1133 33% 17 l---20 4 53 8% 1094 32% 20 l--- 23 5 13 2% 516 15% 23 l---26 6 5 1% 205 6% 26 l---29 7 8 1% 81 2% 29 l---32 8 2 0% 43 1% 32 l---35 9 0 0% 49 1% 35 l--- 38 10 0 0% 31 1% 38 l---41 11 0 0% 22 1% 41 l--- 44 12 0 0% 17 1% 44 l---47 13 0 0% 8 0% 47 l--- 50 14 0 0% 4 0% 50 l---53 15 0 0% 5 0% 695 100% 3399 100% Fêmeas Machos

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Figura 12 - Estimativa do comprimento médio de carapaça (em mm) da primeira maturação de fêmeas de Macrobrachium acanthurus capturados num trecho do Rio São Francisco – Alagoas, no período de

dezembro de 2014 a junho de 2016.

Figura 14 - Relação entre comprimento total (Ct) e peso total (Pt) para machos de Macrobrachium

acanthurus capturados num trecho do Rio São Francisco – Alagoas, no período de dezembro de 2014 a

junho de 2016. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% F re qu ên ci a re la ti va CC (mm) Machos 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% F re qu ên ci a re la ti va CC (mm) Fêmeas

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Figura 15 - Relação entre comprimento total (Ct) e peso total (Pt) para fêmeas de Macrobrachium acanthurus capturados num trecho do Rio São Francisco – Alagoas, no período de dezembro de 2014 a

junho de 2016.

CONCLUSÃO

O presente estudo nos permitiu verificar que a população de M.acanthurus é considerada pelos pescadores como espécie que numca vai acabar, mas o estoque já vem dando sinais de sobre-exploração, pois a muito tempo a quantidade capturada já não é a mesma, além disso como foi constatado na presente pesquisa uma população na qual possui maior quantidade de machos do que fêmeas não tem como sobreviver

y = 4E-05x2.7108 R² = 0.843 0 5 10 15 20 25 0 20 40 60 80 100 120 W t ( g) CC (mm) Machos y = 0.0003x2.2137 R² = 0.6174 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 0 20 40 60 80 100 W t ( g) CT (mm) Fêmeas

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por muito tempo já que não terá grande contribuição de novos indivíduos para renovar o estoque. As fêmeas em sua grande maioria são menores que os machos, sendo este também um ponto muito importante, pois não podem comportar uma grande quantidade de ovos que seria necessária para compensar a baixa quantidade de fêmeas. Outro fato importante a ser considerado é que apesar da reprodução contínua a espécie teve um pico de reprodução nos meses de maio e abril que pode ser considerado como o período onde esse estoque precise desovar sem ser perturbado. A questão da pesca apesar de continua não demonstrou ser a principal causa da diminuição do estoque, pois os espécimes capturados tanto machos quanto fêmeas estiveram com tamanho acima do L50, ou seja, já deveriam ter contribuído com o estoque reproduzindo ao menos uma vez. O baixo coeficiente de regressão linear encontrado na relação peso/comprimento também esta diretamente relacionada a captura em maior quantidade, já que estes espécimes investem muito mais em crescimento do que em ganho de peso.

Existe, também a questão dos apetrechos que são utilizados que apesar de ser mais barato e terem mais tempo de vida é um provável causador do problema de diminuição da espécie, pois podem estar capturando os menores espécimes do estoque, é necessário porem um estudo mais direcionado a este problema.

São necessários pesquisas mais aprofundadas que investiguem de forma ampla a espécie que enriquecerá nossa compreensão sobre sua biologia, ecologia e adaptação ao meio em que vive. Porém este trabalho trás uma visão de como se encontra estruturada a população de M. acanthurus podendo então ser subsidio para elaboração de estratégias de manejo que visam o ordenamento pesqueiro e a conservação deste estoque tão importante na pesca artesanal no rio São Francisco.

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