• Nenhum resultado encontrado

João e o pé de feijão / João and the beanstalk

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "João e o pé de feijão / João and the beanstalk"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p.83849-83855, oct. 2020. ISSN 2525-8761

João e o pé de feijão

João and the beanstalk

DOI:10.34117/bjdv6n10-720

Recebimento dos originais: 13/09/2020 Aceitação para publicação: 30/10/2020

Andréia Jaqueline Renta

Especialização em Educação Infantil e Alfabetização. Centro Universitário de Jaraguá do Sul

Endereço: R. Leno Nicoluzzi, 10 - Água Verde Jaraguá do Sul, SC

E-mail: andreiarenta@gmail.com

RESUMO

“João e o pé de feijão” é uma obra da literatura infantil comumente conhecida e apreciada pelas crianças. Por isso, foi utilizada como fio condutor para o desenvolvimento de um projeto interdisciplinar, que permitiu que os alunos envolvidos avançassem em sua aprendizagem em diferentes áreas do conhecimento. Listas, construção de palavras, produções textuais, situações-problema, confecção de jogos, experiências foram algumas das atividades vivenciadas pelos alunos e que os motivaram a socializar suas aprendizagens por meio de exposições, feiras, debates, conversas com outras turmas, etc. Os avanços no processo de aprendizagem demonstram que o desenvolvimento do projeto foi positivo para as turmas envolvidas.

Palavras-chave: Literatura infantil, Interdisciplinaridade, Educação Matemática. ABSTRACT

"João e o pé de feijão" is a work of children's literature commonly known and appreciated by children. For this reason, it was used as a thread for the development of an interdisciplinary project, which allowed the students involved to advance in their learning in different areas of knowledge. Lists, word construction, textual productions, problem situations, games, experiences were some of the activities experienced by the students and that motivated them to socialize their learning through exhibitions, fairs, debates, conversations with other classes, etc. The advances in the learning process demonstrate that the development of the project was positive for the classes involved.

(2)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p.83849-83855, oct. 2020. ISSN 2525-8761

1 INTRODUÇÃO

Como professora de turmas de alfabetização, tenho em minhas mãos a missão de viabilizar aos alunos o acesso ao conhecimento da leitura e da escrita, para que sejam reconhecidas e utilizadas socialmente por eles. Diferentemente de outras épocas, já se há o consenso de que o ensino e a aprendizagem precisam fazer sentido para os envolvidos.

Foi com esse desejo de desenvolver um trabalho que faça sentido que eu, professora do 1º ano da EMEB Alberto Bauer (Jaraguá do Sul), pensei nesse projeto e o desenvolvi com meus 53 alunos (27 do matutino e 26 do vespertino). Com ele tive o objetivo de utilizar uma das histórias de literatura infantil que mais marcaram minha infância, “João e o pé de feijão”, para realizar um trabalho interdisciplinar e significativo, permitindo o desenvolvimento de habilidades de leitura, escrita e explorando conhecimentos matemáticos, científicos, artísticos, geográficos e éticos. “[...] A interdisciplinaridade permite a integração de saberes, rompendo com a ideia de que o tempo escolar deveria ser dividido em áreas de conhecimento” (PNAIC, 2015, p.22).

E por que desenvolver um projeto em que o fio condutor é a literatura infantil? Por acreditar ser um gênero textual que encanta e fascina as crianças. E elas demonstram isso geralmente nos momentos que se deparam com uma contação de história, observando os detalhes dos personagens, relacionando os fatos com suas vidas, “entrando” na história como se fizessem parte de seu contexto... É realmente mágico. “É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica [...]” (ABRAMOVICH, 1997 p.17).

O projeto foi desenvolvido entre junho e outubro de 2016 e contou com a parceria dos alunos, seus familiares, funcionários da escola, articuladores da Secretaria Municipal de Educação, dentre outros.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Tudo começou com a contação de história de João e o pé de feijão e com sua interpretação, sendo que os alunos responderam a perguntas referentes à história e desenharam e escreveram a parte que mais gostaram. A partir daí, um leque de possibilidades se abriu.

A história permitiu que explorássemos outros gêneros textuais como: lista, bilhete, convite, glossário, tabela, gráfico, receita, regra de jogo, relatório, entre outros, e também, que vivenciássemos situações em que os conhecimentos em relação à escrita e à leitura fossem aperfeiçoados, refletindo sobre o sistema de escrita alfabético, sobre consciência fonológica e sobre formas de expressar melhor nossas ideias. Para isso, várias atividades foram realizadas tanto individual como coletivamente.

(3)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p.83849-83855, oct. 2020. ISSN 2525-8761

Figura 1: Exemplos de atividade relacionadas à leitura e escrita.

Fonte: A autora (2016)

A oralidade também foi trabalhada por meio das rodas de conversa, da exposição de opiniões, do reconto da história, do teatro de fantoches, da apresentação de trabalhos produzidos com a família, etc. Foram momentos ricos em que os alunos exercitaram tanto a fala como a escuta atenta, sendo esta última um desafio para essa faixa etária. “A oralidade é essencial na constituição do letramento” (ROJO, 1995 apud BRASIL, 2015, p.14).

Figura 2: Explorando a oralidade.

Fonte: A autora (2016)

As tecnologias foram aliadas na pesquisa de imagens, de informações e dúvidas que surgiram ao longo do projeto, para coleta/gravação de imagens, vídeos e áudios, para assistir a filmes, documentários e desenhos, para jogo relacionado à temática. “Os recursos tecnológicos e as mídias digitais estão cada vez mais inseridos no cotidiano das pessoas e nas suas relações sociais; disso decorre que a educação também é influenciada pelo avanço e utilização desses recursos [...]” (BINOTTO, 2016, p.70).

Figura 3: Algumas ações

(4)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p.83849-83855, oct. 2020. ISSN 2525-8761

O projeto permitiu que as crianças trabalhassem seu lado investigativo. Levantar hipóteses sobre a germinação de feijão e comprovar seus conhecimentos através do plantio e do acompanhamento do seu crescimento foi uma das etapas mais apreciadas pelos alunos. Através do experimento, também estudaram sobre ciclo de vida das plantas, partes das plantas, fotossíntese, solo, necessidades básicas das plantas, etc. “A atividade científica [...] dá às crianças a possibilidade de investigarem a sua realidade, observando e conjecturando a respeito do mundo que as cerca” (BRASIL, 2015, p.93). Os alunos também aprenderam sobre unidades de medida de comprimento para poderem medir seus pés de feijão durante as diferentes etapas de seu crescimento.

Figura 4: Atividade investigativa sobre germinação de semente de feijão e acompanhamento do crescimento.

Fonte: A autora (2016)

O projeto teve aspectos matemáticos nos quais foram explorados conteúdos como números, adição, subtração, contagem, sequência numérica, calendário, etc.

Figura 5: Exemplo de atividades matemáticas.

O sistema monetário também foi abordado, sendo que os alunos levaram para a escola catálogos de diferentes supermercados da cidade. Após explicações e reflexões sobre o uso social dos catálogos, pedi para que pesquisassem se nele havia propaganda de feijão e qual o seu preço. Uma tabela foi construída com as informações coletadas. Aproveitei para explicar o que representa o “R$”, as diferenças de cada número do valor (reais/centavos) e porque há a necessidade da vírgula no preço. Os alunos ficaram bem curiosos sobre o sistema monetário, então aproveitei o catálogo para outras atividades posteriormente.

(5)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p.83849-83855, oct. 2020. ISSN 2525-8761

Figura 6: Atividade com catálogo de supermercado.

Fonte: A autora (2016)

Alguns jogos e suas regras foram criados para explorar mais as características da história e, também, para contemplar conteúdos da Proposta Municipal que diziam respeito ao trimestre em que o projeto foi desenvolvido. Os trabalhos foram realizados em grupos de 3 a 5 alunos, sendo o trabalho organizado em etapas de desenvolvimento e envolvendo todos os membros do grupo. “Um dos pressupostos do trabalho que desenvolvemos é a interação entre os alunos. Acreditamos que, na discussão com seus pares, o aluno pode desenvolver seu potencial de participação, cooperação, respeito mútuo e crítica” (SMOLE, 2007, p.12).

Figura 7: Jogos: 1- Jogo da Velha (raciocínio lógico) 2- Jogo da memória (leitura) 3- Jogo da galinha dos ovos de ouro (adição e subtração) 4- Trilha do João (consciência fonológica). 5- Batalha do Gigante (orientação: direita/esquerda, em cima/embaixo).

Fonte: A autora (2016)

Os alunos tiraram dúvidas sobre o preparo do feijão com as merendeiras da escola, sobre aspectos científicos das plantas com o Articulador da disciplina de Ciências (Professor Juliano) da Secretaria de Educação, sobre industrialização do feijão com as empresas Urbano e Moinho Jaraguá e com alguns familiares sobre como os agricultores fazem o plantio e colheita de feijão e quais os equipamentos usados. Outras ações do projeto foram desenvolvidas, porém foram destacadas as principais.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os alunos socializaram suas aprendizagens através de exposição de trabalhos, apresentação de teatro de fantoches, concurso de desenho, participação em feira, além de levarem os jogos confeccionados em sala para serem jogados com seus familiares.

(6)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p.83849-83855, oct. 2020. ISSN 2525-8761

Para saber se o desenvolvimento do projeto deu resultado, se faz necessário revisitar os objetivos traçados quando o projeto foi elaborado. “Avaliar não é julgar, mas acompanhar um percurso de vida da criança, durante o qual ocorrem mudanças em múltiplas dimensões com a intenção de favorecer o máximo possível de desenvolvimento” (HOFFMANN, 2012, p.13). Com o desenvolvimento do projeto, pude perceber que os alunos compreenderam a história do João e o pé de feijão, sendo capazes de comentar pontos relevantes e palavras-chave da história e até mesmo comparar versões diferentes. A partir disso, também conseguiram fazer registros em desenho e a maior parte dos alunos até escreveu frases sobre isso. Também, foram capazes de realizar atividades de apropriação do sistema de escrita alfabético e de consciência fonológica, sendo necessário adaptar aos níveis de alfabetização presentes na sala, ocasionalmente precisando da minha intervenção mais direcionada. Sobre os gêneros textuais trabalhados, alguns alunos ainda tem dificuldade em reconhecer e em diferenciá-los. Mesmo tendo dificuldade em lidar com pontos de vistas diferentes, os alunos foram capazes de trabalhar em grupo e inclusive, estão aprendendo a lidar melhor com suas emoções e a perceber que nem sempre suas ideias serão as escolhidas. Poucos alunos mostraram dificuldades nas operações matemáticas e no reconhecimento dos números trabalhados. Além disso, estão mostrando interesse nos estudos sobre medida de comprimento e sistema monetário. Após sondagens realizadas com as turmas, percebe-se que todos os alunos avançaram em seus níveis de escrita e leitura.

4 CONCLUSÕES

O fim desse projeto deixou um gostinho de “quero mais”, tanto para mim, quanto para os alunos, que ficaram chateados ao saberem que as ações haviam terminado. E o que mais me encantou no seu desenvolvimento foi ver uma ideia tão simples se transformar em algo tão significativo e grandioso para as turmas envolvidas. “Trabalhar com literatura infantil em sala de aula é criar condições para que se formem leitores de arte, leitores de mundo, leitores plurais. [...] oferecer e discutir literatura em sala é poder formar leitores, é ampliar a competência de ver o mundo e dialogar com a sociedade” (FILHO, 2009, p.77-78). E perceber que utilizar a literatura infantil para desencadear aprendizagens “deu certo” me deixa muito feliz e satisfeita. Mostra que, com criatividade e esforço, podemos proporcionar momentos em que a interdisciplinaridade se faz presente.

(7)

Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p.83849-83855, oct. 2020. ISSN 2525-8761

REFERÊNCIAS

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 4. ed. São Paulo: Ed. Scipione,1997.

BINOTO, Claudia; SÁ, Ricardo Antunes de (Org). Tecnologias e mídias digitais na escola

contemporânea: questões teóricas e práticas. Curitiba: Appris,2016.

BRASIL. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: interdisciplinaridade no ciclo de alfabetização. Caderno 03. Brasília: MEC, SEB,2015.

BRASIL. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: a oralidade, a leitura e a escrita no ciclo de alfabetização. Caderno 05. Brasília: MEC, SEB,2015.

FILHO, José Nicolau Gregorin. Literatura infantil: múltiplas linguagens na formação de leitores. São Paulo: Melhoramentos,2009.

HOFFMANN, Jussara. Avaliação e educação infantil: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. 18.ed. Porto Alegre, Mediação,2012.

SMOLE, Kátia Stocco et al. Cadernos do Mathema: jogos de matemática do 1º ao 5º ano. Porto Alegre: Artmed,2007.

Imagem

Figura 1: Exemplos de atividade relacionadas à leitura e escrita.
Figura 4: Atividade investigativa sobre germinação de semente de feijão e acompanhamento do crescimento
Figura 6: Atividade com catálogo de supermercado.

Referências

Documentos relacionados

Com o intuito de registrar tais alterações, anúncios de revistas premiados pelo 20º Anuário do Clube de Criação de São Paulo são apresentados de forma categórica como

Para contextualizar a realidade do agrupamento, iremos salientar alguns dados dos alunos, dos colaboradores docentes e não docentes, das instalações geridas pelo

Sonhar, Planejar, Alcançar: fortalecimento financeiro para famílias é uma iniciativa global da Sésamo e da Fundação MetLife, que acontece desde 2015 no Brasil e que já

Portanto, o objetivo deste trabalho foi analisar os elementos: temperatura do ar, umidade relativa do ar e temperatura da superfície do solo, e aplicar o Índice de Calor

O INSTITUTO EUVALDO LODI – IEL/CE, na qualidade de Agente de Integração de Estágio, responsável pelo Processo Seletivo de ESTAGIÁRIOS do TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Com o objetivo de compreender como se efetivou a participação das educadoras - Maria Zuíla e Silva Moraes; Minerva Diaz de Sá Barreto - na criação dos diversos

Esses resultados demonstram que os organismos da mesofauna edáfica coletados na área III são mais diversos, de modo que a ausência de caprinos favorece a maior diversidade

Permite duplo monitoramento (envio para dois servidores simultaneamente); Transmissão de todos os eventos gerados pelo painel de alarmes (Contact-ID); Detecção do corte da