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A (IN) visibilidade da luta das prostitutas pelo reconhecimento do direito fundamental ao trabalho/The (IN) visibility of the fight of prostitutes for the recognition of the fundamental right to work

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 7, p. 43613-43628 jul. 2020. ISSN 2525-8761

A (IN) visibilidade da luta das prostitutas pelo reconhecimento do direito

fundamental ao trabalho

The (IN) visibility of the fight of prostitutes for the recognition of the

fundamental right to work

DOI:10.34117/bjdv6n7-105

Recebimento dos originais:08/06/2020 Aceitação para publicação:06/07/2020

Maiza de Morais Rufino

Bacharel em Direito pela Cristo Faculdade do Piauí – CHRISFAPI.

Pós-graduanda em Direito e Processo do Trabalho pelo CERS; Pós-graduanda em Direito e Prática Previdenciária pelo CERS.

Endereço: Rua Vereador Cristino das Chagas Mendes, nº 587, Bairro Paciência, Piripiri – PI, Brasil, CEP 64.260-000

E-mail: moraismaiza@outlook.com

Hilziane Layza de Brito Pereira Lima

Bacharel em Direito pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI. Advogada.

Professora Efetiva de Direito da Universidade Estadual do Piauí – UESPI. Mestranda em Políticas Públicas – UFPI.

Vice-Presidente da OAB Subseção de Piripiri – PI.

Endereço: Rua Tenente Antônio de Freitas, nº 1130, Bairro Fonte dos Matos, Piripiri – PI, Brasil, CEP 64.260-000

E-mail: hilzianebrito@hotmail.com

RESUMO

O Brasil sempre adotou o modelo abolicionista, ou seja, nunca tipificou como crime a prática de atos sexuais em troca de dinheiro. Mesmo diante da ausência de proibição, ainda há forte preconceito e estigma. Diante disso, surge o dever do Estado de assegurar que todos os indivíduos tenham uma vida digna, tanto do aspecto individual como do coletivo. É a partir disso que se questiona: como o Estado se manifesta diante das mazelas sofridas pelas prostitutas? O presente trabalho possui o objetivo de demonstrar como as profissionais do sexo se organizam em movimentos para defender os seus direitos básicos como saúde, segurança e a dignidade perante o Estado. A metodologia utilizada para a realização deste artigo foi a pesquisa bibliográfica, o método dialético e a pesquisa qualitativa, vez que foram utilizados estudos de diversos autores que tratam sobre o tema da prostituição, especialmente livros e artigos produzidos por profissionais do sexo. A relevância do presente trabalho se dá em razão de o direito ao trabalho ser previsto na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 como um direito social. Conclui-se que a omissão do Estado na regulamentação da profissão acarreta a invisibilidade dessas profissionais perante toda a sociedade. O exercício da prostituição como profissão é uma realidade que não pode ser negada. É imprescindível que o Estado atue conforme preleciona a Carta Magna a fim de criar normas que assegurem os direitos sociais e a dignidade desses profissionais.

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ABSTRACT

Brazil has always adopted the abolitionist model, that is, it has never classified the practice of sexual acts in exchange for money as a crime. Even in the absence of prohibition, there is still strong prejudice and stigma. In view of this, the State has a duty to ensure that all individuals have a dignified life, both from the individual and the collective aspect. It is from this that the question arises: how does the State manifest itself in the face of the ills suffered by prostitutes? This work aims to demonstrate how sex workers organize themselves in movements to defend their basic rights such as health, safety and dignity before the State. The methodology used to carry out this article was bibliographic research, the dialectical method and qualitative research, since studies by several authors dealing with the topic of prostitution were used, especially books and articles produced by sex professionals. The relevance of this work is due to the fact that the right to work is provided for in the Constitution of the Federative Republic of Brazil of 1988 as a social right. It is concluded that the omission of the State in the regulation of the profession causes the invisibility of these professionals before the whole society. The exercise of prostitution as a profession is a reality that cannot be denied. It is essential that the State act as prescribed by the Constitution in order to create norms that ensure the social rights and dignity of these professionals.

Keywords: Prostitution, Profession, Regulation, Dignity of human person.

1 INTRODUÇÃO

Para abordar o assunto da prostituição é necessário que se observe que o Brasil sempre adotou o modelo abolicionista, ou seja, nunca tipificou como crime a prática de atos sexuais em troca de dinheiro. Partindo dessa premissa, é salutar ressaltar que mesmo diante dessa ausência de proibição há forte presença de preconceito e estigma para com aqueles que a exercem. Diante disso surge o dever do Estado de assegurar que todos os indivíduos tenham uma vida digna, tanto do aspecto individual como do coletivo.

Apesar de o meretrício ser considerado como profissão pelo Ministério do Trabalho e Emprego desde o ano de 2002 na Classificação Brasileira de Ocupações e mesmo sendo de conhecimento geral que é uma atividade presente no país, nota-se que o poder público não confere nenhum direito e visibilidade a esse grupo de pessoas. É a partir disso que se questiona: como o Estado se manifesta diante das mazelas sofridas pelas prostitutas?

O presente trabalho possui o objetivo de demonstrar como as profissionais do sexo se organizam em movimentos para defender os seus direitos básicos como saúde, segurança e um trabalho digno. Salienta-se que há um recorte de gênero na produção deste artigo, uma vez que todos os movimentos estudados e produções científicas do tema versam sobre a luta feminina pelo reconhecimento de direitos, em especial o direito de um trabalho digno.

A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa científica foi a bibliográfica, uma vez que foram utilizados estudos de diversos autores que tratam sobre o tema da prostituição,

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especialmente livros e artigos produzidos por profissionais do sexo, como Gabriela Leite. O método dialético também foi aplicado, uma vez que há a análise de pontos de vista controvertidos sobre o mesmo tema. Por fim, a pesquisa qualitativa também foi utilizada, pois as fontes empregadas foram documentos, artigos e teses publicados no meio acadêmico sobre o tema.

A relevância dessa temática se dá em razão de, em primeiro lugar, o trabalho ser previsto na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 como um direito social de segunda dimensão, o que implica dizer que pressupõe do Estado atitudes positivas para que sejam consagrados os princípios e normas constitucionais. Em segundo, pelo fato da categoria “prostitutas” se encontrar invisibilizada inclusive em pesquisas científicas, ainda sendo um tema pouco abordado em estudos científicos.

Apesar disso, diante dos estudos realizados, nota-se que não há por parte dos governantes nenhum interesse em garantir esses direitos básicos para essas profissionais, o que fez com que as próprias prostitutas passassem a se organizar por meio de eventos e associações com o intuito de atrair a atenção e retirar essa invisibilidade que as prejudica.

2 DOS MOVIMENTOS ORGANIZADOS PELAS PROSTITUTAS

É preciso compreender o contexto social e cultural do Brasil com o fito de entender porque a prostituição é vista como atividade de submundo, sendo considerada impura e imoral pela sociedade em geral. O Brasil é um país fortemente influenciado por ideais religiosos e morais que pregam a valorização da instituição da família e das relações heterossexuais monogâmicas. Ou seja, esses discursos criam e legitimam perante a população práticas sociais aceitáveis ou não.

Assim sendo, as figuras das profissionais do sexo não se enquadram no padrão comportamental exigido pela sociedade, pois são excluídas da criação de políticas públicas que as deem visibilidade, visto que essa atividade não é considerada como atividade moral (ALLES; COGO, 2014).

Isto posto, a marginalização e estigmatização dessa classe profissional surge diante dessa ausência de visibilidade, pois a sociedade e o Estado se mantêm omissos quanto ao tema, não criando nenhuma regulamentação ou política pública que oportunize a demonstração de como a prostituição difere do que pensa o senso comum.

A primeira mobilização das prostitutas no Brasil ocorreu em 1979 quando duas transexuais e uma mulher grávida foram mortas decorrentes da violência policial sofrida pela classe (HELENE, 2017). Em razão disso, centenas de prostitutas se uniram a uma passeata em São Paulo para protestar

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contra os abusos e as repressões sofridas. A partir de então começa a organização dos movimentos das profissionais do sexo do Brasil como meio de denúncia e combate a repressão policial.

Gabriela Leite foi uma das principais ativistas na luta dos direitos das prostitutas no Brasil, estando presente desde a primeira manifestação em 1979 (LEITE, 2009). Sendo ela uma profissional do sexo por opção, tendo abandonado o emprego e os valores tradicionais da sua família, diante da repressão e violência policial e abandono do Estado, decidiu iniciar um movimento de organização das prostitutas a fim de que passassem a ser vistas como sujeito de direitos (LEITE, 2009).

Em 1987 aconteceu o primeiro Encontro Nacional de Prostitutas, que reuniu cerca de 70 mulheres de mais de dez estados do Brasil. Esse movimento deu origem também à Rede Nacional de Prostitutas que passou a gerar as associações espalhadas por todo o país (HELENE, 2017).

Em 1991, Gabriela Leite funda a Organização Não-Governamental (ONG) “DaVida” como forma de fomento à promoção de direitos, saúde, educação e políticas públicas para as prostitutas. Em 1994 acontece o III Encontro Nacional das Trabalhadoras do Sexo, no qual houve uma grande mobilização das profissionais pelo reconhecimento de direitos trabalhistas. Em 2005 Gabriela Leite também cria a grife de moda “Daspu”, que é um diminutivo de “Das putas” com o intento de arrecadar fundos para manter a ONG “DaVida” (VIEIRA; JÚNIOR, 2015).

Essa classe profissional é diretamente ligada a uma ideia de promiscuidade e impureza, razão pela qual há grande vinculação delas com a propagação de Infecções Sexuais Transmissíveis – IST’s (ALLES; COGO, 2017). Foi decorrente das mobilizações dos movimentos organizados pelas prostitutas que surgiu em 2002 uma campanha no Brasil pelo então Programa Nacional de DTS/AIDS que tinha como frase principal “Sem vergonha, garota. Você tem profissão” (MOREIRA, 2016).

Em 2013 foi criada uma campanha pelo Ministério da Saúde do Brasil que tinha como tema “Eu sou feliz sendo prostituta”. A ideia principal da campanha era implementar a informação para que as prostitutas usassem camisinha. Todavia, tanto a campanha de 2002 como a de 2013 geraram grande polêmica e insatisfação na população e nos congressistas mais religiosos. Diante disso, ambas circularam por pouco tempo e não tiveram novas edições.

Gabriela Leite, Lourdes Barreto, Sally Gogu, Bruna Surfistinha, Monique Prada são prostitutas que possuem produções intelectuais que demonstram que é preciso abandonar a ideia da profissional do sexo como vítima ou vilã, sendo necessário que sejam vistas como pessoas dotadas capacidade de escolha e, principalmente, de direitos (MOREIRA, 2016).

A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do então Ministério do Trabalho reconhece a Prostituição como profissão no ano de 2002. Diante disso, mostra-se relevante o reconhecimento

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da prostituição como trabalho que requer regulamentação, uma vez que devidamente regulamentado pelo Estado, é a partir de então que poderá haver a ressignificação social da visão depreciativa que se tem desse grupo de pessoas.

Pode-se concluir, portanto, que os movimentos organizados pelas prostitutas sempre visaram a neutralização dos fatores considerados como excludentes, abordando temas como IST’s, direitos sociais e luta pela fiscalização dos casos de abusos estatais e violência sexual. Ou seja, as próprias profissionais buscaram a ressiginificação da profissão.

Considera-se também que existem discussões sobre os termos utilizados para se referir a essas profissionais, tendo essa discussão conquistado mais relevância quando surgiu no Brasil a “Marcha das Vadias”, havendo controvérsias sobre a correta utilização dos termos ao fazer referências a essas profissionais.

3 A MARCHA DAS VADIAS E O TERMO “PUTA”

Em junho de 2011 ocorreu pela primeira vez no Brasil o movimento feminista da “Marcha das Vadias” baseado no SlutWalk canadense, dado que nesse país a frase “Evitem vestir-se como vadias para não serem estupradas” gerou descontentamento e discussão internacional sobre a cultura da culpabilização da vítima pelo estupro (BOENAVIDES, 2019).

Com isso, o Brasil adota o movimento e o denomina “Marcha das Vadias”. No entanto, passa a surgir dentro do próprio movimento feminista organizador uma discordância sobre o termo utilizado. Sobre o direito de nomear, Lewis Carroll (2009) já dispunha:

“Quando eu uso uma palavra”, disse Humpty Dumpty num tom bastante desdenhoso, “ela significa exatamente o que quero que signifique: nem mais nem menos.” “A questão é”, disse Alice, “se pode fazer as palavras significarem tantas coisas diferentes.” “A questão”, disse Humpty Dumpty, “é saber quem vai mandar — só isto.” (CARROLL, 2009, p. 157).

O que o autor busca caracterizar é que o significado do nome é dado por aquele que o profere. Assim, o termo “vadias” sempre foi considerado como pejorativo por toda a sociedade, posto que até mesmo no dicionário é denominado como termo ofensivo. Portanto, o significado dado a um termo varia de acordo com aquele que o utiliza.

A mobilização pela adoção de tal nome surge como um meio de os então dominados (mulheres) ressignificarem o termo opressor para fins de revalorização do nome, visando afastar a negatividade e o estigma presente nele, a fim de que a sociedade pare de culpar a vítimas nos casos de estupro em razão da vestimenta (BOENAVIDES, 2019).

A ressignificação do termo “vadias” é centro da discussão entre diversos coletivos organizadores do evento, que se realiza em diversas capitais dos estados brasileiros. As diversas

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vertentes feministas discordam da apropriação do termo para o movimento social. Discute-se sobre a tênue linha que separa o significado do termo utilizado pela classe dominante que propaga o discurso do patriarcado e pelos oprimidos.

Há uma fluidez entre os fenômenos sociais e o uso das palavras em uma sociedade, de tal forma que o uso das palavras e dos termos representa uma violência simbólica através da qual o dominante faz com que o dominado tenha a respeito de si o mesmo o ponto de vista ofensivo e ridicularizado que aquele possui (BONAVIDES, 2019).

Todavia, faz-se necessário pensar em um movimento coletivo a partir dos pontos de vista de gênero, raça e classe. Em razão disso, Boenavides (2019) declara que o termo pode ser considerado machista, racista e classista. Racista porque “Antes da abolição da escravatura, era considerado vadio o escravizado que não aceitava o trabalho forçado e o trabalhador livre que não possuía ofício” (BOENAVIDES, 2019, p. 7), havendo um contexto histórico que não pode ser ignorado na revalorização da palavra.

Para exemplificar o termo no contexto social brasileiro, basta que obras literárias sejam lidas que é possível identificar as questões referentes a gênero e classe. José de Alencar e Machado de Assis em suas obras fazem uso do termo “vadia/vadiação” com sentidos respectivamente machista e classista, referindo-se a mulheres que não são casadas ou mulheres pobres que não possuem emprego.

O lema do movimento da Marcha das Vadias é “Sser livre é ser vadia, somos todas vadias”. Entretanto, Boenavides (2019) destaca que não basta haver ressignificação da palavra no sentido linguístico, é preciso que se observe que o machismo e a opressão de classes ainda é realidade no Brasil, portanto, a ressignificação não basta ser apenas nesse sentido do termo.

Assim sendo, é preciso que a ideia de empoderamento, autonomia e liberdade sexual existente no movimento feminista leve em consideração não apenas o aspecto linguístico, mas também o social, visto é que é necessário que a revalorização do termo também seja eficaz perante a sociedade. Todavia, para isso é necessário que se tenha consciência de quem nem todas as mulheres possuem a mesma autonomia sobre seus direitos.

Conforme já mencionado, há diferentes tipos de profissionais do sexo, não podendo haver uma generalização, dado que o termo pode ofender as diversas pessoas que fazem parte da classe. Há também a utilização do termo “puta” com o objetivo de reafirmar a identidade dessa categoria profissional.

O vocábulo “puta” é uma forma de controle social de identificação de mulher honesta e do modelo de mulher ideal em contraposição a mulher que não segue os dogmas sociais tradicionais

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(HELENE, 2017). Ou seja, a utilização do termo passa a ser então não só uma forma de ofensa, mas também uma espécie de punição. É diante disso que as profissionais do sexo buscam a ressignificação da expressão. Gabriela Leite (2009) se manifestou no sentido de que o termo “puta” é estigmatizado, mas que a busca pela redefinição permite que a sociedade passe a naturalizar a profissão.

Apesar de ainda não haver consenso do próprio movimento quanto à utilização dos vocábulos, é preciso acentuar que é de grande importância a organização do evento feminista para a classe das profissionais do sexo, visto que permite que seja visto pela população que a liberdade sexual feminina é um direito de todas as mulheres, devendo serem protegidas pelas suas escolhas, e não julgadas e culpabilizadas por elas.

4 OS MOVIMENTOS FEMINISTAS E A PROSTITUIÇÃO

Há muita divergência nos feminismos sobre a prostituição, principalmente nas divergências das “putafeministas” e feministas radicais (MELINO, 2016). A vertente das “putafeministas” é encabeçada principalmente por Monique Prada, Indianara Siqueira e Amara Moira, que são reconhecidas como sendo grandes articuladoras nacionais das prostitutas, defendendo o direito a liberdade sexual, visando demonstrar que a prostituição não deve ser vista sob a ótica da imoralidade ou estigmatização, e sim do ponto de vista de pessoas que exercem a liberdade dos seus corpos (MELINO, 2016).

Por sua vez, as feministas radicais defendem que a prostituição é o símbolo da opressão das mulheres, vez que as objetifica e corrobora com a dominação patriarcal, sendo, portanto, mais uma forma de exploração (RODRIGUES, 2010). Surge então uma discussão que se prolonga até os dias atuais acerca do que simboliza o trabalho das profissionais do sexo dentro de um sistema social, não havendo consenso sobre o tema.

Rodrigues (2010) ressalta que é importante observar que não é possível considerar que todas as profissionais do sexo encontram-se no mesmo padrão, visto que existem enormes diferenças entre as prostitutas de luxo, profissionais individuais de rua, prostitutas transexuais e prostitutas que estão em casas de prostituição. Há uma série de características que as diferenciam, não podendo igualá-las, o que seria mais uma razão para que a regulamentação ocorra, visto que permitirá que todas sejam sujeito de direitos.

O fato incontroverso é que o preconceito, estigma e reprovação existem para todas as profissionais, assim como também é inegável o abandono do Estado em regulamentar e garantir direitos a esse grupo de pessoas. Cabe ressaltar uma terceira vertente do feminismo que se localiza

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entre as “putafeministas” e feministas radicais, que visa deixar em segundo plano a discussão da liberdade sexual versus a exploração sexual (RODRIGUES, 2010).

O principal objetivo imediato dessas feministas é garantir condições de trabalho dignas e o devido pagamento dos salários e dos direitos advindos do exercício dessa atividade (RODRIGUES, 2010). Diante disso, o intuito é fazer com sejam reconhecidos direitos e que a prostituição seja vista como trabalho que necessita ser regulamentado a fim de se garantir a dignidade da pessoa humana dessa categoria profissional.

Como se pode perceber, há muitas discussões tanto acerca da utilização de expressões para com essas profissionais, quanto ao exercício da profissão. Os movimentos feministas diferem de forma substancial sobre os assuntos, o que gera uma aparente desunião do movimento profissional. Apesar de extremamente relevantes, as controvérsias sobre os temas não resolvem os problemas aos quais as prostitutas estão submetidas, ou seja, são discussões que não fortalecem no plano prático a luta pelo reconhecimento do direito ao trabalho por essas profissionais.

5 PROSTITUIÇÃO E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

O abandono dessa categorial profissional é evidenciado pela ausência de direitos básicos como segurança e saúde. As profissionais são constantemente vítimas de diversos tipos de violência (pelo Estado e clientes) e, ainda assim, permanecem invisibilizadas quando buscam o reconhecimento desses direitos que deveriam ser garantidos a todos os cidadãos. A marginalização da profissão acontece quando nem mesmo os direitos consagrados na Lei Maior são a elas conferidas, como o acesso à saúde e a políticas públicas.

A dignidade da pessoa humana é considerada pelos constitucionalistas como o supraprincípio do direito brasileiro (LENZA, 2015). Faz-se necessário ressaltar que a ideia de dignidade é não apenas no sentido individual do termo, mas também na ideia de que a vida em comum deve ser segura e justa. Esse direito é inerente aos seres humanos, não devendo haver condicionamento da sua existência às práticas individuais de cada pessoa (VIEIRA; JÚNIOR, 2015).

Diante dessa necessidade do bem comum para a existência de dignidade, surgiram os Direitos Humanos com o fito de garantir direitos básicos a todas as pessoas, não podendo haver nenhum tipo de discriminação entre os indivíduos. Os direitos humanos surgem a fim de materializar a dignidade da pessoa humana, sendo universais, inalienáveis e imprescritíveis. Um dos principais postulados dos Direitos Humanos é a proibição do retrocesso, sendo vedada a extinção e a omissão

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de direitos, incluindo direitos sociais, uma vez que isso fere a dignidade da pessoa humana (BARRETO, 2017).

A ideia de subsistência digna é desafiada pela manutenção da invisibilidade de diversos grupos excluídos (LOBO; SAMPAIO, 2017). A exclusão de um grupo de pessoas pode se dar tanto por resistência dos mesmos como por uma autopercepção de inferioridade criada através de construção social. Lobo e Sampaio (2017) consideram que as prostitutas enquadram-se nesse último grupo. Um dos grandes problemas é que a sociedade objetificou a figura da prostituta e consequentemente veio o esquecimento delas como seres humanos (FRANÇA, 2012).

Para Gabriela Leite, a moral é o que torna a prostituição uma profissão desvalorizada:

[...] O maior preconceito é porque trabalhamos com sexo. Sexo é o grande problema, é o grande interdito das pessoas. E nós trabalhamos, fundamentalmente, com fantasia sexual, esse é o verdadeiro motivo da existência da prostituição. É um campo imenso. É uma babaquice dizer que só puta vende o corpo! E vender sua cabeça, quanto custa? O operário vende o braço, quanto custa? Todo mundo vende sua força de trabalho, que está com seu corpo (LEITE, 2009, p.14).

Gabriela Leite (2014) foi uma prostituta voluntária que lutou pelo reconhecimento de direitos para as profissionais do sexo. O que Gabriela defendeu durante toda a sua vida foi que o grande óbice para o reconhecimento de direitos para a classe foi a opressão moral e religiosa, visto que as pessoas não estão habituadas com o entendimento de que a prostituição voluntária pode ser um trabalho como outro qualquer.

A dignidade dessas profissionais é mitigada, dado que há grande preconceito moral e religioso para com o ofício. A maioria das religiões sempre trataram as atividades sexuais como meio para a procriação e não como meio de se obter satisfação ou dinheiro (LOBO; SAMPAIO, 2017).

É a partir desse conceito que surge a ideia de relativismo cultural conceituada por Leonardo Barreto (2017), que considera que a universalidade dos direitos humanos esbarra na multiculturalidade dos Estados. Ou seja, é necessário que se leve em consideração dos diversos pontos de vista sobre o tema para que se possam garantir os direitos humanos.

É imperioso considerar que há pessoas que se encontram exercendo atividades sexuais em troca de dinheiro por necessidade de sobrevivência, apesar de também existirem aqueles que o fazem por prazer (como Monique Prada, Gabriela Leite, Lourdes Barreto, Indianara Siqueira e diversas outras). Ocorre que o intuito principal não é compreender como se deu o ingresso dessas pessoas no submundo da prostituição, mas sim identificar o que se pode fazer em favor dessas pessoas de acordo com a atual realidade.

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Isto é, em vez de buscarem unicamente os motivos e as causas da prostituição, são necessários estudos que abordem os diversos temas que podem ser explorados, principalmente no que concerne a busca pelo reconhecimento de direitos para a classe. É fato incontroverso que a prostituição se adapta ao mercado, posto que se existem prostitutas, é porque há a procura por essas profissionais.

Acerca da ausência de estudos mais profundos, Gabriela Leite destaca:

Acho que existe por conta da moral sexual mesmo, né? Estava escrevendo um texto esses dias, e uma das coisas que percebo é que os intelectuais e acadêmicos que estudam sexualidade – não são muitos, mas tem uma grande parcela deles – só estudam as questões referentes à moral sexual, tipo: “A prostituição existe por quê?”. Estou batendo nessa tecla, faz um tempo, porque tem tantas nuances para se estudar, para abrir mais os olhos até dos nossos legisladores, dos deputados. Porque eles também não conhecem nada. Só veem essa parte (LEITE, 2009, p.23).

O que a autora evidencia é que a ausência de estudos corrobora com a ideia geral de que a prostituição é uma profissão extremamente marginalizada e estigmatizada, assim como também faz gerar a concepção de que a referida profissão precisa ser abolida, tendo em vista que há a invenção de que representa um mal para a sociedade.

A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988 insere em seus dispositivos que há o direito à igualdade, dignidade da pessoa humana, livre iniciativa, direito ao exercício de trabalho, entre diversos outros postulados que visam assegurar o bem comum dos cidadãos. Em razão disso é que se faz necessário que se regulamente a atividade dos profissionais do sexo, a fim de que se possa garantir os preceitos constitucionais a todos os cidadãos.

Apesar disso, Lobo e Sampaio (2017) esclarecem que essa questão deve ser vista com muita sensibilidade pelos operadores do direito e por aqueles que possuem o poder de legislar, visto que há entre as próprias profissionais do sexo uma crise de autoidentidade entre a prostituição e o trabalho. Assim, diante da exclusão social e a objetificação dessas pessoas, há entre as próprias profissionais um receio de se reconhecerem como prostitutas.

Diante disso, o problema existente quanto à prostituição nem sempre concerne a prática dos serviços sexuais, mas sim à marginalização e a invisibilidade social que existe para com esse grupo de pessoas. Os que defendem a criminalização da profissão não visam proteger a condição de pessoa humana ou a integridade das profissionais, mas sim a moralidade pública sexual (RIBEIRO; SÁ, 2004; FRANÇA, 2012).

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Diante desse problema da omissão do Estado e do consequente abandono dessa classe profissional, surgiram diversos Projetos de Lei no Brasil ao longo dos anos, buscando regulamentar a prostituição com o fito de assegurar os direitos sociais, permitindo que o trabalho fosse devidamente regulamentado e fiscalizado pelo poder público e, consequentemente, ressignificado pela sociedade.

6 O PROJETO DE LEI 4.211/2012 E O DIREITO AO TRABALHO

O direito ao trabalho está previsto no art. 6º da CRFB/88 como um direito social. Pedro Lenza (2015) evidencia que essa positivação surgiu através da busca de um Estado Social de Direito. A respeito do direito ao trabalho, Lenza (2015) afirma:

Assim, os direitos sociais, direitos de segunda dimensão, apresentam-se como prestações positivas a serem implementadas pelo Estado (Social de Direito) e tendem a concretizar a perspectiva de uma isonomia substancial e social na busca de melhores e adequadas condições de vida, estando, ainda, consagrados como fundamentos da República Federativa do Brasil (art. 1.º, IV, da CF/88) (LENZA, 2015, p. 1.280).

Isso implica dizer que é necessário que o Estado tenha políticas públicas no sentido de garantir que os cidadãos tenham o direito social ao trabalho, pois é através dele que se garante a isonomia e a dignidade da pessoa humana. Portanto, é com fulcro nessa disposição que surge a busca do reconhecimento de direitos que protejam e garantam às profissionais do sexo uma existência digna. Torna-se necessário que haja uma atuação estatal com o intuito de garantir que os direitos dos cidadãos sejam efetivos. Diante dessa demanda é que surgem as políticas públicas e leis com o intuito de garantir a existência dos mesmos.

Com o objetivo de assegurar a regulamentação da atividade dos profissionais do sexo, em 12/07/2012 o então Deputado Jean Wyllys (PSOL) propôs o Projeto de Lei (PL) 4.211/2012, também conhecido como PL Gabriela Leite. Para fundamentar a propositura do mesmo, o Deputado utilizou-se do art. 3º, inciso III da CRFB/88, que dispõe sobre a erradicação da marginalização, do art. 3º, inciso IV que versa sobre a promoção do bem de todos e o art. 5º que trata sobre os direitos à liberdade, igualdade e segurança.

O princípio da máxima efetividade dos direitos fundamentais também é usado para justificar a necessidade de regulamentação da profissão. Vieira e Júnior (2015) defendem que só há a consagração dos dispositivos constitucionais quando o Estado assegura que os indivíduos possam exercer seu labor de forma digna e segura.

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Ao todo, o PL 4.211/2012 continha seis artigos que dispunham sobre aspectos cíveis, penais, trabalhistas e previdenciários que seriam regulamentados e permitiriam que se garantissem direitos a essa categoria profissional. O PL foi também conhecido como “Gabriela Leite”, dado que esta foi uma das principais ativistas na luta dos direitos das prostitutas e na defesa da tutela da liberdade individual (VIEIRA; JÚNIOR, 2015).

Para que se possa compreender a existência do PL 4.211/2012 dentro do contexto legal brasileiro, é preciso salientar que o Brasil sempre adotou o modelo abolicionista, vez que não há a tipificação em leis penais do crime de exercício de prostituição (CAVOUR, 2011). Apesar disso, há no Código Penal (1940) dispositivos que são relacionados à profissão, sendo um dos mais comentados o art. 229 que preleciona sobre a criminalização das Casas de prostituição.

Um dos objetivos primordiais do PL Gabriela Leite seria diferenciar de forma clara a distinção entre prostituição e exploração sexual; a finalidade dessa separação seria permitir que o Estado passasse a fiscalizar de forma efetiva os locais e estabelecimentos a fim de conseguir evitar violação de direitos e danos pessoais e sociais.

No art. 1º e 3º há a descrição de elementos que definem o meretrício, elencando que para exercer essa profissão seria necessário: pessoa maior de 18 anos, capacidade, voluntariedade e pessoalidade. Como forma de organização dessa categoria profissional o art. 3º prelecionava em seus incisos I e II que poderia ocorrer de forma autônoma, coletiva ou em cooperativa. Com isso, o parágrafo único desse artigo estabelecia a permissão das casas de prostituição, desde que funcionassem sem a existência da exploração sexual.

A fim de definir o que seria considerado como exploração sexual o art. 2º traz três possibilidades além das outras elencadas em lei. O inciso I versa sobre a apropriação de mais de 50% da remuneração das prostituas por uma terceira pessoa. Esse inciso conjuntamente com a disposição do parágrafo único do art. 3º permite ao leitor concluir que a casa de prostituição seria legalizada, mas havendo regras trabalhistas quanto ao pagamento da profissional do sexo. Assim sendo, não poderia o cafetão ou cafetina apropriar-se de forma indevida desse valor pago pelo serviço prestado, sob pena de ser responsabilizado pelo crime de exploração sexual.

No que concerne ao inciso II do art. 3º, a exploração sexual é praticada por aquele que usufruiu dos serviços sexuais e que não efetua o pagamento. Há na jurisprudência brasileira entendimentos sobre casos semelhantes. Guilherme Nucci (2014) avulta que o trabalho sexual prestado e não devidamente remunerado pode ser requerido judicialmente, uma vez que é houve a prestação de serviços.

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O autor considera ainda que nos casos em que o cliente recebe o serviço e se recusa a pagar, se caso a profissional se apropriar de algum bem em contraprestação ao seu trabalho exerce o crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP/1940) e não o crime de roubo ou furto (art. 157 e 155 do CP/1940), já havendo jurisprudências e decisões judiciais nesse sentido.

Nesse mesmo sentido há ainda a previsão do art. 1º, §1º do PL 4.211/2012 que permitiria a exigência do pagamento pelo serviço sexual prestado através do poder judiciário. Por sua vez, o art. 4º do referido PL dispunha sobre alterações legais no texto no CP/1940, trazendo especificamente mudanças nos arts. 228 a 231-A, visando retirar a palavra “prostituição” do texto e inserir como tipos penais apenas os delitos envolvendo exploração sexual. Apesar da tentativa de aprovar o PL Gabriela Leite, em 31/01/2019 o mesmo foi arquivado pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.

De acordo com o que o próprio autor do PL proposto mencionou, o objetivo do mesmo seria não apenas retirar essas profissionais da marginalização, mas permitir que com a devida regulamentação o Estado passasse a criar políticas públicas efetivas que garantissem os direitos sociais e o direito fundamental ao trabalho através da dignidade da pessoa humana.

Outro aspecto que merece ser considerado é que tornaria mais possível identificar a ocorrência de crimes e exploração sexual caso houvesse a devida regulamentação da profissão. Com a regulamentação da profissão, acredita-se que não apenas o estigma e preconceito seriam diminuídos, mas também os riscos aos quais essas profissionais são submetidas diariamente.

7 CONCLUSÃO

Nota-se que a prostituição, apesar de não configurar crime no ordenamento jurídico brasileiro, ainda não é aceita do ponto de vista da moral e dos bons costumes. A omissão do Estado na regulamentação da profissão acarreta a invisibilidade dessas profissionais perante toda a sociedade. É evidente que os movimentos coletivos organizados pelas prostitutas trouxeram pautas relevantes a serem discutidas, todavia, também não possuem o reconhecimento suficiente para alavancar a busca de direitos.

A marginalização da profissão é fato incontestável na realidade brasileira. Não há políticas públicas específicas destinadas a essas profissionais, assim como também não há regulamentação do ofício que requer atuação direta do Estado como órgão fiscalizador das atividades e dos possíveis abusos sofridos pelas prostitutas.

Conforme demonstrado, não há consenso entre os pesquisadores e ativistas do tema. Todavia, mesmo com essa falta de entendimento entre os envolvidos, é preciso que continuem a

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versar sobre o mesmo, uma vez que garantem visibilidade e maior discussão acerca da necessidade de que o poder público se volte a essas profissionais. É imprescindível analisar o tema levando em consideração a sociedade, os costumes e os dogmas que são levados ao longo do tempo.

O exercício da prostituição como profissão é uma realidade que não pode ser negada. O Brasil adota a proibição do retrocesso no que tange às suas normas e preceitos, mas é preciso não apenas que se vede o regresso, é imprescindível que o Estado atue conforme preleciona a Carta Magna a fim de criar normas que assegurem os direitos sociais e a dignidade desses profissionais. Ou seja, a omissão do Estado não pode ser tolerada, pois o seu dever é de resguardar os cidadãos e não abandoná-los.

Portanto, mesmo diante de inúmeras controvérsias acerca da utilização de termos como “vadias” e “putas” e as discussões entre as vertentes feministas, é necessário que haja uma união na busca pela recognição de direitos dessas profissionais, uma vez que é preciso que o debate saia do plano intelectual e passe a existir no plano real.

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