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Subsídios para a História do Teatro Lethes

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Academic year: 2021

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SUBSÍDIOS PARA A HISTORIA DO TEATRO LETHES

José C arlos Vilhena Mesquita

Quando se f a la de p atrim ó n io c u ltu r a l no A lg a r v e há uim na tu ral propen­ são para se f a l a r dos irrponentes marcos a r q u ite c tó n ic o s que a h is t ó r ia nos l e ­ gou ao lon go dos ú ltim os s é cu lo s . T a lv e z p o r is s o não se tenha estudado,com a profundidade que se impunha, o e d i f í c i o e a u t i l i z a ç ã o a r t í s t i c a do v e tu s to T ea tro L eth es. Nfes um tra b a lh o dessa envergadura não se compadece,obviamente, com a exigu idade do espaço que por agora nos e stá d estin a d o . N estas circu n s­ tâ n c ia s , apenas tom arem os p ú b lic o s alguns elementos sin tetisad am en te c o l i g i ­ dos, com os qu ais se poderá a b r ir caminho para um estudo riais d e s e n vo lv id o .

0 e d i f í c i o que h o je se conhece p or T e a tro Leth es começou p o r ser uma es ­ co la de Jesuítas,fu ndada p e lo B ispo do A lg a r v e D.Fernando Nfertins Nfascarenhas e o fic ia lm e n te reconhecida p or F i l i p e I I a 8-2-1599. Chamava-se C olégio de San­ tiago Ifeior de Faro, d e s tin a v a -s e ao ensino das le t r a s e e s ta b elec eu -s e num e d i f í c i o airplo e de f é r t i l h o rta que o P re la d o mandara resta u ra r após o saque efectu ado p e la s trop as do Duque de Essex em 1596. Abriu as suas p o rta s a 26 de Setembro de 1599, subordinava-se à invocação se Santiago e tin ha como Su perior o irmão do B ispo, P.Nuno de IVhscarenhas.

Com o despotism o pombalino f o i banida a Ordem e o C o lé g io de F aro encer­ rado pouco d epo is de 1759. V in te anos d epois f o i entregue aos padres Kferianos ou C arm elitas C alçados,que em Faro possuíam já um h o s p íc io no mesmo e d i f í c i o onde h o je se acha sediado o Montepio dos A r t is t a s . Nhs aos padres Nbrianos tam­ bém a s o r te não os fa v o re ce u , p o is que durante a ocupação de Junot s erv iu o Co­ l é g i o de alojam en to aos soldados fra n ceses e de p r is ã o a alguns exa lta d os pa­ t r i o t a s . Pouco depois,em 1834, d e c re ta v a -s e a e x tin ç ã o das Ordens R e lig io s a s . Os bens da I g r e ja foram alien an d os e em Faro almoedaram-se os 4 Conventos en­ tão e x is te n t e s . A b e la capela do C o lé g io v iu - s e então esp o lia d a das suas a l f a i ­ as,paramentos e irragens,que foram d is tr ib u íd a s p e lo s templos da cid a d e. Aos t r ê s sinos que possuía d e u -s e-lh e o mesmo d e s tin o . F in a v a -s e , assim , um lu g a r sagrado para que do mesmo chão despontasse um p ro fa n o templo votá do à a r t e de Talma.

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A Fundação do Teatro Lethes

Em 1843 f o i o C o lé g io arrematado em h a sta -p ú b lica p e lo D r.L á zaro D o g lio n i, c ifra n d o -s e a transacção em cerca de 3 . 500$00, tendo. sid o previam ente a v a lia d o em d o is contos de r é i s . Nfes já que falamos no D r.L á zaro D o g lio n i, como fundador do T e a tro L eth e s, con virá esboçar alguns dados b io g r á f ic o s . Nasceu em Veneza a 8-8-1778,formou-se em m edicina p e la U n iversidade de P a v ia e quando se d e s lo c a ­ va a In g la te r r a naufragou ju n to ao Cabo de S t- t e r i a , recolh en d o-se então na p ro tecçã o do Consul de Veneza,D.Damião de Lemos F r e ir e ,q u e o ajudou a r e fa z e r a v id a . Pouco d epo is casou-se com a f i l h a do consul in glês,G u ilh erm e B arr C r is - p in , que se dedicava à exportação de fru to s secos para a Grã-Bretanha. Cem es ­ te en lace to m o u -s e h e r d e ir o de uma das m aiores fortu n as do A lg a r v e . Una das irmãs do Dr .D o g lio n i ,de seu nome N kria Antónia ,v i r i a a c o n s o rc ia r-s e ,na Ig r e ja da M is e r ic ó r d ia de Faro,com o D r.Gianpaulo C úm ano,director do H o sp ita l de T r ie s - t e , cu jos f i l h o s C onstantino e J u stin o v ir ia m mais ta rd e a r a d ic a r-s e nesta cid ad e. 0 Dr .D o g lio n i n a tu r a liz o u -s e português e gozou de grande p r e s t í g i o na sociedade fa r e n s e . para seu gaudio e s a tis fa ç ã o das p a ix õ e s a r t í s t i c a s do so­ b rin h o , D r.J u stin o Cúirano,que e n tre ta n to em igrara para F a ro , mandou e r i g i r um T ea tro em cu jo p ó r t ic o in screveu a máxima Monet Oblectando (I n s t r u ir D iv e r t in ­ d o ), dando-lhe o neme de Lethes, ccm o qual p re te n d ia s im b o liza r o o lv id o em que deveriam permanecer as dissen çõ es p o l í t i c a s que arruinaram o p a ís e d i v i ­ diram a nação. 0 D r.D o g lio n i fa le c e u a 7-11-1858, legando a fortu n a ao s o b r i­ nho, D r.J u stin o Cúmano, n o tá v el c lín ic o ,g r a n d e benem érito e p r o t e c t o r das A r te s .

As obras de resta u ro prolongaram -se de 1843 a 1845 e orçaram em doze con­ to s de r é i s . A capela do a n tig o C o lé g io transform ou-se em sala de esp ectá cu lo s. No lu g a r do a lta r-m ó r f ic a v a a "S ala V erd e" do T e a tro e no coro da ig r e ja ,q u e

se situ ava ju n to à fr o n t a r ia , se e r ig iu o p a lc o . Da dem olição da capela e a r ­ ran jo do T e a tro se encarregou o p e d r e ir o José Fernandes P in to , a c o lit a d o p e lo c a r p in te ir o e e x -fr a d e José Pru dên cio.a quem o v u lg o chaimva "José da N&xima". A inauguração efec tu o u -s e a 4-4-1845 p or se r data de a n iv e r s á r io da R a i­ nha D .Nbria I I , f a c t o que se deixou a s s in a la d o p e la d ecla ra çã o de uira extensa p o es ia da a u to ria de Marçal Henrique' de Azevedo e S ilv a Lobo de Aboim, após o que se in ic io u a peça 0 Almansor Aben-Afan, u ltim o Rei do A lg a r v e , publicada p or José F r e ir e de Serpa Pim entel poucos anos a n te s. Também na mesma n o it e se

rep re s e n ta ria a f a r s a , tra d u zid o do fra n cês "0 Urso e o P a c h á ". A sála .rragni f i - camente decorada .possuía uma p la t e ia para 215 espectadores ,51 carrarotes de s e is

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lu g a res e ainda uma varanda com capacidade para 100 p essoas. 0 Lethes tr a n s fo r - irava-se .assim , num v e rd a d e iro C entro C u ltu ra l do A lg a r v e .n o qual se reunia a

e l i t e da sociedade fa r e n s e . A sua época aurea decorreu en tre 1860 e 1882,sob a d ire c ç ã o do D r.J u stin o Cúmano, que elevo u o t e a t r o a um n ív e l in v e já v e l .v e s t in ­ do os a c to re s no m aior lu xo,en riqu ecen do a cena com os mais requintados a d e re­ ços e mantendo uma orqu estra com 30 a 40 elem entos. A cadência dos esp ectácu lo s era quinzenal e n e le foram representados com a s s in a lá v e l ê x it o v á r ia s p eça s, como p o r exemplo, "F re i Lu is de Sousa", "A Grã-Duquesa de G erol st e i n " , "Al fa g e - me de Santarém", "A Morgadinha de Vai F l ô r ” ,"Barba A z u l" , 'V id a dum Rapaz P o- b re","A m ar sem C on h ecer", "M arina” , "Diarmntes da C orôa” ,'V a le de A n d o r r a ",e tc . S a lie n te -s e que no p a lc o do Leth es trabalharam v á r io s a r t i s t a s amadores e p ro ­ fis sio n a is ,le m b ra n d o que aqui se estreou a famosa Teresa Aço (na tu ral de S i l ­ v e s ) , que v i r i a a sa g ra r-s e como uma das m aiores a c t r iz e s de op ereta em P o rtu ­ g a l . De e n tre os amadores aqui radicados é de ju s t iç a que se destaquem os no­ mes de José Joaquim P e re s , F ra n cisc o C onstantin o P e r e ir a de t e t o s ,A n tón io Ber­ nardo da Cruz, Maria Am élia Macedo, t e r i a do Carmo Santinho, Ana Am élia da Luz, A lb e r tin a R e is .F ra n c is c o da S ilv a Santos, F ra n cisc o A n tón io da Fonseca, João dos R eis Lopes Stromp, F ra n cisco Dâmaso Tavares B elo e seus d o is irmãos A n tó­ n io e João, A n tón io Pedro te s ca ren h a s,e tan tos o u tro s . De en tre os que mais

tarde abraçaram o p r o fis s io n a lis m o recordemos apenas os nomes mais consagrados de Sarzedas, C ésar P o la e A n tón io Mendes L e a l,o s qu ais também foram en saiado-

res no Leth es juntamente com An tón io Alexandre P e r e ir a P in to ,J o s é Vaz Palm a,Jo­ sé B ick er de Andrade,João D iogo F re d e ric o C ris p in .A n tó n io Tavares Neves e ou­ t r o s . Quanto aos m aestros que alcançaram m aior p r e s t í g i o há que d is t in g u ir os nomes de João B ick e r,A n tó n io Alexandre P e r e ir a P in to , José Vaz Palma e A n tón io V iega s P in t o . Pertenceram ainda ao leqUe dos v e lh o s s e rv id o re s do Lethes o con-

tr a - r e g r a João V e ig a ,o ponto A n tón io José S eq u eira ,o a d e r e c is ta José B a p tista Antunes e o sen ógrafo José F i l i p e P o r f ír io ,q u e f o i igualm ente o p rim e iro p o r ­

t e i r o do T e a tr o .

Após o fa le c im e n to do D r.J u stin o Cúmano,ocorrido em 31-3-1885,a o s te n ta ­ ção dos espectácu lo s decaiu um pouco. A resp on sa b ilida de da d ire c ç ã o do T ea tro recaiu então no seu cunhado,Franci sco C onstantino F r e ir e P e r e ir a de t e t o s , cujas p o rta s passaram a ser franqueadas a grupos de amadores que não faziam es co la na ve lh a companhia do L e th e s . Não o b s ta n te ,pode d iz e r - s e que os ê x ito s então a lc a n ­ çados arrebataram a socidade fa ren s e,e sp ecia lm e n te a p a r t i r de 1892 com as peças "Santo A n tó n io " e com a rep o siçã o de "A GrãDuquesa de G erol st e in ",n a s qu ais t o

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-maram p a r te os irmãos In á c io e C i r i l o Tavares B e llo , Paula Santos, João Gemes R elego Arouca, Damião P a n to ja , o m aestro A n tón io Neves e o encenador Manuel Jo­ sé Sanches. C onvirá também lem brar que no d e c lin a r do sécu lo passaram p e lo L e ­ thes v á r ia s conçanhias p r o fis s io n a is vin d as de L is b o a e a té de Espanha,sem es ­ quecer,porém , algumas o p eretas e co n ce rto s , que tivera m como p r in c ip a is f i g u ­ ras os raásicos Viana da Mota, C a p ia n i, Oscar da S ilv a e a cantora Salud Otan Rosa.

A era do Animatógrafo

Kfes a 11-9-1898 e x ib ia - s e p e la p rim eira v e z em Faro o chamado animató­ g r a f o , ten d o-se então in s ta la d o no T e a tr o L eth es p o r ser o mais amplo e d i s t i n ­ to espaço c u ltu ra l da c id a d e. A nata da burguesia fa ren se encheu a sala para a p r e c ia r o novo in v en to .R ea liza ra m -s e duas sessões,após o que p a r tiu em d ig r e s ­

são p or L o u lé ,A lb u fe ir a e T a v ir a . 0 ap arelh o,qu e a esta p r o v ín c ia v e i o tr a z e r a novidade da 7- a r t e .p erte n c ia ao Real C o lis e u de Lisb oa e ao que p a rece cau­ sou grande espanto e admiração aos a lg a r v io s . Em b re v e se g e n e ra liz a v a a c u r io ­ sidade do an im atógrafo ,a cu jos espectácu lo s a c o r r iã o cidadãos de todas as c la s ­ ses .especialm en te p e lo b a ix o p reç o dos in g resso s e p e la sim p licid a d e das ima­ gens animadas,que a p r in c íp io se lim itavam a re p ro d u zir cenas do q u o tid ia n o . 0 an im atógrafo sim bolizava o p ro gresso e depressa se t o m a r ia num chorudo ne­ g ó c io . C onstruiram -se então novas casas de espectácu lo s especialm ente v o c a c io ­ nadas para as e x ib iç õ e s cinem atográficas.algu m as das qu ais in p ro v i sadas em b a r ­ racões de m adeira.

Apesar de tudo, o T e a tro Lethes r e s i s t i a estoicam ente à vo racid ad e da mo­ da, a lic e r ç a d o desde a p rim eira hora no mecenato da b urguesia c ita d in a ,q u e ca­ n a liz a v a as r e c e it a s dos espectácu lo s para os c o fr e s da M is e r ic ó r d ia . F oi e s te

sen tid o de benemerência que manteve sempre acesa a chama c u ltu r a l do T ea tro L eth es, con tra os seus mais d ir e c t o s co n co rren te s, especialm ente o T e a tro l e de Dezembro,fundado p e lo Barão da Ponte de N ferxil a 1-12-1874.

Em 1901.d evid o ao fa le c im e n to de F ra n cisco C onstantin o F r e ir e P e r e ir a de M ito s, v o lto u o t e a t r o à posse de D.Maria V ic t ó r ia Nfetos Cúmano, viú v a do Dr. Ju stin o Cúmano, a alma m ater da a r t e drarratica na cidade de F aro. A sala f o i encerrada in ic ia n d o -s e as obras de resta u ro em 1906, sob a o r ie n ta çã o de João Coelho P e r e ir a de Ivktos e do p in t o r José F i l i p e P o r f í r i o , con clu in do-se os t r a ­ balhos a 21 de A b r il de 1908. 0 t e a t r o re a b r iu , estava esplen doroso.p ossu ía uma

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ac ú s tic a p e r f e i t a , c o n fo rtá v e l p l a t e i a , qu atro ordens de camarotes (mais d o is do que an terio rm en te ) com varandins de f e r r o fo r ja d o , te c to s p in ta do s represen ­ tando cenas de raisica e um pano de boca com m a gn ífica paisagem b u có lica ,s en d o tudo da a u to ria de José F i l i p e P o r f í r i o . A burguesia fa ren se estava e u fó r ic a . Não e x i s t i a c o is a ig u a l no p a ís , d i z i a - s e . Os a n tig o s c a n d ie iro s de p e t r ó le o e os candelabros de e s te a rin a foram surpreendentemente su b stitu íd o s p o r um

sistema e s p e c ia l de ilum inação em a c e tile n e ,p a r a o qual se con stru iu um g a z ó - m etro fa b ric a d o p e la "Casa R iv ié r e " de L isb o a , que muitas v e z e s o p u b lic ito u como o melhor do p a ís .

As honras da e s t r e ia couberam à Conpanhia de t e a t r o do G in á sio de L isb o a , d ir ig id a p e lo grande a c to r V a ile ,q u e nas qu a tro n o it e s segu in tes levou à cena as comédias "Sua E x c e le n c ia " de G e rvá sio Lobato, "0 Cão e o G ato” de A c á c io de P a iv a e E rn esto R odrigu es, "0 Papa Léguas" e o "P in to C alçu do", para além das

comédias em 1 a c to "C rea n ço la s", "D ito sa B u fetada" e "Os Irmãos P e ix o t o s " . Do elen co fize ra m p a r te os a c to re s A n tón io Cardoso, Teimo L a rch er, Augusto Macha­ do, Henrique de Albuquerque, Barbara V o lk a r t , Jesuína te r q u e s , Jesuína S a raiva, Alda S o lle r , V ir g ín ia e a jovem Thyrse, d ir ig in d o a orqu estra o m aestro Rebelo N eves. A p a r t i r daqui ren a sc ia , p e la ú ltim a v e z , o T e a tr o L e th e s , abrindo as p o rta s a inúmeras companhias p r o fis s io n a is do p a ís e do e s tr a n g e ir o . Grandes nomes da r ib a lt a aqui se fiz e ra m a p la u d ir , com e s p e c ia l destaque para os de A d elin a Abranches, Aura Abranches, Teodoro Santos, Chaby P in h e ir o , Angela P in ­

t o , Augusto e Lucinda C o r d e ir o , E rn esto V a lle e tan tos o u tro s, sem esquecer a conçanhia de I t a l i a V ic t a lia n i que v e i o de Rorra para actu a r nas m elhores salas do nosso p a ís .

Pontualmente e ta l como h o je , o T e a tro s e r v ia para acções de b e n e fic ê n ­ c ia s o c ia l, a cu jas sessões o p ú b lic o correspon dia em massa, numa verd a d eira onda de s o lid a r ie d a d e . In p o rta ,p o r is s o ,le m b r a r e n tre os rruitos exemplos p o s - v e i s , a r e a liz a ç ã o da peça "D .B e ltrã o de F ig u e ir o a " , representada em 1909, a

fa v o r das v ítim a s do Terram oto de M essines; mais ta rd e , 'Os P e r a lt a s e S é c ia s " em b e n e f íc io do San atório de A lp o r t e l; 'O Burro do Senhor A lc a id e " , rep resen ­ tada já na sala do C ine T e a tr o Farense p e lo s amadores lo c a is a fa v o r do H ospi­ t a l , e t c , e t c __

t e s em 1920 f a l e c i a D .t e r ia V ic t ó r ia de kfetos Cúmano e mais uma v e z o T ea tro encerrava em s in a l de lu t o . Só que a p a r t i r daqui nada v o l t a r i a a ser como d an tes, adivinh ando-se já o canto do c is n e . 0 cinema estava na ordem do d ia e to m a v a -s e cada v e z mais um co rre n te praticam en te in b a t ív e l , p o r ou tro

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lado escasseavam já à F a m ília Cúmano os recu rsos e a d is p o n ib ilid a d e para man­ t e r um t e a t r o coma irrponência e a qu alidade a r t í s t i c a do L e th e s . Mesmo assim , em 1922, C onstantino Cúmano tentou r e a v iv a r a Sociedade T e a tr a l de Faro (que os seus p ro g e n ito r e s ajudaram a fundar) a tr a v é s da cedência do T e a tro Lethes para a represen tação de peças ensaiadas p e lo s amadores lo c a is e ainda para a r e a liz a ç ã o de con certos r m s ic a is . Tod avia, e iru ito eni>ora se tenham leva d o à cena algurms peças que a c r í t i c a da época acolheu com agrado, o c e r to é que em 1925 o T e a tro Leth es encerrava novamente as suas p o r ta s . D ois anos d e p o is , a 16-2-1927, a Enpresa Revez e Pádua e sta b eleceu com a F a m ília Cúmano um con­

t r a t o de exp loração para a e x ib iç ã o cin e m a to g rá fica , t e n t a tiv a essa que f r a ­ ca ssa ria 3 meses mais ta r d e . Em 1931, o s r . Jaime P ir e s , grande im pulsionador da secção de t e a t r o do Sport Lisb oa e F aro , celebrou ccm o D r. Constantino Cúmano um c o n tra cto de alu gu er do T e a tro L eth es, mantendo-o assim em es p o rá d i­

ca a c tiv id a d e a té 1949. Nessa a ltu r a o seu estado de conservação era já con­ fra n g ed o r. E p o r in c r ív e l que pareça as im p re s cin d íve is obras de resta u ro t i ­ veram que se aguardar p o r mais de t r in t a anos. Em 22-6-1951, a F a m ília Cúmano vendeu o v e tu s to imóvel à Cruz Vermelha, suponho que p e la razoá vel im portância de 350 con tos, em cuja posse ainda h o je se irantém, n e le funcionando desde 16 de Outubro de 1972 o C o n serva tó rio de M ísica do A lg a r v e . Presentem ente, o Tea­ t r o Leth es está alugado à S e c r e ta ria de Estado da C u ltu ra, cuja D elegação de F aro o tem cedid o graciosam ente para a apresentação de peças t e a t r a is , con cer­

to s rru sicais, espectácu lo s de b a l l e t , sessões de c in e -c lu b e e ou tras m an ifes­ tações de c a r á c te r c u ltu r a l.

Ao fim e ao cabo, podemos d iz e r que desde a sua fundação o T e a tro Lethes dependeu exclusivam ente da F a m ília Cúmano, que com a sua rmnutenção d elapidou o m aior quinhão da sua avu ltada fo rtu n a . 0 d esg a ste do terrpo e as v ic is s it u d e s da v id a arrastaram con sigo a e x tin ç ã o da mais a n tig a in s t it u iç ã o c u ltu r a l da cidade de F aro. P or is s o podemos a firm a r que n e s te sécu lo o T e a tro Leth es e s ­ tev e inperdoavelm ente in a c t iv o durante mais de cinquenta anos, o q u e,se por um la d o espelha a decadência das grandes fa m ília s também,por outro,vem demons­ tr a r o d e s in te re s s e e o fr a c o n ív e l c u ltu r a l da sociedade fa ren s e do nosso terrpo. Os serões t e a t r a is de ou trora passaram à h is t ó r ia e as fa m ília s de ho­ j e d e leita m -s e com qualquer te le n o v e la b r a s i l e i r a . E d e s te modo en velhece a cu ltu ra e m aléficam ente se in s ta la a e s tu p id ez .

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