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Centro de Políticas Sociais Fundação Getulio Vargas (CPSFGV) Coordenador: Marcelo Cortes Neri

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Academic year: 2019

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A Pequena Grande Década:

Crise, Cenários e a Nova Classe Média

Centro de Políticas Sociais Fundação Getulio Vargas

(CPS/FGV)

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3

Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista da Fundação Getulio Vargas.

A Pequena Grande Década: Crise, Cenários e a Nova Classe Média / Marcelo Côrtes

Neri (Coord.). - Rio de Janeiro: FGV, CPS, 2010.

[99] p.

1. . Desigualdade 2. Classes Econômicas 3. Nova Classe Média 4. Mobilidade Social 5. Crise internacional I. Neri, M.C

(4)

4

Centro de Políticas Sociais

Fundação Getulio Vargas

Coordenação:

Marcelo Cortes Neri marcelo.neri@fgv.br

Equipe do CPS:

Luisa Carvalhaes Coutinho de Melo Samanta dos Reis Sacramento Monte

André Luiz Neri Lucas Moreira Ana Lucia Salomão Calçada

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INDICE:

SUMÁRIO EXECUTIVO

1. Motivação

Parte I: Crônica da Crise e Composição de Classes 2. 2009: Crise e a Revolução 360o 3. Crise e Riscos Individuais

Parte II – Cenários de Crescimento de Classes 4. A Pequena Grande Década 5. Cenários de Consistência 6. O retrovisor e o para-brisas

Parte III– Outros Indicadores Diversos 7. PME em Bases Semanais 8. Geração de Empregos Formais 9. Indicadores Subjetivos

TEXTO PRINCIPAL

1. Introdução

2. Deslocamentos de Classes Econômicas

3. Movimentos Individuais entre Classes Econômicas 4. Outros Indicadores

PME em Bases Semanais Geração de Empregos Formais Indicadores Subjetivos

5. Conclusões 6. Bibliografia

ANEXO I: BANCO DE DADOS

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A Pequena Grande Década:

Crise, Cenários e a Nova Classe Média

Sumário Executivo

1. Motivação

Tsunami ou marolinha?, eis a questão que muitos se perguntaram nos últimos 16 meses acerca dos efeitos no Brasil da crise internacional de setembro de 2008. Afinal, qual foi o impacto da crise no bolso dos brasileiros? Qual é o balanço completo até dezembro de 2009, dos indicadores sociais baseados em renda? A pobreza e a desigualdade já recuperaram da ressaca de janeiro do ano que passou? E a nova classe média continuou crescendo, estagnou ou submergiu? Finda a tempestade externa o que vem depois? O que se pode esperar em 2010? E no horizonte mais longo até 2014, repetiremos as conquistas sociais do período 2003 a 2008? Estamos na eminência de uma nova pequena grande década1?

O presente trabalho é o epílogo de uma série de pesquisas intitulada "crônica de uma crise anunciada" que monitora os efeitos da turbulência externa através dos microdados da PME/IBGE para as seis principaisregiõesmetropolitanas brasileiras. O capítulo inicial que deu origem à série evidenciou que até dezembro de 2008 não havia sinal de retrocesso em nossas séries sociais. A segunda crônica ilustrou o período crítico da crise: a ressaca de janeiro de 2009 quando a crise chegou com força, erodindo parte dos ganhos sociais passados. Estudos posteriores mostraram mais do mesmo até agosto: tendência a recuperação da maioria dos indicadores sociais. Mas agora findo o calendário gregoriano de 2009, o ano da crise, onde de fato estamos? E para onde vamos? Na segunda parte da pesquisa deixamos o retrovisor da história estatística de lado para nos aventurarmos na bruma do futuro à frente do Brasil e dos brasileiros. Realizamos cenários de consistência nacionais até 2014 traçados a partir da PNAD/IBGE. Vamos além das nossas tradicionais projeções de pobreza vinculadas a primeira meta do milênio, abarcando a composição de classes (E, D, C e AB) e seus determinantes próximos como o crescimento da média e da desigualdade de renda.

1 Referimos aqui às melhorias de renda do período 2003 a 2008, depois das chamadas décadas perdidas,

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7

Parte I: Crônica da Crise e Composição de Classes

2. 2009: Crise e a Revolução 360o

Dezesseis meses após a chegada da crise, já há uma visão mais clara dos seus efeitos no bolso dos trabalhadores brasileiros nas seis maiores metrópoles do país. Começamos pela composição da sociedade brasileira em termos de classes econômicas. Mesmo a classe AB que ganha mais de 4800 reais por mês que tinha perdido mais com a crise (-2,7% só em janeiro, tendo iniciado sua perda já em setembro de 2008 após atingir o seu ápice histórico de 15,72% em agosto de 2008), está hoje 2% acima dos níveis de um ano atrás. Hoje, 15,63% da população estão na classe AB, contra 15,33% em dezembro de 2008. A Classe C imediatamente abaixo da anterior (renda entre R$ 1115 e R$ 4808) por sua vez não tinha sido atingida até a ressaca de janeiro de 2009. Embora a classe C esteja no segundo ponto mais alto das séries mensais com 53,58% da população em dezembro de 2009 está com saldo negativo de -0,4% em relação a dezembro de 2008, o seu pico histórico de 53,72%. Curiosamente, a soma das classes ABC se encontra no maior nível histórico em dezembro de 2009 com 69,21%, apesar de seus componentes não estarem individualmente no seu ápice. Entretanto, a diferença é ínfima 0,1% frente ao segundo melhor ponto da série, os 69,14% de dezembro de 2008, o nosso outro ponto de referência.

Classes Econômicas - 6 Principais Metrópoles Brasil

Classe ABC Classe AB Classe C Classe D Classe E

dez/02 55,22 12,00 43,22 15,24 29,54

dez/03 53,65 10,66 42,99 16,41 29,95

dez/04 59,23 11,66 47,57 15,50 25,27

dez/05 59,90 13,18 46,72 16,60 23,50

dez/06 64,05 14,07 49,98 14,86 21,09

dez/07 66,64 14,76 51,88 14,14 19,22

ago/08 67,69 15,72 51,97 13,57 18,74

set/08 68,58 15,43 53,15 13,52 17,90

out/08 68,85 15,64 53,21 13,31 17,84

nov/08 68,72 15,35 53,37 13,47 17,82

dez/08 69,14 15,33 53,81 13,18 17,68

jan/09 67,55 14,91 52,64 13,58 18,87

fev/09 67,51 14,84 52,67 13,67 18,82

m ar/09 67,55 15,03 52,52 13,75 18,70

abr/09 67,10 14,38 52,72 13,97 18,92

m ai/09 67,74 14,40 53,34 13,67 18,60

jun/09 67,98 14,79 53,19 13,70 18,32

jul/09 68,17 14,97 53,20 13,51 18,32

ago/09 68,71 15,34 53,37 13,45 17,84

set/09 68,23 15,70 52,53 13,66 18,10

out/09 68,67 15,52 53,15 13,71 17,62

nov/09 68,91 15,48 53,43 13,86 17,23

dez/09 69,21 15,63 53,58 13,37 17,42

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8

O gráfico a seguir traça a trajetória mês a mês da Classe ABC até chegar ao seu pico histórico em dezembro de 2009, mas não muito maior que dezembro de 2008.

53,65 59,23 69,14 69,21 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 m a r/ 0 2 ju n /0 2 s e t/ 0 2 d e z/ 0 2 m a r/ 0 3 ju n /0 3 s e t/ 0 3 d e z/ 0 3 m a r/ 0 4 ju n /0 4 s e t/ 0 4 d e z/ 0 4 m a r/ 0 5 ju n /0 5 s e t/ 0 5 d e z/ 0 5 m a r/ 0 6 ju n /0 6 s e t/ 0 6 d e z/ 0 6 m a r/ 0 7 ju n /0 7 s e t/ 0 7 d e z/ 0 7 m a r/ 0 8 ju n /0 8 s e t/ 0 8 d e z/ 0 8 m a r/ 0 9 ju n /0 9 s e t/ 0 9 d e z/ 0 9

Evolução da Classe ABC (%)

Crise

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

Apresentamos no corpo do texto tabelas com médias anuais dos diversos anos. Preferimos centrar a análise nas tabelas de dezembro por serem indicativos mais recentes do estado das classes, assim como para evitar a operação de “efeitos carry-over” implícitos em médias anuais. O texto principal apresenta também uma análise

mais pormenorizada dividida em sub-períodos da fase após os choques externos de setembro de 2008.

Se esta manutenção do status quo da distribuição de renda em dezembro pode

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Variação das Classes Econômicas Pré versus Pós-Crise

28,9% 43,8%

25,2%

-19,7%

-41,0%

0,1% 2,0%

-0,4%

1,4%

-1,5%

-55,0% -45,0% -35,0% -25,0% -15,0% -5,0% 5,0% 15,0% 25,0% 35,0% 45,0%

Classe ABC Classe AB Classe C Classe D Classe E

dez03 a dez08 dez08 a dez09

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

Pobreza (Classe E)

Olhamos agora para o outro extremo das classes econômicas, a classe E que em nossa metodologia equivale aos pobres. Função disso, a análise de classe E com renda familiar total até 804 reais equivale à tradicional análise de pobreza. A proporção de pobres caiu 41% entre dezembro de 2003 e 2008, cai 1,5% na comparação do último ponto com dezembro de 2009, quando a mesma atinge 17,42%. Mais uma vez, o aumento da taxa de pobreza de 6,7% observado na passagem de 2008 para 2009 foi revertido ao longo de 2009, resultando numa queda de -1,5% que talvez constitua o melhor resultado positivo neste cenário de pontos equivalentes de dezembro dos dois últimos anos.

Desigualdade

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Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

Desigualdade de Renda do Trabalho - 6 Principais Metrópoles Brasil Níveis do Indice de Gini

Per Capita Individual dez/02 0,6317 0,7457

dez/03 0,6180 0,7322

dez/04 0,6049 0,7161

dez/05 0,5920 0,7059

dez/06 0,5904 0,6998

dez/07 0,5836 0,6897

ago/08 0,5843 0,6867

set/08 0,5848 0,6853

out/08 0,5808 0,6804

nov/08 0,5824 0,6837

dez/08 0,5778 0,6823

jan/09 0,5922 0,6979

fev/09 0,5878 0,6927

m ar/09 0,5870 0,6916

abr/09 0,5907 0,6922

m ai/09 0,5843 0,6879

jun/09 0,5830 0,6845

jul/09 0,5815 0,6838

ago/09 0,5834 0,6847

set/09 0,5863 0,6880

out/09 0,5859 0,6878

nov/09 0,5838 0,6852

dez/09 0,5779 0,6796

Variações do Indice de Gini

Per Capita Individual dez03 a dez08 -6,50% -6,81%

dez08 a dez09 0,01% -0,39%

Pós Crise

set08 a dez08 -1,2% -0,4%

dez08 a jan09 2,5% 2,3%

jan09 a set09 -1,0% -1,4%

out09 a dez09 -1,4% -1,2%

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Renda Média

O conceito habitual ou normal suaviza flutuações transitórias da renda tal como aquela advinda do décimo terceiro salário, do bônus de férias e de horas extras feitas de maneira excepcional. O conceito de renda efetiva, também pesquisado pela PME, apresenta marcadas flutuações sazonais na passagem de cada ano como os gráficos ilustram, mas fora estes picos as séries de dados são relativamente próximos2. Optamos ao longo deste trabalho por trabalhar com o conceito habitual de renda, pois além de eliminar flutuações erráticas o que pode viesar para cima as medidas de mobilidade a serem discutidas mais a frente. Uma vantagem deste conceito é a de ser também usado pela PNAD permitindo comparabilidade direta dos resultados com a principal base de dados do sistema de pesquisas domiciliares brasileiras.

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

Em termos de variação, a taxa de crescimento acumulada no período de Dezembro de 2003 a Dezembro de 2009 de renda per capita, portanto já descontando o crescimento populacional, é de 36,3%, ou seja, 5,3% ao ano. Se isolarmos em dois

2 Neri (1996) detalha as diferenças entre os dois conceitos a partir da comparação entre a PME coletada

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momentos distintos, sendo o primeiro até dezembro de 2008, observamos que a taxa acumulada de crescimento da renda é pouco superior (36,8%). Ou seja, entre dezembro de 2008 e dezembro de 2009, observamos uma ligeira redução de -0,4%, mais uma vez próxima da constancia no último ano, configurando uma parada súbita dos avanços anteriores, mas não retrocessos.

Variação da Renda Domiciliar Per Capita Pré versus Pós-Crise

Fonte: CPS/FGV a partir dos microdados da PME/IBGE

Evolução da Renda: Capitais versus Periferias

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3. Crise e Riscos Individuais

O aspecto longitudinal dos microdados de renda familiar per capita do trabalho

da PME/IBGE nos fornecerá a evidência empírica básica sobre o padrão de mobilidade entre classes, observados na prática. A principal lição desta análise é que uma pessoa não é pobre (ou de elite), mas sim ela está na pobreza (ou na elite econômica). Inicialmente quantificamos a magnitude das quedas das classes econômicas mais altas em diversos sub-períodos. Medimos a evolução do risco de queda dos indivíduos em geral, depois de maneira controlada pelos atributos de cada indivíduo. Num terceiro estágio desta análise de transição identificamos as características pessoais mais associadas com vulnerabilidade dos grupos de elite em relação à crise tais como setor de atividade, educação entre outras. Senão vejamos:

Risco de Elite

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atinge 24,97%. Incidentalmente este é o mês mais distante do ano analisado. Ambos os resultados parecem indicar que como vimos na seção, não só a classe AB se recuperou no seu tamanho agregado dos choques externa da qual foi a primeira e principal vítima no início da crise, como em termos o risco de queda também se normalizou, indicando a superação do período mais crítico da crise.

Crise? Que Crise?

A análise de transição de pessoas com os mesmos atributos mostra que a chance dele cair da classe ABC no período de 12 meses depois de setembro de 2008 (crise) foi 5% maior que a apresentada no período imediatamente antes da crise iniciado em janeiro de 2007.

Dando um passo adiante decompomos o período que chamamos inicialmente de crise compreendido entre setembro de 2008 e dezembro de 2009 em dois períodos. As chances de queda da classe ABC durante o período findo em setembro de 2009 foram 3,6% maiores, mas no período terminado entre outubro e dezembro de 2009 foram 5,48% menores do que no período e 2007 a setembro de 2009. Ou seja, após a crise completar um ano de ocorrência em setembro de 2009, a probabilidade de quem estava inicialmente na classe ABC cair de status caiu não só em relação à crise dos 12 meses anteriores, mas em relação ao pré-crise. O dispositivo disponível em http://www3.fgv.br/ibrecps/C2010/sim_pme/index.htm permite a cada um simular os impactos da crise sobre o seu grupo de interesse.

Quem sofreu mais com a crise?

(15)

15

(16)

16

Parte II – Cenários de Crescimento de Classes

4. A Pequena Grande Década

“Usamos originalmente o período de 2003-08, aqui denominado pequena grande década, como base para o cenário pós-crise de 2010 a 2104 da próxima seção.”

Início de ano, hora de se olhar para trás e para frente, fazer balanços e projeções. No caso de 2010, esse exercício ganha ares de início de década e de epílogo do governo Lula além de ser o ano I depois da crise (D.C.). Doze meses após 15 de setembro de 2008, praticamente todas as séries indicadores trabalhistas e de classes econômicas brasileiras disponíveis voltaram ao mesmo ponto pré-crise, isto é: se não regredimos, também não avançamos. Se a comparação for, em relação aos demais países, a estagnação brasileira de 2009 é de causar inveja aos olhares estrangeiros, à exceção de China, Índia e Coréia. Mas não sentiremos um pingo orgulho, na comparação com o nosso período de 2003 a 2008, aqui denominada pequena grande década3. Traçamos neste artigo projeções para os próximos cinco anos extrapolando o que ocorreu nesses cinco anos de 2003 a 2008 quando grandes mudanças nas medidas de bem estar social baseadas em renda ocorreram, fruto de uma rara combinação em terras tupiniquins de crescimento sustentado com redução de desigualdade.

Décadas - Antes de voltarmos ao futuro, destrinchamos o passado à luz da análise das sucessivas décadas. As décadas de 1960 e 1970 foram as do Milagre Econômico, do crescimento, mas também da ditadura. Nos anos 70, houve brutal redução da pobreza, caiu de 67% para 39%, mas trouxe, no seu bojo, a demanda por democracia, o que caracteriza a década seguinte. A década de 80 foi a da redemocratização, a principal conquista da época, mesmo para nós economistas. A década termina em 1989, paradigmaticamente os nossos recordes históricos de inflação e de desigualdade, que de alguma forma pontuam as duas décadas seguintes. A década de 80 foi também a da

3 A exemplo do pequeno século XIX situado entre a primeira e o final da segunda grande guerra mundial

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instabilidade: institucional, inflacionária e da renda nos ensinando que o reaprender a ser democracia gera década perdida na economia.

A década de 1990 foi a da estabilização. Em 1994, Fernando Henrique auxiliado pelos seus fiéis escudeiros fincou a lança no coração do dragão da inflação. A partir daí começamos - na primeira pessoa do plural - a planejar nosso futuro. Longe das incertezas e das ilusões monetárias passamos a ter uma agenda real. A revolução do presidente com nome de príncipe não está na realeza, mas no sentido de realidade propiciado pela moeda estável. A partir desse choque de realidade, começamos a engendrar numa agenda educacional, de colocar mais intensamente as crianças na escola, começamos a medir o desempenho das crianças, o SAEB data de 1995 e, de alguma forma, essas duas revoluções, na inflação e na escola entregaram parte das inovações da década de 2000. À medida que essas pessoas que passaram na escola começaram a entrar no mercado de trabalho, e que se começou a redistribuir uma moeda estável através de programas de transferência de renda, a desigualdade começou a cair. Após a recessão de 2003, o emprego com carteira voltou a florescer.

Será a nova década a da qualidade da educação? Desde 2007, as bússolas tanto do Ministério da Educação como sociedade civil através do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e do movimento Todos pela Educação apontam para o norte da qualidade da educação. São metas prospectivas vigentes até o começo da próxima década em 2021, para que os dois séculos da independência o Brasil possa ser comemorado de fato. São metas objetivas traçadas a partir de exames de proficiência escolar que captam a qualidade da educação apreendida pelas crianças, sem voz ou voto, para além do curto prazismo dos mandatos dos políticos. Qual é a meta? O Brasil tem uma nota inicial de 3.8, de 0 a 10, a meta é se tornar 6 até 2021. 6 é a média da OCDE, hoje. A gente quer virar, em 2021, o que a OCDE é hoje. A nota 6 também é a média das escolas privadas brasileiras, ou seja, é verdadeira Belíndia brasileira, na escola privada, onde quem tem dinheiro coloca seu filho, a média é 6, nas escolas públicas a média é 3.6. As metas estão no centro da agenda da geração de economistas que faço parte, revolucionar a educação de qualidade na próxima década4.

Antes de entrarmos nas incertezas futuras, vamos encarar as incertezas das medições passadas. A magnitude da retomada do crescimento do período 2003-08

4 Vide palestra proferida no aniversário de 40 anos do caderno de economia de O Globo

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depende sobremaneira da base de dados utilizada, nas óticas das contas nacionais e do seu produto mais popular, o PIB. Mesmo após as sucessivas revisões para cima, enxergamos 3,78% em termos per capita ao ano, velocidade de expansão mais modesta que a da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) que é de 5,26% por ano também descontando o crescimento populacional e a inflação. A diferença acumulada em 5 anos entre renda Pnad e PIB foi de 8,8 pontos de porcentagem. Isso representa mais dois anos em cinco anos. Se usarmos essas taxas como parte de um exercício de futurologia mais elástico de 25 anos, a diferença acumulada de crescimento por brasileiro subiria para 108 pontos de porcentagem. No curso desses 25 anos a renda per capita teria cresceria nesse ritmo153% pelo cenário PIB e 261% pelo cenário pnadiano. É verdade que a discrepância entre estas taxas tende a desaparecer ao longo do tempo. Por exemplo, no período 1995 a 2008 a diferença acumulada é de 2,13 pontos de porcentagem favorável ao PIB. Agora a questão é: havendo ajuste nos próximos anos, o que puxa o que: o PIB puxa a Pnad para baixo, ou a Pnad puxa o PIB para cima.

O relatório da comissão comandada por Amartaya Sen e Joseph Stiglitz divulgado em setembro de 2009 constata fortes discrepâncias entre as pesquisas domiciliares e os PIBs mundo afora, sendo as taxas de crescimento do PIB em geral superiores. O relatório argumenta pelo uso das pesquisas domiciliares como medida de performance de uma dada sociedade. Outra vantagem da Pnad é permitir olhar a distribuição dos frutos do crescimento. O elemento fundamental para traçarmos o futuro é o comportamento da desigualdade, a verdadeira jabuticaba brasileira. A primeira década do século XX nos trouxe, ano após ano, quedas de desigualdade de renda, usaremos a Pnad como parâmetro.

5. Cenários de Consistência

“O elemento fundamental para traçarmos o futuro de todas as classes de A a E é o comportamento da desigualdade, a verdadeira jabuticaba brasileira.”

“De 2010 e 2014 a pobreza cairia à metade e a classe AB dobraria; 14,5 milhões de pessoas sairiam da pobreza e 36,1 milhões se juntariam às classes ABC.”

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quão razoável seria esta prospecção do futuro baseada no passado? A análise por fonte de renda mostra um crescimento da renda do trabalho no período 2003-08 tão forte quanto as demais fontes de renda, o que sugere alguma sustentabilidade do processo pregresso de crescimento com redistribuição, interrompido, mas não revertido com a crise. A tendência das séries de anos de estudo, fundamental tanto para a literatura de crescimento como de desigualdade dão suporte tanto em nível como dispersão a continuidade da trajetória de melhora. Nesse aspecto há que se lembrar dos problemas de qualidade de educação - que aqui representam oportunidades de avançar que é o que importa quando se fala em taxas de crescimento. Hoje há aferição de proficiência por escola pública. A possibilidade de saltos em direção à fronteira de uma sociedade mais razoável exemplificado pela queda da desigualdade de renda desde 2001, e quiçá futuramente da qualidade da educação, é a base do otimismo condicionado deste artigo. Vou centrar inicialmente num cenário de prazo mais longo encerrado em 2014. Projetaremos para frente o crescimento e a redução de desigualdade do período 2003-08. Esse cenário é possível de ser quantificado usando como aproximação a desigualdade observada no Espírito do Santo em 2008. Nesse quadro é possível obter uma redução de pobreza à metade, 50,32% dos níveis de hoje, isto é caindo de 16,02% da população em 2008 para 7,96% em 2015. Ora, 2014 é a véspera da data final das metas do milênio. Nós já cumprimos a primeira meta do milênio de fazer a pobreza cair à metade em metade do tempo. Isso significa cumpri-la de novo em cinco anos ao invés de 25 anos. A consequência desse movimento em termos das demais classes é o seguinte: queda da classe D de 18,28% (de 24,35% para 19,9%), aumento da classe C de 14,75% (de 49,2% para 56,48%) e aumento proporcional da classe AB de 50,3% (de 10,48% para 15,66% da população). Ou seja, o cenário auspicioso mostra que se a pobreza cai à metade, a classe AB dobra. Em termos absolutos 14,5 milhões de pessoas sairiam da pobreza contando o acréscimo de 10 milhões na população previsto desde 2008 até 2014 quando a população chega a 199,5 millhões de pessoas. Já a união das classes ABC seriam incrementadas, e cerca de 36,1 milhões de brasileiros incorporados aos mercados consumidores.

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E 2010? Se ancorarmos o próximo ano no cenário traçado para 2014 de crescimento com redução da desigualdade dos últimos cinco anos as séries grosso modo percorrem em um ano cerca de um quinto do trajeto previsto. A pobreza cairia cerca de 10% em 2010. Se olharmos todos os possíveis limitadores da nossa expansão de curto prazo, inflação, déficits público e externo, não há restrições à vista. O desaquecimento da economia mundial tem sido compensado pelo crescimento do mercado interno impulsionado pela redução do hiato mais brasileiro de todos, a desigualdade. Se não há fatores restritivos para além da restrição dos mercados externos, no curtíssimo prazo há fatores expansionistas no radar. O efeito estatístico denominado "carry-over" que jogou contra em 2009, ano de desaceleração, irá jogar a favor no ano seguinte. A redução generalizada de estoques ocorrida em 2009 sugere que os empresários previram uma recessão pior que a ocorrida e essa queda de estoques atuará como fator expansionista no futuro. O mesmo efeito ocorreu com o emprego formal que já revela a partir de outubro de 2009 sua face expansionista. Finalmente, se 2010 seguir a tradição de todos os anos eleitorais da nova democracia brasileira (na verdade desde 1981), há que se esperar ganho em todas as fontes de renda e nas transferências públicas em particular.

Voltando a metáfora das décadas, talvez devesse deixar de lado o calendário gregoriano, já que os pontos de inflexão substantivos das inovações centrais de cada uma das décadas não foram no início de cada uma delas, mas coincidentemente em anos terminados em quatro: 1964 (início do governo militar), 1974 (início da distensão política depois do choque do petróleo), 1984 (Diretas-Já), 1994 (Plano Real) e 2004 (início da retomada do crescimento com aceleração no emprego quando ocorreu a maior queda da desigualdade da década). Seguindo nesta tradição o que 2014 nos reservaria, para além da Copa do Mundo e das eleições? Coroaria dois períodos de cinco anos de crescimento inclusivo, iniciados depois do fim da recessão de 2003 e da crise global de 2009? Se o período 2010 a 2014 constituir de fato uma nova pequena grande década, então. Os 11 anos de 2003 a 2014 serão uma grande grande década.

6. O retrovisor e o para-brisas

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Motivado pela mudança de ano e de década, no dia 29 de dezembro escrevi na minha coluna no Jornal Valor Econômico artigo intitulado “Cenários de crescimento, desigualdade e pobreza” que traçava projeções para 2014 desta trinca de indicadores sociais baseados em renda, estendida na seção anterior. A estrutura básica do nosso olhar prospectivo foi projetar no futuro o que aconteceu no período 2003 a 2008 em termos de evolução do crescimento e da redistribuição de renda. Como vimos, a união harmoniosa desses vetores teria como resultante prospectiva a queda da pobreza à metade nos próximos cinco anos. Este cenário tão simples quanto determinista, denominamos “otimista condicionado”, pois projeta para frente o desempenho excepcional do período pré-crise de 2003 a 2008, ainda visível no espelho retrovisor tupiniquim. No dia 12 de janeiro o IPEA, instituição com longa tradição no cálculo de indicadores sociais, divulgou um “comunicado da presidência” assumindo exatamente a mesma estrutura de projeção por nós proposta, replicando a nossa réplica do que houve no período 2003 a 2008 para também traçar cenários futuros de pobreza. O estudo projeta até 2016, quedas espetaculares de pobreza em sete anos para menos de 1/7 do valor inicial. Já a pobreza extrema cairia à zero, ainda segundo eles. Obviamente, a diferença de opiniões é bem vinda, como parte intrínseca do ato de imaginar, debater e planejar o futuro. A dúvida, neste caso, é como ao replicar para frente à mesma trajetória passada chegamos a projeções tão díspares em relação ao futuro. Hipóteses equivalentes aplicadas ás mesmas bases já coletadas deveriam, a princípio, levar a resultados similares. A análise de consistência dos cenários futuros de pobreza é o objeto do presente artigo.

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pobreza extrema. Segundo, as linhas de pobreza internacionais de um e dois dólares dia, a pobreza caiu respectivamente 43,05% e 47,38% no período 2003 a 2008. Ou seja, a pobreza caiu no cenário de referência mais com a linha mais alta, e não menos. Em todos os casos, a pobreza não cai mais da metade em nenhuma das medidas consideradas na prática no período 2003 a 20085.

Se o passado não foi a base para o futuro, qual seria a combinação de crescimento e de redução de desigualdade implícita no cenário futuro de redução de pobreza traçado? Eis a segunda questão. Há na literatura de pobreza um teorema: “se soubermos a média e a distribuição de renda captada pela curva de Lorenz, sabemos necessariamente a medida de pobreza para dados seus demais parâmetros como a linha de pobreza”. O Ipea explicitou redução total de desigualdade medida pelo Gini de 3,1% superior a dos últimos anos. A diferença é mais do que a maior queda anual já observada do Gini. A queda do índice de Gini deles, na verdade, equivaleria a dez e não a sete anos do ritmo inédito de redistribuição de renda assumido entre 2003 a 2008. A fim de aproximar esta redução turbinada do Gini do estudo deles por uma curva de Lorenz consistente escolhemos a transformação da desigualdade do Brasil na do seu estado mais igualitário: o de Santa Catarina (média de 2001 e 2003). A queda da proporção de pobres consistente com esta equalização de renda e com o crescimento observado entre 2003 e 2008 seria em torno de 65,3%, não diminuindo muito a discrepância dos cenários de redução de pobreza.

Mas qual seria o cenário de crescimento necessário para se chegar à queda de pobreza de 86,1%. Para se chegar lá o bolo de renda brasileiro teria de crescer acumulado 145% em sete anos, cerca de 15% ao ano em termos totais ou 13,6% ao ano em termos per capita. Esta cifra é 158% maior que o crescimento da PNAD entre 2003 e 2008 e 260% a mais que o crescimento do PIB per capita, observados no mesmo período de bonanza pregressa. Em suma, no cenário do comunicado da presidência do Ipea todos os componentes de redução de pobreza estão necessariamente bem acima daqueles observados no excepcional período de 2003 a 2008. Isto não significa que a pobreza não possa cair 86,1% em sete anos, mas que para isso seja consistente, a redução de desigualdade teria de ser 39,7% maior que a maior queda observada na nossa história estatisticamente documentada, além disso, o crescimento da renda

5 Para quem quiser botar a mão na graxa da mecânica das medições explicitando linhas, deflatores

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Parte III– Outros Indicadores Diversos

7. PME em Bases Semanais

Nesta seção, abrimos a pesquisa mensal em bases semanais para melhor traçar a cronologia da crise indo até a última semana de dezembro de 2009. Centramos nossa análise na última semana das séries, encarando os últimos meses como indicador antecedente não viesado da tendência de curto prazo futura. Fechada a última semana do ano, temos 17,74% da população total na classe E e 67,7% na ABC. Assinalamos nos gráficos os indicadores referentes à última semana do ano o que indicaria viés de piora de curto prazo em relação à totalidade do mês de dezembro de 2009.

8. Geração de Empregos Formais

O passo final foi analisar a evolução do emprego formal no país. Esta informação é particularmente importante, já que o emprego com carteira assinada é uma das aspirações mais da nova classe média. Em geral, observamos sazonalidade na série, que apresenta as maiores destruições de postos de trabalho em dezembro de cada ano. A fim de corrigir isso e suavizar a série, optamos por apresentar também as médias móveis de 12 meses. Nesse sentido os dados são mais animadores apontando certa recuperação no final do segundo semestre do ano.

Geração Liquida de Emprego Formal - Mensal (jan 2000 a Dez 2009)

Fonte: CPS/FGV a partir dos dados do CAGED / M T E.

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9. Indicadores Subjetivos

As pesquisas domiciliares como PME e PNAD permite captar a evolução de diversos aspectos da sociedade brasileira ao longo do tempo bem como analisar a sua distribuição entre diferentes grupos definidos por renda. Agora elas não nos permitem diretamente contrastar diferenças tupiniquins frente à de outros países. Complementarmente, elas antes e acima de tudo fornecem medidas de variáveis objetivas tal como informadas pelas pessoas. Se quisermos realmente conhecer as particularidades brasileiras vis a vis as de outras nações, temos de olhar para dados internacionais. Medidas subjetivas de condições de vida, tais como as exploradas na literatura emergente de felicidade ainda não faz parte da tradição IBGEana. A partir do processamento de microdados internacionais de 132 países, contrastamos as particularidades do brasileiro em relação ao presente e as futuro, seu e do país. O brasileiro acredita que será o ser mais feliz do mundo daqui a 5 anos. A pergunta para 132 países do mundo: “Dá uma nota de 0 a 10: onde você espera estar daqui a 5 anos?”, nenhum país ganha do Brasil - nossa média é 8.78 acompanhado da Dinamarca, Irlanda e Jamaica de Usain Bolt. O lanterninha é Zimbábue com 2,79 de felicidade futura. E essa mesma pesquisa, quando pede para os brasileiros darem uma nota para o país daqui a cinco anos, a nota média é 6.84, bem abaixo da Irlanda com 8,14, mas acima de Zimbábue com 2,79. Somos número 43 em 128 países do ranking mundial. O resultado é que somos nono em 128 países em dissonância. Como é que pode um país ser tão bom pra cada um, e não ser um país bom pra todos?

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Dissonância entre Expectativas Futuras em 5 anos (Individuais e País)

pais ind

individuo - pais

País País País

37new zealand 6,98 1zzzbrazil 8,78 1puerto rico 3,45

38canada 6,97 2venezuela 8,52 2trinidad & tobag 2,82

39kuwait 6,96 3denmark 8,51 3jamaica 2,58

40benin 6,9 4ireland 8,32 4honduras 2,46

41colombia 6,86 5jamaica 8,25 5france 2,36

42burundi 6,86 6united states 8,14 6netherlands 2,13

43zzzbrazil 6,84 7canada 8,14 7united kingdom 2,06

44thailand 6,84 8new zealand 8,14 8united states 2,01

45bolivia 6,83 9australia 8,06 9zzzbrazil 1,94

46kosovo 6,74 10panama 8,05 10italy 1,79

47switzerland 6,72 11israel 8,03 11costa rica 1,77

48uruguay 6,71 12belgium 7,98 12germany 1,75

49zambia 6,62 13sweden 7,97 13sweden 1,69

50nepal 6,62 14colombia 7,97 14belgium 1,58

51estonia 6,61 15norway 7,94 15australia 1,57

52tanzania 6,56 16united arab emirates 7,94 16israel 1,56

53niger 6,54 17nigeria 7,89 17poland 1,49

54sri lanka 6,52 18finland 7,86 18el salvador 1,49

55afghanistan 6,51 19costa rica 7,82 19guatemala 1,44

56togo 6,5 20switzerland 7,82 20ethiopia 1,33 :

Fonte: CPS/FGV através do processamento dos microdados GALLUP 2006

Mesmo que a crise iniciada em 15 de setembro de 2008 não estivesse no radar dos respondentes da pesquisa realizada em 2006, o resultado dos brasileiros acaba revelando alguma sabedoria antes dos fatos hoje conhecidos. O Cristo Redentor, um ícone do Brasil no mundo especialmente após a escolha das novas sete novas maravilhas do mundo e da escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016 não nos deixa esquecer da máxima de que “Deus é Brasileiro”, ou do “Brasileiro, Profissão Esperança”. A recente capa da revista The Economist com o Cristo Redentor decolando

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Sítio da Pesquisa

Referências

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