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Análise e dimensionamento de Torre Eólica Offshore : estudo paramétrico

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Academic year: 2021

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An´alise e Dimensionamento

de Torre E´olica Offshore:

Estudo Param´etrico

Vasco Manuel Jer´onimo Maia

Licenciado em Engenharia Civil

pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Dissertac¸˜ao submetida para satisfac¸˜ao parcial dos requisitos do grau de mestre

em

Estruturas de Engenharia Civil Dissertac¸˜ao realizada sob a supervis˜ao de:

Professor Doutor Rui Carneiro Barros do Departamento de Engenharia Civil

da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

(2)
(3)

A tem´atica da emiss˜ao de gases de efeito estufa, cuja principal consequˆencia ´e o aquecimento global, tem-se tornado, cada vez mais, uma preocupac¸˜ao permanente nas sociedades ocidentais.

A reduc¸˜ao do consumo de energia, o aumento de eficiˆencia energ´etica e a adopc¸˜ao de pol´ıticas que privilegiem a utilizac¸˜ao de fontes de energia renov´aveis, constituem respostas aos problemas ambientais actuais e vindouros, resultantes do aquecimento global. A energia e´olica apresenta-se como alternativa aos recursos energ´eticos convencionais.

Em Portugal, a publicac¸˜ao dos Dec.-Lei 312/01 e 339C/01 em Dezembro de 2001 representou a clara aposta em fontes de energia renov´aveis. At´e 2010, a Direcc¸˜ao-Geral de Energia prevˆe a atribuic¸˜ao de pontos de interligac¸˜ao a aproveitamentos de energia e´olicas, cuja potˆencia totalizar´a 3750 MW .

Historicamente, o desenvolvimento de turbinas e´olicas foi sempre terrestre. Contudo, h´a sempre que considerar parˆametros tais como: disponibilidade de espac¸o e capacidade e´olica. O offshoretorna-se particularmente importante, uma vez que a primeira destas restric¸˜oes deixa de existir. Al´em disso, as turbinas offshore apresentam uma outra vantagem: a potˆencia disponibili-zada ´e cerca de 50% mais elevada que em turbinas onshore idˆenticas.

O principal objectivo desta dissertac¸˜ao ´e o dimensionamento da estrutura de apoio da turbina e´olica offshore.

Primeiramente, refere-se o estado-da-arte da engenharia e´olica offshore, assim como o seu crescimento not´avel ao longo dos ´ultimos anos, nomeadamente em pa´ıses do norte da Europa como Dinamarca, Holanda e Su´ecia, para al´em das suas vantagens e desvantagens em relac¸˜ao `a soluc¸˜ao onshore.

De seguida, faz-se descric¸˜ao algo detalhada da natureza vento e sua quantificac¸˜ao num´erica, assim como de noc¸˜oes b´asicas de teoria da onda.

Referem-se os tipos de turbinas de e´olicas existentes, tal como o seu modo de funcionamento. Mais tarde enumeram-se os diferentes tipos de fundac¸˜ao que podem ser adoptados para uma estrutura offshore, mencionando-se, de seguida, o m´etodo das curvas p-y para a modelac¸˜ao da interacc¸˜ao da estrutura-solo.

Finalmente procede-se `a definic¸˜ao das acc¸˜oes presentes utilizando diferentes regulamentos, quer nacionais, quer internacionais, tal como as necess´arias verificac¸˜oes de seguranc¸a, seguindo-se o dimensionamento da estrutura e as conclus˜oes.

(4)

Abstract

The astonishingly increase of emission of greenhouse gases, which main consequence is global warming, has become an ongoing concern in western societies.

The reduction of energy consumption, increasing energy efficiency and the implantation of government programs that favor the use of renewable energy sources, are responses to current and future environmental problems, from global warming. Wind energy presents itself as an alternative to conventional energy resources.

In Portugal, the release of Decree-Law 312/01 and 339C/01 of December 2001 has reinforced government’s commitment of developing renewable energy sources. By 2010, the Department of Energy expect to attach wind farm grid conncections with a total power capacity of 3750 MW .

Historically, the development of wind turbines has always been onshore. However, there are parameters to be always regarded such as availability of land and wind capacity. The offshore becomes particularly important, since the first of these restrictions no longer exist. Furthermore, the offshore turbines have another advantage: the power available is 50% higher than on identical onshore turbines.

This dissertation main focus is on the design of the support structure of the offshore wind turbine.

First an overview of the offshore wind engineering state of the art, its remarkable growth over the last years, specially in northern european countries like Denmark, Netherlands and Sweden as well as the advantages and disadvantages regarding the onshore solution.

Then a detailed characterization of wind engineering and the basics wave theory are regarded, as such wind energy technology principles, followed by different offshore structure foundation types and the modelation of soil-structure by lateral soil resistance-deflection (p-y) curves.

Later the structure loading characterization is addressed using different codes both national and internations, and finally the design of the support structure itself and the conclusions.

(5)

O crescimento da populac¸˜ao e a consequente escassez de espac¸o para a implantac¸˜ao de tor-res e´olicas em terra, tem levado alguns pa´ıses a optar pelo desenvolvimento de parques e´olicos offshore. A energia e´olica offshore tem um futuro promissor, uma vez que as populac¸˜oes tendem, cada vez mais, a ocupar as regi˜oes costeiras.

Em virtude da diminuic¸˜ao de instalac¸˜ao de energia e´olica onshore, por volta de 2015, Portugal ter´a de encarar a criac¸˜ao de parques e´olicos offshore, havendo na zona norte costeira, entre Viana de Castelo e Porto, um potencial de 500 MW at´e 40 m de profundidade.

´

E com base na certeza que a energia e´olica offshore poder´a contribuir para o crescimento da economia nacional, atrav´es do desenvolvimento de tecnologias e servic¸os associados `a produc¸˜ao, instalac¸˜ao e operac¸˜ao/manutenc¸˜ao de torres e´olicas, que surge esta dissertac¸˜ao.

Como pa´ıs desde sempre ligado `a actividade mar´ıtima, dado `a sua localizac¸˜ao geogr´afica pri-veligiada e com uma zona econ´omica exclusiva rec´em-alargada e de cara´cter ´ımpar em toda a Europa, torna-se quase imperioso o aproveitamento deste recurso, especialmente quando estabe-leceu limites muito ambiciosos para a emiss˜ao de gases de efeito de estufa.

(6)

Agradecimentos

Ao Prof. Rui Carneiro de Barros pela sua disponbilidade e pela cedˆencia de material bibli-ogr´afico indispens´avel `a elaborac¸˜ao desta tese.

O Autor

(7)

Isambard Kingdom Brunel

(8)

Conte ´udo

1 Introduc¸˜ao 1

1.1 Estado-da-Arte . . . 1

1.2 Vantagens e Desvantagens da Energia E´olica Offshore . . . 3

1.3 Estrutura da Dissertac¸˜ao . . . 4

2 O Recurso E´olico 6 2.1 Origem e Mecanismo de Gerac¸˜ao do Vento . . . 6

2.2 Mapas Meteorol´ogicos de Superf´ıcie e os Ventos . . . 7

2.2.1 Vento Geostr´ofico . . . 8

2.2.2 Vento Gradiente . . . 8

2.2.3 Vento `a Superf´ıcie . . . 8

2.3 Caracterizac¸˜ao do Vento . . . 9

2.3.1 Variac¸˜oes Anuais e Sazonais . . . 9

2.3.2 Variac¸˜oes Sin´opticas e Diurnas . . . 10

2.3.3 Turbulˆencia . . . 11

2.3.4 Velocidade de Rajada . . . 13

2.3.5 Velocidades do Vento Extremas . . . 13

3 Teoria de Ondas e sua Aplicac¸˜ao 17 3.1 Ondas Lineares . . . 17

3.2 Teoria de Stokes de 2.aOrdem . . . . 19

3.3 Considerac¸˜oes sobre Condic¸˜oes de Aplicabilidade . . . 22

4 Turbinas E´olicas 25 4.1 Tecnologia . . . 25

4.1.1 Classificac¸˜ao de Turbinas E´olicas . . . 25

4.1.2 Rotor . . . 26

4.1.3 Cabina . . . 28

4.1.4 Forc¸as Actuantes na P´a . . . 29

4.1.5 Controlo de Potˆencia . . . 30

4.1.5.1 Entrada em Perda . . . 30

4.1.5.2 Variac¸˜ao do Passo . . . 31

4.1.5.3 Vantagens e Incovenientes . . . 31

4.2 Ciclo de Vida de E´olica Offshore . . . 32

4.2.1 Concepc¸˜ao e Planeamento . . . 32

4.2.2 Construc¸˜ao e Instalac¸˜ao . . . 32

4.2.3 Funcionamento e Gest˜ao . . . 33

4.2.3.1 Funcionamento do Parque E´olico . . . 33

(9)

4.2.3.2 Gest˜ao e Manutenc¸˜ao . . . 33

4.2.4 Decomissionamento . . . 33

5 Fundac¸˜oes 34 5.1 Considerac¸˜oes Gerais . . . 34

5.2 Tipos de Fundac¸˜oes . . . 35

5.2.1 Fundac¸˜oes por Estaca . . . 35

5.2.2 Fundac¸˜oes por Gravidade . . . 36

5.2.3 Fundac¸˜ao por Trip´e . . . 37

5.3 Caracterizac¸˜ao Geol´ogica e Geot´ecnica do Local . . . 37

5.3.1 Definic¸˜ao de Capacidade de Carga . . . 38

5.3.2 Deslizamento pela Base . . . 40

5.3.3 Capacidade de Carga de uma Estaca . . . 40

5.3.3.1 Resistˆencia Axial . . . 40

5.3.3.2 Resistˆencia Lateral . . . 41

5.3.4 Capacidade de Carga de uma Estaca: Resistˆencia a Acc¸˜oes Laterais . . . 42

5.3.5 Resposta do Solo: Curvas p-y . . . 43

5.3.5.1 Curvas p-y para Argilas Moles Submersas . . . 43

5.3.5.2 Curvas p-y Argilas Rijas Submersas . . . 45

5.3.5.3 Curvas p-y para Argilas Submersas: Crit´erio Unificado . . . . 48

5.3.5.4 Curvas p-y para Areias . . . 51

5.3.6 Algumas Considerac¸˜oes Sobre os M´etodos Apresentados . . . 54

6 Disposic¸˜oes Regulamentares e Considerac¸˜oes para o C´alculo de Torre E´olica Offshore 55 6.1 Considerac¸˜oes Gerais . . . 55

6.2 Definic¸˜ao de Acc¸˜oes . . . 56

6.2.1 Metodologias de Dimensionamento . . . 56

6.2.1.1 Dimensionamento Apoiado na Experimentac¸˜ao . . . 57

6.2.1.2 Verificac¸˜ao pelo M´etodo dos Factores Parciais . . . 57

6.2.2 Estados Limites . . . 57

6.2.3 Modelac¸˜ao Estrutural e Resistˆencia . . . 58

6.2.4 Acc¸˜oes Permanentes . . . 58

6.2.5 Acc¸˜ao do Vento . . . 58

6.3 Determinac¸˜ao das Respostas da Estrutura . . . 59

6.3.1 Caso 1 - Resposta Permanente (Tipo A) na Direcc¸˜ao do Vento . . . 59

6.3.2 Caso 2 - Resposta N˜ao-Permanente (Rajada) na Direcc¸˜ao do Vento . . . . 60

6.3.3 Caso 3 - Resposta Dinˆamica na Direcc¸˜ao Transversal devido `a Partilha de V´ortices . . . 60

6.4 Instabilidade das Torres Met´alicas . . . 62

6.4.1 Ovalizac¸˜ao das Secc¸˜oes . . . 62

6.4.2 Efeitos P-Delta . . . 62

6.5 Acc¸˜ao de Vento na Torre Met´alica . . . 62

6.6 Acc¸˜ao do Vento nas P´as e Rotor segundo RSA(2001) . . . 63

6.7 Acc¸˜ao da ´Agua . . . 64

6.7.1 Efeitos da Ondulac¸˜ao . . . 64

6.7.2 Descric¸˜oes Determin´ısticas de Ondas Oceˆanicas . . . 65

6.7.3 Forc¸as de Ondas em Estruturas . . . 66

6.7.4 Conservac¸˜ao do Momento Linear de um Fluido . . . 67

(10)

CONTE ´UDO viii

6.9 Combinac¸˜oes de Acc¸˜oes e Verificac¸˜ao de Seguranc¸a . . . 72

6.9.1 Fundac¸˜oes: Verificac¸˜ao ao Derrube . . . 73

6.9.2 Fundac¸˜oes: Capacidade de Carga . . . 73

6.9.3 Efeitos Dinˆamicos: Partilha de V´ortices . . . 74

6.9.4 Efeitos Dinˆamicos: Ovalizac¸˜ao de Secc¸˜oes . . . 75

6.9.5 Estabilidade da Torre: Verificac¸˜ao de Seguranc¸a das Secc¸˜oes . . . 75

6.9.6 Estabilidade da Torre: Verificac¸˜ao de Seguranc¸a dos Elementos . . . 76

6.9.7 Combinac¸˜ao de Acc¸˜oes . . . 77

7 Dimensionamento de uma Torre E´olica Offshore 78 7.1 Condicionantes da Escolha do Local . . . 78

7.1.1 Medic¸˜ao do Vento . . . 79

7.1.2 Ocupac¸˜ao do Solo . . . 80

7.1.3 Local de Implantac¸˜ao . . . 80

7.2 Modelo de Turbina E´olica a Utilizar . . . 82

7.3 Pr´e-dimensionamento . . . 83

7.4 Modelac¸˜ao da Estrutura . . . 84

7.5 Determinac¸˜ao de Acc¸˜oes . . . 85

7.5.1 Acc¸˜oes Permanentes . . . 85

7.5.2 Quantificac¸˜ao da Acc¸˜ao do Vento . . . 87

7.5.2.1 Press˜ao Dinˆamica do Vento . . . 88

7.5.2.2 Coeficientes de Forc¸a . . . 88

7.5.2.3 Acc¸˜ao do Vento na Torre . . . 89

7.5.2.4 Acc¸˜ao do Vento no Rotor . . . 89

7.5.3 Determinac¸˜ao da Acc¸˜ao da ´Agua . . . 90

7.5.4 Acc¸˜ao S´ısmica . . . 92

7.6 Esforc¸os na Estrutura . . . 95

7.7 Verificac¸˜oes de Seguranc¸a . . . 104

7.7.1 Fundac¸˜oes: Verificac¸˜ao ao Derrube . . . 104

7.7.2 Fundac¸˜oes: Capacidade de Carga . . . 104

7.7.3 Efeitos Dinˆamicos: Partilha de V´ortices . . . 107

7.7.4 Efeitos Dinˆamicos: Ovalizac¸˜ao de Secc¸˜oes . . . 109

7.8 Estabilidade da Torre: Verificac¸˜ao de Elementos . . . 110

8 Conclus˜oes 114

Referˆencias 118

(11)

1.1 Parque e´olico offshore de Vindeby na Dinamarca. . . 3

2.1 Mecanismo de gerac¸˜ao do vento. . . 7

2.2 Func¸˜ao Gama. . . 10

2.3 Func¸˜oes de densidade de probabilidade de Weibull. . . 11

2.4 Factor de Rajada. . . 14

3.1 Representac¸˜ao da onda linear. . . 17

3.2 Dom´ınios de aplicabilidade de diversas teorias de ondas segundo Le M´ehaut´e (Veloso-Gomes(1983)). . . 24

4.1 Componentes de uma turbina e´olica. . . 26

4.2 Sistema de forc¸as num perfil alar. Castro(2003) . . . 29

5.1 Fundac¸˜ao por monoestaca. . . 36

5.2 Fundac¸˜ao por gravidade. . . 36

5.3 Fundac¸˜ao por trip´e. . . 37

5.4 Curva p-y para uma dada profundidade. . . 43

5.5 Curva p-y de uma argila mole submetida a acc¸˜ao est´atica. . . 44

5.6 Curva p-y de uma argila mole submetida a acc¸˜ao c´ıclica. . . 46

5.7 Constantes Ace Aspara argilas rijas. . . 47

5.8 Curva p-y para areias. . . 51

5.9 Constantes Ace Aspara areias. . . 52

5.10 Constantes Bce Bspara areias. . . 53

6.1 Cen´ario de dimensionamento considerado no RSA. . . 63

7.1 Distribuic¸˜ao de NEP em Portugal Continental por ano para um aerogerador com 2 MW de potˆencia e a hub a 60 m de altura Estanqueiro(2001). . . 79

7.2 Rosa dos vento obtida pelo QuikScat. . . 80

7.3 Rosa dos vento obtida pelo SeaWinds. . . 81

7.4 Local de implantac¸˜ao (L1) da turbina e´olica. . . 81

7.5 Soluc¸˜ao para torre e´olica. . . 84

7.6 Divis˜ao da estrutura em elementos. . . 86

7.7 Divis˜ao nodal da estrutura. . . 87

7.8 Frequˆencias dos per´ıodos de onda em Leix˜oes. . . 91

7.9 Elementos da estrutura nos quais se considera a acc¸˜ao da ´agua. . . 91

7.10 Forc¸as resultantes de um estado de mar com per´ıodo T igual a 7s. . . 92

7.11 Forc¸as resultantes de um estado de mar com per´ıodo T igual a 9s. . . 93

(12)

LISTA DE FIGURAS x

7.12 Forc¸as resultantes de um estado de mar com per´ıodo T igual a 11s. . . 93

7.13 Forc¸as resultantes de um estado de mar com per´ıodo T igual a 13s. . . 94

7.14 Modo de vibrac¸˜ao da estrutura correspondente a uma frequˆencia de 0.30Hz. . . . 94

7.15 Modo de vibrac¸˜ao da estrutura correspondente a uma frequˆencia de 1.36Hz. . . . 95

7.16 Modo de vibrac¸˜ao da estrutura correspondente a uma frequˆencia de 3.45Hz. . . . 95

7.17 Modo de vibrac¸˜ao da estrutura correspondente a uma frequˆencia de 7.456Hz. . . 96

7.18 Modo de vibrac¸˜ao da estrutura correspondente a uma frequˆencia de 10.74Hz. . . 96

7.19 Modo de vibrac¸˜ao da estrutura correspondente a uma frequˆencia de 12.15Hz. . . 97

7.20 Modo de vibrac¸˜ao da estrutura correspondente a uma frequˆencia de 18.73Hz. . . 97

7.21 Modo de vibrac¸˜ao da estrutura correspondente a uma frequˆencia de 19.61Hz. . . 98

7.22 Modo de vibrac¸˜ao da estrutura correspondente a uma frequˆencia de 24.43Hz. . . 98

7.23 Modo de vibrac¸˜ao da estrutura correspondente a uma frequˆencia de 33.61Hz. . . 99

7.24 Deslocamentos resultantes da acc¸˜oes s´ısmicas. . . 99

7.25 Curva p-y para uma profundidade 1.27m. . . 105

7.26 Curva p-y para uma profundidade 2.54m. . . 105

7.27 Curva p-y para uma profundidade 5.08m. . . 106

7.28 Curva p-y para uma profundidade 7.62m. . . 106

7.29 Curva p-y para uma profundidade 10.16m. . . 107

7.30 Curva p-y para uma profundidade 12.70m. . . 108

7.31 Curva p-y para uma profundidade 17.78m. . . 108

(13)

1.1 Parques e´olicos offshore em funcionamento. . . 4

1.2 Energia e´olica offshore vs. energia e´olica onshore. . . 4

2.1 Valores t´ıpicos de z0 Freris(1990). . . 12

2.2 Parˆametros que definem as classes de turbinas. . . 16

3.1 Grandezas cinem´aticas da teoria de ondas linear. . . 20

4.1 Angulo de ataque vs. regime. . . .ˆ 30 5.1 Dados comparativos entre uma estrutura offshore tradicional e uma torre e´olica. . 35

5.2 Parˆametro de dimensionamento de estacas em solos n˜ao coesivos . . . 42

5.3 Valores de ε50indicados por Skempton . . . 44

5.4 Valores de k para argilas rijas. . . 46

5.5 Valores de ε50para o crit´erio unificado . . . 48

5.6 Parˆametros da curva do crit´erio unificado. . . 49

5.7 Valores representativos de k . . . 50

5.8 Valores de k para areias sob acc¸˜oes est´aticas ou c´ıclicas . . . 53

6.1 Classificac¸˜ao de Acc¸˜oes. . . 56

6.2 Tipos de Acc¸˜oes com origem no Vento . . . 59

7.1 Especificac¸˜oes de modelos de turbinas e´olicas t´ıpicas . . . 82

7.2 Especificac¸˜oes do rotor da VESTAS V80 - 2MW. . . 82

7.3 Pesos dos diversos elementos da torre e´olica a considerar no dimensionamento. . 82

7.4 Dados para dimensionamento das torres e´olicas offshore. . . 83

7.5 Caracter´ısticas dos diferentes tipos de soluc¸˜oes dispon´ıveis para torres e´olicas offshore. . . 83

7.6 Resultados de uma prospecc¸˜ao geot´ecnica realizada no Golfo do M´exico. . . 83

7.7 Divis˜ao em elementos da torre el´olica. . . 85

7.8 Divis˜ao nodal da torre e´olica. . . 86

7.9 Identificac¸˜ao do local de instalac¸˜ao para efeitos da acc¸˜ao do vento. . . 88

7.10 Acc¸˜ao do vento na torre. . . 89

7.11 Acc¸˜ao do vento no rotor . . . 90

7.12 Dados para ac¸˜ao s´ısmica. . . 92

7.13 Esforc¸os axiais resultantes do permanente ou peso pr´oprio (G). . . 100

7.14 Esforc¸o transversos e momentos flectores resultante da acc¸˜ao do vento (V). . . . 100

7.15 Esforc¸o transversos e momentos flectores resultante da acc¸˜ao da ´agua (A). . . 101

7.16 Esforc¸o transversos e momentos flectores resultante da acc¸˜ao s´ısmica (S). . . 101

(14)

LISTA DE TABELAS xii

7.17 Esforc¸os resultantes das acc¸˜oes G e V combinadas. . . 102

7.18 Esforc¸os resultantes das acc¸˜oes A e S. . . 102

7.19 Esforc¸os nas secc¸˜oes cr´ıticas da estrutura para a combinac¸˜ao 1. . . 102

7.20 Esforc¸os nas secc¸˜oes cr´ıticas da estrutura para a combinac¸˜ao 2. . . 103

7.21 Esforc¸os nas secc¸˜oes cr´ıticas da estrutura para a combinac¸˜ao 3. . . 103

7.22 Esforc¸os nas secc¸˜oes cr´ıticas da estrutura para a combinac¸˜ao 4. . . 104

7.23 Esforc¸os nas secc¸˜oes cr´ıticas da estrutura para a combinac¸˜ao 5. . . 104

7.24 Verificac¸˜ao da capacidade de carga do solo. . . 107

7.25 Verificac¸˜ao de partilha de v´ortices. . . 109

7.26 Verificac¸˜ao de ovalizac¸˜ao de secc¸˜oes. . . 109

7.27 Caracter´ısticas mecˆanicas das secc¸˜oes. . . 110

7.28 Verificac¸˜ao do esforc¸o transverso. . . 110

7.29 Dados auxiliares de c´alculo para a verificac¸˜ao da flex˜ao composta. . . 111

7.30 Verificac¸˜ao da flex˜ao composta para a combinac¸˜ao 1. . . 111

7.31 Verificac¸˜ao da flex˜ao composta para a combinac¸˜ao 2. . . 111

7.32 Verificac¸˜ao da flex˜ao composta para a combinac¸˜ao 3. . . 112

7.33 Verificac¸˜ao da flex˜ao composta para a combinac¸˜ao 4. . . 112

7.34 Verificac¸˜ao da flex˜ao composta para a combinac¸˜ao 5. . . 112 7.35 Definic¸˜ao das secc¸˜oes dos elementos da torre e´olica em termos de classes de ac¸o. 113

(15)

EC1 Euroc´odigo 1: Bases de Projecto e Acc¸˜oes em Estruturas EC2 Euroc´odigo 2: Projecto de Estruturas de Bet˜ao

EC3 Euroc´odigo 3: Projecto de Estruturas de Ac¸o EC7 Euroc´odigo 7: Projecto Geot´ecnico

ELA Estados Limites de Acidentes ELF Estados Limites de Fadiga ELS Estados Limites de Servic¸o ELU Estados Limites ´Ultimos

REBAP Regulamento de Estruturas de Bet˜ao Armado e Pr´e-esforc¸ado

RSA Regulamento de Seguranc¸a e Acc¸˜oes para Estruturas de Edif´ıcios e Pontes

A Acc¸˜ao da ´agua para efeitos de dimensionamento

E M´odulo de Elastcidade (Young)

G Acc¸˜ao do peso pr´oprio para efeitos de dimensionamento S Acc¸˜ao s´ısmica para efeitos de dimensionamento

V Acc¸˜ao do vento para efeitos de dimensionamento

(16)

Cap´ıtulo 1

Introduc¸˜ao

No in´ıcio do s´eculo I, o vento, a ´agua e a lenha eram os recursos utilizados na produc¸˜ao de calor e de forc¸a motriz. Em tempos mais recentes, as novas fontes (o carv˜ao, o petr´oleo, o g´as e o nuclear) ocuparam o lugar destes recursos tradicionais, em particular nos pa´ıses mais industrializados.

O renovado interesse nas energias renov´aveis d´a-se a partir dos choques petrol´ıferos da d´ecada de 70. Por um lado, a necessidade de garantir a diversidade e seguranc¸a no fornecimento de energia e, por outro lado, a obrigac¸˜ao de proteger o ambiente, cuja degradac¸˜ao ´e tem-se vindo a agravar devido `a utilizac¸˜ao de combust´ıveis f´osseis, tˆem possibilitado o resurgimento das renov´aveis.

1.1

Estado-da-Arte

De forma a reduzir a sua dependˆencia em relac¸˜ao ao petr´oleo externo, diversas nac¸˜oes criaram programas de investigac¸˜ao e desenvolvimento no ˆambito do aproveitamento da energia do vento para produc¸˜ao de electricidade.

Em 1973 (Righter(1996)), deu-se o in´ıcio da instalac¸˜ao, perto de Cleveland, no estado norte-americano do Ohio, a primeira turbina e´olica da era moderna, a Mod 0 com um rotor de duas p´as com 38 m de diˆametro e 100 kW de potˆencia.

A experiˆencia de operac¸˜ao adquirida pela instalac¸˜ao desta turbina, e mais outras quatro entre-tanto instaladas entre 1977 e 1980, possibilituou concluir acerca da viabilidade da sua explorac¸˜ao em modo abandonado.

Em 1981, novamente nos EUA, procedeu-se `a instalac¸˜ao das turbinas de elevadas dimens˜oes, Boeing Mod 2 de 91 m de diˆametro e 2.5 MW de potˆencia, incorporando os mais recentes pro-gressos tecnol´ogicos conseguidos at´e `a data.

(17)

Entretanto, comec¸aram a constituir-se os primeiros cons´orcios compostos por empresas ame-ricanas e europeias, nomeadamente suecas e alem˜as, em programas de investigac¸˜ao e desenvolvi-mento de turbinas de grande potˆencia. Um dos exemplos mais relevantes destas parceiras foram as turbinas americano-suecas W T S3 (3 MW ) e W T S4 (4 MW ) instaladas em 1982.

O sucesso destes programas de investigac¸˜ao em grandes m´aquinas estimulou o desenvolvi-mento da ind´ustria da energia e´olica que, logicamente, se iniciou com turbinas de dimens˜ao muito inferior. As primeiras turbinas e´olicas comerciais foram instaladas no in´ıcio dos anos 80, tanto na Europa (principalmente na Dinamarca e Holanda) como nos EUA (em particular na Calif´ornia), tendo tipicamente entre 10 a 20 m de diˆametro e potˆencias de 50 a 100 kW .

A pol´ıtica de incentivo `a disseminac¸˜ao de energias renov´aveis promovida pelas autoridades do estado norte-americano da Calif´ornia foi decisiva para do desenvolvimento da energia e´olica, que conjugada com os elevados valores registados para a velocidade do vento em alguns locais deste estado, possibilitou o r´apido desenvolvimento de parques e´olicos financiados por entidades privadas.

Em 1987, a potˆencia instalada em sistemas de convers˜ao de energia e´olica era de 1500 MW fornecidos por cerca de 15000 turbinas e´olicas, a maior parte delas com diˆametros entre 15 a 25 m.

A experiˆencia positiva da operac¸˜ao com turbinas mais pequenas, associada as resultados obti-dos pelos programas de investigac¸˜ao, conduziram a que a dimens˜ao das turbinas e´olicas comerciais n˜ao tenha parado de crescer.

No in´ıcio da d´ecada de 90, a capacidade standard das turbinas era da ordem de 300 kW e actualmente (2009) j´a se situa na gama de 2 a 5 MW .

O sucessivo crescimento do tamanho das turbinas ´e ben´efico em termos econ´omicos e ambien-tal. Normalmente, num dado local, quanto maior for a potˆencia unit´aria mais energia ´e produzida e melhor rentabilizadas s˜ao as infra-estruturas el´ectricas e de construc¸˜ao civil. Por outro lado, a reduc¸˜ao do n´umero de rotores em movimento diminui o impacto visual.

Os programas de investigac¸˜ao desempenharam um papel fundamental na uniformizac¸˜ao do desenvolvimento tecnol´ogico das turbinas. Analisando a actual oferta comercial dos fabricantes verifica-se a predominˆancia de algumas opc¸˜oes b´asicas de projecto, nomeadamente, as turbinas de eixo horizontal relativamente `as de eixo vertical, os rotores de trˆes p´as (cerca de 90%) em relac¸˜ao aos de duas e a colocac¸˜ao do rotor `a frente da torre relativamente `a sua colocac¸˜ao na parte de tr´as (em relac¸˜ao `a direcc¸˜ao do vento).

Apesar destas aspectos comuns subsiste ainda um conjunto de quest˜oes de projecto n˜ao total-mente esclarecidas. Tais como as opc¸˜oes relacionadas com os materiais empregues no fabrico das p´as e da torre, o tipo de rotor (flex´ıvel ou r´ıgido), o sistema de controlo da potˆencia para velocida-des do vento acima da nominal (regulac¸˜ao do passo das p´as ou entrada em perda aerodinˆamica), o tipo de gerador el´ectrico (s´ıncrono ou ass´ıncrono com interface electr´onica de ligac¸˜ao `a rede ou ass´ıncrono directamente ligado `a rede), o modo de explorac¸˜ao (velocidade constante ou vari´avel). Sucintamente, pode afirmar-se que a tecnologia dos sistemas de convers˜ao de energia e´olica atingiu j´a um estado de maturidade consider´avel, sendo os equipamentos considerados fi´aveis,

(18)

1.2 Vantagens e Desvantagens da Energia E´olica Offshore 3

com taxas m´edias de disponibilidade superiores a 90%, e duradouros, com vidas ´uteis estimadas em cerca de 20 anos.

Uma das ´areas onde se tem registado, e sobre a qual este trabalho se debruc¸a, ´e a instalac¸˜ao de turbinas no mar. A tendˆencia para o aumento da potˆencia unit´aria, associada a um profundo conhecimento da tecnologia de fundac¸˜oes das turbinas no mar e das condic¸˜oes de vento no local, est´a a contribuir o aumento do grau de competitividade desta forma de aproveitar a energia do vento em condic¸˜oes ambientais diferentes.

Os pa´ıses do norte da Europa, designadamente a Dinamarca, tˆem liderado a instalac¸˜ao offshore: o primeiro parque e´olico deste tipo foi o de Vindeby (figura1.1), instalado em 1991, localizado no mar B´altico a cerca de 2 km da costa, composto por 11 turbinas de 450 kW ; em 2002 entrou em operac¸˜ao o parque de Horns Rev, com 160 MW instalados em 80 turbinas de 2 MW . No final do ano de 2006, a Dinamarca detinha uma potˆencia e´olica offshore instalada de cerca de 400 MW .

Figura 1.1: Parque e´olico offshore de Vindeby na Dinamarca.

A tabela1.1indica quais os parques e´olicos offshore europeus a operar correntemente. A operac¸˜ao dos parques n˜ao se revelado problem´atica o que tem contribu´ıdo para aumentar as esperanc¸as no offshore, esperando-se que, a prazo, a maior produtividade destes aproveitamentos compense o sobreinvestimento inicial.

1.2

Vantagens e Desvantagens da Energia E´olica Offshore

S˜ao v´arias as vantagens da energia e´olica offshore. A velocidade m´edia do vento offhore pode ser 20% superior que a velocidade do vento onshore, o que conduz a um aumento de 70% da energia resultante. O problema de espac¸o para instalac¸˜ao de parque e´olicos ´e bem maior onshore, devido ao elevado povoamento, que offhore. Apesar do maior custo de construc¸˜ao, este pode ser compensado atrav´es de parques e´olicos offhore maiores e com turbinas mais potentes. O uso de fundac¸˜oes em ac¸o em vez de bet˜ao pode minimizar os custos de construc¸˜ao (mais f´aceis de transportar e instalar). A diferenc¸a de temperatura entre a supef´ıcie do mar e do ar ´e mais pequena que a correspondente diferenc¸a entre a terra e o ar, o vento torna-se menos turbulento permitindo aumentar o tempo de vida dos aerogeradores.

(19)

Normalmente, as turbinas s˜ao constru´ıdas para instalac¸˜ao a profundidades inferiores a 30 m (para profundidades superiores os custos s˜ao demasiado elevados).

Parque Potˆencia Pa´ıs N◦de In´ıcio da

E´olico (MW ) turbinas Explorac¸˜ao

Arklow Bank 25 Irlanda 7 2004

Barrow 90 Reino Unido 30 2006

Beatrice 10 Reino Unido 2 2007

Blyth 4 Reino Unido 2 2000

Bockstigen 2.75 Su´ecia 5 1998

Burbo Bank 90 Reino Unido 25 2007

Egmond aan Zee 108 Holanda 36 2006

Frederikshavn 11 Dinamarca 4 2003

Horns Rev 160 Dinamarca 80 2002

Irene Vorrink 11 Holanda 28 1996

Kemi Ajos 24 Finlˆandia 8 2008

Kentish Flats 90 Reino Unido 30 2005

Lely 2 Holanda 4 1994

Lillgrund 110 Su´ecia 48 2007

Lynn and Inner Dowsing 194 Reino Unido 54 2008

Middelgrunden 40 Dinamarca 20 2001

North Hoyle 60 Reino Unido 30 2003

Nysted 166 Dinamarca 72 2003

Princess Amalia 60 Holanda 60 2008

Samso 60 Dinamarca 10 2003

Scroby Sands 60 Reino Unido 30 2004

Thorton Bank I 30 B´elgica 6 2008

Vindeby 5 Dinamarca 11 1991

Yttre Stengrund 10 Su´ecia 5 2002

Tabela 1.1: Parques e´olicos offshore em funcionamento.

A tabela1.2apresenta alguns dados comparativos entre a energia e´olica offshore e onshore.

Ambiente Investimento Custo de Energia Custos de Operac¸˜ao e Manutenc¸˜ao Offshore 700 a 1000e/kW 3 a 8e/kWh 1 a 3% Custos de Instalac¸˜ao

Onshore ≈ 1650 e/kW 5 a 10e/kWh ≈ 30 e/kW

Tabela 1.2: Energia e´olica offshore vs. energia e´olica onshore.

1.3

Estrutura da Dissertac¸˜ao

O cap´ıtulo2aborda o vento, quanto aos seus mecanismos de gerac¸˜ao e natureza, a variabili-dade da sua velocivariabili-dade, quer no tempo, quer no espac¸o por interm´edio de func¸˜oes de distribuic¸˜ao de probabilidade e perfis de de velocidade, n˜ao esquecendo os valores extremos de velocidade

(20)

1.3 Estrutura da Dissertac¸˜ao 5

com elevados per´ıodos de retorno. Tamb´em o fen´omeno da turbulˆencia ´e tratado, atrav´es da sua caracterizac¸˜ao matem´atica e o seu impacte nas turbinas e´olicas.

No cap´ıtulo3 descreve-se de uma forma simples as teorias de ondas corrente, com especial destaque para a teoria de Airy e a teoria de Stokes.

No cap´ıtulo4faz-se uma caracterizac¸˜ao das turbinas e´olicas, quer em relac¸˜ao ao seu princ´ıpio de funcionamento, quer aos seus componentes, materiais constituintes e tipos de turbinas, com destaque para as respectivas vantagens e desvantagens.

No cap´ıtulo 5 abordam-se, essencialmente, m´etodos de c´alculo de esforc¸os em estacas cra-vadas em diferentes tipos de solos e que permitem de forma relativamente simples modelar a interacc¸˜ao solo-estaca.

No cap´ıtulo6descrevem-se algumas metodologias pass´ıveis de serem aplicadas no dimensio-namento da torre e´olica, bem como as acc¸˜oes que tˆem de ser consideradas e respectivas verificac¸˜oes de seguranc¸a.

No cap´ıtulo7procede-se ao dimensionamento da torre e´olica. Finalmente, no cap´ıtulo8referem-se as conclus˜oes deste trabalho.

(21)

O Recurso E´olico

2.1

Origem e Mecanismo de Gerac¸˜ao do Vento

O vento resulta do aquecimento n˜ao homog´eneo da atmosfera, que representa uma das con-sequˆencia das irregularidades da superf´ıcie terrestre (por exemplo terra versus mar), da rotac¸˜ao da Terra (noite versus dia) e da forma quase esf´erica do nosso planeta. As massas de ar quente sobem na atmosfera e geram zonas de baixa press˜ao junto `a superf´ıcie terrestre. Consequentemente, mas-sas de ar frio deslocam-se para esmas-sas zonas de baixa press˜ao e d˜ao origem ao vento. As regi˜oes equatoriais, que recebem os raios solares quase que perpendicularmente, s˜ao mais aquecidas do que as regi˜oes polares (figura2.1). Assim, o ar quente que se encontra nas baixas altitudes das regi˜oes tropicais tende a subir, sendo substitu´ıdo por uma massa de ar mais frio que se desloca das regi˜oes polares. O deslocamento de massas de ar determina a formac¸˜ao dos ventos.

Existem regi˜oes no globo terrestre nos quais os ventos n˜ao p´aram de “soprar”, pois os me-canismos que os produzem - aquecimento no Equador e arrefecimento nos p´olos - est˜ao perma-nentemente presentes na natureza. Estes ventos planet´arios ou constantes podem ser classificados em:

• Al´ısios: ventos que sopram dos tr´opicos para o Equador, a baixas altitudes; • Contra-al´ısios: ventos que sopram do Equador para os p´olos, a altitudes elevadas; • Ventos do oeste: ventos que sopram dos tr´opicos para os p´olos;

• Polares: ventos friso que sopram dos p´olos para as zonas temperadas.

A existˆencia de variac¸˜oes sazonais na distribuic¸˜ao de radiac¸˜ao recebida na superf´ıcie da Terra, em virtude da inclinac¸˜ao de 23.5◦ em relac¸˜ao ao plano da sua ´orbita, resultam em variac¸˜oes sa-zonais de intensidade e durac¸˜ao dos ventos, em qualquer local da superf´ıcie terrestre. Como tal, surgem os ventos continentais ou peri´odicos nos quais se incluem as monc¸˜oes - ventos peri´odicos que mudam de direcc¸˜ao a cada seis meses - e as brisas.

(22)

2.2 Mapas Meteorol´ogicos de Superf´ıcie e os Ventos 7

De acordo com as diferentes capacidades de reflex˜ao, refracc¸˜ao e emiss˜ao, inerentes a cada tipo de superf´ıcie - tais como mares e continentes - surgem as brisas que se caracterizam por serem ventos peri´odicos que sopram do mar para o continente e vice-versa.

Durante o per´ıodo diurno, devido `a maior capacidade da terra de refletcir os raios solares, a temperatura do ar aumenta, formando-se uma corrente de ar que sopra do mar para a terra (brisa mar´ıtima). `A noite, a temperatura da terra decresce de forma mais acentuada do que a temperatura da ´agua, resultando uma brisa terrestre que sopra da terra para o mar.

Geralmente, a intensidade da brisa terrestre ´e menor do que a da brisa mar´ıtima devido `a menor diferenc¸a de temperatura que ocorre durante o per´ıodo nocturno. Paralelamente ao sistema de gerac¸˜ao dos ventos acima descritos, encontram-se os ventos locais, que s˜ao originados por outros mecanismos mais espec´ıficos. Tratam-se de ventos que sopram em determinadas regi˜oes e resultam de condic¸˜oes locais, que os tornam bastante individualizados. Durante o dia, o ar quente nas encostas da montanha se eleva e o ar mais frio desce sobre o vale para substituir o ar que subiu. No per´ıodo nocturno, a direcc¸˜ao do vento inverte-se e o ar frio das montanhas desce e acumula-se nos vales.

Figura 2.1: Mecanismo de gerac¸˜ao do vento.

2.2

Mapas Meteorol´ogicos de Superf´ıcie e os Ventos

A press˜ao atmosf´erica ´e o peso da atmosfera - ´e a forc¸a (o peso) que o ar exerce (por unidade de ´area) sobre uma superf´ıce. Quando o n´umero de mol´eculas de ar sobre uma superf´ıcie aumenta, aumenta a press˜ao sobre ela. Nos mapas meteorol´ogicos de superf´ıcie est˜ao desenhadas as linhas que unem as ´areas com igual press˜ao `a superf´ıcie - as linhas isob´aricas - a partir das quais se podem localizar as ´areas de baixas e a altas press˜oes que correspondem a ciclones e anticiclones.

S˜ao as diferenc¸as de press˜ao `a superf´ıcie (o gradiente de press˜ao) que causam o movimento do ar, sob a forma de vento, das altas para as baixas press˜oes, num esforc¸o para conseguir o equil´ıbrio. Al´em disso, para um observador na Terra, no Hemisf´erio Norte, o vento parece desviar-se para a direita do desviar-seu caminho (e, no Hemisf´erio Sul, para a equerda). Este efeito aumenta com a velocidade do vento e com a latitude, sendo nulo no equador e deve-se `a rotac¸˜ao da Terra. Para um observador, o vento parece ser desviado por uma forc¸a - a forc¸a de Coriolis .

(23)

Segundo Moran(2006), para baixas altitudes, ou seja, para altitudes inferiores a 100 m, os ventos locais s˜ao extremamente influenciados pela superf´ıcie, sendo deflectidos por obst´aculos e zonas mais rugosas, sendo a sua direcc¸˜ao o resultado da soma dos efeitos globais e locais.

2.2.1 Vento Geostr´ofico

Inicialmente, o fluxo de ar move-se perpendicularmente `as linhas isob´aricas, impulsionado pela forc¸a resultante de gradiente de press˜ao. A forc¸a de Coriolis s´o comec¸a a agir ap´os o in´ıcio do movimento, desviando o fluxo para a direita (Hemisf´erio Norte). Na ausˆencia de outras forc¸as como, tais como o atrito de superf´ıcie, `a medida que tempo passa e o vento aumenta de velocidade, a inflex˜ao vai aumentando at´e que passadas cercas de 24 h, o fluxo j´a ter´a acelerado o suficiente para que a forc¸a de Coriolis fique dirigida no sentido exactamente oposto ao da forc¸a de gradiente de press˜ao, ficando com uma magnitude igual a esta. O fluxo de ar resultante ´e o designado por vento geostr´ofico, que ´e paralelo `as linhas isob´aricas e tempre as baixas press˜oes `a sua esquerda (no Hemisf´erio Norte).

No Hemisf´erio Norte, quando um avi˜ao voa com vento de cauda, as press˜oes mais baixas es-tar˜ao sempre `a sua esquerda. Se voa na direcc¸˜ao das press˜oes mais baixas, o vento estar´a incidindo da esquerda.

Na atmosfera real, esse equil´ıbrio geostr´ofico entre a forc¸a de gradiente de press˜ao e a forc¸a de Coriolisno plano horizontal s´o se d´a quando o gradiente de press˜ao ´e uniforme (linhas isob´aricas rectas e paralelas). Quando as is´obaras s˜ao curvas que convergem ou divergem, o vento real ser´a mais r´apido ou mais lento do que corresponderia ao equil´ıbrio geostr´ofico.

2.2.2 Vento Gradiente

Na vizinhanc¸a de um centro de press˜oes, as linhas isob´aricas s˜ao curvas e o gradiente n˜ao ´e uniforme. O fluxo de ar que roda em torno de centro de press˜oes ´e designado por vento gradiente. Verifica-se um movimento acelerado, mesmo se a velocidade for constante e existe uma forc¸a centr´ıpeta dirigida para o vento de rotac¸˜ao que representa a diferenc¸a entre a forc¸a de gradiente de press˜ao e a forc¸a de Coriolis.

Para uma depress˜ao cicl´onica no Hemisf´erio Norte, a forc¸a de gradiente de press˜ao est´a di-rigida para o centro e a forc¸a de Coriolis para o exterior. Consequentemente, resulta uma forc¸a que assegura a acelerac¸˜ao centr´ıpeta que mant´em o ar numa traject´oria circular. Num anticiclone, a forc¸a de gradiente de press˜ao est´a dirigida para fora de e a forc¸a de Coriolis para o centro. A velocidade do vento ´e maior do que a do vento geostr´ofico e a forc¸a de Coriolis ser´a mais forte do que a da forc¸a de gradiente de press˜ao.

2.2.3 Vento `a Superf´ıcie

O efeito da fricc¸˜ao na superf´ıcie faz-se sentir apenas na camada mais baixa da atmosfera, at´e cerca de 1 km de altitude. A fricc¸˜ao diminui a velocidade do vento e, consequentemente, a forc¸a de Coriolis tamb´em diminui. Os ventos geostr´oficos tˆem uma velocidade cerca de 50% maior que

(24)

2.3 Caracterizac¸˜ao do Vento 9

os ventos de superf´ıcie, por n˜ao estarem sujeitos a efeitos de fricc¸˜ao. O equil´ıbrio geostr´ofico ´e substitu´ıdo pelo equil´ıbrio de trˆes forc¸as vectoriais: a forc¸a de Coriolis, a forc¸a de gradiente de press˜ao e a forc¸a de fricc¸˜ao na superf´ıcie, que actua no sentido oposto ao do vento. Devido ao efeito de fricc¸˜ao, os ventos, designados por barostr´oficos n˜ao soprar˜ao por n˜ao serem paralelos `as isob´aricas, mas sim ligeiramente inclinados, na direcc¸˜ao das baixas press˜oes. A inclinac¸˜ao m´edia devida ao efeito de fricc¸˜ao ´e de cerca de 10◦sobre o mar, 45◦sobre a terra e 70◦em montanhas.

2.3

Caracterizac¸˜ao do Vento

2.3.1 Variac¸˜oes Anuais e Sazonais

Num dado local, a velocidade do vento pode variar de forma gradual a longo prazo. ´E poss´ıvel estabelecer-se uma relac¸˜ao entre esta variac¸˜ao com a da temperatura do ar nesse mesmo local, a longo prazo. Reconhece-se, tamb´em a influˆencia do aquecimento global, causado pelo Homem, na variac¸˜ao do vento.

A distribuic¸˜ao de probabilidade de Weibull permite obter uma boa representac¸˜ao da variac¸˜ao hor´aria da velocidade do vento m´edia durante um ano, na grande maioria dos locais. Tal func¸˜ao ´e dada por: F(U) = exp " −  U A k# (2.1)

onde F(U) representa a fracc¸˜ao do tempo para a qual a velocidade m´edia hor´aria ´e superior ao valor U .

Os dois parˆametros que definem esta distribuic¸˜ao de probabilidade s˜ao: • O parˆametro de escala, A (m/s) ;

• O parˆametro de forma, k .

O parˆametro de forma, k traduz a variabilidade da velocidade em relac¸˜ao ´a m´edia. O parˆametro de escala, A relaciona-se com a velocidade m´edia hor´aria anual, ¯U atrav´es da relac¸˜ao:

¯ U= AΓ  1+1 k  (2.2) onde Γ representa a func¸˜ao gama .

Analisando a figura2.2, pode ter-se uma ideia da densidade de probabilidade de ocorrˆencia de uma determinada velocidade do vento.

(25)

k k - factor de forma Γ 1 +1 k  - Fun¸c˜ao Gama 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 0.88 0.9 0.92 0.94 0.96 0.98 1

Figura 2.2: Func¸˜ao Gama.

f(U) = d dU [1 − F(U)] = k Uk−1 Ak exp " −  U A k# (2.3)

Quando o parˆametro de forma da distribuic¸˜ao ´e igual a 2, obt´em-se a distribuic¸˜ao de Rayleigh . Neste caso, Γ  1+1 2  = √ π

2 = 0.8862. Se o valor de k for superior a 2.0, est´a-se na presenc¸a de um local onde a variac¸˜ao hor´aria da velocidade m´edia em relac¸˜ao `a m´edia anual ´e relativamente baixa. Para valores inferiores de k a 2, como 1.5 ou 2, indicam grande variabilidade em relac¸˜ao `a m´edia.

2.3.2 Variac¸˜oes Sin´opticas e Diurnas

Segundo Burton et al.(2001), para per´ıodos de tempo reduzidos, como por exemplo 10 min, as variac¸˜oes da velocidade do vento s˜ao mais aleat´orias, logo menos previs´ıveis. Contudo, tais variac¸˜oes tˆem padr˜oes bem definidos e a sua frequˆencia de ocorrˆencia ´e aproximadamente de qua-tro dias, entre picos. Esta variac¸˜ao designa-se por sin´optica e est´a associada a padr˜oes clim´aticos de larga escala, tais como zonas de alta ou baixa press˜oes e respectivas frentes, enquanto estas se movem ao longo da superf´ıcie terrestre. Quando o ar se desloca das zonas de baixa press˜ao para zonas de alta press˜ao, a forc¸a de Coriolis introduz uma rotac¸˜ao neste movimento, afectando assim os padr˜oes de circulac¸˜ao atmosf´erica.

(26)

2.3 Caracterizac¸˜ao do Vento 11

U (m/s)

f

(U

)

Fun¸c˜ao densidade de probabilidade da velocidade m´edia hor´aria do vento k=1.25 k=1.5 k=2.0 k=2.5 k=3.0 k - parˆametro de forma

A - parˆametro de escala (A = 3.0)

f (U ) = kU k−1 Ak exp " −  U A k#

Fun¸c˜ao densidade de Weibull:

0 5 10 15 20 25 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4

Figura 2.3: Func¸˜oes de densidade de probabilidade de Weibull.

2.3.3 Turbulˆencia

A turbulˆencia do vento tem origem na transformac¸˜ao da sua energia cin´etica em energia t´ermica de acordo com Manswell e Sharpe(2002), atrav´es da criac¸˜ao e destruic¸˜ao de turbilh˜oes progressivamente mais pequenos. O vento turbulento pode ter um valor m´edio aproximadamente constante ao longo de um per´ıodo igual ou superior a uma hora, mas para intervalos de tempo inferiores, ou seja com durac¸˜ao de apenas alguns minutos apenas, tal valor pode variar significa-tivamente. Numa primeira an´alise, a variabilidade do vento parece ser aleat´oria, mas na realidade tem aspectos bastante distintos.

A turbulˆencia ´e constitu´ıda por trˆes componentes: longitudinal, lateral e vertical. A compo-nente longitudinal tem a mesma direcc¸˜ao predominante do vento ´e designada por u(z,t), a lateral ´e ortogonal `a componente longitudinal e representa-se por v(z,t) e a componente vertical ´e defi-nida por w(z,t). Cada uma destas componentes ´e frequentemente encarada como uma velocidade m´edia a curto prazo. A componente longitudinal define-se como sendo a soma do valor m´edio de velocidade ¯Ucom a flutuac¸˜ao ˜u, ou seja:

u= ¯U+ ˜u (2.4)

onde u representa a componente longitudinal da velocidade instantˆanea do vento.

(27)

o retardamento do ´ultimo. As camadas inferiores do ar retardam as lhe que est˜ao por cima, re-sultando numa variac¸˜ao da velocidade m´edia do vento com a altura do solo. O efeito da forc¸a de atrito vai diminuindo at´e praticamente se anular a uma altitude de 2000 m.

Na superf´ıcie terrestre, a condic¸˜ao fronteira obriga a que a velocidade do escoamento seja nula. Esta zona da atmosfera definida pela variac¸˜ao de velocidade com a altura designa-se por camada limite atmosf´erica; acima desta diz-se que a atmosfera ´e livre.

A ´area de camada limite atmosf´erica que se prolonga at´e 100 m de altura - camada superficial - representa a zona de interesse para as turbinas e´olicas. Nesta zona, a topografia do terreno e a rugosidade do solo influenciam decisivamente o perfil de velocidades do vento, que pode ser adequadamente representado pela lei logar´ıtmica de Prandtl :

¯ U(z) = u ∗ κ ln  z z0  (2.5)

onde ¯U(z) ´e a velocidade m´edia do vento `a altura z, u∗ designa-se por velocidade de atrito e κ a constante de Von K´arm´an assume um valor de 0.4 e z0representa o comprimento caracter´ıstico da

rugosidade do solo, cujos valores limites s˜ao dados pela tabela2.1.

Tipo de Terreno z0min(m) z0max(m)

Lama/gelo 0.00001 0.00003 Mar Calmo 0.0002 0.0003 Areia 0.0002 0.001 Neve 0.001 0.006 Descampados 0.02 0.03 Floresta 0.1 1 Sub´urbios 1 2 Centro de Cidades 1 4

Tabela 2.1: Valores t´ıpicos de z0 Freris(1990).

Devido `a dificuldade que geralmente constitui a determinac¸˜ao da velocidade de atrito, u∗, pelo facto de esta depender da rugosidade do solo, da velocidade do vento e de forc¸as que se desenvolvem na atmosfera, para se determinar o perfil de velocidades do vento recomenda-se a aplicac¸˜ao de: ¯ U(z) ¯ U(zre f) = ln  z z0  ln z re f z0  (2.6)

A turbulˆencia atmosf´erica ´e uma caracter´ıstica do escoamento e n˜ao do flu´ıdo. Uma tenta-tiva de visualizac¸˜ao da turbulˆencia consiste em imaginar uma s´erie de turbilh˜oes tridimensionais, de diferentes tamanhos, a serem transportados ao longo do escoamento m´edio. A turbulˆencia ´e completamente irregular e n˜ao pode ser descrita de uma maneira determin´ıstica, sendo necess´ario

(28)

2.3 Caracterizac¸˜ao do Vento 13

recorrer a t´ecnicas estat´ısticas. A componente flutuante do vento pode conter energia significativa em frequˆencias pr´oximas das frequˆencias de oscilac¸˜ao da estrutura da turbina e´olica, pelo que, pelo menos, h´a que ter em considerac¸˜ao que os esforc¸os a que a turbina fica sujeita afectam o per´ıodo de vida ´util. Dado que a turbulˆencia ´e um fen´omeno inerente ao escoamento, n˜ao ´e poss´ıvel suprimi-lo: a soluc¸˜ao ´e contemplar a turbulˆencia como um elemento determinante no projecto das turbinas e´olicas.

Na turbulˆencia representa-se os desvios da velocidade instantˆanea do vento, u(t) em relac¸˜ao `a m´edia do regime quasi-estacion´ario - ¯U.

Um m´etodo de medir a turbulˆencia ´e pela variˆancia da sua componente longitudinal, σu2:

σu2= 1 T Z t0+T2 t0−T2 |u(t) −U|2dt (2.7)

onde T representa a durac¸˜ao do intervalo de tempo em an´alise.

De acordo com Hau(2006), a intensidadade de turbulˆencia, Iu ´e definida por:

Iu=

σu

u (2.8)

Atendendo que a variˆancia varia de modo mais lento com a altura do que a velocidade m´edia, resulta que a intensidade da turbulˆencia normalmente decresce com a altura. A realizac¸˜ao de experiˆencias revelaram que a relac¸˜ao σu= 2.5u∗se verifica na camada superficial, o que permite

obter a seguinte express˜ao:

Iu(z) = 1 ln  z z0  (2.9) 2.3.4 Velocidade de Rajada ´

E recomend´avel que se saiba, para um dado local, a rajada m´axima para um determinado intervalo de tempo e que se traduz pelo coeficiente de rajada G. Tal coeficiente ´e a raz˜ao entre a velocidade da rajada e a velocidade m´edia hor´aria do vento. O valor de G ´e func¸˜ao da durac¸˜ao da respectiva rajada - assim o coeficiente de rajada de 1 s ´e superior ao coeficiente de rajada de 3 s .

Wieringa(1973) propˆos a seguinte express˜ao para determinar o coeficiente de rajada:

G(t) = 1 + 0.42Iuln  3600 t  (2.10) onde t representa a durac¸˜ao da rajada em segundos e Iua intensidade de turbulˆencia longitudinal.

2.3.5 Velocidades do Vento Extremas

Para al´em das descric¸˜oes feitas das propriedades estat´ısticas m´edias do vento, ´e de todo o interesse estimar velocidades do vento extremas de longa durac¸˜ao que podem ocorrer num dado

(29)

Dura¸c˜ao da rajada, t(s) Fa ct or de ra ja da , G Iu= 10% Iu= 15% Iu= 20%

Iu- Intensidade de turbulˆencia longitudinal

G = 1 + 0.42Iuln  3600 t  100 101 102 103 104 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8

Figura 2.4: Factor de Rajada.

local.

Uma distribuic¸˜ao probabil´ıstica da velocidade m´edia hor´aria do vento como a distribuic¸˜ao de Weibull permite aferir da probabilidade de ocorrˆencia de uma dada velocidade m´edia hor´aria acima de um dado valor. Contudo, esta distribuic¸˜ao n˜ao se adequa a velocidades extremas pois foi calibrada com dados obtidos a baixa velocidade de vento.

O dimensionamento de turbinas e´olicas deve contemplar que estas suportem ventos extremos, assim como comportarem-se eficazmente em condic¸˜oes extremas. Desta forma os diversos regu-lamentos especificam velocidades do vento extremas para dimensionamento.

Condic¸˜oes extremas podem ser experimentadas com a m´aquina em operac¸˜ao, parada ou em ponto morto com ou sem v´arios tipos de falhas, ou durante operac¸˜oes especiais como a paragem da turbina. As condic¸˜oes de vento extremas podem ser caracterizadas por per´ıodos de retorno: por exemplo, uma rajada de 50 anos ´e aquela cuja severidade ´e admitida de 50 em 50 anos. Ser´a expect´avel que uma turbina sobreviva a tal rajada, admitindo que n˜ao existem falhas na turbina.

Claro que ´e poss´ıvel considerar que devido a uma falha na turbina esta possa estar a ventos extremos, por exemplo, com ˆangulo de ataque errado, sendo desta forma as acc¸˜oes superiores ao considerado. Tamb´em ´e razo´avel considerar que esta probabilidade ´e extremamente baixa. Assim, geralmente admiti-se que uma turbina, em situac¸˜ao de falha, ter´a que resistir ao vento extremo com per´ıodo de retorno de 1 ano em vez de 50 anos. Para tal considerac¸˜ao ser v´alida ´e importante que as falhas em quest˜ao n˜ao directamente relacionadas com condic¸˜oes de vento extremas. Uma falha na rede el´ectrica n˜ao ´e considerada como correlacionada com a turbina, mas sim com condic¸˜oes

(30)

2.3 Caracterizac¸˜ao do Vento 15

extremas de vento, esta ´e uma situac¸˜ao poss´ıvel que tem grande importˆancia para quem projecta a rede el´ectrica, mas n˜ao sob o ponto de vista estrutural.

´

E ´obvio que ventos extremos e rajadas, ambos em termos de magnitude e forma, podem ser muito espec´ıficos de local para local. Estes podem variar consideravelmente de uma zona costeira para uma zona mais montanhosa, por exemplo.

IEC(1999), por exemplo, especifica uma velocidade do vento de referˆencia, U(zre f), ´e cinco

vezes maior que a velocidade m´edia anual.

U(zre f) = 5 ¯U (2.11)

O vento extremo de 50 anos `a altura do rotor (hub), ´e ent˜ao obtido multiplicando Ure f por 1.4,

e variando em altura atrav´es de uma lei de potˆencia com um expoente igual a 0.11, ou seja:

Ue50(zhub) = 1.4U(zre f) (2.12)

Ue50(z) = Ue50(zhub)

 z zhub

0.11

(2.13)

O vento extremo anual ´e tido como 75% do valor a 50 anos. A descric¸˜ao das informac¸˜oes presentes neste regulamento deve-se ao facto de que a norma DNV (2007) prevˆe o recurso ao mesmo na definic¸˜ao da acc¸˜ao vento.

IEC(1999) define, ainda, um n´umero de cen´arios para os quais a turbina dever´a a resistir:

• Extreme Operating Gust (EOG): rajada extrema em funcionamento; • Extreme Direction Change (EDC): alterac¸˜ao extrema da direcc¸˜ao do vento; • Extreme Coherent Gust (ECG): rajada extrema coerente;

• Extreme Coherent Gust with Direction Change (ECD): rajada extrema com mudanc¸a da direcc¸˜ao do vento;

• Extreme wind shear (EW S): acc¸˜ao transveral extrema do vento (forc¸as verticais).

Estas situac¸˜oes s˜ao de rajadas determin´ısticas que representam variac¸˜oes turbulentas que se prevˆeem ocorrer para um dado per´ıodo de retorno. N˜ao est´a previsto que ocorram em sobreposic¸˜ao `a turbulˆencia normal.

As condic¸˜oes extremas s˜ao usadas para determinar de cargas e´olicas extremas que actuam nas turbinas e´olicas. Estas condic¸˜oes incluem picos de ventos devido a tempestades e r´apidas variac¸˜oes na velocidade e direcc¸˜ao do vento.

Os valores de velocidade do vento extremas Ue50 e Ue1 com per´ıodo de retorno de 50 anos

(31)

referˆencia, zre f. Para o dimensionamento de turbinas e´olicas de acordo com a tabela2.2os valores

de U50e Ue1s˜ao dados por:

Ue50(z) = 1.4Ure f  z zhub 0.11 (2.14) Ue1(z) = 0.75Ue50(z) (2.15)

onde zhubrepresenta a altura do hub.

As condic¸˜oes externas a considerar no dimensionamento s˜ao dependentes do local selecci-onado para a instalac¸˜ao da torre e´olica. As classes de turbinas s˜ao definidas em func¸˜ao de parˆametros dependentes da velocidade do vento e turbulˆencia respectiva. A intenc¸˜ao dos valo-res da velocidade do vento e turbulˆencia ´e reproduzir os valovalo-res caracter´ısticos de diferentes tipos de locais para instalac¸˜ao de turbinas. O objectivo ´e estabelecer uma classificac¸˜ao em func¸˜ao de parˆametros de velocidade e turbulˆencia. A tabela2.2especifica os parˆametros b´asicos que definem as classes de turbinas e´olicas, que A representa a categoria para as caracter´ısticas da turbulˆencia elevada, B representa a categoria para as caracter´ısticas da turbulˆencia reduzida, I15 ´e o valor

ca-racter´ıstico da intensidade de turbulˆencia para uma velocidade de vento igual a 15m/s.

Classes de Turbinas I II III IV S

Ure f(m/s) 50 42.5 37.5 30

A definir pelo fabricante ¯ U(m/s) 10 8.5 7.5 6 A I15 0.18 0.18 0.18 0.18 a 2 2 2 2 B I15 0.16 0.16 0.16 0.16 a 3 3 3 3

(32)

Cap´ıtulo 3

Teoria de Ondas e sua Aplicac¸˜ao

A facilidade de utilizac¸˜ao pr´atica das teorias lineares tem concorrido para a sua grande divulgac¸˜ao. A considerac¸˜ao de teorias n˜ao lineares ser´a um refinamento desncess´ario quando n˜ao se introduz, paralelamente, uma reduc¸˜ao dos erros experimentais e um aumento na confiabilidade e disponi-bilidade de dados de campo. S˜ao dois limites que continuam a subsistir mas que, pelo menos, teoricamente, poder˜ao vir a ser alterados a m´edio prazo.

3.1

Ondas Lineares

A teoria de ondas lineares, ilustrada na figura3.1, igualmente conhecida por teoria de Airy ou teoria de 1.a ordem ´e, provavelmente, a mais importante das teorias cl´assicas, pois ´e nela que a

maioria dos espectros de ondas das teorias probabil´ısticas se apoia.

Figura 3.1: Representac¸˜ao da onda linear. Os nove pressupostos de aplicac¸˜ao desta teoria s˜ao:

• A amplitude A ´e pequena quando comparada com o comprimento de onda λ e a profundi-dade d.

(33)

• A altura cin´eticau

2+ w2

2g ´e desprez´avel quando comparada com a carga piezom´etrica. Sendo ue w as velocidades de uma part´ıcula em x e z, repectivamente.

• A profundidade d ´e constante.

• O fluido ´e n˜ao viscoso e o escoamento irrotacional. • O fluido ´e incompress´ıvel e homog´eneo.

• A forc¸a de Coriolis associada `a rotac¸˜ao terrestre ´e desprez´avel. • O fundo ´e suave e imperme´avel.

• As tens˜oes superficiais s˜ao desprez´aveis. • A press˜ao atmosf´erica, patm, ´e uniforme.

Perante tais considerac¸˜oes requer-se que a velocidade da part´ıcula e press˜ao do fluido satisfac¸a as seguintes equac¸˜oes diferenciais, sendo que p ´e a press˜ao da ´agua:

∂ u ∂ z− ∂ w ∂ x = 0 (3.1) ∂ u ∂ x+ ∂ w ∂ z = 0 (3.2) ∂ u ∂ t = − 1 ρ ∂ p ∂ x (3.3) ∂ w ∂ t = − 1 ρ ∂ p ∂ z − g (3.4) w=∂ η ∂ t , para z= 0 (3.5) w= 0, para z= −d (3.6) p= patm, para z= 0 (3.7)

(34)

3.2 Teoria de Stokes de 2.aOrdem 19 Assim se se considerar: η(x,t) = Acos(kx − ωt) (3.8) obt´em-se: u= Aωcosh k(z + d) sinh kd cos(kx − ωt) (3.9) w= Aωsinh k(z + d) sinh kd sin(kx − ωt) (3.10) p= patm− ρgz + ρgA cosh k(z + d) cosh kd cos(kx − ωt) (3.11)

onde −ρgz ´e a componente hidrost´atica da press˜ao. As equac¸˜oes 3.8 a 3.11 sastisfazem as equac¸˜oes3.1 a 3.6. De igual modo, estas equac¸˜oes tamb´em satisfazem as condic¸˜oes3.5 e 3.7, levando a que o n´umero de onda e a frequˆencia satisfac¸am a seguinte relac¸˜ao:

ω2= gk tanhkd (3.12)

Sabendo que a velocidade de fase c ´e definida por:

c=ω

k =

λ

T (3.13)

Os resultados da teoria linear est˜ao resumidas na tabela3.1.

3.2

Teoria de Stokes de 2

.

a

Ordem

A suposic¸˜ao base no desenvolvimento da teoria de ondas de amplitude finita ´e que o escoa-mento do fluido ´e irrotacional. Esta suposic¸˜ao pode ser justificada fisicamente se a viscosidade do fluido for muito pequena.

Desta forma, as equac¸˜oes que descrevem o movimento podem ser escritas da mesma forma que para a teoria linear:

∂ w ∂ x −

∂ u

(35)

Parˆametro F´ormula

Perfil de superf´ıcie η(x,t) = Acos(kx − ωt) Velocidade horizontal da part´ıcula u= 2πAT cosh k(z+d)sinh kd cos(kx − ωt)

Velocidade vertical da part´ıcula w=2πAT sinh k(z+d)sinh kd sin(kx − ωt) Acelerac¸˜ao horizontal da part´ıcula u˙=4πAT2

cosh k(z+d)

sinh kd sin(kx − ωt)

Acelerac¸˜ao vertical da part´ıcula w˙=4π2A

T2

sinh k(z+d)

sinh kd cos(kx − ωt)

Press˜ao dinˆamica p= ρgAcosh k(z+d)cosh kd cos(kx − ωt)

Celeridade da onda c=

q

g ktanh kd

Velocidade de grupo cg= c2 1+sinh 2kd2kd



Tabela 3.1: Grandezas cinem´aticas da teoria de ondas linear.

∂ u ∂ x− ∂ u ∂ z = 0 (3.15) ∂ u ∂ t + u ∂ u ∂ x+ ω ∂ u ∂ z = − 1 ρ ∂ p ∂ x (3.16) ∂ w ∂ t + u ∂ w ∂ x + ω ∂ w ∂ z = − 1 ρ ∂ p ∂ z − g (3.17)

As express˜oes3.14e 3.15expressam a vorticidade nula e a condic¸˜ao de continuidade, j´a as equac¸˜oes3.16e3.17s˜ao as equac¸˜oes de conservac¸˜ao de momento.

A determinac¸˜ao do campo de velocidades possibilitar´a, igualmente, encontrar a soluc¸˜ao do campo de press˜oes. A condic¸˜ao fronteira do campo de press˜oes est´a definida, visto que `a superf´ıcie a press˜ao ´e constante, isto ´e:

p(x,t,z = η) = patm= ctt (3.18)

(36)

3.2 Teoria de Stokes de 2.aOrdem 21 ∂ p ∂ t + u ∂ p ∂ x+ w ∂ p ∂ z = 0 (3.19)

Assim, a condic¸˜ao fronteira de superf´ıcie livre ´e n˜ao linear em relac¸˜ao `as vari´aveis u, w e p. Stokes(1847) solucionou as express˜oes3.14a3.19atrav´es de sucessivas aproximac¸˜oes onde a soluc¸˜ao foi formulada em termos de s´eries com termos de ordem crescente.

O perfil de superf´ıcie ´e dado por:

η= H 2 cos(kx − ωt) + H2 8 π λ cosh kd

sinh3kd[2 + cosh2kd cosh2(kx − ωt)] (3.20) A velocidade horizontal da part´ıcula ´e definida por:

u= Hπ T cosh k(z + d) sinh kd cos(kx − ωt) + 3 4H 2  π2 T λ cosh k(z + d) sinh4kd sin 2(kx − ωt) (3.21) A velocidade vertical da part´ıcula ´e representada por:

w= Hπ T sinh k(z + d) sinh kd sin(kx − ωt) + 3 4H 2  π2 T λ sinh 2k(z + d) sinh4kd sin 2(kx − ωt) (3.22) A acelerac¸˜ao horizontal da part´ıcula ´e dada por:

˙ u=2π 2H T2 cosh k(z + d) sinh kd sin(kx − ωt) + 3H 2  π3 T2λ cosh 2k(z + d) sinh4kd sin 2k(kx − ωt) (3.23) A acelerac¸˜ao vertical da part´ıcula ´e definida por:

˙ w=2π 2H T2 sinh k(z + d) sinh kd sin(kx − ωt) + 3H 2 π3 T2λ sinh 2k(z + d) sinh4kd cos 2(kx − ωt) (3.24) A press˜ao dinˆamica ´e definida por:

p= ρgH 2 cosh k(z + d) coshkd cos(kx − ωt) + 3 4H 2ρ gπ λ  cos2(kx−ωt) sinh 2kd cosh 2k(z + d) sinh2kd − 1 3  (3.25) A celeridade da onda ´e representada por:

c= r

g

(37)

As express˜oes de ordem superior, da teoria de Stokes, s˜ao simplesmente aquelas nas quais as aproximac¸˜oes dos efeitos dos termos correctivos s˜ao desenvolvidos at´e ao termo de ordem corres-pondente. Normalmente, a teoria de Stokes, se usada uma ordem suficientemente elevada, deve ser adequada na descric¸˜ao de ondas para qualquer profundidade da ´agua. Na pr´atica, isto apenas ´e poss´ıvel para ondas em ´aguas profundas. Em ´aguas de profundidade reduzida os termos correc-tivos tornam-se extensos, as s´eries tˆem convergˆencia lenta e err´atica, sendo necess´ario n´umero de termos para obter um grau de precis˜ao uniforme.

Ursell(1953) estudou a precis˜ao da teoria de 2a ordem comparando a amplitude do termo

de 2aordem com a amplitude do termo de 1aordem. Ursell(1953) generalizou a comparac¸˜ao e expressou-a em func¸˜ao dos termos do parˆametro de Ursell, Ur, definido por:

Ur= H

λ

d3 (3.27)

onde H ´e a altura de onda. Quando o parˆametro de Ursell ´e reduzido, a teoria linear de pequena amplitude ´e v´alida. Contudo, apesar do parˆametro de Ursell ser ´util, n˜ao constitui a ´unica grandeza na determinac¸˜ao da importˆancia relativa dos termos n˜ao lineares. Em ´aguas pouco profundas, por exemplo, a amplitude relativa H

d torna-se o parˆametro mais relevante.

3.3

Considerac¸˜oes sobre Condic¸˜oes de Aplicabilidade

A facilidade de utilizac¸˜ao das teorias lineares tem contribuido para a sua grande divulgac¸˜ao. A considerac¸˜ao de teorias n˜ao lineares ser´a um refinamento desnecess´ario, quando n˜ao se introduz, paralelamente, uma reduc¸˜ao dos erros experimentais e um aumento na confiabilidade e disponibi-lidade de dados de campo.

´

E importante salientar que uma boa correlac¸˜ao entre valores te´oricos e experimentais de um dos parˆametros caracter´ısticos de um sistema de ondas, como por exemplo, o perfil da superf´ıcie livre, n˜ao significa, claramente, que essa teoria se ajuste bem a outros parˆametros, tais como as velocidades das part´ıculas, traject´orias, distribuic¸˜ao de press˜oes e celeridades. Poder-se-´a equa-cionar o problema em termos da definic¸˜ao da teoria que melhor caracteriza um dado parˆametro em determinadas condic¸˜oes de estudo bem definidas, ou ent˜ao numa perspectiva de tentativa de optimizac¸˜ao global, procurando uma representac¸˜ao geral desses parˆametros. Sucintamente, pode referir-se que em sucessivas fases de investigac¸˜ao, foram e e est˜ao a ser considerados dois tipos de an´alise.

Em primeiro lugar, a validade anal´ıtica das teorias de ondas, consistindo na identificac¸˜ao do grau de satisfac¸˜ao das diversas condic¸˜oes hidrodinˆamicas. Uma validade anal´ıtica perfeita equi-valeria a uma teoria que satisfizesse na ´ıntegra tais condic¸˜oes, em particular condic¸˜oes fronteiras, que podem ser descritas por express˜oes matem´aticas mais ou menos complexas. Uma n˜ao perfeita validade anal´ıtica de uma determinada teoria sugeria a contemplac¸˜ao de outras teorias ou tentativas de refinamento dessa teoria, por exemplo, pela considerac¸˜ao de aproximac¸˜oes de ordem superior.

(38)

3.3 Considerac¸˜oes sobre Condic¸˜oes de Aplicabilidade 23

Em segundo lugar, a validade experimental das teorias de ondas, consistindo na comparac¸˜ao de valores experimentais de perfis de superf´ıcie livre, ´orbitas de velocidades, press˜oes, com os respectivos valores te´oricos. Com esta an´alise, poder-se-´a constatar at´e que ponto uma teoria com uma determinada validade anal´ıtica simularia, ou n˜ao, correctamente a um fen´omeno natural. A n˜ao considerac¸˜ao nos desenvolvimentos te´oricos de, por exemplo, fen´omenos de viscosidade e tens˜ao superficial justifica a necessidade de constatac¸˜ao da validade experimental.

A situac¸˜ao limite hidrodinˆamica correspondente ao in´ıcio da rebentac¸˜ao tem sido considerada. Considerando uma situac¸˜ao de interesse pr´atico ilustrativa da necessidade de resposta aos pro-blemas levantados: o estudo das solicitac¸˜oes dinˆamicas que se exercem sobre elementos estruturais submersos no mar submetidos a agitac¸˜ao.

Em muitos casos, considera-se que as forc¸as s˜ao proporcionais ao quadrado da velocidade local das part´ıculas fluidas, estando o coeficiente de arrasto CDinclu´ıdo no factor de

proporciona-lidade. A determinac¸˜ao do quadrado da velocidade local das part´ıculas fluidas atrav´es da aplicac¸˜ao das diferentes teorias conduz a valores d´ıspares, principalmente para certos dom´ınios (por exem-plo, H

d > 0.5, aplicando teorias da onda solit´aria).

As forc¸as estimadas ser˜ao ent˜ao bastante afectadas de acordo com a teoria seleccionada. O problema consistir´a em utilizar a teoria que, sendo analiticamente v´alida, tenha tido uma boa comprovac¸˜ao experimental do campo de velocidades que prevˆe. Se poss´ıvel, dever´a ainda ser de simples aplicac¸˜ao, dispensando sofisticados e laboriosos meios de tratamento.

Infelizmente, nem sempre assim se procede. Em primeiro lugar, os problemas nem sempre s˜ao t˜ao simples quanto aparentam. Tamb´em n˜ao existe nenhuma teoria perfeita, quer do ponto vista anal´ıtico, quer em termos de comprovac¸˜ao experimental. Ao contr´ario do anteriormente sugerido, em geral existem v´arios parˆametros de interesse e fundamentais para o estudo de um determinado fen´omeno e poucas ou nenhumas teorias adequadas a uma traduc¸˜ao fiel do comportamento global. Tamb´em os ´ındices de validade anal´ıtica que tˆem sido considerados isoladamente, como por exemplo o grau de satisfac¸˜ao das condic¸˜oes fronteira `a superf´ıcie livre e quantificado para diversas teorias, s´o parcialmente s˜ao correctos.

A teoria linear de Airy apresenta um grau de satisfac¸˜ao das condic¸˜oes fronteira relativamente bom, em ´aguas de pequena profundidade relativa.

A figura3.2apresenta um gr´afico de grande utilidade par´tica, adaptado de Le M´ehaut´e. Nesta figura, os dom´ınios de aplicabilidade pr´atica, das diversas teorias s˜ao delimitados pelo parˆametros adimensionais: H gT2, d gT2, H d e L2H d3 .

(39)

Figura 3.2: Dom´ınios de aplicabilidade de diversas teorias de ondas segundo Le M´ehaut´e ( Veloso-Gomes(1983)).

(40)

Cap´ıtulo 4

Turbinas E´olicas

As turbinas e´olicas foram concebidas para extrair a energia cin´etica do vento, o que ´e conse-guido atrav´es da passagem do vento pelas p´as do rotor, provocando a sua rotac¸˜ao para accionar um veio.

Genericamente, as turbinas e´olicas modernas dividem-se em dois tipos: turbinas de eixo hori-zontal e de eixo vertical. Actualmente, as turbinas de eixo horihori-zontal s˜ao a forma mais comum de turbinas e´olicas utilizadas. S˜ao o ´unico tipo de turbinas instaladas ao largo, sobretudo porque s˜ao mais eficientes e tanto podem ser instaladas perto da costa ou em ´aguas mais profundas.

Grac¸as a desenvolvimentos recentes, as instalac¸˜oes em ´aguas mais profundas oferecem no-vas potencialidades de desenvolvimento. Estas instalac¸˜oes ser˜ao capazes de aproveitar ventos mais fortes em alto mar e representam uma oportunidade de desenvolvimento de mais ´areas de explorac¸˜ao, minimizando o seu impacte visual em terra.

Tal como j´a referido, a energia e´olica resulta da radiac¸˜ao solar uma vez que os ventos s˜ao gerados pelo aquecimento n˜ao uniforme da superf´ıcie terrestre. Uma estimativa da energia total dispon´ıvel dos ventos ao redor do planeta pode ser feita a partir da hip´otese de que, aproximada-mente, 2% da energia solar absorvida pelo planeta ´e convertida em energia cin´etica dos ventos.

4.1

Tecnologia

4.1.1 Classificac¸˜ao de Turbinas E´olicas

As pequenas turbinas com menos de 50 kW servem normalmente para alimentar casas, antenas de telecomunicac¸˜oes, bombas de ´agua, etc. As turbinas de maior potˆencia (existem turbinas de v´arios megawatts) s˜ao geralmente agrupadas em parques e´olicos e a electricidade por elas gerada ´e introduzida na rede de distribuic¸˜ao el´ectrica.

Em termos de potˆencia nominal, a classificac¸˜ao de turbinas ´e a seguinte: • Pequenas turbinas: potˆencia nominal inferior a 30 kW ;

(41)

• Grandes tubinas: potˆencia nominal entre 30 e 1000 kW ; • MultiMW turbinas: potˆencia nominal superior a 1000 kW ;

Segundo Castro(2003) existem turbinas upwind com as p´as viradas para o vento, e turbinas downwind que funcionam de modo oposto, dado que o vento passa pela parte de tr´as da turbina para os rotores. As turbinas e´olicas, cujos componentes est˜ao ilustrados na figura4.1, tamb´em podem ser classificadas de acordo com o m´etodo como a potˆencia ´e regulada em altas velocidades de vento. As turbinas e´olicas reguladas por um mecanismo de perda aerodinˆamica (stall-regulated) s˜ao uma das categorias. Estas turbinas tˆem p´as de rotor de ˆangulo constante que, `a medida que aumenta a velocidade do vento, entram gradualmente em perda (stalled). A segunda categoria s˜ao as turbinas de ˆangulo regulado que, em vez de terem um ˆangulo de rotor fixo, alteram o ˆangulo para regular a potˆencia da turbina e´olica.

Figura 4.1: Componentes de uma turbina e´olica.

4.1.2 Rotor

De acordo com Hansen(2008) o dimensionamento das p´as do rotor, no qual a forma da p´a e o ˆangulo de ataque em relac¸˜ao `a direcc¸˜ao do vento tˆem uma influˆencia determinante, beneficiou do conhecimento da tecnologia das asas dos avi˜oes, que apresentam um funcionamento idˆentico.

Em relac¸˜ao `a superf´ıcie de ataque do vento incidente nas p´as, o rotor tanto pode ser instalado a montante (upwind) ou a jusante (downwind) da torre. A opc¸˜ao upwind, na qual o vento ataca as p´as pelo lado da frente, generalizou-se pelo facto de o vento incidente n˜ao ser perturbado pela torre. A opc¸˜ao downwind, em que o vento ataca as p´as pelo lado de tr´as, permite o auto-alinhamento do rotor na direcc¸˜ao do vento, mas tem vindo a ser progressivamente abandonada, pois o escoamento ´e perturbado pela torre antes de incidir no rotor.

Considera-se como solidez (solidity) a raz˜ao entre a ´area total das p´as e a ´area varrida pelas mesmas. Se o diˆametro e a solidez das p´as forem mantidos constantes, o rendimento aumenta com o n´umero de p´as. Tal se sucede, porque diminuem as chamadas perdas de extremidade.

Imagem

Figura 1.1: Parque e´olico offshore de Vindeby na Dinamarca.
Tabela 1.1: Parques e´olicos offshore em funcionamento.
Figura 2.4: Factor de Rajada.
Figura 3.2: Dom´ınios de aplicabilidade de diversas teorias de ondas segundo Le M´ehaut´e ( Veloso- Veloso-Gomes (1983)).
+7

Referências

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