• Nenhum resultado encontrado

Papel das organizações sociais na política de inserção do menor no mercado de trabalho na região metropolitana de Salvador

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Papel das organizações sociais na política de inserção do menor no mercado de trabalho na região metropolitana de Salvador"

Copied!
76
0
0

Texto

(1)

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ANA CLAUDIA DIAS BISPO

PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NA POLÍTICA DE INSERÇÃO DO MENOR NO MERCADO DE TRABALHO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR.

SALVADOR 1999

(2)

ANA CLAUDIA DIAS BISPO

O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS NA POLÍTICA DE INSERÇÃO DO MENOR NO MERCADO DE TRABALHO NA REGIÃO METROPOLITANA DE

SALVADOR

Trabalho de conclusão de curso apresentado no curso de graduação de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas

Orientador : Prof. Dr. José Roberto Ottoni de Mendonça

SALVADOR 1999

(3)

“Mudou o mundo do trabalho, mudaram os empregos e surgiu então , a necessidade de cuidar do futuro das crianças, num processo que é irmão gêmeo do ensino público. Havia quem cobrasse leis contra o trabalho infantil e

(4)

RESUMO

O tema de pesquisa é o papel das organizações sociais na política de inserção do menor no mercado de trabalho na região metropolitana de Salvador. No primeiro capítulo, far-se-á uma abordagem geral sobre o Trabalho Infantil, aspectos econômicos de Salvador e características do Trabalho infantil: causas; identificação; e sua relação com a educação/escolaridade. No segundo capítulo, far-se-á uma abordagem sobre as estratégias dessas organizações sociais, já no terceiro capítulo, analisar-se-á o papel das organizações sociais, o que dará pressupostos para considerações finais.

(5)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICO 1.1 – Meninos de Rua de Salvador por Sexo em 1993 ... 22

TABELA 1.1 - Meninos de rua de Salvador por faixa etária em 1993 ... 23

GRÁFICO 1.2 – Meninos de rua de Salvador por Faixa Etária em 1993 ... 23

TABELA 2.1 - Atividades de Educação profissional oferecidas em 1996 ... 45

TABELA 2.2 - Atividades de educação profissional oferecidas em 1997 ... 56

TABELA 2.3 - Atividades de educação oferecidas – unidades dos parceiros em 1997... 57

TABELA 3.1 – Número de Crianças e adolescentes nos cursos da OAF, 1997/98 ... 63

TABELA 3.2 - Jovens encaminhados para o mercado de trabalho em dez/97 ... 66

(6)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 8

2. CARACTERISTICAS DO TRABALHO INFANTIL ... 14

2.1 APRESENTAÇÃO... 14

2.2 ASPECTOS SÓCIOECONOMICOS DE SALVADOR... 15

2.3 CAUSAS DO TRABALHO INFANTIL... 24

2.4 IDENTIFICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL ... 28

2.5 RELAÇÃO TRABALHO X ESCOLA ... 31

3. ORGANIZAÇÕES PROMOTORAS DE CONVÊNIOS ... 34

3.1 CENTRO PROJETO AXÉ DE DEFESA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ... 34

3.2 FUNDAÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE... 41

3.3 FUNDAÇÃO CIDADE MÃE ... 46

3.4 CENTRO DE LIBERDADE ASSISTIDA – CELIBA ... 49

(7)

3.6 VOLUNTÁRIAS SOCIAIS DA BAHIA ... 52

3.7 ORGANIZAÇÃO DO AUXILIO FRATERNO... 54

4. AVALIAÇÃO DE ALGUMAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS ... 58

4.1 OBJETIVO DE ALGUMAS ORGANIZAÇÕES ... 58

4.2 ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DE ALGUMAS ORGANIZAÇÕES ... 60

5.CONSIDERAÇÕES FINAIS... 68

(8)

1. INTRODUCÃO

O trabalho infantil é um dos maiores problemas sócioeconômico do país, devido ao grande número de crianças inseridas no mercado de trabalho e ao grau elevado de exploração a que são submetidas. Segundo o Mapa de Mercado de Trabalho no Brasil IBGE, existem 2 milhões de crianças com idade de 10 a 13 anos inseridas no mercado de trabalho. Junta-se a isso o fato de não serem consideradas pelos empregadores como trabalhadores, apesar de exercerem atividades laborais equivalentes aos adultos, na maioria das vezes sem registro, em um ato concreto de ilegalidade, já que a legislação proíbe o trabalho ao menor de 14 anos. A inserção dessa mão de obra no mercado de trabalho está atrelada à questão da renda familiar insuficiente no Brasil, ou seja, à má distribuição de renda . Tal fato obriga crianças a trabalharem precocemente para complementar o orçamento familiar.

Considera-se como trabalho infantil aquele realizado por qualquer indivíduo até 14 anos incompletos, recebendo , como contraprestação do serviço executado , remuneração , independente de esta ser paga de forma direta ao próprio menor ou , indireta, à família da criança, sem considerar nesse contexto a relação de emprego formal, visto que é proibido o trabalho aos menores de 14 anos.

Destaca-se que o conceito de criança e adolescente, aqui utilizado , é o do Estatuto da Criança e do adolescente – ECA ( Lei 8.069/90) , que diz no art. 2º : “ Considera-se como criança, para efeito desta lei, a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e o adolescente aquele entre 12 a 18 anos de idade.”

O problema do trabalho infantil vem sendo noticiado constantemente pelos meios de comunicação do país. Isso em forma de denúncia, em termos de : escravo, semi-escravo, exploração, subemprego, etc. Vale ressaltar que, nesse caso, a realidade apresentada nas manchetes são verídicas. Com isso, organizações governamentais, não governamentais e

(9)

outras organizações da sociedade civil estão articulando na busca de soluções para esse problema. Essa situação de crianças e adolescentes, abaixo de 14 anos no trabalho contraria as recomendações da Organização Internacional do Trabalho – OIT, os preceitos da Constituição Federal de 1988 e do ECA.

O trabalho infantil, vem mobilizando diversos setores da sociedade com o objetivo de resolver a situação em que se encontram essas crianças marginalizadas socialmente, pois, devido a necessidade de trabalharem precocemente, abandonam a escola, uma vez que a sobrevivência é prioridade, e o direito a uma formação é secundário na realidade que enfrentam no dia-a-dia. Assim, prejudicam a sua formação profissional, limitando ou aniquilando a possibilidade de competirem no mercado de trabalho. Pergunta-se, onde fica o direito à cidadania dessas crianças enquanto cidadãos em formação?

O trabalho precoce é um processo de exclusão que vincula o econômico ao social e está relacionado ao mercado informal e à marginalidade. As crianças /adolescentes que trabalham, abandonam a escola, perdendo contato com a instituição capaz de instrumentalizá-las profissionalmente para um mercado de trabalho mais promissor e para o exercício de sua cidadania. Além disso, o trabalho realizado pelas crianças/adolescentes possui alto grau de exploração, pois laboram em atividades insalubres, perigosas e sem qualquer direito trabalhista uma vez que para os empregadores, não são considerados empregados e quando esses reconhecem o vínculo empregatício, pagam salários abaixo do mínimo estipulado em lei.

Segundo informações do Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência (Caderno, 1991), o trabalho infanto / juvenil é danoso pelos seguintes aspectos : exploração no mercado de trabalho formal e informal ; através do trabalho doméstico; não remunerado; remuneração inadequada; apropriação indevida do resultado do trabalho; exploração do trabalho por entidades assistenciais; trabalho em regime de escravidão; condições adversas de trabalho com exposição a acidentes de trabalho; horário incompatível com a faixa etária e desenvolvimento

(10)

físico e o trabalho protegido de deficientes; trabalho perigoso; insalubre e penoso; coação ao trabalho noturno; extensão da jornada do trabalho; trabalho em horário e local que impede a freqüência à escola; inadequação da atividade laboral à idade.

Caracteriza-se uma dupla exclusão- da escola e da relação de trabalho negada, fato que se constitui exploração. Ressalta-se que o trabalho infantil tem origem na estrutura sócioeconômica , pois está vinculado à má distribuição de renda que obriga os pais a colocarem seus filhos para trabalhar, tendo em vista a necessidade de aumentar a renda familiar insuficiente, como já foi mencionado.

Com isso, fica evidenciado a relevância em eleger a questão do trabalho infantil como objeto de estudo. E a forma mais coerente de analisá-lo , nesse contexto de mobilizações entre Estado e Sociedade Civil, é observando o que está sendo feito para resolver essa situação , através de programas governamentais e não governamentais, instituições de apoio a essas crianças/adolescentes marginalizados.

Nos últimos anos, as modificações na forma de agir do Estado fizeram surgir, no âmbito da sociedade civil, diferentes tipos de organizações que passaram a cumprir algumas funções tradicionalmente desempenhadas na esfera estatal, assim configurando o surgimento de um terceiro setor. Em países como o Brasil, que apresenta limites impostos pela precariedade de seu desenvolvimento e das condições de vida da população , a demanda por ações

sociais vem mobilizando diversos segmentos da sociedade, numa afirmação de solidariedade e cidadania.

Desenvolvendo atividades em parceria com o Estado, sem , no entanto, pretender substituílo, o terceiro setor vem ganhando força em todo mundo e também no Brasil. Este se define pela característica das ONGS como instituições que têm natureza de pessoas jurídicas de direito

(11)

privado, sem finalidade econômica, com a função de executar trabalho social e público, atuando ao lado do Estado e enfrentamento os ditames do mercado, como agentes de vital importância para o desenvolvimento social.

As organizações sociais criadas hoje pelo Estado já existiam com outras características jurídicas, e prestando serviços em vários setores, predominantemente no social. Por iniciativa da sociedade, há muito existem no Brasil entidades assistenciais, filantrópicas que, em parceria com o Estado, atuam oferecendo vários tipos de serviço à população pobre.

Quanto às ONGs, tornaram-se centros de recursos humanos (assessorias, informações, matérias pedagógicos, formação, elaboração de projetos, etc.) postos de serviço das associações comunitárias e dos movimentos sociais. Criou-se , dessa forma, um circuito não governamental de cooperação que tem sido capaz de articular iniciativas tomadas nos diversos planos da sociedade civil.

“As organizações sociais, constituir-se-ão em entidades privadas reconhecidas pelo Estado, à semelhança das atuais entidades de utilidade pública, na condição de entes privados que colaboram com a administração.” ( Ribeiro, 1997, p.20).

“A diferença entre essas organizações sociais e as ONGs repousa no fato de que por serem as primeiras instituídas pelo Estado, sua estrutura e processos administrativos estão vinculados a recursos públicos, normatizados e fiscalizados por órgão público do Estado, devendo submeter-se a um contrato de gestão e à apreciação do Tribunal de Contas. Está última condição já está em vigor para as entidades que recebem repasses de recursos para atuarem prestando serviços de utilidade pública.” (Ibid., p.27)

Essas organizações, encontram-se no terceiro setor, que se define pela conjugação de características do setor privado, e do setor público, nele encontrando-se organizações que , mesmo sendo juridicamente de caráter privado, não têm fins lucrativos. Nesta ampla conceituação cabem universidades, fundações, entidades assistenciais, associações

(12)

filantrópicas, institutos de pesquisa, entre outros. O movimento pela inclusão supõe o fortalecimento desse terceiro setor , quando se trata de organizações de prestação de serviços sociais. Essas organizações se caracterizam por cultivarem um forte sentimento de identidade em relação ao público alvo das ações que refletem o verdadeiro sentido da cidadania.

Dentro do terceiro setor, inicialmente, situam-se as organizações não-governamentais que tinham por princípio a luta anti-governamental, ou seja, a busca de realização de políticas opostas à ação de Estado. Gradativamente foram-se estruturando e ganhando credibilidade, resultando no reconhecimento da sociedade e apoio do próprio Estado.

O fortalecimento do terceiro setor, mais especificamente dessas organizações de prestação de serviço social, congrega o espírito das ações de forma mais independente, fora da máquina estatal, reunindo esforços financeiros de setores privados da sociedade, não só local, mas também internacional, como também o próprio estado, dando mais leveza e agilidade às respostas das questões sociais.

Identificado o universo a ser pesquisado, cabia a escolha da metodologia. A parte operacional foi dividida em análise documental e observação direta. Para a primeira foram utilizadas publicações: oficias( anuários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE e da Superintendência de Estudos Econômicos da Bahia/SEI); e relatórios de instituições envolvidas nos programas para inserção de menores no mercado de trabalho.; coleta de dados quantitativos, periódicos como suporte para avaliação da repercussão do tema nos meios de comunicação e a forma como vem sendo apresentado à sociedade civil. Com relação à observação empírica, foram realizadas entrevistas aos membros das instituições. As constatações e análises efetuadas ao longo do trabalho, deram origem as conclusões.

No primeiro capítulo, far-se-á uma abordagem geral sobre o Trabalho Infantil, aspectos econômicos de Salvador e características do Trabalho infantil: causas; identificação; e sua relação com a educação/escolaridade. No segundo capítulo, far-se-á uma abordagem sobre as

(13)

estratégias dessas organizações sociais, já no terceiro capítulo, analisar-se-á o papel das organizações sociais, o que dará pressupostos para considerações finais.

(14)

2. CARACTERISTICAS DO TRABALHO INFANTIL

2.1 APRESENTAÇÃO

A marca da sociedade brasileira é o autoritarismo e o tratamento excludente dado à população mais pobre, criando uma divisão entre “ cidadãos” e “ não-cidadãos ” nas relações sociais em todo o país. Falando de direito do cidadão, ao longo dos anos muitas conquistas foram alcançadas , particularmente no plano dos direitos civis e políticos. Mas a cidadania inclui além desse, os direitos sociais que se referem às condições de vida e trabalho e ao acesso a bens e serviços reconhecidos pela sociedade.

Esses direitos podem ser entendidos como básicos e ainda não totalmente conquistados, porque ser pobre identifica-se à inviabilidade da vida material, comer, vestir, habitar, sonhar, desejar, projetar, acesso a lazer e cultura. É a partir da análise sobre a pobreza que se pode conceituar a exclusão. O não-estar, o não possuir, o não-pertencer.

E hoje o Brasil é uma das sociedades mais injustas, violentas e excludentes ( ver relatório comparativo de 1990 da ONU sobre condições de vida no planeta). A realização da condição humana é barrada de mil maneiras, atingindo não só os meninos de rua como todos: as crianças , os adultos , os idosos, os 80% da população que vivem na pobreza. Tratando-se de capitalismo, o regime sócioeconômico que temos é de exclusão e tem como cerne principal , a exclusão do mercado. É difícil encontrar no Brasil uma mercadoria que na cadeia produtiva

não tenha por trás a marca da mão de uma criança, a exemplo o sisal na Bahia.( Sisal, 1995)

Estima-se em milhões o número de crianças que trabalham ou mendigam nas ruas das grandes cidades brasileiras. Milhares são vítimas de toda sorte de exploração e violência, inclusive os chamados grupos de extermínio. Não bastassem as trágicas seqüelas do desequilíbrio social e econômico que pune nossas crianças, até com o trabalho escravo, penoso ou perigoso, um exército cada vez mais numeroso de crianças e jovens de todas as idades ocupa as ruas das

(15)

metrópoles, onde se fazem presas fáceis da exploração, da opressão, do lenocínio e da violência, inclusive da parte do Estado a quem por princípio, incumbe a obrigação de protegê-las.

Em Salvador, apesar do significativo crescimento e modernização econômica dos últimos anos, a oferta de empregos permanece bem longe das necessidades de uma força de trabalho ampla e crescente, acirrando a competição pelos postos existentes e empurrando grandes contingentes da mão-de-obra para o desemprego ou para as ocupações precárias do chamado setor informal. Em tais circunstâncias, as oportunidades dos jovens tornam-se bastante reduzidas, até porque a grande maioria deles tem uma baixa escolaridade, não obteve qualquer chance de qualificação profissional e, sendo na maioria negros, são por isso, ainda mais discriminados.

2.2 ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS DE SALVADOR

Salvador, é a terceira cidade brasileira em termos populacionais, com um total de 2.072.058 habitantes em 1992( segundo anuário estatístico de 1992), onde 42,6% do total da população são Crianças e adolescentes . Na estrutura etária da população, 40% da população infanto-juvenil estão na faixa pré-escolar(0 a 6 anos); cerca de 30% ( 7 a 14 anos) e 16% (11 a 14 anos) potencialmente vinculados ao ensino fundamental. A faixa etária dos que têm entre 15 a 17 anos representa 14% do contingente infanto-juvenil.

No que concerne a sua taxa de emprego, no ano de 1992( mesma fonte) , sua taxa de emprego caiu 2,46 % , o que correspondeu à eliminação de 14.753 postos de trabalho. No Estado da Bahia em seu conjunto, entre março de 1990 e junho de 1992, a redução foi de 46.862 empregos. ( Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística / Pesquisa Mensal Emprego). Em 1990, os 20 % mais pobres apropriavam-se de apenas 2,8% da renda total, e os 20% mais ricos, de nada menos que 69.5%. Os dados de renda mostram como o modelo de

(16)

desenvolvimento econômico regional reforçou a desigualdade social. Depois de décadas de crescimento a Bahia apresenta uma das distribuições de renda mais desiguais do país, ocupando o primeiro lugar, no Nordeste, na escala de renda média dos 10% mais ricos e apenas o quarto lugar na renda média dos 20% mais pobres. Isto mostra que o crescimento da economia estadual tem beneficiado , até aqui, uma parcela minoritária da população , deixando intocados os bolsões de pobreza situados, em boa parte na zona rural, mas cada vez mais presentes e ampliados , também nos centros urbanos e, inclusive , na região metropolitana de Salvador. Em 1993 , 397.278 famílias baianas sobreviviam com menos de 1 salário mínimo mensal e 362.198, com menos de 2 salários mínimos, além de 34.747 sem rendimento. Já em Salvador, cerca de 42% das crianças e adolescentes vivem em famílias com renda mensal per capita de no máximo R$ 50,00, desse contingente , 270.00 meninos entre 10 a 14 anos já trabalham, e 63% dos quais recebendo menos de 1/2 salário mínimo mensal por 40 horas ou mais de trabalho semanal.

Na RMS, no geral, o subemprego corresponde a 35% da população economicamente ativa e aproximadamente 30% da população vive em invasões, localizadas nas periferias, cada vez mais distantes do centro comercial e dos serviços, o que problematiza o acesso aos locais potenciais de trabalho, agravando as condições de pobreza e limitando suas estratégias de sobrevivência.Com 450 anos, Salvador tem apresentado nas ultimas décadas um intenso processo de urbanização, caracterizado por transformações sociais, econômicas e espaciais , subordinada à dinâmica da industrialização, que articulam em sua atualidade o moderno e o antigo, inserindo-se no processo global de desenvolvimento, contendo um dos custos de vida mais elevado do país , com serviços urbanos ultrapassados e insuficientes.

A formação da sua população, dada a sua história de centro político e social na época da colônia , é dada pela influência de suas elites rurais e pela escravidão, cujas heranças culturais profundas estão presentes na constituição étnica de sua população ( 90% da qual tem origens negras) nos mitos e nas crenças que povoam seu cotidiano, acompanhando seu processo de modernização.

(17)

Na sua expansão demográfica, um dos mecanismos mais importantes , desde os anos 40, tem sido os fluxos migratórios vindos do interior do Estado, devido a expulsão dessa mão-de-obra nas regiões baianas, constituídos em sua maior parte por uma população empobrecida pela inviabilidade de sua reprodução social como pequenos produtores rurais ou trabalhadores assalariados do campo. A taxa de migração líquida no crescimento populacional da cidade se manteve nas ultimas décadas em 45%.

A integração desta população no padrão de desenvolvimento urbano sempre foi frágil e periférica, dado os seus baixos níveis de escolaridade e de especialização , que inviabilizam sua vinculação a setores capazes de oferecer níveis salariais mais altos e, em decorrência , melhores condições de vida. Este ciclo que destrói as atividades trabalhistas no campo e mobiliza a população na direção dos centros urbanos, faz crescer a pressão a nível do mercado de trabalho e dos serviços básicos e redefine o padrão de ocupação dos espaços da cidade.

Existe uma nítida relação entre as variáveis demográficas e as variáveis econômicas. Na região metropolitana de Salvador, na década de 90, ocorreu uma redução absoluta no número de crianças de 10 a 12 anos, e na faixa etária de 10 a 14 anos, uma estabilização, no sentido de um decréscimo na taxa de natalidade e, como conseqüência, ocorreu uma tendência de diminuição relativa nas faixas etárias menores. Outro dado populacional relevante é a diferenciação da fecundidade segundo variáveis de posição sócioeconômicas e a localização de moradia (urbana/rural).

Logo, o processo de redução da fecundidade está relacionado com : crescimento da população urbana, redução relativa e absoluta da força de trabalho agrícola, aumento da população feminina no mercado de trabalho, aumento da participação do setor industrial e de serviços na geração de renda interna, aumento da renda per capita, entre outros. De outra forma, pode-se afirmar que a transformação das relações econômicas e sociais, determinam as formas de

(18)

organização familiar e o modo de incorporação na economia mercantil-capitalista. A cidade se produz e reproduz a partir dos movimentos de sua economia, ainda predominantemente terciária .

Devido a concentração urbana que vem acontecendo nos últimos anos , Salvador têm expressado uma situação recessiva, que vigora em todo país, onde a inflação anual que em 1992 foi de 1.160% e o declínio de aproximadamente 10% do PIB(PRODUTO INTERNO BRUTO) per capita, indicando o grau de empobrecimento de sua população . Destacam-se como indicadores dessa situação ,as circunstancias abaixo relacionadas:

• A crescente retração dos níveis de emprego na região metropolitana de Salvador.

• A ampliação do setor informal da economia. Salvador é a cidade que apresenta a mais alta taxa de subemprego do país ( 35% da população economicamente ativa), e revela a tentativa de superação do desemprego pelo trabalho precário, sem garantias trabalhistas ou de seguridade social.

• A concentração dos índices maiores de desemprego nas faixas etárias superiores a 25 e 40 anos, onde está situada relevante proporção dos chefes da família , e na faixa entre 15 e 19 anos , que corresponderia ao grupo de filhos mais aptos para inserção progressiva no mercado de trabalho .Como decorrência inevitável , um número cada vez maior de membros da família , incluindo a mãe e os meninos com menos de 14 anos, precisa integrar-se na busca de alternativas. Pesquisa do DIEESE sobre o trabalho infantil urbano ( Trabalho 1998) , verificou que a maior parte das crianças trabalhadoras vêm de famílias tradicionalmente constituídas, com pai, mãe e irmãos morando juntos e que , na maioria dos casos, pai e mãe trabalham, ganham muito pouco e exercem grande variedade de profissões . Sobre as crianças pesquisadas verificou-se : fazem trabalho de adulto,

(19)

cumprindo longas jornadas; a maioria ganha menos de um salário mínimo; grande parte trabalha de cinco a sete dias por semana; não realizam nenhum tipo de treinamento ou trabalho pedagógico; a grande maioria não tira férias; um terço delas começou a trabalhar antes de dez anos.

• A expulsão , para as periferias cada vez mais distantes, dos locais e moradias populares, que se tornam progressivamente precárias e insalubres. A questão de moradia é grave em Salvador, a maioria dos setores censitários que apresentam os índices mais altos de crescimento do número de domicílios, correspondem a “invasões” ou favelas, que são áreas habitacionais que se formam por ocupação espontânea e direta da população , sem consentimento, intermediação ou comercialização dos proprietários, seja do setor público ou privado. Este processo geralmente está associado à auto-construção de moradia e às condições mínimas de habitabilidade e de suprimento dos serviços de água, luz e transporte. A problemática do tipo e do custo de deslocamento de casa para os locais de trabalho é um dos mais sérios limites para as populações alojadas nesta áreas , agravando suas condições de pobreza, limitando e desarticulando suas estratégias de sobrevivência.

• No interior da conjuntura, o equilíbrio já frágil dos núcleos familiares , dificilmente resiste, em rupturas e pressões. Com a recessão e o desemprego trazendo alterações na saúde , com mudanças comportamentais à situação pessoal do chefe de família. Trata-se de um ciclo em que , reduzida a autonomia e a auto-estima do responsável formal da família, a impotência diante dos problemas , associada à subnutrição, provocando a doença e o descontrole emocional. O relacionamento interno da família se redefine o filho que, se por um lado, é um peso enquanto cobrança de uma responsabilidade arquétipica, por outro lado é, com quem o pai precisa dividir o papel de provedor “na medida em que a contribuição de cada um passa a ser fundamental para reprodução do grupo. Esta ambigüidade de papéis e a relativização dos normas e valores diante do agravamento dos níveis de pobreza , não raro se expressa em violência, elemento básico da desagregação familiar.

(20)

Além das considerações expostas, dois processos diferenciados ocorrem e condicionam ao nível de pressão interna causada pela crise: o desemprego prolongado associado à inserção de grande parte da família na produção da subsistência e as distâncias das habitações dos centros dinâmicos da cidade onde as alternativas se encontram, afastam cada vez mais os membros da família uns dos outros pela dificuldade de voltar para casa todos os dias, pela degradação das relações em meio à pobreza.

É assim que, quando os setores organizados da sociedade não absorvem a demanda social existente , a própria sociedade transborda para as ruas as conseqüências desta contradição. E as ruas da cidade têm se tornado em espaço de revelação do estágio civilizatório para qual involuímos.

Neste sentido, um fenômeno cada vez mais visível em Salvador, assim como na maioria dos grandes cidades brasileiras, é a existência das populações de rua. Diferente do migrante, cujo movimento campo cidade é orientado na busca de condições mais dignas para viver , o povo das ruas ,aí está porque não alcançou este objetivo.

A existência deste segmento é o resultado de perdas sucessivas, da terra, do trabalho, do elo familiar de sua identidade social, da perspectiva de futuro, convivendo com esta realidade, gerados por ela, estão também nas ruas meninos e adolescentes. Vindo das periferias, os maiores competindo com os adultos, nas margens do mercado de trabalho, a maioria sem condição de estudar, quer pelo limite de oferta de escolas ou pela inadequação pedagógica da grande maioria , quer pelos limites da pobreza, estão nas ruas para sobreviver. Esta sobrevivência, marcada por graves riscos físicos e sociais , potencializa nas ruas o drama e as rupturas da história de cada um e, certamente no seu destino, compromete o destino da sociedade .

(21)

Convivendo com esta realidade , gerados por ela, crianças e adolescentes estão nas ruas para sobreviver e muitos pela necessidade de colaborar com a sobrevivência de suas famílias, num cotidiano marcado por riscos de toda a natureza .

Dados de um levantamento de rua em 19931, revelam o agravamento das condições sociais , comparando ao levantamento de rua de 1990, resultante da conjuntura geral vivida pela cidade e país. Acharam 15.743 meninos, com uma taxa de crescimento de 31% referente a 1990. Dividiram nas seguintes situações:

Esmolando :

Ano Número Percentual 1990 133 2.3% 1993 148 3.4%

Crianças na faixa etária abaixo de 10 anos:

Ano Número Percentual 1990 436 7.5% 1993 533 9.7 %

(22)

Trabalhando ( 1993) :

Número Faixa Etária Percentual 140 0 a 5 anos 23% 974 5 a 10 anos 30% 3.196 10 a 15 anos 44% 2.467 15 a 17 anos 53%

A maioria dos meninos de rua são do sexo masculino, 86% deles, e quase 46% deles está na faixa etária de 10 a 15 anos

GRÁFICO 1.1 – Meninos de Rua de Salvador por Sexo - 1993

Fonte: Centro do Projeto Axé de Proteção e defesa a Criança e do Adolescente, Meninos que vivem nas ruas de Salvador, Mapeamento de Contagem, 1993.

1 Projeto Axé, dados preliminares da contagem dos meninos que vivem nas ruas de Salvador - 1993

MENINOS DE RUA - 1993

86%

14% Masculino

(23)

TABELA 1.1 - Meninos de rua de Salvador por faixa etária

Faixa Etária Número

Menos de 5 anos 589

5 a 10 anos 3.204

10 a 15 anos 7.274

15 a 17 anos 4.676

Total 15.743

Fonte: Centro do Projeto Axé de Proteção e defesa a Criança e do Adolescente, Meninos que vivem nas ruas de Salvador, Mapeamento de Contagem, 1993.

GRÁFICO 1.2 – Meninos de rua de Salvador por faixa Etária - 1993

Fonte: Centro do Projeto Axé de Proteção e defesa a Criança e do Adolescente, Meninos que vivem nas ruas de Salvador, Mapeamento de Contagem, 1993.

MENINOS DE RUA DE SALVADOR POR FAIXA ETÁRIA - 1993 4% 20% 46% 30% Menos de 5 anos 5 a 10 anos 10 a 15 anos 15 a 17 anos

(24)

Vale ressaltar que a rua é para uma parcela de meninos um espaço de múltiplo fazer, onde buscam sobrevivência , sua e de sua família, alternando o trabalho com a brincadeira , esmolando, perambulando e até mesmo praticando atos ilícitos . Expressão de uma dicotomia existente na sociedade , numa divisão que condiciona seu destino à morte precoce ou a marginalidade , no limite que lhe nega o futuro.

2.3 CAUSAS DO TRABALHO INFANTIL

Diversos trabalhos têm enfocado o tema do fatores que levam determinadas crianças à incorporação precoce no mercado de trabalho. É bastante aceita a idéia de que as dimensões, as características do trabalho infantil, dependem, essencialmente, de dois fatores.

• A pobreza, que obriga as famílias a adotar formas de comportamento que incluem oferta de mão-de-obra dos filhos menores de idade;

• A estrutura do mercado de trabalho, que oferece espaços apropriados a incorporação desse contingente específico de mão-de-obra;

Para Spindel, a parcela de contribuição dos diferentes membros da família ao orçamento , já é bastante socializada entre os seus componentes, cabendo sobretudo aos jovens e menores uma respeitável parcela de contribuição neste (Spindel, 1985)

Já Barros & Mendonça (1996) entende que a renda familiar per capita inclui a renda dos menores e, portanto, isto não só afeta a decisão do menor trabalhar, como também a firmar o enfoque anterior.

(25)

Vale ressaltar que, as possibilidades de incorporação efetiva ao trabalho estão vinculadas, por um lado, ao baixo custo e a docilidade reivindicativa e política desta mão-de-obra e, por outro lado, suas características biológicas que a tornam mais apropriadas a determinadas tarefas em contexto tecnológicas específicos. A viabilidade econômica da exploração do trabalho infantil está na maximização da utilização da mão-de-obra , com baixa incorporação de capital.

Entretanto , são observadas algumas peculiaridades no que diz respeito a forma como o trabalho infantil é visto nos contextos urbanos e rurais. Ao contrário do trabalho infantil em atividades rurais, que a sociedade naturalmente rejeita, o trabalho urbano é mais tolerado por esta. A valorização excessiva do trabalho como solução para os problemas sociais, faz com que as pessoas acreditem que o trabalho é bom para o desenvolvimento destas crianças.

A capacidade de sobrevivência nas cidades brasileiras faz delas crianças e adolescentes a um só tempo, inocentes e no universo, donas do mundo sem acesso à praticamente nada. Sabem um pouco de tudo através dos ruídos das ruas.

O aumento da pobreza e o achatamento da renda familiar, ou seja, a baixa renda das famílias e a situação de desemprego que vive a população mais carente , é de tal proporção que a renda ganha com a venda da força de trabalho, proporciona a essas famílias um nível de consumo inferior aos padrões mínimos de vida aceito pela sociedade atual, viabilizando uma inserção precoce dos filhos para complementar a renda familiar.

A “infantilização” do mercado, ou a entrada precoce nesse mercado tem, na verdade, uma relação muito forte e estreita com a situação de pobreza em que vive o núcleo familiar , mesmo considerando as variáveis socioculturais que influenciam a gênese do trabalho infantil.

(26)

A pobreza compele os menores de idade para o mercado de trabalho . A relação entre pobreza e trabalho infantil é intensa, embora comporte exceções relacionadas com aspectos socioculturais e ocupacionais. As crianças das famílias pobres das regiões mais pobres, começam trabalhar mais cedo e em condições de trabalho mais árduas. Além de ser uma estratégia de sobrevivência, o trabalho de crianças pobres é, ao mesmo tempo , estratégia de inserção social das famílias.

Um aspecto adicional que emerge das origens histórica da cidade é a articulação entre raça e pobreza, como variáveis que definem a participação precoce do mundo do mercado de trabalho em Salvador, 20% da PEA entre 10 e 14 anos, são negros, enquanto os brancos na mesma faixa etária é 5%2.

O que merece registro é que o trabalho infantil, no cenário mundial , ocorre em famílias mais vulneráveis, cuja renda é insuficiente para arcar com suas necessidades básicas. Os gastos com saúde e uma alimentação mínima, provocam o endividamento e, em conseqüência, a submissão às situações de trabalho infantil ou até a mesmo a “venda” das crianças , jogando-as no regime de escravidão.

Essa situação é atribuída à pobreza, à desigualdade social e à excessiva concentração da renda, que vem se perpetuando , sem que tenham sido constatados avanços nesse sentido, apesar do crescimento da economia estadual. Os bolsões de pobreza da zona rural permanecem , enquanto aumentam os dos centros urbanos. Algumas famílias ainda exercem pressão sobre os filhos para mantê-los no trabalho, como forma de complementar a renda, muito baixa (4º relatório MTB). A pobreza e a pressão familiar são forças que conduzem a criança e o adolescente prematuramente ao trabalho .

2 Ministério da Ação Social, CBIA, Terra Nova, UNICEF – 1992. Axé, uma parceria com a vida: suas crianças e adolescentes. O que está sendo feito?

(27)

O crescimento da proporção de crianças na força de trabalho permite supor que a piora nas condições de subsistência das famílias obrigou a intensificação da inserção ainda mais prematuramente na força de trabalho. Esta tendência , numa conjuntura adversa , deve Ter sido facilitada em função das crianças incorporarem-se a atividades precárias, sujeitas a descontinuidades e pouco diversificadas. Já os adolescentes , que disputam uma faixa de ocupações um pouco mais estáveis, ficaram mais expostos ao impacto da retratação do emprego verificada ao longo da década. E o que se lucrou em cima destas crianças e adolescentes já estará privatizado e capitalizado há muito tempo e o prejuízo mais uma vez, será socializado.

Sem dúvida, para garantir a sobrevivência , as famílias carentes necessitam complementar sua renda através do trabalho dos filhos. Não se pode afirmar , entretanto, que a pobreza sempre resulta no trabalho precoce ou que seja a única causa. Existem famílias pobres que mantêm seus filhos fora do trabalho e na escola , e existem países pobres, ou regiões desses países, em que o trabalho infantil não é freqüente.

Miséria e a necessidade de sobrevivência causam a inserção prematura no mercado de trabalho, com prejuízos graves à saúde e à vida escolar. Por outro lado, a decisão de trabalhar, especialmente entre os adolescentes, pode está ligada a expectativas e desejos não necessariamente pela condição de pobreza. Menores que desejam ter independência financeira , ou não querem depender da família pela vontade de adquirir certos bens típicos da sociedade consumista.

A ocorrência ainda que declinante de jovens trabalhadores originários de famílias com rendimento per capita superior a um salário mínimo, permite supor que , para além daqueles que buscam o mercado pela necessidade de contribuir na recomposição do padrão salarial da família, também há, os que se tornam trabalhadores para atender aspirações de ordem pessoal. Sejam estas ditadas pelo desejo de maior independência em relação aos pais, ou pela vontade

(28)

de atender aos apelos do consumo de bens e serviços considerados dispensáveis, não essências para a sobrevivência, numa margem bem menor.

Enfim, foi argumentado anteriormente que o trabalho infantil perpetua a pobreza entre gerações. Por conseguinte, as políticas de combate a pobreza devem abranger o combate ao trabalho infantil, ressaltando que essas políticas não antecedem e sim devem ser concomitantes às políticas de inclusão social de populações marginalizadas.

2.4 IDENTIFICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL

O trabalho infantil é exercido em quase todos os setores da economia, mas predomina naqueles em que é mais fácil burlar a lei, dado o alto grau de precariedade em que se encontram as relações de trabalho. São os serviços em geral : venda de jornal, oficina mecânica, comércio, panificação, marcenaria, serraria, vigilância, supermercado, guardas mirins, empresas públicas, um certo tipo de indústria, como as olarias e as fábricas de fundo de quintal e o trabalho realizado em casa de família os que absorvem essa mão-de-obra sendo, mecânica, comércio e serviços, os setores que mais absorvem e no caso das meninas as atividades domésticas. Enfim, localizar o trabalho infantil, é localizar o trabalho precário e eventualmente ilegal.

Hoje, em toda a parte o crescimento do setor serviços, dos empregados de meio expediente, das relações de trabalho precarizadas, facilita a entrada de crianças no mercado de trabalho.

Mesmo sendo a população majoritariamente urbana, o trabalho de menores de 14 anos na Bahia é predominante nas atividades agrícolas. As crianças do meio rural são componente importante da força de trabalho e, desta forma, ajudam compor a renda familiar. O paradoxo

(29)

dessa situação é que, quanto mais pobre a família, mais precocemente e mais intensamente as crianças trabalham e, no entanto, o trabalho das crianças não possibilita o aporte de recursos para superar as barreiras da pobreza. Ao contrário , condena essas crianças à pobreza. Famílias de trabalhadores pobres colocam crianças em tenra idade para comporem a renda familiar, via de regra o trabalho de crianças e mulheres nas atividades econômicas serve para aumentar a oferta de mão-de-obra e aviltar o pagamento do trabalho masculino adulto.

Hoje, através dos meios de comunicação, têm sido evidenciados, casos de trabalho de menores que envolvem situações de risco físico ou que foram considerados intoleráveis, como semi-escravidão, expressão humilhante para crianças. A matriz escravista de nossa sociedade está ainda presente no cotidiano brasileiro, visível através de nossas crianças, lembrando que, no Brasil colônia os filhos dos escravos eram criados na casa dos senhores feudais , tornando-se empregados domésticos.

É importante analisar a demanda dessa mão-de-obra infantil e seus mitos. As duas principais justificativas dessa demanda referem-se a uma suposta destreza e ao custo mais baixo de mão-de-obra infantil , se comparada à dos adultos. Porém dificilmente se comprovaria que crianças conseguem produzir mais e melhor que os adultos, se colocados lado a lado, ou que uma suposta redução de custo seria tão significativa a ponto de não poder ser absorvida pelos vendedores e compradores do produto.

“ A verdade é que as crianças estão substituindo adultos nos postos de trabalho e a redução do custo não é significativa. O trabalho infantil não é economicamente necessário, as razões da demanda são em verdade: as crianças desconhecem seus direitos , são dóceis e acatam melhor as ordens, realizam trabalhos monótonos e tarefas repetitivas sem queixas, geralmente não faltam ao trabalho, não se importam de realizar tarefas bastantes subalternas, respondem bem ao comando sem se rebelar e são mais dignas de confiança. (VILELA, 1998)

(30)

A falta de alternativa da família na luta pela sobrevivência vai ao encontro dos interesses daqueles que exercem suas atividades econômicas lucrando com a injustiça social e com a fragilidade dos instrumentos estatais e sociais de controle. O trabalho de crianças e adolescentes , quando exercido nas ruas, é sempre objeto de maior preocupação, dada a visibilidade e o conseqüente impacto que provocam a opinião pública. As manifestações em relação a este fenômeno são as mais diversas. Podem ser marcadas por um certo horror “há perigos na rua “, pelo fatalismo determinismo “aos pobres só resta trabalhar”, ou até mesmo geram ações que se traduzem em filantropia, na formação de entidades e de grupos de pressão que buscam atuar na perspectiva de melhorar as condições de vida das crianças prematuramente atiradas ao jogo da sobrevivência.

Esta visibilidade do trabalho infanto-juvenil nas ruas é conseqüência da estruturação das atividades econômicas na região, profundamente marcada por elevada ocorrência de pequenos negócios organizados nos moldes do chamado setor informal, este sim, o grande“empregador” de trabalhadores com idade inferior a 18 anos.

É importante ressaltar que tal situação além de ser fruto de aspectos estruturais, que levam à absorção dos mais jovens como meio de escapar aos encargos sociais, insuportáveis para os pequenos negócios , também é agravada pela generalizada subestimação dos trabalhadores com idade inferior a 18 anos e das atividades a que geralmente se vinculam.

Já as crianças e adolescentes do sexo feminino, ainda que estejam exercendo ocupações que as deixam menos expostas, não podem ser vistas como privilegiadas. Estão sujeitas a uma exploração invisível, confinada entre as quatro paredes das casas a que servem como empregadas domésticas. Diante dessa situação, crianças e adolescentes sobretudo das periferias, transformam-se no alvo mais específico desse conflito. A imagem da criança

(31)

carente, violentada ou injustiçada passou a ser confundida com a do marginal comum, aquele que a sociedade quer ver eliminado3.

1.5 RELAÇÃO TRABALHO X ESCOLA

O crescimento já alcançado pelo sistema escolar baiano está longe de ser suficiente em quantidade e qualidade. Embora seja considerada prioridade em todos os programas governamentais, persistem os mesmos problemas não resolvidos pelas sucessivas reformas. Na década passada, surgiram novos entraves e outros se acentuaram, decorrentes, a maioria deles, das mudanças econômicas e sociais mais recentes do país, que aprofundaram as desigualdades sociais.

“A evasão escolar no ensino público é um dos principais problemas da educação no Brasil. No Estado da Bahia, o índice de abandono dos alunos atinge até 50% dos alunos matriculados. Além disso, a repetência e o analfabetismo assustam os educadores. De cada 10 alunos matriculados na 1º grau, pelo menos cinco abandonam os estudos, antes de terminar o ano letivo...” ( Evasão,1997)

Evidentemente que a desvalorização da profissão de “Mestre” tem um reflexo na qualidade do ensino. Também é quase impossível que o sistema funcione bem com os alunos famintos, cansados e desestimulados, podemos dizer que é inviável seu bom funcionamento quando alunos e mestres se encontram no mesmo patamar.

A insuficiência de vagas, principalmente a nível de 1º grau, a evasão e a repetência, atingindo principalmente a população de baixa renda, na periferia urbana e do meio rural, são problemas

3 Bairros, Luíza, Crianças e adolescentes no mercado de trabalho em Salvador, Força de Trabalho e emprego, v.9, n.º 03/ st/dez 92

(32)

comuns e antigos que, aliados à fome, ao cansaço e a professores que trabalham com quase nenhum estímulo, inviabilizam bons resultados. A escola na maioria das vezes tem carência de distribuição de merenda, professores ganhando salário mínimo, além do pagamento quase sempre atrasado.

A necessidade de sobrevivência expulsa a criança da escola. Criança/Adolescente é “excluída” da escola por contingência sócio-econômica, tendo em vista a necessidade de sobrevivência . A família requer a presença da criança nas atividades devido a necessidade de complementação de renda familiar.

Nos dados de freqüência à escola e de PEA, constata-se que, à medida que a idade avança , cai a taxa de pessoas que freqüentam a escola, enquanto aumenta o percentual de pessoas economicamente ativas. Mesmo levando em conta a existência de outras forças que atuam sobre o fenômeno da evasão escolar, é possível assinalar a importância da variável trabalho. Alia-se a isso as condições precárias da escola pública e do professor.

Uma das principais causas da repetência escolar , além de uma escola pouco motivadora, que não provoca interesse no aluno e onde aprender é muito difícil , é o fato de estarem trabalhando. Crianças que trabalham cinco dias por semana durante longas horas, muitas vezes , são obrigados a se inscrever em cursos noturnos ou a fazer lição de casa à noite. Com isso estudam irregularmente ou até não estudam, apenas freqüentam a escola.

A maioria das crianças que trabalham tem muito pouco tempo ou oportunidade para brincar e praticar esportes. Seu dia é preenchido pela escola, pouco interessante e nada motivadora e pelo trabalho não qualificado.

(33)

Estudos indicam que, na área urbana, a taxa de participação de menores no mercado de trabalho inicialmente decresce com a escolaridade, sendo maior entre aqueles que nunca freqüentaram escola do que entre os que têm de 1 a 4 anos de estudos completo. O trabalho precoce, está associado a evasão escolar.( Brasil, 1998)

O conflito entre trabalho e escola tem desdobramentos imediatos por causa do impacto do trabalho precoce sobre a evasão escolar e, no longo prazo, sobre a escolaridade obtida. No primeiro caso, a literatura sobre o tema atesta que há uma relação inversa entre trabalho precoce e freqüência escolar (Barros, 1996) , e a segundo, a relação é inversa quando as próprias famílias pobres percebem a má qualidade da educação e preferem retirar ou não colocar as crianças na escola, conduzindo-as precocemente ao mercado de trabalho. Trabalho e educação são atividades que, no curto prazo são competitivas. As crianças, de forma geral, deveriam estar na escola e não no trabalho. O trabalho precoce como causa da transmissão de pobreza entre gerações, fundamenta o estabelecido de suas relações: a da pobreza de ser uma das causas do trabalho precoce e a de o trabalho precoce por sua vez, constituir uma das causas da pobreza futura. Assim, o trabalho infantil afeta tanto os rendimentos futuros na vida adulta, quanto o grau de escolaridade obtido.

(34)

3 ORGANIZAÇÕES PROMOTORAS DE CONVÊNIOS

Essas instituições são entidades governamentais ou não, de atendimento ao menor ou de assistência social mais ampla. Em Salvador, atuam nessa área a Fundação da Criança e do Adolescente (FUNDAC) e o Centro de Liberdade Assistida do Juizado de Menores (CELIBA), as Voluntárias Sociais, a Liga de Assistência e Recuperação(LAR) , o Projeto Cidade Mãe(da Prefeitura Municipal de Salvador) e o Projeto Axé, OAF as únicas instituições não governamental desse grupo. A proposta dessas organizações é resolver a situação das crianças e principalmente dos jovens carentes através da inserção no trabalho, seja com programas específicos para absorvê-los e proporcionar-lhes alguma renda, ou através da sua colocação em órgãos públicos ou empresas privadas, na condição de estagiário.

3.1 CENTRO PROJETO AXÉ DE DEFESA E PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE

Nascido de uma convergência entre o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua(MNM&MR) e Terra Nova, o Projeto Axé é uma associação civil sem fins lucrativos, Criado pelo italiano Cesare de La Roca, financiada por recursos públicos e privados, provenientes de entidades nacionais e internacionais, entre as quais estão o Ministério da Ação Social, Organização Européia, UNICEF ( Fundo das Nações Unidades para Infância), SESI ( Serviço Social da Indústria ) OAF e outros.

Atua desde junho de 1990 e tem como objetivo trabalhar com os meninos de rua, procurando dar-lhe formação através de atividades produtivas e culturais, com uma metodologia de ação baseada nas lições de Paulo Freire , Piaget e Emília Ferreiro.

(35)

Considerando que os processos e conteúdos educativos não podem ser improvisados, o Axé exige do seu quadro um grande profissionalismo, assim como a adesão a valores que orientam o programa , como os da solidariedade, justiça social e cidadania. Compromisso político e capacidade profissional são sugeridos, incentivados e enriquecidos ao longo do processo seletivo e do trabalho institucional, de tal forma que, para os educadores de rua, 25% da carga horária semanal é gasta com discussões , seminários , supervisão , etc. É um rofissional que tem como traço fundamental que o define , o espaço permanente para se colocar do ponto de vista do menino(a), nãosendo de modo algum alguém designado para sair por aí cooptando crianças. É obrigado a pensar; a educar e a educar-se Isto lhes permite uma reciclagem e um crescimento continuados e permanentes, o que a instituição considera como um direito do trabalhador. Tal reciclagem está orientada principalmente para a análise teórica e para a busca de sua adequação à realidade que deve ser enfrentada e transformada.

Um segundo princípio e pressuposto dos mais fundamentais, do Projeto Axé, diz respeito às questões político-pedagógicas. O processo educativo do Axé, a sua pedagogia do desejo, articula , além de propostas de Piaget, formulações de Emília Ferreiro e Paulo Freire, como foi dito anteriormente, e ainda contribuições de outros teóricos da educação e de outros campos de conhecimento , conjugadas a elementos advindos da própria experiência do projeto.

• De Piaget, reconhecido epistemólogo suíço, que estudou o processo de conhecimento discutindo a figura de sujeito epistêmico, que é universal e se concretiza através das interações e trocas sociais, o Axé toma a formulação construtivista; princípio de que o educando é um sujeito da inteligência e do saber, dotado de uma estrutura capaz de aprender conteúdos e construir conhecimentos , alcançando as estruturas racionais superiores, desde que lhe seja proporcionado o ambiente necessário a esse desenvolvimento.

(36)

• De Emília Ferreiro, educadora argentina, discípula e colaboradora de Piaget. o Axé incorporou o processo de alfabetização sistematicamente pesquisado por ela, que notabilizou-se pela mudança do eixo central da questão educacional latino-americana diante da fantástica evidência do fracasso escolar. Diante dos alarmantes índices de falência da educação continental, esta educadora propõe uma revolução , substituindo a pergunta de " como se ensina" por " Como se aprende" , construindo a Psicogênese da linguagem escrita e rompendo as barreiras da pesquisa tradicional da educação.

• A contribuição de Paulo Freire à formulação teórica e à pratica do projeto centra-se na questão ética, entendida em seu sentido mais amplo, incluindo sua dimensão estética e política. Na sua visão, o processo educativo deve promover a compreensão do mundo, a integração social e, portanto, a emancipação do sujeito-educando. Trata dos desejos do ser, mormente aqueles que se relacionam ao saber, ao conhecer, ao criar, ao se posicionar frente ao mundo. Pois, conforme a percepção do Axé, no processo de aprendizagem entram aspectos afetivos, culturais e políticos, vinculados às tramas sociais .Assim, educador e educando não se confundem com as figuras tradicionais de professor e estudante e sim estão vinculados a um único e indivisível elo de cognoscência e afetividade , que recria o saber num espaço - tempo historicamente dado, sendo, enfim, sujeitos sociais. Desde os primeiros contatos nas ruas a atitude do educador reflete essa noção, considerando o jovem como sujeito social e político, capaz de emoções e de participar da implementação do próprio saber. Dentro da perspectiva construtivista entendendo a criança e o adolescente de rua como sujeitos da educação, o educador desempenha o papel de estimulador das potencialidades que eles já carregam dentro de si, estabelecem , que a educação é, antes de mais nada , fato político - social e, portanto, histórico. Assim, dentro dos princípios de Piaget que colocam o educando no centro do processo de ensino/aprendizagem , enfatizam a cooperação e as trocas sócias, o Programa reconhece as potencialidades e a experiência dos seus meninos(as) e procura aproveitá-las. Opções e definições de ações e atividades são construídas conjuntamente entre os educadores e os meninos de rua, dentro de uma " Pedagogia da Inclusão", que segundo

(37)

Carvalho (1995, p. 90), " ... também pressupõe que o trabalho a ser feito é um trabalho de construção da cidadania do menino"

O Axé tem como principais áreas de atuação:

• Projeto Erê - responsável pelas atividades culturais realizadas basicamente através de convênios com entidades culturais de Salvador, sobretudo Ilê, Muzenza , Escola de circo Picolino.

• Empresas Educativas : que tem como objetivo, criação de novos hábitos e comportamentos, valorização do indivíduo e do grupo, com desenvolvimento de condições básicas para inserção no mundo trabalho. Através das empresas educativas abaixo relacionadas o menor terá formação integral a partir da atividade produtiva, são:

1. Opaxé ,empresa educativa de papel artesanal ( reciclagem de papel), recebe verba da Fundação Ayrton Senna.

2.Stampaxé , empresa educativa de serigrafia ( estamparia em roupas e tecidos )

3. Empresa educativa de serralheria (moveis e esquadrias em metal)

4. Modaxé, empresa educativa de moda.

(38)

• Pedagógico :

1. Alfabetização - forma inicial de fazer o jovem entender a importância da educação e torná-lo consciente de suas possibilidades de crescimento, fazendo uma ponte para o ensino formal instituído, visto que o menino de rua , dentre outras perdas é afastado da escola freqüentemente . " objetiva que o aluno faça pazes com a escola formal e que a escola com ele se apazigúe" .

2. a partir de 12 anos, espaço para criação de hábitos e atitudes. Inicia-se a construção do conceito de trabalho como processo de energia criadora, instrumento de auto-descoberta e descoberta do mundo.

3. Aprendizagem : a partir de 16 anos, fase em que o aprendizado técnico é mais definido. Fase de aprimoramento onde as questões relativas à construção do projeto de vida/cidadania estão mais estruturadas.

4. De produção: aprofundamento da formação profissional.

Todos , independente da idade, são também sensibilizados para despertar o desejo pelo estudo convencional, para onde são conduzidos tão logo demostrem vontade. O projeto Axé também sensibiliza para voltarem a viver com a família, que por sua vez é preparada para recebê-los.

• Programa de Apoio à Juventude, que tem como objetivo, buscar parcerias para o encaminhamento à iniciação profissional. E tem como entidades parcerias : Salão Jacques

(39)

Janine (área de Estética) e Universidade Federal da Bahia (restauração de azulejos, marcenaria, jardinagem, limpeza e manutenção de metais, biblioteca).

Convênio com SEST/SENAT (em negociação), onde promove cursos nas áreas de modelagem, Serigrafia, Mecânica de Auto, Refrigeração Industrial, Artesanato em couro, Estética e Suporte para eventos.

• Serviço Civil Voluntário ( em negociação), tem como objetivo, atingir jovens dispensados do Serviço Militar que receberão qualificação acadêmica e profissional e prestação de serviços para a sociedade, com bolsa de R$ 60,00 ( sessenta reais), alimentação e vale-transporte.

Para esses projetos, existem normas de recrutamento, abaixo relacionadas:

• Para o núcleo Pedagógico, os educandos são encaminhados pela educação de rua do Axé ou pela área da demanda espontânea/crianças e adolescentes que não tem contato com a educação de rua e buscam essa área para serem inseridos nas unidades do Axé. Recebem como benefício bolsa aprendizagem(R$ 20,00 por mês), alimentação e vale- transporte , 4 horas de atividade.

• Para o núcleo de Aprendizagem : os educandos são encaminhados pelas Empresas Educativas tendo uma relação como aprendizes; recebendo bolsa variável de 50% a 60% do salário mínimo, alimentação , vale transporte, encargos trabalhistas, por 4 horas de aprendizado.

(40)

• Para o núcleo de produção : são oriundos dos núcleos de aprendizagem e são contratados como funcionários do projeto Axé, recebendo salário mínimo inicialmente e os encargos trabalhistas.

• No programa de apoio à juventude, são selecionados os jovens/adolescentes oriundos das empresas Educativas do Axé, com o objetivo de encaminhar a Iniciação Profissional Externa.

Os que ainda estão em negociação:

• Para o SEST/SENAT , jovens que são encaminhados pelas unidades do Axé e aprendizes que passaram pela I. Profissional Externa.

• Para Serviço Civil Voluntário: jovens que serão encaminhados pelas unidades do Axé, educandos que passaram pelas parcerias e possivelmente, irmãos de educandos atendidos no Axé que estejam dentro dos critérios estabelecidos para participarem.

O programa também desenvolve atualmente outras atividades, como : assistência , dando assistência à saúde assistência jurídica, de educação básica , como pré – escola e alfabetização, cultural/ lazer , proporcionando atividades artísticas e culturais (bandas , capoeira, dança) e de assessoria Técnica e pedagógica.

O Axé traz como propostas, a de garantir uma inserção positiva na sociedade através do trabalho. Formar para a cidadania. Viabilizar educação integral/educação para ávida. Desenvolver habilidades de gestão. Realizar a integração familiar. Desenvolver programa de orientação e apoio sócio-familiar, Orientar e tratar dependentes de drogas. Assegurar

(41)

assistência juridico-social. Resgatar a identidade étnica e de gênero e reforçar a auto estima e tem como clientela preferencial os adolescentes que vivem e/ou perambulam na rua, ou seja, adolescentes das camadas populares em geral e trabalha com uma unidade operativa própria e duas dos parceiros.

São aspectos da sua proposta pedagógica, fazer encaminhamentos para o mercado de trabalho, estabelecer relação com o sistema educacional formal, sistema educacional informal e com o sistema Nacional de Formação Profissional, usando a escolaridade como critério de seleção, acompanhando a freqüência e o rendimento do educando através de boletins e avisos , realizando também ações especificas de reforço escolar. Tem como

O programa recebe apoio do : Governo federal : financeiros

Governo Estadual : financeiros , matérias , humanos Governo municipal : financeiros , matérias e humanos Empresa Privada : financeiros

Fundação/Instituto Empresarial : financeiros Entidade Confessional : financeiros , matérias

Órgão de Cooperação Internacional Oficial: financeiros

Órgão de Cooperação Internacional Não - Governamental : financeiros, materiais

E tem como rede de Relações: ANISTIA INTERNACIONAL

FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA - UNICEF SERVIÇO NACIONAL À MICRO E PEQUENA AMPRESA - SEBRAE

(42)

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA

3.2 FUNDAÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - FUNDAC

Instituição do Governo do Estado da Bahia, que tem como objetivo o aprimoramento do desempenho da mão-de-obra juvenil, por meios de cursos de capacitação, no que se refere a profissionalização e encaminhamento de menores para o mercado de trabalho em Salvador, essa instituição busca a formação profissional e o encaminhamento para o estágio remuneração de jovens sob a guarda , seguindo o estabelecido pelo ECA(Estatuto da Criança e do Adolescente) e programado pelo Plano Emergêncial (Plano articulado de prevenção e redução da violência, inclusive o extermínio contra a criança e o adolescente do estado da Bahia - 1990). Essa instituição tem como Unidade Mantedora a Secretaria Estadual do Trabalho e Ação Social - SETRAS.

Segundo a Gerência de Formação de Mão-de-Obra e Mercado de Trabalho, a clientela atendida são adolescentes que vivem, perambulam e/ou trabalham na rua, de camadas populares em geral, adolescentes infratores, dependentes de drogas e de baixa renda, proveniente de bairros pobres e afastados da cidade. Também atende adolescentes ligados a organizações culturais e rede de escolas, tendo como critério de seleção a freqüência e aproveitamento escolares.

A instituição oferece cursos de iniciação profissional, onde atua desde 1991, (ver tabela 1.1) (costura, artesanato, doceria, datilografia e padaria), dentro da própria instituição, visando aprimorar o desempenho da mão-de-obra juvenil, e concretizar as propostas de colocação de adolescentes em órgãos públicos e empresas particulares, com 12 unidades operativas. Também oferece cursos profissionalizantes de manicure, pedicure e auxiliar de cabeleireiro.

(43)

No programa de Iniciação profissional, estariam engajados cerca de 1400 menores em Salvador, destacando a incorporação dos órgãos governamentais, compreendo 1177 vagas, distribuídas entre o Banco do Brasil, Caixa Econômica, Desenbanco e as demais entre secretarias e órgãos do Estado e Governo Federal. As empresas privadas que participam, incorporam os menores como aprendizes.

As vantagens oferecidas aos adolescentes consiste em treinamento, fardamento , vale-transporte, lanche ou vale-refeição, bolsa de iniciação profissionalizante correspondente a 75% do salário mínimo ou mesmo salário integral e assinatura na CTPS na condição de aprendizes.

As empresas ainda oferecem orientação psicossocial e pedagógica, alem de seguro acidente e atendimento médico e odontológico. Convém ressaltar que esses benefícios são oferecidos apenas por algumas empresas. A condição dos estágios varia conforme as entidades empregadoras e a FUNDAC ainda não consegue assegurar o cumprimento das finalidades traçadas.

A Fundação também desenvolve outras Atividades , como:

Assistêncial : abrigo , internação ; assistência à saúde; assistência jurídica Educação Básica : escola até 4ª série; escola da 5ª à 8ª série

Cultural/Lazer: atividades esportivas, recreativas e de lazer; atividades artísticas e culturais (bandas, capoeira, dança)

(44)

Tem como objetivos específicos, gerar renda para o adolescente/família, criar alternativas de geração de renda para o adolescente e família, garantir uma inserção positiva na sociedade através do trabalho, formar para a cidadania, viabilizar a educação integral/educação para a vida , realizar reintegração familiar, desenvolvendo um programa de orientação e apoio sócio-familiar, orientar e tratar dependentes de drogas e assegurar assistência juridico-social

Como aspectos da proposta pedagógica, a FUNDAC realiza : Acompanhamento de ex-alunos

Dispõe de coordenação pedagógica

Estabelece relação com o sistema educacional formal Estabelece relação com o sistema educacional informal

Estabelece relação com o Sistema Nacional de Formação Profissional Estabelece relação com a família do educando

Acompanha a freqüência e o rendimento do educando através de boletins e avisos Realiza ações específicas de reforço escolar

A FUNDAC recebe apoios financeiro do Governo Federal e do governo Estadual : financeiros, matérias, humanos e tem Como rede de relações:

CENTRO INTEGRADO DE AÇÃO COMUNITÁRIA SAN MARTIN

CENTRO PROJETO AXÉ DE DEFESA E PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE

CENTRO SOCIAL URBANO LIBERDADE CENTRO SOCIAL URBANO VASCO DA GAMA

(45)

DELEGACIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ESCOLA ABERTA DO CALABAR

FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA – UNICEF LICEU DE ARTES E OFÍCIOS DA BAHIA

ORGANIZAÇÃO DO AUXÍLIO FRATERNO – OAF

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL – SENAC SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI SOCIEDADE 1º DE MAIO

TABELA 2.1 - Atividades de Educação profissional oferecidas em 1996 – Unidades próprias Cursos N.º de educandos APICULTURA 40 APLICAÇÃO E BORDADO 66 ARTEFATOS DE CIMENTO 40 ARTESANATO 210 AVICULTURA 116 BORRACHARIA 32 CABELEIREIRO 118 CONSERTO DE ELETRODOMÉSTICOS 70 CORTE E COSTURA 328 DATILOGRAFIA 396 DOCERIA 32 GRÁFICA 12 HORTICULTURA E JARDINAGEM 40 INFORMÁTICA 80 LAPIDAÇÃO 6

Referências

Documentos relacionados

Considerando a importância dos tratores agrícolas e características dos seus rodados pneumáticos em desenvolver força de tração e flutuação no solo, o presente trabalho

A simple experimental arrangement consisting of a mechanical system of colliding balls and an electrical circuit containing a crystal oscillator and an electronic counter is used

Para Tagiuri; Davis (1996), uma empresa familiar se dá quando membros da família controlam a direção do negócio em cargos gerenciais ou direito de propriedade;

Aplicação dos princípios humanitários, étnico- raciais, ambientais e científicos em áreas relacionadas a produção, controle de qualidade e distribuição de

In this chapter was conducted an analysis of the game concept and design phase, which is based in a capture-the-flag style of game (meaning there are two teams, playing one against

Tal como se observa na tabela 7, existe uma percentagem importante dos trabalhos que não apresentam a metodologia de pesquisa utilizada, ou que não se sabe como ela se encaixa

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

O primeiro passo para introduzir o MTT como procedimento para mudança do comportamento alimentar consiste no profissional psicoeducar o paciente a todo o processo,