UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE SANTA CATARINA
CENTRO
DE
CIÊNCIAS
DA EDUCAÇÃO
.PROGRAMA
DE Pós-GRADUAÇÃO
EM
EDUCAÇÃO
CURsO
DE
MESTRADO
EM
EDUCAÇÃO
LINIIA
DE
INvEsTIGAÇÃO
EDUCAÇÃO
E
CIÊNCIA
. 4.. V .
“ASPECTOS
DA
INTERAÇÃO'
ENTRE
PROFESSOR
DE
BIOLOGIA E
O
LIVRO
_ I-1 “z~
DIDÁTICO
NO
ENSINO
DE
CENÉTICA,NA CIDADE
DE
PELOTAS, Rs”
»VITOR
HUGO
BORBA
MANZKE
Dissertação submetida
ao
Colegiadodo
curso
de
Mestrado
em
Educação do Centro
de Ciências
da Educação
em
cumprimento
parcial
para a
obtençãodo
títulode
Mestre
em
Educação.Orientador:
Prof.Dr.
Paulo Roberto.Petersen
Hofmann
Co-Orientadora:
Prol“.'MSc.Vivian Leyser
da
Rosa
_..
__.-z.z._.
_ ,___;..._~_`.,
.Vs__ _
E
UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE
sAI\¬rI'AOAIARINA
_
CENTRO
DE
ACIÊNCIAS
DA EDUCAÇÃO
RROORAMA DE Rós-ORADUAÇÃO
EM
EDUCAÇÃO
*“AsRD<crOs
DA
INIDRA
ÇÃ
O
zm/IRD
O
RRORDSSOR
7/DD
RIOIOUIA
A _
~
D
O
IU/Ro”
DIDÁIICO
No
ENUINO
DD
UENEIICA,
~ A
A
NA
<cIDA1DzE
DE
RDIOI/As,
IRS”.
A ~_
~
Dissertação
swbmëüüda ao
Coüégäaoio
do Curso de
Mesírado.
em
Educação do
Centro
de
Cüêrmcüasda
Educação.
em
cumprümermito
parcial!para
eaOlbítenção
do
üíitrwllnde
Mestre
em
lE‹o'i'‹w<caçãO._
Q
\
A1PR<CDVA1D>_<O) IPIEILA <C<OM1ISSÃ<U)
EXAMINADORA
em
29/MD/11999Dr;
1PaunlloRobertodflámtersem
1HIU1fn1I1AIm‹(<O>'rãemrmdlor)-'1U1F`S<CQ)*W2°
Msc.. VR/ñíâmz
Leyser
da Rosa
(Coforñennttâuaflora) -`-ÍUÍFSC
W^.-""^-V“U
i V V ` ` , V ` ~ - À ` -` ` /W?/1» - z‹›J/L'
Dra.
Syllvnaz1R_egmaPedrosa
Maesftrellílu - IUIFSC _ _ä
-ODr.
Demétrio
1D>‹ellñz‹n›ñ‹co\v-
UIFSC
z _'
{_¿Q_¿-ƒ”°v"` Z
J
Dra.
Nadlñr 1F`erra1rñ([SU[plimnIIe)-UIFSC
AU _ _
~
Dra.
]Edell1ErnnCoordenadora
/PE/(UFSC
Vitor
Hu
Borba
mike
4
A
RosÁR1A
BORBA
MANZKE
(inmemzmazn)
Minha
mãe, por
ensinar-meo
respeito eo
amor
ao
próximo
ea
naturezacomo
mn
todo.Ao
PROF.
ANTÔNIO
RENATo
MANZKE
(inmzmorzzzm)
Meu
irmão,amigo
e incentivadorque
tinha
no
respeito ena compreensão
pelo alunoA
JOSÉTI
RODRIGUES
MANZKI:
Esposa
presente,amiga
fiel,
companheira de
todos osIIIOIIIGIIÍOS.
AOS
MEUS
FILHOS
VITOR,
GABRIELA
E
GABRIEL
Razão
maior
do
meu
viver. Peloamor,
carinho,
compreensão
e respeitoa
mim
AGRADECIMENTOS
Ao
Professor Dr. PauloRoberto
PetersenHofmann,
orientador, pela competência,compreensão, amizade,
demonstradas
a todomomento
eem
cada
fasedo
trabalho. - ›.
À
Vivian, co-orientadora,um
especial agradecimento pelaamizade e compreensão
dispensada nessa caminhada,
mostrando-me
um
perfilde
orientaçãoa
ser seguida.À
_ Joséti, profissional dedicada,companheira
inseparável, pelo auxílionos
caminhos
da
Pedagogia, idéias, incentivo e as tantas leituras realizadasem
conjunto.Aos
amigos
Hamilton, Janete e Marilice dos quais tive apoio ea compreensão
necessária,
sem
a
qualnão
seria possívela
realização deste curso.'
Ao
Hamilton,em
especial, pelas ilustrações feitas para a dissertação.‹
f-
Ao
Ramão,
amigo
inseparável, incentivador e colaborador deminha
caminhada
pela educação.
A
Ao
Minello,o amigo de
sempre,que muito
me
incentivou parao
curso eme
permitiu conhecer
um
pouco de
tudo aquiloque
ele sabe sobre osPCNs.
Ao
grandeamigo
José Nascimento,que
me
incentivou desenvolver0
cursona
UFSC.
A
todos os professoresque
dispensaram partede
seu exíguotempo
de descanso
semanal para
responderem
aos questionamentos. , .Às
Direções eCoordenadores
das escolas,que
tãobem me
receberam.-
Aos
colegas professores
que
participaramde
uma
forma
ou
de
outra dessetraballio. -
Aos
colegasde
curso Leonir, Cirlei, Cleusa, Neli, Luzia,Domingos,
Helena,Liliane,
Márcia
ea
todos os outroscom
os quais tivea
oportunidadeea
felicidadede
conviver eque
foram
fundamentaisna
estruturação desse traballio. 'À
Tânia, incansável colegada
PRPPG/UFPEL
pela valiosa orientaçãoe
trâmitesrealizados junto à
CAPES.
VÀ
CAPES,
pela concessãoda
bolsade
mestrado.E
como
não
poderia deixarde
serum
agradecimentomuito
especialà
UFSC
pelaSUMÁRIO
,IRESUMO
ABSTRACT
APRESENTAÇÃO
... ..cA1ݒTULo
1O
PROFESSOR:
UMA
VISÃO
DA
REALIDADE
DE SUA
PRÁTICA
DOCENTE
I. 1. Caracterizando a amostra ... ..
I.2.
O
professor,a
coerção por elesofiida
e sua atitude frentea
isso ... ..I.3.
O
professor esua metodologia
Do
tradicional ao inovador ... ..1.4.
A
“individualidade” e sua importânciana
açãopedagógica
... ..CAPÍTULO
IIOS
TEMAS EMBASADORES
DA
GENÉTICA,
NO
ENSINO
MÉDIO
... ..11.1.
Quais
são ostemas embasadores da
genética? ... ..CAPÍTULO
111A
GENÉTICA
NO
CONTEXTO
DO
ENSINO
MÉDIO
... _.47
IlI.1.
A
genéticado
cotidiano ... ..47
III.2.
O
professor eO
ensinode
genética ... ._ 51111.3.
Uma
avaliaçãodo
livro didáticode
Biologia eO
tratamentodado à
genética e seustemas
embasadores
... ._60
CAPÍTULO
Iv
A PRODUÇÃO
DO
MATERIAL
DIDÁTICO
ALTERNATIVO PARA
O
ENSINO
DA
GENÉTICA E
DE
sEUs
TEMAS EMEASADORES
... ..9o
IV. 1.
O
professor eO
seu material didático alternativo ... ..90
IV.2.
A
visãodo meio
educacional sobre esse material ... ..95
IV.3.
Alguns
relatosde
experiências e propostasde
materiais didáticos alternativos paraa
apresentação
da
genética edos temas embasadores
... ..96
CAPÍTULO
V
V.1. Considerações finais ... .. 101
V.2. Referências bibliográficas ... ..
105
RESUMO
Os
objetivosde
estudo dessa dissertação constituem-seem
uma
avaliação: 1°)da
forma
como
oslivros didáticos de Biologia, utilizados
no
ensinomédio
da
cidadede
Pelotas/RS, tratama
genética eseus
temas
embasadores; 2°)da concepção
dos professores sobre esses assuntos.Foram
consideradoscomo
temas embasadores da
genética, os ácidos nucleícos, a teoriacromossômica,
a divisão celular ea
gametogênese, por entender
que
esses assuntos sãofundamentos
teóricosde grande
importânciapara
o
estudo desse capítulo
da
Biologia.Para a
identificação dos livrosa serem
avaliados, utilizeium
questionário fechado junto
a
quarenta enove
professoresque atuam
no
ensinomédio
daquelemunicípio.
Nos
quatro livrosmais
utilizados, procurei identificar sua estrutura, a presençade
errosconceituais,
a
contextualizaçãoda
genéticacom
o
cotidiano, os aspectos pedagógicos envolvidos,a
concepção
sobreo
ensinode
genética ea
inter-relação dostemas
embasadores
entre si, e delescom
a
genética propriamente dita.
Para
interpretara concepção
dos professores, realizei entrevistas abertascom
dezesseteprofessores,
a
partir das quais traceium
perfil desses docentes, tendocomo
referência as categoriasutilizadas por
Giroux
(1986) e Delizoicov (1995). Foi possível organizar três grupos diferenciadosde
professores: os tradicionais, os
em
transição e os inovadores.A
relação entre a carga horáriade
trabalhodo
professor esua
carga horária efetivaem
salade
aula
também
foi discutida.O
objetivo desta discussão foio de
identificar se as escolasoferecem espaço
para
que
o
professor tenha possibilidadede
uma
formação
continuada e possa produzir epropor
materiais didáticos altemativos.
Nesse
sentido, apresento alguns relatosde
experiênciasquanto
à
produção de
materiais didáticos altemativos,sua
utilização ea
visãodo meio
educacional sobreo
assunto.
Entre os
encaminhamentos
propostos pelo presente trabalho, estáa
possibilidadede
que, atravésde
uma
formação
continuada,o
professorpossa
instrumentalizar-se paraa
análisepermanente
de
seu
ABSTRACT
The
firstaim of
this dissertation is to evaluate the Biology textbookswhich
areused
in secondarylevel schools in the city of Pelotas,
RS,
concerninghow
these textbooks approach the teachingof
Genetics
and
its fundamental themes.The
second
aim
is to evaluate the teachers” conceptions aboutthis issue.
The
following fundamentalthemes
were
considered for this study, becauseof
their basicmeaning
for the areaof
Genetics : nucleic acids,chromossome
theory, cell divisionand
gametogenesis.In order to identify the textbooks to
be
evaluated, Ihave used
a closed questionnairewhich
was
answered
by
forty nine teachersworking
in local secondary schools.Among
the fourmost
used
books,I
have
tried to identify their structure, the presence of conceptual mistakes, contextual relationshipsbetween
Geneticsand
daily life, pedagogical aspects, conceptions about the teachingof
Geneticsand
the connections
found
among
the fundamentalthemes,and
between
Geneticsand
these themes.In order to interpret teachers” conceptions, I
have performed open
interviews with seventeenteachers,
from which
Ihave
sketched a profile taking as reference the categoriesused
by
Giroux
(1986)and
Delizoicov (1995). Itwas
possible to organize three differentiated groupsof
teachers: Traditionalteachers, Transition teachers
and
Innovative teachers.A
The
relationshipbetween
teachers” totalworking
loadand
effectiveworking
load in classeswas
also discussed.
The
aim of
this discussionwas
to identity if schools provide conditions for teachers tohave
continued professional educationand
to buildand
propose altemative teaching materials.Accordingly, I report
some
experiences in producing alternative teaching materials, theirusage and
theview
about this issueen
the education setting.The
possibility that teachersmay
develop instruments fora permanent
analysisof
their teachingmaterials,
by means
ofa
continued prefessional education, as well as for proposing alternativemethods
APRESENTAÇÃO
Como
professorno
ensinode
Biologia,com
mais de
vinte anosde
atuação nesta área,passando
pelos sistemas
de
ensino municipal, estadual, privado e atualmente federal, este espaçode
tempo
dedicado ao curso
de mestrado tomou-se
um
valiosomomento
de
reflexão sobreo que
acontecena
sala
de
aula. Voltei-meao
estudodo
ensinode
Biologia e passeia
constatar vários elementosque
talvez
sejam
influenciadoresda
situaçãoem
que
se encontra essa atividade.Numa
visãobaseada
em
dados
empíricos, a aulade
Biologia continuasendo a
mesma
do
tempo
em
que eu
era alunodo
2° grau,hoje ensino médio,
bem
como
de
décadas anteriores.Elementos
como
os conteúdos programáticos, muitas vezes desconexos,que
o
professor repeteanos
a
fio sem
questiona-los;a
cópia diáriade
livros didáticosem
que o
mesmo
dita as partes doscapítulos a
serem
estudados,quando não
todo; os longos “questionários”de
perguntas objetivasque
logo passarão
a
fazer parte dos testesde
avaliação; as aulas expositivas nas quaisa
manifestaçãodo
aluno e
o
debateficam
em
segundo
plano, ea
mesmice
do
dia-a-diame
levarama
buscarum
espaço de
reflexão. Esses
momentos
são importantes ao longode
nossas vidas, pois,sem
um
tempo
paraa
reflexão
nessa atribulada rotinado
magistério,onde
encontraremos respostasa
perguntascomo:
“O
que
estarão escrevendo sobre Biologia?Esse
espaço escolarem
que vivemos
representauma
parteou
o
tododo
ensinode
Biologia?Os
materiais e os recursos didáticos disponibilizadosao
professor,auxiliainmde
forma
efetivao
processo ensino-aprendizagem?O
alunoconsegue
transpor essesconteúdos ao seu cotidiano?
O
professortem a
suaprodução
intelectuale sua atividade profissional reconhecidas?” Essas e tantas outras reflexõesme
impulsionaramna busca de
altemativas necessáriaspara
a
contextualização desse ensino.A
Nessa
busca, observei que,mesmo com
a importânciaque
édada
para
a
áreade
Ciênciasno
currículo escolar,
é
muito reduzido
o
número
de
eventos (encontros, simpósios, entre outros)em
que
seja debatidoo
ensinode
Biologia.O
fatode não haver
um
histórico desseseventos e
de que
seus anais
não
sãodevidamente
divulgadose
socializados,toma
o
acesso a essasinformações
dificultado
para
professores edemais
interessadosda
área,o
mesmo
acontecendo
com
grande
parte
da
produção
científica das academias, a qualou não
chega
atéo
professor,ou não
éacessivel
ao
professorpor
elenão
estar capacitadopara
interpreta-la.Como
diz Krasilchik:“De forma
geral,a
relação entrea
pesquisa
relacionadaao
ensinode
Ciências e
a
prática educacionaltem
sido fria e distante,sendo
urgente e necessárioaproxima-las
para
beneficio
dos
estudantesAcreditamos que
a
procura de
um
ensino-melhor
exigea
integração
do
resultadodo
trabalhode
diferentes profissionais,de
forma
a compreender
melhor
como
o aluno
adquireconhecimento
eo
assimilaao
conhecimento que
já
trazpara a
escola”
(inTRIVELATO,
1988).É
nesse caminho, apresentado por Krasilchik,que
pretendi colocar este trabalho.O
capítulo Imostra
que,embora o
professor seja historicamente conhecidonuma
visão de mestre, vive situaçãoreconhecidamente dificil ilustrada pelos baixos salários recebidos, pela excessiva carga horária
de
traballio realizada dentro e fora
da
escola, pelo desrespeito a sua privacidadecomo
pessoa, pelainterferência
na
sua atuação pedagógica por parte das direções de escolas eda
sociedade(quando
requerem, desse profissional, grandes
“mágicas”
para a “melhoria”do
ensino), pela ação dos pais (aoexigirem, muitas vezes,
do
professor,uma
educação que
seriada
responsabilidade deles pais) e pelosgovernantes
que
resolvem osproblemas
do
ensino através das idéiasde
gabinete.Caracterizando essa situação vivenciada pelo professor, e através
de
suas atitudesem
salade
aula, identifico se essa ação está voltada à realidade social
ou
semantém
alheia àsmudanças
ocorridasna
sociedade, ratificando metodologias apoiadasna pedagogia do
ensino tradicional.Nesse
momento
apresento
meu
entendimento quanto à importânciada
individualidadena
açãodo
professor eem
seusmétodos
de trabalho.Essa
individualidade é,a
meu
ver,de
importância cmcialem
sua ação
pedagógica.
Fundamentei
minha
defesa à individualidade,em
parte, nas leiturasque
fiz
de
Paul Feyerabend,que
autor pregaa
necessária ação individualda
pessoaem
toda asua
potencialidade,podendo
tomar-se alvode
críticas e debatesem
suas posições, ratificando-asou
deixando-asde
ladofrente a
uma
argumentação mais
forte e consistente,sem
contudo perdero ímpeto
denovas
investidas.Um
dos pontos principaisdo
presente trabalho éa
discussãodo
ensinode
Biologia e, para isso,apresento
o
ensino de genética ede
seustemas embasadores
como
elementos parao
debate.Além
disso, caracterizo a posição dos professores
fiente ao
ensino desses conteúdos, categorizando-osa
partir dos
métodos
utilizadosem
salade
aula.Para
essa categorização, busquei junto aos professorestempos?
Como
o
professorvê o
ensinoda
genética e dostemas embasadores? Esses
assuntos representamuma
forma
de coerçãodo
aluno, pela“fama” que
têm
de
dificil?E
osmétodos de
ensino,eles atingem os objetivos
de
alunos e professores?Qual o
nívelde
aperfeiçoamento realizado peloprofessor para enfrentar a “genética popular”?
Para
respondera
essas questões, apresentonos
capítulos II e Ill aquiloque
estoudenominando
de temas embasadores da
genética etambém como
a
genéticatem
sido tratadano
cotidiano, analisandoa ação
do
professor eo
tratamentodado
pelo livro didáticode
Biologia à genética e seustemas
embasadores.
Esse
recurso didático constitui-sena
base parao
desenvolvimento dos conteúdosem
salade
aula e, por isso, a importânciaem
analisa-lo.Até porque
parecenão
existirdados
sobrea
aplicabilidade dos conteúdos nesses livros, por parte
de
professores e alunos,além
do
alto índicede
erros conceituais
que
comprometem
uma
visãomais
ampla
dostemas
abordados.A
avaliação feitano
livro didático permitiu realizar
recomendações
quantoà sua
indicação eao
seu uso.Por
fim, no
capítulo IV, discutoa produção de
materiais didáticos altemativos por partedo
professor e a necessidade
de que
seja criadomaior
espaço paraque
esse apresente esses materiais,discutindo os objetivos, e a participação' interativa dos alunos
com
ot referido material.Paralelamente aos tópicos desenvolvidos nos capítulos,
mostro
a visãodo meio
educacionalem
relação a esse material e a possibilidade de se ter incentivada sua. produção.
Para
estabelecera
potencialidade crítica e a disponibilidade
do
professorem
discutiro
produto de seu trabalho criativo,apresento-
algumas
propostasde
materiais alternativos, atividades lúdicas emétodos que foram
apresentados e propostos por professores
em
encontros realizados para discussões sobreo
ensinode
Biologia.
CAPÍTULO
1O
PROFESSOR: UNlA
VISÃO
DA
REALIDADE
DE SUA
PRÁTICA
DOCENTE
1.1. Caracterizando
a
amostraA
áreaonde
se desenvolveu a pesquisa éa
cidadede
Pelotas, localizadana Região
Suldo Estado
do Rio
Grande
do
Sul,que
contacom
aproximadamente
380
mil habitantes.Sua
economia
está voltadapara
o comércio
e atividades agropecuárias, destacando-sea
bovinocultura e a oiizicultura extensivas.O
sistema educacional público apresenta 91 escolas municipais,52
estaduais,2
federais. Jáo
sistema privadode
ensino contacom
29
escolas.No
entanto, atuandono
ensino médio, existem: 14 escolasestaduais,
uma
escola municipal, 8 escolas privadas e2
escolasdo
sistema federalde
educação.Pelotas conta ainda
com
duas universidades,uma
pública~
Universidade Federal dePelotas/UFPEL
euma
pertencente ao sistema privado-
Universidade Católicade Pelotas/UCPEL.
Pela presença dessasinstituições universitárias,
há
um
grandenúmero
de
cursos pré-vestibulares.Sua
população estudantilapresenta
aproximadamente
58.000 alunosno
ensino fundamental e cercade
20.800 alunoscursando
o
ensino
médio
(dados obtidos juntoa
5”DE/PEL/RS).
Para
analisar os livros didáticos de Biologiaque contam
com
a preferência dos professoresatuantes
no
ensinomédio
na
cidade de Pelotas/RS, estabelecicomo
objetivos: buscar acompreensão
desses professores e
o
tratamentodado
pelos autores, paraa
apresentação ea
interaçãodo
assuntogenética e seus
temas
embasadores.A
partir disso, busquei identificar e caracterizara
necessidadede
discutir a
produção de
recursos didáticos emétodos
altemativos, através dos relatosde
experiênciasde
parte dos professores, caracterizando ações
em
que o
professordemonstre
sua potencialidade crítica,criativa e intelectual nesta produção, facilitando ao aluno
mais
um
meio à
cognição necessária dosMinha
hipótese inicial é a deque
os livros didáticosde
Biologia, utilizadosno
ensinomédio da
cidade
de
Pelotas/RS, apresentam erros conceituais e metodológicosque
comprometem
o
estudoda
genética e seus
temas
embasadores. Isso caracterizamais
um
motivo
paraque
aquele professorque
está
preocupado
com
o
processo ensino-aprendizagem busque,na
construçãode
recursos didáticos emétodos
alternativos,o caminho
para superar as deficiências encontradasna
carga horáriasemanal da
disciplina
de
Biologia, nos livros didáticos e nosmétodos empregados
nas escolas.O
professornão deve
sero
único responsável pela atual situaçãoem
que
se encontrao
sistemaeducacional brasileiro. Acredito
que
existauma
pressão exercidana
escola, -por parteda
sociedade,que,
somada
ao poderio das editoras e aos interesses institucionalizados politicamente,impõem
a
elaum
modelo
hegemônico
capazde
mantê-lana
suamaneira
tradicionalde
agir.Considerando
os objetivos aserem
atingidosno
presente trabalho, tomeicomo
base, paraa
discussão sobre a análise dos livros didáticos
de
Biologiado
ensino médio, os quatro livros didáticosmais
indicados e utilizados (preferenciais) pelos professoresna
cidade de Pelotas/RS,para
o
estudoda
genética e de seus
temas embasadores
(ácidos nucléicos, teoria cromossômica, divisão celular egametogênese).
Para
relacionar os autoresmais
trabalhados pelos professores pelotenses, estabeleciuma
entrevista
de
questionário fechado (anexo l) junto às coordenações pedagógicas das escolasde
Pelotas/RS.
Após
a entrega dos referidos questionários, obtiveo retomo de
quinze questionáriospara
um
universode
vinte e duas escolas.Concomitantemente
à consulta às coordenações pedagógicas das escolas, utilizei questionáriofechado (anexo 2) junto aos cincoenta e dois professores atuantes
na
disciplinade
Biologia,em
Pelotas/RS, distribuídos pelos quatro sistemas
de
ensino-
privado, municipal, estadual e federal.Nesse
questionário, os professores manifestaram aordem
de sua preferência pelos autores,além de
outras questões tais
como
carga horária, atividades extra-classe, etc.Quarenta
enove
questionários(94,23%
do
total)foram
devolvidosdevidamente
preenchidos.Na
continuidadedo
trabalho, utilizeiuma
entrevista aberta (anexo 3),que
deveria ser aplicada juntoa
dezoito professores, dentre osquarenta e
nove
anteriormente citados. Esses dezoito professoresforam
distribuídosem
número
de
dois por escola, pelos sistemas de ensino,
da
seguinte forma: quatro professoresda
rede federal, quatroprofessores
da
rede estadual, dois professoresda
rede municipal de Pelotas e oito professoresda
redeprivada.
Devo
observarque o
número
de
professores efetivamente entrevistados foide
dezessete,devido a negativa de
uma
professorado
sistema estadualde
ensinoem
concedera
entrevista e seruma
das duas únicas professoras
da
escola, escolhida previamente.Na
rede- privada, estabelecium
critériode
classificação pelo qual as escolasforam denominadas
de
escolas confessionais (ligadas a instituições religiosas) e escolas não-confessionais (não ligadasa
instituições religiosas).
Dentre
as confessionais,foram
escolhidas as duas escolas de ensinomédio que
apresentam os maiores valores de mensalidade,
chamando
de escola“A”
aquelacom
valormais
altode
mensalidade e~
de
escola“B”
aque
apresentouo
menor
valor. .Tustificoa
classificação das escolasconfessionais pelo fato
de
serem
escolas procuradas por pessoas de padrãosocioeconômico
entre asclasses alta e
média
alta.Quanto
às escolas não-confessionais, utilizeio
mesmo
critério (valorda
mensalidade) paradiferencia-las
em
escola“A”
e “B”, pelo fatode
disputarem a clientela demesmo
padrão
socioeconômico, situado entre as classes alta e
média
alta.A
escolha das escolasda
rede estadualde
ensino seguiuum
critério de regionalização.Foram
escolhidas duas escolas,
sendo
uma
escolade
uma
região considerada de periferia,que
atendepreferencialmente a alunos filhos
de
trabalhadoresda
classe operária, e a outra da região centralda
cidade,
que
atendea
alunos das classesmédia
e filhosde
operários.Já
em
termos municipais,o
município contacom
apenasuma
escola de ensinomédio
(Colégio Municipal Pelotense),o que
por si só identificou a escolaa
ser trabalhada.No
âmbito federal, a situaçãonão
foimuito
diferentedo
municipal, poiscontamos
com
duas
escolas e
ambas
foram
objetode
coletade
dados.O
trabalhode
entrevistacom
os professores serviu para responder questões referentesà
metodologia utilizada
em
salade
aulana
apresentação dostemas
objetosde
pesquisa, àprodução de
materiais didático-pedagógicos por parte
do
professor, àadoção
e utilizaçãodo
livro didático e àsdemais
questões ligadas aos aspectos epistemológicosque envolveram o
projeto.Para
a análisedo
livro didático de Biologia,um
dos objetivos maiores desta dissertação,consultei os questionários entregues pelos quarenta e
nove
professoresque o
responderam, e estabelecia classificação entre os autores preferenciais desses professores.
Meu
objetivomaior
na
montagem
dessa classificação foi
o
de
identificar os três autores preferenciais entre osdoze
citados pelosprofessores.
Considerando que
a diferençado
número
de indicações entre os autores colocadosem
terceiro e quarto lugares foi inexpressiva, optei
por aumentar
para quatroo
número
de
livros aserem
analisados. Para
a
análise desses livros leveiem
consideração itens pré-estabelecidosque
estrutureiem
Nessa
avaliação, ostemas
foram
divididosem
cinco áreas que, por sua vez,foram
subdivididasem
itens e sub-itens,no
intuitode
explicitarcada
objetivoa
ser atingido.As
áreas escolhidas foram:estrutura
da
obra, contextualização, aspectos pedagógicos e metodológicos,concepção
do
ensinode
genética e
a
inter-relação dostemas
embasadores.1.2.
O
professor, a coerção por ele sofrida e sua atitude frente a issoO
professor é historicamente reconhecidocomo
o
“mestre” e a sua ação,um
“sacerdócio”.Acostumei-me
a ouvir essas expressões, ainda usadas nos diasde
hoje, desdeque comecei
minha
vidaescolar,
e
atémesmo
antes disso, atravésde
meu
avô, professor, ede minha mãe,
professorado
3°livro,
na década de
trinta,no
interiordo
municípiode
Pelotas/RS.Por
isso, digoque
esta parece seruma
posiçãoassumida plenamente
pelos professoresde
então.Os
tempos
mudaram
eo
atualmomento
exigedo
professoruma
maior
profissionalizaçãoem
seus atos.
Mas,
considerando a definiçãode
sacerdócio: “Atividademuito
respeitável eque
exigegrande dedicação
eabnegação”
(LAROUSSE CULTURAL,
1992), posso dizerque
parte dessaexpressão ainda é válida nos dias
de
hoje.Nesse
sentido,Mendes
Sobrinho (1998)mostra
que,no
modelo
aplicadodesde o
iníciodo
século
XIX,
“...a formação
de
professores (..)tem
sido associada,ao
longodos
tempos,a
apostolado
ou
sacerdócio-
a
ser exercidocom
humildade
e obediência~
e utilizadapara
legitimaro
saber
produzido
no
exteriorda
profissão
docentepor meio da
vinculaçãode
uma
concepção de
professores centrada
na
difusão ena
transmissãodo
conhecimento
” (p. 104).É
inegável a fidelidadedo
professorem
relação à dedicação eà
abnegação, seu lado apostolado,mantidas
no que
faz,porque a
respeitabilidade, contidana
definição eque
eragozada
pelos professoresem
décadas passadas, perdeu-secom
o
tempo.A
sociedadecomo
um
todo parece sofreruma
crise existencial quanto aos valores educacionais,culturais e suas manifestações.
A
culturado
povo
brasileiro, e decada
regiãoem
particular, sofrediariamente
um
aculturamentoem
relaçãoa
culturas artificializadas e impingidas, quer atravésda
mídia, quer através
da
importação doscostumes de
outras culturasque
muito pouco,ou
nada,têm
a
ver
com
nossas tradições.A
presençade programas
televisivos,como
a
“Escolinhado
ProfessorRaimundo”,
e asnão
menos
deploráveis inserções ocorridasno programa
Fantástico,da
Rede
Globo de
Televisão,que
fazem
parteda
preparação para achegada
do
“Brasil500
Anos”, nas quaisaparecem
professoresmal
preparados e
em
estágiode
“quase pobreza”,não dignificam a
profissão; muito pelo contrário,expressam
o
desinteressedo
estado paracom
a
estrutura educacional.Na
verdade, a “Escolinha” retrata a grande maioriadas
nossas salasde
aulaem
que o
professor,através
da
informação descontextualizada e fragmentada, realizauma
avaliaçãobaseada
no prêmio
ou
castigo, incentivando e
reconhecendo
a
“intelectualidade”do
alunomedíocre
mas
engravatado,caracterizando
uma
classe social privilegiada,ou
da
belezada
aluna que,com
manifestaçõesinsinuantes ao professor, faz
com
que
este se deixe levar facilmente auma
avaliaçãoduvidosa
esupeivalorizada,
em
detrimentodo
esforçode
seus colegasde
classeque não apresentam
as“qualificações”
nem
de
um
nem
do
outro.Sem
objetivos claros e manifestos, ela, a “Escolinha”,mostra de forma
sarcásticaa
imagem
do compromisso da
reprodução,da
subserviência e,acima de
tudo,
da
abnegação
do
professor que, apesardo
salário aviltado,mantém
sua
disponibilidadeem
ir àsala
de
aula,mesmo
que
seja para contribuircom
amanutenção do
estadohegemônico que
caracterizaas escolas
de
ensino tradicional. _Essa
situação mostra apenaso
lado “apostolado” desses profissionaisda
educação.Entendo
que,se determinados setores
da mídia
estivessem realmentepreocupados
com
aeducação
brasileira,deveriam
apresentar debates sobre essa realidade educacional,buscando
altemativas epropondo
soluções.
Mas
em
um
paísonde
as verbas paraa educação
são prioritárias nos cortes orçamentáriosdos govemantes,
como
algobenéfico
ao desenvolvimentodo
país,não
pode
mesmo
haveruma
maior
preocupação
com
o
debate e a efetivaçãode
propostasque
venham
a solucionar a problemáticaeducacional.
Voltando a comentar
sobre osprogramas
televisivos, digoque
esse descasodemonstrado
contrao
professor, deforma
aparentemente ingênua,me
parece transcendero patamar da
ingenuidade.Muito
além
disso, elesparecem
colaborar decisivamente parao
tratamento inapropiiado de “tio/tia”, recebidopelos professores. Tratamentos
como
esse criamuma
permissividade subliminar, caracterizada pelocurrículo oculto,
no
sentidoempregado
porGiroux
(1986),que
ocorreno
ambiente escolar,onde
o
profissional
da educação
vê-se obrigadoa
extrapolar os limitesde
suas atividades, atuandocomo
psicopedagogo, psicólogo, sanitarista, entre outras profissões, devido às situações
que ocorrem
no
interior
da
salade
aula eno
ambiente escolar.pela qual passa
o
magistérioem
geral, estáa
excessiva carga horáriasemanal
desse profissionalda
educação.
Essa
carga horária,em
muitos casos, ultrapassaem
muito
aquiloque
seria,ou
deveria ser,sua jornada
semanal de
trabalho,o que
me
leva a proporum
debate ético sobreo
tema.O
professorconstitui-se
em
um
profissional que, constantemente, estende parao
seu lar a continuidadeda
jornadadiária e semanal, utilizando-se para isso
de
seus sábados,domingos
e feriadoscom
a
preparação ecorreção
de
provas, tarefas burocráticas (confecçãode
médias), etc. Aquiloque
seria inerenteà
condição
do
professorcomo
educador,que
é a sua atualização eo
seu constante aprimoramento,acaba
sendo
relegado aum
espaçomínimo
em
termosde
tempo
e energia.A
indisponibilidadedo
professorem
se fazer presenteem
algumas
atividades familiares,mesmo
nos horários
em
que, supostamente,não
estariaexercendo
sua atividadena
escola,pode
virem
prejuízo ao seu
desempenho
profissional.A
carga horária encontrada entre os quarenta enove
professores
que
fizeram parteda
amostra inicial éuma
constatação contundenteda
situação vivenciadapelos professores, nos diferentes sistemas
de
ensino.Os
professoresdo
sistema privadoatingem
níveisde
cerca de100%
de
sua cargaem
salade
aula,sendo que
em
média
trabalhamde
30
a70
horassemanais, pois trabalham
em
duas, três e atéem
quatro instituições de ensino.No
sistema públicode
ensino, tanto municipal quanto estadual, a situação é
um
pouco
melhor,mesmo
assim longeda
ideal.Os
professorescom
contratode 20
horasde
trabalhosemanal
ocupam
de
15a 20
dessashoras-em
salade
aula, e os professorescom
contratosde
40
horas semanaisocupam,
em
média,32
horasem
salade
aula. Já
o
sistemade
ensino público federal,no
meu
entendimento, é aqueleque
oferece condiçõesideais
em
relaçãoà
carga horária de trabalho para os seus professores.Nesse
sistema, tanto osprofessores
com
contratos de40
horas semanaiscomo
os professoresem
regimede Dedicação
Exclusiva
(40h/DE)
ocupam,
em
média,20
horasde
seu contratode
trabalho,em
salade
aula.Como
sepode
ver, existem professoresque
atingemuma
carga horáriasemanal
que
se poderiaconsiderar absurda para qualquer profissional
na
cidadede
Pelotas/RS, pois, enquanto isso, a cargasemanal de
trabalho deum
comerciáriopode
chegara
um
máximo
de 44
horassemanais
(fonte:Sindicato dos
Empregados
do
Comércio
-
Pelotas/RS) e a dosempregados da
áreada saúde
chega,em
média, a
36
horas (fonte: Sindicato dos Trabalhadores dos Serviços deSaúde
-
Pelotas/RS).O
professor poderia ser criticado pelo fatode
trabalharem
mais de
um
local epor
isso ter esseaumento
de carga horária.Porém, temos de
levarem
consideraçãoo
nível salarial vivenciado hoje pelomagistério
como
um
todo.Os
salários aviltados éque
levam
os professores a esta situação.Além
disso,não
sepode
negara
necessidade, e até a cobrança por parte dealgumas
escolas,de
uma
boa
“apresentação visual” por parte
do
professor, atéporque
esse profissional éum
fomiador de
opiniões eatitudes para
o
estudante,o
que
exige deleuma
maior
despesa.Segundo
ainda informaçõesdo
Sindicatoda
áreada
saúde, nos últimosdez
meses
foi sentidoum
decréscimo
na
contratação, por partede
hospitais e clínicas, de trabalhadoresque
jádesempenham
atividades
em
outra instituição.Não
por concorrência entre essas instituições,mas
sim
pelo stressmanifestado por esses trabalhadores, já
que
estarãoem
uma
segunda
jornadade
trabalho. Seráque
asescolas, principalmente as privadas,
não
chegarãoà
mesma
conclusão,um
dia?Nessesentido, e ratificando
o que
foi escrito anteriormente,mesmo
que
a resolução n° 3,de
outubro
de
1997,da
Câmara
de Educação
Básicado
CNE,
em
concordânciacom
as leis' 9.131/95 e9.424/96,
em
seu art. 6°, prevejaque
os Planosde
Carreirado
Magistério Público,em
seus três níveis,deverão observar
um
percentual entre20
e25%
do
totalda
jomada
de
trabalho para atividadesdiversas, dentre elas
o
aperfeiçoamento profissionalcom
o
afastamentoremunerado
no
casode
cursosmais
prolongados e período reservado a estudos, planejamento e avaliação,conforme
o
previstono
art.67
da
LDB
(Lei 9.394/96)(MANI-IÃES,
1998), isso parecenão
estar acontecendo.A
bem
da
verdade,um
dado
torna-se interessante.A
média
aritmética, utilizada paraencontrarmos
o
percentualocupado na
carga horáriado
professor, independentedo
sistemaem
que
atue,
mostra que
os professores de40
horas/semanaiscumprem
32
horasem
salade
aula(80%
do
total),
o
que
atende a lei sobreo
cumprimento de
20%
de
atividades forada
sala de aula. E,no
casodos professores
com
contratosde 20
horas/semanais, essamédia
fica
aindamais
baixaproporcionalmente,
porque
éde
14 aulas semanais(70%
do
total) por professor.Lógico que
outrosfatores influenciam as considerações feitas.
O
fatodo
atendimento à leinão
quer dizer que,na
prática,isso funcione atendendo às reais necessidades
do
processo educacional eque eu
estejade
acordocom
o
mesmo.
Até
porque,mesmo
estando,em
termosde
percentualde
carga horária, dentrodos
padrõesestabelecidos
em
lei, encontrei professorescom
três adiantamentos diferentes (la , 2” e 3” sériesdo
ensino
médio)
e atendendo adez
tunnas,o
que
constituium
grupo de aproximadamente
350
alunos,para
um
contrato de traballio de20
horas semanais.Ou
seja, seguindo os preceitos estabelecidos pelosParâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL,
SECRETARIA
DE
ENSINO
FUNDAMENTAL,
1997),
em
seudocumento de
introdução,que exigem
um
atendimentoquase que
individualizadodo
aluno, esse professor irá dispor
de
algoem
tomo
de
três minutos pormês
paracada
aluno. Isso seconsiderarmos
que
elenão
realizarámais
nenhuma
atividadeem
salade
aula7°,
que
prevê amédia de 25
alunos por turma, determinando a relação aluno/professor,em
atendimentoà Lei
N°
9.424/96que
dispõe sobre or“Fundo
de
Manutenção
eDesenvolvimento
do Ensino
Fundamental
ede
Valorizaçãodo
Magistério-
“Fundão°”.A
verba anual destinadaa cada
aluno,a
serrecebida pelas Secretarias dos Estados e Municípios, é
de
trezentos reais(R$
300,00),sendo
que
sessenta por cento desse valor,
ou
seja cento e oitenta reais(R$
180,00), deveria destinar-seao
pagamento
dos professores.Na
verdade,o que
já sepode
notar éum
inchaçono
número
de
alunospor
turma no
ensino fundamental, pois,aumentando o
número
de
matrículas,mais
verbaso
estado,0
município
ou
distrito federal receberão.Sem
que
hajaum
planejamento,a
almejada melhoriana
qualidade de ensino
fica
mais
uma
vez
prejudicada eo
professorcom
superlotaçãoem
suas salasde
aula.
Como
a responsabilidadeda
salade
aula é sua, enão
dos Secretários de Educação,mais
uma
vez
a pressão recairá sobre
a
atividadedo
professor.A
partir desses dados, surgem,no
meu
entender, dois pontos prejudiciais ao processo ensino-aprendizagem.
O
primeiro diz respeito aoaumento no
número
de
alunos por salade
aula, que,em
média, cresceu cerca
de
40%
(de1996
a 1998),o que
só levou aum
aumento na
participação dasSecretarias nas verbas.
O
segundo
éo comprometimento do
atendimento a ser dispensado ao aluno,por parte
do
professor, pois,o
professor parecenão
ter recebido apoioà
reestruturaçãodo
curriculoescolar,
na
suaformação
continuada,na
obtençãode
material didático pedagógico atualizadoou
acréscimo salarial
de
acordocom
a determinação legal.Para que possa
explicitarum
pouco mais
a questão,exemplifico
analisando a evoluçãodo
número
inicialde
matriculasno
sistema municipalde
ensino,do
murricípio de Pelotas/RS, entre osanos
de 1996
e1998
(Tabela 1).A
escolha desse período deve-se ao inícioda
aplicaçãoda
leique
estabeleceu
o “Fundão” no ano de
1997.Tabela l
-
Crescimento. nonúmero
de matriculas no período de 1996/1998, nos ensinos ftmdamental e médio,em
escolas municipais de Pelotas/RSMatrícula Inicial de
Alunos
%
de
aumento
ÍT0faiS PSFÍOÕO sistema
de
1996
t1997
1998
96/97 97/98 196/98
1°G
2°G
1°G
2°G
E
F
(E
M
° ° | 1E
M
E“Sm°
1G
2G
EF.
EMEF.
. . Municipal2078711248
120.861 1.309l22.418\1.388
0,36 4,897,4616,04
7,85 11,22Convenção:
G
=
Grau;EF
=
Ensino Fundamental;E.M.=
Ensino MédioFonte: 5° D.E./RS (Del. Educ.) Pelotas/RS
Em
uma
rápida análiseda
tabela l,podemos
observar que, nos periodosem
questão,houve
um
aumento
nas matrículasno
ensino fundamentalde
0,36%
entre1996
e 1997. Jáno
período posterior(1997/ 1998), esse percentual sobe para 7,46%.
Em
números
absolutos, ocorreuum
aumento
de
1.631matrículas (entre
1996
e 1998). Jáno
ensinomédio
municipal,no
mesmo
período, aindaque o
percentual represente
um
aumento maior
(11,22%),na
verdadeem
números
absolutos sepode
verque
o aumento
foi de apenas140
matrículas.Lógico que o
órgão municipal poderia alegara
responsabilidade
do
estadoem
relação ao ensino médio.A
tabela2
apresentadados
sobre a variaçãodo
número
de
professoresna
rede públicamunicipal.
Tabela 2
-
Decréscimo do nonúmero
de professores no período de 1997/1998, nos ensinos fundamental emédio,
em
escolas municipais de Pelotas/RS .Número
de
Professores _Rfiduçãfl dO
número de
O ~
Sistema
de
Ensino1997
1998
Professores 'odo no Á›de
reduç3.097/98
E.F.
eE.M.
E.F. e E.M.
E.F.eE.M.
E.F
_ e E.M.
A
Efetivos
946
941
5 0,52Municipal contratados
472
449
. 234 87
Convenção:
G
=
Grau; E.F=
Ensino Fundamental; E.M.=
Ensino MédioFonte: Secretaria Municipal de Educação do Município de Pelotas/RS
Observando
osdados
apresentadosna
tabela 2, pode-se observarque o
número
de
professoressofreu
uma
redução.A
análise conjunta dos resultados nas tabelas 1 e 2, reforçama
tesede que a
proposta desenvolvida nos
PCNS
pode
ficarcomprometida na
práticapor
açõesque
venham
atomar
asDelegacias e Secretarias
de
Educação de
estados e municípios.Mesmo
dentro desse cenário negativo,a
sociedade aindatem
a expectativade que o
professorseja considerado
como
o
grande responsável pela atual situaçãodo
modelo
educacional brasileiro.Assim
sendo,o
professor é vistocomo
o
“iluminado” que,num
passede
“mágica”, écapaz
de
resolvertodas as questões problemáticas
do
curn'cu1o escolar.Ao
estudar osPCNS,
tive a nítida impressãode não
estarno
Brasil.A
proposta é elogiável.Tenho
certezade
que
ali estão contidas muitas das aspiraçõesdo
corpo docenteda
grande maioria dasescolas brasileiras, mas, rapidamente, voltei à realidade e
pude
elencaralgumas
situações inusitadas.No
novo
sistema educacional brasileiro, aeducação
básica reúne aeducação
infantil,o
ensinoobrigatória e prioritária,
o
que
é asseguradona
Emenda
Constitucional n°14,de
1996.Com
isso,o
ensino
médio
continuaamargando a
situaçãode
“sanduíche” entreo
ensino fundamental eo
ensinosuperior.
Segundo
Manhães
(1998), aomesmo
tempo
que
essaEmenda
criaa
prioridadeao
ensinofundamental, assegurando a universalização
de
seu atendimento,mostra
apreocupação
com
uma
remuneração
dignaao
magistério atravésda
criaçãodo
“Fundão”, pelo qual, nos dez primeiros anosde
promulgação
dessaEmenda,
os estados, os municípios eo
distrito federal destinarãonão
menos
de
sessenta
por
cento dos recursos nela descritos àmanutenção
e ao desenvolvimentodo
ensinofundamental, distribuídos proporcionalmente ao
número
de
alunos nas respectivas redesde
ensino.No
cadernode
Introdução dosPCNs
(p.35), pode-se lerque
“cada
criançaou
jovem
brasileiro,
mesmo
de
locaiscom
pouca
infra-estrutura e condiçõessocioeconômicas
desfavoráveis,deve
ter acessoao
conjuntode conhecimentos
socialmente elaborados e reconhecidoscomo
necessários
para
o
exercícioda
cidadaniapara
delespoder
usufruir.Se
existem diferençassocioculturais marcantes,
que determinam
diferentes necessidadesde
aprendizagem, existetambém
aquilo
que
écomum
a
todos,que
um
aluno
de qualquer
lugardo
Brasil (..) deve tero
direitode
aprender
e esse direitodeve
ser garantidopelo
Estado”.Quero
chamar a
atenção para dois pontosimplícitos nessa afiirnação: primeiro que, a pesar
de
osPCNs
atribuírem ao estado a responsabilidadede
dar as condições paraa
sua aplicação, experiências passadas já evidenciaramque
essaresponsabilidade é,
na
prática, transfelida para asmãos
do
professor,sem
que
lhesejam dadas
ascondições e .a instrumentalização necessárias para a implantação
do
“Projeto PolíticoPedagógico da
Escola”, necessário para
o
desenvolvimento dosPCNS. Segundo
que,sem
uma
estruturamuito
bem
organizada por municípios, estados e distrito federal, para
a formação
e aeducação
continuadade
professores, esse será
mais
um
projetosem
futuro, pois,como
o
professorpoderá
atendera
todas essasquestões abordadas nos
PCNS?
Alguns
professores já se manifestaram criticamente sobre osPCNS,
colocando suaspreocupações sobre 'os
mesmos. Moreira
(1996),comenta que o
atrelamentodo
currículo nacionala
um
sistemade
avaliação quantitativa pretende “classificaras
escolas e controlar,mais
eficientemente,
o
trabalho docente ” (p. 12).Acentua o
autorque
esse sistemade
avaliaçãode
escolas:“...
além de
visar controlar,0
trabalhopedagógico
e garantira formação
de determinadas
identidades sociais, é
também
útilpara a
'superação'de problemas
envolvidosna
escassezde
recursos
a
serem
gastoscom
a
educação
” (p.l2).Moreira
(1996)complementa
a idéia dizendo que,se os recursos são
poucos
e existeuma
avaliação quantitativa,há que
se contemplar asboas
escolas.Para
asdemais
escolas será reservadoo que
sobrar.Se fizennos
a
pergunta sobrequem
sairáganhando,
o
autor diz quer“A
resposta é tão óbviaque
dispensaqualquer
comentário ” (p. 13).Por
sua vez,Becker
(1996),também
analisando osPCNS,
pergunta: “...que
políticasgovernamentais
conhecemos para
o
ensino público brasileiro?” (p.263).Diz o
autorque
seouve
muito
sobreo
governo estarcomprando
milharesde
computadores, televisores e antenas parabólicas.Sim, mas: “...
onde
estáo plano de
formação
de
profifssorespara
operar
educativamente tais recursos tecnológicos?” (p.263).E
continuauma
sériede
questionamentoscomo
por exemplo:
“Quem
educa o educador?
para o
MEC,
quem
vaipreparar
os professorespara
osPCNs?
Preparar
o
suficiente
para
não comprometer
osavanços dos
PCNs?
” (p.263).Não
é objetivo desta dissertação discutira
implantação dosPCNs.
Porém, posso
imaginaro
“clima”
que
será estabelecido entre os professores atuantesno
ensino fundamentalcom
todoo
“apoio” financeiro e salário protegido pelo “Fundão”, pois é prioritário etem
verba específicapara
isso,compartilhando
o
mesmo
espaçocom
os professoresdo
ensinomédio
eda educação
infantil que, pelamesma
Emenda,
não
são considerados prioritários e sequertêm
seus salários garantidos,em
virtudeda
situação financeira precária vivida por municípios, estados e distrito federal.
Toda
esta situação infiuencia diretamenteo
trabalhodo
professorsem
que
elepossa
respondercom
suas próprias iniciativas, jáque deve
seguir planos previamente elaborados e definidos.A
maioria dos professores, ainda assim,mantém
sua posição digna eo
seu traballioem bom
nível. Essas questões levantadas anteriormente
não
minimizam
a atitudefirme
eo
compromisso
com
a
educação,
0
que, para muitos, é confundidocom
“sacerdócio”,dando
a essa palavra a conotação errôneade submissão
e desapreço ao educador,desconhecendo
o
importante papeldesempenhado
por
esse profissional
na
sociedade.Em
respostaa
isso,o
professor manifesta-sede
forma
diferenciada.Se
porum
ladoum
grupo de
professores,
na
verdade reduzido, luta paramudar
esse estadode
coisas, por outro lado ainda sepode
encontrar professores totalmente adaptados ao ensino tradicional e
descomprometidos
com
as questõessociais e
a
realidadedo
cotidiano. Felizmente, parte dessesegundo grupo
encontra-seem
um
estágioque eu chamaria de
“abertura pedagógica”,no
sentidode
que,mesmo
atuando dentrode
uma
perspectiva pedagógica tradicional
de
ensino,abrem-se ao
diálogo, possibilitando a trocade
idéias edisponibilizando-se à utilização de propostas
que apresentem métodos
altemativosde
ensino.É
paraesses professores, e para aqueles