• Nenhum resultado encontrado

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIREITO ELEITORAL BRASILEIRO: UM COMPARATIVO COM OS ESTADOS UNIDOS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIREITO ELEITORAL BRASILEIRO: UM COMPARATIVO COM OS ESTADOS UNIDOS"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

ELEITORAL BRASILEIRO: UM COMPARATIVO

COM OS ESTADOS UNIDOS

Orivaldo Peres Bergas1

Helio Udson Oliveira Ramos2

INTRODUÇÃO

Discutir o Direito Eleitoral tornou-se fundamental no mundo con-temporâneo, e ter um melhor entendimento sobre o modelo institucional da organização do Sistema Eleitoral do Brasil e dos Estados Unidos da América com certeza nos ajudará a compreender o fenômeno da cidadania e a importância da participação direta ou indireta de todos os cidadãos nesse processo, que lhes permitirá influenciar no futuro das políticas go-vernamentais, no sentido de buscarmos melhorias para o país.

Na visão de Chimenti:

A cidadania, sob o aspecto eleitoral, significa o ato de exercer direitos políticos. O direito de escolher os governantes ou de ser escolhido para governar, porém a cidadania pode ter a sua dimensão diferenciada para alguns, como para os analfabetos, onde o Direito que lhe é concedido é o ato de votar, mas não de ser votado.3

E é através de uma democracia semidireta, onde as manifestações são feitas por meio de representantes eleitos pelo povo, que no Brasil atual a soberania popular tem sido exercida.4

1 Graduado em Ciências Sociais, História e Geografia pela Fafipa – PR. Mestre em Agricultura Tro-pical – UFMT, mestrando em Gestão Educacional pelo Inset – SP, especialista em Metodologia do Ensino Superior FGV – RJ. Professor de Ciência Política e coordenador de Metodologia de Pesquisa no Curso de Direito pela Unic, Professor de pós-graduação pela Unipós – MT, e de mestrado no Inset – SP. E-mail: bergas@bol.com.br.

2 Graduado em Direito – Unic e Teologia – Faetepemat. Pós-graduado em Processo Civil e em Direito Público. Professor de Direito Eleitoral e Direito Penal. Doutorando Umsa – Argentina. 3 CHIMENTI, R. C. Direito Eleitoral. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. p. 45.

(2)

Diferentemente do que ocorre aqui no Brasil, o sistema eleitoral norte-americano funciona através de um sistema de votação indireta, no qual os candidatos a presidente não vencem pelo número de votos no país. “Cada Estado elege um determinado número de delegados, que re-presentarão seus respectivos estados votando no candidato que venceu em sua região”.5

Outro aspecto que merece atenção é que, nos Estados Unidos, o comparecimento do eleitor para votar é menor do que em outras democra-cias. Esse fato vem sendo registrado desde 1960, quando se observou que o comparecimento dos eleitores teve uma redução de 64% e teve pouca alteração em 1996, quando se registrou pouco mais que 50%.

Os direitos políticos que lhes são concedidos através da democracia parecem ter efeitos contrários mediante a apresentação desses fatos, já que estão relacionados a essa redução da participação popular, com a não obrigação do voto, ou seja, a votação nesse país é voluntária, também pelo fato de terem que se registrar para estar qualificados para votar, ou até mesmo por terem que contribuir várias vezes com o voto para que sejam preenchidos os milhares de cargos eletivos em todo o país, causando certo esgotamento dos eleitores qualificados.6

Partindo desse princípio, ao voltarmos a atenção para o caso do Brasil, onde o voto é obrigatório, devemos considerar a experiência vivida pelos norte-americanos? Onde, sendo o voto facultativo, muitos deixam de exercer o seu direito político pelos mais variados motivos.

Fazer considerações acerca dos procedimentos adotados nas elei-ções no Brasil e nos Estados norte-americanos nos remete a um breve es-tudo sobre o regime adotado nesses países e os respectivos resultados al-cançados. O comparativo aqui proposto não objetiva determinar o melhor sistema, mas se deve ao fato de compararmos o processo eleitoral brasi-leiro com o que é feito em um dos maiores centros financeiros do mundo.

5 CARVALHO, W. Eleições norte-americanas e brasileiras: diferencial de paradigmas. Artigo, 2008. Disponível em: www.jurisway.org.br. Acesso em: 28 out. 2009.

6 EUA, Departamento de Estado dos. Panorama das Eleições EUA. 2008. Disponível em: www. embaixadaamericana.org.br. Acesso em: 26 out. 2009.

(3)

O DIREITO ELEITORAL BRASILEIRO

De posse dos direitos políticos que nos confere o Estado democráti-co, com o direito ao voto, percebemos então que nos é atribuído o direito de intervir de maneira ampla ou mais restrita nas escolhas políticas de nosso país, conforme a intensidade desses direitos.

Nesse sentido, Queiroz conceitua o direito eleitoral, baseado no art. 12 do Código Eleitoral:

O direito eleitoral é o ramo do direito público, mais especifica-mente uma especialização do direito constitucional, cujo conjunto sistematizado de normas coercíveis destina-se a assegurar a orga-nização e o exercício de direitos políticos, precipuamente de votar ou de ser votado.7

Cândido, por sua vez, em discussões acerca do assunto, conceitua o Direito Eleitoral como sendo “o ramo do Direito Público que trata de instituições relacionados com os direitos políticos e das eleições, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares dos mandatos eletivos e das instituições do Estado”.8

É a Constituição Federal a fonte principal do Direito Eleitoral, ou seja, é ela que estabelece os fundamentos e princípios que regem o Direito Eleitoral no Brasil por toda a sua trajetória de existência.

Dessa forma, consideremos a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art. 1º, para melhor entendimento dos preceitos que re-gem a legislação eleitoral no país:

Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indisso-lúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I – a soberania; II – a cidadania;

III – a dignidade da pessoa humana; IV – o pluralismo político.

7 QUEIROZ, A. F. de. Direito Eleitoral. 4. ed. Goiânia: Jurídica IEPC, 1998. p. 27.

(4)

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.9 A premissa apresentada por Neto de que “não há Direito Eleitoral onde não funcione a participação popular na construção da soberania de determinado Estado”10 está de acordo com a Constituição Federal. Porém esse autor conclui que:

As expectativas dos constituintes em 1988 eram muitas, mas a avidez na busca por mudanças no sistema de acesso e participação no poder não obteve merecida atenção por parte da camada política quanto à defensiva dos princípios constitucionais, nem se procedeu à inclusão de uma cultura política mais adequada e ações que preservassem o Estado Democrático de Direito.11

No Brasil, diferentemente de muitos outros países, inclusive dos Estados Unidos, cabe à Justiça Eleitoral, órgão especializado do Poder Ju-diciário, toda a administração do processo eleitoral, incluindo desde o alis-tamento de eleitores até a finalização da contagem dos votos e diplomação dos candidatos eleitos.

É um modelo de organização que confere ao órgão plenos poderes na administração das eleições sem a interferência dos poderes Executivos e Legislativos. Também é a Justiça Eleitoral quem decide o contencioso eleitoral através de seus três níveis, sendo o Juiz eleitoral na primeira instância, o Tribunal Regional Eleitoral em segunda instância e no nível estadual ou distrital, e o Tribunal Superior Eleitoral, em última instância e em nível nacional, conforme o estipulado no art. 118 da Constituição Federal de 1988.12

Queiroz discute que “a capacidade política ativa no Brasil pode ser

9 BRASIL, República Federativa do. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Bra-sília: Senado, 2006.

10 NETO, A. A. S. Direito Eleitoral – teoria e prática. 4. ed. Curitiba: Juruá, 2008. 11 Idem.

12 FILHO, G. G. A Justiça Eleitoral no Brasil: a desconfiança como elemento fundamental de nosso sistema eleitoral. Artigo, 2004. Disponível em: www.senado.gov.br. Acesso em: 25 out. 2009.

(5)

tratada como um dever-direito, já que existe uma obrigatoriedade no voto para todos os cidadãos qualificados, entre 18 e 70 anos de idade, mas tam-bém pode ser facultativa em alguns casos”.13

Para Cândido:

Para ser eleitor e, consequentemente, poder votar, a condição é, na prá-tica, uma só, ou seja, ter inscrição eleitoral válida. Para obtenção desta, aí sim, há requisitos, assim demonstrados.

Inscrição Eleitoral (requisitos): — Obrigatória

— nacionalidade brasileira; — mínimo de 18 anos;

— quitação com o serviço militar; — não ser conscrito obrigatório; — ser alfabetizado.

— Facultativa — analfabetos; — maiores de 70 anos;

— mais de 16 e menos de 18 anos à época da inscrição.14

CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE NO PROCESSO ELEITORAL BRASILEIRO Elegibilidade, na visão de Costa, “é o direito de praticar atos de campanha eleitoral e de ser votado”.15

A Constituição Federal de 1988 (art. 14, § 3º) estabeleceu alguns pressupostos para o direito de ser votado, praticando atos de campanha. Tais pressupostos são denominados condições de elegibilidade.

De acordo com o art. 14, § 3º, da Constituição Federal - CF, são con-dições de elegibilidade, na forma da lei:

I – nacionalidade brasileira;

II – o pleno exercício dos direitos políticos; III – o alistamento eleitoral;

13 QUEIROZ, A. F. de. Direito Eleitoral. 4. ed. Goiânia: Jurídica IEPC, 1998.

14 CÂNDIDO, J. J. Direito Eleitoral Brasileiro. 12. ed. rev. atual. e ampl. Bauru: Edipro, 2006. p. 119. 15 COSTA, A. S. da. Inelegibilidade e inabilitação no Direito Eleitoral, 2008. Disponível em:

(6)

IV – o domicílio eleitoral na circunscrição; V – a filiação partidária;

VI – a idade mínima de 35 anos para presidente da República, vice-presidente da República e senador; a idade mínima de 30 anos para go-vernador e vice-gogo-vernador de estado e do Distrito Federal; a idade mí-nima de 21 anos para deputado (federal, distrital ou estadual), prefeito, vice-prefeito e juiz de paz; e idade mínima de 18 anos para vereador.16 Afora as condições constitucionais de elegibilidade, “há os pressu-postos infraconstitucionais como a filiação em partido político e aprovação em convenção partidária com a indicação para concorrer pela legenda a um mandato eletivo. Não basta obter o registro de sua candidatura”.17

Todavia a Constituição Federal exige nacionalidade original para o exer-cício de alguns cargos públicos (art. 12, § 3º). Assim, como o alistamento eleitoral, o domicílio eleitoral na circunscrição, a filiação partidária e a idade mínima.18

Dos cargos eletivos por votação direta, são privativos de brasileiros na-tos os de presidente e vice-presidente da República. Para ser senador, deputado federal ou estadual, vereador, governador, prefeito ou juiz de paz (há previsão de sua eleição no art. 98 da CF, com mandato de qua-tro anos), exige-se apenas a condição de brasileiro (nato ou naturaliza-do). Para ser presidente da câmara ou do senado, contudo, é necessária a condição de nato.19

São brasileiros natos os nascidos no Brasil, ainda que de pais estran-geiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país, jus solis, tam-bém os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil e os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, ainda que não

16 BRASIL, República Federativa do. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Bra-sília: Senado, 2006.

17 COSTA, A. S. da. Inelegibilidade e inabilitação no Direito Eleitoral. 2008. Disponível em: <http:// www.blog.direitoeleitoral.org.br/> Acesso em: 28 out. 2009.

18 CHIMENTI, R. C. Direito Eleitoral. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 19 Idem.

(7)

estejam a serviço do Brasil, desde que venham a residir em território nacio-nal e optem, a qualquer tempo, pela nacionacio-nalidade brasileira, prepondera o jus sanguinis.

São brasileiros naturalizados os que, na forma da lei, adquiriram a nacionalidade brasileira (exigidas aos originários de países de língua por-tuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral), ou ainda os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Há pleno exercício dos direitos políticos quando o cidadão reúne tanto o ius suffragii quanto o ius honorum.

Dentre os direitos políticos sobreleva o direito de votar, ou seja, o direi-to subjetivo de participar ativamente das eleições, ao qual denomina-se comumente de ius suffragii e o direito de ser votado, de poder postular concretamente o voto dos demais cidadãos, direito este também conhe-cido como ius honorum.20

A Lei 9.504/1997, em seu art. 11, § 2º, estabelece que “a idade míni-ma é adquirida gradativamente, deve estar completa no dia da posse. Não há idade máxima que limite o acesso aos cargos eletivos”.21

Pereira considera que “não basta ao cidadão preencher os demais requisitos necessários a fruição de direitos políticos se não providenciar junto ao órgão competente sua inscrição como eleitor”.22

Subentende-se que a elegibilidade é um direito com conteúdo espe-cífico e duração determinada, pertencente a todos os brasileiros, embora nem todos os nacionais sejam elegíveis, pois sem o registro não há condi-ções de angariar para si votos através de campanhas, que culmina com o total de votos obtidos no dia da eleição, assim sendo, não existe o direito

ius honorum supracitado.

20 PEREIRA, R. T. V. Breves apontamentos sobre Condições de Elegibilidade, Inegilidades, Registro

de Candidaturas e Ação de Impugnação de Pedido de Registro de Candidatura. Palestra

pro-ferida no III Encontro de Juízes e Promotores Eleitorais, promovido pelo Tribunal Eleitoral de Santa Catarina, Florianópolis, 2000. Disponível em: <http://www.tre-sc.gov.br/sj/cjd/doutrinas/ ricardo1.html> Acesso em: 21 out. 2009.

21 BRASIL, República Federativa do. Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997, Estabelece normas para as eleições. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1º out. 1997. Dispo-nível em:<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9504.htm>. Acesso em 27 out. 2009. 22 PEREIRA, R. T. V. Idem, ibidem..

(8)

Portanto, não basta para uma pessoa poder concorrer a qualquer cargo eletivo e que possua condições elegíveis, é imperativo que não inci-da em qualquer causa de inelegibiliinci-dade.

AS CAUSAS DE INELEGIBILIDADE

As inelegibilidades podem ser previstas pela Constituição Federal ou em lei complementar federal.

Segundo a Constituição Federal, no art. 14:

São inelegíveis ao inalistável (incluindo estrangeiros) e os analfabetos, são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos e afins, até o segundo grau, por adoção, do Presidente da República, do Governador de Estado ou território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem o haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular, de mandato eletivo e candidatos a reeleição.23

Nos termos do § 4º do art. 14 da Constituição Federal, são inelegíveis para qualquer cargo eletivo, em todo o território nacional os inalistáveis e os analfabetos (inelegibilidade absoluta).

Conforme leciona Chimenti:

A ausência de comprovante de escolaridade junto ao pedido de registro da candidatura autoriza o juiz a aferir, por outros meios (que preservem a dignidade do examinado) a condição de alfabetizado (art. 28, § 5º, da Re-solução TSE nº 21.608/2004). São inalistáveis os menores de 16 anos (até a data da eleição, nos termos do art. 14 da Resolução nº 21.538/2003), os estrangeiros, os conscritos (aqueles que, regularmente convocados, prestam o serviço militar obrigatório ou serviço alternativo) e os privados definitiva ou temporariamente dos seus direitos políticos.24

Segundo Costa, “até bem pouco tempo não havia nenhuma preocu-pação com a inabilitação, porém com a democratização do país e a

liber-23 BRASIL, República Federativa do. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Bra-sília: Senado, 2006.

(9)

dade de informação houve uma mudança forçosa nos hábitos políticos, a questão da inabilitação, passou a ganhar maior destaque”.25

Antônio Carlos Mendes, citado por Pereira, configura inelegibilidade como: “a existência de proibição que impossibilita a candidatura”.26

Embora sejam muitas as causas de inelegibilidade, atualmente a Lei Complementar nº 64, de 18 de março de 1990, dispõe sobre muitos desses casos. “Ainda que esteja longe de ser uma lei modelo, a LC nº 64 trata-se de uma boa lei”,27 afirma Cândido.

A LC nº 64/1990 (Lei da inelegibilidade) trata de questões polêmicas, como a corrupção no meio político, crimes contra a economia popular, a fé pública, o mercado financeiro, dentre outros. Contudo, não é eficaz, pois estipula que a condenação deve ser em última instância.

O DIREITO ELEITORAL NORTE-AMERICANO

Nos Estados Unidos, como já é sabido, adotou-se o sistema de vo-tação indireta, ou seja, vincula nesse país o perfil democrático indireto que, conforme conceitua Neto, “nada mais é do que a democracia repre-sentativa, na qual o povo, embora fonte única do poder, outorga parce-la deste aos representantes, escolhidos e legitimados através de eleições periódicas”.28

Nesse contexto, “o sistema se divide em duas fases, sendo formado na primeira fase um colégio eleitoral por meio de delegados elegidos atra-vés do voto direto do povo, que, por conseguinte elegerão os candidatos à Presidência da República numa segunda fase”.29

Não há nenhuma regulamentação na Constituição e nem mesmo lei federal que obrigue que os eleitores escolhidos pelo povo em determina-do Colégio Eleitoral efetivem seu voto de acordetermina-do com a escolha popular

25 COSTA, A. S. da. Inelegibilidade cominada por rejeição das contas. Boletim Jurídico, ISSN 1807-9008. Ago, 2006. Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/impressao. asp?id=1548> Acesso em: 27 out. 2009.

26 MENDES, Antonio Carlos apud PEREIRA, R. T. V. Breves apontamentos sobre Condições de

Elegi-bilidade, Inegilidades, Registro de Candidaturas e Ação de Impugnação de Pedido de Registro de Candidatura. Palestra proferida no III Encontro de Juízes e Promotores Eleitorais, promovido

pelo Tribunal Eleitoral de Santa Catarina, Florianópolis 2000. Disponível em: <http://www.tre-sc.gov.br/sj/cjd/doutrinas/ricardo1.html> Acesso em: 21 out. 2009.

27 CÂNDIDO, J. J. Direito Eleitoral Brasileiro. 12. ed. Rev. atual. e ampl. Bauru: Edipro, 2006. 28 NETO, A. A. S. Direito Eleitoral – teoria e prática. 4. ed. Curitiba: Juruá, 2008. p. 23. 29 QUEIROZ, A. F. de. Direito Eleitoral. 4. ed. Goiânia: Jurídica IEPC, 1998.

(10)

de seu Estado. “A maioria dos Estados já estão amparados por leis que determinam que esses representantes do povo sejam multados e desquali-ficados do cargo, por não retratarem a vontade da população depositando um voto inválido”.30

Em se tratando da administração das eleições norte-americanas, “é de competência dos Estados e cada Estado possui um administrador chefe das eleições, que é normalmente o Secretário de Estado”.31

Dessa forma, são atribuídos a milhares de administradores de elei-ções:

A organização e o seu respectivo controle, sendo responsáveis inclusive pela elegibilidade dos candidatos, pelo registro dos eleitores qualifica-dos, pela preparação das listas de eleitores, recrutamento de pessoas para administrar a votação no dia da eleição, até a tabulação e certifi-cação dos resultados.32

Ao contrário do que ocorre no Brasil,

Nos Estados Unidos da América não há uma lista nacional de eleitores qualificados, primeiramente cada eleitor tem que se qualificar efetuan-do esse registro de acorefetuan-do com a sua moradia e esse registro tem que ser refeito caso ele mude para outra localidade.33

Nos EUA admite-se o sufrágio universal para todos os maiores de 18 anos. “Entende-se por sufrágio universal “o poder ou o direito de se escolher um candidato” aos cidadãos qualificados pela Justiça Eleitoral”.34

Quanto ao contencioso eleitoral, cabe aos tribunais ordinários fede-rais inteira responsabilidade, enquanto que o Congresso permanece como juiz da verificação dos poderes. “Eles ainda podem contar com uma Comis-são Federal de Eleições – FEC, cuja competência é gerir o financiamento

30 EUA, Departamento de Estado dos. Panorama das Eleições EUA. 2008. Disponível em: www. embaixada-americana.org.br. Acesso em: 26 out. 2009

31 EUA, Departamento de Estado dos. Panorama das Eleições EUA. 2008. Disponível em: www. embaixada-americana.org.br. Acesso em: 26 out. 2009

32 Idem. 33 Ibidem.

(11)

público federal das eleições, onde também muitas vezes assessora o Esta-do quanto a financiamentos”.35

O sistema é bipartidário, pelo qual dois partidos dominam a política eleitoral, os Republicanos e os Democratas. Ocorre também que:

Por ser um sistema distrital, permite que apenas um partido vença em um distrito, e isso exige que eles tenham todo um aparato de recursos financeiros, gerenciamento e apoio popular na corrida da conquista dos votos. Dessa forma, os partidos menores ficam em desvantagem já que possuem menos recursos e pouco apoio popular e acabam não conquistando nenhuma representação nacional.36

A ELEGIBILIDADE E A INELEGIBILIDADE NORTE-AMERICANAS: UM COMPARATIVO

O Brasil é um Estado Democrático de Direito, onde todo o poder procede do povo, exercido por representantes eleitos, diferentemente dos demais países, inclusive dos Estados Unidos.

Ademais é da participação direta ou indireta dos cidadãos que nas-cem e desenvolvem os direitos políticos.

Para Cantor:

A forma democrática de governo americana é baseada em eleições li-vres e abertas e em uma tradição de pluralismo pela qual interesses concorrentes competem para influenciar a política pública. Essa carac-terização é adequada, especialmente hoje em dia, quando o tamanho do eleitorado leva à dependência da mídia de massa para comunicação com os eleitores, pelo menos em eleições para os cargos majoritários. A propaganda no rádio e na TV é um meio eficiente, porém dispendioso, de atingir as audiências de massa.37

35 FILHO, G. G. A Justiça Eleitoral no Brasil: a desconfiança como elemento fundamental de nosso sistema eleitoral. 2004. Disponível em: www.senado.gov.br. Acesso em: 25 out. 2009.

36 EUA, Departamento de Estado dos. Panorama das Eleições EUA. 2008. Disponível em: www. embaixada-americana.org.br. Acesso em: 26 out. 2009.

37 CANTOR, J. E. Eleições 2004: A situação do financiamento de campanha. 2004. Disponível em: www.embaixada-americana.org.br. Acesso em: 26 out. 2009.

(12)

Enquanto no Brasil qualquer pessoa em condições elegíveis pode concorrer a um cargo eletivo, nos Estados Unidos, o processo eleitoral possui particularidades que tornam disputadíssimo o cargo político mais influente do mundo.

No processo eleitoral americano o Estado escolhe um pré-candidato preferido para disputar a vaga pelos dois partidos principais, Democratas e Republicanos. O pré-candidato vencedor terá um determinado número de delegados na convenção nacional do partido e ganha aquele que obtiver maior número de delegados.

Assim, Saçashima destaca:

É nesse momento que o processo eleitoral americano mostra algumas de suas particularidades, pois a forma com que os eleitores elegem seu político preferido difere de um Estado para outro. Isso se deve ao fato da escolha respeitar à legislação eleitoral local. É uma lei estadual, por exem-plo, que estipula que New Hampshire, que ostenta o status de “primeiro da nação”, seja o primeiro a realizar uma primária no país. Iowa, por sua vez, conta com uma lei estadual que estipula que seja o primeiro Estado a ter qualquer tipo de votação no país. Por isso, foi em Iowa que a corrida presidencial teve início, não com uma primária, mas com um cáucus.38 Então podemos notar as duas formas que os americanos adotaram para escolher o seu candidato partidário: o caucus e as primárias.

O caucus pode ser definido como assembleia de eleitores. Eles se reú-nem em determinados locais (casas, escolas, igrejas, edifícios públicos, por exemplo), que são os distritos eleitorais cadastrados, onde discutem os candidatos e suas propostas. No Partido Republicano, o caucus é decidido através do voto informal (levantando a mão, por exemplo). Sai vitorioso o presidenciável com maior número de votos. No Partido Democrata, o processo é mais complexo. Para permanecer na disputa, cada pré-candidato deve obter pelo menos 15% dos votos em cada um dos distritos eleitorais cadastrados.39

38 SAÇASHIMA, E. Entenda o processo eleitoral dos EUA que irá levar um pré-candidato até a Casa

Branca. São Paulo. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/01/08/ult23u898.

jhtm> Acesso em: 27 out. 2009. 39 Idem.

(13)

As primárias, como é conhecido o processo de escolha (1ª etapa) acontece como se fosse uma eleição interna dos partidos, porém os eleito-res do Colégio Eleitoral não têm o mesmo poder de independência que os fundadores da nação imaginaram que teriam quando elaboraram a Cons-tituição em 1787.

Na 2ª etapa do processo eleitoral americano acontece o confronto direto entre os candidatos definidos, os debates, as intensas campanhas publicitárias e o “corpo a corpo” em cada Estado.

Ao contrário do que acontece no Brasil, “eleições diretas, nos Es-tados Unidos quem faz isso é o povo, direta ou indiretamente. Porém, existem várias legislações para a escolha do presidente, e cada um dos 50 estados define o sistema de escolha dos candidatos junto aos partidos”.40

Segundo o Departamento de Estado dos EUA, “cada cargo eletivo federal tem requisitos diferentes, expostos nos artigos I e II da Consti-tuição dos EUA”.41 Assim como no Brasil é regido pela Constituição e até se assemelha com as condições de elegibilidade brasileiras, quanto à nacionalidade do candidato, a idade mínima e domicílio eleitoral, porém tais semelhanças param aí, pois a 22ª Emenda da Constituição dos EUA, ratificada em 1951, proíbe que alguém seja eleito presidente mais de duas vezes. No entanto, não impõe nenhum limite de mandato a deputados e senadores no Congresso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Frente ao exposto, parece que a regra geral é que qualquer pessoa pode escolher seus representantes, seja nas casas legislativas, seja para a administração da coisa pública e até mesmo se candidatar para o cargo eletivo. Mas, como tudo o que ocorre em sociedade, existe um conjunto de normas que regulamentam tais direitos.

O que se entende no Brasil é que um sistema é mais democrático quanto maior a participação do povo na escolha de seu governante. Mas vejamos o caso dos Estados Unidos que, através de um sistema de votação indireta pode eleger um candidato com menor votação popular do que

40 FROTA, M. O complexo sistema eleitoral americano: Em meio às primárias, entenda como será

eleito o presidente dos EUA. São Paulo. 2008. Disponível em: <http://www.universia.com.br/

materia/imprimir.jsp?id=1555> Acesso em: 27 out. 2009.

41 EUA, Departamento de Estado dos. Panorama das Eleições EUA. 2008. Disponível em: www. embaixada-americana.org.br. Acesso em: 26 out. 2009.

(14)

seus adversários. Mesmo que na grande maioria das vezes o resultado da eleição tenha refletido a vontade da população, ocorreram em algumas eleições resultados inversos ao voto popular, já que os candidatos são elei-tos pelo número de voelei-tos dos Colégios Eleitorais, e isso com certeza deve causar certa falta de confiança no sistema.

No Brasil, as críticas giram em torno da obrigatoriedade do voto. É previsto no § 1º, do art. 14, da Constituição Federal, sanção para o ci-dadão que deixa de cumprir o seu “direito”. A contradição também está aqui imposta, pois então não poderia o cidadão deixar de se apossar desse seu direito?

No processo eleitoral norte-americano, observa-se que existe uma monopolização dos partidos republicanos e democratas, impedindo que partidos menores possam obter alguma representação nas eleições. Essa questão merece atenção no sentido de se analisar a flexibilidade das posi-ções políticas adotadas nos EUA, onde esses dois partidos têm se revezado no controle da máquina governamental.

Constatamos que, mesmo que a lei da inelegibilidade não sirva para penalizar, tem sido bastante discutida hoje, porém deveria sim ser revista com a finalidade de coibir a improbidade e defender a moralidade dos que exercem cargos eletivos.

Nunca se combateu tanto a corrupção no Brasil como agora. A sociedade brasileira está cansada dos desvios de conduta, dos malfeitores na administração pública e os cidadãos acreditam que combater os des-mandos seja o caminho para a moralidade da vida pública e o princípio de mudanças nas formas eletivas de um país democrático.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de

1988. Brasília: Senado, 2006.

_____. Lei 9.504, de 30 de setembro de 1997. Estabelece normas para as eleições.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 1º out. 1997.

Dispo-nível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9504.htm>. Acesso em: 27 out. 2009.

(15)

CÂNDIDO, J. J. Direito Eleitoral Brasileiro. 12. ed. Rev. atual. e ampl. Bauru: Edi-pro, 2006.

CANTOR, J. E. Eleições 2004: A situação do financiamento de campanha. 2004. Disponível em: www.embaixada-americana.org.br. Acesso em: 26 out. 2009. CARVALHO, W. Eleições Norte-americanas e brasileiras: diferencial de paradigmas. 2008. Disponível em: www.jurisway.org.br. Acesso em: 28 out. 2009.

CHIMENTI, R. C. Direito Eleitoral. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

COSTA, A. S. da. Inelegibilidade e inabilitação no Direito Eleitoral. 2008. Disponí-vel em: <http://www.blog.direitoeleitoral.org.br/> Acesso em: 28 out. 2009. _____. Inelegibilidade cominada por rejeição das contas. Boletim Jurídico. Ago. 2006. Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/impressao. asp?id=1548>. Acesso em: 27 out. 2009.

EUA, Departamento de Estado dos. Panorama das Eleições EUA. 2008. Disponível em: www.embaixada-americana.org.br. Acesso em: 26 out. 2009.

FILHO, G. G. A Justiça Eleitoral no Brasil: a desconfiança como elemento fun-damental de nosso sistema eleitoral. 2004. Disponível em: www.senado.gov.br. Acesso em: 25 out. 2009.

FROTA, M. O complexo sistema eleitoral americano: Em meio às primárias, entenda como será eleito o presidente dos EUA. São Paulo, 2008. Disponível em: <http:// www.universia.com.br/materia/imprimir.jsp?id=1555> Acesso em: 27 out. 2009. NETO, A. A. S. Direito Eleitoral – teoria e prática. 4. ed. Curitiba: Juruá, 2008. PEREIRA, R. T. V. Breves apontamentos sobre Condições de Elegibilidade,

Inelegi-bilidades, Registro de Candidaturas e Ação de Impugnação de Pedido de Registro de Candidatura. In: III Encontro de Juízes e Promotores Eleitorais. Tribunal

Elei-toral de Santa Catarina, Florianópolis 2000. Disponível em: <http://www.tre-sc. gov.br/sj/cjd/doutrinas/ricardo1.html>. Acesso em: 21 out. 2009.

(16)

QUEIROZ, A. F. de. Direito Eleitoral. 4. ed. Goiânia: Jurídica IEPC, 1998.

SAÇASHIMA, E. Entenda o processo eleitoral dos EUA que irá levar um

pré-candi-dato até a Casa Branca. São Paulo. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/

Referências

Documentos relacionados

• 5000ºKelvin, gama 1.8, ColorMatch – adequado ao tratamento imagem para impressão • 6500ºKelvin, gama 2.2, Adobe RGB – o maior espaço de cor RGB... Definir o branco em que

O executivo da Câmara Mu- nicipal de Braga vai aprovar, na sua reunião de hoje, a com- participação de 440 mil eu- ros para o programa de de- senvolvimento desportivo que o

 Crítica: a abordagem individualizada não pode inscrever o SS no puro circuito da intervenção psicossocial, como terapia e/ou como apoio promocional, pois todas as

Esse módulo é usado como ferramenta para gerar relatórios sobre informações que serão usados para enviar para os clientes um relatório para ressarcimento dos valores gastos na visita

Estabelece uma cadeira de Anatomia no Hospital Real Militar da Corte... Faculdade de Medicina

Display Matriz de 240 x 64 Tensão Rigidez Dielétrica AC 0,050kV a 5kV Resolução Passos de 2V Carga Rigidez Dielétrica AC 200VA (5kV/40mA) Corrente Rigidez Dielétrica AC 10mA (0,1kV

Neste momento, e tendo em conta tudo o que foi transmitido na formação e a forma como foram explorados determinados programas e materiais, já defendo a ideia de que estes

Demonstração (Esquerda para Direita): Defletor de Calor, Churrasqueira Kamado Joe, Cubos para Acender o Fogo, Pedra para Pizza, Pedras de Carvão 100% Natural.... MONTANDO