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.113* PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA

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.113*

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA

ACÓRDÃO

APELAÇÃO CRIMINAL N. 001.2006.027955-9 /001 • CAMPINA GRANDE Relator : Juiz convocado Eslu Eloy Filho

Apelante : O representante do Ministério Público

Apelado : Joseval Lustosa da Silva, vulgo "Josa" (Adv. Maria Eliesse de Queiroz Agra)

DELITO CONTRA O PATRIMÔNIO - Receptação dolosa -Concurso material com adulteração de sinal caracterizador de veículo automotor - Desclassificação do primeiro crime para receptação simplesmente culposa - Absolvição do réu quanto ao segundo - Apelo ministerial - Irresignação restrita, tão somente, à desclassificação operada na sentença - Prova indiscutível da ciência do réu quanto à origem criminosa do bem Reforma da decisão apelada, no ponto -Provimento do apelo ministerial.

- Se o conjunto de elementos probatórios contidos nos autos aponta, de forma inexorável. que o agente. pessoa iterativamente envolvida em incursões contra o patrimônio alheio, era, ao tempo em que adquiriu a moto, ciente da origem criminosa do hem, tanto que cuidou de repassar, de plano, a sua posse para terceiro, não há como não caracterizar criminalmente a sua conduta como receptação dolosa.

• VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Criminal, acima identi-ficados:

.ACO R DA a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimida-de, em dar provimento ao apelo ministerial.

Na 4'• Vara Criminal da comarca de Campina Grande, JOSEVAL LUSTOSA DA SILVA, conhecido pela alcunha de "Josa", foi denunciado pelo representante do Ministé-rio Público por infringência aos arts. 180. "caput" e 311 "caput", todos do Código Penal, sob a acusação de ter adquirido, de um indivíduo conhecido apenas por "Zé", uma motocicleta re-centemente furtada c, logo no dia seguinte, já tendo o veículo sido adulterado em seu sinal identificador, permutado o mesmo por outra moto com o indivíduo Juscelino Luna da Silva, fato ocorrido entre Os dias 17 e 18 de setembro de 2006, na cidade de Campina Grande, fls. 02/04.

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PODFR JUDICIÁRIO

1 RIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAIDA

.•

ApCrim 001.2006.027955-9/001

Após instrução regular, o magistrado sumariante, considerando que a prova não teria caracterizado, de modo induvidoso, que o réu teria prévio consentimento da origem cri-minosa do bem, desclassificou a conduta exercitada pelo mesmo para o crime de receptação culposa, ao tempo em que, considerando insuficiente a prova pela autoria da adulteração da placa do veículo, optou pela absolvição quanto à conduta criminosa do art. 311. "capta", do Código Penal, fls. 127/135.

Irresignada quanto ao desfecho da lide relativamente à desclassificação opera-da, embora reconhecendo que a prova, de fato, não teria firmado subsídios inconcussos quanto à autoria da adulteração do sinal identificador da motocicleta, apelou a Promotora de Justiça, pleiteando a reforma parcial as sentença, mediante a condenação do apelado por infração ao art. 180, "capta", do Código Penal. fls. 140/146.

Opostas as contra-razões de defesa, fls. 148/150, os autos alçaram a esta superi-or instância, onde a douta Procuradsuperi-oria de Justiça, em parecer, posicionou-se pelo improvi-. mento do apelo, fls. 157/158.

VOTO

Uma análise do conjunto de elementos probatórios contidos nos autos revela, de forma indiscutível, que o apelado, pessoa afeita à prática de crimes contra o patrimônio, é o principal elo do encadeamento criminoso que culminou com o furto da motocicleta, por ele próprio ou mesmo por terceiro, a subseqüente alteração delituosa da placa característica do 0110 veículo e, por fim, a troca do bem, em uma feira livre, por uma moto de qualidade inferior,

mais uma certa compensação em dinheiro, com O senhor Juscelino Luna da Silva, em cuja

propriedade foi a moto encontrada e recuperada pela Polícia.

Interrogado por ocasião do flagrante delito, o apelado, diante da contundência da prova apurada em seu desfavor, não teve como negar que fora ele próprio quem repassara a moto Honda CG 125, de cor verde, já com a placa adulterada, para Juscelino, mediante troca em outra motocicleta, de marca Yamaha, além de uma compensação financeira de quinhentos reais.

Quanto à origem da res furtiva, o apelado Joseval Lustosa da Silva apresentou, para Os milicianos que o prenderam em flagrante delito, a versão fantasiosa de que teria

adqui-rido o bem de um misterioso personagem, apontado apenas pela alcunha de "Zé", mediante o paga • ento dequinhentos e cinqüenta reais, além de um aparelho televisor de vinte polegadas.

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,Y 1 KIBUNAI. DE JUS !IÇA DO ES rADO DA PARARIA

ApCrim 001.2006.027955-9 / 001

Tal personagem, como ordinariamente ocorre em episódios dessa natureza, não foi jamais identificado, embora existam, nos autos, segmentos de prova dando conta de que,

,

realmente, o apelado, em suas habituais incursões delituosas, agiria mancomunado com um :

indivíduo conhecido, no submundo do crime, pela alcunho de "Zé". 1

I

O fato é que, diante da cortina de fumaça que envolveu a identidade do perso-nagem "Zé

-

, o apelado desfrutou do ensejo de atribuir, ao mesmo, a responsabilidade pelo furto, como, igualmente, pela adulteração da placa identificadora do veículo, porquanto che-gou a afirmar, quando interrogado em Juízo, que "já recebeu a motocicleta do indivhluo CO-'

III.

nhecido por Zé com a placa MAR] 2573 PB.,e que só po.sleriormente veio a saber que se

Ira-lava de uma placa .fria". fls. 63.

Tais colocações do apelado, que terminaram por nortear a desclassificação, em primeira Instância, do crime dc receptação para simplesmente culposo, não poderiam, em sã . consciência, se revestir da densidade legal que lhe foi emprestada, porquanto absolutamente

inverossímeis e atentatórias à verdade da prova.

,

. Com efeito, o apelado, portador de péssimos antecedentes criminais, em que

,

, pontificam lamentáveis episódios de crimes contra o patrimônio, não preenche o perfil psico-lógico daquela pessoa ingênua, capaz de adquirir uma motocicleta sem a devida documentação e por preço vil, no pressuposto de que o bem não teria origem criminosa.

. Ademais, o fato de ter o mesmo, em menos de 24 horas, já repassado a motoci-cleta, já com o emplacamento adulterado, para terceira pessoa, deixa claro que, em momento algum. deixara de ter conhecimento de que a mesma seria produto de roubo.

Nesse sentir, conforme corretamente argumentou a zelosa Promotora de Justiça ,

subscritora das razões de apelo, a desclassificação da conduta para simplesmente culposa ter-. minou por afrontar Os elementos de convencimento encartados nos autos, além de frustrar, . claramente, a expectativa de punibilidade social que a hipótese suscita.

,

A jurisprudência pátria tem sido pródiga, aliás, em deixar claro que a circuns-tância do agente ser afeito à prática delitiva, mormente através de incursões contra o patrimô-nio alheio, firma a presunção, jure et de jure, de que o mesmo conhecia a origem ilícita do bem, nas hipóteses de receptação (TACRSP, RJDTACR1M 36/345 e RJDTACRIM 15/154).

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s :- :. ''.'47. 1 RIBUNAL D1 , JUS I IÇA DO ESTADO DA PARAÍBA ; 1 , ApCrim 001.2006.027955-9 /001 n 1

1 Comungando desse entendimento, dou provimento ao apelo ministerial e, via de

; conseqüência, reformo parcialmente a decisão monoctática apelada, para considerar, como ,

considerado tenho, o apelado JOSEVAL LUSTOSA DA SILVA, vulgo "Josa", como incurso

I

nas sanções do art. 180,

caput,

do Código Penal. ;

• Apropriando-me das mesmas circunstâncias judiciais expostas na sentença ape-lada (fls. 133/134), fixo a pena-base em dois anos de reclusão.

Quanto à circunstância atenuante da confissão, tomada, na sentença apelada, para efeito de redução de pena, compenso-a com a circunstância agravante da reincidência,

010

observada quando da análise dos antecedentes criminais, fls. 107, pelo que torno definitiva a pena-base, fixada em dois anos de reclusão.

Aplico, cumulativamente, ao apelado, conforme preceitua o art. 180 do CP, a pena de vinte dias-multa, à razão unitária de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo, devida-mente atualizado ao tempo do seu recolhimento.

À vista dos antecedentes criminais desfavoráveis, o réu não tem direito ao bene-fício da suspensão condicional da pena e nem do

sursis.

.

O cumprimento da pena, ainda levando-se em consideração os seus anteceden-tes criminais, será o semi-aberto, em estabelecimento prisional a ser definido pelo Juízo das •

Execuções. ,

Ratifica-se, no que couber, as demais disposições contidas na sentença. É o voto.

Presidiu o julgamento o Des. Joás de Brito Pereira Filho, sem voto vencido, e ,

, dele participaram, além do relator, o Des. José Martinho Lisboa e o Juiz convocado Carlos ,

. Neves da Franca Neto. ,

•; SALA DE SESSÕES "DES. M. TARA' DE QUEIROZ MELO FILHO" ..

DA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA, em 08 de

ja-neiro de 2008. :

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