DESPACHO SEJUR Nº 38/2016
(Aprovado em Reunião de Diretoria em 20/01/2016)
Referência: Expediente CFM nº 12175/2015
Assunto: Questões controvertidas entre o CREMESP e o CRM-PR
– Inscrição
secundária – Transferência.
DOS FATOS
Trata-se de Ofício encaminhado pelo Conselho Regional de Medicina do
Estado de São Paulo no qual junta a cópia do procedimento de transferência e inscrição
do médico M.C.S.J., para conhecimento e deliberação do
CFM sobre “as questões
controvertidas nele contidas”.
A fim de deixar “as questões controvertidas” mais claras para essa Diretoria
promover as deliberações solicitadas, reportamo-nos às datas e fatos relatados no
Parecer Jurídico nº 08/2015-DJM, proferido pelo Departamento Jurídico do CREMESP e
pedimos vênia para transcrever os seguintes trechos:
“(...) em 08/12/2014 o referido médico protocolou requerimento neste CREMESP para transferência de sua inscrição principal para o CRM/PR,
mesma data em que este CREMESP expediu, então, o certificado de
regularidade para fins de transferência, válido até 31/12/2014”;
“(...) o CRM/PR encaminhou para o CREMESP o Ofício nº 201/2015-SIPF, datado de 29/01/2015, protocolado em 04/02/2015 sob nº 23.898/15, devolvendo 07 (sete) certificados de regularidade de médicos que não haviam efetivado suas inscrições perante aquele Regional no prazo de validade dos referidos documentos, dentre os quais encontra-se o certificado do Dr. Mário Cezar Saffi Junior.”
...
“De forma absolutamente contraditória e inesperada, o CRM/PR encaminhou para o CREMESP o Ofício SIPF 1639/2015, datado de 29/06/2015 e
protocolado na mesma data sob nº 109.524/2015, informando que o Dr. Mário Cezar Saffi Junior teria sido inscrito, por transferência, naquele Regional em 22/12/2014, sem qualquer explicação acerca da devolução anterior do certificado de regularidade do médico, ocorrida há mais de cinco meses antes daquela nova e contraditória informação.”
...
“Diante deste fatos contraditórios, e considerando que foi protocolada perante o CREMESP reclamação em desfavor do referido médico em meados de maio do corrente ano (2015), este CREMESP encaminhou ao CRM/PR o Ofício nº 4324/2015-SRP, datado de 18/09/2015, solicitando fosse devidamente revista a inscrição realizada por aquela autarquia, para que a mesma fosse efetivada na modalidade secundária, permanecendo o profissional , assim, inscrito perante o CREMESP, a fim de resguardar integralmente o exercício de sua atividade judicante e disciplinar. Na mesma ocasião, o referido médico foi cientificado de que a sua inscrição permaneceria ativa perante o CREMESP, diante da Sindicância nº 96.992/2015, instaurada diante da reclamação recebida pelo CREMESP em relação ao seu exercício profissional.
O CRM/PR encaminhou, então, o Ofício nº 2264/2015-DEIQP/PF acima referido, comunicando a impossibilidade de alteração do status da inscrição do referido médico, sugerindo que a apuração em Sindicância e a instrução eventual Processo Ético devem se dar perante o CREMESP, e o julgamento onde o médico possuir a inscrição principal.
... Parecer
...
Com relação aos requisitos para transferência de inscrição profissional entre os Conselhos Regionais, assim determina o Manual de Procedimentos Administrativos – Pessoa física fls. 12 (anexo à Resolução CFM nº 201/12):
Procedimentos no CRM de destino:
1. O CRM de destino , ao receber o Certificado de regularidade de Especialidade enviado pelo CRM de origem, deve protocolar e aguardar o
comparecimento do médico , por até 45 dias, ao CRM para confirmar a solicitação.
...
2. 8. Caso o médico não compareça ao CRM no prazo de 45 dias, os certificados de regularidade e de especialidade perdem a validade e o CRM de destino deverá encaminhar ofício de repúdio ao CRM de origem, informando a não efetivação da transferência.
Neste ponto, cabe observar que o CRM/PR, diante do não comparecimento do profissional no prazo de validade do certificado de regularidade, encaminhou ofício de repúdio ao CREMESP datado de 29.01.2015 e protocolado em 04/02/2015, inclusive devolvendo o referido certificado, para após o decurso de 5 (cinco) meses, sem qualquer explicação, encaminhar ofício de confirmação, datado de 29/06/2015 e protocolado na mesma data, informando que a transferência havia sido realizada em 22/12/2014. Ora, a única conclusão possível neste momento, diante da absoluta falta de informação por parte do CRM/PR, é que aquela autarquia realizou a inscrição do referido médico, por transferência, de forma retroativa, pois o certificado de regularidade que inclusive já havia sido devolvido para o CREMESP, já havia expirado em 31/12/2014.
De qualquer forma, há que se considerar que, em meados de maio de 2015, (...) o CREMESP recebeu reclamação envolvendo o referido médico, razão pela qual instaurou a Sindicância nº 96.992/15, recebendo com surpresa o ofício enviado pelo CRM/PR e datado de 29/06/15, através do qual, contrariando a informação anteriormente fornecida pelo próprio órgão, comunicou que a inscrição do referido médico havia sido em 22/12/2014. ...
De qualquer forma, independentemente de toda confusão acima relatada acerca dos desacertos durante o procedimento de “transferência retroativa” do referido médico, é importante observar que, nos ermos do artigo 2º do CEPEP, a competência dos Conselhos Regionais para apreciar e julgar infrações éticas é fixada de acordo com o local onde o médico possua sua inscrição ao tempo da ocorrência do fato punível.
Neste ponto, cumpre ressaltar que a reclamação recebida pelo CREMESP envolvendo o profissional “transferido retroativamente” para o CRM/PR, que ensejou instauração da Sindicância nº 96.992/15, fundamenta-se nos fatos ocorridos em 04/12/2012, ocasião em que o referido médico encontrava-se inscrito perante o CREMESP.
Conclusão. Opinio iuris
Diante do exposto, conclui-se que a competência para apreciar e julgar os fatos ventila dos na referida Sindicância nº 96.992/15 é deste CREMESP, impondo-se a revisão do ato administrativo de inscrição por transferência procedida pelo CRM/PR.
De qualquer forma, considerando o teor da manifestação do CRM/PR contida no Ofício nº 2264/2015-DEIQP/PF, no sentido da impossibilidade da revisão do ato administrativo de inscrição do referido médico, opinamos seja o presente expediente encaminhado para o Conselho Federal de Medicina, para conhecimento e deliberação acerca dos procedimentos controvertidos acima mencionados.
...”