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Uma versão adaptada ao meio empresarial

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Academic year: 2019

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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO OU GESTÃO ESTRATÉGICA?

A única certeza do planejamento é que as coisas nunca saem (exatamente) como planejado. (Lúcio Costa, com adaptações)

Walter Justus

Muito se tem discutido atualmente sobre a necessidade das empresas ou organizações1 adotarem um planejamento estratégico.

Alguns especialistas do tema criticam a realização deste planejamento, argumentando que normalmente são lentos, complexos e de difícil execução. Justificam que hoje, com a globalização “instantânea”, os processos têm que ser ágeis, flexíveis e com rápidas mudanças, quase online. Em resumo, defendem que o planejamento tem que ser praticamente diário.

Entretanto, outros autores acreditam que o planejamento estratégico deve continuar sendo realizado, mantendo suas características básicas e que este processo é fundamental para o sucesso de qualquer organização.

Qual destas duas correntes é a correta? Afinal, um planejamento estratégico é importante para o sucesso empresarial? A busca de uma resposta coerente a estes questionamentos é exatamente o objetivo principal deste trabalho.

O que é um planejamento estratégico?

Para melhor compreensão, é necessário o entendimento de alguns conceitos, como estratégia e planejamento.

O termo estratégia tem sua origem no meio militar, onde significava, de maneira geral, a arte de vencer uma guerra. Tornou-se célebre a obra de Sun Tzu, “A Arte da Guerra”, idealizada no século V a.C., na qual preconizava o emprego de ações estratégicas que foram utilizadas na época. A importância desta obra pode ser constatada nos dias de hoje, tanto nas forças armadas, como na sua adaptação para o meio empresarial.

Apenas para consolidar estas afirmações, é apresentada a seguir uma frase significativa de Sun Tzu em sua versão original e em uma versão adaptada ao seu emprego nos planejamentos empresariais:

Sun Tzu (versão original) Uma versão adaptada ao meio empresarial

“Quando você conhece o seu inimigo e a si próprio, ganhará todas as batalhas.

Quando você se conhece mas não conhece o inimigo, vencerá algumas

batalhas.

Quando você não conhece nem ao inimigo nem a si próprio, perderá todas

as batalhas.”

“Quando você conhece o seu concorrente e a sua empresa, terá

grande sucesso.

Quando você se conhece mas não conhece o concorrente e o ambiente,

poderá ter algum sucesso. Quando você não conhece nem o ambiente externo nem a sua empresa

estará condenado ao fracasso.”

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As empresas começaram a adotar uma postura estratégica, particularmente a partir da segunda metade do Século XX, adaptando muitas das estratégias militares ao mundo dos negócios.

A idéia central do trabalho de Levy2 descreve que o pensamento estratégico nas empresas é pautado pela afirmação de que há um conflito muito mais constante que a guerra: o realizado entre as empresas. As forças armadas se preparam para a guerra, mas passam por períodos de paz, enquanto as empresas estão em permanente situação de conflito.

O entendimento sobre planejamento pode ser traduzido como um processo ou método que inclui, de modo geral, um estudo da situação - ou análise da situação, a definição da missão da empresa e a decisão sobre ações a serem realizadas para atingir a missão e as metas da melhor forma possível, otimizando os resultados. Ele é utilizado em praticamente todas as áreas ou atividades, inclusive na vida pessoal. Mesmo que mentalmente, não se planeja uma simples viagem de férias?

Neste contexto, pode-se afirmar que o planejamento estratégico adota passos semelhantes a qualquer tipo de planejamento, buscando, entretanto, soluções estratégicas para atingir os objetivos da empresa. Pode ser considerado o de mais alto nível dos tipos clássicos de planejamento - estratégico, tático e operacional.

Características do planejamento estratégico

“Se não sabemos onde queremos chegar, qualquer caminho leva a algum lugar!” (Anônimo)

São várias as características que o difere dos demais tipos. Mas, pelo menos três são consideradas como fundamentais e são apontadas como consenso entre especialistas do tema:

- visualiza objetivos a longo prazo, normalmente mais de cinco anos; - envolve a empresa como um todo;

- é realizado e decidido pela alta cúpula da empresa.

Além destas características, outra consideração importante é que um planejamento estratégico pode e deve ser aplicado em empresas de qualquer dimensão, desde uma de grande porte, como a PETROBRAS, até pequenas ou micro empresas, como o caso de uma banca de revistas ou de uma simples e pequena pizzaria.

O mesmo raciocínio é válido para os diversos tipos de organizações, sendo que este planejamento é de grande utilidade tanto numa organização de caráter privado como numa governamental.

Etapas de um planejamento estratégico

“Quem decide pode errar, quem não decide já errou ” (Maestro Von Karajan)

Os especialistas no tema apresentam várias versões para definir uma metodologia ou as etapas do processo. O importante é verificar que, de certa forma, todas atendem aos questionamentos básicos de um planejamento - estratégico ou não, ou seja:

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- onde estou atualmente (qual a minha situação); - para onde pretendo ir (onde quero chegar); - como vou fazer (decisão das ações).

Como exemplo, a seguir são apresentadas duas metodologias e a correlação de suas fases com os questionamentos básicos:

DJALMA STONER E FREEMAN (*) Questionamentos

clássicos/básicos

1. Diagnóstico estratégico

3. Análise ambiental

4. Análise de recursos

5. Identificação de

oportunidades estratégicas e ameaças

Onde estou? Como estou? Qual a situação atual?

2. Missão da empresa

1. Formulação de objetivos

2. Identificação das metas e estratégias atuais

O que pretendo? Para onde quero ir?

3. Instrumentos

prescritivos e quantitativos

6. Determinação do grau de mudança estratégica necessária

7. Tomada de decisão estratégica

Como fazer? Quais as ações estratégicas?

4. Controle e avaliação

8. Implementação da estratégia

9. Medida e controle do progresso

(*) A seqüência das etapas segue a numeração original dos autores e foi alterada neste quadro, apenas para ser possível a correlação com os questionamentos clássicos.

Pode-se confirmar acima, que as diferentes formas de abordar o processo de planejamento respondem aos três questionamentos clássicos.

Ainda no quadro anterior, verifica-se que a fase de acompanhamento ou controle não apresenta correlação com os questionamentos básicos. Qual é o motivo? Por que não há esta correlação? Este questionamento será discutido logo a seguir, no item gestão estratégica.

O plano estratégico

Tão logo o planejamento estratégico esteja concluído, há a necessidade de formalizar as decisões estratégicas, o que é feito através de um plano estratégico, que normalmente é um documento que estabelece o “como” fazer para atingir os objetivos da empresa.

Aqui aparece uma das maiores críticas ao processo em estudo. Tradicionalmente, e infelizmente em alguns casos ainda nos dias atuais, as empresas apresentam planos de difícil compreensão, extensos, com vários volumes, de caráter sigiloso e, em conseqüência, pouco divulgados ou guardados em um cofre, sendo do conhecimento só da alta cúpula.

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sua gestão, ou seja, deve ser o mais simples possível, objetivo e do conhecimento de todos os envolvidos na sua execução.

Considerando que um dos princípios do planejamento é ser um processo contínuo e não estático, não basta realizar um excelente plano e considerar que o trabalho será perfeito se este documento for executado exatamente como o previsto. Hoje, principalmente com as mudanças cada vez mais rápidas no ambiente externo, há necessidade de constantes modificações no planejamento e no plano estratégico. Uma ferramenta muito útil para reduzir este problema é, ainda nesta fase inicial do processo, levantar o maior número de cenários possíveis e preparar ações alternativas para cada uma destas situações. Estas ações podem ser reguladas no denominado plano de contingência ou plano B.

O que é gestão estratégica?

“Gerenciar não é apenas pensamento passivo e adaptativo; é tomar providências para que ocorram os resultados desejados.” (Peter Drucker)

Algumas idéias sobre o tema podem ser retiradas do pensamento de Drucker acima citado:

- a gestão estratégia, embora seja um termo considerado moderno, não é tão recente assim;

- o pensamento passivo a que se refere o autor diz respeito à fase inicial do planejamento;

- a atitude de tomar providências significa colocar em prática o plano estratégico, acompanhando e decidindo as mudanças de rumo necessárias.

E é exatamente nesta última frase - “colocar em prática o plano estratégico”, que, para a maioria dos autores, se identifica a chamada gestão estratégica.

Além de implementar o plano, a gestão estratégica deve acompanhar a evolução de seus resultados. A cada mudança no ambiente, novo diagnóstico pode ser necessário e, em conseqüência, novas decisões devem ser tomadas.

Dependendo do tipo de empresa, do ambiente externo e de outras situações, estas mudanças podem ser constantes e, conforme descrito anteriormente, muito rápidas, em determinadas situações quase que instantâneas. Esta afirmativa vem a reforçar a importância cada vez mais visível do processo de tomada da decisão. Pode-se afirmar que este processo é um dos principais pilares para o êxito de uma gestão estratégica.

É interessante lembrar que um plano deve ser modificado, sempre que necessário. Infelizmente, alguns dirigentes consideram que após confeccionado o plano estratégico, os trabalhos estão encerrados. Este é um grande erro, normalmente apontado como uma das causas do insucesso do processo.

Um planejamento estratégico pode ser excelente, muito bem elaborado, com um diagnóstico completo e detalhado, mas se não houver o entendimento da necessidade de acompanhar as mutações em alta velocidade que ocorrem no mundo atual, o plano certamente estará condenado ao fracasso.

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A interligação entre o planejamento estratégico e a gestão estratégica

Só pode haver uma gestão estratégica eficiente e eficaz se houver um adequado planejamento estratégico.

Para a maioria dos especialistas, a gestão estratégica é a continuidade do planejamento estratégico ou, em outras palavras, faz parte do tradicional ciclo PDCA3, com adaptações, onde o planejamento se encerra na fase P e a gestão prossegue nas fases subseqüentes - D, C e A.

Porém, também há divergências sobre o conceito e as etapas de uma gestão estratégica.

O quadro a seguir apresenta algumas versões sobre a posição da gestão em relação ao planejamento estratégico:

Ciclo PDCA

Planejamento e Gestão

Versão 1 Versão 2 Versão 3 Versão 4 (*)

P

(Plan) Planejar

D (Do)

Executar (Implementar)

C

(Check)

Verificar resultados

Controlar

A

(Act) Agir (Atuar)

Planejamento

Estratégico

Planejamento

Estratégico

Planejamento

Estratégico

Gestão

Estratégica

Gestão

Estratégica

Gestão

Estratégica

(*) Há autores, como TAVARES4, que consideram o planejamento estratégico inserido

no processo de gestão estratégica.

Na versão 1, mais tradicional, verifica-se que o planejamento estratégico engloba todo o processo, incluindo a implementação, o controle e as correções de rumo.

As versões 2 e 3 são intermediárias, sendo que esta última atribui ao planejamento uma parte estática, cabendo à gestão todas as demais fases dinâmicas. Na versão 4, Tavares procura reunir o plano estratégico e sua implementação em um único processo.

O importante não é discutir qual o melhor método ou a nomenclatura mais apropriada, mas sim se há a compreensão exata e clara de que o processo necessita de um planejamento estratégico - resultando num plano viável de ser aplicado, e de uma gestão dinâmica na sua implantação, no seu acompanhamento e nas decisões para mudanças de rumo necessárias.

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O ciclo PDCA foi desenvolvido por Walter A. Shewart na década de 20, sendo posteriormente difundido por Deming. É uma ferramenta que auxilia o controle do processo, podendo ser usado de forma contínua para o gerenciamento das atividades de uma organização. O ciclo compõe-se de quatro fases: Planejar, Executar, Verificar e Atuar corretivamente. Embora antigo, ainda é bastante atual e extremamente útil, desde que adaptado a nova realidade.

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Planejamento estratégico ou gestão estratégica?

Tão importante quanto uma boa estratégia é uma estratégia bem executada! ( 3GEN Gestão Estratégica5)

Voltando ao questionamento inicial deste trabalho, “Qual das duas correntes é a correta?”, pode-se concluir que ambas estão certas, ou seja, tanto o planejamento estratégico como a gestão estratégica devem ser executados e têm papel fundamental em qualquer empresa.

Ao final deste texto, pode-se afirmar que ambos os processos, além de necessários, são interligados.

Independentemente dos métodos preconizados pelos diversos especialistas no assunto e das discussões sobre a importância ou não do planejamento e da gestão, o processo deve incluir as duas atividades, de forma contínua e sem conflitos. Não é mais possível admitir um encarregado pelo planejamento estratégico e outro pela gestão estratégica. Este grave erro ocorre quando a alta cúpula de uma empresa delega totalmente a uma consultoria externa o trabalho de um planejamento, que após concluído, passa a ser gerenciado por esta cúpula que não participou ativamente do processo inicial. Infelizmente, esta dissociação é ainda constatada em muitas empresas do nosso país. Falhas semelhantes podem ser verificadas em outras gestões, como por exemplo a gestão pela qualidade ou qualidade total.

Para evitar esta dissociação, é fundamental que o processo de planejamento e o plano estratégico sejam desenvolvidos "pela" empresa e não "para" a empresa. Mesmo que conte com o apoio de uma consultoria, a direção que detém o poder decisório da empresa deve participar ativamente de todas as fases do processo.

A ruptura entre a teoria (planejamento) e a prática (implementação, ação) é uma das principais falhas criticadas pelos que defendem o fim do planejamento estratégico. Verifica-se, porém, que estes autores não defendem simplesmente o fim do planejamento. São, na verdade, partidários de que o mesmo deve ser um processo contínuo, que permita, após um planejamento inicial, a sua aplicação na prática, por meio de um sistema organizacional eficiente, eficaz e flexível, capaz de atender às rápidas e constantes mudanças no mundo contemporâneo.

Finalmente, é importante citar que este trabalho não tem como finalidade esgotar os questionamentos sobre o assunto. Ao contrário, visa principalmente motivar o estudante universitário para a necessidade de realizar pesquisas e debates com maior profundidade sobre tema tão relevante, reafirmando que, sem dúvida, o planejamento estratégico e a gestão estratégica são imprescindíveis em qualquer área ou atividade de atuação profissional.

Referências bibliográficas

ANSOFF, Igor e McDONNELL, Edward. Implantando a administração estratégica. São Paulo: Atlas, 1993.

LEVY, Alberto R. Por que ganan los que ganan? Buenos Aires:Paperback, 2000.

MINTZBERG, Henry, AHLSTRAND, Bruce e LAMPEL, Joseph. Safári de estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2000.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Planejamento estratégico. São Paulo: Atlas, 2002. TAVARES, Mauro Calixta. Gestão Estratégica. São Paulo: Atlas, 2007

TZU, Sun. A arte da Guerra. São Paulo: Martin Claret, 2001. 3GEN Gestão Estratégica: http://www.3gen.com.br/site.asp

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Referências

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