ISSN: 0103-0582
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Sociedade de Pediatria de São Paulo Brasil
de Aguiar Greca, João Paulo; Santos Silva, Diego Augusto; Loch, Mathias Roberto Atividade física e tempo de tela em jovens de uma cidade de médio porte do Sul do Brasil
Revista Paulista de Pediatria, vol. 34, núm. 3, septiembre, 2016, pp. 316-322 Sociedade de Pediatria de São Paulo
São Paulo, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=406046678011
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REVISTA
PAULISTA
DE
PEDIATRIA
www.rpped.com.br
ARTIGO
ORIGINAL
Atividade
física
e
tempo
de
tela
em
jovens
de
uma
cidade
de
médio
porte
do
Sul
do
Brasil
João
Paulo
de
Aguiar
Greca
a,∗,
Diego
Augusto
Santos
Silva
be
Mathias
Roberto
Loch
caBrunelUniversityLondon,Uxbridge,GreaterLondon,Inglaterra bUniversidadeFederaldeSantaCatarina(UFSC),Florianópolis,SC,Brasil cUniversidadeEstadualdeLondrina(UEL),Londrina,PR,Brasil
Recebidoem27dejunhode2015;aceitoem5denovembrode2015 DisponívelnaInternetem17demaiode2016
PALAVRAS-CHAVE Sedentarismo; Fatores socioeconômicos; Atividadesdelazer; Televisão; Obesidade Resumo
Objetivo: Analisaraassociac¸ãodosexoeidadecomcomportamentosrelacionadosàprática deatividadesfísicasesedentarismoemcrianc¸aseadolescentes.
Métodos: Estudotransversalcom480(236sexomasculino)estudantesdeumaescolapúblicade Londrina,Paraná,Brasil,entre8e17anos.Asmedidasdeatividadefísica,práticadeesportes equantidadedecomportamentossedentáriosforamobtidasmedianteaplicac¸ãodoPhysical ActivityQuestionnaireforOlderChildren.OtesteUdeMann-Whitneyfoiusadoparacomparar variáveisderapazesemoc¸as.Otestedequi-quadradofoiusadoparavariáveiscategóricasea regressãodePoissonparaidentificarprevalências.
Resultados: Moc¸as (69,6%; RP=1,05 [0,99-1,12]) dedicaram mais tempo ao comportamento sedentárioquandocomparadascomrapazes(62,2%).Rapazes(80%;RP=0,95[0,92-0,98]) apre-sentarammaioresníveisdeatividadefísicaquandocomparadoscommoc¸as(91%).Estudantes maisvelhosentre13-17anos(91,4%;RP=1,06[1,02-1,10])apresentarammaiorprevalênciade inatividadefísicaecomportamentosedentáriode≥2h/dia(71,8%;RP=0,91[0,85-0,97])quando comparadoscomestudantesentre8e12anos(78,7e58,5%,respectivamente).
Conclusões: Aprevalênciadeinatividadefísicafoisuperiorentreasmoc¸as.Estudantesmais velhosdespenderammaistempoemtelaquandocomparadoscomestudantesmaisnovos. ©2016SociedadedePediatriadeS˜aoPaulo.Publicado porElsevier EditoraLtda.Este ´eum artigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY(http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
DOIserefereaoartigo:http://dx.doi.org/10.1016/j.rppede.2016.01.001
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:joao.deaguiargreca@brunel.ac.uk(J.P.Greca).
0103-0582/©2016SociedadedePediatriadeS˜aoPaulo.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸a
Atividadefísicaetempodetelaemjovens 317 KEYWORDS Sedentarylifestyles; Socioeconomic factors; Leisureactivities; Television; Obesity
Physicalactivityandscreentimeinchildrenandadolescentsinamediumsizetown intheSouthofBrazil
Abstract
Objective:Toanalyzetheassociationsbetweensexandagewithbehaviourrelatedtophysical activitypracticeandsedentarybehaviourinchildrenandadolescents.
Methods:Across-sectionalstudywith480(236boys)subjectsenrolledinapublicschoolinthe cityofLondrina,inthesouthofBrazil,aged8---17years.Measuresofphysicalactivity,sports practiceandscreentimes wereobtainedusingthePhysicalActivityQuestionnaireforOlder Children.TheMann---WhitneyUtestwasusedtocomparevariablesbetweenboysandgirls.The ChisquaredtestwasusedforcategoricalanalysisandPoissonregressionwasusedtoidentify prevalence.
Results:Girls (69.6%;PR=1.05 [0.99---1.12])spentmore timewithsedentary behaviourthan boys(62.2%).Boys (80%;PR=0.95[0.92---0.98])were morephysicallyactivethangirls(91%). Olderstudentsaged13---17showedahigherprevalenceofphysicalinactivity(91.4%;PR=1.06 [1.02---1.10])andtimespentwithsedentarybehaviourof≥2h/day(71.8%;PR=0.91[0.85---0.97]) whencomparedtoyoungerpeersaged8---12(78.7and58.5%,respectively).
Conclusions: Theprevalenceofphysicalinactivity was higheringirls. Older studentsspent morescreentimeincomparisontoyoungerstudents.
©2016SociedadedePediatriadeS˜aoPaulo.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisanopen accessarticleundertheCCBYlicense(http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Introduc
¸ão
A literatura atual relata que níveis mais elevados de atividadefísicapodemreduziroriscodemortalidade pre-matura por todasas causas e tambémsustentaa relac¸ão dose-resposta entresedentarismo e doenc¸as crônicas, ou seja,doenc¸ascardiovasculares,acidentevascularcerebral, hipertensão, câncer decólon, câncer de mama, diabetes tipo 2 e osteoporose.1 Estudos têm demonstrado que o
aumentodoscomportamentossedentários,comoassistira televisão e jogar videogames, jogos de computador e/ou jogoseletrônicos,estáassociadocomcomposic¸ãocorporal desfavorável, diminuic¸ão daaptidão física,baixosescores deautoestimaecomportamentopró-socialediminuic¸ãodo desempenhoacadêmicodecrianc¸asemidadeescolar.2
Baixosníveisdeatividadefísicanainfânciae adolescên-ciatêmsidorelatadosemtodoomundo,comumaproporc¸ão de80,3%quefazemmenosde60minutosdeatividadefísica de intensidade moderada a vigorosa por dia.3 Um estudo
quedescreveníveisdeatividadefísicadeadolescentescom dadosde32paísesconcluiuqueamaioriadosadolescentes nãoatendeàsrecomendac¸õesatuaisdeatividadefísica.4No
Brasil,foramrelatadosaltosníveisdeinatividadefísicaem crianc¸aseadolescentesnasregiõesSul5eNordeste.6
O comportamento sedentário está relacionado a um estilo de vida não saudável na infância e adolescên-cia. Ver televisão por mais de duas horas, por exemplo, aumentaaschancesdesobrepesoeobesidade,assimcomo a reduc¸ão no comportamento sedentário está associada a uma melhor composic¸ão corporal.2 Publicac¸ões
recen-testêmdemonstradoqueocomportamentosedentárioem jovens,especialmenteofatodeassistirtelevisão,está asso-ciado a umadietamenossaudável, como menorconsumo defrutase vegetaiseummaiorconsumodelanches alta-mente energéticos e bebidas que contêm ac¸úcar.7,8 Além
disso,comportamentosestabelecidosemcrianc¸asemidade escolartendemacontinuarnaidadeadulta9eestudosque
incluemessapopulac¸ãotêmsidosugeridos.1
Algunsestudosbrasileirosanterioresqueavaliaram inati-vidadefísicaecomportamentosedentárioconcentraram-se em adolescentes,5,6 mas nãoestratificaramsubgrupos, ou
seja,comparac¸õesdeidadeesexocomorecomendadoem outros estudos.7 Estudos que analisaram outras variáveis
entre crianc¸as e adolescentes tambémnão apresentaram dadosquediferenciassemaidadedemeninasemeninos.10
Essas estratificac¸ões forneceriam uma melhor compreen-sãodosmecanismosdadoenc¸anainfância eadolescência eajudariam amanter umestilo devidasaudável desdea infânciaatéaidadeadulta.Assim,oobjetivodesteestudo foi analisar a associac¸ão entresexo e idade com o com-portamentorelacionado àpráticade atividadefísicae ao comportamentosedentárioemcrianc¸aseadolescentes.
Método
Esteestudotemumdesenhotransversal.Acoletadedados ocorreuduranteosegundosemestrede2011,emLondrina,a quartacidadedaRegiãoSuldoBrasil.Londrinatem543.003 habitanteseÍndicedeDesenvolvimentoHumanode0,778. ÉasegundacidadedoEstadodoParanádepoisdacapital, Curitiba.Temumaeconomiaestávelemdeacordocomseu ProdutoInternoBruto,éclassificadacomoacidademaisrica donortedeParaná.11EsteestudofoiaprovadopeloComitê
deÉticaem Pesquisacom SeresHumanosdaUniversidade EstadualdeLondrina(CAAE0089.0.268.000-11)(fig.1).
Paracompor umaamostrademeninosemeninasentre 8-17anos, amaiorescoladacidade foiescolhida e todos osalunosdo3◦ao8◦anosmatriculadosnessaescolaforam
Visita ao Núcleo Regional de Educação de Londrina (Departamento de Educação de Londrina) para identificar a maior escola pública na cidade
Visita ao Colégio Estadual Professor Vicente Rijo (escola com um total de 2.239 alunos matriculados)
486 estudantes com idades entre 8 e 17 anos eram elegíveis e foram convidados a participar do estudo
Seis estudantes preferiram não participar do estudo
480 estudantes participaram do estudo
Figura1 Processodeselec¸ãodaamostraestudada.
centraleéaprincipalnaáreamunicipal.Comoficanazona centraletem alunosdediferentesregiõesmunicipais,foi possívelencontrarumagrandevariedadedeestudantesde diferentesníveissocioeconômicos.Aescolatinha2.239 alu-nos,486matriculadosno3◦ao8◦anos,todosmoradoresda
cidade.Eramelegíveiseforamconvidadosaparticipar;os critériosdeinclusãoforam:(1)de8a17anos,(2) estudan-tesquemanifestaraminteresseemparticipar,apósconvite, e(3)alunosepaisqueretornaramoquestionárioeo formu-láriodeconsentimentoassinadoscominformac¸õessobreo estudo.Nãoforamrealizadostestesestatísticospara deter-minarotamanhodaamostra.
Oescoredeatividadefísicafoimedidocomo Questioná-riodeAtividadeFísicaparaCrianc¸asmaisVelhas(PAQ-C)13
validado12etraduzidoparaoportuguêseadaptadoporSilva
eMalina14paraseraplicadoaocontextodosestudantes
bra-sileiros.Assim,areprodutibilidadedoPAQ-Cnãofoiavaliada nesteestudo.Osalunosresponderamaoquestionáriodentro desuassalasdeaula,sobasupervisãodepesquisadores pre-viamentetreinadosparaasuaaplicac¸ão.OPAQ-Cinvestiga aquantidadedeatividadefísicamoderada eintensafeita nossetediasanterioresaopreenchimentodoquestionário. Écompostopor13questõessobreapráticadeesportese jogoseatividadesfísicasnaescolaenosmomentosdelazer, incluindofinsdesemana,duranteoanoescolar.Asrespostas foramdadasemumaescaladotipoLikertde5pontos,que variou de‘‘muito sedentário’’ a ‘‘muitoativo’’. Os esco-res 2, 3, e 4 representaram as categorias ‘‘sedentário’’, ‘‘moderadamenteativo’’e‘‘‘ativo’’,respectivamente. Por-tanto, a partir do escore final, foi possível classificar os alunoscomofisicamenteativosouinsuficientementeativos, deacordocomCrockereBailey.13Aquelescomescores≥3
foramconsideradosativos eaqueles comescore<3 foram consideradosinsuficientementeativos.13,14
Otempogastodiantedatelevisão,docomputadorede videogamesfoiavaliadoedefinidocomotempodetela.2De
acordo comas recomendac¸ões atuais baseadas em autor-relatosemedic¸õesdiretas,2umtempodetela≥2h/diafoi
classificadocomoaltocomportamentosedentário,enquanto
umtempodetela<2h/diafoiclassificadocomobaixo com-portamentosedentário.
Asavaliac¸õesdamassacorporaleestaturademeninose meninasforamfeitasdentrodasaladeaulanomesmodia daaplicac¸ãodoquestionário.Amassacorporalfoiavaliada comumabalanc¸acomumafaixadevariac¸ãode0.1-150kg (Britânia, Curitiba,Brasil).Antesdeavaliac¸ãodepeso,os estudantesremoveramossapatoseentãoforam posiciona-dos nocentro daplataformadabalanc¸ade pesagemcom roupas leves.Para a estatura, foi usadoumestadiômetro com umavariac¸ão deprecisão de0,1cm (Sanny,São Ber-nardodoCampo,Brasil).Apósaobtenc¸ãodemassacorporal eestatura,foicalculadooíndicedemassacorporal(IMC), comosvaloresdereferênciaespecíficosparasexoeidade propostos por Cole e Lobstein.15 Cada indivíduo foi
clas-sificado de acordo com seu estado nutricional: eutrófico, sobrepesoouobeso.
Após esses procedimentos, osestudantes preencheram um questionário16 criado pela Associac¸ão Brasileira de
Empresas dePesquisaparaaavaliac¸ão dasituac¸ão econô-micadafamília.Oquestionáriofoidesenvolvidodeacordo comascondic¸õesdevidadasfamíliasbrasileiras.Asfamílias dosestudantesforamclassificadasemclasses:A,B,C,De E, emseguida,divididasem alta/média(classes AeB)ou classebaixa(classesC,DeE).
O teste U de Mann-Whitney foi usado para comparar as variáveis de idade de ambos os sexos e o teste do qui-quadrado foi usado paraanálise categórica. A regres-sãode Poissonfoi usadapara aconstruc¸ão deummodelo para as associac¸ões observadas. Para analisar o grau das associac¸õesentreasvariáveisforamusadosrazõesde pre-valência e intervalos deconfianc¸a de95%. Todososcasos de significância(p-valor) inferiora 5%foramconsiderados estatisticamentesignificativos.Asanálisesforamfeitascom o softwareestatístico SPSS (Statistical Packagefor Social SciencesInc.,Chicago,Illinois),versão20.0.
Resultados
Participaramdoestudo480estudantes,236meninose244 meninasentre8e 17anos.Seisrecusaram-se aparticipar devidoàvergonhadeexporseupesocorporaloutipo corpo-ralduranteasmedic¸õesantropométricasoudevidoaofato deseuspaisnãoteremdevolvidoosquestionários.
Amaioria daamostra(meninos=62,2%;meninas=69,9%) gastava mais de duas horas/dia em atividades relaciona-das àtela,ouseja,televisão,computador ouvideogames (RP=1,05 [0,99-1,12]). A prevalência de inatividade física tambémfoialta(meninos=80%;meninas=91%)emambosos sexos(RP=0,95[0,92-0,98]).Asclasseseconômicasdos alu-nosencontradasforam:A=8,4%,B=67,1%,C=20,2%,D=0,8%e E=34%.Atabela1mostraaanálisedescritivadeacordocom idade, massacorporal,estatura,IMCe níveisdeatividade físicade acordocomoPAQ-C ecomportamentos sedentá-rios e comparac¸ões de ambos ossexos. Deacordo com o escoredoPAQ-C,osmeninosapresentarammaioresníveisde atividadefísicaquandocomparadoscomasmeninas (meni-nos=2,4; meninas=2,0;p<0,001). Meninas dedicaram mais horaspordiaemcomportamentosedentáriodoqueos meni-nos(meninos=2,4;meninas=3,0;p=0,026).
Atividadefísicaetempodetelaemjovens 319
Tabela1 Característicasgeraisdaamostra,segundosexo
Meninas Meninos p-valora
P25 Mediana P75 P25 Mediana P75
Idade(anos) 11,7 13,4 14,2 11,7 12,9 14,2 0,430
Masacorporal(kg) 42,1 48,2 56,7 39,0 49,3 58,1 0,983
Altura(cm) 150,5 157,0 161,6 147,9 158,2 166,5 0,181
Índicedemassacorporal(kg/m2) 17,6 19,2 22,8 17,0 19,3 22,2 0,262
EscorePAQ-C 1,6 2,0 2,4 2,0 2,4 2,8 <0,001
Comportamentosedentário(h/dia) 1,4 3,0 4,3 1,4 2,4 3,7 0,026
ÍndicedemassacorporaldeacordocomColeeLobstein(2012).Negritoindicap<0,050.
a TesteUdeMann-Whitney.
Atabela 2mostraasassociac¸õesentrebaixosníveisde
atividade físicae asvariáveis independentes em estudan-tes.Altosníveisdeinatividadefísicaforamencontradosem meninos entre 8-12 (72,6%), 13-17 anos (87,6%; RP=1,09 [1,03-1,15]) e meninas entre 8-12 (86,7%) e 13-17 anos (94,8%; RP=1,04 [1,00-1,09]).Após a análise ajustada,foi observadoqueaprevalênciadeinatividadefísicaeramaior em meninas (91%; RP=0,95 [0,92-098]). Meninos (87,6%; RP=1,09 [1,03-1,15]) e meninas (94,8%; RP=1,04 [1,00-1,09]) entre 13-17 anos apresentaram maior prevalência
de inatividade física do que seus pares mais jovens. A
tabela 3 mostra a associac¸ão entre alto tempo de tela
e as variáveis independentes. Ao analisar os meninos e meninas mais velhos conjuntamente, foi observada uma maiorprevalência dealto tempode telado que em seus paresmaisjovens(71,8%;RP=0,91[0,85-0,97]).Aocomparar meninos mais velhos com os mais jovens, a prevalên-cia de meninos mais velhos com alto tempo de tela foi maior do que em meninos mais jovens (69.7%; RP=0.90 [0.82---0.98]).
Tabela2 Associac¸ãoentrebaixosníveisdeatividadefísicaevariáveisindependentesemcrianc¸aseadolescentes
Inativo
n=409(85,2%) RP(IC95%)a RP(IC95%)b
Sexo
Masculino 196(80,0) 0,95(0,83-1,09) 0,95(0,92-0,98)c
Feminino 213(91,0)
Idade(ambosossexos)
13-17 234(91,4) 1,06(0,92-1,21) 1,06(1,02-1,10)c 8-12 174(78,7) Masculino 13-17 106(87,6) 1,09(0,90-1,31) 1,09(1,03-1,15)c 8-12 90(72,6) Feminino 13-17 128(94,8) 1,04(0,86-1,26) 1,04(1,00-1,09)c 8-12 85(86,7) Níveleconômico Alto/médio 132(81,0) 1,03(0,89-1,19) 1,03(0,99-1,07) Baixo 259(87,5) Tempodetela <2horas/dia 129(81,1) 0,97(0,84-1,12) 0,97(0,93-1,01) ≥2horas/dia 269(87,9)
Índicedemassacorporal
Eutrófico 290(85,5) 1,01(0,87-1,18) 1,01(0,97-1,05)
Sobrepeso 88(86,3)
Obeso 31(85,6)
a Análisebruta.
b Análiseajustadaparatodasasvariáveis,independentedop-valornaanálisebruta. c p<0,050.
Tabela3 Associac¸ãoentretempodetelaelevadoevariáveisindependentesemcrianc¸aseadolescentes Tempodetela≥2h/dia
n=306(63,8%) RP(IC95%)a RP(IC95%)b
Sexo
Masculino 148(62,2) 1,05(0,89-1,24) 1,05(0,99-1,12)
Feminino 158(69,6)
Idade(ambosossexos)
13-17 181(71,8) 0,91(0,77-1,07) 0,91(0,85-0,97)c 8-12 124(58,5) Masculino 13-17 83(69,7) 0,90(0,72-1,11) 0,90(0,82-0,98)c 8-12 65(54,6) Feminino 13-17 98(73,7) 0,93(0,74-1,17) 0,93(0,85-1,02) 8-12 60(63,8) Níveleconômico Alto/médio 113(69,3) 1,05(0,88-1,24) 1,05(0,98-1,12) Baixo 193(65,6) Atividadefísica Ativo 37(55,2) 0,93(0,75-1,17) 0,93(0,85-1,02) Inativo 269(67,6)
Índicedemassacorporal
Eutrófico 215(65,3) 1,00(0,84-1,20) 1,00(0,93-1,08)
Sobrepeso 68(67,3)
Obeso 23(65,8)
aAnálisebruta.
b Análiseajustadaparatodasasvariáveis,independentementedop-valornaanálisebruta. c p<0,050.
Discussão
Oobjetivodesteestudofoianalisaraassociac¸ãoentresexo eidadecomocomportamentorelacionadocomapráticade atividade física e comportamento sedentário em crianc¸as e adolescentes. Na comparac¸ão de diferentes grupos de gênero na infânciae adolescência, asmeninas apresenta-ramníveismaisbaixosdeatividadefísicadoqueosmeninos. Osresultadosdesteestudocorroboramachadosanteriores. Decelisetal.17relataramqueumaelevadaporcentagemde
meninosemeninasnãoatendiaàsrecomendac¸õesde ativi-dade física1 e mostraramque osníveisdeatividade física
na infância e adolescência comec¸am a diminuir antes da idadeadulta. Afamília desempenhaumpapel importante napráticadeatividadefísicanainfânciaeadolescência.18
Umaexplicac¸ãoparaofatodemeninosseenvolveremem maisatividadesfísicasdoqueasmeninaséqueeles pare-cemtermaisapoiosociale familiarparaapráticadessas atividades.19 Aindaháumanecessidadedepromover
ativi-dadefísicanainfânciaeadolescênciaeessesdadospodem ajudar a desenvolver intervenc¸ões para essa populac¸ão. Essas comparac¸ões fornecem informac¸ões para a litera-tura, tal como recomendado anteriormente para estudos posteriores.7
Comparac¸ões feitas com as meninas de diferentes faixasetárias mostraram queasmeninasmaisvelhas gas-tam mais tempo de tela do que as mais jovens. As
consequênciasdegrandesquantidadesdetempogastascom atividades sedentáriassãoesperadasnoiníciodainfância. Umestudodaatividadefísicaetendênciaàobesidade rela-tado porSigmundováetal.7mostrou que,emdez anos,o
tempogastocomatividadessedentáriasaumentoueonível deatividadefísicadiminuiunainfânciaenaadolescência.A análisedeagrupamentofeitaporDeBourdeaudhuijetal.20
comcrianc¸asrecrutadasdaHungria,Bélgica,Holanda, Gré-ciaeSuíc¸amostrouqueasmeninaspassavam maistempo sedentáriasdoqueosmeninos,semelhantementeaos nos-sosachados.Asatividadessedentáriasdemeninosemeninas sãomaioresdoqueasatuaisrecomendac¸ões2eprogramas
orientados tanto para diminuir o comportamento seden-tário quanto aumentar a atividade física são necessários, particularmenteemmeninas.21Níveismaisbaixosde
ativi-dade físicaem meninose meninasmaisvelhospodemser explicados pelofatodequeospaispodemassociarmenor desempenho acadêmico na escola com o tempo que eles passamforadecasa,oquepodeserumabarreira paraos meninos e as meninas mais velhos participarem em mais atividadefísica.19
Neste estudo, verificou-se uma maior prevalência de estudantes do sexo masculino mais velhos que gastavam mais tempo de tela e praticavam menos atividade física doqueosmeninosmaisjovens.Umaexplicac¸ãoparaessa diferenc¸aencontrada em nossoestudo poderia sero fato de que muitos meninosmais velhostêm atributos que as
Atividadefísicaetempodetelaemjovens 321 crianc¸as aindanãotêm,istoé, trabalhoouobrigac¸õesde
estudo.22 Essestiposderotinassãocomunsem
adolescen-tesdeclassemédiadeambosossexosnoBrasil22Noentanto,
nossoestudonãoincluiinformac¸õesespecíficassobre tare-fas diárias fora da escola, além da atividade física e do comportamentosedentário.
Aprevalênciadecomportamentosedentárioencontrada nopresenteestudofoialta em ambosossexose isso cor-robora os recentes achados de um estudo brasileiro de Silvaetal.,23 emqueosautoresinvestigaramaassociac¸ão
entre a prática de esportes e comportamento sedentá-rio everificaramque amaioriados adolescentesincluídos na amostra apresentavam uma alta incidência de com-portamento sedentário.Suchertet al.24 avaliaramefeitos
do comportamento sedentário, afeto deprimido, autoes-tima, autoconceito físico, autoeficácia geral e atividade física. Entre as meninas, menores escores na autoestima eautoeficáciageralestavamassociadosacomportamentos sedentários mais altos com base em tempo detela. Mel-kevik et al.25 relataram que o uso dos meios eletrônicos
estava associado com o aumento dos escores Z de IMC e maiores chancesdesobrepesoem meninosemeninasque nãoseguiamasdiretrizesdeatividadefísica.Umapesquisa recente23encontrouumaassociac¸ãonegativaentre
compor-tamentosedentárioepráticadeesportesemadolescentes. Uma alta prevalência de inatividade física foi encon-tradaemalunoscomelevadotempodetela.Váriosestudos analisaramessasvariáveiscoexistentesnessapopulac¸ão.A atividade física e o maior tempo gasto com o comporta-mento sedentário estão relacionados com o desempenho acadêmico.26 Além disso, baixos níveis deatividade física
e altosníveis decomportamentosedentárioaumentamas chancesdeobesidadenainfância.1,2
Aobesidadenainfânciaenaadolescênciaestáligadaa váriasdoenc¸ascrônicasduranteavida.Umestudobrasileiro feitoporDutraetal.27relatouumaprevalênciade
sedenta-rismodemaisde70%equeotempodetelaerainversamente associado com a atividade física. Da mesma forma, Fer-rarietal.28encontrarammaiorprevalênciadecrianc¸asque
atendiamàsdiretrizesdeatividadefísicamoderadaa vigo-rosaentreascrianc¸asqueassistiam≤2h/diadetelevisão. Aindaassim,aatividadefísicainsuficientenãodeveriaestar relacionada a comportamentos sedentários, uma vez que não está diretamente associada àsatividades sedentárias investigadasnesteestudo,istoé,assistiratelevisão.29A
evi-dênciamostraqueofatodeassistiratelevisãoeaatividade física na infância e adolescência sãoconstructos que não estãorelacionados29eapráticademaisatividadefísicanão
necessariamentediminuioscomportamentossedentários.30
Nossosresultadossãopreocupantesecorroboramaalta pre-valênciadeambososfatoresderisco,oaltocomportamento sedentárioeabaixaatividadefísica,reportadosemoutros estudosfeitosemdiferentesregiõesdoBrasil.23,28
Este estudotem limitac¸ões quedevem ser levadasem considerac¸ão:emprimeirolugar,ométododeinvestigac¸ão baseia-seemquestionáriosdeautorrelatosobreaatividade físicaecomportamentossedentários.Hávantagensnouso desses métodos, ou seja, descric¸ão completa e detalhes sobre a atividade física e tempo gasto com o compor-tamento sedentário; no entanto, dispositivos sensores de movimentoforneceriaminformac¸õesmelhoresemais preci-sasemcomparac¸ãocomométodorecordatóriodesetedias.
Emsegundolugar,odesenhotransversalimpedeaavaliac¸ão dacausalidade. O desenholongitudinal pode permitir um melhorentendimento,emvezdefazercomparac¸õesentre estudantesmaisjovensemaisvelhosdediferentesregiões dacidadeedediferentesclasses sociais.Aamostrausada nesteestudonão érepresentativa detodososestudantes dacidade;noentanto,érepresentativadamaiorescolana cidadeondeoestudofoifeito.Alémdisso,aescola seleci-onadaparaesteestudotemalunos detodasasregiõesda cidade.Noentanto,acoletadedadosdeoutrascidades for-neceriaumaamostramaiorepermitiriafazercomparac¸ões comestudossimilaresfeitosemoutrospaíses.7
Emconclusão,nossosresultadoscorroboramaevidência dequeosníveisdeatividadefísicasãomaisbaixosemalunos maisvelhosdoquenosmaisjovens.Alémdisso,osalunos maisvelhosgastammaistempocomatividadessedentárias doqueseusparesmaisjovens.Aprevalênciadeinatividade físicafoi maiorem meninasdoque em meninos.Meninos maisvelhosapresentaram níveis maisbaixos deatividade físicaemaiortempodeteladoqueosmeninosmaisjovens.
Financiamento
OautorJoãoPaulodeAguiarGrecagostariadeagradecerà Capes(Coordenac¸ãodeAperfeic¸oamentodePessoaldeNível Superior---Brasil)pelabolsarecebida,númerodoprocesso BEX13281/13-5.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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