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ALFABETIZAÇÃO E SUA COMPLEXIDADE

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Academic year: 2021

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ALFABETIZAÇÃO E SUA COMPLEXIDADE

Erivana Rodrigues MARTINS1 [e-mail: erivanamartins@gmail.com]

Ângela Maria Rodrigues de FIGUEIREDO2 [e-mail: angelaf.uea@gmail.com]

Universidade do Estado do Amazonas - UEA

RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir partir de estudos já realizados a

complexidade em definir o conceito de alfabetização, enfatizar o termo letramento para diferenciá-lo do termo alfabetização e questionar sobre os métodos de alfabetização. A necessidade do estudo sobre o termo alfabetização e letramento surgiu a partir de observações realizadas nos Anos Inicias do Ensino Fundamental, durante a realização de trabalhos acadêmicos voltados para a disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica, e a definição do tema de pesquisa para a realização do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC I. E os questionamentos sobre os métodos surgiram a partir dos depoimentos de professores convidados para compartilharem suas experiências sobre o processo de alfabetização, com os acadêmicos de Pedagogia, da Universidade do Estado do Amazonas – UEA.

Palavras-chave: Alfabetização – Letramento – Métodos – Processo

ABSTRACT: This article aims to discuss existing studies from the complexity in defining

the concept of literacy, literacy emphasize the term to differentiate it from the term literacy and inquire about literacy methods. The need for the study of the term literacy and literacy arose from observations made in the Years You start elementary school, while conducting academic work focused on discipline Pedagogic Research and Practice, and the definition of the research topic for the completion of work End of Course - CBT I. And the questions about the methods emerged from the testimony of teachers invited to share their experiences about the literacy process, with the academics of Education, State University of Amazonas - UEA.

Key words: Literacy - Literacy - Methods – Process

INTRODUÇÃO

Alfabetização é um termo complexo para ser definido, e não impossível de ser compreendido. Este processo é fundamental na vida do estudante, e para alfabetizar alguém os professores sempre se utilizam de algum método, mesmo quando dizem não usa-los. O método é apenas um caminho que foi percorrido para se alcançar determinado resultado durante o processo da alfabetização. Por isso é importante entendermos melhor o

1

Graduanda em Pedagogia pela Universidade do estado do Amazonas – UEA. Pós-graduanda em Psicopedagogia pela FAIBRA.

2

Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Estado do Amazonas - UFAM. Especialista em Teoria e Prática da educação Infantil e Alfabetização- TÁHIRIH. Mestranda em Educação e Ensino de Ciências na Amazônia – UEA.

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conceito de alfabetização a partir de estudos já realizados na área, por duas grandes escritoras, e refletirmos sobre as práticas pedagógicas na sala de aula.

Soares (2008) e Ferreiro (2001) são as autoras que colaboram para nosso entendimento diante dessa temática. Pois, a alfabetização é complexa para conceitua-la, quanto na execução, principalmente quando se trata da forma como uma criança se alfabetiza. Aprender a ler e a escrever nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental é algo muito gratificante para o professor que ensina, e mais ainda ao aprendiz que consegue ler e escrever a primeira palavra ainda durante os três primeiros anos do Ensino Fundamental.

1. Conceito/definição de alfabetização e letramento: para além da etimologia

Conceituar o termo alfabetização é uma tarefa complexa, que requer entendimento psicológico, psicolinguístico, sociolinguístico e linguístico. Por isso, que diante da complexidade em definir o conceito de alfabetização buscamos nas obras de Soares (2008) e Ferreiro (2001) compreender o que essas autoras de renome abordam sobre esta temática. Soares (2008) afirma que para compreender o conceito alfabetização devem ser considerados três pontos de vista. No primeiro ela destaca a alfabetização como um processo de representação ou transcrição de sons em letras e de letras em sons. No segundo a alfabetização aparece como um processo de compreensão e interpretação ou de atribuição de significados. Enquanto que no terceiro ponto, a alfabetização está vinculada a um aspecto social, ou seja, ao uso pragmático do ato de ler e escrever, na qual o conceito de alfabetização varia de acordo com a cultura, a economia e a tecnologia de uma determinada sociedade.

Nesta direção à alfabetização ganha sentido que extrapola a aquisição técnica do ato ler e escrever, e sobre isto, Soares sintetiza:

Uma teoria coerente deverá basear-se em um conceito [...] abrangente para incluir a abordagem “mecânica” do ler/escrever, o enfoque da língua escrita como um meio de expressão/compreensão, com especificidade e autonomia em relação à língua oral, e ainda, os determinantes sociais das funções e fins da aprendizagem da língua escrita. (2008, p.18).

E é nesse contexto que a autora coloca que para conceituar o termo alfabetização torna-se complexo porque envolve um conjunto de habilidades que para serem compreendidos necessitam levar em consideração as diferentes perspectivas sejam psicológica, psicolinguística, sociolinguística e a perspectiva linguística do processo, ou seja, o conceito de alfabetização extrapola a visão técnica de codificar e decodificar os sinais gráficos. Ferreiro (2001) defende que a alfabetização é concebida como um sistema de representação da linguagem, na qual, a aprendizagem da escrita se converte na apropriação de um novo objeto de conhecimento. Mas para que se construa tal conhecimento o sujeito cognoscente, ou seja, aquele que busca ativamente aprender passa por níveis de evolução da escrita, que segundo ela inicia no nível pré-silábico e culmina no nível alfabético. Neste sentido, o sujeito é considerado alfabetizado quando consegue pensar e construir suas próprias representações sobre a realidade em que vive. Essa compreensão, portanto coloca a alfabetização como um complexo sistema representacional que não se limita à

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técnica de transcrever fonemas em grafemas, ou seja, sons em signos. Mas que proporciona o sujeito à capacidade de construir conhecimento a partir de suas experiências vivenciadas sejam elas positivas ou negativas, pois a aprendizagem acontece por meio de erros e acertos.

Considerando os posicionamentos de Soares (2008) e Ferreiro (2001) sobre o termo alfabetização, podemos a partir de então, enfatizar o termo letramento para diferenciá-lo do termo alfabetização. Com base nos estudos de Soares, (1999, p. 18) “Letramento é [...] resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever”. Nesse sentido, uma pessoa poderá ser considerada letrada quando esta se utiliza da leitura e da escrita no seu cotidiano, ou seja, quando faz uso da escrita e da leitura em situações do seu dia-a-dia. Por exemplo, este fato envolve até mesmo quando uma pessoa se utiliza de outra alfabetizada para ler ou escrever-lhe uma carta.

Um adulto pode ser analfabeto, porque social e economicamente, mas se vive em um meio em que a leitura e a escrita têm presença forte, e se interessa em ouvir a leitura de jornais feita por um alfabetizado, se recebe cartas que outros leem para ele, se dita cartas para que um alfabetizado as escreva [...], esse analfabeto é de certa forma letrado, porque faz uso da escrita, envolve-se em práticas sociais de leitura e de escrita, (SOARES, 1999, p. 24).

Nesses termos, uma pessoa letrada seria aquela que em situações reais da vida social participa das práticas sociais de leitura e escrita, pois “não basta apenas saber ler e escrever, é preciso [...] saber responder às exigências de leitura e escrita que a sociedade faz continuamente” (SOARES, 1999, p.18). Dessa forma, entende-se que letramento é um processo contínuo, que o individuo está sempre aprendendo a lidar com as diferentes situações existentes na sociedade.

A partir do entendimento dado por Soares (2008) e Ferreiro (2001) podemos analisar que a alfabetização é um processo que proporciona a um ser racional a capacidade de fazer leitura de mundo, interpretar e compreender de forma crítica as várias realidades existentes na sociedade. Pois, o ser humano vive em uma sociedade de diferentes culturas, e na convivência ocorre troca de experiências com outros indivíduos e nesta troca constroem-se novos conhecimentos e assim sucessivamente.

2. Métodos e o processo da alfabetização

Durante muito tempo tem-se questionado, qual método é o mais adequado para se alfabetizar? A resposta é simples, não existe um método mais adequado, e nem poderia, porque cada ser humano aprende de forma diferente. O que se espera do professor é que este a partir de sua criatividade crie seus próprios métodos de acordo com a realidade da turma em que está trabalhando e que esteja sempre inovando sua prática, principalmente quando este trabalha os três anos seguidos com a mesma turma. Carvalho (2008), explica que:

A maioria das professoras experientes cria seu próprio caminho: a partir de um método tradicional , adapta, cria recursos e inova a pratica. Há lugar para a invenção e a criatividade, pois não são apenas as crianças que constroem conhecimento (, p. 17,18).

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Mesmo que o professor da alfabetização use métodos já existentes, “deve ter um conhecimento básico sobre os princípios teórico-metodológicos da alfabetização”, (CARVALHO, 2008, p.17) para saber aplicá-los de maneira correta. Muitos profissionais dizem apoiar-se no construtivismo, mas nem ao menos sabem como este funciona na prática, pois esta teoria exige estudo para ser compreendida.

Umas das grandes dificuldades encontradas durante o processo de alfabetização são as turmas numerosas de alunos para um único professor. Isso faz com que aqueles alunos menos comunicativos fiquem esquecidos pelo professor, que geralmente dá mais atenção a alunos mais extrovertidos.

Dessa forma os alunos calados tornam-se aqueles que terão bastante dificuldade para se alfabetizarem, porque devido ao silencio permanecem com dúvidas que irão prejudica-lo durante esse processo. Para que o professor perceba esses casos na sala de aula tem que adotar posturas de observador para identificar alunos que tem medo ou vergonha de falar, e em seguida criar estratégias que favoreça a participação e interação de todos os alunos. O Ministério da Educação - MEC (2006) acrescenta que:

Caso determinada criança esteja com dificuldade de inserir-se no grupo-classe, é papel do professor planejar estratégias para que ele supere tal dificuldade, caso algum estudante com autoestima baixa, e, portanto, demonstre medo de expor seus sentimentos e conhecimentos, é preciso também pensar em como favorecer o desenvolvimento dele. (p. 98).

A postura que professor adota na sala de aula é que fará a diferença na vida de cada estudante. E não importa qual método ele esteja utilizando para alfabetizar seus alunos, se não perceber primeiro as dificuldades que os educandos enfrentam durante o processo da alfabetização. O professor necessita esta constantemente refletindo sobre sua prática, pois este deixa marcas profundas na vida de seus alunos, sejam elas positivas ou negativas. Quando o profissional da educação adota a postura de fazer reflexões sobre sua prática, não vai ficar se preocupando qual método é o melhor, mas irá se preocupar como as crianças aprendem e como elas enfrentam as dificuldades que impendem as de aprender a ler e escrever durante os três anos iniciais do Ensino Fundamental.

3 Considerações Finais

Neste trabalho buscamos compreender o termo alfabetização e, fazermos reflexões sobre os métodos para repensarmos nossa prática pedagógica enquanto professora em formação e futura profissional atuante no processo da alfabetização.

A necessidade desse estudo surgiu a partir de inquietações durante a minha formação acadêmica. Uma surgiu durante os trabalhos acadêmicos realizados em escolas municipais e estaduais, pois, percebi que os professores não sabiam diferenciar o termo Alfabetização de Letramento. Outra inquietação apareceu durante as falas de professores convidados para compartilharem suas experiências no processo de alfabetização, estes afirmavam não utilizar nenhum método.

Essas inquietações foram positivas durante minha formação, pois me motivaram a refletir e a estudar sobre o tema em discussão. Por isso, que neste artigo fazemos um estudo a partir

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das autoras Magda Soares e Emília Ferreiro sobre o termo alfabetização e buscamos fazer a diferença entre alfabetização e letramento a partir dos estudos de Magda Soares.

A importância desse estudo se dá no sentido de mostrar como podemos melhorar nossa prática pedagógica, principalmente quando se trata da alfabetização nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, pois somente assim poderemos contribuir para a melhoria da educação como um todo. Por isso, este artigo é recomendado principalmente para

professores em formação, e professores atuantes, mas também pode contribuir com aqueles que se interessam pelo tema.

Referências

CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um dialogo entre a teoria e prática. 5. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 24. ed. atualizada – São Paulo: Cortez, 2001.

LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos – 6. ed. – São Paulo: Atlas, 2001.

MEC. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília, 2006.

SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. 5. ed. – São Paulo: Contexto, 2008. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. São Paulo: Autêntica 1999.

Referências

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