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IMPACTOS AMBIENTAIS NA ECOLOGIA DE PEIXES E NOS PROCESSOS ECOLÓGICOS DA PRAIA DE JAGUARIBE, PERNAMBUCO, BRASIL

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1 IMPACTOS AMBIENTAIS NA ECOLOGIA DE PEIXES E NOS PROCESSOS

ECOLÓGICOS DA PRAIA DE JAGUARIBE, PERNAMBUCO, BRASIL

Fabrício Ângelo Gabriel1 & Jacqueline Santos Silva-Cavalcanti2 1

Discente do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Fazenda Saco, s/n.- Caixa Postal 063, CEP 56900-000, Serra Talhada-PE, fabricio-uni@hotmail.com

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Professora Adjunta I na Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Fazenda Saco, s/n.- Caixa Postal 063, CEP 56900-000, Serra Talhada-PE, jacque_ss@hotmail.com

Resumo

O crescimento acelerado no número de pescadores e da população vem acarretando problemas secundários impactantes causados pela exploração antrópica. No entanto, os recursos pesqueiros garante a sobrevivência da maioria das famílias e possibilita investimentos no desenvolvimento local. O trabalho tem como finalidade apresentar a percepção dos pescadores sobre os impactos ambientais na ecologia de peixes e nos processos ecológicos da praia de Jaguaribe, Pernambuco. Foram realizadas entrevistas com questionários semi-estruturados com 22 pescadores da região. Os entrevistados mencionaram que a maioria das espécies antes abundantes no ambiente vêm sofrendo decréscimo nos últimos anos pela alta demanda de novos pescadores (n=9), pelo excesso de pesca (n=3), pela captura de peixes jovens (n=2) e em reprodução (n=2), utensílios abandonados pelos pescadores no mar (n=2) e a destruição do seu habitat (n=2). O aumento da população local e no número de turistas faz com que o lixo em maior quantidade traga transtornos tanto para os pescadores como para os processos ecológicos da praia de Jaguaribe. Os resultados ressaltam a importância de estudos sobre o conhecimento da ecologia de peixes que vem sendo minimizado e como complemento a estudos nos processos ecológicos do local, visando à resolução de conflitos ambientais em ecossistemas costeiros.

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2 INTRODUÇÃO

A pesca é considerada uma atividade que possui grande relevância econômica e social no litoral de Pernambuco que possui 187 km de extensão, abrigando um ecossistema rico em manguezais e recifes costeiros, aos quais estão associadas a inúmeros organismos de importância econômica (SOUZA, 2008). No entanto, a ação do homem fez com que sua relação com o meio ambiente se tornasse imperfeita, caracterizada por uma mistura de uso e conservação, variando com os critérios adotados por cada comunidade e seus mitos (OLIVEIRA, 2009).

O uso brutal da natureza é decorrente à capacidade do homem de exercer um domínio sobre a fauna e a flora terrestres e aquáticas, sendo recursos utilizados arbitrariamente sem determinados métodos de captura dos organimos (peixes, crustáceos e moluscos) provocando alterações no sistema ecológico natural (BRANDÃO, 2007; SILVA, 2007). De fato, essas alterações que ameaçam os sistemas costeiros, decorrem também no crescente número populacional na ocupação de locais impróprios para moradia, causando transtornos tanto para a comunidade pesqueira, como para ecologia dos ecossistemas marinhos com a produção de lixo (KENNISH, 1997; IVAR DO SUL, 2005).

Pela beleza da área estudada, valor histórico e proximidade da Capital do Estado a área apresenta grande potencial turístico (LIRA & TEIXEIRA, 2008) podendo aumentar a poluição e consequentemente a destruição desse local. Ocorrendo a diminuição desses recursos no ambiente marinho, pode ocasionar desentendimentos por parte dos pescadores em que a renda bruta depende necessariamente desses organismos para sua sobrevivência.

Dessa forma, os ambientes naturais vêm sendo alvo de estudos onde a sociedade e o meio ambiente são discutidos diretamente, em que a relação estabelecida entre eles se torna ponto de referência na modificação do território por influência de costumes e técnicas (LA BLACHE, 1954; EL-DEIR, 1999).

Assim, o presente trabalho teve por finalidade apresentar a percepção dos pescadores sobre os impactos ambientais na ecologia de peixes e nos processos ecológicos da praia de Jaguaribe, litoral norte do Pernambuco, com o propósito de conhecer as relações existentes entre eles e os espaços naturais existentes no local.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

1. ÁREA DE ESTUDO

A pesquisa foi desenvolvida na praia de Jaguaribe na Ilha de Itamaracá a 50 km de Recife situada no litoral norte de Pernambuco. Estando localizada na zona litoral e zona da mata, a área é constituída por clima tropical e a temperatura do ar mostra máxima de 34ºC e com a mínima de 20ºC, com uma média de 27ºC podendo variar durante o ano (ANDRADE & LINS, 1971). Possui uma repartição do seu regime sazonal com estação chuvosa de março a agosto e seca de setembro a fevereiro. A vila de pescadores fica localizada na praia de Jaguaribe (Figura 1), logo considerada uma importante área de pesca, sendo os recursos marinhos utilizados para a pesca artesanal e comercial que garante o fluxo econômico da região (LIMA & TEIXEIRA, 2008).

Figura 1. Mapa da ilha de Itamaracá, Pernambuco, com a indicação do local de coleta na praia

de Jaguaribe (•)

2. COLETA DE DADOS

Esta pesquisa foi realizada com uma comunidade de 22 pescadores, residentes nas margens da praia de Jaguaribe. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com os moradores através de questionários semi-estruturados, aplicados in loco do instrumento de pesquisas. A composição dos questionários se baseou na composição nas temáticas ambientais e mudanças na área nos últimos anos onde se tratava de impactos ambientais na ecologia de peixes e no ambiente. As entrevistas eram

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4 realizadas individualmente preservando o discurso do entrevistado. Os dados foram tabulados e analisados através do software Excel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os entrevistados foram todos do sexo masculino e que residem na praia de Jaguaribe sendo seu principal meio de trabalho a pesca. Em sua maioria obtinham idade entre 20 e 30 anos (36%), sendo as idades de 51 a 60 e 61 a 70 representaram 14% dos entrevistados, 41 a 50 (9%) e acima de 71 anos de idade no total de 4%.

Dos pescadores entrevistados, 16 (73%) declaram que houve mudança na quantidade de peixes na praia de Jaguaribe. Os principais motivos citados para essa diminuição foram o aumento de pescadores e o excesso da pesca na área (Tabela 1), seguido por construção de currais (n=3), captura de peixes jovens (n=2) bem como no período de reprodução. Outros fatores citados foram as armadilhas e redes abandonadas por outros pescadores fazendo com que houvesse a destruição do habitat dos organismos.

Tabela 1: Categorias gerais sobre os motivos que afetaram a ecologia de peixes mencionados

pelos entrevistados (n=22) no decorrer dos anos na praia de Jaguaribe, ilha de Itamaracá, Pernambuco.

Variável Categoriaa Número de Citações

Excesso de Pesca Aumento de Pescadores Construção de Currais 4 9 3 Motivos

Captura de Peixes Jovens

Capturas de Peixes em Reprodução Armadilhas e Redes Abandonadas Destruição do Habitat 2 2 2 2 Não mencionaram 6 Total 30 a

Categorias não-excludentes (o mesmo entrevistado pode citar mais de um motivo).

Dos 22 entrevistados, 18 mencionaram que houve mudanças no meio ambiente e consequentemente os processos ecológicos foram afetados. Quanto aos motivos que afetaram esses processos ecológicos do ambiente da praia de Jaguaribe o principal foi o aumento da poluição com lançamento de produtos descartáveis (n=6). Atividade

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5 turística na praia e a construção de currais também foram mencionadas como fatores que afetam o meio. No entanto, a construção de casas e indústrias próximas a praia e a evolução dos equipamentos utilizados na pesca também foram citados (Tabela 2). O turismo mencionado como fator de poluição nos processos ecológicos foi citado também por um entrevistado como parte fundamental para o desenvolvimento da região no aumento da economia local.

Tabela 2: Hipóteses gerais sobre os motivos que afetaram os processos ecológicos,

mencionados pelos entrevistados (n=18), do ambiente da praia de Jaguaribe, ilha de Itamaracá, Pernambuco.

Hipótesesa Número de Citações

Aumento da Poluição 6

Atividade Turística na Praia 3

Construção de Currais

Construção de Casas e Indústrias Perto da Praia Equipamentos Tecnológicos Não Mencionaram 3 2 2 2 Total 18 a

Categorias não-excludentes ( o mesmo entrevistado pode citar mais de uma hipótese).

Os entrevistados em nosso estudo mencionaram impactos referentes a sobrepesca. Entretanto JOHANNES et al. (2000), considera que na maioria das vezes essa prática passam sem que não haja interferência de autoridades. Quanto à diminuição de peixes um dos principais motivos foi o excesso da pesca que foi também citado na pesquisa de PORCHER et al. (2010). Na pesquisa de CARVALHO & MEDEIROS (2008) houve diminuição mas não foi citado o fator decorrente. Para EL-DEIR (1999) além da diminuição da quantidade do pescado, pescadores alertam as alterações no tamanho e ainda reforça que esses impactos são decorrentes ao derrame de lixo doméstico e industrial e práticas criminosas de pesca.

Os impactos ambientais são muito repercutidos em áreas costeiras, trazendo sérios problemas e transtornos, muitas vezes nossa assimilação com a natureza não é capaz de sintetizar esses prejuízos, no entanto, é exercido pressões no meio ambiente causando vários impactos negativos. Em escala mundial, os estoques pesqueiros vêm sendo sobre-explorados, sendo de grande importância o desenvolvimento de práticas sustentáveis de manejo (FREITAS, 2009).

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6 A atividade turística citada pelos entrevistados traz consigo pontos positivos e negativos. O aumento dessa atividade faz com que a economia da região cresça e a pesca seja recompensada pelo valor financeiro, desde que, essa prática siga linhas do sistema pesqueiro e do planejamento turístico visando a preservação da área (CIOMMO, 2007). Além disso, CIOMMO (2007) ainda ressalta que o turismo pode acarretar na contribuição de ofertas de trabalho e o interesse em preservação, processo benéfico para a população local.

No entanto, o presente estudo relatou a influência do turismo responsável pela maioria do lixo, ou seja, uma fonte de poluição que trás consigo efeitos negativos na ecologia de peixes e para o meio ambiente, assim relatada também por IVAR DO SUL (2005). A busca desordenada de áreas litorâneas por turistas fez com que a infraestrutura desses locais não acompanhasse a crescente poluição com efluentes domésticos (CIOMMO, 2007).

CONCLUSÃO

Uma das principais contribuições do presente estudo são as hipóteses levantadas pelos próprios moradores da praia de Jaguaribe sendo a consequência das reações negativas tanto para a atividade pesqueira que é afetada pela minimização dos organismos marinhos por consequência de ações antrópicas, quanto para o meio ambiente que é destruído também pela ação do homem.

Tais hipóteses podem, inclusive, se aplicar a diversas outras praias e comunidades pesqueiras, bem como a ecossistemas similares no Brasil e em outras regiões costeiras do mundo. Apesar da grande destruição e exploração desses ecossistemas, trabalhos informativos com dados de captura de esforço não são frequentes para costa brasileira.

Iniciativas devem ser tomadas por educação ambiental, por ação educativa. Trabalhos devem ser realizados como informativos para as comunidades para que as consequências não sejam simplesmente decorrentes a uma ordenação de leis ou normas, mas sim, atitudes com aspectos positivos em relação aos recursos naturais.

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7 AGRADECIMENTOS

Aos pescadores da praia de Jaguaribe, pela essencial colaboração com as entrevistas e informações fornecidas.

REFERÊNCIAS

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BRANDÃO, C. M. M. Fragmentos urbanos: a cidade na visão do artista. Revista Brasileira de

Educação Ambiental, Brasília, n. 2, p. 21-30, 2007.

CARVALHO, A. R. & MEDEIROS, E. R. Levantamento socioeconômico e da composição de espécies entre os turistas que praticam a pesca recreativa no Rio Araguaia, região de Aruanã (GO). Revista Saúde e Ambiente, v.6, n. 2, 2005.

CIOMMO, R. C. Pescadoras e Pescadores: A questão da equidade de gênero em uma reserva extrativista marinha. Ambiente e Sociedade, Campinas, v. X, n. 1, p. 151-163, 2007.

EL-DEIR, S. G. Gestão Ambiental; I – Percepção Ambiental e Caracterização

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Lixo Marinho na Área de Desova de Tartarugas Marinhas do Litoral Norte da Bahia: consequências para o meio ambiente e moradores locais. Monografia (Graduação em

Oceanologia) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2005. LA BLECHE, P. V. de. Princípios de geografia humana. In: Silva, C. N. A percepção

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LIRA, A. K. F. & TEIXEIRA, S. F. Ictiofauna da Praia de Jaguaribe, Itamaracá, Pernambuco.Ilheringia, Sér. Zool., Porto Alegre, 98(4):475-480, 2008.

OLIVEIRA, T. Z. Impactos Ambientais sobre os peixes de córregos e Percepção Ambiental

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8 PORCHER, L. C. F.; POESTER, G. LOPES, M. SCHONHOFEN, P. & SILVANO, R. A. M.

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SOUZA, M. M. C. A. Pesca, Reprodução e Alimentação da Biquara (Haemulon plumieri,

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IVAR DO SUL, J. A. Lixo Marinho na Área de Desova de Tartarugas Marinhas do Litoral

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(Graduação em Oceanologia) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2005.

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