• Nenhum resultado encontrado

Tecnicas de Hipnose Clinica e Pratica Apostila Do Curso

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Tecnicas de Hipnose Clinica e Pratica Apostila Do Curso"

Copied!
81
0
0

Texto

(1)

ESCOLA DE PSICANALISE SIGMUNDOF REUD www.sbpma.org

TÉCNICAS DE

HIPNOSE CLÍNICA

E PRÁTICA

Ivan Lima de Azevedo Psicanalista Clínico e Hipnologo

(2)

“Explorar o ser interior é a chave para o indivíduo

se conhecer.

Vai destrancar a porta para as causas dos

problemas de comportamento e personalidade, dos

distúrbios e doenças emocionais e de muitas outras

dificuldades pessoais que todos nós costumamos ter.

Quando conhecemos as razões e motivações

existentes por trás destas coisas, é mais fácil

solucionar ou superar os problemas e fazer as

mudanças que proporcionarão saúde, felicidade e

sucesso”.

LeCRON

(3)

ÍNDICE INTRODUÇÃO...01 HISTÓRIA DA HIPNOSE...02 MITOS...22 CONCEITUAÇÃO...25 A TERAPÊUTICA HIPNÓTICA...26 HIPNOTERAPIA...26 HIPNOÁNALISE...27 HIPNIATRIA...27 HIPNODONTIA...27

HIPÓTESE E TEORIA A CERCA DO FUNCIONAMENTO DA HIPNOSE...28

O CEREBRO HIPNOTIZADO...28

HIPNOSE NA VIDA DIARIA...31

CONTRA INDICAÇÃO DA HIPNOSE...33

COSTELAÇÃO HIPNÓTICA...33

FENOMENOLOGIA DOS ESTADOS HIPNÓTICOS...34

 RELACIONADOS A MEMÓRIA...34

 IDEOSENSORIEDADE...35

 RACIOCÍNIOS SOBRE O FUTURO...36

 CONGNIÇÃO...36

 NOÇÃO DE TEMPO...36

COMO SE DESENVOLVE OS PROCESSOS MENTAIS...37

ESTÁGIOS DA HIPNOSE...42

ALGUMAS REGRAS PARA AÇÃO HIPNÓTICA...43

 REPETIÇÃO...43

 MONOTÔNIA...43

TESTE DE SUGESTIONABILIDADE...44

EXECUTANDO TESTES DE SUGESTIONABILIDADE...44

 TESTE DAS MÃOS...45

 TESTE DA OSCILAÇÃO...45

 PENDULO DE CHEVEREUL...46

 TESTE SENSORIAIS...46

 TESTE OLFATIVO...46

 TESTE TÉRMICO...46

MÉTODOS SUBJETIVOS DE INDUÇÃO HIPNÓTICA...47

MÉTODO DE BERNHEIM...47

MÉTODO DE MOSS...48

MÉTODO DA ESTRELA...49

ENTRANDO EM TRANSE HIPNOIDAL LEVE PRÓPRIO P/ HINOTERAPIA...50

MÉTODO DE BRAID...51

MÉTODO DE INDUÇÃO (VARIANTE DE BRAID)...51

MÉTODO DO OLHAR FIXO NUM PONTO...51

MÉTODO DO PESTANEJAMENTO SINCRÔNICO...52

MÉTODO DE AUTO-VISUALIZAÇÃO...52

MÉTODO DE ERICKSON E WOLBERG...52

M. DA INTERRUPÇÃO PADRÕES ESTABELECIDOS E AUTOMATIZADOS...53

MÉTODO DO BALÃO...53

MÉTODO DA AUTOSCOPIA...54

MÉTODO DE HIPNOSE RAPIDA...54

(4)

MÉTODO DE MILTO ERICKSON...54

MÉTODO DA LETARGIA...55

M. RESULTANTE DA ASSOCIAÇÃO DE VÁRIOS MÉTODOS...55

HIPNOTERAPIA ERICKSONIANA...56

A TERAPIA ESTRATÉGICA DE ERICKSON...57

INDUÇÃO DE RELAXAMENTO PROGRESSIVO...60

INDUÇÃO DA RESPIRAÇÃO...62

INDUÇÃO DE UM LUGAR AGRADÁVEL...63

INDUÇÃO DA LEVITAÇÃO DAS MÃOS...64

INDUÇÃO DA CONFUSÃO MENTAL...67

TÉCNICA DOS ESTADOS DE EGO...69

UMA NOTA SOBRE SUGESTÃO PÓS-HIPNÓTICA...71

TEC. DE BORBADEAMENTO DE CRASILNECK...72

 1ª FASE: RELAXAMENTO PROGRESSIVO...73

 2ª FASE: DESLOCAMENTO...74

 3ª FASE: SUBMODALIDADE DA DOR...74

 4ª FASE: ANESTESIA DE LUVA...75

 5ª FASE: REGRESSÃO DE IDADE...75

 6ª FASE: AUTO-ANÁLISE...76

IMAGENS...77

O QUE É TERAPIA MENTE E CORPO?...78

 PORQUE O CORPO SOFRE...78

 QUAL A AÇÃO NEUROFISIOLÓGICA EM UM ESTRESSADO?...78

O QUE É TREINAMENTO AUTÓGENO?...79

O CURSO NORMAL DO TREINAMENTO AUTÓGENO...79

A RESPIRAÇÃO...80

EXERCICIO PRATICO- TÉC. DE RELAXAMENTO PROGRESIVO DE SHULTZ. 80 VIÉIS E FRAGMENTOS DA HIPNOSE NAS OBRAS DE FREUD...85

A HIPNOSE E A IGREJA CATÓLICA...89

FICHA CLÍNICA DE ANAMNESE...90

BIBLIOGRAFIA...92

(5)

INTRODUÇÃO

Com certeza vocês ficaram hipnotizados espontaneamente

centenas ou milhares de vezes L.M Lê Cron, L

´auto-hipnose

Considerando a redescoberta e importância da Hipnose como recurso auxiliar nas terapias e objetivando o aprimoramento profissional o IDEPH ( Instituto de

Desenvolvimento das Potencialidades Humanas), promove este curso de

Hipnose.

O Curso tem como objetivo mostrar o que é a hipnose a partir de sua evolução histórica e suas diversas teorias que analisam este fenômeno, desde sua origem até a contemporaneidade, bem como capacitar os participantes para o emprego de técnicas rápidas e modernas de hipnose, visando melhorar o seu desempenho profissional, e possibilitando ao paciente uma melhora, rápida da sua patologia. O presente material é parte do curso de hipnose Prática e Clinica promovido pelo

IDEPH.

Algumas das induções aqui apresentadas são chamadas induções clássicas, portanto me servirei muito de Karl Weissmann, grande hipnostista de palco e de gabinete da década de 50, que em seu Livro O Hipnotismo, recapitula os textos e métodos clássicos das induções hipnóticas.

Ao participante deste, não é suficiente apenas ter assistido o curso e ter feito uma leitura desta apostila para se tornar um grande hipnólogo, pois se assim o fosse, o cristão assistiria a missa ( ou culto), lia a Bíblia e já estava no céu, mas é preciso complementar seu cabedal com outras leituras, e mais do que nunca, é absolutamente essencial que aproveite cada oportunidade que se lhe depare, a fim de realizar cotidianamente uma ou mais experiências deste gênero. Aviso também que deve tornar-se perito em cada experiência antes de passar as outras.

O Hipnotismo é uma arte. É a arte de convencer. Hipnotizar é convencer e convencer é sugestionar. Só sugestiona quem convence e só quem convence hipnotiza. Quanto a mim sou apenas um hipnotizador, o que apresento aqui é apenas uma sugestão, caso queira, poderá desfrutar desta indução. Acredito eu, que após este curso sua visão em relação ao ser humano não será a mesma. Lembro, ainda de um ditado popular que diz: “cada cabeça é um mundo”, ou seja, se permitir-nos poderemos ao menos contribuir para um mundo melhor.

(6)

CONCEITUAÇÃO HIPNOSE

Conceitos mais antigos de hipnose: 1) Hipnose é guiar um sonho.

2) Hipnose é um natural, alterado estado de consciência.

3) Hipnose é um estado de relaxamento e hipersugestionabilidade  maior responsividade.

4) Hipnose é um estado de transição entre estar acordado e adormecer Tradicionalmente, hipnose tem sido considerada como estado subjetivo de experienciação no qual o indivíduo tem capacidades ou experiências geralmente diferentes daquelas que experimenta quando acordado.

Numa visão mais “moderna” hipnose é um processo de comunicação efetiva que influencia e produz mudanças. Hipnose é vista como um fenômeno relacional.

 Hipnose é uma ponte entre o hemisfério cerebral direito e o esquerdo (Zeig).

 Hipnose é a zona neutra, o ponto morto para que aconteça a troca de marcha (Zeig).

 Hipnose é um ato de amor (Sofia).

 Toda hipnose é transe, nem todo transe é hipnose.

 “Um estado de transe é um estado alternativo de consciência, isto é, uma forma diferente de estar acordado, onde a atenção está orientada mais intensamente para o interior do que para o exterior, com flutuações particulares em cada caso. Durante o transe a pessoa tem uma grande atividade interna, sem perder o estado de alerta, isto é, estando acordada.” (Tereza Robles).

“O transe é um período no qual as limitações que uma pessoa tem, no que dizem respeito a sua estrutura comum de referências e crenças, ficam temporariamente alterados, de modo que o paciente se torna receptivo aos padrões, às associações e aos moldes de funcionamento que conduzem a solução de problemas.” (M. Erickson).

“É um estado alterado de consciência, ou é um estado de consciência no qual o conhecimento que você adquiriu durante toda sua vida e que você usa automaticamente torna-se, de repente, disponível, Milton Erickson”.

(7)

“É um estado temporário de atenção modificada que se caracteriza por uma sugestionabilidade aumentada, Abrahan Mason”.

“Abrange qualquer procedimento que venha causar, por meio de sugestões, mudanças no estado físico e mental, podendo produzir alterações na percepção, nas sensações, no comportamento, nos sentimentos, nos pensamentos e na memória Sociedade Brasileira de hipnose”.

“Resulta da ação direta de uma vontade mais forte, ou seja, a vontade do hipnotista, sobre uma vontade mais fraca, ou seja, a vontade do “sujet”, Karl Wessmann”.

"A Hipnose é a habilidade de entrarmos em contato com a nossa capacidade de otimização e criatividade, vencendo nossos limites. A hipnose é a ciência voltada para a expansão do potencial humano", (Brian Weiss).

“É um estado artificialmente induzido, às vezes semelhante ao sono, porém sempre fisiologicamente distinto do mesmo, tendente a aguçar a sugestibilidade, acarretando modificações sensoriais e motoras, além de alterações de memória, Karl Wessmann”.

É um estado de estreitamento de consciência, geralmente provocado artificialmente, que se parece com o sono, porém dele se distingue fisiologicamente, Antonio Carlos morais Passos”.

Sendo toda hipnose uma forma de auto-hipnose, é o próprio paciente que permite que a mesma aconteça, detendo ele o controle durante todo o tempo que passa em transe. Não se pode obrigar o hipnotizado a fazer o que não quer ou o que fira seus princípios morais e mesmo revele segredos do seu passado.

Mesmo que a hipnose tenha sido desenvolvida, inicialmente, como um método de cura (Mesmer), ela por si não cura nada. A hipnose é uma emoção límbica, como qualquer emoção do nosso dia-a-dia, sua utilidade na educação e reprogramação do comportamento supera qualquer outro procedimento, porque polariza a atenção de forma seletiva, e concentrada, facilitando a programação do subconsciente. Por meio da hipnose podemos desenvolver nossas habilidades naturais e desbloquear nossas energias represadas, liberando o potencial do nosso inconsciente elevando nossa capacidade de otimização.

A TERAPÊUTICA HIPNÓTICA

Atendidas as peculiaridades intrínsecas de cada caso, na prática as técnicas terapêuticas aliadas à hipnose, comparadas a outras modalidades, apresentam inestimável ganho pela maior eficácia que adquirem e pela abreviação no tempo de tratamento. Não é isto, porém, sinônimo de resultado quase mágico, instantâneo e infalível. Uma sugestão bem aplicada é freqüentemente mais eficaz e, simultaneamente, menos danosa que a ingestão de qualquer medicamento. Para agir num ponto do organismo, o medicamento dissolve-se em todo ele, perturba e

(8)

envenena mais ou menos todas as células. Voltaire definiu a medicina como a arte de introduzir drogas pouco conhecidas em um organismo mais desconhecido ainda. Isso obviamente não se aplica à sugestão hipnótica!

HIPNOTERAPIA

Quando se usa a hipnose para tratar um problema psicológico, chamamos o processo de Hipnose Clínica ou de Hipnoterapia, denominação que deriva da junção das palavras hipnose e terapia em grego, sendo que a primeira vem de Hypnos, o "Deus do Sono" da mitologia e a segunda vem de Therapéutikos que significa "cura" ou "cuidado". Em outras palavras, Hipnoterapia é o cuidado ou cura através da Hipnose.

Hoje oficialmente considera-se a Hipnoterapia não como uma terapia alternativa, mas uma alternativa terapêutica, uma das primeiras a ser escolhida devido a ser completamente natural e segura, aos seus resultados rápidos e persistentes, custo-efetividade e "efeitos colaterais" benéficos.

HIPNOANÁLISE

Termo usado por Hadfield em 1920, para denominar uma combinação de catarse hipnótica e de sugestões re-educativas, que utiliza hipnose para ajudar a vencer as resistências do paciente, e aceitar a assimilar as experiências relembradas. A Hipnose facilita a "livre-associação", ajudando enormemente o trabalho analítico em relação às fantasias inconscientes.

Não faz sentido supor que a psicoterapia no estado de vigília, que se dirige à cerebração consciente, seja mais eficaz que a Hipnoanálise, que se dirige diretamente ao sub-consciente, onde reside a causa do mal. Pode-se dizer que a dependência do analisado em relação ao analista (psicanalista) é ainda mais forte, muitas vezes chega a ponto de fazer o paciente aceitar passar anos no divã.

HIPINATRIA

A Sociedade de Hipnose Médica de São Paulo, na expectativa de homogeneizar a terminologia adotada pelas diversas correntes, definiu-a da seguinte maneira: Procedimento ou ato médico que utiliza a hipnose como parte predominante do conjunto terapêutico. A referida Sociedade observa que este é o termo mais adequado para o tratamento médico feito através da hipnose pura ou combinada com fármacos. Esta nomenclatura deveu-se à demanda do Departamento de Hipnologia, numa analogia com algumas especialidades médicas (Pediatria,

(9)

Psiquiatria, Foniatria, Fisiatria, etc.). Este termo, criado em 1968 pelos professores Miguel Calille Junior e Antônio Carlos de Moraes Passos, foi adotado pelo Conselho Federal de Medicina, no ano 2000, como adequado a ser utilizado quando um médico fizer abordagem através do uso da Hipnose para diagnóstico ou tratamento (iatria, do grego, "arte de curar"), sendo unanimemente considerado por todas as escolas médicas de hipnose no Brasil. [PROCESSO-CONSULTA CFM Nº 2.172/97 PC/CFM/Nº42/1999].

HIPNODONTIA

Aplicação da hipnose e sugestões controladas na prática odontológica.

HIPÓTESES E TEORIAS ACERCA DO FUNCIONAMENTO DA HIPNOSE

Afinal de contas, o que é a Hipnose? Diversas teorias surgiram para tentar explicar esse estranho estado.

A hipnose é um construto complexo e na atualidade não existe uma teoria predominante sobre a mesma ou que seja consensualmente aceita, mas sim um contínuo de pontos de vista teóricos; e se entende a razão... Estamos tentando definir um fenômeno do cérebro, este órgão sobre o qual conhecemos tão pouco e do qual utilizamos somente uma parte mínima. As provas apresentadas a favor de cada uma dessas filiações, desde os experimentos laboratoriais ao conteúdo de verbalizações, fantasias, sonhos e manifestações do comportamento, são em número deveras impressionante.

O CÉREBRO DO HIPNOTIZADO

Com o avanço tecnológico, a hipnose vem sendo estudada por meio de exames como eletroencefalografia digital (EEG-D), mapeamento cerebral, potenciais evocados, ressonância funcional e tomografia por emissão de pósitrons - PET (Positron Emition Tomography), que possibilita a partir de injeção de glicose ativada, identificar as áreas cerebrais ativas em diferentes situações experimentadas em pacientes, mas o importante é que estas avaliações acontecem de forma dinâmica, não estática como acontece com os tomógrafos convencionais. E se pode observar estrutura mais profundas do que a limitação imposta pelos eletroencefalógrafos que monitoram somente a camada cortical, podendo ser estudadas estruturas mais profundas do sistema nervoso, neste caso nos interessa o Sistema Límbico-Hipotalâmico e suas relações com o estado alterado de consciência do transe hipnótico. Estes estudos abrem novas perspectivas e outras questões surgem como resultado.

Baseado nestes estudos de pesquisa de ponta há 8 anos estão sendo realizadas pesquisas com o Pet Scan direcionadas ao estudo do transe hipnótico como

(10)

estado alterado de consciência em renomadas e conceituadas instituições norte americanas como Universidade de Standford e Harvard e os Hospital Geral de Massachusetts e Memorial Hospital de Neva York. Neurologistas, radiologistas, psiquiatras entre outros profissionais estão tentando desvendar os mistérios da hipnose clínica.

Em 1998, a hipnose saiu do campo da especulação para o campo científico através de uma experiência coordenada pelo psicólogo e neurologista da Universidade de Harvard, Stephen Kosslyn, que contou com auxílio de psiquiatras, radiologistas e neurologistas da Universidade de Stanford nos EUA. Dezesseis voluntários observaram imagens em cores na tela de um computador. Depois de hipnotizados, eles foram levados a acreditar que a mesma figura colorida, vista outra vez no monitor, era toda em tons de cinza. Com o auxílio de um equipamento de última geração na área da tomografia computadorizada, eles foram avaliados pela tomografia por emissão de pósitrons (PET), um exame capaz de mapear áreas cerebrais e que aponta as áreas que são ativadas durante atividades cerebrais específicas, verificou-se que a área do cérebro responsável pela percepção das cores permaneceu desligada. Em compensação, a chamada área lingual foi acionada - ela é capaz de inibir informações sensoriais, como os estímulos visuais provocados pela cor. Ou seja, sem nenhuma possibilidade de farsa, o cérebro passou a ver em preto e branco.

Mais tarde, os mesmos voluntários foram induzidos a ver cores numa figura em preto e branco. Comprovou-se que a região relacionada à visão das cores, próxima da nuca, era especificamente ativada. Se eles não estivessem hipnotizados e vissem uma figura em preto e branco, o cérebro dos voluntários não apresentaria esta área ativada; afinal, o nervo óptico não levaria à massa cinzenta informação de cor. Os resultados preliminares desse estudo são espantosos! Esta experiência foi um marco definitivo para a validação da hipnose como método científico pela Organização Mundial da Saúde em 1998.

A tese mais aceita é de que as palavras do hipnotizador, processadas pelo nervo auditivo, alcançam a ponta de uma rede, na base do cérebro (tronco cerebral), chamada substância reticular ascendente (SRA) - a qual também é responsável pelo estado de consciência desperta, assim como pelas atividades do hipotálamo e sistema límbico - e se espalham por toda a massa cinzenta. Por se tratar de estímulos repetitivos, quando eles chegam ao lobo frontal, região atrás da testa,

(11)

concentram a atenção do paciente em um único foco, inibindo tudo o que está ao redor. Quando alguma coisa chama a nossa atenção, três áreas do cérebro ficam especialmente ativas. Primeiro, a região parietal direita aciona a nossa percepção. Logo depois, é a vez da região pré-frontal direcionar nosso olhar para o alvo da atenção. Então, uma outra área, conhecida como o giro do cíngulo, avalia: vale a pena ou não continuar olhando para aquilo? O alvo interessa de alguma forma pra nós?

Quando cai o nível de atividade na base do cérebro, muda a predominância do externo (exteriorização) para o interno (interiorização). Quando alguém dá menos atenção para a informação que vem dos sentidos, mais atenção é dada para a informação interna.

No estado hipnótico os fenômenos observados são tipicamente de origem límbica. Os fenômenos de rememoração (recuperação de memórias esquecidas ou reprimidas) e revivificação (ressurgência da experiência emocional vivenciada no evento rememorado), comumente reunidos no termo "regressão"; as amnésias espontâneas experimentadas quando se sai do estado hipnótico; a aprendizagem acelerada que ocorre neste estado; as analgesias; a estimulação do sistema imunológico; as alterações subjetivas do esquema corporal e as vivências alucinatórias induzidas por sugestão, são fenômenos típicos associados à formação hipocampal do sistema límbico. Esta região é responsável pela formação da memória, pela aprendizagem, pela imagem do corpo (esquema corporal) e pela regulação do sistema imunológico.

Compreende-se, agora, como a hipnose favorece a liberação de emoções reprimidas juntamente com a memória do evento que a gerou. A repressão de lembranças desagradáveis e as defesas que impedem que elas aflorem é um processo ativo do córtex pré-frontal (formação recente na evolução, sede da personalidade e da vida intelectiva)* O sistema límbico se vê, assim, impedido de descarregar a estase energética e regular o equilíbrio e a distribuição da energia dinâmico-afetiva.

O córtex pré-frontal modula a energia límbica e tem a possibilidade de criar comportamentos adaptativos adequados ao tomar consciência das emoções. Por outro lado, o sistema límbico através do hipotálamo pode exercer um efeito supressor sobre o neocórtex (inibição momentânea da cognição e também sobre o tônus muscular tônico, como se observa nas fortes excitações emocionais). (*) O lobo frontal é responsável pelo nosso temperamento, nossa relação com as pessoas, nosso jeito de ser. É o que nos faz indivíduos ímpares. A parte mais sofisticada do cérebro.

Referência Bibliográfica: Revista SuperInteressante, Ano 12, n. 5, Maio 1998, Cérebro "Visão Hipnótica", pág. 40 - chamada de capa: HIPNOSE - Ela já foi condenada como um truque de charlatães. Hoje, comprovada pela ciência, ajuda a Medicina a curar muitas doenças.

(12)

HIPNOSE NA VIDA DIARIA

Segundo Marlus Vinicius as manifestações da hipnose ocorrem na vida diária sem que a maioria das pessoas perceba:

1. Quando assistimos a um filme, no cinema ou na televisão, e estamos realmente gostando, nós nos emocionamos com as cenas do filme. Podemos rir, chorar, ficar revoltados ou alegres com determinadas seqüências do filme; pode ocorrer sudorese nas mãos, redução do ritmo respiratório. Nesses momentos em que nossa atenção está focalizada nas cenas, e segundo o conteúdo das próprias cenas e de acordo com as nossas experiências passadas, estamos hipnotizados. Durantes essas cenas, nosso juízo crítico não se preocupa com a velocidade e número das cenas, nem com a definição das imagens, ou até mesmo como foram produzidas as cenas. Não pensamos tratar-se de um conto, nos envolvemos com as cenas, sentimos as cenas com todos os nossos sentidos, e muitas vezes deixamos de ouvir ou de prestar a atenção num barulho estranho ao filme, como o som da campainha da nossa residência;

2. Quando estamos interessados na leitura de um determinado livro, reagimos emocionalmente às descrições das situações interessantes sem estarmos analisando criticamente o tamanho das letras, a ortografia, falhas na impressão. Limitamos, desse modo, a nossa atenção visual ao conteúdo do que estamos lendo e somos auto-hipnotizados;

3. Quando estamos ouvindo com entusiasmo uma música de nossa preferência, permanecemos sem analisar criticamente a afinação do cantor ou a performance da orquestra. Essencialmente, concentramos a nossa atenção no som musical, permitindo que a música entre em nossa mente e em nosso corpo, e até podemos ser hipnotizados pela música, a qual pode nos fazer recordar de um acontecimento passado, ocorrendo uma relembrança ou mesmo uma revivificação;

4. Quando estamos dirigindo nosso carro de casa para o trabalho, prestamos atenção consciente ao transito, contudo a direção do carro é realizada

(13)

em nível inconsciente. Nós não ficamos, conscientemente, engatando as marchas e pisando no freio. Assim mesmo quando dirigimos o veículo prestando atenção ao transito, uma série de estímulos chega ao nosso cérebro sem se tornar consciente neste exato momento e pode ser armazenada em algum lugar do encéfalo;

5. Quando uma pessoa está aprendendo a dançar, presta atenção ao compasso musical, presta atenção na sua posição corporal, olha para os pés para saber aonde irá posicioná-los. Enfim, procura seguir o professor ou o seu par. Essa fase pode ser comparada às sugestões que o hipnoterapeuta formula ao paciente durante o tratamento pela hipnose. Posteriormente, quando a pessoa já sabe dançar, simplesmente ouve a música, deixa-a entrar pelo seu corpo e sai dançando automaticamente;

O Tratamento bem-sucedido, pela hipnose, pode ser observado quando, por exemplo:

1. O paciente reprogramou seu modo de alimentar-se para tornar-se e permanecer esbelto;

2. Quando, por meio da hipnose, ampliou sua capacidade de aprender e relembrar o aprendido;

Quando, por meio da hipnose, eliminou uma fobia;

Durante uma conferência ou uma aula, quando o aluno se interessa pela matéria e o professor é habilidoso, o aluno permanece com sua atenção tão focalizada e limitada ao assunto, isto é, está hipnotizado, que os ensinamentos são gravados no seu inconsciente e mesmo no seu inconsciente. Ao terminar a conferência ou a aula, o aluno sai satisfeito com os ensinamentos compreendidos, sendo capaz de lembrá-los durante uma prova. Alternativamente quando o professor é chato, fala bastante e apenas lê os dispositivos projetados, o aluno não se interessa pela matéria e se distrai com qualquer coisa, não há focalização da atenção, nem hipnose. Conseqüentemente, não há aprendizagem adequada. Muito provavelmente o aluno será incapaz de lembrar durante a prova, nem para o seu proveito durante a sua vida, o que esse professor tentou transmitir;

Muitas sugestões indiretas ocorrem no cotidiano e conduzem a respostas similares às ocorridas na hipnose formal. Quantas vezes estamos passeando num “shopping center” com o desejo de adquirir alguma peça para o vestuário quando, passando pela frente de uma lanchonete, sentimos o odor do café, recebemos uma sugestão sensorial olfativa direta, e somos levados a entrar e saborear um cafezinho.

Da mesma forma uma sugestão direta aplicada na hora certa com palavras corretas e poderosas, com tom emocional adequado ao contexto, pode fazer uma multidão mover-se imediatamente sem que as pessoas parem para raciocinar e optar pela melhor alternativa de comportamento. Isto ocorre quando num cinema durante a exibição de um filme alguém grita: “Fogo! Está pegando fogo!”.

(14)

Quantas vezes ao tirarmos uma roupa descobrimos que nos arranhamos num braço ou numa extremidade do corpo, sendo que no momento do arranhão nada sentimos, pois estávamos com a atenção concentrada em outra coisa, pois nesta hora estávamos anestesiados.

Muitas vezes nos podemos entrar em hipnose, sem nenhuma sugestão verbal, simplesmente dirigindo um veículo numa estrada com longas retas ou numa auto-estrada; outras vezes, simplesmente assistindo a um programa de televisão.

Assim podemos compreender que a hipnose, na vida diária ocorre mais freqüentemente do que imaginarmos, e contribui para o entendimento de que não é necessária a indução formal para obtermos a hipnose. No consultório do hipnólogo, faz-se a indução formal de hipnose para obtê-la no momento desejado e com finalidades específicas.

CONTRA INDICAÇÕES DA HIPNOSE

 O uso em Psicóticos, bordeline ou compensados, (mas que podem ser tratadas por hipnoterapeutas e psicanalistas bem treinado);

 Sem objetivo definido e construtivo, apenas para satisfazer insistentes pedidos do paciente;

 Se o estado do paciente não está determinado;

 Satisfação do EGO do hipnotizador;

 Remoção de sintomas sem se preocupar com a causa dos mesmos (o que alguns questionam dizendo que o alívio pode ser permanente e que o paciente, eventualmente, pode aproveitar esse período, sem sintomas, para melhor adapatar-se a vida);

 Eliminar sensações (fadiga, por exemplo) o que pode levar o paciente a ultrapassar os limites de sua capacidade física.

CONSTELAÇÃO HIPNÓTICA (SEGUNDO JEFFREY K. ZEIG)1

- Economia de movimentos (catalepsia) - Literalismo (interpretação literal) - Demora para iniciar resposta

- Mudança nos reflexos de salivação e deglutição

- Diminuição na freqüência respiratória, pulso e pressão sangüínea -há uma diminuição geral dos reflexos

- Relaxamento muscular

- Mudanças no comportamento ocular: Mudanças pupilares

Tremor palpebral Perda de foco Olhar fixo

1 Extraído da Apostila de Drª Sofia Bauer

(15)

Mudanças na freqüência das piscadas

Mudanças no movimento lado a lado do olho (REM) Lacrimejamento

- Redução dos movimentos de orientação - Perseveração

- Assimetria direito / esquerdo - Mudanças na circulação periférica - Fasciculação

- Aumento da responsividade

- Aumento da atividade ideomotora e ideossensória

FENOMENOLOGIAS DOS ESTADOS HIPNÓTICOS

Durante o transe hipnótico, de acordo com a sensibilidade individual momentânea e segundo a profundidade do transe alcançada, pode-se verificar ou induzir o surgimento de alguns fenômenos psicossomáticos. Vejamos alguns deles:

RELACIONADOS À MEMÓRIA

Amnésia:Esquecer-se de pensamentos ou de fatos passados durante o

transe (espontaneamente ou não) ou em uma ocasião específica, o que pode dar-se espontaneamente ou de acordo com orientações sugestivas do hipnotizador.

Hipermnésia: É a capacidade de lembrar-se de forma nítida e com riqueza

de detalhes de pensamentos, sentimentos ou eventos ocorridos e completamente esquecidos.

Regressão de idade ( memória): O fenômeno de regressão de idade é

parcialmente baseado nos mecanismos de hipermnésia e amnésia. É a capacidade de reviver pensamentos e sentimentos passados como se fossem presentes, como se a pessoa estivesse em um momento específico de uma idade anterior, no qual se comporta, pensa e reage de forma similar à idade em questão, mas guarda todos os mecanismos de aprendizado da idade atual [de forma que ela apresentará todo o controle dos esfíncteres, e não irá urinar nas calças quando "regredir" a uma idade em que ainda não tinha o controle sobre esses músculos, embora reproduza comportamentos infantis.

(16)

Xenoglassia: Capacidade em relembrar e fazer uso lógico de uma língua

estrangeira que se ouviu na infância, e da qual não se tem domínio conscientemente.

IDEOSOMÁTICAS (OU IDEOMOTORAS)

Há uma associação entre a postura e a fisionomia do indivíduo hipnotizado: se o paciente for colocado em posição de boxe, sua fisionomia adotará feição de ferocidade; se o colocarmos de joelhos e com as mão unidas, sua fisionomia adotará uma placidez de quem está a orar.

Estigmatização e Hematidrose - Em 1885 Focachon, farmacêutico de Charmes produzia na presença dos drs. Bernheim, Legeois, Dumont etc. vesicações sob sugestão enquanto três médicos de La Rochelle obtinham algumas gotas de sangue na pele de um hipnotizado.

Catalepsia: Enrijecimento dos músculos sem a fadiga durante o estado

hipnótico, paralelamente à suspensão das sensações. A catalepsia seria, portanto, a permanência de pelo menos alguma parte do corpo em determinada posição por algum tempo sem as dores causadas pela constância.

Movimentos "Alavancados": São movimentos pausados, e na maioria

das vezes lentos, como se o indivíduo estivesse levando pequenos choques. Muitas vezes ocorre durante o teste sugestivo da "levitação da mão".

(17)

Hiperpraxe: Aumento da capacidade muscular. Tomemos como exemplo

a força da mandíbula: todo mundo tem aproximadamente 600 libras de pressão nos músculos da mandíbula, mas poucas pessoas já usaram-na. Não obstante, isto permite que os acrobatas pendurem-se pelos dentes de um trapézio e executem os feitos mais surpreendentes enquanto estão assim apoiando o peso do corpo pelos dentes...

IDEOSENSORIEDADE

Dissociação: É uma cisão, uma separação dos estados psicológicos entre

consciente e inconsciente, ou separação entre emoções e os pensamentos, comportamentos e sensações. É um processo mental no qual sistemas de idéias são separados da personalidade normal e operam independentemente. Na dissociação uma palavra, símbolo ou lembrança deixa de estar associada a certas idéias, lembranças etc.

Alucinações: O detalhe mais impressionante da hipnose é o fato do

paciente vivenciar alucinações sugestionadas; podemos alterar as percepções, induzindo ilusões e alucinações positivas (ver, sentir ou ouvir o que não existe) ou alucinações negativas (deixar de ver, sentir ou ouvir o que existe) mesmo que a pessoa mantenha seus olhos abertos durante o transe hipnótico. E pode-se obter o mesmo efeito em sugestões pós-hipnóticas, dadas durante a hipnose e executadas depois, em estado de vigília, executadas horas, dias, meses ou anos depois.

Analgesia: É a sensação de dormência (diminuição da percepção tátil) em

alguma parte do corpo (estes fenômenos são utilizados na terapêutica da dor).

Hiperestesia: A hiperestesia é o aumento da percepção das sensações,

com a ampliação do limiar perceptivo a níveis mais sensíveis de estimulação.

"Transfert": A transferência de sensibilidade de uma parte do corpo para a parte correspondente do outro lado. Trata-se meramente do exagero de uma relação normalmente presente em partes simétricas do corpo.

RACIOCÍNIOS SOBRE O FUTURO

Pseudo-orientação no futuro: pensar o futuro a partir do presente. O indivíduo

pensa o futuro, sabendo que é apenas uma projeção, e através dos cinco sentidos pode pensar e dar formas a situações que irá passar.

Progressão de idade: O indivíduo pensa estar num futuro. Pode-se passar por

uma situação antes dela acontecer para saber quais serão as reações quando isso se tornar realidade (isto não está ligado à previsão do futuro).

COGNIÇÃO

(18)

Signo-sinal: São comandos associados aos estados hipnóticos, como uma

palavra ou frase dita ao paciente durante o transe e que funcionam como uma "chave" para induções futuras. São usados normalmente para facilitar cada uma das próximas sessões para que o trabalho seja iniciado e conduzido de uma forma mais rápida.

Duplicação de sistemas de raciocínio: Duplicação é a atividade psíquica onde duas linhas de raciocínio acontecem simultaneamente e de forma independente uma da outra (o que permite obter-se a Escrita Automática, popularmente conhecida como "psicografia", a Escrita Ambidestra, em que o indivíduo hipnotizado é levado a escrever ou digitar um texto diferente lógico e coerente com cada mão, às vezes em línguas diferentes).

Sugestão pós-hipnótica: É o estabelecimento de comportamentos, atitudes, relações e formas de pensar que terão efeito depois do processo formal de transe hipnótico, sendo executados os comandos com o indivíduo em estado de vigília. Refere-se à execução, no tempo de pós-transe ou a algum tempo especificado, de sugestões dadas durante o transe.

Alteração de consciência reflexiva: É a maneira como a pessoa vê a si mesma, em estado de vigília e em estado de hipnose. A percepção da área corporal fica notadamente alterada, assim como a identificação com a massa corpórea (alguns indivíduos referem-se a si mesmos na terceira pessoa).

NOÇÃO DE TEMPO

A distorção da noção de tempo se divide em duas categorias:

Expansão da noção de tempo: Tem-se a impressão de que passou um

tempo muito maior do que realmente se passou. 20 minutos podem parecer 4 horas para a pessoa hipnotizada, e muitas vezes segue-se uma noite de "insônia" com muita vitalidade, uma vez que o transe repõe o descanso fisiológico necessário.

Condensação da noção de tempo: Ao indivíduo hipnotizado se parece ter

transcorrido menos tempo do que passou. É muito comum após despertar de um transe profundo o sujeito completar uma história que estava contando minutos antes da indução, e perguntar ao seu terapeuta quando este vai começar, e mesmo negar que tenha estado em transe.

COMO SE DESENVOLVEM OS PROCESSOS MENTAIS2

Como funciona a mente

A mente funciona através de áreas cerebrais distintas, que são: percepção, não-consciente (que engloba: subnão-consciente, innão-consciente, innão-consciente coletivo, consciente, etc. . aos efeitos de resumir e fazer uma divisão mais objetiva), consciente e pré-motora.

2PUENTES, Fábio, Hipnose: Markenting das Religiões, Editora Cenau – 2ª edição 2001 – São Paulo

(19)

Zona A: Percepção

Através desta zona captamos as imagens e sensações que nos chegam do mundo exterior, por meio dos cinco sentidos. Esta zona está situada na região occipital. Zona B: Não consciente (atividade automática)

É a mente subjetiva. Esta zona está integrada pelo tálamo, e hipotálamo que são pequenas glândulas situadas abaixo do corpo caloso, de onde partem e para onde vão parar infinidades de ramificações nervosas, destinadas às diversas áreas cerebrais. No seu interior está situado o centro da memória.

Podemos dizer pois, que é um grande armazém de experiências e vivências compiladas ao longo de nossas vidas. No tálamo e hipotálamo se registram assim mesmo todos os nossos conhecimentos e, portanto, nossos impulsos básicos, sensações, instintos e hábitos. Tudo quanto sabemos e conhecemos da vida, fica registrado e arquivado em nosso subconsciente até o fim de nossa vida, pois nada se apaga nele. O material recebido vai se acumulando e nada é esquecido.

O subconsciente governa o sistema nervoso simpático, que tem sua sede na espinha dorsal e desta forma controla os órgãos e músculos involuntários e suas diversas funções no organismo, tais como: coração, fígado, pulmões, rins, intestinos, glândulas, etc. Em ocasiões de perigo assume um controle efetivo sobre os órgãos vitais, como por exemplo, em um colapso, acidente, etc. Assim, a pessoa pode permanecer em estado de coma profundo ou completamente anestesiado, ou ficarem imobilizadas em certas partes do corpo, apesar das quais, o organismo continua cumprindo as funções vitais, tais como respirar, etc., de uma forma totalmente automática, sem que aparentemente ninguém o dirija. É muito importante lembrar que o subconsciente induz. Seus movimentos são involuntários e não dependem da consciência.

Zona C: Consciente - Mente Objetiva

Localiza-se na zona frontal e faz parte do córtex e sub-córtex cerebral. Sua função é a de ordenar, analisar e discernir toda a informação que recebe do subconsciente, e fazer com que se cumpram as ordens que lá chegam. O consciente é a mente objetiva, governa o sistema nervoso e tem sua base no cérebro. Governa os músculos voluntários e os sentidos (paladar, tato, audição, visão e olfato).

É a parte da mente que analisa, sintetiza, deduz, raciocina, etc. A memória do consciente é imperfeita e nula, porque esquece e não armazena informações.

Zona D: Pré-Motora

É a que recebe ordens do consciente e, ao estar conectada diretamente ao sistema motor, transmite as ordens ao sistema nervoso central, e este, por sua vez, aos diversos grupos musculares, para que, dessa forma, culmine no processo mental e a idéia se converta em ação por meio do efeito ideomotor.

(20)

Zona B1: Inconsciente

É uma pequena zona que estaria situada debaixo do subconsciente, na qual estão gravados todos os instintos primários do indivíduo (sexo, perpetuação, defesa, etc.), ou seja, todos os instintos elementares que acompanham o ser humano, desde sua origem selvagem, perdido na noite dos tempos. Estas gravações nunca chegam a ser conscientes com facilidade.

O cérebro humano funciona com dois tipos de energia diferentes que se complementam: a FÍSICA (ELÉTRICA) e a PSÍQUICA (QUÍMICA).

O cérebro está formado por células. A célula principal se chama neurônio. Existem entre dez e doze bilhões de neurônios, que são considerados células nervosas, que estão localizadas no córtex cerebral (a parte mais nova do cérebro) e existem configurações no sub-córtex (o interior).

Um só de tais neurônios possui um número incalculável de ramificações. Para se ter uma idéia podemos dizer que um só neurônio está relacionado com outros dez mil neurônios.

A conexão dos neurônios se chama sinapse.

A sinapse se realiza através da liberação de substâncias químicas (neurotransmissores) e que vão gerando estímulos elétricos, chamadas de ondas cerebrais.

As ondas cerebrais são de diferentes intensidades, que se medem em ciclos por segundo.

Estas ondas, na atualidade são de cinco; das quais duas indicam estado de vigília e as outras três um estado por debaixo da vigília, que vai desde um leve sono até o coma.

Para mudar uma resposta temos que reprogramar esta forma de união desses neurônios. Isso se consegue modificando a intensidade das ondas cerebrais. Muitos medicamentos podem alterar o sistema neurotransmissor. Existem elementos eletrónicos (como jogos de luzes e sons) que chegam a mudar as ondas cerebrais. Há também outras técnicas mais naturais que acabam por modificarem tais ondas do cérebro. Ao mudar a intensidade se conseguem diferentes estados de consciência. Entre esses estados estão os chamados estados alterados de consciência, que são os que concentram o foco da atenção, deixando sensações que vão do êxtase contemplativo, até a excitação descontrolada.

Segundo o investigador Héctor González Ordi, professor de Psicologia Básica da Universidade Complutense de Madri, temos a seguinte explicação “tradicionalmente, tem se definido um estado alterado de consciência como toda aquela experiência diferente à vigília. Mas esta curta definição já é antiga. Muitas vezes, atingir um estado alterado de consciência depende das expectativas que cada um tenha do fenômeno”. E alguns estudos realizados com consumidores de drogas psicoativas reforçam esta opinião.

Sabe-se, por exemplo, que é possível sugestionar uma pessoa para que experimente as sensações subjetivas próprias do consumo de cannabis ou LSD, ainda que na realidade esteja tomando um simples placebo.

Aqui está a chave do estudo dos estados alterados da consciência. Existe muita informação segundo a qual as drogas, a hipnose ou a meditação “levam” o sujeito a mundos superiores mais criativos, mas a evidência científica parece demonstrar o contrário. Não se tem achado variações nos padrões fisiológicos próprios destas

(21)

práticas, e se tem demonstrado que seus efeitos subjetivos podem conseguir-se por meio de outras técnicas muito mais simples, como é o caso da sugestão. O que acontece na realidade nos casos de estados alterados de consciência? Na realidade, se pode dizer que as excitações que se produzem no sistema nervoso central causam um estado especial de percepção quando a estimulação sensorial externa diminui.

Isso também acontece com o estado alterado de consciência mais estudado: o sono, sempre que os estímulos do redor descem de intensidade rapidamente, as pessoas experimentam distorções de percepção e alucinações. Esta redução dos estímulos pode-se conseguir por meio de muitas técnicas fisiológicas, psicológicas e farmacológicas.

Há inúmeros acontecimentos naturais e artificiais que podem modificar nossa experiência subjetiva. A mais famosa é o consumo de drogas, mas os investigadores usam outros truques para conseguir estes efeitos tão particulares. Por exemplo, a atividade física tem uma conhecida repercussão sobre nosso estado consciente, já seja por defeito (o relaxamento e a meditação), ou por excesso (as danças rituais que acabam com um suposto estado de transe ou os atletas de maratona que perdem a percepção do redor quando superam um certo nível de cansaço).

Também os estímulos externos têm resultados similares. Uma voz sugestiva, o som de um gongo, o movimento monótono de objetos ou a música podem nos transladar a um estado alterado de consciência.

Por último, há situações clínicas que ocasionam alguns destes estados. Entre elas a hipoglicemia, a febre ou a má nutrição, que são, as vezes, indutores de alucinações.

Como podemos ver, não há nada de misterioso nestas manifestações da mente sadia, simplesmente são modificações de nosso estado de atenção. O xamanismo, o transe religioso, as experiências próximas à morte, as possessões e as visões místicas poderiam ser perfeitamente explicadas por estes mecanismos físicos e psíquicos.

Segundo González Ordi, “um profissional da saúde pode induzir um estado alterado da consciência como terapia para certos transtornos, sobretudo para os relacionados com a ansiedade e o estresse. Mas é muito perigoso pretender atingir ditos estados por meio de drogas ou com práticas de sugestão não controladas”. De fato não é estranha a aparição de certos episódios psicóticos e transtornos mentais graves relacionados com estas práticas, como o xamanismo, que agora fazem furor nos círculos esotéricos – no abuso de ervas e chás alucinógenos, que são usados com pretensões de encurtar o caminho para sabedoria e a expansão mental, e com “curas”, usando conhecimentos ancestrais. Ao entrar nas ondas alfa, um pouco mais abaixo da vigília, entra-se num estado de consciência alterado de meditação, contemplação e abstração. Este estado segrega um hormônio chamado de acetilcolina, que produz uma sensação de relaxamento muscular. Isto se vê no tipo de auto-hipnose provocado nas religiões orientais, como o Yoga.

Quando se aumenta a intensidade de beta, que é o estado de vigília no qual você está agora, e as descargas elétricas se aceleram, passa as ondas gamma, um estado de consciência alterado, que provoca excitação, descontrole, e enquanto em alfa o corpo pode estar relaxado e tranqüilo, em gamma, o movimento é

(22)

desordenado, com muito pouca coordenação. Este estado alterado faz que a mente segregue um outro hormônio chamado de adrenalina, que provoca uma sensação-reflexo de luta ou fuga. Este fenômeno se vê nas religiões pentecostais e nos rituais afro.

As duas ondas alfa e gamma, produzem uma dissociação temporária, que provoca inibição cortical seletiva, e a atenção é desviada intencionalmente. Então vemos que, quando saímos da faixa de beta, tanto para cima (gamma) ou para abaixo (alfa) entramos num estado de consciência alterada.

Sabe-se que a oração profunda, algumas danças (do tipo dervixe) o jejum prolongado, o orgasmo, certas drogas, jogos de luzes (como nas danceterias, os aparelhos como os “mega brain“), a hipnose, a meditação transcendental, o yoga, etc., provocam variações nas ondas cerebrais.

Os instrumentos de percussão, também alteram a consciência, provocando uma inibição cortical muito importante. Isto é demonstrado durante as festas de carnaval, onde se pula, se dança, num estado que vai além das forças físicas, causando muitas vezes até a morte. Na guerra se usa o tambor para ir marcando o passo, levando os soldados a um estado de alteração, onde a atenção é desviada diante da possibilidade do perigo. Os antigos barcos de remos, possuíam um tambor que marcava o ritmo, conseguindo que os remadores fizessem seu trabalho sem sentir tanto o cansaço, conseguindo também um estado de consciência alterada.

Existem duas formas de chegar a um estado de transe hipnótico: a trofotrópica, que é uma maneira alimentadora, maternal e a ergotrófica, que é mais autoritária, paternal. A primeira: tem efeito sedativo, acalma. A segunda: excita, levando às vezes a um estado de estupor.

Em qualquer das duas maneiras se produzem modificações fisiológicas, como de respiração, alterações cardíacas, de pressão arterial, alterações hepáticas e hormonais, aumento ou diminuição do umbral da dor (analgesia ou hiperestesia), perturbações musculares; e alterações psicológicas, tais como alucinações e ilusões sensoriais (de tato, gosto, olfato, visual e auditiva).

Quando uma criança, se machuca, e chega chorando até sua mãe, esta simplesmente, a acaricia, fala suavemente e beija meigamente no lugar da lesão, é o suficiente para produzir a liberação de substâncias, chamadas endorfinas, que alcançam um potencial analgésico muito superior ao da morfina. Esta substância está naturalmente em nosso cérebro e é liberada no estado de choque emocional. O toque carinhoso e o beijo “mágico” foram determinantes e a dor da criança “desapareceu”, por amor.

Quando essa mesma criança, chega machucada, chorando até seu pai e este lhe acena com o dedo indicador, usando um tom de voz grave, dizendo, “os homens não choram!”, automaticamente a endorfina, liberada pelo medo, entra na corrente sangüínea, e produz um estado de analgesia.

O efeito final é o mesmo, conseguindo chegar até a hipnose por dois caminhos bem diferentes: o do amor e o do temor.

Em certos cultos ou ritos religiosos, se observarmos, vemos que se usam os dois métodos, o autoritário e o maternal.

(23)

O padre na sua igreja com o silêncio, as luzes tênues e dirigidas, o som grave do órgão, e as pregações com voz pausada e de ritmo modulado, está usando o método maternal. Ao igual que o budista ou o iogui que entram em êxtase pela contemplação intensa, –ou concentração exagerada que leva a uma hipnose-conseguindo um estado de meditação profunda. Nestes dois casos se atinge a faixa das ondas alfa.

Nos rituais afro-brasileiras se usa muito a percussão, os movimentos convulsivos do corpo, cenas fortes com sangue e animais. Isto produz um estado de excitação, provocando um transe similar, para não dizer igual, ao transe hipnótico.

Em certos templos de modalidade evangélica, os pastores começam suas orações e pregações com um ritmo monótono, subindo de tom, falando permanentemente, “bombardeando” com palavras, exaltações, para a platéia, repetindo cada certo tempo reforçando, palavras que servem de apoio, estimulam e excitam como a mágica “aleluia” . Ao sentir-se cansado este pastor, outro o substitui, e o bombardeio continua.

De novo se produz a dissociação temporária, desvia-se a atenção e provoca-se uma inibição cortical. Novamente aparece o transe hipnótico, onde foi usado o método autoritário ou paternal, atingindo em ambos casos a faixa das ondas gamma.

É importante esclarecer que o transe hipnótico se produz mais fácil e rapidamente por imitação. Isto explica a hipnose de massas, por contagio psíquico.

Não devemos esquecer que no transe hipnótico atingimos a parte “não-consciente” do cérebro, esta zona simplesmente induz. A parte crítica do consciente, que é quem deduz, está censurada, adormecida. Já veremos, no capítulo seguinte, que esta censura se consegue com estímulos sensoriais e com sugestões.

Mudanças fisiológicas

Dentre as mudanças fisiológicas que se produzem em conseqüência do transe, figura geralmente uma baixa na pulsação, ocorrendo quedas mais ou menos acentuadas na presão arterial. Ao iniciar-se o transe costuma haver uma vaso-constrição, e a esta segue-se uma vaso-dilatação, que se vai prorrogando até o momento de acordar. Equivale a dizer que no começo a pressão pode subir um pouco, mas, à medida em que o transe se aprofunda, tende a cair. Observa-se geralmentee uma mudança na temperatura periférica. Aumento de calor na superfície e frios nas extremidades das mãos e dos pés. A pessoa bem hipnotizada caracteriza-se quase sempre pelas extremidades frias ( as mãos geladas), conservando-as geralmente assim durante todo o transe.

Não será preciso acentuar que essas mudanças fisiológicas durante a hipnose decorrem largamente as modificações que se produzem no estado de espírito e no estado emocional do indivíduo. As diferenças de reações nesse particular obedecem a fatores muito sutis, que, dada a sua complexidade, podem escapar, inclusive, ao controle dos maiores peritos em matéria de psicologia.

(24)

ESTÁGIOS DA HIPNOSE3

LeCRON e Bordeaux, apresentam uma escala de graus do estado hipnótico e as

mudanças fisiológicas que se produzem em conseqüência do aprofundamento do transe. sugere cinqüenta estágios. Muito embora há uma tendência de reduzir a cinco estágios, dos quais apenas três indicam estados de hipnose propriamente dita:

INSUSCETÍVEL - Não apresenta características hipnóticas de espécie alguma; HIPNOIDAL – Corresponde ao estado de relaxamento – o “sujet” mostra uma

expressão de cansaço e freqüentemente um tremor de pálpebras, além de contrações espasmódicas nos cantos da boca;

TRANSE LIGEIRO – o “sujet” sente os membros pesados, experimenta um

estado de alheamento, porém conserva plena consciência de tudo o que se passa ao seu redor.

TRANSE MÉDIO - embora conserve alguma consciência do que se passa o

“sujet” está efetivamente hipnotizado. Não oferece resistência às sugestões, salvo quando estas contrariam seu código moral. Produz catalepsia dos membros e do corpo, alucinações motoras e cinestésicas. Aqui se consegue efeitos analgésicos e até anestésicos.

TRANSE PROFUNDO OU ESTADO SONANBÚLICO – constitui-se no

maior transe, no sentido de profundidade. O “sujet” aceita sugestões as mais bizarras. Neste estágio pode-se mandar o paciente abrir os olhos sem afetar o transe. Ao abrir os olhos o paciente apresenta expressão fixa com pupilas visivelmente dilatadas. A aparência é a de quem está imerso em sono profundo, porém reage às sugestões do hipnotista. É o estagio próprio às anestesias profundas. A indução a este transe exige algumas sessões e cerca de 30 a 40 minutos de trabalho.

3Texto extraído do Livro O Hipnotismo de KAL WEISSMANN, Grande hipnotista que muito me servi

para a elaboração desta apostila.

(25)

 Insuscentível – Ausência de toda e qualquer reação

 Hipnoidal – 1 Relaxamento físico, 2 - Aparente sonolência, 3 – Tremor das pálpebras, 4 – Fechamento dos olhos, 5 – Relaaxaamento mental e letargia mental parcial, 6 – membros pesados.

 Transe Ligeiro – 7 Catalepsia ocular, 8 – Catalepsia parcial dos membros, 9 – Inibição de pequenos grupos musculares, 10 – Respiração mais lenta e mais profunda, 11 – Lassidão acentuada ( pouca inclinação a se mover, falar, pensar, agir), 12 – Contrações espasmódicas daa boca e do maxilar durante a indução, 13 – Rappor ente hipnotizado e o hipnotista, 14 – Sugestões pós-hipnóticas simples, 15 – contrações oculares ao despertar. 16 – mudanças de personalidade, 17 – Sensação de peso no corpo inteiro, 18- Sensação de alheamento parcial.

 Transe Médio – 19 – O hipnotizado reconhece estar no transe e sente, embora não o descreva, 20 – inibição muscular completa, 21 – Amnésia parcial, 22 – Glove anestesia (anestesia das mãos), 23 – Ilusões sinestéticas, 24 – Ilusões de gosto, 25 – Alucinação olfativas, 26 – Hiperacuidade das condições atmosféricas, 27 catalepsia geral dos membros e do corpo inteiro.

 Transe Profundo ou Sonambúlico – 28 – O hipnotizado pode abrir os olhos sem afetar o transe, 29 – olhar fixo, esgazeado e pupilas delatadas, 30 – Sonambulismo, 31 – Amnésia completa, 32 – Amnésia pós-hipnótica sistematizada, 33 – Anestesia completa, 34 – Anestesia pós-hipnótica, 35 – Sugestões pós-hipnóticas bizarras, 36 – Movimentos descontrolados do globo ocular, movimentos desordenados, 37 – Sensações de leveza, estar flutuando, inchanddo e alheamento, 38 – Rigidez e inibições nos movimentos, 39 – O desaparecimento e a aproximação da voz do hipnotista, 40 – Controle das funções orgânicas, pulsação do coração, pressão sanguinea, digestão etc., 41 – Hipermnésia ( lembrar coisas esquecidas), 42 – regressão de idade, 43 – Alucinações visuais positivas póshipnóticas, 44 Alucinações visuais negativas póshipnóticas, 45 -Alucinações auditivas positivas pós-hipnóticas, 46 - -Alucinações auditivas negativas hipnóticas, 47 – Estimulações de sonhos ( em transe ou pós-hipnoticamente no sono normal), 48 – Hiperestesia, 49 – Sensações olfativas ( aeromáticas e odores).

 Transe Pleno – 50 Condições de estupor inibindo todas as atividades espontâneas. Pode sugerir-se o sonambulismo para esse efeito.

Dentro desse esquema tem de se levar em conta as variantes das reações individuais. Assim, alguns dos sintomas do transe profundo podem apresentar-se em certas pessoas já no transe médio e até mesmo no transe ligeiro, ou não apresentar-se de todo em outras pessoas. Mas de um modo geral essa escala confere com os níveis acima indicados, salvo em casos nos quais os sintomas, que acabamos de indicar, se produzem por efeito de uma sugestão direta ou indiretamente veiculada pelo hipnotista.

ALGUMAS REGRAS PARA AÇÃO HIPNÓTICA (WEISSMANN, Karl )

(26)

REPETIÇÃO

Um dos grandes segredos da força sugestiva está na repetição. É popular a frase de um dos maiores demagogos da humanidade: “ Uma mentira repetida, uma tantas vezes, torna-se verdade”, ou mesmo “ água mole pedra dura tanto bate até que fura”.

Na psicodinâmica da personalidade a lei da repetição representa uma das forças mais ponderáveis. Cada comando a ser fixados deve ser repetido pelo menos três vezes.

A MONOTONIA

De modo geral as coisas se tornam hipnóticas pela monotonia e monótonas pela repetição. Heidenhaim afirma que “a hipnose resulta de um estímulo sensorial monótono e suave”. A monotonia da voz costuma superar, em matéria de ação hipnótica, a monotonia dos gestos e a monotonia do olhar ou da expressão fisionômica.

Com relação à indução hipnótica contamos com o fator monotonia sob as mais diversas manifestações, não unicamente sob a forma mais específica da repetição, da insistência, da perseverança e da persuasão, o que bastaria para evocar a síntese emocional da experiência infantil, consubstanciada na crença do inevitável, do irresistível, do misterioso e do sinistro, sentimentos tradicionais e indissoluvelmente associados às teorias e às práticas do hipnotismo.

A monotonia hipnótica se produz por vias sensoriais e por vias subjetivas, devendo haver uma sintonia perfeita entre a monotonia do paciente, do hipnotizador e do ambiente. A calma do hipnotizador, assim como a confiança que ele tem em si mesmo e no alcance de seus objetivos são também essenciais.

TESTES DE SUGESTIBILIDADE

O uso da hipnose é freqüentemente baseado nas idéias de que só algumas pessoas são hipnotizáveis e que as pessoas são hipnotizáveis em vários graus. Para os clínicos tradicionais, os testes de sugestibilidade são vistos como um modo desejável de avaliar se alguém é hipnotizável e, nesse caso em que grau. Para Yapko, estes testes não indispensáveis. Ao invés disso é preferível que o hipnotizador assuma a presença inevitável de sugestibilidade por parte do paciente, entretanto para o hipnotizador que não compartilha desta perspectiva, ou para o hipnotizador que ainda não se sente bastante experiente para avaliar comunicações para dinâmica de sugestibilidade podem ser uma ferramenta muito útil.

Testes de sugestibilidade em prática clínica são feitos em mini encontros, onde são oferecidos blocos ritualizados de sugestões de relaxamento ao paciente, seguidos por uma sugestão para uma resposta específica. Se o paciente responder da maneira sugerida, ele ou ela, “passou” no teste. Se o paciente não responder da maneira sugerida, então ele “falhou” no teste.

(27)

O objetivo principal dos testes de sugestibilidade é determinar o grau de hipnotizabilidade do paciente. Porém, testes de sugestibilidade também podem servir para vários propósitos:

Primeiro, usando testes de sugestibilidade para medir responsabilidade hipnótica, podem ser obtidas valiosas informações considerando que a aproximação pode ser melhor para um paciente em particular. Especificamente, a aproximação deveria ser direta ou indireta? Sugestões deveriam estar em uma forma positiva ou negativa? O comportamento do hipnotizador deveria ser comandante, autoritário, ou calmo, permissivo? Muita ênfase foi colocada na dinâmica de relação entre o hipnoterapeuta e o paciente, e testes de sugestibilidade podem ser uma ferramenta útil para o ajudar a descobrir o estilo que você usará para um cliente particular.

Segundo: um segundo propósito do teste é servir como uma experiência de condicionamento para entrar em hipnose. Experiências futuras envolverão muitas da mesma dinâmica a um maior grau, e assim o teste de sugestibilidade pode ser um “ensaio” para o paciente (Spiegel & Spiegel, 1987).

Terceiro: um outro propósito do teste de sugestibilidade pode ser na sua habilidade para usar o pré-trabalho. Se os testes de sugestibilidade são introduzidos como preliminar para o que “real” trabalho terapêutico seja feito, pode ser uma oportunidade para pegar o paciente fora da guarda e oferecer algumas sugestões terapêuticas que podem ser menos sujeitas a análise crítica do paciente (Bates, 1993).

EXECUTANDO TESTES DE SUGESTIBILIDADE

Introduzir e executar o teste de sugestibilidade requer muita habilidade em comunicação como em qualquer outra dimensão ao trabalhar com hipnose. São as questões de cronometrar (quando na relação é oferecido) a resposta do terapeuta para a resposta do paciente, e o fechamento e transição para a próxima interação de fase. As instruções dadas ao paciente sobre a maneira exata de executar o teste devem cercar-se de certo ritual e solenidade e acompanhadas de exemplo demonstrativo. Muitos pacientes são refratários à instrução verbal, porém propensos à imitação.

Entre os testes de sugestibilidade conhecidos, os mais comuns são:

IDEOMOTORES: servem para medir a ação motora da sugestão

hipnótica.

O TESTE DAS MÃOS:

Ao propor o teste das mãos, por exemplo, mostro primeiro em todos os detalhes os movimentos a serem executados. Digo: “Faça” ou “Façam” como eu estou fazendo. Assim: entrelaçando firmemente os dedos. As mãos, com os dedos

(28)

entrelaçados podem ser firmadas na nuca ou mantidas em cima da cabeça, com as palmas voltadas para o operador. E continuo a instrução: “Continue com as mãos nesta posição. Quando eu pedir, inspire profundamente e prenda a respiração até eu terminar de contar até cinco. Ao terminar a contagem, soltará a respiração, porém as mãos continuarão presas e cada vez mais presas. Não as conseguirá soltar. Dada essa instrução, manda-se o paciente fechar os olhos, ou fixar os olhos nos do hipnotizador. Ato contínuo, mando respirar fundo e prender a respiração. Conto pausadamente até cinco. Se ao terminar a contagem o paciente não consegue separar as mãos, não está selecionado, senão também profundamente sugestionado, quando não hipnotizado”.

TESTE DA OSCILAÇÃO:

Um dos testes mais usados é o da oscilação. Havendo o paciente reagido mais ou menos ao teste das mãos, passo ao teste da oscilação. Este teste oferece, como o anterior, ensejo para algum ritual e solenidade. O paciente é solicitado a levantar e largar os objetos que porventura tenha nas mãos. Recomenda-se em seguida, conforme o caso, não se apoiar na cadeira ou na pessoa que esteja ao lado. Feita essa recomendação, passo à demonstração, dizendo: A posição é esta: os pés juntos. Os braços caídos ao longo do corpo. E relaxamento muscular. Fique de corpo mole. Não em atitude, militar. Olhe para mim um instante. Pode fechar os olhos. No caso de utilizar-me de som digo: Quando a música começar, você vai sentir um balanço... O balanço continua... Você continua a balançar, etc. Em lugar da música pode-se recorrer a um outro condicionamento qualquer com a mesma probabilidade de êxito. Pode-se dizer também: vou contar até cinco... Antes de chegar aos cinco, você sentirá um balanço... O balanço não é considerado como um sintoma muito seguro de sugestibilidade. O grau e o modo balanço indicam com relativa margem de segurança a sugestibilidade. Para certificar-me da legitimidade da reação costumo bater inadvertidamente no ombro do paciente. Se o mesmo não se assustar e se o ombro não cede à leve pressão da minha mão, as probabilidades são mínimas. Se, ao contrário, o paciente apresenta uma reação de molejo (alguns chegam a pular) é índice de alta sugestibilidade.

Uma variante deste teste: é aquele em se colocam as mãos sobre os ombros do paciente, o qual se mantém de olhos fechados. Ao aliviar a pressão das mãos e finalmente suprimir o contato físico, o paciente, mesmo sem sugestão específica, oscila, acompanhando as mãos do operador, como se fora atraído por força emanada do hipnotizador. O paciente que reage satisfatoriamente a esta prova pode ser considerado hipnotizado.

PENDULO DE CHEVREUL –

Com o cotovelo apoiado sobre a mesa, o paciente segura entre o polegar e o indicador, um barbante, de cuja extremidade pende um anel ou outro objeto qualquer. Sugere-se ao paciente o movimento do pendulo, acompanhando uma linha traçada sobre a mesa. Recomenda-se ao paciente não intervir voluntariamente no movimento do pêndulo, limitando-se a segurar o barbante.

(29)

Na maioria dos casos, o movimento sugerido começa por esboçar-se na direção indicada. Você começa a usar sugestões para a ampliação do movimento de vai e vem do pendulo. Quanto maior o grau de balanço do pendulo, maior o grau de sugestibilidade. Confirmando o efeito da sugestão, o terapeuta aproveita o ensejo para prosseguir, convencendo o paciente que, de acordo com a prova que acaba de dar, todos, ou pelo menos a maioria dos pensamentos, tendem a traduzir-se em realidade, bastando o paciente pensar com a devida vivacidade e intensidade. Ai o “sujet” já entra em indução.

TESTES SENSORIAIS: indicam a ação sensorial da hipnose. O

“sujet” que reagem negativamente aos testes motores podem reagir positivamente aos testes sensoriais e vice-versa. Os testes sensoriais destacam-se pela sua facilidade executiva e importância prática.

TESTE OLFATIVO: Mostra-se ao paciente meia dúzia de frascos

devidamente rotulados, contendo cada um uma essência específica, condizente com o rótulo. O paciente fecha os olhos, e o terapeuta, a uma distancia de dois ou três metros, abre um dos frascos, anunciando ao paciente a essência que o mesmo contém. O paciente não pode negar o perfume anunciado, uma vez que o mesmo existe. O terapeuta passa a anunciar a abertura do segundo frasco contendo outra essência por ele especificada. Novamente o paciente tem de confirmar o cheiro. Do quarto frasco em diante, porém, a essência é ilusória, pois o conteúdo dos últimos frascos não corresponde aos rótulos anunciados pelo hipnotista. Contem água. Pode-se simplificar esse exercício olfativo, utilizando um simples cartão de visita. À vista do paciente tira-se o cartão do bolso, da gaveta ou de outro lugar qualquer o cheirando, e fingindo constatar uma ligeira impregnação de essências. Comenta-se: Quase imperceptível! Realmente não há impregnação alguma. Passa-se em seguida o cartão ao paciente, o qual, não desconfiando da cilada poderá confirmar o cheiro.

TESTE TÉRMICO: Existem várias modalidades de testes

térmicos, pois, os mesmos podem variar de acordo com a criatividade do terapeuta. Entre eles o de mais fácil execução é o teste do dedo. O operador coloca o indicador sobre o dorso da mão ou o pulso do paciente. Em seguida recomenda uma forte concentração em relação à área que se encontra sob a pressão do seu dedo.

Pergunta ao paciente se não sente alguma sensação estranha, algum aumento de temperatura, uma espécie de corrente elétrica ou formigamento. Respondendo afirmativamente, o paciente está selecionado.

Os testes citados acima são métodos denominados como métodos sugestivos, não se baseando em nenhum expediente de cansaço físico ou sensorial. Note-se que nesses processos, o cansaço físico, com todas as suas características aparentes, é ilusório sendo sempre produto de sugestão. É sempre produto de sugestão.

Observação importante: qualquer pessoa pode permanecer de olhos abertos, quer numa leitura, quer na contemplação de um objeto, horas seguidas, sem cair em transe e sem ressentir-se sensivelmente da fadiga visual. A fadiga se produz em função da fé e da expectativa. O paciente espera, crê que vai e deve

Referências

Documentos relacionados

Em segundo lugar, mesmo que se considere que transformações de inversão entre construtos cognitivos não são raridade nas abordagens cognitivistas – vide a abordagem de Johnson

Este comando permite o uso de uma imagem fornecida pelo usuário para a filtragem no domínio de frequências. Este comando correlaciona, convolui ou desconvolui

Pode-se inferir que a cidadania não é uma propriedade intrínseca (porque natural) ao homem, mas que resulta de suas ações. Cidadania, em termos aristotélicos,

Houve resposta linear negativa, em função do aumento dos níveis de inclusão de leucena na forragem de sorgo, para as variáveis teor de MS da forragem an- tes de ensilar (MSA) e

Os resultados de cada um dos caminhos: uma avaliação quantitativa poderá ser útil para determinar qual é o melhor caminho.. Prós e contras: este é, provavelmente, o modo mais

Os recursos avançados dos sistemas Dell evoluem de forma contínua, por isso, a atualização regular dos sistemas pode manter as organizações na vanguarda da tecnologia..

Em caso de acesso de jogador que não estejam devidamente matriculado nas instituições de ensino reconhecidas pelo MEC, e que não se configure dentro das normas de

A circulação de animais das espécies mencionadas no n.º 1, entrados na Região e com destino a explorações licenciadas para revenda, qualquer que seja o seu fim económico, obriga