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SEMENTES do XINGU SAIBA MAIS SOBRE A REDE DE SEMENTES DO XINGU EM Semeando o futuro

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SAIBA MAIS SOBRE A REDE DE SEMENTES DO XINGU EM WWW.SEMENTESDOXINGU.ORG.BR Julho / 2012

Assentados, indígenas e coletores urbanos de Mato Grosso são a prova

de que é possível viver da floresta e cerrado em pé. O trabalho vem sendo

realizado durante cinco anos na Bacia do Xingu e já envolve 21 municípios,

17 aldeias indígenas e 18 assentamentos do estado.

SEMENTES

do

XINGU

C

oletar sementes e viver dessa

prática deixou de ser algo inima-ginável para se tornar realidade em vários municípios mato-grossenses. Para muitos, a atividade deu qualida-de qualida-de vida às famílias, gerando mais oportunidades e criando uma nova forma de se relacionar com a nature-za. “Isso mudou a vida na minha casa. Com a minha entrada na rede, a qua-lidade de vida da minha família me-lhorou muito”, conta Mara Fatth,

cole-tora de sementes de Querência (MT). Ela é uma entre os 300 coletores que compõem a Rede de Sementes do Xingu e hoje tira parte do sustento da família das espécies que entrega.

Assim como com a família de Mara, desde 2007, a Rede de Sementes do Xingu tem mudado a vida de muitas pessoas em Mato Grosso e hoje re-presenta uma alternativa de geração de renda que valoriza a floresta e o cerrado em pé e seus mantenedores.

© AY RT ON VIGNOLA © NA TALIA GUERIN / ISA

Semeando o futuro

Alguns coletores já vivem apenas das sementes que entregam à rede, como é o caso de Ivo Cesário da Silva. Catarinense, se mudou para Canarana (MT) na década de 1970, e há alguns anos trocou a profissão de pintor pe-las espécies de sementes do cerrado e de floresta que coleta. “Nunca pen-sei que viver disso seria possível, mas hoje é de onde tiro meu sustento.”

Longe dali, mais ao norte do esta-do, em Canabrava do Norte (MT), no

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±

0 50 100Km # 0 # 0 # 0 #0 # 0 Nova Mutum TI Panará

Parque Indígena do Xingu Santa Cruz

do Xingu São José do Xingu

São Félix do Araguaia Querência Canarana Água Boa Nova Ubiratã Feliz Natal Peixoto de Azevedo Canabrava do Norte Porto Alegre do Norte

Confresa Bom Jesus do Araguaia Nova Xavantina Diamantino Nortelândia

Alto Boa Vista Marcelândia TI Wawi TI Maraiwatsede TI Urubu Branco TI Cacique Fontoura TI Pimentel Barbosa TI Areões TI Areões I TI Areões II TI Parabubure

TI Ubawawe TI Chão Preto TI São Marcos TI Batovi TI Pequizal do Naruvôtu TI Marechal Rondon TI Bakairi TI Santana TI Estação Parecis TI Ponte de Pedra TI Batelão TI Umutina TI Kayabi TI Terena/ Gleba Iriri TI Capoto/ Jarina TI Menkragnoti TI Sangradouro/ Volta Grande TI Merure Alto Paraguai Claúdia Tuba Tuba Paksamba Tuiararé Ilha Grande Moygu Pequizal Ngohwêrê Nâsepotiti Piyulaga Piwulewene JK Kwaryja

Arayo HorerusikhôRoptotxi Samaúma

Ngosoko Nova

assentamento Manah, João Botelho Moura, conhecido como João Bode, e Acrísio Luis dos Reis complemen-tam a renda familiar com a coleta de sementes. “A rede é uma boa saída. Ajuda a gente porque é mais uma renda”, diz João. Já para Acrísio é um pouco mais. “Isso é ótimo. Foi a me-lhor coisa que já aconteceu. Muitas vezes a gente deixava a semente per-der na porta de casa, porque não sa-bia o valor que tinha e hoje tá dando uma grande renda pra nós. Eu, por exemplo, nunca mais precisei vender um bezerro adiantado”, conta orgu-lhoso, o coletor.

A iniciativa é o expoente do tra-balho de restauração na região. Hoje, conta com coletores no meio rural,

Legenda

Bacia Hidrográfica do Rio Xingu Limite Estadual

Limite Municipal

Terra Indígena

Aldeia com Coleta de Sementes Município com coletores de sementes

De cima para baixo: Coleta

de sementes de carvoeiro em

Canarana; índios do Xingu

limpando sementes para

a rede e Acrísio Luis dos Reis

em seu casadão

ÁREAS DE ATUAÇÃO

DA REDE DE

SEMENTES DO XINGU

© AYRTONVIGNOLA © AYRTONVIGNOLA

© ALEXANDREMACEDO/MÓDOCUMENTAL urbano e nas aldeias indígenas e foi

peça-chave no processo de restau-ração de mais de 2,5 mil hectares de áreas degradadas na Bacia do Xingu, no âmbito da Campanha Y Ikatu Xin-gu. Até a safra de 2011, a rede comer-cializou aproximadamente 71 tonela-das de sementes, gerando R$ 777 mil de renda para seus participantes. A expectativa agora é aumentar a pro-dução para melhor atender a deman-da – que não para de crescer.

A Rede de Sementes do Xingu é uma das poucas redes no Brasil que comercializa sementes de espécies arbóreas, herbáceas e arbustivas em grande quantidade. Está em 21 muni-cípios, 17 aldeias e 18 assentamentos de Mato Grosso.

ISA, 2012. FONTES: ALDEIASEMUNICÍPIOSCOMCOLETADESEMENTES: ISA, 2012; LIMITEMUNICIPALELIMITEESTADUAL: IBGE/DGC. BASECARTOGRÁFICA CONTÍNUA, AOMILIONÉSIMO – BCIM: VERSÃO 3.0. RIODEJANEIRO, 2010 ; TERRAINDÍGENA: ISA, 2011; BACIAHIDROGRÁFICA: ISA, 2010;

TO PA AM

GO

(3)

D

epois de anos de muita ar-gumentação, o governo de Mato Grosso enfim decretou a isenção da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para produção e co-mercialização de sementes e mudas florestais nativas com finalidade de recuperação de áreas degradadas no estado.

Até então, a Secretaria da Fazenda do estado cobrava 17% de ICMS para emissão de nota fiscal sobre qualquer semente florestal, além de R$ 16 por guia – valor cobrado pelas agências municipais. Agora, o decreto 1238, de 10 de julho de 2012, equiparou as sementes florestais nativas às

agríco-C

om o crescimento da venda

de sementes e do número de coletores, desde 2010, a Rede de Sementes do Xingu vem buscan-do se estruturar para alçar voos maio-res, buscando mais autonomia.

Para tanto, um Plano de Negócios foi elaborado para avaliar sua via-bilidade econômica. O diagnóstico apontou que com um incremento no preço do insumo, sua competitivida-de seria mantida, supriria os custos de manutenção da rede e o plantio direto de sementes continuaria mais vantajoso para a restauração de áreas degradadas que o com mudas.

Além disso, um novo estudo sobre as alternativas e possibilidades de ins-titucionalização da Rede de Sementes foi elaborado e nele duas possibilida-des complementares foram postas em discussão: a configuração da rede como uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) e um consórcio de EIS (microempre-endedores individuais). Dessa forma, enquanto a Oscip ficaria responsável

Isenção de imposto: mais

um incentivo para o coletor

Olhando para o futuro

las, como a soja e o milho que já eram isentas do imposto. O descompasso virou coisa do passado e Mato Grosso se junta a estados como São Paulo, Pa-raná e Pará, e passa a incentivar quem tem a coleta de sementes florestais como fonte de renda e até os produ-tores rurais mato-grossenses que têm passivos para recuperar.

“Esperamos que esse ato seja um indicador de que Mato Grosso não retrocederá em relação a sua legis-lação ambiental. Essa conquista per-derá seu potencial de transformação se não tiver mais passivo ambiental a recuperar”, afirma Rodrigo Junqueira, coordenador adjunto do Programa Xingu, do ISA.

MAIS ESPAÇOS PARA

ARMAZENAMENTO

Duas estruturas para armazenamento de sementes foram entregues em Porto Alegre do Norte e Nova Xavantina, ambas em Mato Grosso. Cada uma terá capacidade de arma-zenar quatro toneladas de sementes. Com as novas casas de sementes, os coletores terão maior autonomia, já que antes dependiam exclusivamente das estruturas de Canarana e de São José do Xingu (MT). Agora já são quatro casas espalhadas pelo leste mato--grossense, o que facilita a entrega, dá dina-mismo às comercializações e garante maior qualidade das espécies coletadas.

A casa de Porto Alegre do Norte tem apoio da Associação Terra Viva e receberá semen-tes dos grupos coletores de Confresa, Porto Alegre do Norte e Canabrava do Norte. A ou-tra, em Nova Xavantina, atenderá os coleto-res locais e de Água Boa. “Essas novas casas de sementes vão ajudar muito nosso trabalho: facilitar a entrega, diminuir despesa de transporte”, diz o co-letor Santino Sena.

pelo trabalho social da rede, com apoio à articulação e capacitação de recursos, o consórcio ficaria res-ponsável pela comercialização. “Com essa conformação a rede se tornaria mais autônoma e ao mesmo tempo manteria o seu caráter de negócio social, levando em consideração a di-versidade de seus participantes: um microuniverso da Bacia do Xingu”, co-menta José Nicola da Costa, respon-sável pela rede.

A nova configuração seria gerida por um conselho formado por repre-sentantes das instituições participantes da rede. Cada parte também teria sua estrutura de gestão separada: a Oscip seria formada por conselhos fiscal, exe-cutivo e diretor e o consórcio por uma superintendência operacional.

Para a decisão final, ainda falta o aceite dos coletores, suas inscrições como empreendedores individuais e os processos burocráticos de mu-dança da figura jurídica da rede. A expectativa é que no início de 2013 as alterações já estejam concluídas.

Com as novas casas de sementes,

o trabalho ganhará mais

agilidade. Cada estrutura terá a

capacidade de armazenamento

de quatro toneladas

© ACERVOISA

(4)

Instrução normativa de mudas e

sementes florestais: novo desafio

U

m dos desafios recentes da

Rede de Sementes do Xingu é sua adequação à nova Instru-ção Normativa de Mudas e Sementes (IN nº56), do Ministério da Agricultu-ra, Pecuária e Abastecimento (Mapa), publicada em dezembro de 2011, que regulamenta a produção, comercia-lização e a uticomercia-lização de sementes e mudas das espécies florestais nativas e exóticas. Ela surgiu após cinco anos de discussão para diferenciar legal-mente as selegal-mentes de espécies flo-restais das agrícolas, regulamentadas pela Lei 10.711 de agosto de 2003.

“No geral, esta instrução normati-va ficou melhor do que a que foi lenormati-va- leva-da para consulta pública. Ela apresen-ta alguns avanços como a inclusão do coletor de sementes na cadeia produtiva, a organização do setor, a simplificação de alguns procedimen-tos burocráticos, além da extinção de algumas taxas. Entretanto, conti-nua longe de ser o necessário para apoiar o desenvolvimento de ações de restauração e pode inviabilizar o trabalho de produtores de sementes nativas que buscam o cumprimento da legislação”, explica José Nicola da Costa, biólogo do ISA e responsável pela Rede de Sementes do Xingu.

Agora, mesmo o agricultor – ou ins-tituição – que doe ou troque sementes precisa declarar as espécies e a quanti-dade coletadas – o que não era neces-sário na antiga lei. Além disso, a nova instrução normativa também tende a dificultar a retirada de sementes ou mudas de áreas que serão desmata-das e ainda manteve a deliberação

que exige que um responsável técni-co pelo trabalho – que só pode ser um engenheiro florestal ou um agrônomo – esteja presente em todas as fases.

Fora questões burocráticas, um dos principais desafios da nova regra é que algumas de suas exigências não se aplicam à realidade da rede. É o caso das sementes de pequi dos índios do Parque do Xingu (MT). A ins-trução exige um termo de conformi-dade de origem em caso de coleta em árvores plantadas, o que neste caso é inviável, pois os índios melhoram a es-pécie há anos e seria impossível saber a origem da primeira árvore. Outra regra que impacta a rede é a emissão de notas fiscais após a coleta, pois a maioria dos coletores mora longe das cidades, em aldeias e assentamentos.

Algumas soluções vêm sendo pen-sadas para a adequação. Segundo o consultor do ISA Eduardo Malta, o

pri-meiro passo é aproximar a IN da reali-dade dos coletores. Para tanto, as pro-postas discutidas são no sentido de retirar o controle excessivo da fase de beneficiamento das sementes e pas-sá-lo para a fase de armazenamento; reconhecer os testes de viabilidade realizados em estruturas mais simples para fins de restauração florestal ou agricultura familiar e populações tra-dicionais; realizar um processo de dis-cussão virtual para o estabelecimento de padrões de análises de sementes, unindo os conhecimentos de pesqui-sadores, produtores e coletores de sementes; aumentar o número de es-pécies inseridas no registro nacional de cultivares; e permitir que outros profissionais, quando capacitados, possam ser responsáveis técnicos.

A IN será testada durante dois anos e após esse período será reava-liada para verificar sua eficácia.

Em sentido horário: falsa saboneteira, tento amarelo,

banana brava e amendoim bravo

©

CHRISTIAN

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Novas coletoras

O

Fundo Rotativo foi lançado

em 2010 para fortalecer o tra-balho dos coletores da Rede de Sementes do Xingu. Até o início deste ano, era gerido pelo Instituto Socioambiental (ISA) – organização responsável pela animação da rede – mas passou, em abril, para as mãos da Organização Eco-social do Araguaia (Oeca) – uma instituição especializada em concessão de microcrédito, o que dá maior segurança jurídica ao pro-cesso de empréstimos e devoluções.

O

time de coletores indígenas da Rede de

Semen-tes do Xingu foi reforçado este ano com a inclu-são de um grupo de mulheres karajá, da aldeia JK, na Ilha do Bananal (TO). A adesão se consolidou por meio de uma parceria entre a Associação Nossa Senhora de Assunção (Ansa) – entidade responsável pela Rede de Sementes do Xingu em São Félix do Araguaia, e a Associa-ção de Mulheres da Aldeia JK (Ahima JK).

Elas coletarão 19 espécies nativas e segundo seus cálculos, têm capacidade de coletar e entregar dois mil quilos para a safra 2012/2013. “Nós temos muitas árvores aqui: murici, baru, mirindiba, pequi, sucupira, cagaita, oiti. Só aqui na minha casa tenho quatro pés de mirindiba, tenho murici. Esse projeto vai ser bom para a gente, vai trazer mais renda para a nossa comunidade”, afirma o ca-cique Paulo Krumaré.

“Vai ser bom e vem tudo da natureza”, diz Marissiru Karajá, que vive da venda de artesanato, mas já vislum-bra na Rede de Sementes uma boa oportunidade de ge-ração de renda.

Enquanto isso, no Parque do Xingu (MT), algumas al-deias novatas fizeram em 2012 sua primeira entrega para a rede. São as aldeias Aruak, dos Waura, e Kwarujá, dos Ka-waiwete. Juntas, elas entregaram 35 espécies, num total de 595,7 kg e R$ 17.736,00.

Microcrédito para os coletores

A proposta deve ser formulada com o responsável pelo grupo, o elo, e encaminhada à Oeca para análise. Após o recebimento, a organização levará o projeto para o Comitê de Cré-dito – composto pelos elos da Rede de Sementes – para avaliação. Projeto aprovado, o recurso é liberado ao co-letor em, no máximo, 10 dias. O crédi-to pode ser solicitado para aquisição de materiais de insumo básico para coleta, transporte, beneficiamento e armazenamento de sementes.

Categoria Valor comercializado Valor do crédito máximo concedido

(A) Até R$ 1.000,00 Até R$ 1.000,00

(B) Entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00 Até R$ 2.000,00

(C) Entre R$ 5.000,00 e R$ 10.000,00 Até R$ 3.000,00

(D) Acima de R$ 10.000,00 Até R$ 4.000,00

“Queremos virar verdadeiros par-ceiros dos coletores”, diz Denilza Oli-veira, presidente da Oeca. Para 2012, o fundo pretende aprovar 35 proje-tos, beneficiar 13 grupos coletores e disponibilizar R$ 29,5 mil.

“O fundo é muito bom. Eu mesmo já peguei três ou quatro vezes o cré-dito para comprar ferramentas. Então eu sei que esse fundo ajuda muito a melhorar nosso trabalho de coleta de sementes”, conta Santino Sena, cole-tor de Nova Xavantina (MT).

Os empréstimos pode-rão variar, dependendo do histórico de entrega do coletor. Veja o quadro ao lado para entender como funcionam as ca-tegorias e os valores que podem ser solicitados.

As mulheres indígenas são as principais responsáveis

pela coleta de sementes nas aldeias

©

AY

RT

ON

(6)

EM MANAUS (AM),

os coletores da rede trocaram experiência com a Rede de Sementes da Amazônia num intercâmbio realizado pela Universidade Fede-ral do Amazonas (Ufam) em parceria com o Institu-to Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com o Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abaste-cimento (Mapa) e com o Instituto Socioambiental (ISA). Lá, compartilharam seus conhecimentos com o grupo do Centro de Sementes Nativas da Amazô-nia, uma unidade de pesquisa da universidade. No intercâmbio foi possível conhecer o processo de análises de sementes, novas formas de manejos e as pesquisas realizadas.

Expandindo

os horizontes

A

Rede de Sementes do Xingu tem inspirado

algu-mas iniciativas Brasil afora, gerando frutos e incen-tivando novos projetos.

EM APUÍ, SUL DO AMAZONAS

,

representan-tes da Rede de Semenrepresentan-tes do Xingu, da Rede de Sementes da Amazônia e da Universidade Federal da Amazônia participaram da formação da Rede de Sementes de Apuí. Uma iniciativa do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), realizada por meio do projeto Semeando Sustentabilidade, para viabilizar os

tra-balhos de adequação ambiental da cidade.

ALTAMIRA (PA)

mentes do Xingu. A ideia lá era fortalecer um traba-também recebeu a Rede de Se-lho que já vinha sendo feito por uma cooperativa da região e pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor). Foram mais de 50 parti-cipantes entre ribeirinhos, coletores de sementes de Mato Grosso e do Pará, universitários e representan-tes de instituições locais que trabalham com recupe-ração de áreas degradadas. Eles aprenderam sobre técnicas de coleta de sementes, armazenamento, produção de mudas, precificação, comercialização e conheceram novas alternativas econômicas que po-dem ser retiradas da floresta, como a fabricação de produtos não madeireiros. Com auxílio das institui-ções parceiras, os extrativistas estão dando continui-dade ao trabalho iniciado durante a oficina para ver a possibilidade de integrarem a Rede de Sementes do Xingu com as espécies da região.

A TERRA INDÍGENA MARÃIWATSÉDE,

dos

Xavante, em Mato Grosso, também buscou a Rede de Sementes do Xingu para recuperar o devastado território em processo de retomada pelos indíge-nas. Junto com a organização Operação Amazônia Nativa (Opan), por meio dos trabalhos executados no âmbito da Articulação Xingu Araguaia (AXA), a rede passou a assessorar os indígenas na coleta de sementes para estimular a recuperação grada-tiva da vegetação do local. “Precisamos recuperar mata, senão não vamos mais ter alimento”, diz o cacique Damião Paridzané. O trabalho ainda está em fase inicial, mas o grupo está otimista com a nova possibilidade.

LUIS EDUARDO MAGALHÃES, CIDADE DO

OESTE BAIANO,

também agregou o trabalho

da rede em seus projetos. Desde meados de 2011, tanto a coleta de sementes, como os processos de restauração ecológica realizados pelo ISA, no âm-bito da Campanha Y Ikatu Xingu, geraram interesse de instituições que atuam na cidade e inspiraram um trabalho de recuperação de áreas degradadas na região. A prefeitura, junto com organizações como Conservação Internacional (CI) e Instituto Lina Galvani contam com um projeto de adequação ambiental do município baiano: a Campanha LEM APP 100% Legal, realizada no âmbito do projeto Produzir e Conservar, da CI. Até o momento, foram restaurados 77 hectares no município, gerando o surgimento de uma nova cadeia produtiva e melho-rando a renda da comunidade local.

Mato Grosso

Amazonas

Bahia

Pará

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PLACIDES PEREIRA LIMA:

UM BURILADOR DA TERRA

T

rabalhar na terra exige esforço e visão. No

es-tado campeão de desmatamento no Brasil, o baiano Placides Pereira Lima, apostou no plantio e mais tarde, aprendeu que a diversificação de sua produção era a melhor alternativa para o sus-tento da família.

Dos poucos hectares de seu lote no assentamento Manah, em Canabrava do Norte (MT), fez uma

agro-floresta, ou um casadão como é conhecido na região o plantio de variadas espécies. O trabalho foi incentivado pela Associação de Educação e Assis-tência Social Nossa Senhora da Assunção (Ansa) e pela Associação Terra Viva (ATV) – participantes da Rede de Sementes do Xingu. “Tinha só uns gadinhos aqui. Ou eu arrumava um jeito de produzir ou ia ter que voltar a trabalhar na fazenda dos outros”, conta o assentado.

Hoje, com mais de 60 anos, e com as mãos cale-jadas da lida da terra, vive orgulhoso de sua produ-ção que além da mandioca, conta com mais de 80 espécies. “Quando eu cheguei aqui não tinha recurso. Arranquei braquiária na mão pra poder plantar. Hoje, vivo bem com minha plantação. Alimento a família, vendo o que sobra pra escola, aproveito a semente na rede, as frutas na fábrica de polpas da Ansa. E assim a gente vai levando.”

Hoje Placides é um dos 300 coletores da rede e aproveita tudo que dá no seu lote. Em 2011, entregou 115 quilos de sementes e a expectativa é que para 2012 a quantidade quase duplique, aumentando a renda e ainda mais a qualidade de vida de sua família.

“Agora eu me sinto mais seguro. A diversificação é o primeiro passo para nossa garantia, porque se é di-versificado, todo mês eu tenho algo produzindo. E se a produção sobra, eu posso vender, alimentar os meus animais, pegar sementes e isso tudo gera renda, além de alimentar bem família. Então, são essas atividades é que fazem a gente se empolgar, mas só se descobre essas coisas com coragem”, ensina.

Depoimento

FOTOS: © ALEXANDREMACEDO

Placides ao lado da esposa

e do amigo João Bode. A

área que tinha apenas um

gadinho, hoje conta com

mais de 80 espécies

(8)

REALIZAÇÃO

ENTREGA

VENDA

PEDIDO

ENCOMENDA

inFormatiVo sobrE a rEdE dE sEmEntEs do Xingu

Jornalista responsável: Christiane Peres (MTB 6815/DF); Colaboraram nesta edição: José Nicola da Costa e Rodrigo Gravina

Prates Junqueira; Mapa: Heber Queiroz; Projeto gráfi co e diagramação: Ana Cristina Silveira. Tiragem: 2.000 exemplares

contato Instituto Socioambiental (ISA) Av. São Paulo, 202, Centro, Canarana, CEP 78.640-000. Tel (66) 3478-3491.

isaxingu@socioambiental.org

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