• Nenhum resultado encontrado

Gráficos de Curvatura Média Constante com Valores de Bordo ilimitados em M R. Abigail Silva Duarte Folha

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Gráficos de Curvatura Média Constante com Valores de Bordo ilimitados em M R. Abigail Silva Duarte Folha"

Copied!
81
0
0

Texto

(1)

Gr´aficos de Curvatura M´edia Constante com Valores de Bordo ilimitados em M× R

Abigail Silva Duarte Folha

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de P´os gradua¸c˜ao em Matem´atica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requi-sitos necess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor

em Ciˆencias. .

Orientadores: Maria Fernanda Elbert Guimar˜aes Harold Rosenberg

Rio de Janeiro Abril de 2010

(2)

Resumo

Gr´aficos de Curvatura M´edia Constante com Valores de Bordo ilimitados em M× R

Abigail Silva Duarte Folha

Orientadores: Maria Fernanda Elbert Guimar˜aes Harold Rosenberg

Resumo da Tese de Doutorado submetida ao Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica, Instituto de Matem´atica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em Ciˆencias.

N´os consideraremos M uma superf´ıcie completa, simplesmente conexa com curvatura seccio-nal n˜ao positiva limitada por cima por uma constante−a < 0. N´os tomamos um dom´ınio Ω em M. Quando Ω ´e um dom´ınio limitado, n´os obtemos condi¸c˜oes na geometria de Ω que garantem a existˆencia de um gr´afico com curvatura m´edia constante 0 < H <

√ a

2 em M× R ( M × R munido da m´etrica produto) com valores de bordo, possivelmente, ilimitados.

Em um trabalho em parceria com Sofia Melo, foi considerado o caso em que M tem curvatura seccional constante −1, ou seja, M ´e o plano Hiperb´olico H, e Ω ´e um dom´ınio ilimitado e n´os obtivemos novamente condi¸c˜oes que garantem a existˆencia de gr´aficos com curvatura m´edia constante 0 < H < 1

2 e valores de bordo, possivelmente, ilimitados.

Palavras Chave: Gr´aficos, Curvatura M´edia Constante, Problema de Dirichlet.

Rio de Janeiro Abril de 2010

(3)

Abstract

Constant Mean Curvature Graphs with boundary values possibly infinite in M× R

Abigail Silva Duarte Folha

Orientadores: Maria Fernanda Elbert Guimar˜aes Harold Rosenberg

Abstract da Tese de Doutorado submetida ao Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica, Instituto de Matem´atica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em Ciˆencias.

We consider M a complete simply connected surface having non positive curvature bounded above by a negative constant−a < 0. We take a domain Ω in M. When Ω is a bounded domain we find conditions on the geometry of Ω which assures the existence of a graph having constant mean curvature 0 < H <

√ a

2 in M× R ( M × R with the product metric) with boundary values, possibly, infinite.

In a joint work with Sofia Melo, we consider the case where M has constant curvature −1, that is, M is the Hyperbolic plane H, and Ω is an unbounded domain and we again obtain conditions which assures the existence of graphs having constant mean curvature 0 < H < 1 2 and boundary values, possibly, infinite.

Key words: Graphs, Constant Mean Curvature, Dirichlet Problem.

Rio de Janeiro Abril de 2010

(4)

Agradecimentos

Iniciarei agradecendo aos professores que me ministraram cursos, que foram importantes na minha forma¸c˜ao. Aos professores de Universidade Federal do Rio de Janeiro, Walcy Santos, Maria Fernanda Elbert, Alexander Arbieto, Bruno Sc´ardua e Vitor Araujo. Ao professor Ri-cardo S´a Earp, da Pontif´ıcia Universidade Cat´olica do Rio de Janeiro, por sua aten¸c˜ao e por compartilhar comigo um pouco de sua cultura matem´atica em cursos e semin´arios realizados na PUC-Rio. Aos professores Jos´e Espinar e Harold Rosenberg que generosamente dividiram seus conhecimentos em cursos e semin´arios no IMPA.

Sou uma pessoa de sorte e tive dois ´otimos orientadores. Maria Fernanda Elbert Guimar˜aes, a quem agrade¸co pela orienta¸c˜ao e honestidade em diversas conversas, n˜ao apenas matem´aticas. E o professor Harold Rosenberg, ao qual sou enormemente grata por sua amig´avel aten¸c˜ao, e por todo conhecimento compartilhado durante este per´ıodo.

Agrade¸co a todos colegas e funcion´arios da p´os-gradua¸c˜ao, que durante estes anos compar-tilharam seu tempo comigo.

A meu pai, m˜ae e irm˜aos sou grata pelo conv´ıvio e aprendizado eterno.

Agrade¸co ao Carlos por me acompanhar, aconselhar e me tolerar durante estes anos. Existem amigas que mesmo distantes s˜ao fundamentais, C´atia, Jaqueline e Verˆonica obri-gada por sempre estarem ao meu lado.

`

A p´os-gradua¸c˜ao em matem´atica da UFRJ, `as agˆencias de fomento CAPES e FAPERJ, agrade¸co por terem tornado vi´avel meus estudos.

Terminarei, demonstrando minha gratid˜ao `a Deus, pois entendo que todas as pessoas e institui¸c˜oes acima mencionadas fazem parte da minha hist´oria por permiss˜ao dele.

(5)

Sum´

ario

1 Introdu¸c˜ao 1

2 Preliminares 3

3 Problema de Dirichlet Cl´assico para

Gr´aficos de Curvatura M´edia Constante 4

3.1 Existˆencia de Supersolu¸c˜oes e Subsolu¸c˜oes . . . 4

3.2 F´ormulas do Fluxo . . . 8 3.3 Princ´ıpios do M´aximo . . . 14 3.4 Barreiras . . . 18 3.5 Teorema de Compacidade . . . 22 3.6 Teorema de Existˆencia . . . 22 4 Teorema em M× R 26 4.1 Defini¸c˜oes e Enunciados Principais . . . 26

4.2 A Curva B∗ . . . 28

4.3 Preliminares ao Teorema . . . 36

5 Teorema em H× R 44 5.1 Verifica¸c˜ao das Condi¸c˜oes do Teorema . . . 47

5.2 Linhas de Divergˆencia . . . 53

5.3 Prova dos Teoremas 5.7 e 5.8 . . . 59

(6)

1

Introdu¸

ao

O objetivo desta tese ´e mostrar condi¸c˜oes sobre as quais existem gr´aficos de curvatura m´edia constante H > 0 com valores de bordo, possivelmente, ilimitados sobre uma variedade Riemanniana M completa simplesmente conexa de curvatura negativa limitada por cima por uma constante −a < 0.

Primeiro, precisamos saber quando temos um gr´afico de curvatura m´edia H sobre um dom´ınio D assumindo valores de bordo cont´ınuos. Observemos que para cada dom´ınio fixado D⊂ M ´e poss´ıvel encontrar H > 0 grande tal que n˜ao existe um gr´afico sobre D de curvatura m´edia H, veja paragrafo ap´os a demonstra¸c˜ao da Proposi¸c˜ao 3.3. Por´em mostraremos que para H > 0 suficientemente pequeno, existem subsolu¸c˜oes, supersolu¸c˜oes limitadas e boas barreiras, assim, o M´etodo de Perron nos dar´a a existˆencia de tais gr´aficos, veja se¸c˜oes 3.1, 3.4 e 3.6.

Sabendo sobre a existˆencia de solu¸c˜oes em um dom´ınio D com valores de bordo cont´ınuos, precisamos garantir a existˆencia de gr´aficos com valores de bordo +∞ e −∞. Suponhamos que D ´e um dom´ınio limitado, e que ∂D ´e de classe C2,α por partes e ´e composto de trˆes fam´ılias de

arcos de classe C2,α,{A

k}, {Bl}, {Cm}. Prescreveremos os valores de bordo +∞ sobre cada

arco Ak, −∞ sobre cada arco Bl e uma fun¸c˜ao cont´ınua f sobre a fam´ılia{Cm}. Uma primeira

restri¸c˜ao ao bordo de dom´ınio, vem das estimativas de curvatura (Lema 3.13), que nos permite concluir que se uma solu¸c˜ao se estende ao bordo com valor +∞ sobre algum arco do bordo A, ent˜ao a curvatura de A ´e κ(A) = 2H. Similarmente, se uma solu¸c˜ao possui o valor −∞ sobre algum arco B do bordo de D, ent˜ao a curvatura de B ´e κ(B) =−2H. E a curvatura dos arcos da fam´ılia {Cm} deve ser ≥ 2H (Teorema 3.31). Al´em disso, suporemos que dois arcos

das fam´ılias {Ak}, ou da fam´ılia {Bl}, n˜ao podem ter o mesmo ponto final. E finalmente, as

seguintes desigualdades devem ser satisfeitas

2α(P) < l(P) + 2HA(ΩP), 2β(P) < l(P) − 2HA(ΩP),

onde P ´e um pol´ıgono limitado admiss´ıvel (veja defini¸c˜ao 4.4), ΩP o dom´ınio limitado por P,

α(P) = X

k

|Ak∩ P|, β(P) =

X

l

|Bl∩ P|, A(Ω) ´e a ´area de Ω e l(P) ´e o per´ımetro de P. Al´em

disso se a fam´ılia{Cm} ´e vazia, devemos ter tamb´em

α(∂D) = β(∂D) + 2HA(D),

Mostraremos que um dom´ınio com as propriedades acima possui uma solu¸c˜ao assumindo os valores de bordo prescritos, se e somente se, as desigualdades anteriores s˜ao satisfeitas (Teo-remas 4.6 e 4.7). Esta solu¸c˜ao ´e encontrada tomando uma sequˆencia de solu¸c˜oes com valores limitados e mostrando que a sequˆencia converge `a uma solu¸c˜ao. Neste caso, a convergˆencia ser´a consequˆencia do Princ´ıpio do m´aximo e do Teorema da Convergˆencia Mon´otona.

Em um trabalho em conjunto com Sofia Melo, foi considerado M = H, onde H ´e o espa¸co Hiperb´olico, e o dom´ınio D ⊂ H um dom´ınio admiss´ıvel ideal, veja Defini¸c˜ao 5.1. O mais natural seria que as condi¸c˜oes de existˆencia fossem similares `as do caso compacto. A dificuldade neste caso consiste em encontrar quais condi¸c˜oes devem ser satisfeitas, j´a que neste caso o comprimento dos arcos do bordo do dom´ınio s˜ao ilimitados e a ´area pode tamb´em ser ilimitada.

(7)

Uma formula¸c˜ao foi obtida nos Teoremas 5.7 e 5.8 e com estas condi¸c˜oes mostramos que existe uma solu¸c˜ao assumindo os valores de bordo continuamente. Para a obtermos uma solu¸c˜ao neste caso, n˜ao utilizamos um principio do m´aximo para compararmos a sequˆencia de solu¸c˜oes com valores de bordo limitados. Usamos um m´etodo conhecido como de linhas de divergˆencia, se¸c˜ao 5.2. Este m´etodo nos permite obter subsequˆencias convergentes sem a ajuda de um princ´ıpio do m´aximo.

Scherk mostrou a existˆencia de uma superf´ıcie m´ınima definida sobre o quadrado Q = {(x, y) ∈ R2;|x| < π

2,|y| < π

2}, por Ψ(x, y) = log(cos y) − log(cos x), cujos valores de bordo s˜ao ±∞ em lados alternados do quadrado. Ap´os isso, Jenkins e Serrin provaram sob quais condi¸c˜oes sobre um dom´ınio em R2, existe um gr´afico m´ınimo com valores de bordo ilimitados,

[11]. Teoremas neste sentido ficaram conhecidos como teoremas tipo Jenkins-Serrin e foram generalizado para o caso de S × R, S a esfera de curvatura constante, por Harold Rosenberg em [18]. Barbara Nelli e Harold Rosenberg fizeram o estudo para H × R, [16], em dom´ınios limitados. Para dom´ınios ilimitados em H, temos um artigo de Pascal Collin e Harold Rosen-berg, [4], e sobre dom´ınios ideais mais gerais temos o artigo [15] de Laurent Mazet, Magdalena Rodr´ıguez e Harold Rosenberg , que trata tamb´em de casos em variedades Riemannianas. Ana Lucia Pinheiro, trabalhou em dom´ınios limitados, geodesicamente convexos em M× R, M uma variedade Riemanniana completa. [17]. Quando M ´e uma variedade simplesmente conexa, completa com curvatura negativa limitada por cima uma constante −a < 0, Jos´e G´alvez e Harold Rosenberg obtiveram resultados para dom´ınios ideais em [7].

Quando H > 0, Joel Spruck considerou dom´ınios limitados em R2, [22]. Em dom´ınios

limitados em H e S temos o artigo de Laurent Hauswirth, Harold Rosenberg e Joel Spruck [9], o qual tentamos generalizar neste trabalho em duas dire¸c˜oes. A primeira ao considerar M uma variedade de curvatura seccional n˜ao constante e a segunda ao encontrar condi¸c˜oes, no caso em que M = H para dom´ınios ideais.

(8)

2

Preliminares

Ao longo desta tese trabalharemos basicamente com dois espa¸cos produto munidos da m´etrica produto. O primeiro deles ´e H × R onde H ´e o Espa¸co Hiperb´olico, isto ´e, uma variedade completa, simplesmente conexa, de dimens˜ao dois e de curvatura seccional constante −1. Existem dois modelos que ser˜ao usados ao longo do texto, o do semi espa¸co e o do disco.

O modelo do semi espa¸co ´e definido por

H={(x, y) ∈ R2; y > 0}, munido da m´etrica

ds2 = 1 y2(dx

2 + dy2).

O modelo do disco ´e o disco unit´ario aberto

H={(x, y) ∈ R2; x2+ y2 < 1}, com m´etrica dada por

ds2= 4

1− (x2+ y2)(dx

2+ dy2).

O outro espa¸co que consideraremos ´e o espa¸co produto M× R, onde M ´e uma variedade completa, simplesmente conexa, de dimens˜ao dois e de curvatura negativa limitada por cima por uma constante negativa, digamos, −a. A m´etrica considerada nestes espa¸cos ´e a m´etrica produto.

Seja D um dom´ınio em M, ou seja, um conjunto aberto, conexo e simplesmente conexo. Consideremos uma fun¸c˜ao de classe C∞, u : D → R. Estamos interessados em estudar gr´aficos

G(u) = {(x, y, u(x, y)); (x, y) ∈ D}

com certas propriedades que ser˜ao esclarecidas no decorrer do texto. A primeira propriedade exigida ´e que o gr´afico de u tenha curvatura m´edia constante. Mostra-se que o gr´afico G(u) tem curvatura m´edia constante H se a fun¸c˜ao suave u satisfaz a seguinte equa¸c˜ao

M(u) = div  ∇u W (u)  = 2H, (1)

onde W (u) = p1 +|∇u|2, o gradiente, o divergente e a norma s˜ao com respeito `a M. Al´em

disso, o vetor normal ao gr´afico ´e escolhido apontando para cima (Observa¸c˜ao 2.1), esta ser´a a nossa escolha ao longo de toda tese. Uma fun¸c˜ao u que satisfaz essa equa¸c˜ao ser´a chamada solu¸c˜ao em D.

Observa¸c˜ao 2.1. Quando trabalhamos com gr´aficos existem duas escolhas de vetor normal, o que aponta para cima ou o que aponta para baixo . Eles s˜ao dados respectivamente por

N = −p ∇u 1 +|∇u|, 1 p 1 +|∇u| ! e N = p ∇u 1 +|∇u|, −1 p 1 +|∇u| ! . Nossa escolha de normal ser´a o normal unit´ario apontando para cima.

(9)

3

Problema de Dirichlet Cl´

assico para

Gr´

aficos de Curvatura M´

edia Constante

O objetivo central desta se¸c˜ao ´e mostrar a existˆencia de uma solu¸c˜ao para o Problema de Dirichlet Cl´assico, veja Teorema 3.34. A fim de obter tal solu¸c˜ao, mostraremos alguns resultados que s˜ao importantes por si somente, como por exemplo, o princ´ıpio do m´aximo. Iniciaremos com a defini¸c˜ao do problema.

Defini¸c˜ao 3.1 (Problema de Dirichlet Cl´assico). Sejam D um dom´ınio em M com bordo de classe C1 por partes e f : ∂D → R uma fun¸c˜ao cont´ınua. O problema de Dirichlet cl´assico

consiste em encontrar uma fun¸c˜ao u : ∂D∪ D → R, u ∈ C2(D)∩ C0(D ∪ ∂D) tal que u ´e

uma solu¸c˜ao de (1) em D e u|∂D = f .

Apesar se n˜ao havermos colocado nenhuma hip´otese sobre a curvatura dos arcos do bordo de D ao enunciarmos o problema, ao solucion´a-lo deveremos fazer algumas restri¸c˜oes. Tais restri¸c˜oes aparecer˜ao no Teorema 3.31.

Uma defini¸c˜ao que ser´a ´util ao resolvermos o Problema de Dirichlet Cl´assico ´e a seguinte, Defini¸c˜ao 3.2. Sejam D um dom´ınio em M e h : D → R uma fun¸c˜ao suave.

1. h ´e uma subsolu¸c˜ao de (1) em D se

div p ∇h 1 +| ∇h|2

!

≥ 2H.

2. h ´e uma supersolu¸c˜ao de (1) em D se

div p ∇h 1 +| ∇h|2

!

≤ 2H.

Para obtermos uma solu¸c˜ao para o Problema de Dirichlet Cl´assico come¸caremos construindo sequˆencias “apropriadas” (sequˆencias de subsolu¸c˜oes). Ap´os isso, compararemos os elementos da sequˆencia constru´ıda utilizando o Principio do M´aximo. Sabendo comparar os elementos dessa sequˆencia, garantiremos a existˆencia de alguma subsequˆencia que converge `a uma solu¸c˜ao pelo Teorema de Compacidade. Finalmente, mostraremos que a solu¸c˜ao tem o valor de bordo prescrito, para isto, construiremos barreiras.

(10)

Tomaremos uma coordenada em M que nos permitir´a mostrar a existˆencia de subsolu¸c˜oes de (1) em D ⊂ M. Seja γ(t) uma geod´esica completa em M com hγ′(t), γ(t)i = 1, t ∈ R.

Ent˜ao

ϕ(s, t) = expγ(t)(sJ(γ′(t))), (s, t) ∈ R2,

´e uma parametriza¸c˜ao de M, onde J denota a rota¸c˜ao de π

2, tal que {v, Jv}, v ∈ TpM, ´e uma base positiva de TpM, TpM´e o plano tangente `a M em p. Observemos que

h∂s, ∂si(s, t) = 1 and h∂s, ∂ti(s, t) = 0,

definiremos G(s, t) :=h∂t, ∂ti(s, t). Al´em disso, como γ ´e uma geod´esica e |γ′(t)| = 1, ∀ t ∈ R,

temos

G(0, t) = 1 and Gs(0, t) = 0, (2)

onde Gs ´e a derivada de G com respeito `a s.

Neste caso a m´etrica induzida por ϕ em M, ´e ds2+ G(s, t)dt2.

Para p ∈ M, escreveremos p = (s, t) significando que ϕ((s, t)) = p.

Vamos nos restringir ao caso em que D ´e limitado. Assim sendo, podemos supor que D⊂ {(s, t) ∈ M ; s > 0}. Consideremos fun¸c˜oes h : D → R que n˜ao dependem do parˆametro t, isto ´e, h(s, t) = h(s). Como h ´e uma fun¸c˜ao s´o de s temos que h ´e uma solu¸c˜ao de (1) se

2H = div p ∇h 1 +|∇h|2 ! = div phs∂s 1 + h2 s ! = p hs 1 + h2 s ! s + Gs 2G hs p 1 + h2 s = hss(1 + h 2 s)− hssh2s (1 + h2 s) 3 2 + Gs 2G hs(1 + h2s) (1 + h2 s) 3 2 = Gshs(1 + h 2 s) + 2Ghss 2G(1 + h2 s) 3 2 ,

onde hs denota a derivada de h com respeito `a s. Em particular, h ´e uma subsolu¸c˜ao em D se

Gshs(1 + h2s) + 2Ghss 2G(1 + h2 s) 3 2 ≥ 2H. (3) Se hs> 0, (3) ´e equivalente `a Gs G ≥ 4H(1 + h2 s) 3 2 − 2hss hs(1 + h2s) . (4)

Seguindo algumas ideias de [7](Proposition 3.1), provaremos a existˆencia de subsolu¸c˜oes de (1).

(11)

Proposi¸c˜ao 3.3. Seja D ⊂ {(s, t); s > 0} um dom´ınio limitado. Para H ≤ √

a

2 , existe uma subsolu¸c˜ao em D.

Para demonstrar esta proposi¸c˜ao necessitaremos de um lema.

Lema 3.4. Sejam D ⊂ {(s, t) ∈ M; s > 0} e h(s, t) = h(s) uma fun¸c˜ao suave definida para s > 0. Suponha que hs > 0. 1. Se h satisfaz 4H(1 + h2 s) 3 2 − 2hss hs(1 + h2s) ≤ 2√a tanh (√as), (5)

ent˜ao h ´e uma subsolu¸c˜ao de (1) em D. Demonstra¸c˜ao. Como a m´etrica de M ´e dada por

ds2+ G(s, t)dt2, a curvatura Gaussiana de D ⊂ M ´e dada por

K(s, t) =1 4  Gs G 2 −12  Gs G  s ≤ 0, (s, t) ∈ Ω. (6)

Sabemos que K(s, t)≤ 0 porque a curvatura Gaussiana de M ´e negativa. Afirma¸c˜ao 3.5. Se existe uma fun¸c˜ao real positiva eG tal que

 Gs G 2 + 2  Gs G  s ≥ Ges e G !2 + 2 Ges e G ! s , e Gs e G > 0, s > 0, e Gs e G ! s > 0, s≥ 0 e Gs G(0) = e Gs e G(0) = 0. Ent˜ao Gs G ≥ e Gs e G, ∀ s > 0.

Demonstra¸c˜ao. Para facilitar a nota¸c˜ao escreveremos, f = Gs

G, g = e Gs

e

G. As hip´oteses da afirma¸c˜ao se escrevem como

f2+ 2fs ≥ g2+ 2gs, f (0) = g(0) = 0, g > 0, ∀s > 0, gs> 0.

A equa¸c˜ao acima pode ser escrita como,

(f− g)(f + g) ≥ 2(g − f)s. (7)

Queremos mostrar que f ≥ g. Suponhamos que isso n˜ao ocorre, ou seja, que existe um instante s1 ≥ 0 tal que f(s) ≥ g(s), s ∈ [0, s1], f (s) < g(s), s ∈ (s1, s1 + ǫ), para algum

(12)

portanto (g− f)s > 0, neste intervalo. Por hip´otese g > 0, assim, se f > 0 em (s1, s1 + ǫ),

observando a hip´otese (7) obtemos uma contradi¸c˜ao, j´a que o lado esquerdo seria negativo e o lado direito positivo. Provaremos ent˜ao que f ≥ 0 em [s1, s1+ ǫ], diminuindo ǫ, caso necess´ario.

Para s = s1, como f (s1) = g(s1)≥ 0, a desigualdade da hip´otese implica que

fs(s1)≥ gs(s1),

como gs(s) > 0, ∀s, para ǫ > 0 pequeno, fs(s) > 0, s∈ [s1, s1+ ǫ], al´em disso como f (s1)≥ 0,

temos que para algum ǫ > 0, f (s) > 0, s∈ (s1, s1+ ǫ). Isto conclui a prova da afirma¸c˜ao.

Comparamos a curvatura Gaussiana de M com a do espa¸co Hiperb´olico com curvatura constante −a, lembremos que estamos assumindo que a curvatura seccional de M ´e limitada por cima por−a < 0. A m´etrica para tal espa¸co ´e dada por ds2+ eGdt2, eG(s) = cosh2(as). E

portanto, Gs G ≥ e Gs e G = 2 √

a tanh(√as), ∀ s > 0. Portanto se 4H(1 + h2 s) 3 2 − 2hss hs(1 + h2s) ≤ 2√a tanh (√as), h ´e uma subsolu¸c˜ao em D de (1).

Observa¸c˜ao 3.6. Observemos que para o plano Hiperb´olico com m´etrica ds2+ cosh2(as)dt2,

as superf´ıcies da forma h(s, t) = h(s) s˜ao superf´ıcies invariantes por transla¸c˜oes hiperb´olicas. O Lema 3.4 nos diz que solu¸c˜oes de (1) para H = H0 invariantes por transla¸c˜oes hiperb´olicas,

no espa¸co Hiperb´olico de curvatura −a, s˜ao subsolu¸c˜oes de (1) em M para H ≤ H0.

Este lema nos permite exibir uma subsolu¸c˜ao de (1) em D.

Demonstra¸c˜ao. Proposi¸c˜ao 3.3. Existe uma fun¸c˜ao suave em D, h(s, t) = h(s) que ´e uma solu¸c˜ao de (1) no espa¸co Hiperb´olico de curvatura −a. Para eG(s) = cosh2(√as),

e Gshs(1 + h2s) + 2 eGhss 2 eG(1 + h2 s) 3 2 = 2H ⇔ 1 cosh(√as) hscosh(√as) (1 + h2 s) 1 2 ! s = 2H ⇔ hscosh( √ as) (1 + h2 s) 1 2 = 2H√ a senh( √ as) + A, portanto tomando A = hs(0) = 0, H = √ a 2 temos que h = 1 √ acosh( √

as), ´e uma solu¸c˜ao para H =

√ a

2 essas equa¸c˜oes, ou equivalentemente, de (1). Ent˜ao pelo Lema 3.4, h = 1 √

acosh( √

as) ´e uma subsolu¸c˜ao de (1), para H

√ a

(13)

Dado um dom´ınio D ´e poss´ıvel encontrar H > 0 de forma que n˜ao exista gr´afico de curvatura m´edia constante H. Com efeito, suponha que tal gr´afico existe, para qualquer valor H > 0. Fixemos um H, tal que para algum p∈ D existe uma esfera geod´esica Sp em M× R, de forma

que

• Sp∩ (∂D × R) = ∅,

• Sp∩ ((M − D) × R) = ∅, isto ´e, a proje¸c˜ao se Sp sobre M est´a contida em D,

• a curvatura m´edia HSp de Sp ´e menor que H para todo q ∈ Sp.

Transladando verticalmente Sp para cima de modo que Sp esteja acima do gr´afico de

cur-vatura m´edia H e depois transladando Sp para baixo at´e o primeiro ponto de contato p′ ( p′

est´a no interior do gr´afico, pela escolha de Sp). Temos que HSp(p′) < H(p′) = H e que Sp est´a

acima do gr´afico, o que nos d´a uma contradi¸c˜ao (H > 0, significa que o vetor curvatura m´edia aponta para cima). Por exemplo para M = H, n˜ao existem gr´aficos completos sobre dom´ınios D com curvatura H > 1

2. Para condi¸c˜oes mais refinadas sobre a existˆencia de tais gr´aficos, veja [5].

3.2

ormulas do Fluxo

Seja u ∈ C2(D)∩ C1(D ∪ ∂D) uma solu¸c˜ao de (1) em um dom´ınio limitado D ⊂ M, com

∂D de classe C2 por partes. Ao integrarmos (1) sobre D obtemos,

2HA(D) = Z D div p ∇u 1 +|∇|2 ! = Z ∂D * ∇u p 1 +|∇u|2 , ν + , (8)

onde A(D) ´e a ´area de D e ν ´e o conormal exterior ao bordo de D. A integral `a direita ´e chamada de fluxo de u ao longo do bordo ∂D .

Seja Γ um arco do ∂D, se u n˜ao ´e diferenci´avel em Γ podemos definir o fluxo de u ao longo de Γ da seguinte maneira.

Defini¸c˜ao 3.7. Escolhemos Υ uma curva mergulhada e suave contida em D tal que Γ∪Υ limita um dom´ınio simplesmente conexo ∆Υ. Assim definimos o fluxo de u ao longo de Γ sendo:

Fu(Γ) = 2HA(∆Υ)−

Z

Υh

∇u W , νids,

onde ν ´e o vetor conormal apontando para fora do dom´ınio limitado por Γ∪ Υ.

Observemos que a ´ultima integral ´e bem definida e que Fu(Γ) n˜ao depende da escolha de

Υ, [9] (Defini¸c˜ao 5.1).

Estabeleceremos alguns lemas, os quais chamaremos de F´ormulas do fluxo. Para isto, usare-mos diversas vezes uma estimativa de curvatura dada em [20], por este motivo, estabelecereusare-mos aqui este teorema e ent˜ao voltaremos para as f´ormulas do fluxo.

(14)

Estimativas de Curvatura

Nosso objetivo ´e enunciar uma estimativa de curvatura para superf´ıcies de curvatura m´edia constante, sobre variedades com curvatura seccional limitadas.

Consideremos (M, g) uma variedade Riemanniana, S uma superf´ıcie imersa em M com fibrado normal trivial. Denotemos por A a segunda forma fundamental de S em M, H a curvatura m´edia de S e N um vetor unit´ario normal globalmente definido em S.

Diremos S ´e est´avel se para qualquer fun¸c˜ao suave u com suporte compacto definida em S, Z S|∇u| 2dS ≥ Z S (|A|2+ Ric(N))u2dS,

onde dS ´e o elemento de ´area de S, ∇ ´e o gradiente em S e Ric ´e a curvatura de Ricci de M. Schoen, [21], mostrou uma estimativa para a segunda forma fundamental de superf´ıcies m´ınimas est´aveis. Este trabalho foi estendido para superf´ıcies est´aveis com curvatura m´edia constante e fibrado normal trivial em formas espaciais por Berrard e Hauswirth, [1]. Zhang, [24], considerou variedades tri-dimensionais gerais e provou uma estimativa para a segunda forma fundamental de uma superf´ıcie imersa est´avel com curvatura m´edia constante e fibrado normal trivial. Tais estimativas para uma superf´ıcie S dependem da distˆancia (relativa `a S) dS(p, ∂S),

da curvatura m´edia H, de uma limita¸c˜ao por cima e por baixo da curvatura seccional de M e da derivada do tensor curvatura de M. A estimativa que apresentaremos aqui, depender´a apenas de dS(p, ∂S) e da limita¸c˜ao (por cima e por baixo) da limita¸c˜ao da curvatura seccional

de M.

Teorema 3.8 ([20], Theorem 2.5). Seja (M, g) uma variedade Riemanniana tri-dimensional, n˜ao necessariamente completa, com curvatura seccional K limitada por |K| ≤ Λ < +∞. Seja Σ um conjunto aberto de M tal que existe δ > 0 de forma que Σ(δ) = {p ∈ M; dg(x, Σ) < δ}

´e relativamente compacto em M, onde dg ´e a distˆancia associada `a m´etrica g. Ent˜ao existe

constante C = C(δ2Λ) > 0 dependendo apenas de δ2Λ, independente de M e de Σ, satisfazendo:

• para qualquer superf´ıcie est´avel S imersa em Σ, com fibrado normal trivial, e para qualquer p∈ S,

|A(p)| < C

min{d(p, ∂S), δ, π 2√Λ}

.

Uma consequˆencia (veja [3], Lemma 2.2) de tais estimativas ´e que nas condi¸c˜oes do Teorema acima, para cada p ∈ S, existe ǫ = ǫ(p, Γ) (ǫ depende da distˆancia em S, dS(p, ∂S) e de Λ),

tal que uma vizinhan¸ca U de p em S pode ser escrita como um gr´afico de uma fun¸c˜ao suave f definida sobre a bola contida no espa¸co tangente `a S em p de centro na origem e raio ǫ. Al´em disso, f tem altura e |∇f| limitados por uma constante que depende apenas da distˆancia em S, dS(p, ∂S) e de Λ.

Voltaremos `as f´ormulas do fluxo. Seguimos algumas id´eias de [16] (Lemma 1 e 2, p´aginas 17 e 19). Estes lemas s˜ao conhecidos, por´em, darei algumas demonstra¸c˜oes.

(15)

Lema 3.9 ([9], Lemma 5.2). Sejam u uma solu¸c˜ao de (1) em um dom´ınio limitado D ⊂ M e Γ uma curva de classe C1 contida em D∪ ∂D. Ent˜ao

2HA(D) = Fu(∂D),

e

|Fu(Γ)| ≤ |Γ|.

Demonstra¸c˜ao. Orientamos o bordo de D pelo vetor conormal ν apontando para fora de D. Sejam di, i = 1, ..., n os v´ertices de ∂D orientados, isto ´e, segundo a orienta¸c˜ao de ∂D, di vem

depois de di−1 e antes de di+1 para i = 2, ..., n− 1, d1 vem antes de d2 e depois de dn e dn vem

antes de d1 e depois de dn−1. Sejam Υi, i = 1, ..., n− 1 arcos suaves contidos em D ligando di

a di+1 e Υn um arco suave contido em D ligando dn a d1, de modo que Υi e um arco suave do

bordo de D forme um dom´ınio ∆Υi. Podemos escolher Υi de modo que∪iΥi limite um dom´ınio

em D. Pela Defini¸c˜ao 3.7, o fluxo de u ao longo do bordo de D ´e dado por

Fu(∂D) = n X i=1 2HA(∆Υi)− n X i=1 Z Υi h∇u W , νids = n X i=1 2HA(∆Υi)− (−2HA(D) + n X i=1 2HA(∆Υi)) = 2HA(D),

a segunda igualdade segue ao observarmos que ν ´e o conormal apontando para fora do dom´ınio ∆Υi, e portanto −ν ´e o conormal apontando para fora do dom´ınio limitado por ∪iΥi contido

em D, como u ´e uma solu¸c˜ao de classe C2 nos arcos Υ

i o resultado segue por (8). O que prova

a primeira afirma¸c˜ao do lema.

Lema 3.10 ([9], Lemma 5.3). Sejam D ⊂ M um dom´ınio e Γ ⊂ ∂D um arco compacto de classe C2 por partes tal que κ(p)≥ 2H, ∀p ∈ Γ. Seja u uma solu¸c˜ao de (1) em D cont´ınua em

Γ. Ent˜ao

|Fu(Γ)| < |Γ|.

O Lema 3.13 abaixo, essencialmente diz que, quando um gr´afico definido em D de uma solu¸c˜ao tende `a ±∞ sobre um arco do bordo de um dom´ınio D, ent˜ao o vetor normal `a este gr´afico tende `a um vetor horizontal neste arco. E que al´em disso, este vetor normal limite, aponta na mesma dire¸c˜ao do vetor curvatura do arco em quest˜ao. Outra interpreta¸c˜ao do Lema 3.13, ´e que quando o gr´afico definido em D de uma solu¸c˜ao tende `a±∞ sobre algum arco Γ do bordo de D, ent˜ao este gr´afico ´e assint´otico ao cilindro Γ× R. Antes de estabelecermos o lema, necessitamos de duas defini¸c˜oes.

Defini¸c˜ao 3.11 (Defini¸c˜ao da curvatura de uma curva). Seja γ uma curva C2 em M. Assuma

(16)

A defini¸c˜ao acima nos diz que ao falarmos da curvatura de uma curva onde , γ′γ′} ´e

uma base do espa¸co tangente `a M em todo ponto de γ, n˜ao nos importa se {γ′,

γ′γ′} ´e base

positiva ou negativa. Queremos apenas saber do valor alg´ebrico da curvatura. A Defini¸c˜ao 3.11, contrasta com a Defini¸c˜ao 3.12 abaixo, no sentido que, ao falarmos de uma curva do bordo de um dom´ınio, ´e importante dar um sinal positivo `aquelas cujo vetor curvatura aponta para o dom´ınio, ou negativo, caso contr´ario.

Defini¸c˜ao 3.12 (Defini¸c˜ao da curvatura de um arco do bordo de um dom´ınio). Seja D um dom´ınio em M. Dada uma curva γ ⊂ ∂D de classe C2, dizemos que a curvatura κ(γ) > 0 se,

o vetor curvatura de γ aponta para dentro do dom´ınio D. Dizemos que κ(γ) < 0 se, o vetor curvatura de γ aponta para fora do dom´ınio D.

Vamos ao lema,

Lema 3.13 ([9], Lemma 5.4). Sejam D ⊂ M um dom´ınio e Γ ⊂ ∂D um arco compacto e de classe C2 por partes, e seja u uma solu¸c˜ao de (1) em D. Ent˜ao

(i) se u tende `a +∞ sobre Γ, temos κ(Γ) = 2H e Fu(Γ) =|Γ|,

(ii) se u tende `a −∞ sobre Γ, temos κ(Γ) = −2H e Fu(Γ) =−|Γ|.

Demonstra¸c˜ao. Provaremos (i), o outro caso ´e similar. Aplicaremos as estimativas de curvatura dadas em [20] ( Teorema 2.5), veja tamb´em o Apˆendice A. Sejam p ∈ Γ e pn → p uma

sequˆencia de pontos em D. J´a que u tende `a +∞ sobre Γ, as estimativas de curvatura nos d˜ao um δ > 0 (independente de n) tal que uma vizinhan¸ca de cada ponto (pn, u(pn)) no gr´afico

de u, ´e um gr´afico (em coordenadas geod´esicas) sobre um disco de raio δ centrado na origem de T(pn,u(pn))G(u), onde T(pn,u(pn))G(u) ´e o plano tangente `a G(u) em (pn, u(pn)) e G(u) ´e o

gr´afico de u. Transladamos esse gr´afico ao ponto (pn, 0) e denotamos tais gr´aficos transladados

por Gpn(δ). Seja N((pn, u(pn))) o vetor unit´ario normal `a G(u) em (pn, u(pn)), a menos de

subsequˆencia, temos que N((pn, u(pn))) → N∞. Seja Π o plano ortogonal `a N∞ cuja origem

´e p. Cada Gpn(δ) ´e um gr´afico de uma fun¸c˜ao com altura e varia¸c˜ao uniformemente limitada.

Assim, para n suficientemente grande, uma vizinhan¸ca de (pn, 0) em Gpn(δ) ´e um gr´afico sobre

um disco em Π de raio δ′ centrado em p (a origem de Π), 0 < δ≤ δ. Como esses gr´aficos tˆem

altura e varia¸c˜ao uniformemente limitadas, eles convergem `a um gr´afico Gp(δ′) definido sobre

um disco de raio δ′ centrado na origem de Π.

N´os queremos mostrar que N∞ ´e um vetor horizontal e que κ(Γ) = 2H.

Suponhamos que N∞n˜ao ´e um vetor horizontal. Isso nos diz que Π n˜ao ´e um plano vertical, e

portanto a proje¸c˜ao de Gp(δ′) teria pontos em D∪ ∂D e no seu complementar. Isso contradiria

o fato de Gp(δ′) ser o limite de gr´aficos verticais sobre D. Isso mostra que N∞ ´e um vetor

horizontal, e pela escolha do vetor normal unit´ario apontando para cima, temos a igualdade Fu(Γ) =|Γ|.

(17)

Agora mostraremos que κ(Γ) = 2H. Seja L uma curva completa tangente `a Γ em p com κ(L) = 2H, e com vetor curvatura apontando na mesma dire¸c˜ao que N∞. Notemos que a

superf´ıcie L× R tem curvatura H e ´e tangente em p ao gr´afico Gp(δ′), o qual tamb´em tem

curvatura H. Al´em disso, pela escolha de L, os vetores curvatura m´edia de L× R e de Gp(δ′)

apontam na mesma dire¸c˜ao. Precisamos mostrar que Gp(δ′) ⊂ (L × R). J´a que Gp(δ′) ´e

tangente `a L× R em p, se Gp(δ′) estiver de um lado de L× R o Principio do M´aximo garante

que Gp(δ′)⊂ (L × R). Se esse n˜ao for o caso, Gp(δ′)∩(L × R) ´e composto de k curvas passando

por p, k ≥ 2, encontrando-se transversalmente em p. Ent˜ao, em uma vizinhan¸ca de p essas curvas separam Gp(δ′) em 2k componentes e componentes adjacentes ficam em lados alternados

de L×R. Al´em disso, o vetor curvatura alterna apontando para cima e para baixo quando vamos de uma componente `a outra. Portanto para n suficientemente grande, isso implica que o vetor curvatura m´edia `a Gpn(δ) aponta para cima e para baixo. Consequentemente o vetor normal `a

Gpn(δ) aponta para cima e para baixo, o que nos d´a uma contradi¸c˜ao. Pela arbitrariedade da

sequˆencia {pn} e do p ∈ γ temos que Γ ⊂ L e que κ(p) = 2H, ∀p ∈ Γ.

Lema 3.14 ([9], Lemma 5.5). Sejam D ∈ M um dom´ınio e Γ ⊂ ∂Ω um arco compacto de classe C2 por partes. Seja{u

n} uma sequˆencia de solu¸c˜oes de (1) em D com cada un cont´ınua

em Γ. Ent˜ao

1. se a sequˆencia tende `a +∞ uniformemente em subconjuntos compactos de Γ enquanto permanece uniformemente limitada em subconjuntos de D, temos

lim

n→∞Fu(Γ) =|Γ|

2. se a sequˆencia tende `a −∞ uniformemente em subconjuntos compactos de Γ enquanto permanece uniformemente limitada em subconjuntos compactos de D, temos

lim

n→∞Fu(Γ) =−|Γ|.

Demonstra¸c˜ao. Sejam p ∈ Γ e {pn} uma sequˆencia em D, com pn → p. Ap´os passar `a

uma subsequˆencia podemos escolher δ > 0 independente de n, tal que uma vizinhan¸ca de (pn, un(pn)) no gr´afico de un ´e um gr´afico ( em coordenadas geod´esicas) sobre um disco de

raio δ centrado na origem de T(pn,un(pn))G(un), onde T(pn,un(pn))G(un) denota o plano tangente

`a G(un) em (pn, un(pn)) e G(un) denota o gr´afico de un. Como no Lema 3.13, a conclus˜ao ´e

que a menos de passar `a uma subsequˆencia, Nn(pn) → N∞ e N∞´e um vetor horizontal, onde

Nn(q) ´e o vetor normal ao gr´afico de un no ponto q.

Um argumento an´alogo mostra que

Lema 3.15 ([9], Lemma 5.6). Sejam D ∈ M um dom´ınio e Γ ⊂ ∂D um arco compacto de classe C2 por partes com κ(Γ) =±2H e seja {u

n} uma sequˆencia de solu¸c˜oes de (1) em D com

(18)

1. se a sequˆencia diverge `a −∞ uniformemente em subconjuntos compactos de D enquanto permanece uniformemente limitada em subconjuntos compactos de Γ temos

lim

n→∞Fu(Γ) =|Γ|.

2. se a sequˆencia diverge `a +∞ uniformemente em subconjuntos compactos de D enquanto permanece uniformemente limitada em subconjuntos compactos de Γ temos

lim

n→∞Fu(Γ) =−|Γ|.

O pr´oximo lema nos d´a quase uma reciproca dos lemas anteriores, e foi estabelecido em [15](Lemma 3.6) para o caso m´ınimo.

Lema 3.16. Seja u uma solu¸c˜ao em um dom´ınio D ∈ H. Seja eη ⊂ ∂D um arco satisfazendo κ(eη) = 2H tal que Fu(η) =|η|, para todo arco compacto η ⊂ eη. Ent˜ao u possui valor de bordo

+∞ em eη. Analogamente, se κ(eη) = −2H e Fu(η) = − |η| para todo arco compacto η ⊂ eη

temos que u tem valor de bordo −∞ em eη.

Demonstra¸c˜ao. Suponhamos que κ(eη) = 2H. Seja η um arco compacto como no lema, escol-hemos η pequeno o suficiente de modo que o dom´ınio ∆ limitado por η e η∗ ´e a imagem

da reflex˜ao geod´esica de η) esteja contido em D. Consideramos a solu¸c˜ao v que toma valor que toma valor +∞ em η e v = u em η, tal solu¸c˜ao existe pelo Teorema 7.11 do artigo

[9]. Queremos mostrar que u = v. Se esse n˜ao ´e o caso, o conjunto O = {u − v < ǫ} 6= ∅, ǫ > 0 um valor regular de u− v. Seja D′ a componente conexa do complemento de O em

∆ que cont´em ∂∆− η em seu bordo. Seja Oo complemento de Dem ∆. Ent˜ao O ⊂ O

e ∂O′ ⊂ ∂O. Seja q o ponto pertencente ao ∂O− η. Para µ > 0, seja O(µ) o conjunto

definido por O′(µ) = {p ∈ O; dist

H(p, η) > µ}. Sejam q1, q2 os pontos finais de componente

conexa do ∂O′ ∩ ∂O(µ) que cont´em q. Seja p

i a proje¸c˜ao de qi em η. Seja eO(µ) o dom´ınio

limitado pelos segmentos [p1, q1], [p2, q2], o arco [p1, p2]⊂ η e o bordo da componente de O′(µ)

entre q1, q2, que ser´a denotado por Γ(µ). Em Γ(µ) o vetor Xu− Xv aponta para fora de eO(µ),

Xu = p ∇u

1 +|∇u|2. Calculando o fluxo de u− v ao longo do ∂O ′ 0 = Fu(∂O′)− Fv(∂O′) = Z Γ(µ)hX u− Xv, νi + Z [p1,q1]∪[p2,q2] hXu− Xv, νi + Z [p1,p2] hXu− Xv, νi .

Portanto, aplicando as f´ormulas do fluxo, temos

0 < Z Γ(µ) hXu− Xv, νi = Z [p1,q1]∪[p2,q2] hXu− Xv, νi − Z [p1,p2] hXu− Xv, νi ≤ 4µ,

(19)

j´a que o ´ultimo termo da primeira linha anula-se pela hip´otese sobre u e pelo Lema 3.13 aplicado `a v. Notemos que a integral em Γ(µ) cresce quando µ→ 0. E portanto esta desigualdade n˜ao pode ocorrer.

Caso κ(eη) = −2H, consideramos o dom´ınio ∆ limitado por η e pelo arco ηde curvatura

maior que 2H (com respeito ao dom´ınio ∆) contido em D que possui os mesmos pontos finais que η. Ent˜ao consideramos v a solu¸c˜ao em ∆ que toma valores de bordo −∞ sobre η e v = u sobre η′, tal solu¸c˜ao existe pelo Teorema 7.11 encontrado em [9]. A partir de agora o mesmo

argumento feito no caso anterior pode ser aplicado neste caso.

3.3

Princ´ıpios do M´

aximo

Observemos que a equa¸c˜ao da curvatura m´edia ´e uma equa¸c˜ao el´ıptica e portanto possui um principio do m´aximo o qual chamaremos cl´assico. Este resultado pode ser encontrado em [8] (Theorem 10.7).

Teorema 3.17 (Principio do M´aximo Cl´assico). Sejam u1 : D → R e u2 : D → R duas

fun¸c˜oes de classe C2(D) em um dom´ınio D ⊂ M. Suponhamos que D ´e um dom´ınio limitado e que ∂D ´e suave. Se M(u1) ≥ M(u2) e u2 − u1 ≥ 0 no ∂D. Ent˜ao u2 ≥ u1 em D, com

desigualdade estrita, a menos que, u2 ≡ u1.

O Lema abaixo ser´a uma ferramenta na demonstra¸c˜ao do Teorema 3.19.

Lema 3.18 ([9], Lemma 2.1). Sejam u1 e u2 fun¸c˜oes em C2(D), D ⊂ M. Ent˜ao para qualquer

ponto regular de u1− u2 vale:

 ∇(u1− u2) |∇(u1− u2)|, ∇u1 W1 − ∇u2 W2  ≥ 0, onde Wi = p 1 +|∇ui|2; i = 1, 2.

Se al´em disso, u1, u2 s˜ao solu¸c˜oes de (1) em D vale a igualdade em um ponto se, e somente

se ∇u1 =∇u2.

Demonstra¸c˜ao. Identificando o espa¸co tangente de M× R em (p, t) com o produto dos espa¸cos tangentes `a M em p e `a R em t, isto ´e T(p,t)(M× R) ≈ TpM× TtR, podemos escrever o vetor

normal apontando para cima de um gr´afico gerado por uma fun¸c˜ao u como

N = p −∇u 1 +|∇u|2, 1 p 1 +|∇u|2 ! .

(20)

respectivamente, temos  ∇(u1− u2) |∇(u1− u2)|, ∇u1 W1 − ∇u2 W2  = 1 |∇(u1− u2)|  −N1W1+ N2W2,−N1+ N2+  0, 0, 1 W1 − 1 W2  = (W1 + W2) |∇(u1− u2)|(1− hN1, N2i) = (W1 + W2) |∇(u1− u2)| |N1− N2|2 2 . Observemos que, |∇(u1− u2)| (W1+ W2) ≤ |∇u1| W1+ W2 + |∇u 2| W1+ W2 ≤ |∇u1| W1 + |∇u 2| W2 ≤ 2, e portanto,  ∇(u1− u2) |∇(u1− u2)|, ∇u1 W1 − ∇u2 W2  ≥ |N1− N2| 2 4 ≥ 0.

Al´em disso, se u1 e u2 s˜ao solu¸c˜oes em D e ∇u1 = ∇u2 em algum ponto p, isto significa

que, a menos de uma transla¸c˜ao, u1(p) = u2(p) e ∇u1(p) =∇u2(p) e pelo princ´ıpio do m´aximo

no bordo u1 ≡ u2.

Esse pr´oximo teorema nos d´a um principio do m´aximo para dom´ınios com bordo suave por partes, seguimos id´eias de [9] (Theorem 2.2).

Teorema 3.19 (Principio do M´aximo 1). Sejam u1 e u2 satisfazendo Mu1 ≥ 2H ≥ Mu2

em um dom´ınio limitado D ⊂ M, com bordo ∂D de classe C2 por partes. Suponhamos que

lim inf(u2− u1)≥ 0 qualquer sequˆencia de pontos convergindo para o ∂D, exceto possivelmente

em um n´umero finito de pontos E contidos no ∂D. Ent˜ao u2 ≥ u1 com desigualdade estrita, a

menos que, u2 ≡ u1.

Demonstra¸c˜ao. Sejam M, ǫ constantes positivas, sendo M grande e ǫ pequeno. N´os definimos ϕ =    M − ǫ, if u1− u2 ≥ M u1− u2− ǫ, if ǫ < u1− u2 < M 0, if u1− u2 ≤ ǫ

Temos que 0≤ ϕ ≤ M, ϕ ´e Lipschitz, ∇ϕ = ∇u1− ∇u2 no conjunto onde ǫ < u1− u2 < M

e ∇ϕ = 0 em quase todo ponto no complementar deste conjunto. Seja E = [

1≤i≤n

Pi. Para cada i seja Bi(ǫ) a bola geod´esica de M centrada em Pi de raio

ǫ > 0. Para cada ǫ, seja Dǫ = D− (∪iBi(ǫ)), i = 1, . . . , n. Denotamos ∂Dǫ = Γǫ ∪ Λǫ, onde

(21)

Temos, div  ϕ  ∇u1 W1 − ∇u2 W2  =  ∇ϕ,∇u1 W1 − ∇u2 W2  + +ϕ  div  ∇u1 W1  − div  ∇u2 W2  , onde Wj = p

1 +|∇uj|2, j = 1, 2. Aplicando o Teorema da Divergˆencia `a esta equa¸c˜ao, e

lembrando que por hip´otese ϕ≡ 0 em Γǫ, obtemos

Z Dǫ  ∇ϕ,∇u1 W1 − ∇u2 W2  dV + Z Dǫ ϕ  div  ∇u1 W1  − div  ∇u2 W2  dV = Z Dǫ div  ϕ  ∇u1 W1 − ∇u2 W2  dV = Z ∂Dǫ ϕ  ∇u1 W1 − ∇u2 W2 , ν  dV = Z Λǫ ϕ  ∇u1 W1 − ∇u2 W2 , ν  dV + Z Γǫ ϕ  ∇u1 W1 − ∇u2 W2 , ν  dV = Z Λǫ ϕ  ∇u1 W1 − ∇u2 W2 , ν  dV, onde ν ´e o conormal exterior ao ∂Dǫ.

N´os temos que o termo que aparece na ´ultima igualdade ´e limitado por cima por 2M

n

X

i=1

l(∂Bi(ǫ)),

onde l(∂B) ´e o comprimento em M de ∂B. O segundo termo da primeira linha ´e n˜ao negativo por hip´otese. Observemos que o primeiro termo da primeira linha n˜ao se anula apenas no caso de ∇ϕ = ∇u1− ∇u2, e o lema anterior ent˜ao diz que este termo ´e n˜ao negativo. Destas

observa¸c˜oes, conclu´ımos que 0 Z Dǫ  ∇ϕ,∇uW1 1 − ∇u2 W2  dV ≤ 2M n X i=1 l(∂Bi(ǫ))

Quando ǫ tende `a zero, Dǫ tende `a D e 2M n

X

i=1

l(∂Bi(ǫ)) tende `a zero, independentemente

do M fixado. Portanto a conclus˜ao, novamente pelo lema anterior, ´e que ∇u1 = ∇u2. Isso

implica que u1 = u2+ a, a > 0 em cada componente do conjunto onde {u1 > u2}. Se existisse

(22)

interior de tal componente implicaria que u1 = u2+ a, a > 0 em D, o que contradiria a hip´otese

lim inf(u2− u1)≥ 0.

O pr´oximo teorema ´e um principio do m´aximo para certos dom´ınios ilimitados, provado para H = 0, em [4] (Theorem 2). Vamos definir ent˜ao dom´ınios ideais.

Defini¸c˜ao 3.20 (Dom´ınios Ideais). Um dom´ınio ideal em M ´e um dom´ınio n˜ao limitado. Seja D um dom´ınio ideal em M. Denotaremos por ∂D o bordo assint´otico de D.

Teorema 3.21 (Principio do M´aximo 2). Seja D⊂ M um dom´ınio ideal cujo bordo ∂∞D n˜ao

possui arcos no bordo assint´otico de M. Sejam u1, u2 ∈ C0(∂D∪ D) duas solu¸c˜oes de (1) em

D satisfazendo u1 ≤ u2 no ∂D. Suponhamos que para cada ponto p no v´ertice do bordo de D,

lim inf distM(Γ1, Γ2) → 0 quando tendemos `a p, onde Γ1, Γ2 s˜ao as curvas do ∂D que tˆem p

como v´ertice. Ent˜ao u1 ≤ u2 em D.

Demonstra¸c˜ao. Se isso n˜ao fosse verdade, ent˜ao (ap´os uma poss´ıvel transla¸c˜ao vertical), pode-mos supor que O = {p ∈ D; u2(p)− u1(p) < 0} ´e n˜ao vazio e ∂O ´e suave. Observemos que

pelo princ´ıpio do m´aximo cl´assico O ´e ilimitado e pela hip´otese u1 ≤ u2 no ∂D obtemos que

seus v´ertices v˜ao para os v´ertices de D. Assim, formamos um ciclo compacto com curvas σ1, σ2

perto dos v´ertices de O, e arcos τ1, τ2 do bordo de O. Chamamos o dom´ınio limitado por este

ciclo de W .

Pela f´ormula do Fluxo,

0 = 2HA(W ) − 2HA(W ) = F∂W(u2)− F∂W(u1) = Z σ1∪σ2 * ∇(u2) p 1 +|∇(u2)|2 − ∇(u1) p 1 +|∇(u1)|2 , ν + + Z τ1∪τ2 * ∇(u2) p 1 +|∇(u2)|2 − ∇(u1) p 1 +|∇(u1)|2 , ν + = Z σ1∪σ2 * ∇(u2) p 1 +|∇(u2)|2 − ∇(u1) p 1 +|∇(u1)|2 , ν + + Z τ1∪τ2 * ∇(u2) p 1 +|∇(u2)|2 − ∇(u1) p 1 +|∇(u1)|2 , ∇(u2− u1) |∇/(u2− u1)| + ,

onde a terceira igualdade segue por observarmos que ∇(u

2− u1)

|∇/(u2− u1)| ´e um vetor unit´ario, normal

ao bordo de W ao longo de τ1∪ τ2 e aponta para fora de W ao longo de τ1 ∪ τ2, ou seja, este

´e o vetor conormal `a W ao longo de τ1∪ τ2. Pelo Lema 3.18, ou ∇u2 =∇u1 em algum ponto

do ∂O e consequentemente u1 ≡ u2, ou a ´ultima integral ´e positiva. Como a ´ultima integral

n˜ao decresce quando fazemos σ1 e σ2 tender aos v´ertices de O, podemos escolher σ1 e σ2 t˜ao

pr´oximos do v´ertices deO, que a ´ultima soma ser´a positiva; esta escolha ´e poss´ıvel pela hip´otese na distˆancia de pontos do v´ertice de D. Isto nos d´a uma contradi¸c˜ao.

(23)

A ´ultima vers˜ao de principio do m´aximo que apresentaremos, nos permite, em dom´ınios limitados D ⊂ M cujo bordo possui apenas duas curvas, comparar duas fun¸c˜oes se soubermos o valor delas em uma curva do bordo de D e o comportamento do vetor normal ao gr´afico na outra curva. Mais especificamente, temos

Lema 3.22 ([9], Lemma 4.6). Seja D ⊂ M um dom´ınio cujo bordo ∂D = Γ1 ∪ Γ2, Γ1, Γ2 ´e

conjunto compacto e Γ2 ∈ C1. Sejam u1 e u2 fun¸c˜oes definidas em D que satisfazem M(u1)≥

M(u2) em D, com u1 ∈ C2(D)∩ C1(D ∪ Γ2) e u2 ∈ C2(D)∩ C0(D∪ ∂D). Suponhamos que

∂u2

∂ν = +∞ em Γ2, onde ν ´e o conormal exterior `a D em Γ2. Ent˜ao se lim inf(u2− u1)≥ 0 em Γ1, ent˜ao u2 ≥ u1 em Ω.

Demonstra¸c˜ao. Se lim inf(u2− u1)≥ 0 em Γ2 ent˜ao a conclus˜ao segue do Principio do M´aximo

1. Se este n˜ao ´e o caso, consideramos v2 = u2 + M, de modo que v2 > u1 em D ∪ ∂D.

Transladamos verticalmente para baixo v2 at´e o primeiro ponto de contato com u1, o que deve

ocorrer sobre um ponto de Γ2. Portanto,

∂u1

∂ν ≥ ∂u2

∂ν = +∞. Isso nos d´a uma contradi¸c˜ao.

3.4

Barreiras

Nesta se¸c˜ao procuraremos por barreiras que nos permitam concluir que uma solu¸c˜ao do problema de Dirichlet atinge continuamente o valor de bordo prescrito. Para isso, assim como no caso de dom´ınios contidos em R2, usaremos a fun¸c˜ao distˆancia. As referˆencias seguidas ao

longo desta se¸c˜ao foram [23] (p´aginas 12) e [9] (p´agina 11, Lemmas 4.4 e 4.9).

Seja D ⊂ M um dom´ınio limitado com o bordo ∂D orientado. Seja d a fun¸c˜ao distˆancia ao bordo ∂D. Consideraremos d com sinal, isto ´e, d(p) > 0 significa que p ∈ D, caso contr´ario d(p) < 0.

Fixemos uma curva γ ⊂ ∂D, seja Dγ ´e o maior conjunto aberto em D tal que se p ∈ Dγ

ent˜ao existe um ´unico q ∈ γ tal que d(p, q) = d(p), onde d(p, q) denota a distˆancia de p `a q em M. Em [12] (Theorem 1) os autores provaram que se γ ∈ Ck,α ent˜ao a fun¸c˜ao distˆancia est´a em Ck−1,α(D

γ∪ ∂Dγ), para k≥ 2, 0 < α < 1.

Seja w = h(d) : Dγ → R, onde h : R → R ´e uma fun¸c˜ao suave, temos que

div p ∇h(d) 1 +|∇h(d)|2 ! = div h ′ p 1 + (h′)2∇d ! = * ∇ p h′ 1 + (h′)2 ! ,∇d + +p h′ 1 + (h′)2∆d = * h′′ (1 + (h′)2)32∇d, ∇d + + h ′ p 1 + (h′)2∆d,

(24)

assim, div p ∇h(d) 1 +|∇h(d)|2 ! = h′′ (1 + (h′)2)32 − h′ p 1 + (h′)2H(x), (9)

onde H(x) ´e a curvatura da curva de n´ıvel de d que passa por x ∈ D0.

Agora estamos aptos a exibir algumas barreiras. Neste pr´oximo lema usamos uma fun¸c˜ao que aparece em [23] (p´agina 12) como uma barreira, por´em sobre hip´oteses mais fortes do que as que assumiremos.

Lema 3.23. Seja Γ∈ C2,α um arco no ∂D, com κ(Γ)≥ 2H, ∀p ∈ Γ e seja q ∈ Γ. Existe uma

vizinhan¸ca ∆⊂ D de q, com ∂∆ = Γ′∪ η (onde Γ⊂ Γ e η ´e um arco contido em D), tal que

existe uma subsolu¸c˜ao w de (1) em ∆ com w(q) = 0, w < 0 em (∆∪ ∂∆) − q e w|η = −M,

para M > 0 suficientemente grande.

Demonstra¸c˜ao. Seja γ uma curva C2,α de curvatura κ(γ) ≥ 2H − ǫ, ǫ > 0 pequeno, tal que γ

´e tangente `a Γ em q e γ ⊂ (M − D). Seja d a fun¸c˜ao distˆancia `a γ. Suponhamos que d ´e de classe C1,α no conjunto {p ∈ M; 0 ≤ d(p) < δ

1}. J´a que a fun¸c˜ao curvatura ´e suave, podemos

supor que p ∈ {x′; 0 ≤ d(x) < δ

2 ≤ δ1} ent˜ao H(p) ≥ 2H − 2ǫ, desde que δ2 seja pequeno o

suficiente. Consideremos a fun¸c˜ao h(r) = e

AC 2C (e −2Cr− 1), r ∈ [0, δ] e δ < δ 2, C > 1 A, A > δ 2 ser˜ao escolhidos depois. Pela equa¸c˜ao (9), para w = h(d) temos,

div p ∇w 1 +|∇w|2 ! = 2Ce AC−2Cd (1 + e2(AC−2Cd))32 + e AC−2Cd (1 + e2(AC−2Cd))12H(x) = eAC−2Cd (1 + e2(AC−2Cd))32 2C +H(x)(1 + e2(AC−2Cd)) usando √a + b√a +√b div p ∇w 1 +|∇w|2 ! ≥ eAC−2Cd (1 + e(AC−2Cd))3 2C +H(x)(1 + e 2(AC−2Cd))

como e(AC−2Cd) ≥ e(AC−2Cδ) and e(AC−2Cd) ≤ eAC

div p ∇w 1 +|∇w|2 ! ≥ e AC−2Cδ (1 + eAC)3 2C +H(x)(1 + e 2(AC−2Cδ)) j´a que 1 + eAC ≤ 2eAC div p ∇w 1 +|∇w|2 ! ≥ eAC−2Cδ 8e3AC 2C +H(x)(1 + e2(AC−2Cδ))  ≥ e AC−2Cδ 8e3AC 2C + (2H − 2ǫ)(1 + e 2(AC−2Cδ)).

(25)

N´os observamos que a fun¸c˜ao F (A, δ) = eAC−2Cδ

8e3AC 2C + (2H − 2ǫ)(1 + e

2(AC−2Cδ)),

para C > 6H + 6ǫ, satisfaz F (0, 0) = 1

8(2C + (2H− 2ǫ)2) > 2H. Ent˜ao, para (A, δ) suficiente-mente pequenos (satisfazendo as condi¸c˜oes do enunciado do lema) F (A, δ)≥ 2H. Portanto,

div p ∇w 1 +|∇w|2

!

≥ 2H.

Seja ∆ o dom´ınio simplesmente conexo (decrescemos δ caso seja necess´ario) cujo bordo ´e composto de um subarco de Γ que cont´em q e um subarco da curva de n´ıvel{x ∈ D; d(x) = δ}. Seja C0 = max  1 A, 6H + 6ǫ  , ent˜ao para M > e AC0 2C0 (e−2C0δ − 1), podemos escolher um C ≥ C0, tal que h(δ) = eAC 2C (e −2Cδ− 1) = −M

Notemos que o Lema 3.23 diz apenas sobre a existˆencia de subsolu¸c˜oes de (1), j´a que a existˆencia de supersolu¸c˜oes segue da existˆencia de gr´aficos m´ınimos, veja [15] (Theorem 3.3) e [17] (Theorem 1.2). Assim, sejam D ⊂ M um dom´ınio limitado e Γ ⊂ ∂D um arco de classe C2,α com κ(Γ) ≥ 2H. Fixemos um ponto q ∈ Γ, e escolhamos um pequeno arco compacto

Γ′ ⊂ Γ contendo q e um arco γ de um c´ırculo geod´esico ligando os pontos finais de Γ, de

modo que o dom´ınio ∆ limitado por γ∪ Γ⊂ D. Seja f : ∂∆ → R ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua

com f (q) = 0 e f > 0 sobre Γ′ − {q} e f = M sobre o arco γ. Ent˜ao existe uma fun¸c˜ao

u∈ C2(∆)∩ C0(∆∪ ∂∆), com div p ∇u

1 +|∇u|2

!

= 0 < 2H e u|∂∆= f .

Este pr´oximo lema nos permitir´a controlar solu¸c˜oes limitadas em uma vizinhan¸ca de arcos que tenham curvatura “grande”.

Lema 3.24. Seja D⊂ M um dom´ınio limitado.

1. Suponha que Γ∈ C2,α ´e um arco do ∂D, com κ(p)≤ 2α < 2H, ∀p ∈ Γ, com respeito `a D.

Ent˜ao existe uma pequena vizinhan¸ca N de qualquer ponto interior de Γ tal que, existe uma supersolu¸c˜ao w+ de (1) em N com ∂w

∂ν = +∞ em Γ ∩ ∂N . Onde ν ´e o conormal exterior `a N .

2. Suponha que Γ∈ C2,α ´e um arco do ∂D, com κ(p) ≤ −2α < −2H, ∀p ∈ Γ, com respeito

`a D. Ent˜ao existe uma pequena vizinhan¸ca N de qualquer ponto interior de Γ tal que, existe uma subsolu¸c˜ao w− de (1) em N com ∂w

∂ν =−∞ em Γ ∩ ∂N , onde ν ´e o conormal exterior `a N .

Demonstra¸c˜ao. Consideremos h(r) = − r

2r

ǫ . Seja d a fun¸c˜ao distˆancia `a Γ, como a fun¸c˜ao distˆancia ´e continua, podemos concluir que para d(x) < δ, δ > 0 pequeno, que

(26)

1. Para w+= h(d), pela equa¸c˜ao (9), div p ∇w 1 +|∇w|2 ! = ǫ (2ǫd + 1)32 + H(x) (2ǫd + 1)21 ≤ 1 (2ǫd + 1)12  ǫ (2ǫd + 1) + 2α + ǫ  ≤ 1 (2ǫd + 1)12 (2α + 2ǫ) < 2H, para ǫ, δ pequenos o suficiente; o que prova 1.

2. Para w−=−h(d), pela equa¸c˜ao (9), temos

div p ∇w 1 +|∇w|2 ! = − ǫ (2ǫd + 1)32 − H(x) (2ǫd + 1)12 ≥ 1 (2ǫd + 1)12  −(2ǫd + 1)ǫ + 2α− ǫ  ≥ 1 (2ǫd + 1)12 (2α− 2ǫ) > 2H, para ǫ > 0, δ > 0 pequenos o suficiente, o que prova 2.

Lema 3.25 ([9], Lemma 4.9). Seja u uma solu¸c˜ao de (1) em um dom´ınio limitado D ⊂ M e seja Γ ⊂ ∂D um arco compacto. Suponhamos que m < u < M em Γ. Ent˜ao existe uma constante c que depende apenas do D tal que, para qualquer subarco compacto Γ′ ⊂ Γ de classe

C2,α, vale

(i) se κ(Γ′) ≥ 2H com desigualdade estrita, exceto para pontos isolados, existe uma

vizi-nhan¸ca ∆ de Γ′ em D tal que u≥ m − c em ∆,

(ii) se κ(Γ′) >−2H, existe uma vizinhan¸ca ∆ de Γem D tal que u≤ M + c em ∆,

Demonstra¸c˜ao. (i) N´os tomamos um ponto p onde κ(p) > 2H. Seja Γ′ ⊂ Γ um subarco que

cont´em p. Para Γ′ pequeno o suficiente, existe uma curva γ ligando os pontos finais de Γ

tal que κ(γ) < −2H com respeito ao dom´ınio ∆ limitado por Γe γ. N´os podemos supor ∆

suficientemente pequeno de tal maneira que existe uma subsolu¸c˜ao w− dado pelo Lema 3.24

tal que ∂w

∂ν = +∞ em γ. O Lema 3.22 garante que u ≥ m − sup∆

w− em ∆.

(ii) Tomamos p ∈ Γ e Γum arco compacto contendo p e contido em Γ. Novamente

(27)

contida em D e κ(γ) > 2H com respeito ao dom´ınio ∆ limitado por γ∪ Γ. Podemos assumir

que existe uma supersolu¸c˜ao w+ dada pelo Lema 3.24, de modo que ∂w+

∂ν =−∞. Novamente pelo Lema 3.22, obtemos que u < m + sup

w+ em ∆.

3.5

Teorema de Compacidade

Teorema 3.26 (Teorema de Compacidade). Seja {un} uma sequˆencia de solu¸c˜oes de (1)

uni-formemente limitada em D ⊂ M, D limitado. Ent˜ao existe uma subsequˆencia que converge uniformemente em subconjuntos compactos (na topologia Ck, para qualquer k) `a uma solu¸c˜ao

de (1) em D.

A demonstra¸c˜ao deste teorema segue da estimativa do gradiente para solu¸c˜oes em D dada por [23] (Theorem 1.1) e da prova do Teorema de Compacidade em [9] (Theorem 3.1).

Teorema 3.27 (Teorema da Convergˆencia Mon´otona). Seja{un} uma sequˆencia crescente ou

decrescente de solu¸c˜oes de (1) em um dom´ınio D ∈ M. Se a sequˆencia ´e limitada em um ponto p ∈ D, existe uma vizinhan¸ca de p, U ⊂ D tal que {un} converge `a uma solu¸c˜ao em

U. A convergˆencia ´e uniforme em subconjuntos compactos de U e a divergˆencia ´e uniforme em subconjuntos compactos de V = D− U. Se V ´e n˜ao-vazio, ∂V consiste de arcos de curvatura ±2H e arcos do ∂D. Esses arcos s˜ao convexos para U se a sequˆencia ´e crescente e cˆoncavo caso contr´ario.

Uma demonstra¸c˜ao do Teorema 3.27 pode ser encontrada em [9] (Theorem 6.2).

Defini¸c˜ao 3.28. U ser´a chamado de conjunto de convergˆencia e V de conjunto de divergˆencia.

O pr´oximo lema nos d´a uma restri¸c˜ao aos arcos do bordo de um conjunto de divergˆencia. Sua demonstra¸c˜ao pode ser encontrada em [9] (Lemma 6.3).

Lema 3.29. Sejam D ⊂ M e C ⊂ ∂D com κ(C) ≥ 2H. Seja {un} uma sequˆencia crescente

ou decrescente de solu¸c˜oes de (1) em D tal que cada un ´e cont´ınua em D∪ C. Suponha que

existe um arco L contido no bordo do conjunto de divergˆencia. Ent˜ao L n˜ao pode terminar em um ponto interior de C.

3.6

Teorema de Existˆ

encia

Nesta se¸c˜ao mostraremos o teorema de existˆencia para o problema de Dirichlet para dom´ınios limitados. Uma das condi¸c˜oes para a existˆencia envolve a curvatura dos arcos do bordo do dom´ınio. Um primeiro teorema nesta dire¸c˜ao ´e

(28)

Teorema 3.30([23]- Theorem 1.2). Seja D⊂ M um dom´ınio limitado com bordo de classe C2

satisfazendo κ(∂D)≥ 2H+ǫ, para algum ǫ > 0. Ent˜ao dada uma fun¸c˜ao cont´ınua f : ∂D → R, existe uma ´unica solu¸c˜ao de (1) u∈ (C2(D)∩ (C0(D∪ ∂D))) em D tal que u|

∂D = f .

Gostar´ıamos que a condi¸c˜ao sobre a curvatura do bordo fosse κ(∂D) ≥ 2H. Para isso usaremos o m´etodo de Perron. Necessitaremos de uma defini¸c˜ao.

Sejam D ⊂ M um dom´ınio e f : ∂D → R uma fun¸c˜ao cont´ınua, consideremos o conjunto Sf ={v ∈ C2(D)∩ C0(D∪ ∂D); v ´e uma subsolu¸c˜ao de (1) em D e v|∂D≤ f}.

Seja B ⊂ D um subdom´ınio compacto com bordo suave contido em D, tal que κ(∂B) > 2H. J´a que ∂B ´e compacto, κ(∂B) > 2H equivale `a κ(∂B) > 2H + ǫ para algum ǫ > 0. Para cada v ∈ Sf n´os definimos o levantamento de v em B como

V (p) = 

v(p), if p∈ B

v(p), if p∈ D − B ,

onde v ´e a solu¸c˜ao de (1) em B dado pelo Teorema 3.30 com valor de bordo v|∂B = v|∂B.

Teorema 3.31. Seja D ∈ M um dom´ınio limitado com bordo de classe C2,α e satisfazendo

κ(∂D) ≥ 2H. Suponha que existe uma subsolu¸c˜ao limitada em D. Ent˜ao dada uma fun¸c˜ao cont´ınua f : ∂D → R, existe uma ´unica solu¸c˜ao de (1) u ∈ (C2(D)∩ (C0(D∪ ∂D))) em D

com u|∂D = f .

Demonstra¸c˜ao. N´os observamos que existe um gr´afico m´ınimo sobre D que se estende continua-mente com valor de bordo f , veja [17](Theorem 1.2). Observemos que esta superf´ıcie minima ´e uma supersolu¸c˜ao de (1) em D.

Usando o m´etodo de Perron n´os mostraremos que existe uma solu¸c˜ao em D e usando as barreiras do Lema 3.23 mostraremos que essa solu¸c˜ao possui o valor de bordo prescrito.

Definimos,

u = sup

Sf

v.

O conjunto Sf ´e n˜ao vazio por hip´otese, a existˆencia de uma supersolu¸c˜ao e o Princ´ıpio do

M´aximo garantem que u est´a bem definida. Mostraremos agora que u ´e de fato uma solu¸c˜ao em D. Sejam p ∈ D e B = Bp(ǫ) uma bola geod´esica de M centrada em p com raio ǫ, n´os

escolhemos ǫ pequeno o suficiente de modo que B∪ ∂B esteja contido em D e κ(∂B) > 2H (e por compacidade, κ(∂B) > 2H + ǫ′). Seja{v

n} uma sequˆencia em Sf tal que lim

n→∞vn(p) = u(p),

esta sequˆencia existe pela defini¸c˜ao de u. Para cada n, seja Vn o levantamento de vn em B.

Observamos que {Vn} ⊂ Sf, Vn(p) → u(p). Al´em disso, como {Vn} ≤ u em B, temos pelo

teorema de compacidade que alguma subsequˆencia de {Vn}, ainda chamada {Vn}, converge `a

uma solu¸c˜ao eu de (1) em B uniformemente em subconjuntos compactos de B. Pela defini¸c˜ao de u, e de {vn} n´os temos que eu ≤ u e eu(p) = u(p).

N´os afirmamos que u = eu em B. Se n˜ao fosse este o caso, existiria um ponto q ∈ B, tal que u(q) > eu(q). Isto significa que existe uma fun¸c˜ao ev ∈ Sf, com eu(q) < ev(q). Definimos ent˜ao

outra sequˆencia {wn} ⊂ Sf como wn = max{ev, vn}, e consideramos Wn seu levantamento em

B. Como antes n´os obter´ıamos uma subsequˆencia de {Wn} que converge `a uma solu¸c˜ao w em

(29)

e eu(p) = w(p) = u(p). Ent˜ao aplicando o Princ´ıpio do M´aximo, n´os conclu´ımos que eu = w in B. Isto contradiz a defini¸c˜ao de ev e mostra que eu = u em B. Como p ´e um ponto arbitr´ario n´os temos que u ´e uma solu¸c˜ao de (1) em D.

Agora mostraremos que u|∂D = f . Como existe uma supersolu¸c˜ao de (1) em D com valor

de bordo f , pelo Princ´ıpio do M´aximo, temos que u|∂D ≤ f.

O pr´oximo passo ´e mostrar que essa solu¸c˜ao u possui o valor de bordo f . Para vermos isso, observamos que a constante C do Lema 3.23 pode ser escolhida t˜ao grande quanto necess´ario, a fim de termos, para um ponto fixo p∈ ∂D,

(i) w(p) + f (p) = f (p);

(ii) w + f (p) < u, in (D∩ ∂∆) − {p};

(iii) w + f (p)) < f, in (∂D∩ (∆ ∪ ∂∆)) − {p},

w definido como no Lema 3.23. Esta barreira nos permite concluir que a solu¸c˜ao u tem o valor de bordo prescrito.

A unicidade segue do Princ´ıpio do M´aximo.

Com este teorema construiremos um exemplo como em [9] (Corollary 3.6) e estenderemos o resultado acima para dom´ınios que tˆem arcos de classe C2,α por partes.

Exemplo 3.32. Sejam Γ ⊂ ∂D um arco de classe C2,α com κ(Γ) = 2H e p ∈ Γ um ponto

interior `a Γ. Seja ∆⊂ (Bp(δ)∩D) um dom´ınio convexo obtido por suavizar o bordo do dom´ınio

convexo limitado por Γ e ∂Bp(δ), onde Bp(δ) ´e a bola geod´esica centrada em p com raio δ > 0.

N´os consideramos uma fun¸c˜ao suave f ≤ 0 definida no ∂∆ com f ≡ 0 em uma vizinhan¸ca de p e f ≡ −M em uma vizinhan¸ca de ∂Bp(δ). Se existe alguma subsolu¸c˜ao em ∆, pelo Teorema

3.31, existe uma solu¸c˜ao suave w− de (1) em ∆ com valor de bordo f .

Necessitaremos de uma defini¸c˜ao

Defini¸c˜ao 3.33. Para p ∈ ∂D, D ⊂ M um dom´ınio limitado, n´os definimos a curvatura exterior ˆκ(p) como sendo o supremo de todas as curvaturas normais (com respeito ao interior de D) de curvas de classe C2 que passam por p e que localmente suportam D. Se uma tal curva

n˜ao existe, definimos ˆκ(p) sendo −∞. Notemos que ˆκ(p) = κ(p) em todos os pontos regulares do ∂D.

Usando o Exemplo 3.32, e os obtemos um teorema similar ao Teorema 3.2 de [9].

Teorema 3.34 (Teorema de Existˆencia). Seja D ⊂ M um dom´ınio limitado cujo bordo ´e de classe C1 por partes. Suponhamos que ˆκ(p)≥ 2H, ∀p ∈ ∂D, exceto para um conjunto finito E

de pontos do v´ertice do ∂D. Prescrevemos o valor de bordo f , f cont´ınua. Se E = ∅, existe uma ´unica solu¸c˜ao de (1) em D, que se estende continuamente ao bordo com o valor prescrito ∂D. Caso E 6= ∅, existe uma ´unica solu¸c˜ao de (1) em D assumindo continuamente o valor de bordo em ∂D− E.

(30)

Demonstra¸c˜ao. Suponhamos inicialmente que E = ∅. N´os aproximamos D por dom´ınios con-vexos com bordo suave Dn ⊂ D que satisfazem κ(∂Dn)≥ 2H. Estendemos o dado de bordo f

como a solu¸c˜ao minima em D. Seja fn a restri¸c˜ao dessa extens˜ao ao ∂Dn, observemos que{fn}

converge uniformemente `a f . Ent˜ao, o Teorema 3.31 nos d´a uma ´unica solu¸c˜ao suave un em

Dn com un = fn no bordo ∂Dn e cada un ´e uniformemente limitada independente do n (isso

ocorre porque a solu¸c˜ao m´ınima ´e uma supersolu¸c˜ao para (1)). Pelo Teorema de Compacidade e por um processo diagonal, extra´ımos uma subsequˆencia de{un} que converge uniformemente

em subconjuntos compactos de D `a uma solu¸c˜ao u de (1) em Ω.

Falta mostrarmos que u = f no bordo ∂D. Fixemos p ∈ ∂D; q ∈ ∂Dn com dist(p, q) < δ.

Dado ǫ > 0 escolhemos δ > 0 tal que|fn(x)−fn(q)| < ǫ e |fn(q)−f(p)| < ǫ se dist(x; q) < δ e n

´e grande. Seja um arco de curvatura constante 2H que suporta ∂Dn em q e sejam−w(x) = w+

e w(x) = w−barreiras por cima e por baixo em ∆ dadas pelo Exemplo 3.32 com M ≥ 2 sup |u n|.

Ent˜ao pelo Principio do M´aximo

w(x)− 3ǫ ≤ un(x)− f(p) ≤ −w(x) + 3ǫ.

Isto nos permite concluir que u ´e cont´ınua em D∪ ∂D e que u = f em ∂D.

Caso E 6= ∅, utilizamos o m´etodo de Perron. Observemos que n˜ao temos barreiras para utilizar nos pontos de E, e por este motivo n˜ao podemos prescrever valores de bordo sobre E.

(31)

4

Teorema em M

× R

4.1

Defini¸

oes e Enunciados Principais

O objetivo desta se¸c˜ao ´e enunciar dois teoremas. Necessitaremos de algumas defini¸c˜oes. N´os consideraremos dom´ınios Ω de classe C2,α por partes, a primeira defini¸c˜ao faz uma distin¸c˜ao

entre v´ertices de Ω.

Defini¸c˜ao 4.1. Sejam Ω de classe C2,α por partes, d um v´ertice de Ω, e Γ

1 e Γ2 dois arcos

distintos do bordo de Ω que possuem d como ponto final. Se existe uma sequˆencia de pontos pin, i = 1, 2 contidos em Γi com {pin} convergindo `a d, tal que os segmentos de geod´esica

ligando p1n a p2n est˜ao contidos em Ω, ent˜ao d ´e chamado de v´ertice convexo. Caso contr´ario

d ´e chamado de v´ertice cˆoncavo.

Defini¸c˜ao 4.2 (Dom´ınio Admiss´ıvel Limitado). Um dom´ınio limitado Ω ∈ M ´e chamado de dom´ınio admiss´ıvel se ´e simplesmente conexo e possui bordo de classe C2 por partes. O bordo

∂Ω consiste de trˆes conjuntos de arcos abertos de classe C2, {A

k}, {Bl} and {Cm} e dos pontos

finais de tais arcos. A curvatura destas fam´ılias de arcos satisfazem, κ(Ak) = 2H; κ(Bl) =−2H

e κ(Cm)≥ 2H, (com respeito ao interior de Ω). Al´em disso, um v´ertice convexo n˜ao pode ser

o ponto final de dois arcos Ak ou de dois arcos Bl. No caso da fam´ılia {Bl} ser n˜ao vazia,

assumimos que existe um dom´ınio simplesmente conexo Ω∗ contendo Ω, cujo bordo ´e formado

por substituir cada arco Bl por um arco Bl∗, onde Bl∗ ´e um arco de classe C2 ligando os pontos

finais de Bl com curvatura κ(Bl∗) = 2H, com respeito `a Ω∗ e tal que (Ω∗− Ω) ∩ (Ω ∪ ∂Ω) = ∅.

Al´em disso, assumimos que o dom´ınio Ω ou Ω∗, caso a familia {B

l} seja n˜ao vazia, admite

uma subsolu¸c˜ao limitada para o Problema de Dirichlet Cl´assico.

Notemos que o Exemplo 3.3 diz que se H ´e suficientemente pequeno, ent˜ao existe uma subsolu¸c˜ao em qualquer dom´ınio Ω⊂ M.

A exigˆencia na curvatura dos arcos de Ω, vem das f´ormulas do fluxo e do problema de Dirichlet Cl´assico. O que n˜ao parece t˜ao natural, ´e a exigˆencia de que um v´ertice convexo n˜ao pode ser o ponto final de dois dos arcos Ak ou dois arcos Bl. Mas isso tamb´em ´e uma

consequˆencia das f´ormulas do fluxo. Suponha que temos dois arcos A1, A2 pertencentes `a

fam´ılia {Ak}, com mesmo v´ertice convexo como ponto final e uma solu¸c˜ao u em D com valor

de bordo +∞ sobre A1∪ A2. Escolhamos pontos p1n ∈ A1 e p2n ∈ A2 pr´oximos ao ponto final

comum P de A1, A2. Sejam P p1n o arco em A1 ligando P a p1n, P p2n o arco em A2 ligando P

a p2n, p1np2n a geod´esica ligando p1n `a p2n e T o triˆangulo formado por P p1n, P p2n e p1np2n.

Como p1np2n ⊂ Ω, aplicando a f´ormula do fluxo temos

2HA(∆T) = Fu(P p1n) + Fu(P p2n) + Fu(p1np2n)

≥ |P p1n| + |P p2n| − |p1np2n|,

Referências

Documentos relacionados

Depois da abordagem teórica e empírica à problemática da utilização das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação em contexto de sala de aula, pelos professores do

Chang’s Cecconi’s BLT Time Cheesecake Factory MIAMI BEACH BRICKELL DOWNTOWN REGIÃO DO AEROPORTO REGIÃO DE AVENTURA REGIÃO DE HALLANDALE BEACH NORTH MIAMI BEACH NORTH MIAMI BEACH

Quais fontes de informações você usou (se usou alguma) para ajudá-lo com a decisão em sua última compra de [MARCA &amp; CATEGORIA].. Base: compradores de artigos de

Ficou com a impressão de estar na presença de um compositor ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um guitarrista ( Clique aqui para introduzir texto. ), de um director

Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Itapetinga. Segurança alimentar na cadeia do leite. Juiz de Fora: EPAMIG; Instituto

O terceiro capítulo abre espaço para mulheres que são showrunners de seus próprios programas e se propõem a fazer um esforço para subverter uma representação

Os maiores coeficientes da razão área/perímetro são das edificações Kanimbambo (12,75) e Barão do Rio Branco (10,22) ou seja possuem uma maior área por unidade de

ü A bibliografia sugerida tem apenas o propósito de orientar o estudo dos candidatos, não excluindo, em hipótese alguma, outros livros que abranjam a matéria indicada para