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TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo

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Academic year: 2021

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Registro: 2021.0000366876

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação Cível nº 1006932-65.2020.8.26.0008, da Comarca de São Paulo, em que são apelantes ALEXANDRE ZINETTI NETO, ANDRÉ LUIZ BISCA, ANTONIO CRAVEIRO SILVA, BENEDITO APARECIDO DA SILVA, CARLOS EDUARDO GARCIA DE MIGUEL, CARLOS MARCELO GAROFALLO, CELSO CAMPELLO NETO, EDUARDO LOPES DA SILVA, GILDO DE SOUZA LUQUE, GILMAR CÍCERO ALTAMIRANO, HEROI JOAO PAULO VICENTE, IGOR FROIMAN PARADA, JOSÉ VICTOR TARABAY, LEANDRO JORGE BITTENCOURT CANO, MAURÍCIO NALE PINTO FERREIRA, PAULO ROGÉRIO FILGUEIRA CARRERA, SILVIO DOS SANTOS, SUSY MIRANDA SANCHEZ, WANDERLEY FERREIRA DA SILVA e HALISON GRIS PERES, são apelados SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA e ANDRES NAVARRO SANCHEZ.

ACORDAM, em 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Homologaram as desistências parciais do recurso e negaram provimento à apelação, na parte conhecida. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MARCIA DALLA DÉA BARONE (Presidente) E MAURÍCIO CAMPOS DA SILVA VELHO.

São Paulo, 13 de maio de 2021

ALCIDES LEOPOLDO RELATOR Assinatura Eletrônica

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APELAÇÃO CÍVEL

Processo n. 1006932-65.2020.8.26.0008

Comarca: São Paulo (Foro Regional VIII Tatuapé - 4ª Vara Cível)

Apelantes: Alexandre Zinetti Neto e outros

Apelados: Sport Club Corinthians Paulista e outro Juiz: Rubens Pedreiro Lopes

Voto n. 22.505

EMENTA: ASSOCIAÇÃO CIVIL Clube Desportivo - Destituição do Presidente da Associação e decretação de sua inelegibilidade por 10 anos – Partes legitimadas – Existência de interesse de agir de associados - Destituição dos administradores das Associações que é questão interna corporis, como deflui do inciso I do art. 59 do Código Civil, corolário do inciso I do art. 217 da Constituição Federal, que garante a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento - A Associação rege-se por seu Estatuto, o qual previu expressamente os motivos para requerer a destituição dos administradores (Presidente da Diretoria ou de seus Vice-Presidentes), e o procedimento a ser observado, bem como a forma de convocação das Assembleias Gerais - O Poder Judiciário poderá apreciar a validade formal das deliberações, se obedeceram ao Estatuto e à Lei, bem como a verificação da justiça na apreciação do fato, mas não substituir-se à deliberação da Assembleia Geral ou ao Órgão Estatutário competente Eleição de novo Presidente posteriormente ao ajuizamento da ação, prejudicando parte dos pedidos - Recurso desprovido na parte conhecida.

Trata-se de ação ordinária, conforme, ainda, a emenda de fls. 401/402, alegando os autores em síntese que o corréu Andrés Navarro Sanchez foi eleito para exercer o cargo de Presidente da

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associação civil, recreativa e desportiva Sport Club Corinthians Paulista, corré, no triênio 2018/2020, e que não age conforme as regras estatutárias e leis de regência. Apontam que infringiu pelo menos três alíneas dispostas no art. 106 do Estatuto Social, salientando que sua gestão tem acarretado prejuízo considerável ao patrimônio e à imagem do clube (alínea b), porquanto houve aprovação pelo Conselho Deliberativo do orçamento do exercício de 2019, cujo superávit era na ordem de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais). No entanto, atualmente, há um prejuízo de R$ 177.020.000,00 (cento e setenta e sete milhões e vinte e mil reais). Asseveram que, com esse déficit, poderá ocorrer a exclusão do clube do programa de benefício fiscal PROFUT, estabelecido pela Lei n. 13.155/15. Prosseguem aduzindo que não observa o contido na alínea d, do referido artigo, porque (a) não divulga as demonstrações financeiras na sede social ou em sítio eletrônico, (b) não obteve prévia aprovação do CORI para contrair empréstimo bancário adicional superior a 10.000 salários mínimos e (c) omitiu ao Corpo Diretivo informações e documentos por ele solicitadas. Com isso, anotam que há prática de atos de gestão irregular e temerária, pedem tutela provisória antecipada para o afastamento imediato do Presidente do clube, e subsidiariamente, requerem a condenação na obrigação de fazer consistente na designação de assembleia geral para deliberar a destituição do presidente. Ao final, postulam a procedência do pedido para destituição definitiva do corréu do cargo de Presidente da Diretoria do clube, tornando-o inelegível por 10 (dez) anos.

A r. sentença, cujo relatório se adota, julgou improcedente a ação, condenando os autores ao pagamento das custas, despesas processuais e honorários advocatícios fixados em R$ 1.500,00 (fls. 586/594).

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Os autores apelaram sustentando que até hoje as contas do ano de 2019 sequer foram levadas ao Conselho Deliberativo (órgão fiscalizador) para discussão (aprovação ou reprovação), apesar de insistentemente solicitadas pelos apelantes e outros conselheiros, sendo dever da Presidência e do corréu, na qualidade de gestor da entidade, de publicar em sua rede social e no seu sitio oficial, suas demonstrações financeiras, o que o réu se nega a fazer, em clara desídia e desrespeito ao Estatuto e às leis do desporto nacional e também aos associados, justificando o recorrido que tal divulgação seria prejudicial à imagem do Clube, ante as dívidas existentes, aduzindo os recorrentes que foram contratados empréstimos bancários milionários sem autorização prévia do

Conselho de Orientação CORI, e omitidas informações quanto ao

pagamento sobre a venda do atleta “Pedrinho”, tudo a demonstrar a gestão temerária, que gerou um prejuízo anual superior a 20% da receita bruta apurada no ano anterior, sendo incursos os administradores no art. 27, § 1º, da Lei Pelé, devendo ainda ser reconhecido o interesse processual dos apelantes, na qualidade de associados do clube apelado, em buscar a tutela judicial, requerendo a reforma, para que seja julgada procedente a ação, ou, alternativamente, em acatada a tese de intervenção mínima do Poder Judiciário em razão da autonomia das associações, requer que o feito seja julgado extinto sem julgamento do mérito, notadamente por falta de interesse processual (fls. 596/617).

Foram apresentadas contrarrazões pelos réus,

pleiteando preliminarmente o não conhecimento do recurso, pela perda de objeto superveniente, e, no mérito sustentaram a manutenção da sentença (fls. 623/631 e 632/640).

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É o Relatório.

Não é possível a desistência da ação após proferida a sentença, em conformidade com o § 5º do art. 485 do CPC/2015, de maneira que recebem-se os requerimentos de fls. 645 e 648 feitos pelos autores Herói João Paulo Vicente, Antonio Craveiro Silva, Carlos Eduardo Garcia Miguel e Celso Campello como desistência da apelação por parte deles.

São as partes legitimadas ad causam, os autores, na qualidade de associados visando o cumprimento e aplicação do Estatuto Social, e os requeridos, a Associação Desportiva e seu Presidente, estes, por serem os destinatários da providência judicial pedida, e há o interesse de agir como justificado de forma categórica na petição inicial e na apelação, sob o fundamento da necessidade e adequação da atuação do Poder Judiciário, de maneira que corretamente foi apreciado o mérito da questão.

Posteriormente à interposição do recurso de apelação, ocorreram eleições em 28/11/2020 na Associação ré, com a escolha de novo Presidente, e o encerramento do mandato do requerido Andrés, perdendo objeto a pretensão de sua destituição do cargo de Presidente ou de designação de uma assembleia geral para analisar a destituição.

Subsiste, contudo, o interesse recursal quanto a decretação da inelegibilidade do corréu por 10 anos, nos termos do art. 106, parágrafo único, do Estatuto Social, por alegada má administração da entidade e contrariedade ao Estatuto Social, ao PROFUT, ao Estatuto do Torcedor e à Lei Pelé.

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Todavia, como delineado na bem elaborada sentença, a destituição dos administradores das Associações é questão interna corporis, como deflui do inciso I do art. 59 do Código Civil, corolário do inciso I do art. 217 da Constituição Federal, que garante a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento.

A Associação rege-se por seu Estatuto, o qual previu expressamente no art. 106 (fls. 110) os motivos para requerer a destituição dos administradores (Presidente da Diretoria ou de seus Vice-Presidentes), e no art. 107 o procedimento a ser observado (fls.110/111), bem como a forma de convocação das Assembleias Gerais.

O Poder Judiciário poderá apreciar a validade formal das deliberações, se obedeceram ao Estatuto e à Lei, e segundo Pontes de

Miranda1 "pode o juiz descer à verificação da justiça na apreciação do

fato", mas não substituir-se à deliberação da Assembleia Geral ou ao Órgão estatutário competente.

Não importa em violação aos princípios constitucionais de acesso à justiça e de inafastabilidade do controle jurisdicional ou do direito de ação a sujeição das questões estatutárias às deliberações interna corporis, pela possibilidade do controle judicial da legalidade.

Assim, deve ser mantida a r. sentença por seus judiciosos fundamentos, pela qual não houve violação aos arts. 25, VI e VIII, da Lei n. 13.155/15 (PROFUT), 27, § 11, da Lei Pelé, 33, II, do Estatuto do Torcedor, 4º, § 2º e 46-A, da Lei n. 9.615/98, 5º, XXXV e 217, I, da Constituição Federal.

1PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado. Atual. Judith Martins-Costa et al. Tomo I. São

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Pelo exposto, homologa-se as desistências parciais do recurso e NEGA-SE-PROVIMENTO à apelação, na parte conhecida, majorando-se em R$ 2.000,00, os honorários advocatícios recursais, em conformidade com o art. 85, § 11, do CPC/2015, aos quais respondem solidariamente os apelantes desistentes.

ALCIDES LEOPOLDO RELATOR Assinatura Eletrônica

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