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Sono, cochilos e qualidade de vida de idosos institucionalizados

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENFERMAGEM

SIMONE CAMARGO DE OLIVEIRA ROSSIGNOLO

SONO, COCHILOS E QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS

CAMPINAS

2016

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SONO, COCHILOS E QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS

Tese apresentada à Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em Ciências da Saúde, na Área de Enfermagem e Trabalho.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Filomena Ceolim Coorientadora: Profa. Dra. Sofia Cristina Iost Pavarini

Este exemplar corresponde à versão final da tese defendida pela aluna Simone Camargo de Oliveira Rossignolo, a qual é orientada e coorientada pelas, respectivamente, Profa. Dra. Maria Filomena Ceolim e Profa. Dra. Sofia Cristina Iost Pavarini.

CAMPINAS 2016

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ORIENTADOR: PROFA. DRA. MARIA FILOMENA CEOLIM

COORIENTADOR: PROFA. DRA SOFIA CRISTINA IOST PAVARINI

MEMBROS:

1. PROFA. DRA. MARIA FILOMENA CEOLIM

2. PROF. DRA. DINÁ DE ALMEIDA LOPES MONTEIRO DA CRUZ

3. PROF. DRA. MARISA SILVANA ZAZZETTA

4. PROF. DRA. LÚCIA ROTENBERG

5. PROF. DRA. MARIA JOSÉ D´ ELBOUX

Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

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Dedicatória À Senhora Geraldina Marques de Camargo (in memoriam), minha querida avó, cujo amor, afeto, proteção, ensinamentos e incentivos foram e continuam sendo essenciais para o meu viver.

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"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas, continuarei a escrever."

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A Deus, por sempre estar ao meu lado, orientando os meus passos e abençoando todas as minhas decisões;

Aos meus pais Josefa e João Donizete, pela base sólida e exemplos de caráter; À Geraldina minha querida avó, pelas lições de superação e principalmente pelo amor incondicional por mim e meus irmãos;

Ao meu esposo Rafael Batista Rossignolo pelo amor e compreensão; Aos meus irmãos Cristiane e Rodrigo pela torcida, amizade e amor;

À Profa. Dra. Maria Filomena Ceolim e a Profa. Dra. Sofia Cristina Iost Pavarini, pelas experiências, ensinamentos e, principalmente, por ambas serem um modelo de determinação e inteligência;

Aos membros titulares e suplentes da banca do Exame de Defesa, Profa. Dra. Diná de Almeida Lopes Monteiro da Cruz, Profa. Dra. Lúcia Rotenberg, Profa. Dra. Marisa Silvana Zazzetta; Profa. Dra. Maria José D' elboux, Profa. Dra. Ana Railka de Souza Oliveira Kumakura, Profa. Dra. Gema Galgani de Mesquita Duarte e Profa. Dra. Tábatta Renata Pereira de Brito, que com suas valiosas contribuições enriqueceram o trabalho;

Aos funcionários, docentes e colegas do Programa de Pós Graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas, pela competência e momentos compartilhados nessa jornada;

Aos alunos dos cursos de Graduação em Enfermagem, pela possibilidade de aprendizado;

À todos os idosos que contribuíram para que este estudo se tornasse realidade; Aos funcionários das Instituições de Longa Permanência para Idosos, que me acolheram e me ajudaram mesmo quando estavam atarefados com os seus afazeres profissionais;

À CAPES, pelo apoio financeiro;

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boa qualidade de vida, em todas as idades e em diferentes contextos. Este estudo tem por objetivo analisar as relações entre qualidade do sono, cochilos e qualidade de vida de idosos residentes em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), considerando a influência do desempenho cognitivo, desempenho nas atividades básicas de vida diária, sintomas depressivos, tempo de institucionalização e estado civil. Estudo analítico, de corte transversal, cujos dados foram coletados por meio de entrevistas individuais com idosos residentes em ILPI do município de São Carlos (SP) e Campinas (SP). Foram aplicados instrumentos para caracterização do idoso, avaliação da cognição, qualidade do sono, qualidade de vida no contexto institucional, grau de dependência em atividades de vida diária e sintomas depressivos. Os dados obtidos foram analisados com testes de correlação e de associação, análise de regressão logística univariada e múltipla, e análise de mediação. Todos os cuidados éticos foram observados. Participaram 116 idosos residentes em dez ILPI, dos quais 56,9% do sexo feminino e 43,1% do sexo masculino, com média de 77,2 (DP=9,0) anos de idade. Verificou-se que 57,0% dos participantes eram dependentes, parcial ou totalmente, em atividades de vida diária, 74,2% apresentavam sintomas depressivos leves (55,2%) ou graves (19,0%) e 59,5% apresentavam alterações cognitivas. A maior parte dos idosos, 88,8%, apresentou sono de má qualidade. A ocorrência de cochilos foi relatada por 70,7% dos idosos, com 19,0% referindo cochilar intencionalmente. A qualidade subjetiva do sono foi ruim/muito ruim para 50,0% dos participantes, a eficiência do sono foi inferior a 75% para 83,6%, e 64,7% utilizava medicação para dormir pelo menos uma vez por semana. Em todos os domínios da escala de qualidade de vida os escores apresentaram-se abaixo do terceiro quartil para a maior parte dos idosos, sugerindo má avaliação desses itens. À análise de regressão logística múltipla, verificou-se que os escores do domínio Conforto (O.R.=0,80) e da Escala de Depressão Geriátrica -GDS (O.R.=1,43) mostraram-se independentemente associados à má qualidade do sono. Os escores do domínio Segurança (O.R.=0,78) e da GDS (O.R.=1,22) mostraram-se independentemente associados à presença do cochilo, e o escore do domínio conforto (O.R.=1,31), ao cochilo intencional. Dentre os idosos que cochilavam, 56,1% apresentaram qualidade

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(77,2%) e ausência de disfunção diurna (68,2%). Todos os domínios da escala de qualidade de vida, exceto Autonomia e Segurança, tiveram melhor avaliação pelos idosos que cochilavam intencionalmente. Verificou-se que a relação entre sintomas depressivos e funcionalidade foi mediada pelo cochilo intencional. A avaliação detalhada do sono e a avaliação específica da qualidade de vida no contexto da institucionalização podem representar um ponto de partida para o delineamento de futuras intervenções que visem contribuir para a redução de problemas relacionados ao sono, com possíveis reflexos na qualidade de vida e de saúde dessa população.

Descritores: Sono; Transtornos do sono-vigília; Qualidade de vida; Idoso;

Instituição de Longa Permanência para Idosos.

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Sleep has been recognized as essential for the preservation of health and quality of life at all ages and in different contexts. This study aims to analyze the relationship between quality of sleep, naps and quality of life of elderly people living in long-term care facilities (LTCF), considering the influence of cognitive performance, performance in basic activities of daily life, depressive symptoms, time of institutionalization and marital status. Analytical, cross-sectional study, which data were collected through individual interviews with elderly residents from ten LTCF of two Brazilian cities (São Carlos and Campinas) located in Sao Paulo State. Instruments were applied to characterize the elderly and to evaluate cognition, sleep quality, quality of life in the institutional context, degree of independence in activities of daily living and depressive symptoms. Data were analyzed with correlation and association tests, univariate and multiple logistic analysis, and analysis of mediation. All ethical guidelines were followed. We studied 116 elderly residents, 56.9% of which were female, and mean age was 77.2 (SD = 9.0) years old. According to the results, 57.0% of the participants were dependent, partially or completely, in daily activities, 74.2% had depressive symptoms, mild (55.2%) or severe (19.0%) and 59.5% had cognitive impairment. Most of the elderly, 88.8% reported poor sleep. The occurrence of naps was reported by 70.7% of the elderly, with 19.0% of them referring intentional naps. Subjective sleep quality was poor / very poor for 50.0% of the participants, sleep efficiency was less than 75% to 83.6%, and 64.7% used sleep medication at least once a week. In all domains of the scale used for evaluation of quality of life, scores were below the third quartile for most of the elderly, suggesting poor evaluation of these items. In the multiple logistic regression analysis, it was found that the Comfort domain scores (O.R. = 0.80) and the scores of Geriatric Depression Scales - GDS (O.R. = 1.43) were independently associated with poor sleep quality. The scores of the Security domain (O.R. = 0.78) and GDS (O.R. = 1.22) were shown to be independently associated with the presence of naps, and the score of the Comfort domain (O.R. = 1.31), to intentional naps. Among seniors who napped, 56.1% reported poor / very poor subjective sleep quality. Among seniors who took naps intentionally, most (77.2%) presented good / very good sleep quality and 68.2% showed no daytime dysfunction. All domains of the

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depressive symptoms and functionality was mediated by intentional naps. A detailed sleep evaluation and assessment of quality of life in the context of institutionalization may represent a starting point for the design of future interventions aimed at contributing to the reduction of problems related to sleep, with possible impact on quality of life and health of this population.

Keywords: Sleep; Sleep wake disorders; Quality of life; Elderly; Homes for the

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Quadro 1 - Número de residentes das Instituições de Longa Permanência para Idosos conforme o tipo e localização da instituição e participantes da pesquisa. São Carlos, Campinas 2014.

49

Quadro 2 - Descrição dos domínios do constructo qualidade de vida segundo Rosalie Kane (2001).

56

Quadro 3 - Pontuação máxima e mínima dos domínios do constructo qualidade de vida segundo Rosalie Kane (2001).

57

Quadro 4 - Notas mínimas nos resultados do Mini Exame do Estado Mental para exclusão de suspeita de alteração cognitiva, segundo escolaridade

58

Quadro 5 - Avaliação dos resultados do Índice de Independência nas Atividades Básicas de Vida Diária de Katz.

59

Quadro 6 - Avaliação dos resultados da Escala de Depressão Geriátrica.

61

Quadro 7 Resumo da análise de regressão logística univariada do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI) com a Escala de Qualidade de vida para idosos residentes em instituições de longa permanência. São Carlos, Campinas, 2014.

84

Quadro 8 Resumo da análise de regressão logística múltipla para os componentes do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI) com a Escala de Qualidade de vida para idosos residentes em instituições de longa permanência. São Carlos, Campinas, 2014.

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ILPI SBGG PSQI ANVISA GDS

Instituição de Longa Permanência para Idoso Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh Agencia Nacional de Vigilância Sanitária Escala de Depressão Geriátrica

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPEA Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada ESCALA

QV - ILPI

Escala de Qualidade de Vida para Idosos Residentes em Instituições de Longa Permanência KATZ Instrumento para avaliação das atividades básicas

de vida diária MEEM

OMS

Mini Exame do Estado Mental Organização Mundial da Saúde

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios DP Desvio padrão

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Figura 1 - Modelo hipotético 1 43

Figura 2 - Modelo hipotético 2 44

Figura 3 - Modelo hipotético 3 44

Figura 4 - Modelo hipotético 4 45

Figura 5 - Modelo Hipotético - 1 Testado 128

Figura 6 - Modelo Hipotético 2 - Testado: 129

Figura 7 - Modelo Hipotético 3 - Testado 129

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Fluxograma 1 – Fluxograma 1 – Representação da análise de mediação. São Carlos, Campinas, 2014.

64

Fluxograma 2 – Representação da análise de mediação da relação entre a depressão e o índice KATZ mediada pela variável presença de cochilo. São Carlos, Campinas, 2014.

94

Fluxograma 3 – Representação da análise de mediação da relação entre a depressão e o índice KATZ mediada pela variável tipo de cochilo. São Carlos, Campinas, 2014.

95

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Gráfico 1 – Distribuição percentual dos idosos institucionalizados segundo a frequência de visitas recebidas. São Carlos, Campinas, 2014.

67

Gráfico 2 – Distribuição do percentual dos idosos segundo o tempo de institucionalização. São Carlos, Campinas 2014.

68

Gráfico 3 – Distribuição do percentual dos idosos institucionalizados segundo a qualidade do sono avaliada pelo Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI). São Carlos, Campinas, 2014.

70

Gráfico 4 - Distribuição do percentual dos idosos institucionalizados segundo a presença do cochilo. São Carlos, Campinas, 2014.

74

Gráfico 5 - Distribuição do percentual dos idosos que cochilam segundo o tipo de cochilo. São Carlos, Campinas 2014.

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Tabela 1 - Perfil dos idosos institucionalizados segundo as variáveis sociodemográficas. São Carlos, Campinas 2014.

66

Tabela 2 - Distribuição dos idosos institucionalizados por sexo, segundo o desempenho no Índice de Independência nas atividades de vida diária de KATZ, Escala de Depressão Geriátrica e Mini Exame do Estado Mental. São Carlos, Campinas, 2014.

68

Tabela 3 - Estatística descritiva para os escores do Índice de Independência nas atividades de vida diária de KATZ e da Escala de Depressão Geriátrica, segundo o sexo. São Carlos, Campinas, 2014.

69

Tabela 4 - Estatísticas descritivas para os escores do Índice de Independência nas atividades de vida diária de KATZ e da Escala de Depressão Geriátrica, por faixa etária. São Carlos, Campinas, 2014.

69

Tabela 5 - Estatísticas descritivas para as variáveis idade, anos de escolaridade, tempo de institucionalização e escores do Mini-Exame do Estado Mental, Índice de independência nas atividades diárias de KATZ e Escala de Depressão Geriátrica. São Carlos, Campinas, 2014.

70

Tabela 6 - Estatísticas descritivas segundo o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI). São Carlos, Campinas, 2014.

71

Tabela 7 - Característica do sono dos idosos participantes de acordo com o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI). São Carlos, Campinas, 2014.

71

Tabela 8 - Frequência dos transtornos do sono noturno dos idosos institucionalizados, segundo o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI). São Carlos, Campinas 2014.

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institucionalizados. São Carlos, Campinas 2014.

Tabela 10 - Domínios da “Escala de Qualidade de Vida para Idosos Residentes em Instituições de Longa Permanência” com escores categorizados de acordo com o terceiro quartil. São Carlos, Campinas, 2014.

75

Tabela 11 - Estatística descritiva dos escores, através do terceiro quartil (𝑄3 4⁄ ), dos domínios da Escala de Qualidade de vida para

idosos residentes em instituições de longa permanência. São Carlos, Campinas, 2014.

76

Tabela 12 - Correlação entre o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI) e as variáveis: domínios da Escala de Qualidade de Vida para Idosos Residentes em Instituições de Longa Permanência, tempo de institucionalização, Mini Exame do Estado Mental (MEEM), Índice de Katz e Escala de Depressão Geriatra (GDS). São Carlos, Campinas, 2014.

72

Tabela 13 - Associação entre a qualidade do sono e as variáveis: faixa etária, estado civil, recebe visitas, presença de alteração cognitiva, independência nas atividades de vida diária e sintomas depressivos. São Carlos, Campinas, 2014.

77

Tabela 14 - Comparação dos escores do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh em função das variáveis faixa etária, estado civil, receber visitas, alteração cognitiva, independência em atividades de vida diária, e sintomas depressivos. São Carlos, Campinas, 2014.

78

Tabela 15 - Regressão linear do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI), com as categorias orientação temporal, memória imediata e memória de longo prazo, do instrumento Mini Exame do Estado Mental (MEEM). São Carlos, Campinas, 2014.

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2014.

Tabela 17 - Análise de regressão logística simples e múltipla da variável presença do cochilo. São Carlos, Campinas, 2014.

86

Tabela 18 - Análise de regressão logística simples e múltipla da variável tipo de cochilo. São Carlos, Campinas, 2014.

88

Tabela 19 - Teste de associação entre presença de cochilos e os componentes do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh, segundo as respostas dos idosos institucionalizados. São Carlos, Campinas 2014.

89

Tabela 20 - Associação entre o tipo de cochilo com os componentes do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (PSQI). São Carlos, Campinas 2014.

91

Tabela 21- Comparação da Eficiência Habitual do Sono e da pontuação obtida nos onze domínios da “Escala de qualidade de vida para idosos residentes em instituições de longa permanência”, em função da presença de cochilo. São Carlos, Campinas 2014.

92

Tabela 22 - Comparação da eficiência habitual do sono e da pontuação obtida nos onze domínios da “Escala de qualidade de vida para idosos residentes em instituições de longa permanência”, em função do cochilo intencional ou não. São Carlos, Campinas 2014.

93

Tabela 23 - Análise de mediação entre as variáveis “Índice de Katz para Atividades de Vida Diária” (KATZ) e Escala de depressão geriátrica (GDS). São Carlos, Campinas, 2014.

94

Tabela 24 - Análise de mediação entre as variáveis “Índice de Katz para Atividades de Vida Diária” (KATZ) e Escala de depressão geriátrica (GDS). São Carlos, Campinas, 2014.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 22

1.1 Panorama do envelhecimento da população brasileira 22 1.2 Instituição de Longa Permanência para Idosos - ILPI 23 1.3 O sono e os cochilos no envelhecimento e na institucionalização 27 1.4 Qualidade de vida no contexto da institucionalização 34

2. JUSTIFICATIVAS 38

3. OBJETIVOS 41

3.1 Objetivo geral 40

3.2 Objetivos específicos 40

4. HIPÓTESES E MODELOS HIPOTÉTICOS SUGERIDOS 43

5. MÉTODO 47

5.1 Desenho do estudo 47

5.2 Local de estudo 47

5.3 Participantes 48

5.4 Procedimentos éticos 50

5.5 Procedimentos para a coleta de dados 50

5.6 Variáveis 51

5.7 Instrumentos 57

5.8 Análises de dados 61

6. RESULTADOS 66

Parte 1 - Caracterização dos idosos 66

Parte 2 - Qualidade do sono e da qualidade de vida dos idosos institucionalizados

70

Parte 3 - Fatores associados a qualidade do sono e aos cochilos 76

Parte 3.1- Qualidade do sono e fatores associados 76

Parte 3.2- Presença e tipo de cochilos e fatores associados 86

7. DISCUSSÃO 97

8. MODELOS HIOPOTETICOS TESTADOS 128

9.SUGESTÕES E IMPLICAÇÕES PARA PRÁTICA 132

10. CONCLUSÃO 135

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 139

11. APÊNDICES 167

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1.1 PANORAMA DO ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

O Brasil passa por um processo de envelhecimento populacional rápido e intenso. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios realizada em 2012, 11% da população brasileira tem mais de 60 anos (IBGE, 2012). A população idosa brasileira passará de um total de quase 20 milhões de pessoas, em 2010, para aproximadamente 65 milhões, em 2050 (BANCO MUNDIAL, 2011).

De acordo com a projeção mais recente realizada pelo IBGE, a proporção de jovens de 0 a 14 anos de idade vem diminuindo gradualmente e atingirá 13,0% na população brasileira em 2060. Para aqueles com 15 a 29 anos de idade a tendência de diminuição de sua participação na população brasileira também é observada, chegando a 15,3% no ano final da projeção. No grupo de 30 a 59 anos de idade percebe-se certa estabilidade ao longo do tempo, variando de 41,3% em 2020 a 38,0% em 2060. Entretanto, para o grupo de idosos com 60 anos ou mais o aumento na participação relativa é acentuado, passando de 13,8%, em 2020, para 33,7%, em 2060, ou seja, um aumento de 20 pontos percentuais (IBGE, 2013). O grupo de idosos com 60 anos ou mais de idade será maior que o grupo de crianças com até 14 anos de idade após 2030, e em 2055 a participação de idosos na população total será maior que a de crianças e de jovens com até 29 anos de idade (IBGE, 2013).

O crescimento elevado da população de idosos ocorre em um contexto de transformações acentuadas na estrutura familiar brasileira. As famílias que tradicionalmente cuidam de seus idosos sofrem alterações na sua estrutura e no seu funcionamento (CAMARANO, 2010). Atualmente, elas são menos extensas, com uma quantidade menor de filhos, muitos casais são divorciados e aumentou a participação das mulheres no mercado de trabalho, provocando uma alteração no papel social da mulher e nas relações de gênero tradicionais, nas quais se considerava o homem como "provedor" e a mulher como "cuidadora" (IBGE, 2012; IPEA, 2011).

Essas alterações familiares trouxeram várias consequências negativas em relação ao cuidado de longa duração para a população idosa, sendo que cerca de um em cada quatro idosos no Brasil vivem em arranjos formados por casais sem filhos, outros parentes ou agregados e 14,8% dos idosos vivem em domicílios

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unipessoais, ou seja, sem a presença de outra pessoa com vínculo familiar (IPEA, 2011; IBGE, 2013). Estima-se que o país, em, 2020, terá o dobro de pessoas idosas sendo cuidadas por não familiares em relação ao ano de 2008 (BANCO MUNDIAL, 2011). Em razão de todo o exposto, observa-se um aumento significativo na busca por modelos alternativos de cuidados a idosos, em especial por Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs).

1.2 INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS – ILPI

A denominação de Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) é recente no Brasil. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), em 2003, através da publicação do "Manual de Funcionamento das Instituições de Longa Permanência para Idosos", sugeriu a denominação do termo Instituição de Longa Permanência para Idosos, adaptando o termo Long-Term Care Institution, utilizada pela Organização Mundial de Saúde.

Os resultados de uma pesquisa de caráter censitário sobre o perfil das ILPIs no Brasil, realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas (IPEA) mostrou que existem cerca de 3548 instituições no Brasil, o que significa dizer que 0,5% da população com mais de 60 anos encontra-se institucionalizada. A procura tende a ser crescente e a fila de espera para uma vaga leva meses (CAMARANO; SCHARFSTEIN, 2010).

A maioria das instituições brasileiras (65,2%) são filantrópicas, seguindo-se as privadas (28,2%) e as públicas (6,6%), e o número de instituições privadas com fins lucrativos tende a aumentar (CAMARANO; SCHARFSTEIN, 2010). Na primeira década deste século, observa-se que foram inauguradas mais instituições privadas com fins lucrativos do que instituições filantrópicas (CAMARANO; SCHARFSTEIN, 2010).

A região sudeste representa a região com maior concentração de ILPI do país, com um total de 2.255, as quais abrigam 56,0% dos idosos brasileiros institucionalizados. Os números indicam que 109.447 leitos das instituições brasileiras estão ocupados, representando 99,0% da sua capacidade de ocupação. Mais de dois terços dos municípios brasileiros não possuem nenhuma instituição de longa permanência para idosos. Além disso, têm aumentado a ocupação dos

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leitos de hospitais públicos como um espaço de abrigo para idosos (CAMARANO; SCHARFSTEIN, 2010).

A ILPI é compreendida como uma modalidade de atendimento a idosos, cuja origem está relacionada aos asilos. Estes foram criados sob a perspectiva da caridade, como uma alternativa de atendimento ao idoso fora do âmbito familiar, com o objetivo de atender uma população carente que necessitava de abrigo (ROMDHANE; OUANES; MELKI, 2014; CAMARANO, 2010; REDONDO; LLOYD - SHERLOCK, 2009). No entanto, por causa do rápido processo de envelhecimento, do aumento da longevidade e do aumento das condições crônicas de saúde, os idosos estão se tornando cada vez mais dependentes (PULIDO et al., 2016; VALENZA, et al, 2013; SUZUKI; DEMARTINI; SOARES, 2009). As famílias passam então a buscar as instituições para auxiliar no cuidado a esses idosos com diferentes necessidades de saúde. Assim, estas instituições passaram a ter objetivos híbridos, assumindo além do papel social e de proteção, o papel também de cuidado a saúde (PULIDO et al., 2016; VALENZA et al, 2013; GALLON et al., 2011; OLIVEIRA; GOMES; PAIVA, 2011; CAMARANO, 2010; LUPPA et. al., 2009; PAVAN; MENEGHEL; JUNGERS, 2008).

Pesquisas com idosos institucionalizados revelam que os usuários destas instituições apresentam elevada prevalência de demência e dependência mental e física (DOMICIANO et al.,2016; BERTOLDI et al., 2015; OLIVEIRA; et al, 2014; ROMDHANE; OUANES; MELKI, 2014; LORENZINI, MONTEIRO; BAZZO, 2013; SUZUKI; DEMARTINI; SOARES, 2009).

Em um estudo que objetivou identificar o perfil clínico de idosos institucionalizados, os autores constataram que 81,5% destes possuíam alguma doença crônica, 83,3% faziam uso contínuo de medicação e, 74,1% encontravam-se frágeis (BORGES et al., 2015).Os autores pontuam que uma atenção especial deve ser dada ao idoso institucionalizado, a fim de prevenir a incapacidade funcional e o declínio cognitivo, o que exige que os profissionais de saúde conheçam as características desses idosos, a fim de dispor de conhecimentos essenciais para melhorar a assistência ofertada no âmbito das ILPIs (BORGES et al., 2015).

O baixo nível de escolaridade, viver sozinho ou ser inquilino, receber poucos cuidados, são fatores que, verificados no momento de admissão, aumentam o risco

(25)

de estadias mais longas terminais nas ILPIs (HEDINGER; HAMMIY; BOPP, 2015). Por outro lado, ter um alto nível de escolaridade, ser proprietário de sua residência, ser casado, bem como um elevado nível de cuidados no momento da admissão são fatores que influenciam na diminuição do risco para estadias mais longas e terminais na ILPIs (HEDINGER; HAMMIY; BOPP, 2015).

Em um estudo realizado com 86 idosos brasileiros residentes em ILPIs, os autores identificaram níveis pressóricos elevados (30,2%), declínio cognitivo (58,7%) e incontinência urinária (50%). Todos eram dependentes para as atividades instrumentais da vida diária, e 70,9% não praticavam qualquer religião (TAVARES; OLIVEIRA, 2014). Os autores ressaltam que as necessidades psicobiológicas foram as mais afetadas, principalmente, as relativas à percepção sensorial, nutrição/hidratação e locomoção. Além disso, os idosos não apenas recebem cuidados nestes locais, mas residem e convivem com uma realidade diferente da vivenciada até o momento da institucionalização (TAVARES; OLIVEIRA, 2014).

Os serviços de cuidados a idosos oferecidos no domicílio foram comparados aos serviços de cuidados no âmbito institucional, em um estudo longitudinal realizado na Coréia por um período de três anos (CHOI; JOUNG, 2016). Os autores verificaram que o risco de mortalidade dos idosos institucionalizados foi significativamente maior do que o de idosos que recebiam cuidados em seus domicílios, bem como que o sexo masculino, a idade mais avançada e a dependência nas atividades da vida diária foram fatores de risco para mortalidade. (CHOI; JOUNG, 2016).

Outra grande preocupação no cenário da institucionalização dos idosos é a alta prevalência de sintomas depressivos, os quais são encontrados mais frequentemente entre os idosos institucionalizados do que entre os que moram na comunidade. Os sintomas depressivos podem estar presentes em até 30,5% dos residentes em ILPI, de acordo com resultados de um estudo de revisão (THAKUR, 2008). Em uma pesquisa nacional, realizada na região nordeste do país, a prevalência de sintomas depressivos foi significativamente maior entre idosos institucionalizados (61,7%) do que entre idosos que residiam na comunidade (22,0%). Segundo os autores, esses sintomas podem ser potencializados pelo desenvolvimento da dependência funcional, presença de doenças e pela

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dificuldade por parte dos profissionais de saúde e cuidadores em reconhecerem tais sintomas entre os idosos institucionalizados (MARINHO et al, 2010).

Em outra pesquisa nacional, que objetivou analisar a relação entre sintomas depressivos e funcionalidade familiar em idosos institucionalizados, os autores verificaram que 67,0% dos idosos apresentavam sintomas depressivos, dentre os quais 43,0% tinham depressão leve e 24,0%, depressão severa. Os idosos com sintomas depressivos eram mais disfuncionais em relação à sua família, e os idosos com disfunção familiar apresentaram chances seis vezes maiores de manifestarem sintomas depressivos (OLIVEIRA; SANTOS; PAVARINI, 2014). Um estudo norte-americano mostrou que a porcentagem de idosos institucionalizados com sintomatologia depressiva foi maior entre aqueles recentemente admitidos (HOOVER et al., 2010). Os autores encontraram 54% dos idosos com diagnóstico de depressão durante o primeiro ano de institucionalização, 32%, durante a admissão na instituição e 21% depois do primeiro ano de residência no local, resultado que pode estar relacionado ao fato deste primeiro ano ser caracterizado por mudanças e adaptações (HOOVER et al, 2010).

A Organização Mundial da Saúde considerou a depressão grave como a principal causa de incapacidade em todo mundo (OMS, 2001). Ocupa o quarto lugar entre as dez principais causas de doença e, segundo as projeções, ocupará o segundo lugar nos próximos 20 anos (OMS, 2001), o que evidencia o impacto de sua elevada prevalência entre idosos.

A literatura evidencia, portanto, que a institucionalização está cada vez mais associada à dependência física e aos sintomas depressivos (DOMICIANO et al.,2016; FERREIRA; DIAS, FERNANDES et al, 2016; BERTOLDI et al., 2015; FRADE et al, 2015; NÓBREGA et al., 2015; LAMPERT; ROSSO, 2015; FERREIRA et al.,2014; OLIVEIRA; SANTOS; PAVARINI, 2014). A doença física contribui para elevar a morbidade depressiva, seja por mecanismos psicológicos ou orgânicos e o comprometimento funcional é fator de risco para depressão (GALHARDO; MARIOSA; TAKATA, 2010). Em um estudo brasileiro sobre capacidade funcional, declínio cognitivo e depressão em idosos institucionalizados, foi encontrado um aumento na prevalência de sintomas depressivos associado ao comprometimento da capacidade funcional dos idosos (SOARES; COELHO; CARVALHO, 2012). O índice de depressão clínica significativa é três vezes mais elevado em pessoas

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totalmente dependentes do que em indivíduos independentes (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2012).

Frente ao exposto, conclui-se que a chegada de um idoso em uma ILPI representa um grande desafio, visto que se trata de um momento de grandes transformações em seu estilo de vida. Dentre as várias consequências da entrada do idoso no ambiente institucional, encontram-se as alterações na qualidade do sono que podem ser atribuídas, em grande parte, ao ambiente e às rotinas da ILPI, assim como à presença associada dos sintomas depressivos, tão prevalentes nessa população (ROMDHANE; OUANES; MELKI, 2014; VALENZA et al., 2013).

1.3 O SONO E OS COCHILOS NO ENVELHECIMENTO E NA INSTITUCIONALIZAÇÃO

O sono pode ser definido como um estado reversível, cíclico e funcional, no qual se observa um indivíduo com uma imobilidade relativa, havendo o aumento do limiar de resposta aos estímulos externos (CASAL, 1990); ou, ainda, como um estado fisiológico especial e cíclico que ocorre em vários seres vivos do reino animal, nos quais se observam comportamentos de repouso e atividade (FERNANDES, 2006). O sono também é definido como um comportamento complexo, caracterizado por ausência de percepção e de respostas ao ambiente, facilmente reversível por meio de estímulos mais intensos. Observa-se durante o sono, no ser humano, os olhos fechados, a postura típica em posição de decúbito e a quietude comportamental (KALIA, 2006).

O conceito de ritmos circadianos foi definido por Franz Halberg em 1959 (circa, próximo; diem, dia). O ritmo, ou ciclo circadiano é o ritmo de distribuição de atividades biológicas ao longo de aproximadamente 24 horas, como é o ciclo vigília/sono (SANTOS et al, 2014). Esse ciclo se caracteriza pela repetição regular dos episódios de sono noturno, em alternância com a vigília diurna. Uma vez que os ritmos, sincronizados à periodicidade ambiental, têm duração de 24 horas exatas, o termo “ritmo circadiano” deve ser utilizado preferencialmente para oscilações em livre curso, ou seja, em condições constantes (SANTOS et al 2014). As alterações no padrão do sono associadas com o envelhecimento podem corresponder a distúrbios do sono ou a prejuízos da sua qualidade. Dentre elas, destacam-se: redução quantitativa dos estágios de sono profundo, redução do

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limiar para o despertar devido a ruídos, associado ao aumento quantitativo do sono superficial, maior latência para o início do sono, redução da duração total do sono noturno, maior número de transições de um estágio para outro e para a vigília, maior frequência de distúrbios respiratórios durante o sono, consequente redução da eficiência e aumento das interrupções do sono noturno, e despertar precoce (PAPP, et al, 2014; MONTEIRO; NERI, CEOLIM, 2014; COSTA; CEOLIM; NERI, 2011).

Dentre os distúrbios do sono que se apresentam com alta prevalência entre a população idosa, em geral, verificam-se principalmente insônia, síndrome da apneia do sono e parassonias tais como a síndrome das pernas inquietas e os movimentos periódicos das pernas (OLIVEIRA et al., 2010).

Os idosos residentes em ILPIs podem apresentar tais alterações do sono noturno e do ritmo circadiano de vigília/sono, associadas ao processo de envelhecimento, com maior frequência ou gravidade em relação aos idosos da comunidade (ROMDHANE; OUANES; MELKI, 2014, FIENOL; SOYUER; FIENOL, 2013). Os distúrbios de sono também são mais comuns e mais severos entre idosos residentes em ILPI do que entre os que residem em seus lares (SILVIA et al., 2015; LEAL et al, 2014; VOYER et al., 2006).

Estudos conduzidos com idosos institucionalizados, no Brasil e em diversos outros países do mundo, revelam de forma consistente a elevada prevalência de sono de má qualidade e distúrbios do sono entre eles. No Brasil, Araújo e Ceolim (2010) observaram que, em uma cidade do interior do estado de São Paulo, 63,0% dos idosos institucionalizados apresentavam sono de má qualidade, de acordo com o escore obtido no Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI).

Nos Estados Unidos, mais da metade de pessoas idosas residentes na comunidade e dois terços das institucionalizadas apresentam transtornos do sono (SHOCHAT; LOREDO; ANCOLI-ISRAEL, 2001). Além disso, a literatura evidencia associação do sono do idoso institucionalizado com as variáveis cognição (TRINDADE et al. 2013; SHARMA et al., 2014) e com a funcionalidade (LI JUNXIN; CHANG; POROCK, 2015; ROMDHANE; OUANES; MELKI, 2014).

Um estudo de revisão sistemática da literatura revela a duração aumentada do sono está associada à presença de alterações cognitivas em adultos de meia idade e idosos (DEVORE; GRODSTEIN, SCHERNHAMMER, 2016).

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A associação entre distúrbios do sono e cognição foi avaliada em 740 idosos alemães por um período de três anos, em um estudo populacional e longitudinal. JOHAR et al., 2016). Os distúrbios de sono, caracterizados pela dificuldade de iniciar ou manter o sono, sonolência diurna e duração do sono excessivo influenciaram no desenvolvimento de alterações cognitivas ao longo do estudo (JOHAR et al., 2016). Assim, os autores acreditam que a identificação da qualidade do sono prejudicada pode oferecer estratégias de intervenção precoces para deter o declínio cognitivo em idosos com função cognitiva normal (JOHAR et al., 2016). A duração do sono (inferior a seis ou superior a oito horas por noite) foi considerada um possível marcador para demência em um estudo realizado com mulheres idosas nos Estados Unidos (CHEN et al., 2016).

Na Turquia, um estudo com 116 idosos institucionalizados revelou que mais da metade destes apresentavam má qualidade do sono. As variáveis sexo (feminino), estado civil (viúvo, solteiro ou desquitado), tempo de institucionalização, presença de doenças crônicas que podem ocasionar depedência e sintomas depressivos influenciaram significativamente a má qualidade do sono (FIENOL; SOYUER; FIENOL, 2013).

As relações entre a qualidade do sono e a funcionalidade foi pesquisada em 334 idosos institucionalizados, na Espanha. Os autores verificaram que a maioria dos idosos (73,1%) apresentavam sono de má qualidade de acordo com o PSQI, bem como identificaram associação significativa entre a má qualidade de sono e a dependência funcional (VALENZA et al., 2013).

Condições clínicas e psiquiátricas associadas à má qualidade do sono são prevalentes em ILPI e contribuem para aumentar a frequência das queixas (ADEGBOLA, 2015; GINDIN et al., 2014; FLICK, HOMOLOVÓ, ROHNSCH, 2012; VOYER et al., 2006). Dentre essas condições, cabe destacar a associação entre o sono de má qualidade e os sintomas depressivos, encontrada em diferentes estudos com idosos institucionalizados (LACRUZ et al., 2016; KENT et al., 2015; LEAL et al., 2014; ROMDHANE; OUANES, MELKI, 2014; FIENOL; SOYUER; FIENOL, 2013; NEU; et al, 2011; CORREA; CEOLIM, 2008).

Estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos têm confirmado que mais de 80% de idosos com depressão apresentam alterações do sono (HYONG et al, 2008). Distúrbios do sono e depressão em indivíduos mais velhos estão

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associados com o aumento dos riscos de acidentes, quedas ou desenvolvimento de problemas de saúde que podem levar a mortalidade (COSTA; CARVALHO, FERNANDES, 2013). Dentre estes, pode-se citar principalmente a hipertensão, a depressão, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares (BLOM et al., 2009).

Em um estudo realizado em Portugal com o objetivo de identificar variáveis sociodemográficas e emocionais associadas à qualidade subjetiva do sono, em 334 idosos institucionalizados, o autor encontrou uma média alta de sintomas depressivos e de afetividade negativa, e uma média baixa de qualidade subjetiva do sono e afetividade positiva (CARDOSO, 2013). Os resultados evidenciaram que a idade, a baixa escolaridade, a sintomatologia depressiva e o sexo feminino podem influenciar a qualidade subjetiva do sono nos idosos. Evidenciaram ainda que o afeto negativo associado com a solidão, se relaciona com a qualidade subjetiva do sono (CARDOSO, 2013).

A melhora da qualidade do sono de idosos foi obtida por meio do tratamento dos sintomas depressivos que estes apresentavam, e que tinham associação com o sono de má qualidade, segundo evidenciou um estudo de revisão bibliográfica sobre depressão, envelhecimento e distúrbios do sono (DEVORE; GRODSTEIN; SCHERNHAMMER, 2016). Portanto, intervenções que combatam a presença desses sintomas em idosos institucionalizados são recomendadas (LEAL et al, 2014; ROMDHANE; OUANES, MELKI, 2014; FIENOL; SOYUER; SENOL, 2013; NEU et al, 2011; CORREA; CEOLIM, 2008).

Os distúrbios de sono podem ser tratados por intervenções farmacológicas ou não farmacológicas. O tratamento farmacológico inclui o uso uma serie de medicações, principalmente os hipnóticos e sedativos, com destaque para os benzodiazepínicos (BLOOM et al., 2009; MARTIN, 2007). No entanto, medicações diversas podem agravar os problemas de sono, inclusive os hipnóticos, em especial quando se tenta fazer a sua retirada após uso prolongado, podendo ocasionar dependência e provocar efeitos colaterais (FLICK, HOMOLOVÓ, ROHNSCH, 2012; BLOOM et al., 2009; VOYER et al., 2006).

Essas alterações e distúrbios do sono, citados em idosos, geralmente ocasionam a fragmentação do sono, com despertares noturnos frequentes, que pode produzir sonolência diurna excessiva e consequentemente favorecer a ocorrência de cochilos diurnos (SIMONCINI et al., 2015; ARAÚJO; CEOLIM, 2010;

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VOYER et al., 2006), em especial nos ambientes mais monótonos, tal como as ILPI (SILVA et al., 2015). Portanto, outro ponto importante relacionado ao sono a ser considerado é a ocorrência de cochilos entre os idosos institucionalizados.

O cochilo pode ser considerado como um curto período de repouso em que a atividade e as reações a estímulos externos tornam-se reduzidas (YILMAZ, 2007). Outros autores definiram cochilo como qualquer período de sono inferior a 50% da duração média do sono noturno de uma pessoa (DINGES et al.,1987).

As pessoas idosas habitualmente relatam cochilar (CHEN et al., 2015; XU et al., 2010; VITIELO, 2008). Pesquisas indicam que idosos geralmente dormem mais do que adultos jovens durante o dia, e que o aumento da tendência ao sono no período da tarde faz com que os cochilos aconteçam com maior probabilidade neste momento do dia (GOLDMAN et al., 2008; NATIONAL SLEEP FOUNDATION, 2003).

Os cochilos também podem ser classificados de acordo com sua intencionalidade. Dinges (1992) classificou como “cochilo de substituição” os cochilos realizados de forma não intencional, e como “cochilo apetitivo” àqueles realizados de forma intencional. Em sua definição, o cochilo de substituição provavelmente ocorre de maneira involuntária e quando o indivíduo se sente cansado (DINGES, 1992), ou seja, estaria mais associado à sonolência diurna e ao sono de má qualidade. O cochilo apetitivo ocorre de maneira voluntária e sem levar em consideração a presença de fadiga (DINGES, 1992). O autor sugere que haveria uma tendência para que o cochilo apetitivo ocorra um pouco mais cedo, dentro do período da tarde, em relação ao cochilo de substituição (DINGES, 1992). No entanto, observa-se uma grande carência na literatura sobre estudos que distinguem o cochilo intencional de um cochilo não intencional.

O tempo despendido para os cochilos diurnos pode impactar tanto positivamente quanto negativamente a saúde dos idosos (CROSS et al., 2015). Cochilos longos são prejudiciais à saúde, resultando em inércia do sono e interferindo na duração e qualidade do sono noturno. Os cochilos curtos, por outro lado, seriam benéficos, ao aumentarem a vigilância (CROSS et al., 2015).

Como já mencionado anteriormente, a institucionalização potencializa os distúrbios do sono (SILVIA et al., 2015; LEAL et al, 2014), e o ambiente institucional, que muitas vezes é marcado pela inatividade física e mental de seus residentes,

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estimula a ocorrência de cochilos, principalmente os diurnos (SILVA et al., 2015; OZLEM, 2012).

Na Turquia, em um estudo realizado com 73 idosos institucionalizados, 44% destes apresentavam má qualidade de sono, 19% tinham sonolência diurna e a duração média de cochilos durante o dia era de uma hora (OZLEM, 2012). Os autores constataram que 60% dos participantes apresentavam sintomas depressivos, havendo correlação significativa entre componentes do PSQI (qualidade subjetiva do sono, latência do sono e distúrbios do sono), utilizado para avaliação da qualidade do sono, e o escore de depressão (OZLEM, 2012). Além disso, a frequência do cochilo diurno foi correlacionada com o escore da depressão (OZLEM, 2012).

Não é incomum encontrar o cochilo associado aos principias distúrbios do sono. A literatura aponta associação, nos idosos, entre os cochilos e a mortalidade e comorbidades, principalmente em estudos relacionados a sonolência excessiva e aos cochilos longos (YANG et al., 2016; CROSS et al., 2015; CHEN et al, 2015; TANABE et al, 2010; FICCA et al., 2010; STONE et al, 2009).

Revisão literária realizada por autores brasileiros sobre transtornos do sono e ritmos circadianos encontrou que uma das principais problemáticas relacionadas ao ritmo circadiano consiste no padrão irregular do ciclo sono-vigília (MARTINEZ; LENZ; MENNA – BARRETO, 2008). O indivíduo acometido por este transtorno pode apresentar tanto insônia como sonolência excessiva crônica, na qual a presença de cochilos é comum, a qualquer hora do dia. (MARTINEZ; LENZ; MENNA – BARRETO, 2008).

Contudo, o hábito do cochilo também pode ser considerado como um estilo de vida saudável para os idosos, especialmente na China, na America Latina e na população do Mediterrâneo (CHEN et al., 2015; LAN et al., 2007). O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar no Japão propôs um plano chamado 'Saúde Japão', que envolve várias medidas relacionadas a saúde e entre elas, medidas que visam reconhecer o sono como um hábito de vida relevante para a saúde e que necessita de maiores considerações e atuações por parte das políticas públicas (TAMURA; TANAKA, 2014).

Os benefícios de cochilos curtos realizados em horários estratégicos em idosos foram observados em pesquisa realizada no Japão (TANAKA, TAMURA,

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2016). Vinte e três idosos foram submetidos à prática de cochilos intencionais, após o almoço e com duração aproximada de 30 minutos, e, também, a realizarem atividades físicas leves (exemplo: alongamento) no período vespertino, por volta das 17 horas (TANAKA, TAMURA, 2016). Os participantes foram analisados antes e após a intervenção supracitada por intermédio de actigrafia. Após quatro semanas do início da intervenção, os idosos apresentaram melhoras em relação a qualidade do sono, saúde física, mental e funções cerebrais (TANAKA, TAMURA, 2016). Além disso, houve benefícios na latência do sono, no sentimento de satisfação com o sono, melhora do humor durante a manhã e diminuição da sonolência diurna (TANAKA, TAMURA, 2016). Os autores acreditam que a redução da sonolência contribuiu na melhora da função cerebral dos participantes. (TANAKA, TAMURA, 2016).

Desta forma, argumentos a favor e contra o cochilo ainda não estão claramente definidos (CHEN et al., 2015). O hábito de cochilar pode ser benéfico ou problemático, dependendo das circunstâncias individuais, da qualidade do sono individual, do estado de saúde e das condições de vida, portanto vários fatores como sua intencionalidade, frequência, duração, entre outros, devem ser considerados (YANG et al., 2016; CROSS et al., 2015; CHEN et al, 2015) para uma avaliação mais completa.

A literatura também evidencia associação entre cochilo e sintomas depressivos entre idosos (OWENS et al., 2010; NATIONAL CENTER FOR HEALTH STATISTICS, 2009; GOLDMAN et al., 2008), os quais, por sua vez, encontram-se relacionados à redução da independência funcional (ROMDHANE; OUANES; MELKI, 2014), conforme apontado anteriormente. Desta forma, os cochilos, em especial os cochilos não intencionais, poderiam se constituir em mecanismos importantes na manutenção dessa associação entre incapacidade funcional (SONG et al., 2015; VALENZA et al., 2013) e sintomas depressivos (PETH et al, 2012) entre idosos.

Diante do exposto, ressalta-se que a má qualidade do sono e a presença de cochilos, em especial os não intencionais (que podem indicar sonolência diurna excessiva), por seu potencial em provocar impacto negativo na qualidade de vida de idosos institucionalizados, devem ser consideradas como importantes fatores a

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serem analisados e acompanhados no cotidiano da institucionalização (TANAKA, TAMURA, 2016; HIDEKI; NORIHISA; 2016; LEAL et al., 2014; ROMDHANE; OUANES, MELKI, 2014; FIENOL; SOYUER; FIENOL, 2013; ARAÚJO, CEOLIM, 2010; VOYER et al., 2006).

1.4 QUALIDADE DE VIDA NO CONTEXTO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO

A institucionalização do idoso deve garantir a qualidade de vida fora do seu ambiente familiar (POVOA, 2010). Assim, são necessárias medidas que avaliem e investiguem o quanto a ILPI favorece ou não a qualidade de vida (QV) para seus moradores.

O construto QV apresenta intersecções com aspectos biológicos, como condição de saúde, sono, status funcional e incapacidade/deficiência (BOWLING, 2005); vertentes psicossociais, como bem-estar, satisfação e felicidade (LAWTON, 1991; DIENER; SUH, 1997; LYUBOMIRSKY; KING; DIENER, 2005; SKEVINGTON; LOTFY; O'CONNELL, 2004) e fatores econômicos (BOWLING, 2005; LAWTON, 1991).

O World Health Organization Quality Of Life Working Group

(WHOQOL-Group) definiu qualidade de vida como “a percepção do indivíduo de sua posição

na vida, no contexto de sua cultura e no sistema de valores em que vive e em relação a suas expectativas, seus padrões e suas preocupações” (WORLD HEALTH ORGANIZATION QUALITY OF LIFE WORKING GROUP, 1995, p.1405). Assim, QV é um conceito bastante amplo, que incorpora vários domínios como saúde física, estado psicológico, nível de independência, relações sociais, crenças pessoais e relação com aspectos significativos do meio ambiente (WORLD HEALTH ORGANIZATION QUALITY OF LIFE WORKING GROUP, 1995).

Uma pesquisa com objetivo de comparar a QV de 70 idosos independentes e residentes em instituições e 210 não institucionalizados, na região metropolitana de Vitória (ES), que utilizou como instrumento o WHOQOL-bref mostrou que os idosos residentes em ILPI apresentaram pior qualidade de vida quando comparados aos idosos não institucionalizados. Os autores concluíram que a institucionalização foi um fator determinante da QV (OLIVEIRA; GOMES; PAIVA, 2011).

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Na avaliação da QV do idoso é necessário considerar e adotar múltiplos critérios de natureza biológica, psicológica e socioestrutural, uma vez que vários elementos são apontados como fundamentais ou indicadores de bem-estar na velhice, como: longevidade, saúde biológica, saúde mental, controle cognitivo, competência social, renda, continuidade de papeis familiares, ocupacionais e continuidade de relações informais com amigos (NERI, 1993).

Traduzir os vários aspectos dos componentes da QV em valores quantitativos é uma tarefa difícil, pois implica na necessidade de avaliar dimensões múltiplas, com avaliação de itens múltiplos de cada dimensão. A consequência desta complexidade é o desenvolvimento, nos últimos anos, de um grande número de instrumentos de medida (KURTNER, 1994).

Houve na última década uma proliferação de instrumentos de avaliação de qualidade de vida e afins, tais como SF – 36, o WHOQOL -100 e o Quality of Life Index (SEIDL; ZANNON, 2004). Foram encontrados estudos onde se mensurou a QV de idosos residentes em ILPI, porém utilizando-se para isso instrumentos genéricos (GOMES et al., 2014; MALDEREN; METS, GORUS, 2013; OLIVEIRA; GOMES; PAIVA, 2012).

Deve-se considerar que preservar e promover a qualidade de vida de idosos residentes em ILPI é um desafio constante de saúde física e mental no cuidado de longa duração, entretanto existe a escassez de instrumentos específicos que avaliem a qualidade de vida no contexto institucional, tendo-se conhecimento, até o momento, de um único instrumento com essa finalidade (KANE et al., 2003). Autora americana elaborou e validou um instrumento específico para avaliar a qualidade de vida de idosos institucionalizados, denominado ‘Escala de Qualidade de Vida para Idosos Residentes em Instituições de Longa Permanência’ (KANE et al., 2003). Trata-se de um instrumento composto por 11 domínios considerados fundamentais no âmbito institucional: o conforto físico, a competência funcional, a privacidade, a autonomia, a dignidade, as atividades significativas, a satisfação com alimentos, a individualidade, os relacionamentos, a segurança, e o bem-estar espiritual. Este instrumento foi recentemente traduzido e adaptado culturalmente para uso no Brasil (OLIVEIRA, 2014).

Este instrumento apresenta grande importância para os idosos institucionalizados pois é o único instrumento encontrado na literatura internacional

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e nacional que apresenta o propósito de avaliar os aspectos sociais e psicológicos específicos dos residentes. Até mesmo para as pessoas com alterações cognitivas, os itens da Escala QV – ILPI se mostraram de fácil compreensão (MARTIN; PÓVOA, 2013).

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JUSTIFICATIVA

Diante do exposto, é necessário que os profissionais de saúde atualizem seus conhecimentos e sua prática assistencial acerca das alterações que ocorrem no sono com o envelhecimento, pois estas são frequentemente encontradas nas ILPI, fato que pode ter como consequência o prejuízo cognitivo, funcional e clínico dos idosos institucionalizados (PAPP et al., 2014).

Deve-se enfatizar que a institucionalização parece acentuar a tendência às alterações específicas que ocorrem no sono com o envelhecimento, inclusive prejudicando sua consolidação e aumentando a tendência aos cochilos diurnos, podendo causar danos na qualidade de vida dessa população (ROMDHANE; OUANES, MELKI, 2014; FIENOL; SOYUER; FIENOL, 2013; ARAÚJO, CEOLIM, 2010; VOYER et al., 2006).

Desta forma, este estudo espera contribuir com esta temática, investigando a qualidade do sono, os cochilos e a qualidade de vida de idosos residentes em ILPI, bem como as relações dessas variáveis com o desempenho cognitivo, a independência nas atividades de vida diária e os sintomas depressivos.

Embora existam, na literatura, estudos a respeito da qualidade do sono e cochilos no ambiente institucional, são insuficientes as pesquisas que abordam suas relações com a qualidade de vida do idoso institucionalizado. Contudo, não foram encontradas, até a finalização desta tese, publicações em que fosse utilizada uma escala de avaliação de qualidade de vida específica para o ambiente da ILPI, como a que foi empregue no presente estudo. O uso de um instrumento com esse enfoque deve permitir relacionar a qualidade do sono a aspectos específicos do contexto institucional, alguns dos quais poderiam, futuramente, ser objeto de intervenção. Além disso, este estudo se propôs investigar os diferentes tipos de cochilo (intencional e não intencional) e suas relações com a qualidade de vida e a qualidade do sono do idoso. A literatura é escassa nessa abordagem, em geral considerando somente a ocorrência de cochilos, deixando uma lacuna sobre o efeito dos diferentes tipos de cochilo na qualidade do sono e, de forma abrangente, na qualidade de vida.

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Este estudo foi norteado pela seguinte questão: A qualidade do sono, a presença e o tipo dos cochilos estariam associados à qualidade de vida dos idosos institucionalizados?

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OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO PRINCIPAL

Analisar as relações entre a qualidade do sono, os cochilos e a qualidade de vida de idosos residentes em instituições de longa permanência, considerando a influência do tempo de institucionalização, estado civil, desempenho cognitivo, desempenho nas atividades de vida diária e sintomas depressivos.

3.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS

 Caracterizar os idosos residentes em ILPI quanto ao desempenho cognitivo, desempenho de atividades de vida diária, e presença de sintomas depressivos;

 Analisar a qualidade do sono e seus componentes;  Avaliar os domínios de qualidade de vida;

 Identificar os fatores associados à má qualidade do sono;

 Verificar as associações entre os componentes da qualidade de sono e os domínios de qualidade de vida;

 Descrever a prevalência de cochilos, intencionais ou não;

 Identificar associações entre a prevalência do cochilo, intencional ou não, e os domínios de qualidade de vida e os componentes de qualidade do sono;

 Avaliar o tipo de cochilo como variável mediadora entre a presença de sintomas depressivos e o grau de independência nas atividades de vida diária.

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HIPÓTESES E MODELOS HIPÓTETICOS SUGERIDOS

1. A maior parte dos idosos institucionalizados participantes desta pesquisa apresentam sono de má qualidade;

2. A má qualidade do sono estará associada ao pior desempenho dos domínios da Escala de Qualidade de Vida para Idosos Residentes em Instituições de Longa Permanência;

3. Os fatores associados à má qualidade do sono serão o maior tempo de institucionalização, a presença de alterações cognitivas, a maior dependência no desempenho de atividades de vida diária e a presença de sintomas depressivos;

Figura 1: Modelo Hipotético 1

Pior Avaliação nos Domínios da Escala QV - ILPI

Presença de Sintomas Depressivos

Dependência para as Atividades Básicas de Vida Diária

Presença de Alteração Cognitiva Maior Tempo de Institucionalização Má Qualidade do Sono

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4. A prevalência de cochilo não estará associada à qualidade do sono e à qualidade de vida dos idosos;

Figura 2: Modelo Hipotético 2

5. O tipo de cochilo está associado à melhor qualidade do sono e à melhor qualidade de vida dos idosos institucionalizados;

Figura 3: Modelo Hipotético 3

Melhor Qualidade de

Vida Tipo de Cochilo

Melhor Qualidade de Sono

Qualidade de Vida Presença de

Cochilo

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6. O tipo de cochilo será uma variável mediadora na relação entre os sintomas depressivos e o desempenho nas atividades básicas de vida diária.

Figura 4: Modelo Hipotético 4

Tipo de Cochilo

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5. MÉTODOS

5.1. DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo analítico, de corte transversal.

5.2 LOCAL DE ESTUDO

O estudo foi realizado em ILPIs do município de São Carlos (SP) e do município de Campinas (SP).

De acordo com o Sistema Estadual de Análises de Dados (SEADE), a projeção da população residente em São Carlos no ano de 2030 será de 233.249 habitantes, dos quais 55.499 serão idosos, representando 21,8% da população (SEADE, 2016). Em 2015 São Carlos apresentou uma população composta por 233.249 habitantes, dos quais 33.979 eram idosos, o que representava 14,6% da população total (SEADE, 2015). O SEADE aponta que o número de idosos vai aumentar quase 40% em 15 anos (SEADE, 2015).

Campinas é a terceira cidade de maior população do estado de São Paulo, ficando atrás da capital com 11,8 milhões de habitantes e de Guarulhos com 1,3 milhão. Os dados do Plano Nacional de Assistência Social (2014/2017) revelam que a cidade tem 1.080.113 habitantes, dos quais 11,5%, que corresponde a 124. 200 indivíduos, são idosos.

No município de São Carlos foram estudadas sete ILPIs, sendo quatro de ordem privada e três de ordem filantrópica. No município de Campinas foram duas ILPIs, uma filantrópica e outra privada.

As instituições apresentavam peculiaridades e realidades semelhantes tanto em sua estrutura quanto em seu funcionamento. As instituições privadas apresentavam uma estrutura física que possibilitava o oferecimento de dispositivos acessíveis ao idoso, que podiam ser utilizados como recursos facilitadores do dia-a-dia, e uma disponibilidade físico-geográfica que promovia a sua individualidade, mas não o seu isolamento. Apresentavam, no mínimo: quartos individuais ou duplos, com iluminação e ventilação naturais que promoviam privacidade e

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segurança; banheiros com barras de apoio e portas que deixam espaço para passagem de cadeiras sanitárias ou de rodas e que abrem para fora; presença de campainhas próximas ao leito e no banheiro para o idoso solicitar auxílio; área de estar para residentes, acompanhantes e visitantes; rampas nas entradas que permitiam ou facilitavam a acessibilidade.

As instituições filantrópicas apresentavam quartos coletivos que acomodavam de duas a sete pessoas com pouco espaço entre os móveis do quarto; os banheiros encontravam-se nos corredores e apresentavam-se escuros, o que tornava difícil o acesso noturno. Tais banheiros, em sua maioria, não possibilitavam entrada de cadeiras de rodas. Em todos os sanitários não existiam barras de segurança nas bacias sanitárias, as portas apresentavam vão livre na parte inferior menor do que 20 cm, e ainda, os pisos apresentavam desníveis.

5.3 PARTICIPANTES

Os participantes constituíram uma amostra não aleatória, selecionada por conveniência.

Participaram pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, residentes em ILPIs no município de São Carlos (SP) e de Campinas (SP).

Os critérios de inclusão foram: ter 60 anos ou mais, ser morador da ILPI há pelo menos seis meses, tempo considerado suficiente para a contextualização da vivência institucional.

Constituíram-se critérios de exclusão: apresentar comprometimento grave de linguagem ou compreensão, que pudesse interferir na veracidade das respostas às perguntas realizadas durante as entrevistas. A equipe de enfermagem responsável pelos cuidados diários dos idosos apontaram os participantes que apresentavam comprometimento grave de linguagem ou compreensão.

Encontrou-se um total de 304 idosos residentes nas nove instituições analisadas. Destes, foram excluídos 160 (52,6%) e 28 idosos (9,2%) não consentiram em participar, obtendo-se um total de 116 participantes (38,2%), dos quais 50 (43,1%) eram homens e 66 (56,9%), mulheres. O Quadro 1 mostra o número de idosos residentes nas ILPI estudadas, o número de participantes no estudo, o número de excluídos e o número de idosos que não assinaram o Termo

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de Consentimento Livre e Esclarecido, por instituição. Cada instituição foi nomeada por uma letra para preservar o seu anonimato.

Quadro 1 – Número de residentes das Instituições de Longa Permanência para Idosos conforme o tipo e localização da instituição e participantes da pesquisa. São Carlos, Campinas 2014. ILPI* Tipo/Localização Idosos residentes Avaliados Excluídos Não Assinaram Termo Consentimento Total N % N % N % N % A Filantrópica/São Carlos 14 29,2 30 62,5 4 8,3 48 100,0 B Filantrópica/São Carlos 12 25,5 30 63,8 5 10,7 47 100,0 C Privada/Campinas 8 44,4 09 50,0 1 5,5 18 100,0 D Privada/São Carlos 9 45,0 10 50,0 1 5,0 20 100,0 E Filantrópica/São Carlos 11 39,3 16 57,1 1 3,6 28 100,0 F Privada/São Carlos 20 55,6 12 33,3 4 11,1 36 100,0 G Privada/São Carlos 2 40,0 3 60,0 0,0 0,0 5 100,0 H Privada/São Carlos 10 33,3 16 53,3 4 13,3 30 100,0 I Filantrópica/ Campinas 30 41,7 34 47,2 8 11,1 72 100,0

Entre os 160 idosos excluídos do estudo por apresentarem algum tipo de comprometimento grave de linguagem ou compreensão, 50 (31,3%) residiam em ILPI privadas e 110 (68,7%) em ILPI filantrópicas. Em relação aos idosos que não assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, 10 idosos (5,3%) residiam em ILPI privadas e 18 idosos (9,6%) residiam em ILPIs filantrópicas.

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5.4 PROCEDIMENTOS ÉTICOS

Todas as recomendações da Resolução 466/2012, regulamentada pelo Conselho Nacional de Saúde, que trata de pesquisa envolvendo seres humanos, foram respeitadas (BRASIL, 2012).

Os participantes da pesquisa foram esclarecidos sobre os objetivos das avaliações e nenhum procedimento foi realizado sem o esclarecimento e consentimento prévio dos idosos ou da instituição, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE 1).

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas por intermédio da Plataforma Brasil, com o parecer de número 183.044, CAAE 07746912300005404 homologado em 07 de janeiro de 2013 (ÂPENDICE 3). O projeto inicial submetido para a Plataforma Brasil sofreu algumas alterações estruturais em seu método, por isso foi submetido um adendo mediante o sistema da Plataforma Brasil, que disponibilizou a aprovação com o parecer de número 1406.341(ÂPENDICE 4).

5.5 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS

Foram realizadas as seguintes etapas para a coleta de dados:

Etapa 1 - Identificação das instituições: Inicialmente foi realizado um levantamento no arquivo eletrônico do Conselho Municipal do Idoso, para a identificação das ILPI de São Carlos. As ILPIs de Campinas foram identificadas pelo Conselho Municipal do Idoso da cidade e foram selecionadas as instituições mais tradicionais da cidade e de mais fácil acesso à pesquisadora considerando a acessibilidade de contato com seus dirigentes.

Etapa 2 - Contato com as instituições: Após a identificação das ILPI a pesquisadora entrou em contato com os responsáveis pelas ILPI do município de São Carlos e, posteriormente, com duas instituições do município de Campinas, explicando os objetivos e procedimentos da pesquisa e entregando uma cópia do projeto. Uma vez obtido o consentimento das instituições e a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, deu-se início à seleção dos idosos.

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Etapa 3 - Entrevistas: Nesta etapa, contamos com o apoio da equipe de enfermagem da própria ILPI para a identificação dos sujeitos elegíveis para a pesquisa, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos anteriormente. A coleta de dados foi realizada no período de janeiro a abril de 2014, por meio de entrevistas individuais com os idosos, em locais previamente definidos.

Antes do início das entrevistas, a pesquisadora fez contato com os idosos, individualmente, apresentando informações sobre o estudo, realizando a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido juntamente com o idoso e solicitando a sua assinatura se houvesse concordância em participar da pesquisa.

5.6 VARIÁVEIS

A seguir são apresentadas as variáveis estudadas, com suas respectivas definições e categorias.

Variáveis Descritivas:

Gênero: variável qualitativa nominal, informada pelo próprio idoso,

contemplando as categorias masculino e feminino. Consta do instrumento Caracterização do Idoso Institucionalizado.

Etnia: cor da pele segundo relato do idoso. Variável qualitativa nominal

classificada em quatro categorias: branca, negra, parda e outra.

Escolaridade: analisada como variável contínua por ter sido obtida a partir

do relato do idoso sobre anos completos de estudo ou como variável categórica, contemplando as categorias pertinentes aos pontos de corte do MEEM: analfabetos, um a quatro anos, cinco a oito anos, nove a 11 anos e mais de 11 anos de estudo.

Família: Informação obtida do idoso sobre a existência de familiares vivos.

Utilizou-se a definição de “família” em que se considera "membro familiar" o indivíduo assim considerado pelo idoso, ainda que não existam laços consanguíneos ou de parentesco entre si (WRIGHT, 2010). Foi categorizada em “sim” para existência de membros familiares e “não” para a inexistência de membros familiares. Constitui uma variável qualitativa e ordinal.

A Figura 1 e a figura 2 ilustram as variáveis independentes do estudo e a variável dependente.

Referências

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