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Uso de geotecnologias como instrumento da gestão costeira : estudo do litoral sul do estado de São Paulo

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Geociências

EDSON ANTONIO MENGATTO JUNIOR

USO DE GEOTECNOLOGIAS COMO INSTRUMENTO DA GESTÃO COSTEIRA - ESTUDO DO LITORAL SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO

CAMPINAS 2019

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EDSON ANTONIO MENGATTO JUNIOR

USO DE GEOTECNOLOGIAS COMO INSTRUMENTO DA GESTÃO COSTEIRA - ESTUDO DO LITORAL SUL DO ESTADO DE SÃO PAULO

TESE APRESENTADA AO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE DOUTOR EM GEOGRAFIA NA ÁREA DE ANÁLISE AMBIENTAL E DINÂMICA TERRITORIAL

ORIENTADORA: PROFA. DRA. REGINA CÉLIA DE OLIVEIRA COORIENTADOR: DR. JOÃO DOS SANTOS VILA DA SILVA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO EDSON ANTONIO MENGATTO JUNIOR E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. REGINA CÉLIA DE OLIVEIRA

CAMPINAS 2019

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Biblioteca do Instituto de Geociências Marta dos Santos - CRB 8/5892

Mengatto Junior, Edson Antonio,

M524u MenVulnerabilidade ambiental utilizando instrumentos geotecnológicos / Edson Antonio Mengatto Junior. – Campinas, SP : [s.n.], 2019.

MenOrientador: Regina Célia de Oliveira.

MenCoorientador: João dos Santos Vila da Silva.

MenTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências.

Men1. Cartografia. 2. Condições sociais. 3. Vulnerabilidade. I. Oliveira, Regina Célia de, 1971-. II. Silva, João dos Santos Vila da, 1960-. III. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Geociências. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Environmental vulnerability using geotechnological instruments Palavras-chave em inglês:

Cartography Social conditions Vulnerability

Área de concentração: Análise Ambiental e Dinâmica Territorial Titulação: Doutor em Geografia

Banca examinadora:

Regina Célia de Oliveira [Orientador] Raul Reis Amorim

Saulo de Oliveira Folharini Jefferson de Lima Picanço Marcelo da Silva Gigliotti Data de defesa: 13-12-2019

Programa de Pós-Graduação: Geografia Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)

- ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0001-5703-6600 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/5807080034679915

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

AUTOR: Edson Antonio Mengatto Junior

Uso de Geotecnologias como instrumento da Gestão Costeira - estudo do

Litoral Sul do Estado de São Paulo

ORIENTADORA: Profa. Dra. Regina Célia de Oliveira

Aprovado em: 13 / 12 / 2019

EXAMINADORES:

Profa. Dra. Regina Célia de Oliveira - Presidente

Prof. Dr. Raul Reis Amorim

Prof. Dr. Jefferson de Lima Picanço

Dr. Marcelo da Silva Gigliotti

Dr. Saulo de Oliveira Folharini

A Ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se disponível no SIGA - Sistema de Fluxo de Tese e na Secretaria de Pós-graduação do IG.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus familiares por todo o apoio e paciência durante o desenvolvimento desta jornada.

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AGRADECIMENTO

Aos familiares (irmãos, irmã e suas respectivas famílias) que sempre me acompanharam nessa caminhada, com muita força e palavras de apoio, mesmo sabendo das dificuldades a serem enfrentadas, se esforçando para que o objetivo fosse alcançado. Aos meus pais (Sueli e Edson), um carinho imenso por me possibilitar chegar até onde cheguei. Vocês são guerreiros.

Em especial à minha companheira Juliana Canela, com sua imensa força e garra, que me deu apoio para que essa etapa fosse concluída. Á minha filha Maria, minha estrela de maior brilho. Você é a luz da minha vida. Te amo por toda a eternidade.

Aos amigos de muitos anos da cidade de Ribeirão Preto, o qual mesmo com as distâncias sempre foram importantes pela relação amistosa. Os integrantes da República Subako de Kobra. Aos amigos e funcionários do IG que me permitiram enxergar o mundo de uma maneira diferente, tendo um olhar crítico importante, principalmente no momento atual.

Aos integrantes do grupo de estudos NEAL, com toda a ajuda e apoio nos momentos mais difíceis dessa caminhada, e que me proporcionaram belos ensinamentos nos trabalhos de campo e reuniões de grupo de pesquisa.

Um especial agradecimento à professora Dra Regina Célia de Oliveira, que me acolheu em um momento de grande indecisão, com sua paciência e perseverança, nunca deixando de acreditar na possibilidade de obtenção dos resultados finais desta pesquisa.

A todos os professores do IG-UNICAMP, que sempre foram importantes para me tornar um profissional da Geografia, compartilhando conhecimentos e construindo relações de amizade, permitindo chegar ao final desta etapa de maneira brilhante.

Ao Dr João dos Santos Vila da Silva, presente em diversos momentos de crescimento profissional e em todas as minhas etapas de aprendizado, desde meu início na Embrapa, acreditando ser possível me tornar um profissional melhor e que permitiram a finalização deste trabalho com sua coorientação. Meus sinceros agradecimentos.

Agradeço também ao grande amigo João Luis, amigo de suma importância nessa caminhada, com as longas conversas, parcerias e auxílios em momentos essenciais da finalização deste trabalho.

A CAPES pela concessão da bolsa de estudos, permitindo assim uma qualidade melhor no trabalho final a partir da possibilidade de realização de trabalhos de campo e dedicação exclusiva para a pesquisa. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de financiamento 001

A todos, que direta ou indiretamente fizeram parte dessa caminhada, contribuindo para a conquista desta etapa. Muito obrigado a vocês.

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RESUMO

A extensão continental do território brasileiro abriga uma vasta quantidade de biodiversidade marinha, sendo de extrema importância a manutenção e conservação adequada destes ambientes litorâneos. Isso porque são considerados sistemas complexos e de frágil equilíbrio dinâmico, sendo muito sensível as mudanças. O aumento desordenado de ocupação frente a estas áreas ocasiona em sérios conflitos socioambientais no uso destas áreas, o que se torna em ameaça para o ecossistema costeiro. Por isso, a compreensão do espaço ao qual se delimita as regiões costeiras torna-se fundamental para o planejamento e gestão adequado desta região. Para tanto, o uso de instrumentos geotecnológicos, como os sistemas de informação georreferenciada e o sensoriamento remoto a partir de imagens de satélites e veículos aéreos não tripulados tornam menos oneroso e mais ágil o acompanhamento real das mudanças nestes ambientes. A área de estudos se localiza na região do litoral sul do Estado de São Paulo, municípios de Cananéia, Iguape e Ilha Comprida, inseridos na região do vale do Ribeira considerado o maior sistema estuarino lagunar do estado. O trabalho considera a dinâmica natural de formação do litoral sul paulista, derivada de mudanças climáticas pretéritas e processos físicos associados a região e que, conjuntamente a ocupação antrópica desordenada, provocam sérios conflitos pelo uso e ocupação da terra, agravando os processos erosivos e deposicionais. Foram avaliadas a suscetibilidade física e a vulnerabilidade social, com objetivo de compreender a vulnerabilidade ambiental da região. Pressupõe-se que para isso, sejam necessárias a compreensão do planejamento ambiental e o processo de gestão costeira nacional, considerando os diferentes atores envolvidos na elaboração das políticas públicas destas áreas e o correto entendimento sobre as avalições acerca da vulnerabilidade, apoiando-se no uso de instrumentos de geotecnologias. Para tanto, foram adaptadas as teorias metodológicas de Nascimento & Dominguez (2009), Souza, (2017) e Crepani et al (2001), para a geração do mapa de vulnerabilidade ambiental na escala de 1:100.000. Propõe-se ainda o desenvolvimento de um exemplo de sistema WebGIS que permita a disponibilização dos materiais cartográficos de base utilizados. Para a análise, foram efetuados trabalhos de levantamento bibliográfico para a avaliação e proposição das áreas mais vulneráveis, considerando os meios físicos e socioeconômicos ao qual estão integrados ao litoral sul paulista. Para a construção da susceptibilidade, foram utilizados dados relacionados a geomorfologia, geologia, pedologia, declividade, pluviometria e cobertura vegetal natural da área. Já a vulnerabilidade social envolveu dados relacionados a condição socioeconômica da população residente na área. O cruzamento de ambas informações permitiu ainda a construção da vulnerabilidade ambiental da área. O método se mostrou eficiente, sendo necessário pequenos ajustes para a compreensão da totalidade da área estudada, e permitindo a discussão sobre os conflitos ocasionados pelo uso e ocupação da terra de maneira inadequadas, exigindo melhor planejamento frente as áreas mais vulneráveis devido aos processos erosivos intensos, e que permita o uso destas áreas de maneira mais adequada, garantindo recursos e usufruto para as gerações futuras.

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ABSTRACT

One of the continental extent Brazilian territory is home to a large amount of marine biodiversity, and the proper maintenance and conservation of these coastal environments is of utmost importance. This is because they are complex and fragile dynamic equilibrium systems that are very sensitive to change. The uncontrolled increase of occupation in front of these occasional areas in territories without use of these areas, or threatens the coastal ecosystem. Therefore, the understanding of the space to which it is delimited as coastal regions becomes fundamental for the planning and proper management of this region. To this end, the use of geotechnological instruments such as georeferenced information systems and remote sensing from satellite images and unmanned aerial vehicles make it less costly and more agile for the actual monitoring of environmental changes. A study area located in the south coast region of the State of São Paulo, from the municipalities of Cananeia, Iguape and Ilha Comprida, inserted in the Ribeira Valley region considered or in the largest lagoon estuarine system of the state. The paper considers the dynamic dynamics of the São Paulo coast, the effects of climate change and the processes associated with this region and that, together with the disordered anthropic occupation, provoke serious conflicts over land use and exploitation, aggravating erosive and depositional processes. Physical and social vulnerability were assessed in order to understand the environmental vulnerability of the region. For this, it is possible to understand the environmental planning and the national management process, considering the different actors involved in the analysis of public policies in these areas and the correct understanding as assessments of vulnerability, based on the use of instruments of geotechnologies. To this end, methodological theories adapted from Nascimento & Dominguez (2009), Souza, (2017) and Crepani et al (2001) were used to generate the environmental vulnerability map in the 1: 100,000 scale. It is also proposed an example of a WebGIS system that makes available the basic cartographic materials used. For the analysis, bibliographic survey works were carried out to evaluate and propose the most vulnerable areas, considering the physical and socioeconomic environments to which they are integrated to the south coast of São Paulo. For the construction of sucetibility, data related to geomorphology, geology, pedology, slope, rainfall and natural vegetation cover of the area were used. Social vulnerability involved data related to the socioeconomic status of the population residing in the area. The crossing of both information also allowed the construction of the environmental vulnerability of the area. The method proved to be efficient, requiring small adjustments to understand the whole area studied, and allowing the discussion about the conflicts caused by land use and occupation in an inappropriate way, requiring better planning in the most vulnerable areas due to intense erosion processes, and allow the use of these areas in a more appropriate manner, ensuring resources and enjoyment for future generations.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa de localização regional do litoral sul do estado de São Paulo ______ 18 Figura 2. Detalhamento do litoral sul do estado de São Paulo ___________________ 19 Figura 3. Gerenciamento Costeiro no Brasil. ________________________________ 31 Figura 4. Fluxograma de Desenvolvimento das atividades. Adaptado de Souza (2017) 47 Figura 5. Arquitetura para utilização dos dados na Web. Adaptado de OnoMap ____ 58 Figura 6. Ferramenta disponível no QGIS para exportação de dados ao PostGIS ____ 59 Figura 7. Gerenciador de importação de dados geográficos do PostGIS ___________ 60 Figura 8. Tela inicial do GeoServer em um endereço local configurado a partir do Tomcat ___________________________________________________________________ 61 Figura 9. Origem dos dados _____________________________________________ 61 Figura 10. Configuração da conexão com o PostGIS __________________________ 62 Figura 11. Configuração de exibição da camada “Vulnerabilidade Natural” _______ 62 Figura 12. Exportação de arquivo de legenda com extensão SLD no QGIS ________ 64 Figura 13. Importação do arquivo de estilo no GeoServer ______________________ 64 Figura 14. Configuração da legenda da camada “Vulnerabilidade Natural” ________ 65 Figura 15. Opção “Pré-visualização de camadas” do GeoServer _________________ 65 Figura 16. Exibição da camada “Vulnerabilidade Natural” a partir do endereço local do GeoServer ___________________________________________________________ 66 Figura 17. Utilização da biblioteca Leaflet em aplicações Wep Mapping __________ 67 Figura 18. Declaração das chamadas de recursos WMS no Leaflet _______________ 67 Figura 19. Exemplo de aplicação Web Mapping com Leaflet e WMS ____________ 68 Figura 20. Sistema Lagunar de Iguape - Cananeia. ___________________________ 71 Figura 21. Isoietas do litoral sul do estado de São Paulo, entre os anos de 1977 a 2016.72 Figura 22. Carta Hipsométrica do litoral sul. ________________________________ 73 Figura 23. Declividade do litoral sul. ______________________________________ 74 Figura 24. Carta pedológica do litoral sul __________________________________ 75 Figura 25. Classes de vulnerabilidade associadas a formação dos solos do litoral sul de SP ___________________________________________________________________ 77 Figura 26. Carta de drenagem do litoral sul de São Paulo ______________________ 78 Figura 27. Carta topográfica da área de estudos ______________________________ 79 Figura 28. Cobertura vegetal natural do litoral sul ____________________________ 80

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Figura 29. Categorias de Unidades de Conservação inseridas no litoral sul ________ 83 Figura 30. Unidades de Conservação implementadas no litoral sul _______________ 84 Figura 31. Perfil esquemático de representação das feições estrututrais na planície costeira de Cananéia-Iguape. _____________________________________________________ 87 Figura 32. Carta das unidades geológicas do litoral sul. _______________________ 88 Figura 33. Perfil esquemático da formação do litoral sul _______________________ 91 Figura 34. Variações relativas da curva do nível dos mares para a planície costeira de Cananéia-Iguape ______________________________________________________ 92 Figura 35. Preposição de estágios evolutivos para a origem da planície costeira de Cananéia - Iguape. _____________________________________________________________ 93 Figura 36.Modelo de evolução da área de estudo. ____________________________ 94 Figura 37. Evolução da Ilha Comprida. ____________________________________ 95 Figura 38. Compartimentação do relevo do litoral sul de São Paulo ______________ 99 Figura 39. Dinâmica de marés no litoral sul ________________________________ 100 Figura 40. Processos erosivos e deposicionais na Ponta Nordeste - Ilha Comprida - SP102 Figura 41. Ponta Nordeste de Ilha Comprida - SP ___________________________ 103 Figura 42. Acesso a Ponta Nordeste do município de Ilha Comprida ____________ 104 Figura 43. Estrada de acesso à comunidade de Pedrinhas, Ilha Comprida ________ 105 Figura 44. Áreas de risco do município de Cananeia _________________________ 106 Figura 45. Áreas de risco do município de Ilha Comprida _____________________ 107 Figura 46. Áreas de risco do município de Ilha Comprida _____________________ 108 Figura 47. Carta de uso e ocupação da terra para o litoral sul __________________ 109 Figura 48. Classes de vulnerabilidade natural do litoral sul do estado de SP ______ 111 Figura 49. Município de Iguape visto do mirante do Cristo Redentor, com destaque para a igreja Matriz ________________________________________________________ 116 Figura 50. Museu Municipal no centro de Iguape ___________________________ 117 Figura 51. Abertura do Canal do Valo Grande, entre os municípios de Iguape e atual Ilha Comprida, no ano de 1855 _____________________________________________ 119 Figura 52. Abertura do Canal do Valo Grande ______________________________ 120 Figura 53. Ponte prefeito Laércio Ribeiro, acesso de Iguape a Ilha Comprida. _____ 124 Figura 54. Patrimônio cultural preservado pelas características colonizadoras do município. __________________________________________________________________ 125 Figura 55. Ponta Norte da Ilha Comprida. _________________________________ 126

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Figura 56. Centro Histórico de Cananeia. Julho de 2017 ______________________ 127 Figura 57. Grupos com critérios do IPRS _________________________________ 136 Figura 58. Dados do IPRS do município de Cananéia ________________________ 138 Figura 59. IPRS referente ao município de Iguape __________________________ 139 Figura 60. Dados de IPRS para o município de Ilha Comprida _________________ 139 Figura 61. Espacialização dos resultados do IPRS 2012 para o litoral sul de SP ___ 140 Figura 62. Variáveis consideradas na elaboração dos Grupos do IPVS 2010 ______ 142 Figura 63. Distribuição espacial do litoral sul em relação ao IPVS 2010 _________ 143 Figura 64. IPVS - ano de 2010 - Cananéia _________________________________ 145 Figura 65. IPVS - ano de 2010 - Iguape ___________________________________ 146 Figura 66. IPVS - ano de 2010 - Ilha Comprida _____________________________ 147 Figura 67. IDHM dos municípios do litoral sul de São Paulo, para os anos de 2000 e 2010 __________________________________________________________________ 162 Figura 68. Vulnerabilidade Social do litoral sul de São Paulo __________________ 163 Figura 69. Vulnerabilidade Ambiental do litoral sul do Estado de São Paulo ______ 165

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. População do litoral de São Paulo (1970-2010) ____________________ 130 Gráfico 2. Taxas de Urbanização do litoral sul, entre os anos de 1970 a 2017 _____ 131 Gráfico 3. Taxas de urbanização das Regiões Litorâneas Paulistas (1970-2010) ___ 132 Gráfico 4. Evolução dos dados de IDHM no litoral sul paulista ________________ 149 Gráfico 5. Taxa de mortalidade por causas externas (por 1000 habitantes) no litoral sul paulista (1980-2010) __________________________________________________ 151

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Base cartográfica do litoral sul do estado de São Paulo ________________ 48 Tabela 2. Dados relacionados as Unidades de Conservação do litoral sul de SP_____ 85 Tabela 3: Área territorial dos municípios inseridos no litoral Sul do Estado de São Paulo113 Tabela 4. Projeção de habitantes no litoral sul, entre os anos de 2017, 2030 e 2050. 128 Tabela 5. Dados de densidade demográfica e taxa de urbanização do litoral Sul ___ 129 Tabela 6. Taxa de Urbanização do litoral sul _______________________________ 131 Tabela 7. Dados de abastecimento de água, coleta de lixo e esgoto sanitário na área de estudo __________________________________________________________________ 134 Tabela 8. Óbitos por causas externas no litoral sul de São Paulo _______________ 150 Tabela 9. Dados relativos a educação no litoral sul de São Paulo _______________ 153 Tabela 10. População em idade escolar entre os anos de 2011 a 2017, separadas por idade __________________________________________________________________ 154 Tabela 11. Taxas de matrícula na educação infantil, ensino fundamental e médio, para os anos de 2012 a 2016 no litoral sul ___________________________________________ 155 Tabela 12: Quantidade de empregados com ensino fundamental completo e incompleto e ensino médio e superior completos, entre os anos de 2011 a 2015 ______________ 156 Tabela 13: Pessoas com empregos formais divididos por faixa etária, entre os anos de 2011 a 2015 ______________________________________________________________ 158 Tabela 14: Empregos formais entre os anos de 2011 a 2015 a partir da distinção de gênero __________________________________________________________________ 159 Tabela 15. Legenda do PNUD em relação ao IDHM _________________________ 160 Tabela 16: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) entre os anos de 1991, 2000 e 2010 ________________________________________________________ 161

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SUMÁRIO

Introdução ___________________________________________________________ 15 Localização da Área de Estudos __________________________________________ 17 Hipótese e Justificativa _________________________________________________ 22 Objetivos ____________________________________________________________ 23 Capítulo 1. Pressupostos Teóricos-Metodológicos ___________________________ 24 1.1. Planejamento Ambiental e Gestão Costeira no Brasil __________________ 25 1.2. Da União aos Estados – ZEEC ___________________________________ 33 1.3. Vulnerabilidades ______________________________________________ 37 1.4. As geotecnologias como instrumento de trabalho _____________________ 40 Capítulo 2. Procedimentos Técnico-Operacionais ____________________________ 46 Capítulo 3. Resultados e Discussão _______________________________________ 69 3.1. Quadro Físico da área de estudos ___________________________________ 69 3.2. Acervo histórico e condições socioeconômicas do Litoral Sul do estado de São Paulo ________________________________________________________________ 113 Conclusões _________________________________________________________ 167 REFERÊNCIAS _____________________________________________________ 169

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Introdução

A extensa região costeira brasileira abriga uma grande biodiversidade de fauna e flora que é de extrema importância para os ambientes costeiros. Isso porque as áreas costeiras possuem grande interação entre agentes terrestres, oceânicos e atmosféricos, e se configuram como as áreas de maior troca de matéria e energia no Sistema Terra (OLIVEIRA, 2009).

São, portanto, considerados sistemas complexos e de frágil equilíbrio dinâmico, em que só é possível a existência deste equilíbrio devido aos processos de troca de matéria e energia, tornando o ambiente muito sensível as mudanças ocorridas. Se encontra estável, porém não estático, por envolver constantes mudanças ao longo do tempo (SOUZA e CUNHA, 2011).

O aumento da ocupação humana nos litorais potencializa o surgimento de problemas socioambientais, ocasionados sobretudo pela erosão costeira. Isso se deve pelo aumento do nível do mar, que por sua vez, é impulsionado pelas aceleradas mudanças climáticas (PBMC, 2016). De acordo com Souza (2009) estes fenômenos tendem a se intensificar nas próximas décadas, pois estas áreas têm sido ameaçadas por diversas intervenções antrópicas que aceleram o processo de denudação dos solos e processos erosivos, que já seriam naturais ao ambiente, tendo relativas variações do nível do mar (TESSLER e GOYA, 2005). Recentes trabalhos publicados no Painel Intergovernamental sobre Mudanças climáticas (IPCC)1corroboram as avaliações sobre o aumento do nível dos mares atuais.

De acordo com World Resources Institute (2001) citado por Nascimento e Dominguez (2009)

As zonas costeiras têm sofrido, em todo o mundo, agressões decorrentes do adensamento da população urbana e dos efeitos da ocupação, e dos diversos usos subsequentes, com reflexos: (i) no equilíbrio de seus ecossistemas, colocando em risco a biodiversidade marinha e terrestre; (ii) na alteração da dinâmica dos processos costeiros, com perda de áreas habitadas; e (iii) no agravamento dos conflitos ambientais, exigindo-se ações mais efetivas do poder público quanto ao reordenamento desses espaços litorâneos (p.395).

1 Disponível em: https://www.ipcc.ch/sr15/. Acesso em 16 de dezembro de 2019.

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Para Muehe (1995), a preocupação com os ambientes costeiros é bastante recente no Brasil, sendo alvo de importantes pesquisas nacionais. Define ainda que, devido à complexidade ambiental decorrente do contato entre os limites das faixas continentais e os limites das faixas litorâneas, há um aumento da instabilidade de seus sistemas naturais a partir do avanço do processo de antropização destas regiões, aumentando-se também a intensidade dos impactos ambientais nestes sistemas e as situações de risco e vulnerabilidade socioambiental que afetam suas populações tradicionais (MUEHE, 1995).

Assim, a gestão adequada das orlas brasileiras, se tornou um objetivo necessário para garantir estabilidade ecossistêmica destas áreas. Segundo MUEHE (2001) a orla costeira, ou simplesmente orla, é a estreita faixa de contato da terra com o mar na qual a ação dos processos costeiros se faz sentir de forma mais acentuada e potencialmente mais crítica à medida que efeitos erosivos ou construcionais podem alterar sensivelmente a configuração da linha de costa.

Representa também uma faixa na qual a degradação ambiental por destruição da vegetação e construção de edificações se torna extremamente evidentes por modificar, geralmente para pior, a estética da paisagem e até mesmo intervir no processo de transporte sedimentar, tanto eólico como marinho, provocando desequilíbrios no balanço sedimentar e consequentemente na estabilidade da linha de costa (MUEHE, 2001. p. 36).

Recentemente, pesquisas aplicadas as regiões litorâneas ganharam importância no planejamento urbano e regional, principalmente em áreas onde a intervenção antrópica provocou a destruição de ecossistemas naturais, ou mesmo comprometem o seu equilíbrio (DIAS, 2012). Neste contexto, surgem necessidades de estudos que considerem as condições físicas e socioeconômicas de determinadas áreas de estudos, permitindo o planejamento territorial a partir da ordenação do território, que condicionem ao desenvolvimento de atividades humanas, sociais e econômicas de maneira a diminuir possíveis impactos existentes.

O uso de geotecnologias, como os sistemas de informação

georreferenciados (SIG), associados ao uso de produtos derivados do sensoriamento remoto (SR), facilitam o entendimento de áreas de diferentes tamanhos e com suas

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respectivas peculiaridades, sendo menos onerosa e mais ágil, ao trabalhar com bancos de dados, que permitem o acompanhamento real das mudanças ocorridas nestes sensíveis ambientes.

As geotecnologias são instrumentos técnicos que fazem uso do SIG e do SR para coleta, processamento, análise e oferta de informações a partir de uma referência geográfica. Seu conceito surge do somatório de esforços de inúmeros setores que possibilitam a identificação, registro, a análise e a apresentação dos fenômenos geográficos (MENGATTO-JUNIOR et al, 2017).

As geotecnologias tornam-se importantes para a geração de resultados que possibilitem a avaliação destas mudanças, como a elaboração de produtos cartográficos gerados a partir do levantamento de dados essenciais para a gestão adequada destes ambientes, auxiliando o poder público na tomada de decisão quanto ao planejamento e posteriormente na elaboração de políticas públicas.

Além disso, o uso intensivo da internet na atualidade, também torna possível a disponibilização dos dados levantados e mapeados, em um sistema Webgis, o qual permita a interação de diversos usuários de maneira remota, ampliando as possibilidades de realização de estudos que garantam sustentabilidade ao ambiente estudado.

Diante deste contexto, o principal questionamento é: considerando as condições físicas e socioeconômicas destes ambientes, quais são as áreas mais vulneráveis ambientalmente às intensas mudanças físicas do litoral sul do estado de São Paulo, e que podem ocasionar em severos conflitos socioambientais para esta região?

Localização da Área de Estudos

Segundo o IBGE (2017), a mesorregião do litoral sul do Estado de São Paulo é composta por 12 municípios, os quais estão divididos entre as regiões administrativas de Registro e da Baixada Santista. Para o presente estudo, considerou-se a microrregião de Registro, mais especificamente, a qual é composta por 12 municípios, entre eles os de Cananéia, Iguape e Ilha Comprida que agrupados, formam o complexo estuarino-lagunar de Iguape-Cananeia (definidos neste trabalho enquanto litoral sul do

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Estado de São Paulo, localizado no extremo Sul do Estado, na divisa com o Estado do Paraná), representado na Figura 1.

É considerado o principal sistema estuarino-lagunar do litoral paulista e, juntamente do Vale do Rio Ribeira de Iguape, forma a maior área de planície costeira do estado de São Paulo (ITALIANI e MAHIQUES, 2014).

Figura 1. Mapa de localização regional do litoral sul do estado de São Paulo

Fonte: IBGE 2017.

A localização física desta área apresenta dinâmica intensamente relacionada, dentre outros fatores aos processos hídricos, derivados da atuação dos extensos lagos e

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estuários presentes na área. Assim, essa dinamicidade física territorial é condicionada pela densa drenagem, sobretudo ao Rio Ribeira de Iguape e Mar Pequeno, que apresentam intensa atuação nos processos erosivos da região.

A região de estudos está localizada entre as coordenadas 24°20’ e 25° 20’ (S) e 46° 50’ e 48° e 15’ (O), tendo uma população de aproximadamente 51.400 pessoas, em uma área de 3.413,90 km², o que representa uma densidade populacional de 16,35 hab/km².

A figura 2 apresenta o mapa de altimetria da área, onde é possível identificar a predominância de ocorrência das áreas mais rebaixas do relevo, com altitudes que variam entre 0 a 200 metros, sendo representadas pela planície costeira. As áreas mais distantes do litoral, próximos aos municípios limítrofes apresentam regiões com maiores diferenças altimétricas, com ocorrência de altitudes que variam desde os 200 metros até as áreas de maiores altitudes desta região, com altitudes de até 1300 metros, onde ocorrem as escarpas recuadas, peculiar à região do vale do Ribeira, nas fronteiras dos municípios continentais.

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A área do Litoral sul paulista engloba o compartimento compreendido pelo sistema Cananéia-Iguape inseridos na planície costeira de mesmo nome. A área é formada por quatro ilhas (Cardoso, Comprida, Cananéia e Iguape), separadas por extensos sistemas de canais e rios (como os mares de Cubatão e Pequeno, Valo Grande e rio Ribeira de Iguape), sendo rios exorréicos, ao desaguarem junto ao oceano, bem como os rios Ararapira, Cananéia, Icapara e Ribeira de Iguape (sendo a foz principal).

Utilizando-se da figura 2, é possível observar o relevo da região. Este pode ser avaliado como o conjunto de saliências e reentrâncias que compõem a superfície terrestre, que está em permanente transformação (MARTINELLI, 2009). A planície costeira é encontrada no litoral, estendendo-se de norte a sul e abrangem, além do litoral, os morros, as serras e o Vale do Ribeira, no sul do estado de São Paulo.

A avaliação das condições físicas e humanas da área (de acordo com os levantamentos efetuados no presente trabalho), demonstram que a região apresenta peculiaridades relativas aos processos de formação relativamente recentes, com a formação das planícies costeiras no período quaternário. Além disso, o quadro humano demonstra se referir a uma área de baixo desenvolvimento humano comparados ao Estado de São Paulo, apresentando números inferiores ao restante do Estado.

A partir da figura 2, é possível observar a baixa altimetria da região, representada por uma extensão muito grande da planície costeira. É predominante as altitudes de até 200 metros, sendo então mais característicos a presença das superfícies mais ou menos planas, onde o processo de deposição supera o de desgaste. Apresentam-se como terras baixas, em pleno processo de formação (característicos do período quaternário), com ocorrência de sucessivas deposições de material de origem marinha, lacustre ou fluvial. Na planície costeira, os solos são relativamente recentes, com sedimentos inconsolidados (ROSS e MOROZ, 1997)

A análise geomorfológica corrobora a compreensão da dinâmica dos processos que regem o funcionamento da paisagem, avaliando-se a compartimentação do relevo em unidades de características, gênese e formas semelhantes, contribuindo para a análise dos processos associados a estas áreas (GIGLIOTTI, OLIVEIRA e BACCI, 2008).

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De acordo com ROSS e MOROZ (1997) as planícies litorâneas são as unidades de relevo mais diretamente posicionadas na linha de costa e diretamente relacionadas com as interações oceano-continente.

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Hipótese e Justificativa

Este trabalho parte da concepção de que no litoral sul do estado de São Paulo a dinamicidade do território é elevada, devido as grandes mudanças naturais ocorrentes pelos processos erosivos e deposicionais, acentuados pelo avanço da linha de costa e intensas mudanças climáticas, que, juntamente a ocupação antrópica de maneira desordenada, aceleram os processos de mudanças, provocando uma série de conflitos socioambientais, derivados da elevada dinamicidade deste ambiente, que podem ser reduzidos a partir de planejamento ambiental-territorial e geração de programas de gestão adequados a cada área.

Com esta hipótese, foi proposto a avaliação da suscetibilidade física, a partir do levantamento dos principais componentes físicos desta área, bem como a avaliação da vulnerabilidade social, considerados a partir de dados socioeconômicos desta região, para a geração da vulnerabilidade ambiental, que justifique a necessidade de planejamento e gestão adequados para estes sensíveis ambientes costeiros.

Além disso, as informações geradas deverão permitir melhor acompanhamento sobre as áreas mais críticas encontradas, a partir do uso de sistemas geotecnológicos e da geração de materiais cartográficos, que disseminados a partir de estudos científicos para a comunidade científica, podem auxiliar outros pesquisadores a realizar diversos estudos para a área em específico, ampliando o leque de opções e aprofundando o estudo regional do litoral sul de São Paulo.

Justifica-se ainda que esta área apresenta extrema sensibilidade as mudanças, ocasionando sérios conflitos socioambientais que podem acelerar os processos de perda de biodiversidades, acarretando graves questões socioambientais nesta região.

Espera-se que seja possível contribuir, assim, com a conservação mais adequada para esta área, a partir de proposições de medidas de prevenção no uso do espaço, diminuindo a atuação antrópica frente as condições ambientais.

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Objetivos

A partir do emprego de metodologia adaptada e procedimentos específicos apresentados por Nascimento & Dominguez (2009), Souza (2017) e Crepani et al. (2001), este trabalho tem como objeto a construção do quadro de vulnerabilidade ambiental para a totalidade do litoral sul do Estado de São Paulo, em escala de 1:100.000.

Os resultados cartográficos de base para a proposição da vulnerabilidade e consequente proposta de modelo de disponibilização das informações via web, permitindo o uso das informações levantadas e geradas para que seja possível sua utilização por outros pesquisadores, além da elaboração de trabalhos científicos, na busca por melhores planejamentos e gestão das áreas, principalmente as mais vulneráveis.

Todavia, os principais objetivos específicos são:

i) Levantamento dos principais componentes físicos da área, a partir do uso de materiais cartográficos;

ii) Levantamento das principais relações socioeconômicas para a compreensão do uso do território na região e geração de materiais cartográficos;

iii) Geração da vulnerabilidade ambiental, a partir do uso de metodologias específicas adaptadas ao trabalho e a área de estudo;

iv) Proposta de sistema WebGis para disponibilização dos materiais cartográficos para a comunidade científica e técnica que trabalhe diretamente com gestão territorial e ambiental da área de estudos.

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Capítulo 1. Pressupostos Teóricos-Metodológicos

Para o desenvolvimento da presente pesquisa, foram levantadas discussões teóricas acerca de planejamento ambiental e gestão costeira no Brasil, buscando elucidar os principais temas relativos ao território nacional, com suas características de desenvolvimento assumido pelo governo federal frente as áreas litorâneas e cuja discussão será apresentada neste capítulo 1 a partir do subtópico 1.1. Já no subtópico 1.2, a discussão condiciona o papel do Estado frente as necessidades de gestão dessas áreas.

Todavia, a análise mais generalizada, a nível regional (representada pelo governo federal) e também uma avaliação mais detalhada, como se presume da atuação dos estados frente ao planejamento de seus territórios ocorrem devido a condição de vulnerabilidade (apresentado no subtópico 1.3), entendido como áreas que mais apresentam sensibilidade às mudanças físicas (tema central da discussão do trabalho), e que podem apresentar sérios riscos ambientais devido ao seu uso de maneira desordenada, os quais podem ser melhor planejados a partir do uso de instrumentos técnicos, como as geotecnologias, e que foram apresentados no subtópico 1.4.

O capítulo 2 apresenta os procedimentos técnico-operacionais utilizados, lançando mão do uso de fluxograma na busca da compreensão sobre os principais procedimentos e os materiais utilizados para os resultados alcançados. Já o capítulo 3, por sua vez, apresenta os principais resultados preliminares alcançados, debatendo sobre os dados físicos (subtópico 3.1) e socioeconômicos (subtópico 3.2) a partir do uso de bases cartográficas, na busca das principais condições de vulnerabilidade ambiental do litoral sul do estado de São Paulo.

Assim, no sentido de alcançar as proposições elaboradas para esta pesquisa, foram realizados procedimentos relacionados às abordagens direta e indireta sobre o litoral sul do Estado de São Paulo. Através da forma direta, foram realizados trabalhos de campos, que foram essenciais para a compreensão dos processos que alteram as formas da paisagem permitindo um detalhamento da análise, seja do ponto de vista dos componentes físico da paisagem e mesmo de uso antrópico, e entendido como o impulsionador dos conflitos sócio-ambientais decorrentes na região.

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Para a forma indireta, foram utilizados fundamentos teórico-metodológicos que auxiliam na compreensão dos fenômenos que estão relacionados com a natureza do objeto de estudo, ampliando a visão sobre a importância assumida pelo planejamento ambiental, a partir da aplicação de uma gestão adequada, utilizando-se de instrumentos técnicos próprios para tanto, como as geotecnologias, que permitem ampliar detalhes a partir das diferentes escalas possibilitadas pelo uso do geoprocessamento de imagens, facilitando a condição de análise das vulnerabilidades e da dinâmica costeira, como sendo impulsionador das ocorrências de fragilidades, efeitos de ondas no espaço físico e das dinâmicas das marés, somadas aos efeitos degradantes das ocorrências das ressacas recentes nestas áreas.

Para tanto, foram utilizados mapeamentos temáticos sobre a condição física e socioeconômica da área de estudos, além de textos científicos que permitam a elaboração de documentos técnicos e operacionais e que contribuam para o planejamento e gestão ambiental deste espaço.

A partir desta abordagem, foram realizadas pesquisas bibliográficas e cartográficas sobre a área de estudo, permitindo assim, a geração dos produtos cartográficos disponibilizados nesta pesquisa. Com o uso da cartografia, é possível ainda avaliar os resultados de acordo com as diferenças de escalas, sendo possível uma análise mais detalhada (a nível local) e outra mais regionalizada (e portanto, menos detalhada), em que os detalhes estão inseridos no contexto da análise do todo (avaliado por todo o litoral sul do Estado de São Paulo).

1.1. Planejamento Ambiental e Gestão Costeira no Brasil

O planejamento pode ser entendido enquanto a realização de determinado ordenamento territorial de um espaço. Para SILVA (2011), existem muitos conceitos que são apresentados na literatura sobre planejamento, com vista a inúmeros enfoques, formações acadêmicas e percepções dos pesquisadores inseridos nessa área do conhecimento.

De acordo com Mendez (1999), planejar é raciocinar pensando no futuro, no que se almeja alcançar e de que forma obter os resultados pretendidos. Assim, o

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planejamento se sustenta na capacidade de refletir e criar um futuro por meio do conhecimento, articulando as informações com as realidades pretéritas e atuais.

Essa preocupação existe desde a Antiguidade, sendo que exemplos podem ser descritos desde as aldeias da Mesopotâmia (4000 a.C), com os “planejadores profissionais” preocupados em organizar as cidades à época. No Brasil, discussões sobre impactos provenientes das atividades humanas sobre os recursos naturais são datadas desde as décadas de 1800, a partir de documentos de D. João VI e D. Pedro II sobre a questão ambiental, escritos por naturalistas que foram trazidos para o Brasil pelo Império, os quais definiram os primeiros regulamentos de proteção ambiental (SANTOS, 2004).

Estes modelos de planejamento perduraram desde à Grécia antiga à Revolução Industrial, sendo que na Europa do final do século XIX, eram poucos aqueles que se preocupavam com a construção da cidade aliada à conservação dos elementos da natureza. Um modelo diferenciado de planejamento surge na década de 1950, nos Estados Unidos onde a principal preocupação girava em torno da necessidade de se avaliar os impactos ambientais resultantes de grandes obras estatais (SANTOS, 2004).

A partir de 1968, com o Clube de Roma, tornam-se latentes as preocupações com o meio ambiente. Mas é na década de 1970 e início de 1980, com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972, que a conservação e preservação dos recursos naturais passam a ter função muito importante na discussão da qualidade de vida das populações. Posteriormente, na Rio-92, introduziram-se também conceitos ligados à conservação ambiental, qualidade de vida na Terra e consolidação política e técnica do desenvolvimento sustentável (SANTOS, 2004).

Entretanto, cabe destacar que o principal documento de avanço nesta área, ou a linha mestra da atual política ambiental no Brasil é definida a partir dos anos de 1930, com a Constituição do Código de Águas, do Código Florestal e da Lei de Proteção à Fauna. Mas é no ano de 1981, com a Política Nacional de Meio Ambiente que se torna oficial tal preocupação com o meio, a partir da publicação da Lei de Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938/81 (conhecida como PNMA). Portanto, a partir da década de 1980 o planejamento ambiental foi incorporado pelos órgãos governamentais, instituições, sociedades e organizações.

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A partir daí, surgiram o SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente) e o CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), formulando diretrizes de avaliação de impactos, planejamento e gerenciamento, de zoneamentos ambientais, sendo a primeira vez que houve propostas explícitas de planejamento ambiental no Brasil, como forma de orientação de ordenamento territorial. Na década de 1990, o planejamento ambiental foi incorporado aos planos diretores municipais. Surgiram, portanto, informações mais contundentes sobre qualidade de vida, desenvolvimento sustentável, sociedade e meio ambiente.

O planejamento ambiental busca tomadas de decisões quanto aos tipos e intensidades de ações que se podem e devem aplicar em um dado território, envolvendo aspectos físicos-naturais, assentamentos humanos e organizações socioeconômicas e culturais. Organiza-se como um processo de coleta e análise de informações quanto aos problemas, limitações e potencialidades dos sistemas ambientais e culturais de um dado território (SILVA et al. 2015).

Para Santos (2004)

De uma forma geral, o planejamento ambiental consiste na adequação de ações à potencialidade, vocação local e à sua capacidade de suporte, buscando o desenvolvimento harmônico da região e a manutenção da qualidade do ambiente físico, biológico e social. Deve prever e indicar mudanças no uso da terra e na exploração de fontes aceitáveis para as comunidades locais e regionais, ao mesmo tempo em que contemple medidas de proteção aos ecossistemas com pouca interferência humana. Trabalha, enfaticamente, sob a lógica da potencialidade e fragilidade do meio, definindo e especializando ocupações, ações e atividades, de acordo com essas características. As demandas sociais devem ter prioridade sobre as demandas econômicas que, por sua vez, são consideradas, mas dificilmente surgem como um elemento norteador dos planos. Por sua vez, as restrições do meio devem ter prioridade sobre as demandas sociais ou econômicas, ou seja, reconhecem-se as demandas, mas não se avilta o meio, para que elas possam ser atendidas. Deve-se, antes, pensar nas possibilidades de mudanças de caráter da demanda (p. 28).

Sepúlveda (2001) apud Silva et al (2015) acrescenta que o planejamento insere-se em três principais dimensões: (i) como um meio sistemático, direcionado a se

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obter o estágio atual, definir onde se pretende chegar e qual a melhor forma de alcança-lo; (ii) como um processo de ordem contínua que se desenvolve a partir de coletas de informações, organização e análise sistemática das mesmas através de procedimentos e métodos determinados; (iii) como um processo que envolve conhecimentos prévios, estando direcionado a um pensar antecipado do que se deseja obter e como alcançar.

Para Silva et al (2015)

As alternativas construídas e elaboradas em consenso devem apresentar uma relação direta entre planejamento e gestão, de acordo com os estilos de desenvolvimento que se pretenda obter, confirme a política ambiental implementada em caráter nacional, regional ou local. De acordo com Rodriguez e Silva (2013), a política ambiental é o instrumento adequado para se elaborar o projeto que acondicionará os sistemas ambientais de acordo com as tomadas de decisões a serem aplicadas no âmbito administrativo. Por outra parte a gestão ambiental possibilita as correções dos planos elaborados, levando a uma objetivação das ações tomadas a partir de políticas de efetivação de um modelo de desenvolvimento.

O que se observa, portanto, é que as políticas ambientais se tornam essenciais para a elaboração de projetos que permitam as tomadas de decisões. Considerando a importância das zonas costeiras, definidas na Constituição Federal de 1988 como Patrimônio Nacional e cujas condições de uso se darão dentro das condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais (BRASIL, 1988), se faz essencial a elaboração de políticas que permitam a gestão adequada destas áreas, a partir de planejamentos que sejam elaborados de acordo com as peculiaridades de cada área.

A zona costeira é entendida como a interface entre o continente e o oceano, indicado por Moraes (2007) como a base terrestre imediata de exploração dos recursos marinhos, e que favorece a circulação marítima por meio de portos que facilitam a circulação de mercadorias nos fluxos intercontinentais e atrai uma apropriação cultural que os identifica como espaços de lazer.

O desafio de se fazer uma gestão adequada para as regiões litorâneas se dá devido, sobretudo, as complexidades que estes ambientes apresentam, por sua interação com os processos naturais e com os processos antrópicos.

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Para MMA (2009)

As zonas costeiras representam um dos maiores desafios para a gestão ambiental do País, especialmente quando abordadas em conjunto e na perspectiva da escala da União. Além da grande extensão do litoral e das formações físico-bióticas extremamente diversificadas, convergem também para esse espaço os principais vetores de pressão e fluxos de toda ordem, compondo um amplo e complexo mosaico de tipologias e padrões de ocupação humana, de uso do solo e dos recursos naturais e de exploração econômica (p. 213).

O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) foi instituído a partir da Lei nº 7.661 (BRASIL, 1988) como parte integrante da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e da Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM), sendo um grande desafio para o governo federal, a partir da elaboração de planejamentos integrados que permitam a utilização dos recursos costeiros, com vistas ao melhor ordenamento e ocupação dos espaços litorâneos, promovendo um desenvolvimento sustentável, em que se considera as dimensões nacionais e a multiplicidade dos atores envolvidos, a partir da avaliação das três esferas governamentais (União, Estados e Municípios) e também a sociedade civil e as instituições acadêmicas (MMA, 2015).

O histórico de planejamento ambiental da zona costeira do Brasil é entendido como a preocupação do governo federal em relação ao uso dos recursos marítimos e dos espaços costeiros, em que, a partir da década de 1970 foi criado a Secretaria Especial do Meio Ambiente da Presidência da República. Assim, possibilitou ainda a composição da CIRM (Comissão Interministerial para os Recursos do Mar), sendo responsável por gerar diretrizes e políticas para sua área de atuação. Como resultados, surgem a Política Nacional de Recursos do Mar, em 1980 e a Política Nacional de Meio Ambiente, em 1981 dando condições de surgimento do PNGC.

A partir daí as ações adotadas pelo CIRM, em 1982, dão origem a Subcomissão de Gerenciamento Costeiro, que é responsável direta pela organização do Seminário Internacional sobre Gerenciamento Costeiro (1983), e que são avaliadas como as primeiras ideias para a confecção de um programa nacional. Já em 1984 ocorre o II Simpósio sobre Recursos do Mar. Surge então a introdução de um tema de

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zoneamento de toda a zona costeira, escolhida como paradigma inicial para a estruturação de um plano.

Posteriormente, em 1987 é estabelecido o Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro (GERCO), com metodologias específicas de zoneamento e modelo institucional para aplicação. Já no ano de 1990 a supervisão e coordenação federais do programa são transferidas para o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o IBAMA. Com isso, constituiu-se a base legal fundamental do planejamento ambiental a partir de 3 instrumentos de ação: Criação de Sistema Nacional de Informações do Gerenciamento Costeiro (SIGERCO), implementação de programa de zoneamento da zona costeira, descentralizado e executado pelo órgãos estaduais e a elaboração de planos de gestão e programas de monitoramento para uma atuação mais localizada em áreas críticas ou de alta relevância ambiental (MORAES, 2007).

A Lei nº 7.661 (Brasil, 1988) atenuou ainda a necessidade de detalhamento a partir de documento específico, no âmbito da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), com objetivo de orientar a utilização racional dos recursos na zona costeira. Para tanto, a primeira versão do PNGC foi apresentada em 1990, com a segunda edição aprovada em 1997 (PNGC II). Posteriormente, foi publicado o Decreto nº 5.300/2004, regulamentando a Lei do Gerenciamento Costeiro e definiu critérios para a gestão da orla marítima2. A figura 3 define as principais atuações em relação ao Gerenciamento Costeiro no Brasil.

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MMA. Mais informações podem ser acessadas a partir de: http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/gerenciamento-costeiro/base-legal-gerco. Acesso em 10 de julho de 2018.

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Figura 3. Gerenciamento Costeiro no Brasil.

Fonte: MMA/GERCO

Com a aprovação do Grupo de Integração do Gerenciamento Costeiro (GI-GERCO) e a resolução do plano de ação federal para a zona costeira (PAF-ZC3), criado e regulamentado pelo Decreto nº 5.300/2004, foram propostas ações integradas relacionadas à gestão costeira, além de priorizar ações que desenvolvessem capacitação de pessoal e das instituições quanto à implantação e avaliação dos instrumentos necessários para o gerenciamento costeiro já existente, contribuindo ainda com experiências exitosas na tentativa de busca de soluções inovadoras para essa gestão. Destaca-se também que os documentos referidos devem ser revisados periodicamente, a partir de deliberação do GI-GERCO, com o intuito de atualizar as necessidades para a gestão adequada destas áreas.

3 Mais informações podem ser acessadas a partir do documento Plano de ação federal para a zona costeira do Brasil. Disponível em: http://www.mma.gov.br/informma/item/8962-plano-de-a%C3%A7%C3%A3o-federal-para-a-zona-costeira-paf_zc#iv-paf-zc. Acesso em 1 de julho de 2018

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A primeira versão do PAF-ZC foi elaborada em 1988, tendo como meta promover articulação das atividades e ações da União frente as zonas costeiras. Isso porque, até então, não havia a regulamentação da Lei, e, portanto, não havia definição sobre as normas reguladoras do uso dos bens e recursos da zona costeira4. No ano de 2005, foi aprovado o II PAF-ZC, tornando-se um instrumento de ação o qual estabelecia um referencial de atuação programática da união no território costeiro, sendo um marco no ordenamento territorial, conservação e proteção destas áreas, ao estabelecer o controle e monitoramento de fenômenos, dinâmicas e processos que incidem sobre os limites costeiros5.

Já no ano de 2014, foi elaborado o III PAF-ZC, o qual foi aprovada em 2015 a partir de sessão plenária da CIRM. As principais ações foram propostas a partir de três eixos direcionadores, como a melhoria da qualidade ambiental costeira e estuarina, a melhor articulação institucional para elaborar e efetivar ações necessárias e a hierarquização e priorização de ações na zona costeira6. Por fim, no ano de 2017 foram elaborados discussões e debates para a criação dos planos de trabalhos, tendo sido aprovada em outubro de 2017 e que conta com 18 ações prioritárias, com o objetivo principal de solucionar problemas com a incidência na Zona Costeira7.

O planejamento das áreas litorâneas de modo geral, avalia as condições de ordenamento territorial em escala ampla, com baixo nível de detalhes, elaborado pelo governo federal. No entanto, a gestão mais eficiente, depende de análises mais detalhadas, sobretudo, devido as condições de complexidades destes ambientes. Assim, torna-se obrigatoriedade dos Estados a elaboração de planos mais adequados (por meio

4 Mais informações podem ser acessadas a partir do documento Plano de ação federal para a zona costeira do Brasil. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80033/Plano%20de%20Acao%20Federal%20PAF-ZC/PAF_ZC%201998.pdf. Acesso em 1 de julho de 2018

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Mais informações podem ser acessadas a partir do documento Plano de ação federal para a zona costeira do Brasil. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80033/Plano%20de%20Acao%20Federal%20PAF-ZC/PAF-ZC%202005.pdf. Acesso em 2 de julho de 2018

6 Mais informações podem ser acessadas a partir do documento Plano de ação federal para a zona costeira do Brasil. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80105/PAF-ZC%202015-2016_Relatorio%20de%20avaliacao.pdf. Acesso em 2 de julho de 2018

7 Mais informações podem ser acessadas a partir do documento Plano de ação federal para a zona costeira do Brasil. Disponível em: http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80105/PAF-ZC%202017-2019.pdf. Acesso em 2 de julho de 2018

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de decretos e leis estaduais, como os zoneamentos ecológico-econômicos), governando junto aos municípios (a partir da elaboração de planos municipais), de maneira mais eficaz.

1.2. Da União aos Estados – ZEEC

O processo de gestão da zona costeira é desenvolvido de forma integrada, descentralizada e participativa, sendo que a responsabilidade de formulação e implementação dos planos regionais e locais de gerenciamento costeiro é atribuída aos estados e municípios costeiros (OLIVEIRA & NICOLODI, 2012).

Como instrumento de ação do PNGC, a elaboração de zoneamento ecológico-econômico costeiro (ZEEC), entendido como um instrumento que orienta o processo de ordenamento territorial, de forma a melhorar a qualidade de vida de sua população, a proteção de seu patrimônio natural, histórico, étnico e cultural, o qual cabe aos Estados, de maneira autônoma, a elaboração de cada plano necessário a manutenção das melhores condições de desenvolvimento econômico permeando a necessidade da sustentabilidade de seus recursos naturais. Assim, o ZEEC torna-se um documento que baliza o processo de ordenamento territorial para cumprir as metas da política pública estabelecida (SODRÉ, 2012)

De acordo com MILARÉ (2001) por zoneamento compreende-se como

um importante instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente que visa a subsidiar processos de planejamento e de ordenamento do território, bem como da utilização de recursos ambientais. Pode ser definido como sendo o resultado de estudos conduzidos para o conhecimento sistematizado das características, fragilidades e potencialidades do meio ambiente, a partir de aspectos ambientais escolhidos em espaço geográfico definido (MILARÉ, 2001, p. 31).

Para tanto, a elaboração do documento denominado Macrodiagnóstico da Zona Costeira e Marinha (Macro) foi publicado, no ano de 1996, a primeira versão, com a busca de uma análise da dinâmica dos vetores de comprometimento ambiental da zona costeira. A partir do ano de 2004, em conformidade com o artigo 7 do Decreto nº 5.300,

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o Macrodiagnóstico foi estipulado como instrumento para a gestão da zona costeira. Cabe destacar que a APA de Iguape-Cananéia foi considerada uma das 15 áreas de alta relevância ecológica, sendo necessário atenção especial do governo federal nesse processo de ordenamento territorial.

A segunda versão foi lançada no ano de 2009, com vistas a orientação de ações para o planejamento territorial, conservação, regulamentação e controle dos patrimônios natural e cultural, agregando novos níveis e combinações de análises de impactos diretos e indiretos na costa brasileira, trabalhando de maneira segmentada, para destinar-se a estados e municípios, como previsto no PNGC.

Considera-se como as primeiras ações de gerenciamento costeiro do Estado de São Paulo a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Litoral Paulista (SUDELPA), com a atribuição de atuar no planejamento territorial regional e nos serviços públicos de apoio aos municípios. Posteriormente, tal atribuição foi transferida para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, o qual deu início ao ZEE do estado, sendo a região do Estuarino Lagunar de Iguape-Cananeia a primeira região a ser trabalhada com a metodologia proposta pelo governo federal (FILET, GRAÇA-LOPES E POLETI, 2001).

Segundo a Coordenadoria de Planejamento Ambiental do Estado de São Paulo, o Complexo Estuarino Lagunar de Cananeia-Iguape abrange, além dos dois municípios, ainda Ilha Comprida, com significativo conjunto de atributos ambientais e culturais, constituídos de cobertura vegetal original, manguezais e restingas, sendo caracterizada como uma das regiões mais preservadas do litoral brasileiro e um dos ecossistemas costeiros mais produtivos do mundo8.

Para tanto, foi instituído a Lei Estadual nº10.019/1998, seguindo o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro, o qual estabeleceu objetivos, diretrizes, metas e instrumentos para sua elaboração, aprovação e execução. Assim, foram definidos a tipologia das zonas costeiras, os usos permitidos, as atividades proibidas e as possíveis penalidades a serem aplicadas no caso de ocorrência de infrações. Estabeleceram-se ainda, o licenciamento e a fiscalização necessários, baseados nas normas e critérios estabelecidos no ZEE.

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Informações: http://www2.ambiente.sp.gov.br/cpla/zoneamento/zoneamento-ecologico-economico/complexo-estuarino-cananeia-iguape/. Acesso em 03 de julho de 2018.

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Considerando, portanto, as características socioambientais, o Estado de São Paulo fracionou toda sua zona costeira em quatro setores: Litoral Norte, Baixada Santista, Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananéia e Vale do Ribeira. Cada setor definido possui um sistema colegiado de gestão, denominado Grupo Setorial (responsável por elaborar o zoneamento e fazer a atualização sempre que necessários, além de elaborar os planos de ação e gestão), participando ainda os governos estadual e municipal, bem como a própria sociedade civil9.

De acordo com São Paulo (2018) o ZEE do Litoral Norte já se encontra regulamentado, através do Decreto Estadual nº 49.215/2004, posteriormente revogado pelo Decreto Estadual nº 62.913/2017, o qual estabeleceu as condições de uso do espaço geográfico. A Baixada Santista, também apresenta a etapa de zoneamento finalizada e regulamentada pelo Decreto Estadual nº 58.996/2013. Já os setores Vale do Ribeira e Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape-Cananéia estão ainda em etapas de elaboração de seus zoneamentos, portanto, não finalizados e regulamentados.

A avaliação dos processos de elaboração dos zoneamentos se apresenta bastante lento, por vezes moroso para as instituições e tomadores de decisão. Isso devido a necessidade de aprovação por meio de assembleias legislativas e posteriormente por promulgação do governador do estado, para que possa ser tomada como constitucional derivado de políticas públicas, como a aprovação de leis e decretos.

A justificativa para a necessidade de elaboração de ordenamento destas áreas, segundo Moraes (2007) se deve a extrema complexidade ambiental das regiões litorâneas pois, segundo o mesmo autor

“ao longo do litoral alternam-se mangues, restingas, campos de dunas, estuários, recifes de corais, e outros ambientes importantes do ponto de vista ecológico” (Moraes, 2007).

Destaca-se ainda que os sistemas ecológicos dos oceanos devem ser avaliados de maneira integrada às zonas costeiras, visto que a proteção de ambientes marinhos e costeiros e os usos de seus recursos não podem ser considerados separadamente das atividades desenvolvidas em terra, tornando-se um desafio na gestão

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Para mais informações, acessar: http://www2.ambiente.sp.gov.br/cpla/zoneamento/gerenciamento-costeiro/. Acesso em 05 de julho de 2018.

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dessas áreas, pois em situações frequentes sofrem pressões de grupos sociais com interesses exclusivamente econômicos nas áreas litorâneas dificultando a elaboração e implementação de políticas preventivas e corretivas, sobretudo relacionadas as ações antrópicas, com vetores de urbanização, turismo e industrialização muito intensos (MMA, 2015).

Além disso, torna-se relevante a avaliação de que as principais regiões metropolitanas estão localizadas nas zonas costeiras, mesmo em áreas de baixa densidade populacional, como o litoral sul do estado de São Paulo, áreas em que existem ecossistemas de alta relevância ambiental. Assim, apresentam sérios conflitos socioambientais e de ocupação, com crescimento de atividades industriais, portuárias, petrolíferas, de recreação e turismo, as quais, juntamente com a implantação de empreendimentos de grande porte em relação a sua infraestrutura, exercem forte pressões sobre os recursos ambientais, o que os torna em responsáveis diretos por profundas transformações estruturais no uso e ocupação do solo e do mar, por meio de um amplo processo de desenvolvimento econômico (MMA, 2015).

Para tanto, o monitoramento e fiscalização destas mudanças nas zonas costeiras é visto como fundamental para o desenvolvimento de maneira sustentável destas áreas. Algumas avaliações a nível federal foram propostas no Macrodiagnóstico (1996), que já avaliava, entre outras informações, o nível de criticidade dos municípios, frente aos processos de ocupação, sendo ainda apontados algumas recomendações que deveriam ser incorporadas as políticas, planos e programas desenvolvidos no âmbito dos governos federal e estadual e pelos diversos atores e segmentos atuantes na gestão dos ambientes costeiros (MMA, 2009). O nível de criticidade avalia a fragilidade dos ecossistemas, o risco ambiental da área e o comprometimento e\ou tendências da área avaliada.

Considerando ainda as características físicas do litoral sul do estado de São Paulo, como o clima, as ondas e os sistemas de correntes litorâneas, podem ocorrer processos erosivos de maneira intensa. Esses processos podem ser ainda mais acentuados e até mesmo potencialmente mais críticos à medida que os efeitos erosivos promovam alterações significativas, mudando sensivelmente a configuração da linha de costa, como a degradação da vegetação natural e até mesmo possíveis intervenções no processo de transporte sedimentar, que pode provocar desequilíbrios no balanço sedimentar (MUEHE, 2001).

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Relacionadas as características da área de estudo, segundo TESLER et al (2001),

As praias apresentam características dissipativas, sendo extensas, planas, compostas por areias finas a muito finas e com larga zona de arrebentação. Neste compartimento as praias são, em geral, estáveis, regidas por uma resultante geral do transporte sedimentar rumo nordeste. Os segmentos praiais em desequilíbrio estão localizados nas ligações do Sistema Cananéia-Iguape com o mar, ou seja, nas desembocaduras de Ararapira, Cananéia, Icapara e foz do rio Ribeira de Iguape. Estes trechos de praia são tidos como muito instáveis, apresentando modificações morfodinâmicas em pequeno espaço de tempo (p. 308).

A alteração da dinâmica sedimentar original pode acarretar uma intensificação dos processos erosivos, condicionando a área de estudos a perdas significativas das áreas de praias. Estas perdas podem afetar diretamente a população local residente, a partir da variação da linha de costa, sendo responsável direto na ocorrência de conflitos socioambientais, demonstrando a necessidade de avaliação de projetos e planejamentos para a gestão eficiente destas áreas, a partir da avaliação das áreas mais vulneráveis à ocupação antrópica e aos processos erosivos.

1.3. Vulnerabilidades

O conceito de vulnerabilidade não apresenta um consenso nos estudos sobre o tema. Para o presente trabalho, serão utilizados o conceito relacionado ao grau de suscetibilidade de um sistema aos efeitos negativos derivados de processos naturais associados ao uso antrópico. Portanto, para a fatores relacionados as questões associadas a incorporação humana, serão definidas enquanto vulnerabilidade, como observados em MARANDOLA e HOGAN (2004); MARANDOLA e HOGAN (2007) e MARANDOLA E DANTONA (2014).

Para o caso especifico de condições físicas, como as levantadas neste trabalho, utilizamos o termo vulnerabilidade, nesse caso, como associados a suscetibilidade ou fragilidade.

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Segundo definição da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA, 1999), pode ser compreendido como “suscetibilidade de um meio ao impacto negativo com relação a um determinado risco”. Segundo a mesma instituição, os estudos da frequência de desastre, risco e probabilidade têm sido componentes importantes para a análise da vulnerabilidade, sendo esta constituída de informações necessárias para a priorização de ações de mitigação aos fenômenos naturais destrutivos (NASCIMENTO & DOMINGUEZ, 2009).

A vulnerabilidade, de maneira geral, está sempre associada à maior ou menor fragilidade de uma determinada área, relacionados aos processos físicos e/ou antrópicos. Ou ainda como a maior ou menor suscetibilidade de um ambiente a um impacto potencial provocado pelo uso antrópico qualquer, avaliada a partir de critérios bem definidos (TAGLIANI, 2003).

Países com vasto território costeiro, como o Brasil, necessitam de avaliações constantes sobre suas principais vulnerabilidades e do potencial de risco à comunidade, sendo avaliada a partir de planos e programas de gestão que devem ser apresentados aos tomadores de decisões, permitindo acesso rápido à informação, para que seja possível estabelecer medidas que orientem a população a enfrenta-los com maior segurança. Para isso, os estudos elaborados para a avaliação da vulnerabilidade costeira devem propor a quantificação dos problemas relacionados aos processos costeiros naturais, considerando também a influência antrópica nestes ambientes litorâneos (NASCIMENTO & DOMINGUEZ, 2009).

Nesse sentido, compreender a vulnerabilidade natural e a vulnerabilidade social implica na compreensão com alta precisão sobre a suscetibilidade ou ainda resistência de determinada área as pressões externas, sendo a base para o manejo do risco e a gestão e elaboração de programas de prevenção no sentido de identificar zonas propensas a situações de alto risco e também áreas adequadas a determinado tipo de ocupação.

Um dos maiores riscos as regiões litorâneas relacionam-se a ocorrência de processos erosivos costeiros, que podem provocar o desaparecimento de vastas áreas costeiras (SOUZA, 2015).

Por erosão costeira entende-se como processo de erosão ou retrogradação da linha de costa, devido a causas naturais.

Referências

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