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Profissão atleta: a trajetória de um jogador de futebol – da iniciação ao alto rendimento

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

BRUNA SCARTAZZINI DEMO

PROFISSÃO ATLETA: A TRAJETÓRIA DE UM

JOGADOR DE FUTEBOL – DA INICIAÇÃO AO ALTO RENDIMENTO

Santa Rosa (RS) 2017

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BRUNA SCARTAZZINI DEMO

PROFISSÃO ATLETA: A TRAJETÓRIA DE UM

JOGADOR DE FUTEBOL – DA INICIAÇÃO AO ALTO RENDIMENTO

Monografia apresentada ao curso de Educação Física da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Educação Física.

Orientador: Me. Mauro Bertollo

Santa Rosa (RS) 2017

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A Comissão Examinadora abaixo assinada aprova a Monografia

PROFISSÃO ATLETA: A TRAJETÓRIA DE UM

JOGADOR DE FUTEBOL – DA INICIAÇÃO AO ALTO RENDIMENTO

elaborada por

BRUNA SCARTAZZINI DEMO

como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Educação Física.

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________________________ Me. Mauro Bertollo, Orientador

__________________________________________________ Me. Cleia Inês Rigon Dorneles, Examinadora

_________________________________________________

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AGRADECIMENTOS

Neste momento considero importante agradecer primeiramente a Deus, pelas provações superadas durante esta pesquisa, e às pessoas que estiveram ao meu lado, me auxiliando neste processo.

Agradeço aos meus pais, Carlos e Márcia, pelos recursos que me foram disponibilizados para que eu cursasse a faculdade, bem como pela dedicação em me ensinar ser correta nos pequenos atos do dia a dia.

Agradeço, também, ao meu professor e orientador, Mauro Bertollo, por sua disponibilidade sempre que foi necessário, me auxiliando e orientando da melhor maneira e com precisão.

Para finalizar, agradeço ao atleta investigado, por sua disponibilidade e, também, aos funcionários do clube, pelo apoio e paciência. Ainda, à Assessoria de Imprensa do clube e do atleta, jornalistas, atletas e ex-atletas. Agradeço a todos pela disponibilidade e auxílio no desenvolvimento deste estudo.

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RESUMO

É de conhecimento geral que o futebol é o sonho e o objetivo de vida de muitos garotos no Brasil. É sabido, ainda, que o referido esporte foi implantado no Brasil no final do século XIX, após ser trazido da Inglaterra. Para que o sonho de tantos meninos seja alcançado, porém, é preciso oportunidade, muita persistência e um processo de treinamento em longo prazo. O estudo possui como justificativa o conhecimento dos passos da carreira de um atleta e de um clube da cidade de Porto Alegre/RS, e visa encontrar respostas para compreender as reportagens já realizadas sobre o tema. O objetivo geral do estudo é investigar as etapas por meio das quais o atleta passa até atingir o alto rendimento em sua carreira esportiva. Já os objetivos específicos propõem-se a: conhecer a profissão de um atleta profissional de futebol e conceituar o termo “jogador de futebol”; descrever as etapas passadas até a profissionalização; e, por fim, identificar se há ou não o planejamento pós-carreira. Assim, este estudo tem como tema a profissão de um atleta e a trajetória de um jogador de futebol. Nele, busca-se conhecer o percurso de um atleta e os tipos de interesses que o fizeram manter-se na escolha desta profissão. Para isso, a problematização que manter-se coloca é a manter-seguinte: quais os passos determinantes na carreira de um atleta da iniciação ao alto nível? A presente investigação se caracteriza como um estudo de caso de uma história de vida, com abordagem qualitativa das informações. Conclui-se que os atletas até atingirem o alto rendimento em suas carreiras esportivas, passam por muitos obstáculos, sendo alguns bons e outros menos. Existem, contudo, momentos difíceis, de alegria, vitórias e derrotas que fazem parte dessa profissão tão almejada por muitos meninos.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 6

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 8

2.1 FUTEBOL: UM RECORTE HISTÓRICO ... 8

2.2 CONCEITUANDO O TERMO JOGADOR DE FUTEBOL... 13

2.3 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO E DA FORMAÇÃO ESPORTIVA ... 16

2.4 APOIO DOS PAIS E TÉCNICOS DURANTE O PROCESSO DE FORMAÇÃO ESPORTIVA ... 21

2.5 ETAPAS DE TRANSIÇÃO DA CARREIRA ESPORTIVA DE UM ATLETA ... 26

3 PROCESSOS METODOLÓGICOS ... 30

4 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ... 33

4.1 ESCOLHA DA PROFISSÃO ... 33

4.2 INÍCIO NA CIDADE NATAL ... 35

4.3 PRIMEIROS CONTATOS COM O ESPORTE ... 36

4.4 ESCOLHA DA POSIÇÃO ... 37

4.5 INÍCIO NO CLUBE ... 37

4.6 INÍCIO COMO PROFISSIONAL ... 39

4.7 MOMENTOS, PRÊMIOS E SELEÇÃO ... 40

4.8 MOTIVAÇÕES, ROTINA DE TREINOS E AVALIAÇÃO DA CARREIRA ... 40

4.9 SONHOS DE OUTRA PROFISSÃO ... 41

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 42

REFERÊNCIAS ... 46

APÊNDICES... ... 50

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO PARA O ATLETA PESQUISADO ... 51

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO PARA EX-ATLETAS E FUNCIONÁRIOS DO CLUBE ... 54

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1 INTRODUÇÃO

É de conhecimento geral que o futebol é o sonho e o objetivo de vida de muitos garotos no Brasil. É sabido, ainda, que o referido esporte foi implantado em nosso país no final do século XIX, após ser trazido da Inglaterra. No entanto, para que o sonho de tantos meninos seja alcançado é preciso oportunidade, muita persistência e um processo de treinamento em longo prazo.

Este é um tema bastante comentado e que abrange frequentes debates na mídia. Várias pautas são realizadas sobre os atletas e suas influências no desempenho da equipe, porém são raros os momentos destinados a assuntos voltados para escolinhas ou descoberta de talentos.

O foco principal das discussões é o futebol enquanto categoria profissional, de forma a entender a técnica e a tática utilizadas por determinado treinador e não para entender o que levou o atleta a alcançar o alto rendimento durante o processo de sua carreira esportiva. É isto que esta pesquisa procura responder, levando em consideração o processo de seleção e detecção de talentos e a trajetória do atleta até o alto rendimento.

Assim, o estudo tem como tema a profissão de um atleta, a trajetória de um jogador de futebol. Nele, busca-se conhecer o percurso de um atleta e os tipos de interesses que o fizeram manter-se na escolha desta profissão. Para isso, a problematização que se coloca é a seguinte: Quais os passos determinantes na carreira de um atleta da iniciação ao alto nível?

O trabalho busca o conhecimento dos passos da carreira de um atleta, de um clube da cidade de Porto Alegre/RS para, por intermédio do estudo, encontrar respostas no que tange à compreensão das reportagens já realizadas sobre esta profissão. Muitas matérias já foram realizadas sobre a forma como se dá este processo seletivo, porém, neste momento descreve-se apenas como é feita a descreve-seleção e detecção de talentos, e não todos os passos que incluem a formação inicial do atleta e os passos percorridos até chegar ao alto rendimento no clube.

O objetivo geral do estudo visa investigar as etapas pelas quais o atleta passa até atingir o alto rendimento em sua carreira esportiva. Já os objetivos específicos propõem-se a conhecer a profissão de um atleta profissional de futebol e conceituar o termo “jogador de futebol”: descrever as etapas passadas até a profissionalização: e, por fim, identificar se há ou não o planejamento pós-carreira.

Na imprensa o futebol é um esporte com bastante referência. Por esse motivo nesta proposta de estudo faz-se necessário destacar algumas motivações existentes em busca da

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realização do sonho de meninos de se tornarem atletas profissionais. Sendo um tema de grande relevância houve a necessidade de pesquisar de forma ampla sobre o assunto.

O que originou a realização deste estudo foram algumas questões como iniciação esportiva e os desenvolvimentos biológico, psicológico, social e profissional do atleta. Nele busca-se conhecer e, posteriormente, descrever o processo seletivo pelo qual um jogador passa até chegar à profissionalização dentro de um clube de futebol. Esta investigação tem a pretensão de pesquisar, compreender e interpretar os dados obtidos após ter estudado sobre o tema e o atleta. Do mesmo modo, o estudo visa a analisar as etapas do desenvolvimento humano por qual este atleta passou durante o processo de formação esportiva da iniciação ao alto nível no esporte escolhido pelo mesmo, futebol. Nesta pesquisa pretende-se relacionar o assunto do tema juntamente com os passos da carreira do atleta em estudo.

O intuito desta pesquisa é auxiliar educadores físicos que também venham a estudar sobre o referido assunto, para que se sintam aptos a dissertar sobre o mesmo. Inicio o estudo dissertando sobre o referencial teórico que contém as seguintes etapas, apresentadas da seguinte forma, futebol, um recorte histórico; conceituando o termo jogador de futebol; etapas do desenvolvimento e da formação esportiva; como se dá o apoio dos pais e técnicos durante o processo de formação esportiva; e por fim as etapas de transição da carreira esportiva de um atleta. Na sequência, apresenta-se os processos metodológicos, seguido da apresentação, análise e resultado dos dados produzidos. E, para concluir, constam as considerações sobre o estudo realizado.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O futebol é uma modalidade esportiva muito debatida no Brasil, e desencadeia sonhos em muitos meninos, fazendo com que estes desde muito cedo sintam o desejo de tornar esse sonho realidade. Porém existe um longo caminho a se percorrer até a concretização do mesmo. Nesse sentido, ao me colocar como pesquisadora busquei apoio na revisão bibliográfica com intuito de refletir sobre a trajetória de um atleta que percorreu por este caminho.

O que originou a realização deste estudo foram algumas questões como iniciação esportiva e os desenvolvimentos biológico, psicológico, social e profissional do atleta. Nele busca-se conhecer e, posteriormente, descrever o processo seletivo pelo qual um jogador passa até chegar à profissionalização dentro de um clube de futebol. Esta investigação tem a pretensão de pesquisar, compreender e interpretar os dados obtidos após ter estudado sobre o tema e o atleta. Do mesmo modo, o estudo visa a analisar as etapas do desenvolvimento humano por qual este atleta passou durante o processo de formação esportiva da iniciação ao alto nível no esporte escolhido pelo mesmo, futebol. A pesquisa pretende, ainda, relacionar o assunto do tema juntamente com os passos da carreira do atleta em estudo.

O referencial teórico se dá a partir dos seguintes itens: futebol, um recorte histórico; conceito do termo jogador de futebol; etapas do desenvolvimento e da formação esportiva; apoio dos pais e técnicos durante o processo de formação esportiva; e etapas de transição da carreira esportiva de um atleta.

2.1 FUTEBOL: UM RECORTE HISTÓRICO

Reconhecendo que o futebol é muito comentado pelos indivíduos que assistem com assiduidade e frequentam estádios para torcerem por seus clubes pode-se enfatizar a ideia de que por ser uma paixão nacional não pode apenas ser considerado como uma diversão ou meio do indivíduo de se dispersar dos fatores cotidianos. Portanto é possível falar que neste meio é viável revelar emoções sejam elas quais forem através de um grito de gol ou por aquela bola que bateu na trave.

Assim, nas sentenças de Soares (2012, p. 1),

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[...] entende-se que a origem do futebol no Brasil tem uma história quase lendária, foi introduzido no Brasil ao final do século XIX, em 1894, quando Charles William Miller, um jovem anglo-brasileiro, trouxe o futebol junto com suas bagagens depois de uma temporada na Inglaterra. O esporte teve seu desenvolvimento inicial no país como uma expressão da elite dominante dos grandes centros.

Tendo o conhecimento de que o futebol é constante e bastante conhecido em nosso país, ele não é um esporte nato da cultura brasileira. Podemos continuar na ideia de Soares (2012) reconhecendo que sua introdução deu-se após a chegada de Charles Miller no Brasil trazendo em suas bagagens a primeira bola de futebol sendo este possível apenas para a elite das grandes cidades.

Segundo Giglio (2003, p. 10),

[...] o futebol popularizou-se num momento de expansão urbana. Novos centros surgiram e gradativamente o futebol passou a fazer parte do cotidiano do povo brasileiro. Tornou-se o assunto discutido entre amigos e desconhecidos. O esporte foi um meio pelo qual as pessoas passaram a se conhecer e a se aproximar, forneceu experiências comuns e integrou pessoas desconhecidas vindas de lugares variados.

Tendo em vista a história e a popularização do futebol em nosso país devemos considerar que ele se deu num momento de expansão urbana como Giglio (2003) apresenta e sendo assim hoje já faz parte da vida das pessoas. Nesse sentido, Soares (2001, p. 49) apresenta “[...] pensar que o futebol e outros esportes surgem no Brasil numa configuração da formação das metrópoles e de um novo estilo de vida [...].”

Como comentado anteriormente, ao ter seu início no Brasil, o futebol foi apenas para as elites das metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo e logo teve grande popularização fazendo com que as pessoas das outras classes sociais também viessem a disfrutar do esporte. Assim, Giglio (2003, p. 13) afirma que “[...] as conversas em torno do futebol remetem-nos à influência que o futebol exerce na vida dos brasileiros.”

Sabe-se hoje que o futebol deixou de ser apenas para jovens da elite e deixou de fazer parte somente dos grandes centros, existiram fatores internos e externos os quais tornaram possíveis essa expansão do esporte em nosso país. “O futebol torna-se ritualístico na medida em que identifica os espectadores com o drama que se desenrola em campo. Os jogadores são como personagens de teatro com os quais nos identificamos numa relação ritualística (espetacular) [...].” (FONSECA, 2010, p. 1).

O autor ainda apresenta que o esporte tem bastante influência sobre os brasileiros e sobre seu modo de pensar e agir. Assim “nós como torcedores nos identificamos com nossos clubes e com determinados jogadores que exercem suas profissões dentro dele” (FONSECA,

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2010), por esse motivo muitas vezes há o interesse e vem a ser o desejo de muitos garotos de tornar-se um atleta reconhecido no país.

Giglio (2003, p. 15) em sua fala expressa que

[...] o futebol se consolidou como um esporte no qual todos têm acesso através da mídia. As informações sobre esse esporte têm grande destaque nos meios de comunicação e mesmo aquele que não se importa com futebol é obrigado a conviver com esse fenômeno cultural. É o futebol caminhando junto com a sociedade brasileira.

Tendo a obrigação de conviver com o esporte a sociedade brasileira passou a aderir ao esporte como meio de obter felicidade sendo assim o futebol passou a ter maior ênfase entre o povo brasileiro de todas as classes sociais. Atualmente é o esporte mais praticado no mundo devido sua alta visibilidade e expansão.

DaMatta (1994, p. 3) apresenta a seguinte ideia:

[...] habituada a jogar e não a competir, a sociedade brasileira, construída de favores, hierarquias, clientes, e ainda repleta de ranço escravocrata, reagia ambiguamente ao futebol. Esse estranho jogo que, dando ênfase ao desempenho, democraticamente produzia ganhadores ou perdedores sem subtrair de nenhum disputante o nome, a honra ou a vergonha.

Historicamente encontra-se que na década de 30, o esporte ganhou maior ênfase popular sendo visto entre os mais diversos grupos sociais. Percebe-se que seu repertório gestual foi recriado e transformado sendo reconhecido atualmente no que é chamado “estilo brasileiro”. Silva (2006, p.17-18) afirma que “o futebol foi palco de uma intensa luta pela aceitação de atletas negros e pela profissionalização dos jogadores, neste meio ocorreu o surgimento dos primeiros grandes ídolos esportivos nacionais, gerando instituições profundamente enraizadas na sociedade [...].”

Na mesma linha de pensamento, Giglio (2003, p. 11) apresenta que

[...] após alguns anos, grande parcela da população começou a ter acesso à prática do futebol. Rapidamente um fascínio criado por esse esporte passou a fazer parte do imaginário do povo brasileiro, a delimitar a vida da população e a traduzir uma linguagem comum às pessoas, que vivem numa sociedade marcadamente influenciada pelo fenômeno cultural chamado futebol).

Assim entendendo nas palavras de Giglio (2003) que somente após a expansão urbana a população brasileira teve maior anseio de possuir esse esporte como profissão ou meio de vida, pois através do esporte torna-se possível a estas pessoas possuírem gírias e modos de linguagens próprias. Ainda, Giglio (2003, p. 16) aponta que DaMatta foi um dos primeiros a

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“compreender o futebol como um fenômeno social que está intimamente ligado à sociedade [...].” Para completar Lopes (1994, p. 77) fala sobre o modo como “o futebol aparece como o pano de fundo de um ritual de encenação protocolar das relações entre o poder e o povo.”

A relação da sociedade com o futebol vai muito além do “jogar bola” entre o povo e o esporte existe uma relação que engloba diferentes situações, sejam elas físicas psíquicas ou até mesmo de cunho financeiro. Na ideia de Silva (2006, p. 23), é possível observar que "os sentidos do futebol dependem das relações que ele estabelece com a sociedade num contexto histórico específico e admite o caráter relativamente democratizante de sua presença no Brasil [...].”

Como já mencionado anteriormente, pode-se observar nesta fala de Giglio (2003, p. 19), que “o futebol, na sociedade manifesta desejos, atitudes e comportamentos que estão ligados à vida real daqueles sujeitos envoltos com o mesmo.” Já Helal e Murad (1995 apud GIGLIO, 2003, p. 21) mostram que “o futebol é considerado o caminho mais eficiente para a realização de seus desejos, ou seja, uma ruptura com a pobreza e o anonimato.”

Como nos é apresentado pelos autores dentro das mais diversas culturas o quanto é perceptível que o futebol cria um estilo particular para cada país. Assim sendo o modo de jogar brasileiro é diferente do europeu. O futebol brasileiro é representado pelo Futebol-Arte, enquanto o futebol europeu é caracterizado pelo Futebol-Força. (DAMO 1999 apud GIGLIO, 2003, p. 23).

Complementando a ideia do autor pode-se afirmar que “o Futebol-Arte apresenta simbolicamente o fato de o jogo ser encarado como um espetáculo”. Este esporte é considerado inato, ou seja, o brasileiro já nasce jogando futebol. Nos países europeus o futebol é visualizado a partir de um aprendizado que ocorre dentro de escolas e clubes, orientados pelos professores/técnicos. Seguindo neste pensamento, o futebol é inato vem no sentido de que isso é um dom, porém, é um dom que é aperfeiçoado através da técnica imposta pelo esporte.

Seguindo na proposta de Giglio (2003, p. 25):

É preciso fazer uma leitura diferente quando se associa o dom como algo inato ao futebol. Na verdade, aqueles que afirmam isso, utilizam a palavra cultura como sinônimo de natureza. Assim, a partir, dessa confusão terminológica, ressaltam a influência que o futebol possui na cultura brasileira, principalmente o fato dos meninos desde pequenos terem contato com uma bola de futebol.

Giglio (2003, p. 25) afirma ainda que “[...] tem muita confusão com relação ao dom no futebol, pois em pesquisa realizada com técnicos de futebol muitos destacaram que este dom é

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adquirido culturalmente [...].” O autor apresenta que “podemos tratar o futebol como um aspecto cultural e que as habilidades dos atletas foram aprendidas e desenvolvidas desde a infância.” Já Scaglia (1999, p. 36) expressa que “[...] sendo o futebol produto da cultura humana, ele é fruto da humanitude, portanto é passível de ser ensinado.”

Segundo Franco (2013, p. 4), os brasileiros estão acostumados a falar do Brasil como “País do futebol”, mas não deixam claro qual o real sentido da definição, na condição de esporte mais praticado, mais apreciado, que produz os maiores futebolistas, ou que mais vence. O modo como o futebol é jogado no Brasil difere da Europa pelo fato de que aqui os meninos aprendem a jogar na rua e lá é diretamente nas escolinhas dos clubes ou na escola durante práticas nas aulas de Educação Física.

Pode-se afirmar, de acordo com Caldas (1986, p. 1), que o futebol é um fenômeno social de grande alcance e grandes debates em todos os meios de comunicação. Dentro dessas discussões não faltam opiniões e análises de natureza política, social e ideológica. Para Levine (1982 apud CALDAS, 1986, p. 1), o futebol não é só o “ópio do povo brasileiro” e ainda serve de instrumento da classe alta para manipular os outros níveis sociais como forma de transformar a miséria e a pobreza, através do sucesso da conquista de um campeonato.

Deve-se analisar a sociedade juntamente com o futebol ou vice-versa, se fizermos esta análise juntamente com a visão de profissional de Educação Física podemos ter maior discernimento para concordar com os autores que vem sendo citados. Para tanto na sequência trago na fala de um deles o futebol entendido do seguinte modo:

Para Daolio (2004, p. 1),

[...] uma compreensão do futebol brasileiro a partir de uma análise cultural, na qual este esporte aparece como uma forma que a sociedade brasileira encontrou para se expressar. Trata-se, pois, de uma maneira do brasileiro extravasar suas características emocionais, quais sejam, paixão, ódio, felicidade, tristeza, prazer, dor, fidelidade, resignação, coragem, fraqueza, etc. Não obstante, este mesmo autor nega o futebol enquanto apenas manifestação lúdica do homem brasileiro [...].

É possível apresentar que o Brasil não é o país do futebol e que isto é apenas a fala que está imposta pela sociedade, por não ter nascido aqui que acaba perdendo um pouco do sentido, mas após leituras sobre o tema pode-se acrescentar que diz-se assim para melhor interação das pessoas umas com as outras. Aqui isso é apresentado pelo “futebol-arte” que é possível observar na técnica imposta em nossos atletas indiferente de onde tenham iniciado todos possuem uma pré-disposição para este modelo esportivo criado no Brasil.

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Neste sentido, Freyre (1945 apud CAPRARO, 2015, p. 2) afirma que “o nosso estilo de jogar futebol parece contrastar com o dos europeus por um conjunto de qualidades de surpresa, de manha, de astúcia, de ligeireza e ao mesmo tempo de brilho e de espontaneidade individual”. Isso é o que nos difere e faz com que muitos clubes europeus fiquem de olho, sempre dispostos a levarem os jogadores brasileiros para jogar e fazer sucesso na Europa.

Assim, DaMatta (1982 apud CAPRARO, 2015, p. 290) apresenta a seguinte ideia:

[...] o futebol arte seria aquele que tem como representação máxima o selecionado brasileiro (principalmente os exemplos icônicos, como as seleções de 1958, 1970 e 1982), definido por características primárias (daí a fácil aderência do público em geral), como a habilidade individual, o drible, a jogada de efeito, o controle, a embaixadinha, a finta, a goleada, entre outras. Já o futebol força seria caracterizado como forte e viril (ambos em excesso), defensivo, covarde (em algumas circunstâncias) e principalmente, ‘chato’ (desmotivante).

Ainda no sentido do “futebol-arte” os autores ou até mesmo na fala das pessoas não se entende como sendo o que joga mais bonito, ou o que tem a melhor técnica imposta nas jogadas por isso, Giglio (2003, p. 23) apresenta que “a construção do estilo de jogo e mesmo sua reprodução foram um meio de consolidar nossa identidade que simbolicamente convencionou-se chamar de Futebol-Arte”.

Franco (2013, p. 6) afirma que a “Parte essencial do clichê ‘Brasil País do futebol’ é a crença de que aqui se joga com habilidade (futebol bonito) e com mais qualidade”. DaMatta (1982 apud CAPRARO, 2015, p. 5) expressa que “[...] futebol é um drama social, já que é imprevisível, mas ao mesmo tempo um espaço democrático”.

Deste modo, é possível afirmar que o futebol nasceu a partir da chegada de um jovem anglo-brasileiro em nosso país trazendo consigo o esporte em suas bagagens e também a primeira bola de futebol. A chegada do futebol, como já citado anteriormente na fala de Soares (2012), foi originado nos grandes centros como Rio-São Paulo, concedendo assim, a prática apenas para jovens de classe elevada.

Partindo desta teoria, o próximo item tem como título “Conceituando o termo jogador de futebol”, que se encontra na Lei n° 6.354, de 1976, no art. 2º, onde se considera empregado, para os efeitos desta Lei, o atleta que praticar o futebol, sob a subordinação de empregador, como tal definido no art. 1º mediante remuneração e contrato, na forma do art. 2º.

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Ser jogador de futebol consiste no ato de preparar-se diariamente durante dias e anos para competições que o clube venha participar. Para que o sonho de milhões de meninos possa se tornar realidade muitos clubes abrem suas portas inicialmente para realizar testes físicos, técnicos e táticos em cada futuro atleta, podendo, assim, descobrir talentos esportivos e selecioná-los para as próximas etapas seletivas.

Ser atleta especificamente no futebol significa também abrir mão de muitos outros sonhos e objetivos que perpassam junto dessa meta de carreira, para estar junto do clube, com isso é preciso muita coragem, esforço e determinação. Sabe-se, todavia, da dificuldade que é um menino conseguir realizar seu sonho, as etapas por quais ele passa não são fáceis e muitas vezes o desejo fica pelo caminho e o sonho acaba não sendo realizado.

O termo “jogador de futebol” relembra que essa profissão requer tempo integral de prática desportiva das quais muitas vezes é preciso deixar a família em segundo plano para poder buscar os objetivos junto do clube. Pode-se falar de jogador aquele que é contratado para vender sua imagem e trabalho dentro de um clube de futebol. É aquele que doa seu esforço físico e muitas vezes até mental e psicológico para alcançar determinados sonhos e metas.

Assim sendo, atletas são contratados por clubes para exercer a sua profissão dentro do mesmo com responsabilidade, garra e otimismo. É preciso muita capacitação e força de vontade, além disso existem muitos outros tipos de capacidades para alcançar o sucesso, uma delas é ser perseverante naquilo que se tem vontade de atingir, que no caso de atletas é ser reconhecido após alcançar o alto nível em sua carreira esportiva.

Conforme a Lei n° 6.354, de 1976, jogador de futebol se enquadra no art. 2º, considerando empregado, para os efeitos desta Lei, o atleta que praticar o futebol, sob a subordinação de empregador, como tal definido no art. 1º, mediante remuneração e contrato, na forma do artigo seguinte. É sabido, portanto, que existem diferentes conceitos em diferentes meios de pesquisa, os quais buscam caracterizar de forma ampla ou sucinta o termo.

Assim, pode-se afirmar que jogador de futebol é um esportista que participa de um jogo que consta com 11 jogadores em cada lado do campo e uma bola, sendo um esporte que tem por finalidade marcar gols no adversário. Ser atleta diz respeito à prática de atividades que contenham alta intensidade ou não, pode ser apresentado para qualquer indivíduo, pois segundo o dicionário Aurélio (2008, p. 96), diz-se de atleta “pessoa que pratica esportes”. Assim, qualquer indivíduo que realize práticas corporais pode ser identificado como um atleta. Ainda conceituando o termo jogador ou atleta profissional de futebol podemos falar

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que, atleta é a pessoa que pratica um desporto, participando geralmente em competições.” (PORTO EDITORA, 2014).

É possível, ainda, afirmar que jogador de futebol vem a ser uma pessoa que pratica uma modalidade desportiva com frequência, pessoa que participa de um jogo que possui uma bola e onze jogadores distribuídos no campo caracterizando duas equipes, sendo o objetivo fazer o maior número de gols na equipe adversária (PORTO EDITORA, 2014). Damo (2007

apud ANGELO, 2014, p. 49) afirma que “o atleta profissional é um tipo de trabalhador que

vende sua imagem e trabalho; é valor de troca regulado pelas leis da oferta e da procura do mercado.”

Ser atleta, portanto, significa participar de competições as quais são regulamentadas por instituições mundiais, estaduais e municipais. Durante o desempenho de sua profissão, após cada partida, os atletas recebem um dinheiro em troca do que foi desempenhado durante o jogo. Sendo o futebol, um esporte bastante tradicional em nosso cotidiano, é fundamental que os atletas estejam preparados e aptos para disfrutarem da melhor maneira a profissão por eles escolhida.

No aspecto da profissão, o jogador de futebol pode ser considerado alguém escolhido para desempenhar dentro dos gramados algo que muitas pessoas aficionadas pelo esporte gostariam de fazer. Ser atleta é ser escolhido para transmitir a felicidade a milhões de pessoas.

É possível discorrer de diferentes maneiras sobre o que vem a ser jogador de futebol. Apresenta-se, assim, o termo de acordo com visões de diferentes pessoas (atletas e ex-atletas e também funcionários do clube).

Na visão de ex-atletas é possível destacar as seguintes concepções:

É um compromisso. É representar uma instituição. Neste processo passando por escolinhas até chegar ao profissional.

É um profissional que utiliza do futebol como ocupação, meio de vida. Alguém que se dedica e abre mão da juventude, da família, de alguns desejos, de momentos importantes.

Ser jogador de futebol é um sonho de todos os jovens, porém se torna realidade para poucos. Necessita muita dedicação, é preciso abrir mão de muitos desejos.

Já na visão dos funcionários do clube surgem as seguintes opiniões:

Vários quesitos abrangem um atleta, o mesmo deve ter humildade, respeitar as regras e também buscar fontes de conhecimento durante a carreira.

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E, por fim, apresenta-se a visão de um atleta ainda em atividade:

Precisamos ser fortes o suficiente para deixarmos de lado problemas pessoais quando vamos a campo. Problemas familiares, saúde dos nossos pais, aniversários e datas comemorativas. Deixamos tudo isso de lado para que a gente consiga desempenhar o bom papel quando exigidos. Hoje em dia ninguém se mantém em alto nível se não se manter em constante evolução. E falo de evolução física, técnica e mental.

O item que segue trata das etapas do desenvolvimento e da formação esportiva. 2.3 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO E DA FORMAÇÃO ESPORTIVA

É sabido que durante os primeiros anos de vida e durante a infância e adolescência algumas habilidades são adquiridas como o correr, saltar, saltitar, pode-se dizer que isso ocorre dentro de um padrão de crescimento normal relacionado à idade cronológica. É através destes experimentos que o ser humano adquire uma enorme gama de habilidades motoras as quais serão utilizadas por toda a vida.

Gallahue e Ozmun (2003, p. 258), em suas teorias, se expressam da seguinte maneira:

Durante os primeiros anos da infância a criança deve e precisa ter contato com diferentes tipos de objetos e materiais para que possa conhecer e utilizar em suas práticas corporais, como meio exploratório para o seu desenvolvimento cognitivo e motor. Exemplificando essa técnica os autores apresentam que o desenvolvimento motor em várias escalas faz ilustrações relacionando a idade e o desempenho motor. Os autores complementam afirmando que

[...] é na adolescência que as habilidades motoras fundamentais são refinadas para formar as habilidades esportivas específicas e habilidades motoras complexas. Habilidades motoras especializadas são específicas de tarefas, porém os movimentos fundamentais não o são. Durante a fase motora fundamental por volta dos 6 anos de idade, a criança tem potencial para executar bons desempenhos no estágio maduro de grande parte dos padrões motores fundamentais e para começar a transição à fase motora especializada. (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 432).

Seguindo na ideia dos autores pode-se afirmar que as mudanças que ocorrem no comportamento motor de crianças, se deve ao fato de que essas mudanças refletem diretamente no sistema nervoso central, provocando assim alterações maturacionais. Neste modo, Gallahue e Ozmun (2003, p. 433) afirmam que “o desenvolvimento motor bem-sucedido em crianças e adolescentes ao longo dos estágios de transição, aplicação e utilização permanente depende dos níveis de amadurecimento de desempenho na fase motora fundamental”.

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De acordo com González, Darido e Oliveira (2014, p. 123),

[...] o futebol é a modalidade esportiva mais praticada no mundo e está presente de forma intensa na sociedade brasileira. São diversos os meios de comunicação (televisão, rádio, jornal, internet, aplicativo para celular, entre outros) que oferecem, diariamente, uma série de informações a respeito da seleção nacional, dos clubes esportivos e dos campeonatos que disputam. Nesse universo, desde cedo as crianças são incentivadas a torcerem por um determinado clube, geralmente aquele que os pais ou um deles ao menos se identificam.

Ainda é possível trazer que o futebol hoje é apreciado em todos os países de diferentes maneiras, na Europa é ensinado diretamente em escolas e escolas de futebol já no Brasil é diferente, pois a maioria dos meninos aprende jogar na rua, em campinhos de terra cultivando o sonho de tornar-se um atleta profissional reconhecido. Muitas vezes os pais fazem o intermédio deste sonho para posteriormente os meninos serem descobertos por olheiros dos clubes e escolinhas de futebol.

Corroborando com González, Darido e Oliveira (2014, p. 124), pode-se dizer que:

[...] essa modalidade é representada pela contínua necessidade de tomada de decisões, para que o praticante saiba executar com perfeição a técnica. A "etapa de transição a qual se encontra as seguintes fases caracteriza-se da seguinte forma, universal três é onde se trabalha um universo de modalidades esportivas, já a fase de orientação é caracterizada pela aprendizagem de vários esportes e a fase de direção faz relação ao direcionamento de jovens talentos para a modalidade específica escolhida.

Na visão de Greco (2000 apud ANTUNES, 2005, p. 1) é possível observar que

o processo de formação esportiva consiste em uma fase onde se pode optar pelo direcionamento da vida esportiva do indivíduo. O principal objetivo é a orientação com os processos, os meios a serem seguidos para contribuir na delimitação, conformação da personalidade do indivíduo e na busca de um referencial da cultura de movimento.

Para concluir, Bompa et al. (2001 apud ANTUNES, 2005, p. 1) apresentam que

[...] independente de seu potencial, os indivíduos devem percorrer determinadas fases no processo de formação esportiva. Segundo a literatura o processo de formação esportiva deve se preocupar com uma iniciação básica geral que procure desenvolver todas as capacidades e habilidades motoras básicas, priorizando um trabalho multilateral e variado até aproximadamente 11/12 anos de idade (início da primeira fase puberal-pubescência).

Ainda na fala do conglomerado de autores, a fase seguinte seria a especialização ou formação específica que consiste em treinamento físico, técnico e tático específico para a

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modalidade escolhida a partir dos 13 anos de idade aproximadamente (segunda fase puberal). A fase de alto rendimento seria a estabilização e aprimoramento dos aspectos desenvolvidos na fase anterior com o objetivo de performance, recomendado para a fase final da adolescência.

Desse modo, na sequência falaremos sobre as etapas presentes dentro do futebol das categorias de base à profissionalização. Também terá uma exposição inicial onde introduzirei as etapas percorridas pelo atleta pesquisado, as categorias são listadas como: mirim (SUB-14), infantil (SUB-15), juvenil (SUB-17) e júnior (SUB-20).

A Escola de Futebol (2017a, p. 1) expressa que

Dentro do serviço da escolinha está disponível treinar, participar, vivenciar, dentro de um conceito definido, proporciona experiências diversificadas, inseridas numa mesma lógica de jogar futebol, que contemple também a cultura de jogo do clube, sempre respeitando a faixa etária do aluno/atleta e principalmente seu processo de aprendizagem.

Ainda a Escola de Futebol (2017b, p. 1) apresenta que dentro da escola também são realizadas atividades pedagógicas as quais contempla, “sobretudo, no que diz respeito aos aspectos das dimensões, táticas, técnicas, físicas, emocionais e cognitivas, estimuláveis numa mesma situação real de jogo, em seu conjunto, formam o universo das atividades pedagógicas desenvolvidas na escolinha”.

A etapa inicial descrita por Scaglia (1996, p. 6) caracteriza-se

[...] aos 13/14 anos a ênfase é dada para o aprendizado do posicionamento tático e das posições dos jogadores durante o jogo. Depois de adquirida toda uma bagagem motora e dos fundamentos, é chegado o momento de se localizar dentro do contexto do jogo, e também aprender a usar cada fundamento de acordo com as exigências de cada posição.

Ainda de acordo com Scaglia (1996, p. 7), “ao final do processo de ensino-aprendizagem o aluno tem o livre arbítrio para escolher qual o caminho a seguir, se o do esporte (futebol) performance, ou esporte (futebol) participação, tendo por base o esporte (futebol) educação vivenciado, aprendido e desenvolvido na “escolinha de futebol”.

A iniciação esportiva, para Almeida (2005 apud RAMOS; NEVES, 2008, p. 2),

[...] a iniciação esportiva deve ser dividida em três estágios. O primeiro deles, chamado de iniciação desportiva propriamente dita, ocorre entre oito e nove anos. Nessa fase, o objetivo do treinamento é a aquisição de habilidades motoras e destrezas específicas e globais, realizadas através de formas básicas de movimentos e de jogos pré-desportivos.

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Almeida (2005 apud RAMOS; NEVES, 2008, p. 3) ainda apresenta

a terceira e última etapa proposta, chamada de introdução ao treinamento, à criança entre 12 e 13 anos alcança um significativo desenvolvimento da sua capacidade intelectual e física. Assim, o objetivo dessa fase é o aperfeiçoamento das técnicas individuais, dos sistemas táticos, além da aquisição das qualidades físicas necessárias para a prática do desporto.

Gabarra, Rubio e Ângelo (2009 apud ENDERLE, 2012, p. 27) defendem que “Atualmente a busca por novos talentos começa muito cedo. E esta iniciação precoce implica entre outras consequências a especialização antes do tempo, atrapalhando o desenvolvimento físico e mental das crianças.”

Antunes (2005, p. 1) enfatiza que:

[...] é preciso entender que a criança não é um adulto em menores proporções e, o esporte e todo o seu processo e fatores devem ser organizados para ela e não para satisfazer as vontades e anseios dos adultos. Independentemente de seu potencial, os indivíduos devem percorrer determinadas fases no processo de formação esportiva.

Greco (2000 apud ANTUNES, 2005, p. 1) afirma que “o processo de formação esportiva consiste em uma fase onde se pode optar pelo direcionamento da vida esportiva do indivíduo. O principal objetivo é a orientação com os processos, os meios a serem seguidos para contribuir na delimitação, conformação da personalidade do indivíduo [...].” Na fala do autor pode-se compreender que a criança não é uma miniatura do adulto e por isso os jogos devem ser voltados ao seu nível de entendimento e preparação. Antunes (2005, p. 1) ainda revela que “o processo de formação esportiva, principalmente o treinamento com crianças e adolescentes, não deve visar apenas o alto rendimento, mas um processo de ensino-aprendizagem, ou seja, um processo pedagógico.”

De acordo com Filgueira (2006, p. 1), “É importante considerar, na iniciação esportiva, a idade biológica, o nível de coordenação motora e o grau de inteligência para a elaboração das atividades a serem desenvolvidas pela criança, a fim de contribuir com o maior número de vivências motoras possíveis.” A prática do futebol, na iniciação esportiva, se manifesta por meio do jogo, nas diversas manifestações lúdicas que podem ser instituídas na aprendizagem do futebol.

Para Todt (2006 apud QUINTAS; BORTOLI, 2009, p. 1), “o esporte desempenha expressiva influência nos processos de desenvolvimento desde a infância isto porque a preparação de jovens atletas para a Iniciação Esportiva centra sua atenção nas relações interpessoais.”

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Quintas e Bortoli (2009, p. 1), por sua vez, referem que as “[...] relações existentes nos jogos as quais são de extrema importância para o desenvolvimento sadio da criança, pois as relações existentes neste período escolar auxiliam no crescimento de um indivíduo com bases emocionais e sociais para conviver em sociedade.”

A preparação de jovens atletas é uma etapa complexa dentro da Iniciação Esportiva, pois centra sua atenção nas relações interpessoais.

Levando em consideração o que traz a Escola de Futebol (2017b, p. 1),

[...] o clube acredita que o atleta deve estar em sintonia com a história do clube e também dentro dos objetivos de trabalho, primando pelas características técnicas do jogador e formá-lo dentro de um processo de desenvolvimento que respeite as características do clube. O sistema tático utilizado pelo Clube varia, não existe uma plataforma tática recomendada como ideal e sim algumas que o clube acredita que sejam proveitosas para a formação dos atletas.

A Escola de Futebol (2017b, p. 1) ainda aduz que

[...] em paralelo às questões táticas e modelo de jogo, dentro das categorias de base são trabalhados aspectos que visam desenvolver nos atletas em formação predicados mentais que proporcionem uma melhor absorção de conceitos, raciocínio rápido e inteligência emocional. Acredita-se internamente no clube que o desenvolvimento da capacidade mental do atleta é um diferencial competitivo e também uma característica marcante.

Sabendo que o clube leva em consideração a individualidade biológica de cada atleta enquanto nas etapas de formação, pode-se afirmar com o que é exposto pela Escola de Futebol (2017) que posterior a isso os treinamentos são bastante voltados para os fundamentos esportivos como: a técnica e a tática. Deste modo, Filgueira (2006, p. 1) apresenta a técnica como: “uma ação motora perfeita que proporciona o maior nível de desempenho no atleta.” O autor ainda refere que “o futebol é muito complexo e, por isso, necessita de uma aprendizagem motora adequada e habilidades específicas, o que, por sua vez, necessita de um acervo motor altamente qualificado.” (FILGUEIRA, 2006).

Para que seja possível trabalhar o futebol com crianças e adolescentes é preciso levar em consideração a individualidade biológica. O nível de maturação dos atletas também é levado em consideração aos processos cognitivos e mentais. Por isso, o desenvolvimento intelectual e técnico aponta para informações básicas e tática geral.

A tática é apresentada por Filgueira (2006, p. 1) da seguinte forma:

[...] a tática esportiva é baseada sobre a capacidade cognitiva, técnica adquirida e capacidade psicofísica e direcionada para um comportamento ideal em competições,

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mobilizando todo o potencial individual. Nesta fase, deve-se priorizar e ensinar a tática através de jogos. [...] O desenvolvimento da tática não se dá através de um treinamento complexo e sim através das inter-relações dos fatores do jogo.

Assim, após conhecer um pouco o passo a passo do desenvolvimento infantil e juvenil citado por Gallahue e Ozmun (2003), sendo possível obter um pouco do conhecimento sobre iniciação esportiva, passamos para o próximo item que tem como título o apoio dos pais e técnicos durante o processo de formação esportiva. O apoio dos pais vem a ser fundamental no início da carreira esportiva dos filhos, assim é válido que o tipo de apoio oferecido às crianças seja preparar e instruir para o seu desenvolvimento integral como atleta.

2.4 APOIO DOS PAIS E TÉCNICOS DURANTE O PROCESSO DE FORMAÇÃO ESPORTIVA

É sabido muitas vezes que alguns pais na ânsia de querer que seus filhos sigam uma carreira esportiva, acabam falhando e assim atrapalhando o que de repente viria a ser a realização do sonho da criança. Nesta idealização ainda existem técnicos e auxiliares que às vezes não conseguem transmitir todo o apoio e confiança que estes meninos merecem e precisam.

Segundo Filgueira (2005 apud ALMEIDA; SOUZA, 2016, p. 3), “[...] muitas vezes essa escolha é feita por uma questão cultural em detrimento ao gosto pessoal, ou até pela influência dos próprios pais que impedem seus filhos de escolherem outro esporte para praticar.” Em decorrência disto pode-se apresentar o que nos é apresentado por Salmela e Moraes (2003 apud MACIEL, 2015, p. 47), ou seja, “no início da vida esportiva, o apoio dos familiares é fundamental, não só o apoio financeiro, mas também o psicológico e afetivo.”

Neste sentido, pode-se afirmar que a influência dos pais é fundamental na carreira esportiva do filho, porém, é preciso que esses tomem cuidados a fim de não influenciar de maneira errada, causando o abandono esportivo no filho. Seguindo com este pensamento também é necessário que os professores e técnicos estejam preparados para orientar a criança ou o adolescente rumo à realização de seus sonhos.

Nessa lógica, Maciel (2015, p. 47) indica que

[...] o fator social também é um grande aliado para a construção da carreira esportiva de um jovem, existem vários fatores que causam impactos na decisão, manutenção e continuidade do atleta no esporte. Assim, é possível observar que por ser um meio de obter um bom retorno financeiro e que os atletas obtêm grandes lucros com contratos, é um fator que pode despertar o interesse pelo esporte tão bem como a busca por essa carreira.

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Neste sentido, os jovens precisam desenvolver o interesse pelo esporte e que não seja apenas um desejo passageiro, mas sim que este seja um objetivo de muitos meninos e que os mesmos lutem para que ocorra a realização. O caminho a ser traçado é muito longo para passar as etapas apenas para satisfazer muitas vezes o desejo dos pais. Deste modo, é preciso que o jovem siga firme em sua busca por tornar-se um atleta profissional, percorrendo o caminho correto para poder ter seus objetivos alcançados.

O entendimento de Schlossberg (1981 apud MARQUES; SAMULSKI, 2009, p. 2) a esse respeito é que:

Entre cada uma das fases da trajetória esportiva de um atleta, há um período chamado de transição. Uma transição na vida de uma pessoa é definida como um acontecimento ou processo que resulte em uma mudança de percepção sobre si mesmo e o mundo, o que consequentemente requer uma mudança correspondente no comportamento e forma de relacionamento desta pessoa.

Uma característica da transição da fase amadora para a fase profissional apresentada por Marques e Samulski (2009, p. 2) é que “ela ocorre em função do nível de desempenho alcançado pelo atleta. Caso não selecionado, este indivíduo pode ter que parar de jogar involuntariamente por falta de uma equipe que o acolha.” Os autores ainda afirmam que “a escolaridade, a formação esportiva inicial, o tipo de suporte familiar e social e os mecanismos de planejamento da carreira utilizados pelo atleta serão fundamentais para que ele possa lidar com possibilidades positivas como efetivar-se como atleta profissional.” (MARQUES; SAMULSKI, 2009, p. 2).

Assim, na perspectiva de Maciel e Moraes (2008 apud MACIEL, 2015, p. 48),

A importância do esporte para a sociedade, ou seja, destacar a relevância que deve ser dada à carreira esportiva, tendo em vista que o esporte gera recursos financeiros, sociais e culturais. Tais benefícios, quando analisados de uma forma micro, referem-se aos atletas e ao referem-seu dereferem-sempenho através das suas carreiras, as conquistas e projeções individuais dos atletas, nos âmbitos econômico/financeiro e social, os caracterizam tornando-os referências das suas modalidades.

O crescimento e o desenvolvimento da criança sofrem influências culturais, sociais e biológicas direta dos pais, desde os primeiros anos de vida. Especialmente quando se focaliza o aspecto esportivo, no caso o futebol, essas interferências são inequívocas, principalmente quando se trata de crianças do sexo masculino (FILGUEIRA; SCHWARTZ, 2007). Sendo assim, os mesmos autores afirmam que a competição é alvo deste estudo, uma vez que pode gerar inúmeros efeitos sobre o comportamento das crianças, como atletas.

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Na maioria das vezes, quando o pai ou a mãe ou ambos, frequentam os treinos e jogos da criança/atleta, esta tende a ficar mais retraída pois em determinados momentos pode entender como reprovação as palavras vindas dos pais. Neste sentido, Filgueira e Schwartz (2007, p. 2) mostram que “é preciso externalizar a convivência que o atleta teve com os pais, o modo como este foi criado, as lembranças, os acontecimentos, os fatos que marcaram sua vida, tudo isto pode exercer influência direta sobre o atleta e seu modo de agir.”

É notável o aumento do número de escolinhas de futebol no Brasil e no mundo, por isso existem diferentes tipos e também diferentes abordagens metodológicas exercidas pelas mesmas, mas nem sempre é o que acontece e muitos pais acabam colocando seus filhos em escolinhas formativas a qual é voltada totalmente para o alto rendimento. Assim, descreve-se o entendimento de Gimenez e Ugrinowitsch (2002, p. 2), que “[...] em linhas gerais, acredita-se que o desporto reúna vários componentes necessários à qualidade de vida, o que pode acredita-ser observado na generalização da busca da atividade desportiva por parcela razoável da população, sobretudo nos grandes centros urbanos.”

Nesse modelo, os autores revelam que é “possível que não aconteçam mudanças em habilidades e capacidades tão específicas no processo de desenvolvimento motor, sobretudo quando se leva em consideração a maior parte dos programas de educação física que acontece numa frequência de duas ou três vezes por semana.” (GUEDES; GUEDES, 1997 apud GIMENEZ; UGRINOWITSCH, 2002). Deste modo, os autores assim se expressam

[...] o estabelecimento de práticas com essas características atende adequadamente às finalidades de programas de treinamento voltados para atletas. Contudo, o emprego de uma metodologia de intervenção que adota esse modelo pode ser equivocado, quando os objetivos são pedagógicos. (GIMENEZ; UGRINOWITSCH, 2002, p. 3).

Durante a fase de iniciação é preciso que a criança aprenda a conviver com o esporte, é preciso que ela conheça suas regras e aprenda por meio da ludicidade. É preciso também que os técnicos façam a criança ter o convívio de situações de jogo de diferentes formas. Trabalhar com a criança num lugar onde ela possa construir-se e descobrir-se enquanto sujeito no meio social e como atleta da modalidade esportiva em que está inserida. Podemos trazer algo neste sentido de forma a concordar com os autores que é preciso autonomia do menino/atleta para que este saiba lidar com as etapas por quais venha passar durante o processo de formação esportiva.

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[...] todo esse processo de transferência e formação ocorre de forma natural e envolve a genética e a inter-relação social. Os pais são pessoas importantes, não apenas no cotidiano da criança, mas, de uma forma ou de outra, estão inseridos no processo de iniciação esportiva.

Neste sentido, Gimenez e Ugrinowitsch (2002, p. 4) mostram que

[...] o Esporte-Rendimento é seletivo por natureza, baseia-se fundamentalmente na competição, no rendimento e requer o treinamento. Nesse sentido, não são toleráveis alguns comportamentos que não sejam condizentes com esse ideário. A prática não pode e não deve ser baseada na diversificação, na exploração. O treinamento deve estar norteado pela repetição, muitas vezes exaustiva, do gesto técnico, de modo a garantir que a execução aconteça num plano próximo do que é considerado perfeito ou ideal.

Inserir a criança em uma prática esportiva como o futebol, contudo, pode ter seus benefícios. Mais que um simples aprendizado técnico, existem fatores intervenientes que asseguram a necessidade de compreensão deste quadro, de maneira a perceber o envolvimento direto da criança neste processo. Deste modo, as atitudes e condutas dos pais podem exercer reflexos e influenciar a participação da criança no esporte, inclusive nos campos de futebol (FILGUEIRA; SCHWARTZ, 2007).

Já na ideia de Ramos de Oliveira (1995 apud GIMENEZ; UGRINOWITSCH, 2002, p. 6) são apresentados “três fatores primários que embasam o estado de aptidão da criança para a aprendizagem de habilidades mais especializadas, como as que caracterizam o esporte: a maturação, as experiências anteriores e o nível de motivação.” Já Ferreira (1996 apud GIMENEZ; UGRINOWITSCH, 2002, p. 6) fala que “a maturação é indicada pelo tempo e ritmo do aparecimento das características biológicas (mudanças intrínsecas), as quais são influenciadas fundamentalmente pelos fatores genéticos [...].”

Neste sentido, é preciso que sejam desenvolvidos programas de intervenções que façam relação ao esporte na segunda infância, que mostrem a necessidade de levar em consideração o processo de crescimento e desenvolvimento do jovem atleta. É preciso a aquisição ou aprimoramento de habilidades motoras de acordo com o processo de desenvolvimento e maturação do indivíduo. Assim é preciso considerar que o nível de maturação individual de meninos pode vir a influenciar no processo de seleção para escolinhas e categorias de base.

É preciso falar da iniciação esportiva de modo que englobe a especialização juntamente em seus treinos, de maneira geral, especificamente no futebol, muitas vezes acontece de forma bastante precoce, pois a busca pelo alto rendimento é visada desde cedo, ignorando assim as etapas de crescimento e desenvolvimento. Neste pensamento, Verardi e

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De Marco (2008, p. 8) revelam que “[...] quanto mais cedo inicia-se o treinamento específico melhor será o desempenho alcançado pelo jovem atleta.”

Por outro lado, Peres e Lovisolo (2006, p. 3) mostram que

[...] é no clube que deságuam os iniciantes a caminho da especialização e do aperfeiçoamento esportivo, embora a participação desse agente seja reconhecida como primordial também na iniciação, por conta do acesso a uma diversidade de modalidades no sistema de escolinhas de esporte. Na prática, a força do binômio escola-clube ainda é notadamente importante no processo tradicional de formação de atletas no Brasil.

Peres e Lovisolo (2006, p. 2) dizem que “o agente que assiste a esse binômio é o professor de educação física [...], é um dos principais coautores nas ‘primeiras letras’ no esporte e condutor na transição do estágio de iniciação ao estágio de aperfeiçoamento. As competições estiveram a partir do estágio de iniciação, através de jogos escolares e competições internas de escolinhas de esporte, reproduzidos e adaptados do modelo de grandes eventos esportivos.

Já para Plantonov (2004 apud PERES; LOVISOLO, 2006, p. 3), “tais eventos poderiam ser considerados competições de motivação, preparação e treinamento precoce, no sentido de desempenho, para a faixa etária regular da fase.” De modo geral ainda é exposto por Peres e Lovisolo (2006, p. 4) que “[...] a transição para a fase de especialização se dá pelo exemplo de irmãos, por orientação dos pais, a convite de um amigo, por orientação do professor de educação física - ou seja, é oportunizada por agentes de seu convívio próximo.”

Os fatores que consolidaram o iniciante esportivo no esporte de especialização foram: suporte familiar, convívio com amigos, motivação e encorajamento dado por treinadores, reconhecimento de talento, base em outro esporte, mídia, estrutura do clube e bom desempenho em competições (PERES; LOVISOLO, 2006).

Assim, Salmela (1994 apud MARQUES; SAMULSKI, 2009, p. 1) mostram que

[...] a carreira esportiva de um atleta passa por diversas fases desde a iniciação até a aposentadoria. Os atletas passam por processos de captação e seleção, longos períodos de formação envolvendo treinamento e competições, socializam-se no ambiente esportivo, alcançam ou não o alto nível e finalmente cessam a prática sistemática do desporto.

Concordando com os autores acima citados pode-se refletir sobre o processo da carreira esportiva de um atleta que será descrito no item a seguir. Desde o início até atingir o alto rendimento é possível entender que carreira está descrita da seguinte maneira. Iniciação pré-desportiva, iniciação esportiva, aprendizado de habilidades com foco para o alto

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rendimento. Assim, em se tratando de futebol, na fase seguinte encontra-se o aprimoramento dos fundamentos técnicos, táticos e físicos, treinamentos específicos para cada posição, na sequência entra a especialização e por fim chega-se então à aposentadoria.

2.5 ETAPAS DE TRANSIÇÃO DA CARREIRA ESPORTIVA DE UM ATLETA

Considerando a discussão a respeito de carreira esportiva abordaremos na sequência sobre os passos que são percorridos por um atleta e como se dá essa sequência dentro de um Clube de futebol. De modo a entender melhor sobre o determinado assunto, trago a ideia apresentada por Hall (1976 apud NAKATA, 2014, p. 30) onde apresenta que “carreira é uma sequência de atitudes e comportamentos, aliada às experiências e atividades relacionadas ao trabalho, no período de vida de um profissional.”

Avançando no pensamento, Martini (2012 apud ANGELO, 2014, p. 79) entende que a “carreira atlética é composta por, no mínimo, três fases: iniciação, competição e aposentadoria sendo considerada até pouco tempo pelas ciências da gestão como não carreira.” Angelo (2014, p. 79) afirma que a carreira, “apresentando-se mais curta e definida são muitas as etapas, fases ou ciclos vividos pelo atleta desde a sua iniciação.”

A carreira esportiva de um atleta é organizada de forma que ele tenha de passar por todas as etapas sem ultrapassar fases ou estágios. Desse modo, Damo (2007, p. 174), em sua concepção, traz que

[...] acredita-se que, no futebol, o ápice profissional aconteça por volta dos 24-26 anos, o que pressuporia um dado equilíbrio entre um conjunto de fatores que vão desde as variáveis físicas às emocionas. A reconversão, em lugar da aposentadoria é por isso mesmo, uma etapa dramática de suas vidas.

Já para Bendassoli (2009 apud NAKATA, 2014, p. 30) carreira significa

[...] emprego assalariado ou atividade não remunerada; pertencimento a um grupo profissional (sindicalizado ou não) ou a manifestação da mais pura idiossincrasia (a carreira de um artista); vocação (algo que alguém faz por necessidade ou obrigação); posição em uma organização (associada a passagens por diversos cargos na hierarquia institucional) ou trajetória de um indivíduo que trabalha por conta própria; uma fonte de informação para as empresas alocarem recursos (humanos) ou então um roteiro pessoal para a realização dos próprios desejos.

Para o autor, a carreira envolve experiências da vida de uma pessoa, carreira quer dizer a necessidade do indivíduo de criar e planejar sua carreira, sendo ela esportiva ou não. Assim, é de fundamental importância considerar objetivos pessoais e profissionais que acompanham

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o crescimento do indivíduo. Para tanto é necessário levar em consideração que a progressão da carreira esportiva - incluindo a preparação de várias transições, o desenvolvimento de outras habilidades profissionais, a transição para a vida após o esporte e entender o curto espaço dessas carreiras - são subestimados, embora não totalmente negligenciados.

Nestas circunstâncias pode-se afirmar que a vida profissional de atletas requer que os mesmos saibam lidar com demandas e desafios ao longo de suas carreiras, muitas vezes dentro destas etapas existem recursos e obstáculos os quais os mesmos devem passar até atingir o alto rendimento. Do mesmo modo têm-se uma carência na preparação dentro destas transições, do júnior para o profissional, também como do amador para o profissional e a aposentadoria.

Dentre as causas, os novos modelos de carreira que Nakata (2014, p. 40) propõe “[...] vão de encontro a compreenderem uma variedade de opções e direções possíveis para o desenvolvimento (movimentos laterais, mudanças de direção, mudanças de organização e mudanças de aspiração), assim como uma variedade de definições de sucesso na carreira.”

Neste pensamento, Baruch (2004 apud NAKATA, 2014, p.40) apresenta que “essas definições de sucesso na carreira podem ser satisfação interior, equilíbrio de vida pessoal e profissional.” No decorrer da carreira profissional ocorre uma evolução das posições ocupadas dentro da organização, que pode depender de diversos fatores como: sociais, econômicos pessoais, familiares e culturais (DUTRA, 1996 apud GROHE, 2016). Já para Pontes (2005 apud GROHE, 2016, p. 5), “o profissional tem a responsabilidade e decisão sobre a carreira, porém cabe às empresas desenvolverem programas de incentivo que propicie o desenvolvimento e crescimento profissional.”

Refletir sobre carreira esportiva de atletas profissionais requer primeiramente analisar o início de sua carreira, como foi para chegar até o alto rendimento, quais os passos e fases passados. Para isso, Damo (2005, p. 173) apresenta que “carreiras curtas, auge precoce e difícil reconversão são características estruturais da profissão. Pode-se pensar a carreira de futebolista como um espiral.”

Para muitos atletas é difícil se imaginar em outra carreira que não seja esportiva pois, no futebol se adquire uma nova identidade, obtém-se realizações como fama e sucesso em nível nacional e internacional, fãs e reconhecimento do público em geral. Deste modo, muitos atletas nem pensam ou imaginam como será quando cessarem a carreira qual o novo caminho a seguir e qual o tipo de público que será atingido, muitas vezes não sabem como recomeçar uma nova vida ou uma nova carreira.

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Assim, a transição para a aposentadoria é problemática e bastante complexa pois muitas vezes os atletas acabam perdendo sua identidade pessoal por passarem muitos anos apresentando-se para a sociedade com uma identidade profissional. Por isso, muitos perdem o contato com torcedores e fãs e isso acaba afetando a vida pessoal do atleta. É possível que venha ocorrer a falta da convivência com os companheiros de clube e outros fatores relacionados ao encerramento da carreira esportiva.

Para tanto, é preciso pensar além da profissionalização esportiva, é preciso que os atletas iniciem suas carreiras já planejando o seu passo a passo. Na concepção de Angelo (2014, p. 60) “o jogador de futebol profissional” não é apenas uma celebridade em evidência instantânea, e sim alguém que faz lugar na história da modalidade potencializando e contribuindo para a clareza das aventuras e desventuras da carreira atlética.”

O planejamento da carreira esportiva pouco é levado em consideração pelos atletas enquanto estes ainda estão em atividade, não pensam na carreira em longo prazo e isto pode causar prejuízos, pois de repente em determinado momento é preciso encerrar a mesma devido a uma lesão grave e estes não se encontram preparados. Portanto é preciso que os clubes auxiliem os mesmos com fatores positivos para um melhor decorrer de transições nas etapas percorridas quando a profissionalização estiver na fase final.

Neste sentido, London e Stumph (1982 apud NAKATA, 2014, p. 30) mostram que

A carreira envolve a ocorrência de transições ligadas a necessidades individuais e imposições da organização e da sociedade. Assim é possível entender que a carreira constitui-se na sequência de posições ocupadas e trabalhos realizados durante a vida profissional de uma pessoa, considerando que o entendimento e a avaliação das experiências profissionais fazer parte da perspectiva do indivíduo [...].

Deste modo, pode-se acrescentar que das “transições que ocorrem na carreira profissional de um atleta elas podem ser positivas, quando existem precondições para a adaptação permitindo um desenlace; ou podem ser negativas, quando há muito esforço para se ajustar ao sucesso” (BRANDÃO et al., 2000 apud BARROS, 2008, p. 4). Na linha de pensamento do autor é preciso que os clubes trabalhem com enfoque também nas transições de carreira e não focados apenas em formar atletas e cidadãos que não consigam enfrentar dificuldades causadas pela transição de carreira principalmente quando essa encontra-se na fase final.

O término da carreira esportiva faz referência ao momento em que os atletas decidem ou venham a sentir a necessidade de encerrar o trabalho realizado há muitos anos em um clube ou instituição. Assim a transição para o momento seguinte nomeado como

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aposentadoria causa muitas vezes desconforto nos jogadores de modo que pode influenciar nas características psicológicas e sociais do indivíduo, pois após essa etapa ocorre a perda da identidade profissional tanto dentro do esporte, tão bem como fora dele.

Conforme Agresta, Brandão e Barros Neto (2008, p. 3), “[...] dependendo da presunção destes fatores, a transição para o término da carreira esportiva pode levar a um sentimento de ‘renascimento’ (a aceitação do início de uma vida nova), ou a uma dificuldade de adaptação a este novo momento.” Terminar a carreira, portanto, talvez seja um dos momentos mais difíceis na vida de um atleta, já que a mudança de transição causa também uma mudança no estilo de vida do jogador, pois isso quer dizer que o papel social e profissional terá de ser outro a partir de tomada a decisão de terminar a carreira.

Por essa razão é comum que os atletas venham a entender que o fim da carreira é um fator negativo, mas Samulski (2009 apud NAKATA, 2014, p. 55) traz que também “existem algumas consequências positivas relacionadas ao encerramento da carreira que seriam a ampliação do grupo social e realização de atividades sociais.” Em consequência disto, concordando com Nakata (2014), é possível falar que existem dois tipos de aposentadoria: uma o atleta escolhe, a outra ocorre forçada através de uma lesão, sendo que a primeira causa satisfação já a segunda causa desconforto.

Finalizando esta parte pode-se afirmar que o término da carreira chega para todos, alguns antes outro depois. Para alguns a carreira acaba cedo por conta de uma lesão ou falta de produção na posição escolhida, enquanto para outros o encerramento da carreira é mais tardio por este estar bem fisicamente e apresentar alto nível durante jogos e competições. Cabe lembrar que cada atleta, cada ser humano reagirá de um modo perante esta escolha. Para alguns poderá vir a ser um momento difícil, pois perderá o contato com o meio esportivo, já para outros poderá ser um momento diferente onde fará novas amizades em outra carreira que não seja esportiva. Após este encerramento passo para a próxima etapa intitulada como processos metodológicos.

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