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A problemática do fortuito interno e externo no

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Academic year: 2021

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a pRoblemátiCa Do FoRtuito inteRno e exteRno no

âmbito Da ResponsabiliDaDe ConsumeRista

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avieR Doutor e Mestre em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor na Faculdade de Direito da Fundação Escola Superior do Ministério Público – FMP (Graduação e Mestrado em Direito), na Escola da Magistratura do Trabalho do Rio Grande do Sul (FEMARGS) e na Faculdade IMED. Advogado da União. jtadeunx@terra.com.br

Recebido em: 26.09.2017 Parecer em: 13.11.2017

áReaDo DiReito: Consumidor

Resumo: O direito do consumidor brasileiro

pos-sui sistema próprio de responsabilidade civil dos fornecedores, adotando como modelo de refe-rência a técnica da responsabilidade objetiva fundada na teoria do risco da atividade, admi-tindo determinadas excludentes. O presente en-saio tem por objeto a análise de como a doutrina especializada e a casuística dos tribunais têm enfrentado a influência de eventos fortuitos na imputação de responsabilidade consumerista como causa de exclusão de responsabilidade dos fornecedores, verificando a sua ocorrência nas órbitas interna e externa de riscos assumidos por aqueles que desenvolvem atividades no mercado de consumo.

palavRas-Chave: Direito do consumidor –

Res-ponsabilidade civil – Excludentes de responsabi-lidade – Fortuitos interno e externo.

abstRaCt: The Brazilian Consumer Law has its own system of civil liability for traders, adopting as reference model the objective liability tech-nique based on the theory of the activity risks, admitting certain exclusions. The purpose of this essay is to analyze how the specialized doctrine and courts decisions have faced the influence of fortuitous events in the attribution of consumer liability as a cause of exclusion of trader’s res-ponsibility, verifying their occurrence in internal and external risks assumed by those who carry out activities in the consumer market.

keywoRDs: Consumer law – Civil liability –

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A matéria, porém, não é de todo pacífica, pois no próprio Superior Tribunal de Justiça é possível a verificação de certa dissonância sobre a abrangência do dever de segurança a ser efetivado pelos fornecedores, o que se verifica, em especial, quando se sai da área dos serviços bancários.

5. C

onsiderações finais

Ao encerrar o presente ensaio sobre a atuação do caso fortuito no modelo de responsabilidade civil consumerista, resta evidenciado que o tema ainda se encontra em construção, carecendo de maiores e mais intensos debates acadê-micos para que alcance uma sistematização satisfatória.

A atividade pretoriana tem auxiliado em muito nesta tarefa, propiciando discussões sobre a dimensão que o tema do fortuito interno e externo pode atin-gir, indo além da vinculação tradicional da versão clássica do caso fortuito e da

força maior.

No âmbito das relações de consumo, a apuração do tema exige o cotejo com o dever de segurança do fornecedor, com a teoria do risco do desenvolvimento e, ainda, com o fato de terceiro, de forma a se obter uma melhor sistematização da questão.

A previsão contida no enunciado da Súmula 479 do Superior Tribunal de Justiça, ao fazer referência expressa à noção de fortuito interno, demonstra a evolução que o tema vem experimentando, mas é necessário que se vá além, no caminho de se consolidar as bases adequadas para a organização do assunto.

Dessa forma, o presente ensaio buscou contribuir para o aprimoramento da matéria, propondo o debate sobre a dimensão a ser atribuída à noção de

fortuito interno no âmbito das relações consumeristas, sempre com o viés de

comprometimento com a efetiva defesa dos direitos do consumidor.

6. r

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Veja também Jurisprudência

Referências

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