Ética e Responsabilidade
Empresarial contextualizadas
•A empresa moderna constitui-se em torno do Capital.
•O seu contexto resulta do processo social que transforma os bens
em capital
•“O capital, tal como a energia, é também um valor adormecido. Despertá-lo requer que se vá além de olhar os nossos bens como eles se apresentam para os pensarmos como poderiam ser se tivessem uma forma activa. É necessário um processo para estabelecer o potencial económico dos bens de forma a poderem ser utilizados para iniciar uma produção adicional.”
(Hernando de Soto, O Mistério do Capital) •Tal processo consiste no sistema unificado de propriedade formal (equivalente a uma central hidroeléctrica) que descreve, organiza e regista as
características económicas e sociais que respeitam aos bens, dando-lhe a forma de um título.
Titularidade da propriedade
– O sistema permite descobrir o potencial económico da propriedade:
“no momento em que, por exemplo, se centra a atenção no título de uma casa e não na casa em si, sai-se automaticamente do mundo material para o
universo conceptual onde se situa o capital”
– A informação dispersa sobre os bens é integrada num único sistema
– É criada a responsabilidade individualizada do proprietário, libertando-o das restrições próprias aos contextos politizados das comunidades locais,
substituídas pelo contexto impessoal da lei
– Os bens tornam-se fungíveis, dividindo, combinando, mobilizando e utilizando as suas representações para transacções (acordos com vista à realização de
negócios)
– As pessoas são ligadas numa rede de agentes de negócios individualmente identificáveis e responsabilizáveis
– As transacções são protegidas, permitindo movimentarem-se largas quantidades de bens em segurança
– Consequentemente, os sistemas monetários e bancários funcionam e o investimento pode ser realizado (o papel moeda deve a sua criação às anotações de confissão de dívida, pressupondo a instituição prévia da
A propriedade das Empresas
• A propriedade das empresas vai incidir sobre as representações do potencial
económico dos bens de que aquelas são proprietárias, isto é, sobre o capital social das empresas
• Há separação entre a propriedade e a gestão
• Controlo da empresa é transferido para os administradores e conselhos de administração
• A titularidade da propriedade é fragmentada (acções)
• Interesses diferentes emergem: lucros para accionistas / crescimento para gestores • Capital social e seus acrescentos (fundos próprios) são alavancados por capitais
alheios.
• Direitos (estritos) dos accionistas: de vender os títulos, de votar em assembleias de accionistas, de aceder a informação, de responsabilizar os gestores por má conduta eventual, direitos residuais em caso de liquidação da empresa. Não incluem o direito a uma certa grandeza de lucro ou dividendo.
• Deveres (amplos) confiados aos gestores: actuar para benefício da empresa através da criação de valor, cuidar e aplicar competências ao serviço desta, dever de
Conflitualidade
accionistas/gestores
• Teoria da agência: a parte accionista (o “principal”), ao
delegar por via de contrato a execução de actividades na
parte gestora (o “agente”), expõe-se ao oportunismo e
interesse próprio do agente (abuso de poder, atitudes
diferentes face ao risco, informação assimétrica) e ao risco
moral.
• Activismo accionista: fundos institucionais e raiders podem
entrar no capital social da empresa, tirando partido da sua
necessidade de liquidez, para parti-la, vendê-la em
segmentos e reestruturá-la na óptica do valor accionista,
independentemente da estratégia de criação de valor da
gestão.
Intermediação e outras funções
das instituições financeiras
Mercado monetário Mercado de capitais
Mercado de balcão “over-the counter”
Os mercados financeiros
• Os mercados financeiros secundários (bolsista
e over-the-counter) tornaram-se fundamentais
para a acção das empresas.
• Os empréstimos perdem alguma da sua
importância tradicional no negócio das
instituições financeiras devido à
desintermediação
• As instituições financeiras não podem
sobreviver sem:
Novos riscos
• Os mercados financeiros são mercados de activos e de
responsabilidades.
• As transacções realizadas resultam em fluxos de
pagamentos espalhados pelo tempo, sem horizonte
temporal normalizado
• A maioria dos bens físicos e de muitos serviços tem
horizontes temporais dilatados.
• Para certos serviços e bens virtuais, o horizonte
temporal é, no entanto, curto e o seu valor (como activo
ou responsabilidade) está alavancado pelo crédito
(leveraged)
• Através dos derivados pode construir-se alavancagem
sobre alavancagem (leverage on leverage), aumentando
ainda mais os riscos.
Distorções nos mercados
financeiros
Podem resultar de dois factores:
• Má supervisão dos centros financeiros
off-shore
• Insuficiente monitoragem das posições de
risco dos hedge funds.
Desafios éticos nos mercados
financeiros
– Banca comercial e de retalho: segmentação de mercados, redução dos serviços directos aos mais pobres (encaminhamento para caixa automática, etc.), cross
selling
– Mitigação de risco de crédito através de derivados de crédito e titularização da dívida, transferindo-o para terceiros com consequências imprevisíveis
– Crédito às PME com elevadas taxas de juro – Discriminação étnica no crédito
– Empréstimos predatórios, concedidos com facilidade e elevadas taxas a clientes vulneráveis)
– Cartões de crédito
– Financiamento de projectos não sustentáveis – Micro-crédito
– Banca de investimento: conflitos de interesses entre o lado de banco de investimento e o lado de analista financeiro
– Hedge Funds com estratégias de elevadíssimo risco – Regulação
– Estratégias de investimento dos fundos de pensões e outros institucionais – Seguros: risco de insolvência acrescido pelas estratégias de investimento em