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Texto

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Nietzsche: construção do pensamento

Objetivos

Analisar que a genealogia de Nietzsche consiste num estudo feito por ele a respeito dos valores bom e mau.

Neste estudo, ele descobre que eles estão ligados à divisão de classes, na qual o bom está ligado à classe dominante e o mau, à classe plebeia.

Se liga

Para que você compreenda a influência do pensamento de Schopenhauer nas teorias de Nietzsche, clique aqui, para assistir a uma aulinha.

Curiosidade

Nietzsche nutriu uma amizade muito intensa com o famoso músico Richard Wagner. Essa relação influenciou profundamente o desenvolvimento de sua filosofia. Porém, embora visse nas composições de Wagner a expressão máxima da cultura alemã, Nietzsche discordava de seu amigo no que se refere ao nacionalismo exacerbado e ao antissemitismo (aversão aos judeus). Essa discordância pôs fim à amizade entre eles. Após um colapso mental, que o levou à morte, Nietzsche teve parte de suas obras alteradas por sua própria irmã, que tentou adaptá-las aos ideais do Partido Nazista.

Teoria

Quem foi Nietzsche?

Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em 15 de outubro de 1844, em Röcken, na Saxônia. Mais velho dentre os três filhos de uma família de pastores, teve uma boa formação, estudando teologia e filologia clássica na Universidade de Bonn. Com apenas 24 anos, demonstrando uma genialidade precoce, Nietzsche foi chamado para a cadeira de Língua e Literatura Grega na Universidade de Basileia, na Suíça; assumindo, também, a cadeira de filologia clássica.

A filósofa e pesquisadora Scarlett Marton considera Nietzsche como o “filósofo da suspeita”. Segundo ela, a filosofia nietzscheana pode ser caracterizada como pluralista, perspectivista e experimentalista. Pluralista, porque apresenta diversos estilos, como a dissertação, o aforismo, a poesia, a autobiografia etc. Além disso, podemos considerar a filosofia de Nietzsche como pluralista, por não apresentar um princípio único, organizador das ideias. Como veremos, ele aborda diversos conceitos, que são desenvolvidos ao longo de todas as suas obras, como “a morte de Deus“, o “além-do-Homem“, a “vontade de potência“, a “doutrina do eterno retorno do mesmo“ e o “procedimento genealógico“.

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Por fim, a filosofia nietzscheana pode ser entendida como uma filosofia experimental, uma vez que, ao contrário da tradição filosófica, Nietzsche não pretende chegar a afirmações categóricas ou verdades absolutas. Seu objetivo é pôr à prova hipóteses interpretativas, fazendo experimentos com o próprio pensar.

Além de filósofo da suspeita, Nietzsche também é conhecido por sua “filosofia do martelo”, uma vez que se propõe a destruir os ídolos; isto é, tudo aquilo que foi considerado como verdadeiro a partir do pensamento moderno. Dentre outras coisas, a sua obra traz múltiplas provocações, como os diversos ataques à religião cristã, com sua moral do ressentimento, repleta de valores como a compaixão, a caridade e o altruísmo. Outro alvo constante de Nietzsche é a metafísica, uma vez que ela produz uma duplicação do mundo, o que afasta o homem do mundo da vida.

Influência de Schopenhauer

Em 1865, enquanto prosseguia os seus estudos em Leipzig, Nietzsche teve contato com a obra de Schopenhauer, o que constitui um ponto decisivo para os novos rumos de sua filosofia. Por isso, em 1874, ele escreveu a sua terceira “Consideração extemporânea” (intitulada “Schopenhauer como educador”), dedicada ao estudo de Schopenhauer. A influência schopenhauereana pode ser encontrada, também, na crítica que Nietzsche dirige à racionalidade, que ele chama de princípio apolíneo. Ou, ainda, no próprio conceito de vontade, que ele transforma em vontade de potência.

Apolíneo e dionisíaco

Para Nietzsche, tanto a realidade quanto o próprio ser humano são formados por dois princípios complementares, chamados de apolíneo e dionisíaco. O primeiro faz referência ao deus Apolo (deus da razão, da clareza, da ordem) e o segundo, a Dioniso (deus da aventura, da música, da fantasia, da desordem). Ao valorizar o princípio apolíneo e reprovar o dionisíaco, a Grécia socrática criou um verdadeiro culto à razão que anula a força criadora do ser humano em todas as suas atividades, inclusive na filosofia. Segundo Nietzsche, o mundo é consequência da interação e do equilíbrio entre esses dois princípios, que geram uma mistura, uma turbulência, uma complexidade. Por isso, qualquer tipo de separação como aquela entre ideal e real, superior e inferior, sensível e inteligível não amplia nosso conhecimento sobre o mundo, mas o limita.

Genealogia da moral

Em sua obra “Genealogia da moral” (1887), Nietzsche se propõe a realizar uma crítica dos valores morais, de modo a colocar em questão o valor mesmo desses valores. Para tal, ele supõe que é necessário o conhecimento das condições e circunstâncias de seu nascimento, de seu desenvolvimento e de sua modificação. Segundo ele, os valores “bem” e “mal” nunca haviam sido questionados, uma vez que, desde Platão, se considerou que eles encontravam a sua origem e a sua legitimidade em um mundo transcendente.

Nesse sentido, o mundo no qual nos encontramos é o mundo da ilusão; e o mundo inteligível é essencial, imutável e eterno. Nele, estão as três ideias fundamentais, quais sejam: as ideias de bem, belo e verdadeiro, porém Nietzsche rejeita a existência desse mundo inteligível, perfeito e imutável. Logo, se o mundo transcendente não existe, todos os valores são humanos; isto é, foram criados em algum momento e em algum lugar. Ou seja, eles surgem, se transformam, dão lugar a novos valores e desaparecem. Por isso, podem ser questionados. Essa forma de abordar o comportamento humano, a partir de uma perspectiva histórica, buscando estabelecer as suas origens, ficou conhecido como genealogia.

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Moral do senhor e moral do escravo

A partir da ideia de que os valores são humanos (demasiado humanos), Nietzsche se dedica a traçar a história dos valores “bem” e “mal”. Assim, analisando as civilizações passadas, ele chega à conclusão de que existem duas perspectivas avaliadoras: a dos nobres e a dos ressentidos. Essas perspectivas avaliadoras correspondem ao que Nietzsche denomina “moral dos senhores” (os nobres) e “moral dos escravos” (os ressentidos). Os nobres começaram criando o valor “bom”, que atribuíram a si mesmos (ex.: “nós, os bons”,

“nós, os nobres”, “nós, os felizes”); com passar do tempo, eles criaram, também, como uma espécie de imagem em contraste, o valor “ruim”, que atribuíram aos fracos, aos desprezíveis, aos incapazes de lutar.

Note-se que, ao utilizar o termo “nobreza”, Nietzsche está se referindo à aristocracia guerreira dos tempos homéricos, e não à nobreza como uma classe social. Os escravos, por sua vez, começaram pela invenção do valor “mau”, que atribuíram aos nobres; e, por oposição (se eles são maus, nós somos bons) atribuíram o valor “bom” a si mesmos.

Desse modo, os valores “bom” e “ruim” correspondem à maneira nobre de avaliar, já os valores "bom" e "mau"

correspondem à maneira ressentida. Daqui, podemos concluir que o valor “bom” presente na perspectiva dos nobres e o valor “bom” presente na perspectiva dos ressentidos não podem ser os mesmos, uma vez que o valor dos nobres surge da autoafirmação e o dos ressentidos surge da negação e da oposição. Em segundo lugar, o valor “mau” apresentado pelos ressentidos designa o “bom” da moral dos nobres. Por fim, a moral dos escravos é uma reação aos valores dos nobres, uma inversão do que está posto.

Para Nietzsche, a Moral dos escravos surgiu quando a classe sacerdotal tomou o lugar da aristocracia guerreira, na Grécia Antiga. Enquanto a aristocracia guerreira entendia como “bom” o valor belo, nobre e feliz, a classe sacerdotal entendia como “bom” o valor pobre, miserável, impotente, piedoso etc. Diante disso, para definir qual dos dois tipos de moral é superior, é preciso estabelecer um critério de avaliação. Esse critério, segundo Nietzsche, é a própria vida. Ou seja, é preciso perguntar: qual dessas duas maneiras de avaliar contribui para a expansão e a exuberância da vida? Esse procedimento genealógico se estende à moral, à arte e à filosofia, todas elas têm de responder à seguinte pergunta: em que medida isso contribui para a expansão da vida ou para a sua degenerescência?

Vida e vontade de potência

Mas, antes, é preciso perguntar: o que é a vida? Em “Assim Falou Zaratustra” (1883), Nietzsche vai identificar vida e vontade de potência. Assim, para ele, a vida é definida como uma vontade orgânica, presente não apenas no homem, mas em todos os seres vivos. Para Nietzsche, as nossas células, os nossos tecidos e os nossos órgãos querem, sentem e pensam. Além disso, todos eles buscam expandir-se o quanto podem; isto é, todos querem alcançar mais potência. Isso faz com que haja uma luta constante entre cada ser vivo microscópico que nos compõe. Porém essa vontade de potência só se exerce na medida em que encontra resistência; com isso, todo obstáculo se converte em estímulo à vida. A vida é, portanto, um caso particular da vontade de potência que existe no mundo.

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Niilismo

Em sua filosofia, Nietzsche opera uma desconstrução da linguagem, alterando e ou invertendo o significado de diversos termos, como é o caso do niilismo. Tradicionalmente, o termo niilismo (do latim nihil) pode ser entendido como a “ausência de valores”; porém, com Nietzsche, esse conceito ganha um novo significado.

Aqui, podemos retomar a profunda crítica que ele faz à moral cristã, entendendo-a como a expressão da negação da vida. Em outras palavras, juntamente com a filosofia de Sócrates e com o dualismo platônico, a moral cristã foi uma das grandes responsáveis por incorporar e difundir a moral do escravo, estimulando o homem a negar a própria vida aqui e agora em favor de uma outra vida em um mundo transcendente – e, de acordo com Nietzsche, fictício; tornando-o, portanto, fraco e doente. Nesse sentido, niilista é todo aquele que nega o mundo real em função de um ideal, seja ele qual for (o mundo das ideias de Platão, o paraíso cristão, a sociedade sem classes de Marx etc.). Para ele, o homem deve não só viver no mundo real, sem idealizações, mas amar o próprio destino (amor fati).

A morte de Deus

No aforismo 125 de “Gaia Ciência” (1882), Nietzsche afirma categoricamente: “Deus morreu! Deus continua morto! E fomos nós que o matamos! Como haveremos de consolar, nós, assassinos entre os assassinos! O que o mundo possui de mais sagrado e mais poderoso sangrou sob nosso punhal – quem nos lavará desse sangue?” Note-se que ele não diz que Deus não existe, mas sim que Deus morreu. Não se trata, portanto, de uma defesa do ateísmo; pois, para Nietzsche, crer ou não crer em Deus é uma questão pessoal. O que ele pretende com essa afirmação é que todos os valores que foram criados a partir da noção de um Deus que está em outro mundo contribuem para a degeneração da vida, porque levam o homem privilegiar a outra vida em detrimento desta, o reino de Deus em detrimento do mundo em que nos encontramos, a alma em detrimento do corpo. Ou seja, a morte de Deus corresponde à ausência do solo que fundamenta os valores da ética, da ciência, da política etc.

Além-do-homem (super-homem)

De acordo com Nietzsche, não basta abandonar a moral da religião e se apegar unicamente à ciência, pois a ciência, assim como a religião e como a metafísica, é atravessada por uma vontade de verdade, e a própria ideia de verdade está fundamentada na existência de um mundo transcendente que, segundo ele, deve ser suprimido. Com isso, Nietzsche pretende realizar o seu projeto de transvaloração de todos os valores; isto é, de criar novos valores, fundamentados em um novo solo. Esses valores devem estar em consonância com o corpo, com a vida e com a Terra. Assim, o homem doente e fraco produzido pelos da valores da moral do escravo dará lugar ao que ele chama de “além-do-homem” (ou super-homem), um homem sadio e forte, que é capaz viver esta vida aqui e agora, sem idealizações ou transcendências, como se ela fosse se repetir tal como é um número infinito de vezes (eterno retorno do mesmo).

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Exercícios de fixação

1.

Qual dos conceitos abaixo expressa a influência do pensamento de Schopenhauer na obra de Nietzsche?

a) Vontade.

b) Vontade de potência.

c) Representação.

d) Espírito absoluto.

2.

Qual é a principal crítica de Nietzsche dirigida a Sócrates?

3.

Explique a relação entre Nietzsche e Richard Wagner.

4.

Como as ideias de Nietzsche chegaram ao Partido Nazista?

5.

De acordo com Nietzsche, quais são os princípios que formam tanto a realidade quanto o próprio homem?

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Exercícios de vestibulares

1.

(UFSJ, 2011 - adaptada) Nietzsche estampa a sua inconformidade e indignação quanto ao homem que se deixa levar pelos valores morais e religiosos instituídos. Assinale a alternativa que CORRETAMENTE corrobora essa afirmação.

a) “Hoje não desejamos o gado moral nem a ventura gorda da consciência.”

b) “O verme se retrai quando é pisado. Isso indica sabedoria. Dessa forma ele reduz a chance de ser pisado de novo. Na linguagem da moral: a humildade.”

c) “À força de querer buscar as origens nos tornamos caranguejos. O historiador olha para trás e acaba crendo para trás.”

d) “Há um ódio contra a mentira e a dissimulação que procede duma sensível noção de honra; há outro ódio semelhante por covardia, já que a mentira é interdita pela lei divina. Ser covarde demais para mentir...”

e) “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.”

2.

Nietzsche celebrizou-se e tornou-se até venerado por muitos por haver filosofado, no dizer comum, a

“golpes de martelo”, uma vez que realizou críticas radicais à filosofia de tradição socrático-platônica, ao cristianismo e, inclusive, à ciência.

Nietzsche desferiu golpes impiedosos a essas categorias da cultura ocidental, porque a) desarticularam a moral histórica, impedindo a vontade de potência subjetiva no ocidente.

b) desmotivaram a vontade de potência humana, conforme paradigmas da filosofia e da ciência.

c) impuseram uma moral de rebanho, capaz de atrofiar a vontade de potência dos indivíduos.

d) determinaram a “morte de Deus”, privando-se da competência de arrebanhar os homens.

e) preservaram a tradição atrofiando, consequentemente, a possibilidade de atualização de uma moral universal.

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3.

“Em algum remoto rincão do sistema solar cintilante em que se derrama um sem-número de sistemas solares, havia uma vez um astro em que animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da história universal: mas também foi somente um minuto. Passados poucos fôlegos da natureza congelou-se o astro, e os animais inteligentes tiveram de morrer. Assim poderia alguém inventar uma fábula e nem por isso teria ilustrado suficientemente quão lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natureza. Houve eternidades em que ele não estava; quando de novo ele tiver passado, nada terá acontecido. Ao contrário, ele é humano, e somente seu possuidor e genitor o toma tão pateticamente, como se os gonzos do mundo girassem nele. Mas se pudéssemos entender-nos com a mosca, perceberíamos então que também ela boia no ar [...] e sente em si o centro voante deste mundo.”

(NIETZSCHE. O Livro das Citações, 2008.)

Sobre o texto, é correto afirmar que:

a) Seu teor acerca do lugar da humanidade na história do universo é antropocêntrico;

b) O autor revela uma visão de mundo cristã;

c) O autor apresenta uma visão cética acerca da importância da humanidade na história do universo;

d) Ao comparar a vida humana com a vida de uma mosca, Nietzsche corrobora os fundamentos de diversas teologias, não se limitando ao ponto de vista cristão;

e) Para o filósofo, a vida humana é eterna.

4.

“A evolução progressiva da arte resulta do duplo caráter do “espírito apolíneo” e do “espírito dionisíaco”, tal como a dualidade dos sexos gera a vida no meio de lutas que são perpétuas e por aproximações que são periódicas. Tais designações, fomos nós buscá-las aos gregos. Foram eles que tornaram inteligível ao pensador o sentido oculto e profundo da concepção artística com auxílio das figuras altamente significativas do mundo dos seus deuses. É, pois, às suas divindades das artes, que se refere a nossa consciência do extraordinário antagonismo que existe no mundo grego. Estes dois instintos impulsivos andam lado a lado e na maior parte do tempo em guerra aberta para darem origem a criações novas, cada vez mais robustas, até que, por fim, os dois instintos se encontrem e se abracem para gerarem a obra superior que será ao mesmo tempo apolínea e dionisíaca – a tragédia ática.”

(Friedrich Nietzsche. A origem da tragédia, 2004. Adaptado.)

“A origem da tragédia”, publicado em 1872, está entre os livros de juventude de Friedrich Nietzsche (1844-1900). O autor, por meio da análise da tragédia grega, reflete sobre a origem das artes e da natureza artística de sua contemporaneidade. Os argumentos do filósofo eram inovadores, ele entendia que

a) o confronto entre o mundo do desejo, do excesso, e o princípio da contemplação, do equilíbrio, era gerador das novidades artísticas e culturais.

b) o antagonismo extremo entre forças criadoras deveria ser contido e apaziguado pelo avanço da civilização e da cultura capitalista.

c) a oposição entre a embriaguez dionisíaca e a racionalidade apolínea foi um traço específico da cultura grega, extinguindo-se juntamente com o mundo clássico.

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5.

“Convicção é a crença de estar na posse da verdade absoluta. Essa crença pressupõe que há verdades absolutas, que foram encontrados métodos perfeitos para chegar a elas e que todo aquele que tem convicções se serve desses métodos perfeitos. Esses três pressupostos demonstram que o homem das convicções está na idade da inocência, e é uma criança, por adulto que seja quanto ao mais. Mas milênios viveram nesses pressupostos infantis, e deles jorraram as mais poderosas fontes de força da humanidade. Se, entretanto, todos aqueles que faziam uma ideia tão alta de sua convicção houvessem dedicado apenas metade de sua força para investigar por que caminho haviam chegado a ela: que aspecto pacífico teria a história da humanidade!”

(Nietzsche. Obras incompletas, 1991. Adaptado.)

Nesse excerto, Nietzsche

a) defende o inatismo metafísico contra as teses empiristas sobre o conhecimento.

b) valoriza a posse da verdade absoluta como meio para a realização da paz.

c) defende a fé religiosa como alicerce para o pensamento crítico.

d) identifica a maturidade intelectual com a capacidade de conhecer a verdade absoluta.

e) valoriza uma postura crítica de autorreflexão, em oposição ao dogmatismo.

6.

Sobre os impulsos estéticos que se unem de modo específico na Tragédia, diz Nietzsche: “Teremos ganho muito a favor da ciência estética se chegarmos não apenas à intelecção lógica, mas à certeza imediata da intuição [Anschauung] de que o contínuo desenvolvimento da arte está ligado à duplicidade do apolíneo e do dionisíaco, da mesma maneira como a procriação depende da dualidade dos sexos, em que a luta é incessante e onde intervêm periódicas reconciliações.”

Sobre o pensamento trágico de Nietzsche, é incorreto afirmar que

a) há dois impulsos artísticos: o apolíneo (artes plásticas, diálogo) e o dionisíaco (música).

b) o apolíneo e o dionisíaco são também impulsos cósmicos.

c) esses dois impulsos estão frequentemente em luta; mas, periodicamente, reconciliam-se.

d) a tragédia é formada pela reconciliação desses dois impulsos: diálogo (apolíneo) e coro musical (dionisíaco).

e) para apreendermos esses dois impulsos, devemos utilizar apenas a intuição (Anschauung).

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7.

Considere os seguintes excertos:

“Dionísio já havia sido afugentado do palco trágico e o fora através do poder demoníaco que falava pela boca de Eurípedes. Também Eurípedes foi, em certo sentido, apenas máscara: a divindade, que falava por sua boca, não era Dionísio, tampouco Apolo, porém um demônio de recentíssimo nascimento, chamado Sócrates.”

Nietzsche, F. O Nascimento da Tragédia ou Helenismo e Pessimismo. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

“O Nascimento da tragédia tem dois objetivos principais: a crítica da racionalidade conceitual instaurada na filosofia por Sócrates e Platão; a apresentação da arte trágica, expressão das pulsões artísticas dionisíaca e apolínea, como alternativa à racionalidade”.

Machado, R. “Arte e filosofia no Zaratustra de Nietzsche” In: Novaes, A. (org.) Arte pensamento. São Paulo. Companhia das Letras, 1994.

Os trechos acima aludem diretamente à crítica nietzschiana referente à atitude estética que a) subordina a beleza à racionalidade.

b) cultua os antigos em detrimento do contemporâneo.

c) privilegia o cômico ao trágico.

d) concebe o gosto como processo social.

e) glorifica o gênio em detrimento da composição calculada.

8.

(UFU, 2008 - adaptada) Leia atentamente o texto a seguir.

“Na filosofia de Parmênides preludia-se o tema da ontologia. A experiência não lhe apresentava em nenhuma parte um ser tal como ele o pensava, mas, do fato que podia pensá-lo, ele concluía que ele precisava existir: uma conclusão que repousa sobre o pressuposto de que nós temos um órgão de conhecimento que vai à essência das coisas e é independente da experiência. Segundo Parmênides, o elemento de nosso pensamento não está presente na intuição, mas é trazido de outra parte, de um mundo extrassensível ao qual nós temos um acesso direto através do pensamento.”

NIETZSCHE, Friedrich. A filosofia na época trágica dos gregos. Trad. Carlos A. R. de Moura. In Os pré-socráticos. São Paulo:

Abril Cultural, 1978. p. 151. Coleção Os Pensadores.

Marque a alternativa INCORRETA.

a) Para Parmênides, o Ser e a Verdade coincidem, porque é impossível a Verdade residir naquilo que Não é: somente o Ser pode ser pensado e dito.

b) Pode-se afirmar com segurança que Parmênides rejeita a experiência como fonte da verdade, pois, para ele, o Ser não pode ser percebido pelos sentidos.

c) Parmênides é nitidamente um pensador empirista, pois afirma que a verdade só pode ser acessada por meio dos sentidos.

d) O pensamento, para Parmênides, é o meio adequado para se chegar à essência das coisas, ao Ser,

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9.

Friedrich Nietzsche (1844-1900) é um importante e polêmico pensador contemporâneo, particularmente por sua famosa frase “Deus está morto”. Em que sentido podemos interpretar a proclamação dessa morte?

a) O Deus que morre é o Deus cristão, mas ainda vive o deus-natureza, no qual o homem encontrará uma justificativa e um consolo para sua existência sem sentido.

b) Não fomos nós que matamos Deus, ele nos abandonou na medida em que não aceitamos o fato de que essa vida só poderá ser justificada no além, uma vez que o devir não tem finalidade.

c) O Deus que morre é o deus-mercado, que tudo nivela à condição de mercadoria, entretanto o Deus cristão poderá ainda nos salvar, desde que nos abandonemos à experiência de fé.

d) A morte de Deus não se refere apenas ao Deus cristão, mas remete à falta de fundamento no conhecimento, na ética, na política e na religião, cabendo ao homem inventar novos valores.

e) A morte de Deus serve de alerta ao homem de que nada é infinito e eterno, e que o homem e sua existência são momentos fugazes que devem ser vividos intensamente.

10.

Sobre a consciência crítica, considere o texto a seguir:

O homem é corda estendida entre o animal e o Super-homem: uma corda sobre um abismo; perigosa travessia, perigoso caminhar; perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar. O que é de grande valor no homem é ele ser uma ponte e não um fim; o que se pode amar no homem é ele ser uma passagem e um acabamento. Eu só amo aqueles que sabem viver como que se extinguindo, porque são esses os que atravessam de um para outro lado.

NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. São Paulo, 1999, p. 27.

O filósofo Nietzsche elucida, sobre a consciência crítica e a filosofia, que

a) o valor da natureza íntima do homem está na pura razão e não na vontade de viver.

b) a dimensão existencial tem importância e conduz à exaltação da vida e à superação do homem.

c) a virtude do homem está na superação do existir para alcançar a salvação.

d) o homem deve renunciar à vida e buscar o sentido do super-homem na transcendência.

e) a consciência crítica é a supressão da vontade de viver, já que o homem é o Super-homem.

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Gabaritos

Exercícios de fixação 1. B

Em 1865, enquanto prosseguia os seus estudos em Leipzig, Nietzsche teve contato com a obra de Schopenhauer, o que constituiu um ponto decisivo para os novos rumos de sua filosofia. Por isso, em 1874, ele escreveu a sua terceira “Consideração extemporânea” (intitulada “Schopenhauer como Educador”), dedicada ao estudo de Schopenhauer. A influência schopenhauereana pode ser encontrada também na crítica que Nietzsche dirige à racionalidade, que ele chama de princípio apolíneo. Ou, ainda, no próprio conceito de vontade, que ele transforma em vontade de potência.

2. Segundo Nietzsche, Sócrates iniciou uma tradição filosófica que nega o próprio ser humano, por negar a possibilidade de sermos, também, irracionais. Nietzsche acusa Sócrates de negar a intuição criadora dos pensadores que o precederam, os filósofos da natureza ou da physis, conhecidos por pré-socráticos.

3. Nietzsche nutriu uma amizade muito intensa com o famoso músico Richard Wagner. Essa relação influenciou profundamente o desenvolvimento de sua filosofia. Porém, embora visse nas composições de Wagner a expressão máxima da cultura alemã, Nietzsche discordava de seu amigo no que se refere ao nacionalismo exacerbado e ao antissemitismo (aversão aos judeus). Essa discordância pôs fim à amizade entre eles.

4. Após um colapso mental, que o levou à morte, Nietzsche teve parte de suas obras alteradas por sua própria irmã, que tentou adaptá-las aos ideais do Partido Nazista.

5. Nietzsche defende que a realidade e o próprio ser humano são formados por dois princípios complementares – o apolíneo e o dionisíaco. O primeiro faz referência ao deus Apolo (deus da razão, da clareza, da ordem) e o segundo, a Dionísio (deus da aventura, da música, da fantasia, da desordem). Ao enfatizar o apolíneo e reprovar o dionisíaco, a Grécia socrática cria um verdadeiro culto à razão que anula a força criadora do ser humano em todas as suas atividades, inclusive na filosofia. Para Nietzsche, o mundo é consequência da interação entre os dois princípios gerando uma mistura, uma turbulência, uma complexidade.

Exercícios de vestibulares 1. A

O homem que se deixa levar pelos valores morais e religiosos instituídos, na terminologia de Nietzsche, corresponde ao rebanho, ao gado moral, que valoriza a fraqueza e o rebaixamento. Em oposição a isso, Nietzsche afirma a vontade de potência que constitui o super-homem.

2. C

Os “golpes do martelo” de Nietzsche vão em várias direções, mas uma delas é especialmente atacada.

Trata-se da tradição socrático-platônica do pensamento, que negou o dionisíaco e adoeceu os homens, conduzindo-os para um desvio da filosofia e do pensamento, em direção a um plano ideal que na verdade não existe; ou seja, para o nada. Para Nietzsche, essa forma de pensar e agir possibilitou o surgimento de religiões que negam o ser humano em sua essência, impondo-lhe uma moral de rebanho, como é o caso do cristianismo, que também sofreu marteladas. Por último, a ciência herdeira dessa tradição, que

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3. C

A citação demonstra que Nietzsche critica, justamente, o antropocentrismo; isto é, a visão segundo a qual o homem ocupa uma posição de maior relevância não só em relação à natureza, mas também em relação ao Universo. Essa crítica é evidenciada, sobretudo pelo seguinte trecho: “Assim poderia alguém inventar uma fábula e nem por isso teria ilustrado suficientemente quão lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natureza.”

4. A

Em “A origem da Tragédia”, Nietzsche aponta a existência de dois princípios que regem a realidade existencial, quais sejam: o apolíneo e o dionisíaco. O primeiro faz referência ao deus Apolo (deus da razão, da clareza, da ordem) e o segundo faz referência ao deus Dionísio (deus da aventura, da música, da fantasia, da desordem). Segundo ele, é do confronto entre esses dois princípios que surgem as criações artísticas e culturais.

5. E

Nietzsche propõe uma perspectiva epistemológica em que a existência de uma verdade absoluta é avaliada a partir de uma postura crítica e autorreflexiva, o que leva ao questionamento acerca da possibilidade de se atingir quaisquer convicções, perspectiva esta que representa uma oposição radical ao dogmatismo.

6. E

A alternativa E está incorreta. Ainda que valorize a intuição (Anschauung), mais comum ao impulso dionisíaco, Nietzsche não despreza a intelecção lógica presente no impulso apolíneo. De fato, segundo ele, é somente na reconciliação desses dois impulsos que a arte é formada.

7. A

A estética socrática relaciona a arte à lógica, uma vez que, para Sócrates, a produção artística deve ter como essência uma postura crítica racional, subordinando a ideia de beleza à de racionalidade. Já para Nietzsche, a estética não se limita à verificação do que é lógico, mas se relaciona ao subjetivo; ou seja, à essência do indivíduo. Assim, Nietzsche faz uma crítica à atitude estética proposta por Sócrates, defendendo a estética como expressão de pulsões artísticas que não estariam subordinadas à racionalidade conceitual.

8. C

A alternativa C está incorreta. Parmênides não faz parte dos pensadores empiristas. Para ele, o pensamento é o meio adequado para se chegar à essência das coisas, ao Ser. Esse posicionamento é corroborado pelo seguinte trecho do texto: “Nós temos um órgão de conhecimento que vai à essência das coisas e é independente da experiência.”

9. D

Em sua célebre frase: “Deus está morto”, Nietzsche constatou que a fé começava a perder espaço na Europa. Ou seja: se, num dado momento histórico do Ocidente, Deus era o centro do conhecimento, da sociedade e das concepções políticas; no período em que ele estava inserido, o que se verificava era uma gradativa descrença nessa realidade suprassensível.

10. B

Para Nietzsche, o super-homem ou além-do-homem é aquele que está sempre se superando e efetuando suas potências. É o homem que se entende como parte da dinâmica da vontade de poder. Esse homem transfigura os valores a partir da dinâmica e da compreensão de que ele mesmo é quem deve dar seu sentido de ser. Portanto sua meta é a criação de novos valores.

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