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PROCURADORIA-GERAL DO TRABALHO CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

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Academic year: 2021

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Origem: PRT 10ª REGIÃO

Órgão Oficiante: DR. SEBASTIÃO VIEIRA CAIXETA Interessado 1: SIGILOSO

Interessado 2: VALEC ENGENHARIA CONSTRUÇÕES E FERROVIAS S/A

Assunto: TRABALHO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 04. – TEMAS GERAIS 09. – 09.17.

EMENTA: RECURSO ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DE PLANOS DE SAÚDE E ODONTOLÓGICO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE. PRESERVAÇÃO DAS REGRAS CONSTANTES DO PCS DE NOVEMBRO DE 1988.

OBSERVÂNCIA DAS PREMISSAS DO ART. 5º, PARÁGRAFO ÚNICO, DO DECRETO N. 6.077/2007, DA ORIENTAÇAO NORMATIVA MPOG/RH N. 04/2008 E DA SÚMULA N. 51 DO TST. O PCS de novembro de 1988 prevê o “reembolso de despesas hospitalares, médicas e odontológicas”. Assim, ao denunciante é assegurado o retorno ao cargo ou emprego anteriormente ocupado, o qual, por seu turno, é regulamentado pelo PCS/1998. Não há, portanto, que se falar em manutenção de plano hospitalar e odontológico, até porque tal benefício foi concedido apenas a alguns empregados, em virtude de decisão judicial, com base em direito individualizado em relação ao conjunto de empregados da investigada. Ademais, não há lesão a direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos de uma coletividade de trabalhadores a legitimar a atuação do Ministério Público do Trabalho. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. HOMOLOGAÇÃO DO ARQUIVAMENTO.

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I – RELATÓRIO

Trata-se de recurso administrativo interposto às fls. 309-312, por Haroldo Rezende Diniz, contra a promoção de arquivamento do inquérito civil n.

000553.2013.10.000/1, prolatada pelo ilustre Procurador Dr. Sebastião Vieira Caixeta (fls. 303-304v).

A decisão de arquivamento foi embasada em documentação acostada aos autos que teria comprovado que a investigada garante a preservação das regras constantes do PCS de novembro de 1988 quanto ao reembolso das despesas hospitalares, médicas e odontológicas, observando-se, assim, as premissas do art. 5º, parágrafo único, do Decreto n. 6.077/2007, da Orientação Normativa MPOG/RH n.

04/2008 e da Súmula n. 51 do TST.

À fls. 315, o Membro oficiante manteve a decisão de arquivamento e recebeu o recurso administrativo de fls. 309-312. Após a devida notificação, transcorreu in albis o prazo para apresentação de contrarrazões.

Remetidos os autos à CCR, foram sorteados e distribuídos a este Relator (fl. 319).

É o relatório.

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II – ADMISSIBILIDADE

Conheço do presente recurso, haja vista observância do prazo previsto no artigo 10-A da Resolução CSMPT nº 69/2007, bem como pelo inconformismo da manifestação do recorrente, essencial ao recurso.

III – VOTO

Não merece reforma a promoção de arquivamento ora combatida.

O denunciante relata a suspensão de planos de saúde e odontológico.

Em sentido contrário, a investigada Valec Engenharia Construções e Ferrovias S/A afirma que em relação aos empregados anistiados está aplicando, nos termos da lei, o plano de Cargos e Salários de novembro de 1998, que previa os benefícios de auxílio alimentação, auxílio enfermidade, auxílio creche, adicional por tempo de serviço, seguro de vida, auxílio funeral, e reembolso das despesas hospitalares, médicas e odontológicas, utilizando a tabela de participação % VALEC e EMPREGADOS anexa, atualizada e aprovada na 466ª Reunião da Diretoria Executiva da VALEC de 25 de fevereiro de 2011. Assevera também que alguns empregados ajuizaram Reclamação Trabalhista, que foi julgada parcialmente procedente para garantir a manutenção de plano de saúde, mas que o denunciante não se beneficiou da decisão por não ser parte no processo.

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Pois bem. A decisão recorrida está de acordo com as premissas do art. 5º, parágrafo único, do Decreto n. 6.077/207, da Orientação Normativa MPOG/RH n. 04/2008 e da Súmula 51 do TST.

Com efeito, a Lei 8.878/1944, em seu artigo 1º, dispõe que:

É concedida anistia aos servidores públicos civis e empregados da Administração Pública Federal, direta, autárquica e fundacional, bem como aos empregados de empresas públicas e sociedades de economia mista sob controle da União que, no período compreendido entre 16 de março de 1990 a 30 de setembro de 1992, tenham sido:

(...)

III - exonerados, demitidos ou dispensados por motivação política, devidamente caracterizado, ou por interrupção de atividade profissional em decorrência de movimentação grevista.

Já o artigo 2º deste Diploma Legal estabelece que:

O retorno ao serviço dar-se-á, exclusivamente, no cargo ou emprego anteriormente ocupado ou, quando for o caso, naquele resultante da respectiva transformação e restringe-se aos que formulem requerimento fundamentado e acompanhado da documentação pertinente no prazo improrrogável de sessenta dias, contado da instalação da comissão a que se refere o art. 5º, assegurando-se prioridade da análise aos que já tenham encaminhado documentação à Comissão Especial constituída pelo Decreto de 23 de junho de 1993.

A Lei 8.878/94 foi concebida com o objetivo de restaurar as situações preexistentes às demissões e exonerações havidas com a reforma administrativa perpetrada pelo Governo Collor, com a restituição dos empregos permanentes e a determinação de retorno às atividades dos empregados atingidos pela reforma administrativa, nos termos estabelecidos na Lei.

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A anistia prevista na Lei 8.878/94 não trata de novo ingresso no serviço público, mas apenas do retorno ao status quo ante daqueles que foram atingidos pelas situações ilegais previstas na referida Lei, com o preenchimento das vagas anteriormente ocupadas, observados os efeitos financeiros, que somente serão devidos a partir do efetivo retorno à atividade.

Desta feita, não se deve penalizar o empregado anistiado, ao não contar, por exemplo, o tempo de afastamento para fins de aposentadoria, a promoção, entre outros. A garantia de igualdade de tratamento a todos os servidores e empregados públicos, de um mesmo órgão, é imperativa, ante o princípio da isonomia e, no caso dos autos, nota-se que a Valec Engenharia Construções e Ferrovias S/A não está tratando o denunciante de forma diferenciada dos demais, e nem ao menos ofendendo os princípios basilares da Constituição. Pelo contrário, a ele foram garantidos os benefícios anteriores à data de sua saída, sendo-lhe aplicado o Plano de Cargos e Salários de novembro de 1988.

O reingresso do denunciante após a anistia tem como baliza a sua data da admissão original, haja vista que esta é a que deverá ser considerada para a concessão dos direitos e vantagens agregados ao contrato de trabalho antes do desligamento revogado pela anistia, em atenção ao artigo 468 da Consolidação das Leis do Trabalho. O que, de fato, foi observado.

O PCS de novembro de 1988 prevê o “reembolso de despesas hospitalares, médicas e odontológicas”. Assim, ao denunciante é assegurado o retorno ao cargo ou emprego anteriormente ocupado e a preservação do PCS de 1998. Não há, portanto, que se falar em manutenção de plano hospitalar e odontológico, até porque

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tal benefício foi concedido apenas a alguns empregados, em virtude de decisão judicial, com base em direito individualizado em relação ao conjunto de empregados da investigada.

Em continuidade, considero desnecessário o prosseguimento da investigação, por concluir que a defesa destes direitos individuais, ainda que venham a se qualificar como homogêneos, não deve ser feita pelo Ministério Público do Trabalho, nos termos do Precedente 17 do CSMPT.

Isso porque, para que aflore a legitimidade do Ministério Público do Trabalho é necessário que o fato denunciado importe em lesão a direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos de uma coletividade de trabalhadores, pois somente na defesa desses direitos deve o Parquet atuar, inclusive mediante a proposição de ações civis públicas ou coletivas (art. 129, inciso III, da CF/88).

A só lesão trabalhista, quando não atinge um grupo pelo menos significativo de trabalhadores e não chega ao ponto de configurar violação de natureza difusa, coletiva ou individual homogênea, não é suficiente para provocar a intervenção do MPT, restando a sua defesa pelo próprio trabalhador, via ação individual.

Destaque-se, ainda, a possibilidade de intervenção do sindicato profissional, que está também autorizado a defende judicialmente os almejos coletivos (co-legitimados), cabendo a ele a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas (art. 8o, III, a CF).

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Logo, quanto à denúncia especifica encartada nestes autos, tanto o sindicato representativo da classe supostamente lesada quanto os trabalhadores alvos das condutas aqui denunciadas como irregulares estão legitimados ao exercício do direito de ação com vistas à cessação da suposta irregularidade, não comportando, por ora, a atuação direta do Ministério Público do Trabalho.

Deste modo, nego provimento ao recurso, homologando, consequentemente, o arquivamento do feito.

IV – CONCLUSÃO

Pelo exposto, recebo o presente recurso administrativo e nego- lhe provimento, homologando, por consequência, o arquivamento do feito.

Brasília, 11 de abril de 2014.

OTAVIO BRITO LOPES Membro da CCR - Relator

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