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“... Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia.

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Texto

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1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES

TESE

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE ALGODÃO EM ALEGRETE RIO GRANDE DO SUL

AIRAM FERNANDES DA SILVA

Pelotas, 2012

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2 AIRAM FERNANDES DA SILVA

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE ALGODÃO EM ALEGRETE RIO GRANDE DO SUL

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas, sob orientação do Prof. Leopoldo Mario Baudet Labbé, Ph.D., como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciência e Tecnologia de Sementes.

Pelotas, 2012

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3

Dados de catalogação na fonte:

( Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744 )

S586d Silva, Airam Fernandes da

Desempenho de cultivares de algodão em Alegrete Rio Grande do Sul / Airam Fernandes da Silva; orientador Leopoldo Mario Baudet Labbé - Pelotas, 2012.-73f. : il..- Tese (Doutorado ) –Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2012.

1.Gossypium hirsutum L. 2.Qualidade de sementes 3.Qualidade de fibras 4.Produtividade de algodão I.Labbé, Leopoldo Mario Baudet (orientador) II.Título.

CDD 633.51

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“... Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia.

Caiam mil ao teu lado e dez mil a tua direita tu não serás atingido...”

Salmo 91

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5

Dedico a minha família....

A meu filho Bruno ;

A minha esposa Fernanda ;

A meus irmãos Aline e Moacir Jr ;

A meus pais Moacir e Dilma ;

A minha avó Ondina .

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6 Agradecimentos

Às instituições Universidade Federal de Pelotas e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha – Campus Alegrete, pelo apoio na logística, financiamento, infraestrutura e na execução dos experimentos;

Ao Grupo Itaquerê (Sementes Itaquerê e UDESIL) pelo apoio no material experimental e dicas, grande abraço à colega Engª. Agrª. Patricia Brunetta;

Ao colega Geri pela orientação na análise estatística dos dados;

Ao professor Antonio Carlos Souza Albuquerque Barros, pela amizade, companheirismo, confiança, estímulo e exemplo profissional;

Ao professor e orientador Leopoldo Baudet pelo empenho, dedicação, atenção e amizade;

Ao professor Silmar Peske pela orientação durante a realização da pesquisa;

Ao professor Luis Osmar Braga Schuch, pelo apoio, profissionalismo, amizade e confiança;

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, Villela, Orlando, Dario, Ângela, entre outros, pelo apoio e confiança;

Ao Departamento de Fitotecnia e funcionários da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel;

Ao setor de Agricultura II, composto por colegas professores, técnicos e administrativos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha – Campus Alegrete, agradeço pelo auxílio no manejo das máquinas agrícolas;

Aos Bolsistas de iniciação científica André Martini e Diego Bacin pelo entusiasmo, dedicação, atenção e contribuição no desenvolvimento deste estudo;

Aos colegas de profissão e amigos, pela ajuda, parceria, companheirismo, profissionalismo e ética durante nosso convívio profissional;

A minha querida avó Ondina Ness, que sempre me aconselhou e ajudou na hora certa...;

Aos meus pais Moacir e Dilma, pela ajuda e apoio durante a Graduação, Mestrado e agora...., Doutorado;

Aos meus irmãos Aline e Moacir Jr., pela amizade, compreensão e apoio nos momentos difíceis;

Ao meu filho Bruno pela alegria, espontaneidade e compreensão durante esse período, “papai te ama muito meu filho!!”;

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7 A minha esposa Rita Fernanda pela compreensão, amizade, carinho, auxílio, parceria, coleguismo e confiança, incondicionais.

Peço desculpas a todos pelas eventuais ausências, nos momentos de comemorações e de confraternização familiar, durante a realização deste experimento.

Dessa forma desejo a todos que....

“Deus lhes dê em dobro tudo aquilo que me desejaram”

.

Obrigado!!!

Eng°. Agr°. Airam Fernandes da Silva

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8 DESEMPENHO DE CULTIVARES DE ALGODÃO EM ALEGRETE,

RIO GRANDE DO SUL

Autor: Engo. Agro. Airam Fernandes da Silva Orientador: ProfessorLeopoldo Baudet, Ph.D.

Resumo: O algodoeiro (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch.) é uma espécie cultivada em várias regiões do Brasil e do mundo, destacando-se no agronegócio mundial pela utilização dos seus produtos e subprodutos. Semelhante ao que ocorreu no Cerrado brasileiro, o cultivo de algodão pode ser uma alternativa de produção para rotação em áreas com cultivo de soja e milho, no Rio Grande do Sul, associando as condições climáticas com a utilização de alta tecnologia e práticas culturais que agreguem valor ao produto e ao manejo do algodoeiro. Com o intuito de prever novas necessidades e antecipar tecnologias, o objetivo deste estudo foi verificar a produtividade e a qualidade fisiológica de sementes e fibras de cultivares de algodão na região de Alegrete, oeste do Rio Grande do Sul. O experimento foi conduzido por dois anos, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha – Campus Alegrete, durante as safras 2010/11 e 2011/12. O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, com cinco repetições. Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância, sendo os efeitos dos tratamentos avaliados pelo teste F, enquanto que as médias foram comparadas pelo teste de Duncan a 5% de significância. Conclui-se que as cultivares de algodão em estudo produziram sementes de elevada qualidade fisiológica e fibras com características intrínsecas consideradas acima do padrão. Existem diferenças de desempenho na produção e na qualidade fisiológica das sementes entre as cultivares, influenciadas pelas características climáticas da região de cultivo. A região de Alegrete, Rio Grande do Sul, possui clima favorável à produção de sementes de algodão de elevada qualidade fisiológica.

Palavras-chave: Gossypium hirsutum L., qualidade de sementes, qualidade de fibras, produtividade de algodão.

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9 COTTON CULTIVARS PERFORMANCE IN ALEGRETE, RIO GRANDE DO SUL

Author: Airam Fernandes da Silva

Advisor: Professor Leopoldo Baudet, Ph.D.

ABSTRACT – Cotton (Gossypium hirsutum L. race latifolium Hutch.) is a crop cultivated in several regions of Brazil and the world, detached in the global agribusiness because of the use of their products and sub-products. Similarly as it happened in the Brazilian Cerrado, cotton crop may be an alternative of production for rotation in areas with soybeans and corn in Rio Grande do Sul, associated to the climatic conditions and utilization of high technology and management that upgrade the product and crop handling. Objecting to prevent new necessities and to anticipate new technologies, it was verified the productivity and seed physiological quality and fiber quality of cotton cultivars in Alegrete, West of Rio Grande do Sul state. The experiment was conducted for two years, at the Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha – Campus Alegrete, during 2010/11 and 2011/12 crop seasons. The experimental design was casualized blocks with five replications.

The experimental data were submitted to analysis of variance, being the treatment effects evaluated by the F test, while averages were compared by the Duncan test to 5% significance. It was concluded that cotton cultivars studied produced high physiological quality seeds and fiber quality with inert characteristics considered outstanding. There are differences of performance in production and seed physiological quality among cultivars, influenced by regional climatic characteristics of the crop. The region of Alegrete, Rio Grande do Sul, has favorable climate to produce cotton seeds of high physiological quality.

Key-words: Gossypium hirsutum L., seed quality, germination, vigor.

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10 Lista de Tabelas

Tabela 1 Número de plantas por metro linear, número de capulhos por planta, massa do capulho, massa de sementes por capulho, massa de 1000 sementes, percentagem de sementes por capulho e estimativa de produtividade de sementes por hectare das cultivares de algodão, Universidade Federal de Pelotas nas safras 2010/11 e 2011/12... 46

Tabela 2 Primeira contagem de germinação, germinação, teste de frio, comprimento da parte aérea e raiz, massa seca da parte aérea e raiz das sementes das cultivares de algodão, Universidade Federal de Pelotas nas safras 2010/11 e 2011/12... 51

Tabela 3 Intervalos médios de comprimento de fibra, índice de uniformidade do comprimento da fibra, índice de fibras curtas, resistência da fibra, micronaire, grau de reflexão das fibras e massa do capulho, para as cultivares de algodão em estudo, nas regiões recomendadas para cultivo, conforme obtentores... 53

Tabela 4 Comprimento de fibra, índice de uniformidade do comprimento da fibra, índice de fibras curtas, resistência da fibra, alongamento da fibra, micronaire, grau de reflexão das fibras, das cultivares de algodão, Universidade Federal de Pelotas na safra 2010/11... 55

Tabela 5 Grau de amarelamento, cor das fibras, índice de fiabilidade, maturidade, porcentagem da fibra, estimativa de produtividade de fibra e categoria, das cultivares de algodão, Universidade Federal de Pelotas na safra 2010/11... 57

Tabela 6 Categorias de referência para a classificação de algodão utilizada pela UNICOTTON, Primavera do Leste – Mato Grosso, safra 2011... 58

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11 Lista de Figuras

Figura 1 Total mensal pluviométrico no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha – Campus Alegrete, Universidade Federal de Pelotas nas safras 2010/11 e 2011/12... 41

Figura 2 Umidade relativa do ar máxima, média e mínima mensal no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha – Campus Alegrete, Universidade Federal de Pelotas nas safras 2010/11 e 2011/12... 42

Figura 3 Temperaturas máxima, média e mínima mensal no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha – Campus Alegrete, Universidade Federal de Pelotas nas safras 2010/11 e 2011/12... 44

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12 Sumário

1 Introdução...13

2 Revisão de literatura...15

3 Material e métodos...33

4 Resultados e discussão...40

4.1 Características climáticas...40

4.2 Produtividade de semente e fibra...45

4.3 Qualidade fisiológica da semente...48

4.4 Qualidade tecnológica da fibra...53

5 Considerações finais...59

6 Conclusão...61

Referências...62

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13 1 Introdução

A cultura do algodoeiro destaca-se no cenário agrícola mundial pela utilização dos seus produtos e subprodutos. No Brasil, o algodoeiro é uma planta cultivada em pequenas e grandes propriedades e em regiões com condições ecológicas distintas. O principal destino do produto, fibras de algodão, é a indústria têxtil e como subprodutos, pode-se destacar o farelo e o óleo de algodão, ambos extraídos da semente (FONTES et al., 2006 e AGOPA, 2009).

Até o início da década de 1990, a produção de algodão no Brasil concentrava-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Após esse período, aumentou significativamente a participação do algodão produzido nas áreas de cerrado, basicamente da região Centro-Oeste. Este fato foi decorrente das condições favoráveis para o desenvolvimento da cultura e, principalmente, devido a grandes investimentos em pesquisa, no melhoramento genético, de modo a obter variedades adaptadas, com arquitetura de planta adequada à colheita mecanizada, resistentes a pragas e doenças, com alta adaptação às condições edafoclimáticas do cerrado, alta produtividade tanto em sementes quanto em fibra, aliadas às modernas técnicas de cultivo. Seu cultivo é também de grande importância social, pelo número de empregos que gera direta ou indiretamente (RICHETTI et al., 2003).

Semelhante ao que ocorreu no cerrado, o cultivo de algodão (Malvaceae) pode ser uma alternativa de produção para rotação em áreas com cultivo de soja (Fabaceae) e milho (Poaceae), associando as condições climáticas com a utilização de alta tecnologia e práticas culturais que agreguem valor tanto ao produto como ao manejo do algodoeiro, na região oeste do Rio Grande do Sul. Nesta região concentra-se grande área de cultivo de soja e milho, seja em monocultivo ou em rotação, além dos campos nativos utilizados como pastagens.

O cultivo do algodoeiro pode ser uma alternativa para geração de emprego e renda, visto que utiliza grande quantidade de mão de obra para os tratos culturais em pequenas áreas de cultivo, assim como maximiza o uso de maquinários, nas

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14 grandes áreas de produção, proporcionando melhoria na qualidade biológica do solo e uma oportunidade de diversificar os negócios na propriedade, promovendo a sustentabilidade. Em função da busca por maior eficiência de produção, nos últimos anos, a cultura do algodão vem tomando várias regiões de produção, em áreas cuja topografia favorece a mecanização da cultura e com boa distribuição de chuvas, facilitado pelo fato de a cultura não apresentar restrição quanto ao fotoperíodo, sendo utilizada como alternativa de rotação de culturas com a soja e o milho.

(ANSELMO et al., 2011).

As mudanças climáticas podem provocar uma nova geografia da produção no Rio Grande do Sul, dando lugar a culturas antes restritas a outras regiões de cultivo no Brasil. Em um cenário futuro, plantações de cana-de-açúcar e de café podem fazer parte da paisagem gaúcha (GUEDES et al., 2009). Essas mudanças no clima poderiam trazer queda de produtividade em culturas como a soja e o milho e, ao mesmo tempo, abrir espaço para outras que hoje não podem se desenvolver na região por conta do frio, como o café, que segundo Guedes et al. (2009), poderá ser cultivado no Estado a partir de 2020. Nesse sentido pesquisadores da Embrapa destacam a importância de pesquisas em plantas mais resistentes aos estresses climáticos. Devido às variações climáticas, tanto de temperatura quanto de regime pluviométrico, além da frequência de eventos extremos, pode ocorrer à transferência de cultivos para outras regiões, o que vai necessitar de uma adaptação por parte dos produtores agrícolas (MORELLO, 2011 e IAMMOTO et al., 2011). Portanto há necessidade de se pesquisar sobre os efeitos das mudanças climáticas na agricultura, mas já se sabe que alguns fatores naturais, como aumento da temperatura, mudança na frequência das chuvas, enchentes e secas, são eventos extremos, e irão exigir que os produtores atualizem algumas práticas agrícolas.

Desta forma, com o intuito de prever novas necessidades e antecipar tecnologias, o objetivo deste estudo foi verificar a produtividade e a qualidade fisiológica de sementes e tecnológica das fibras de cultivares de algodão, em Alegrete, Rio Grande do Sul.

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15 2 Revisão de Literatura

O algodoeiro herbáceo ou anual (Gossypium hirsutum L. raça latifolium Hutch.) é uma das espécies vegetais domesticadas mais antigas do mundo, do qual quase tudo é aproveitado, principalmente a semente que representa em média 65%

do peso da produção, e a fibra que representa 35% (ICAC, 2011). No sistema de produção de algodão, a genética é um dos componentes que interfere significativamente no sucesso do empreendimento. Assim, na escolha da cultivar, vários fatores devem ser considerados, como: a época de semeadura, reação às principais doenças, qualidade de sementes e fibra produzidas (LAMAS e FERREIRA, 2006; IAMAMOTO et al., 2011 e PESKE et al., 2012). É uma planta de elevada complexidade morfológica e fisiológica, tendo metabolismo fotossintético do tipo C3, com elevada taxa de fotorrespiração, que pode ser superior a 40% da fotossíntese bruta, dependendo de fatores ambientais, em especial luminosidade e temperatura (RAVEN et al, 2001 e TAIZ et al, 2003). Quanto maiores esses fatores, mais a planta do algodão fotorrespira, desassimilando o carbono e, assim, reduzindo a fotossíntese líquida (BELTRÃO et al., 2007).

A influência do ambiente nas características técnicas da fibra do algodoeiro é maior que a determinada pelos aspectos intrínsecos da cultivar (ANDRADE et al., 2009). Dentre as condições ambientais que influenciam as características tecnológicas da fibra do algodão se destaca a distribuição das chuvas. A ocorrência de precipitações pluviais ou nebulosidade intensa na pré-colheita, quando os frutos já estão abertos, afeta a qualidade da fibra, que é reduzida substancialmente, e os frutos que ainda não estão abertos apodrecem, reduzindo também a quantidade e a qualidade da semente (EMBRAPA, 2006).

O cultivo do algodoeiro é recomendado em regiões ou épocas em que as temperaturas permaneçam entre 18 ºC e 30 ºC (DOORENBOS et al. 1979;

EMBRAPA, 2003 e EMBRAPA, 2009).

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16 O algodoeiro é produzido em regiões agroecológicas muito diferentes, nas quais o clima influencia a produção, tanto no aspecto quantitativo como qualitativo e, em condições naturais, quando esses fatores entram em equilíbrio ecológico, as plantas externam seu potencial produtivo. Fatores climáticos como chuva, temperatura, umidade relativa, duração do dia, velocidade do vento e intensidade de luz interferem na cultura do algodoeiro, sendo que o cultivo deve ser realizado no período mais propício do ano, quando os fatores climáticos forem mais favoráveis ao início do desenvolvimento das plantas (OOSTERHUIS e FREIRE, 1999). A análise desses fatores, associados ao conhecimento das características dos solos e sua síntese são indicados no zoneamento agrícola para o algodão, sendo que para atingir a produção máxima, o algodoeiro herbáceo deve ser cultivado sob as seguintes condições climáticas: a temperatura média do ar deve variar entre 18 ºC a 40 ºC; a precipitação anual entre 700 mm e 1300 mm; a umidade relativa do ar média deve ser em torno de 60%; nebulosidade inferior a 50%; inexistência de inversão térmica (dias muito quentes e noites muito frias) e inexistência de alta umidade relativa do ar associada a altas temperaturas (ARAUJO et al., 2006). LUZ et al., (1999) estudando o efeito do estresse hídrico do solo sobre o desenvolvimento do algodoeiro, verificou as limitações hídricas nesta espécie.

O clima da região oeste do Rio Grande do Sul é subtropical, temperado quente, com chuvas bem distribuídas e estações bem definidas (Cfa na classificação de Köppen-Geiger, (1884); citado por Kottek et al., (2006) e Rubel and Kottek, (2010)). A média de precipitação pluviométrica é de 1525 mm anuais. A menor média de precipitação acontece em agosto e a maior em outubro. As precipitações intensas, dentro de um período de 24 horas, são de até 115 mm. A temperatura média anual é de 18,6 °C, variando entre 13,1 °C em julho e 35,8 °C em janeiro. A menor temperatura mínima observada desde 1931 foi de - 4,1 °C e a máxima, de 40,4 °C. A formação de geadas ocorre eventualmente entre maio e setembro. A umidade relativa média do ar é de aproximadamente 75% em todos os meses do ano.

Considerando que as condições climáticas da região de Alegrete sejam promissoras para a produção de sementes, o passo seguinte é o da escolha do campo onde será instalada a cultura. Essa escolha é fator decisivo, pois a área onde se desenvolverá a produção de sementes e fibras de algodão pode estar sujeita a

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17 vários tipos de contaminações como: patogênica, genética, plantas concorrentes, entre outras, além de limitações na química e física do solo que irão interferir prejudicando ou inviabilizando o material obtido.

Os solos férteis devem ser preferidos para multiplicação de sementes, pois neles se obtém não só as maiores produções, bem como sementes de maior qualidade (PESKE et al., 2012). Os nutrientes NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) são necessários para formação e desenvolvimento de novos órgãos e de substâncias de reserva a serem acumuladas. Dessa maneira, a disponibilidade de nutrientes interfere na boa formação do embrião, do órgão de reserva e do tecido protetor, assim como na sua composição química e, consequentemente, em sua qualidade fisiológica e física (BARROS e PESKE, 2006). Um dos efeitos da produção de sementes em solos pouco férteis é a produção de sementes de menor tamanho, o que, necessariamente, não quer dizer menor qualidade. Entretanto, sabe-se que uma planta bem nutrida produzirá uma semente normal, que apresentará bom desempenho mesmo sob condições adversas (BARROS e PESKE, 2006). A marcha de absorção dos nutrientes pela planta segue o padrão de crescimento, aumentando significativamente a partir do surgimento dos primeiros botões florais, alcançando o máximo na fase de crescimento dos frutos (CARVALHO et al., 2007).

Para o caso específico do nitrogênio, recomenda-se que 1/3 da dose seja aplicada por ocasião da semeadura e 2/3 em cobertura. A primeira cobertura de adubação nitrogenada deve ser realizada na fase B1 (primeiro botão floral) e a segunda na fase F1 (primeira flor na primeira posição do primeiro ramo reprodutivo), de acordo com a escala de desenvolvimento proposta por Marur e Ruano, (2001).

Barros e Peske (2006) afirmam que para a produção de sementes, a escolha do campo onde será instalada a cultura é de extrema importância, visto que existem vários tipos de contaminação, como genética, física, fisiológica e sanitária, devido aos cultivos anteriores na área, problemas com pragas, doenças e nematóides, condições de fertilidade, problemas de erosão, regime de chuvas e temperatura.

Neste caso é necessário conhecer o histórico do campo e da região de produção, considerando informações sobre o regime de chuvas, espécies ou cultivares produzidos anteriormente, plantas concorrentes existentes, problemas locais com pragas, doenças e nematóides, condições de fertilidade, problemas de erosão, física

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18 do solo, etc. Para Peske et al., (2012) a semente é o veículo que leva ao agricultor todo o potencial genético de uma cultivar com características superiores. A agricultura contemporânea requer a multiplicação e disseminação rápida e eficaz das variedades melhoradas, tão logo sejam criadas, e que se tornem insumos agrícolas quando suas sementes, de alta qualidade, são disponibilizadas e cultivadas pelos agricultores. A produção de sementes comerciais é um dos componentes mais importantes do programa de sementes e envolve grandes investimentos e aplicação de elevados recursos financeiros a cada ano, exigindo do produtor a escolha de solos adequados, condições ecológicas favoráveis, genética e o compromisso de seguir normas rigorosas de produção, sendo uma atividade econômica e socialmente muito relevante (BARROS e PESKE, 2006). Sementes de alta qualidade envolvem uma série de características, dentre as quais estão os atributos fisiológicos, expressos pela germinação e vigor. Essas características são, em maior ou menor grau, influenciadas pelo ambiente e identificadas em nível de campo (MARCOS FILHO, 1999).

À medida que o setor sementeiro se profissionaliza, as áreas de produção de sementes tornam-se mais tecnificadas e, além do percentual alto de sementes viáveis, o mercado exige características fisiológicas associadas ao vigor, como qualidade e desempenho desse insumo.

Segundo Delouche (2005), um dos preceitos fundamentais da ciência e tecnologia de sementes é que sementes de alta qualidade apresentam melhor desempenho do que as de menor qualidade. As funções biológicas básicas das sementes devem servir de repositores da herança de uma população. Melhorar o desempenho da semente significa, em termos percentuais, incrementar a velocidade e uniformidade da germinação e o desenvolvimento inicial das plântulas.

Provavelmente, não é possível assegurar nem garantir o desempenho das sementes, desconsiderando as adversidades e estresses encontrados. E certamente não seria um bom negócio para as empresas de sementes oferecerem uma garantia ilimitada ou incondicional sobre a germinação e a emergência das sementes que ela comercializa. As condições microambientais no leito da semente podem ser tão estressantes que excedem o potencial máximo inerente e a proteção acrescentada às espécies (DELOUCHE, 2005).

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19 O uso de sementes de alta qualidade constitui um dos principais fatores responsáveis pelo sucesso de uma lavoura. Popinigis (1985) afirma que sementes de elevado nível de qualidade propiciam a maximização da ação dos demais insumos e fatores de produção. Plantas de algodão originadas de sementes com vigor e germinação elevados podem produzir de 10 a 20 % a mais do que aquelas oriundas de sementes de baixa qualidade fisiológica, considerando a mesma cultivar e população por área (DELOUCHE e POTTS, 1974), visto que o desempenho das sementes no campo é proporcional ao seu vigor.

A semente constitui um dos insumos de menor custo no sistema de produção do algodoeiro, correspondendo, em média a 2,3 a 3,0 % do custo total da lavoura (FREIRE et al., 1999). As sementes são produzidas por produtores e/ou empresas especializadas e o produtor que adquire uma semente de alta qualidade, deve esperar que o seu cultivo resulte na reprodução das características especificadas pela descrição da cultivar, com o máximo de uniformidade, onde a semente engloba todos os genes que caracterizam a espécie e a cultivar.

Desde o início do cultivo de algodão sob o sistema mecanizado nos cerrados, em 1997, a oferta varietal aumentou tremendamente (BELOT et al., 2005), devido ao trabalho de numerosos programas de melhoramento genético do algodoeiro, tanto de instituições públicas como privadas, multinacionais, fundações ou cooperativas. Dentro dos objetivos do melhoramento, foi enfocado o aumento do potencial produtivo dos materiais, como definido por Evans e Fisher, (1999).

Segundo estes autores, o potencial produtivo pode ser definido como a produtividade que uma cultivar pode alcançar quando cultivado em ambiente no qual é adaptado, sem limitações de alimentação em nutrientes, água e total proteção fitossanitária. Porém, para avaliar este potencial produtivo, é necessário que a cultivar seja testada no próprio local (CARVALHO, 2001).

O estabelecimento de um campo de produção de sementes requer uma série de medidas, cujo objetivo principal é evitar que as sementes sofram contaminação genética durante qualquer uma das fases do processo produtivo. Para isso, as principais medidas a serem tomadas visando à produção de sementes envolvem a definição da cultivar, o registro do produtor ou contrato firmado com o obtentor da cultivar, a escolha da área, o isolamento dos campos de produção e a purificação (EMBRAPA, 2003).

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20 De acordo com Barros e Peske (2001), a produção de sementes de alta qualidade, algumas características são fundamentais, como a geração das sementes que serão utilizadas para formação dos campos, a escolha das cultivares e a quantidade de semente a ser produzida. A produção de qualquer uma das categorias e classes de sementes inicia-se com a escolha das áreas para a instalação dos campos de produção, que deverão ser verificados, após a semeadura, durante o desenvolvimento da cultura, na floração e na pré-colheita, com o objetivo de evitar a contaminação por outras espécies ou cultivares e para diminuir ou eliminar os riscos de se obter uma semente com baixa qualidade e identidade.

Afirmava-se que algumas regiões de nosso país eram inaptas até mesmo para a produção de grãos, sendo consideradas mais críticas ainda para a produção de sementes. Atualmente, as diversas localidades de clima ameno no Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil, que produzem sementes de soja, milho e algodão, já são reconhecidas como regiões habilitadas e apropriadas para a produção de sementes de qualidade. A região Sul, mais especificamente o Rio Grande do Sul, historicamente, produz sementes de alta qualidade, principalmente de soja, pois é favorecida com temperaturas mais amenas na época de formação e maturação das sementes.

Embora determinadas espécies sejam desenvolvidas para algumas regiões de cultivo, observa-se que o produtor, com a perspectiva de obter maior uso de sua área de produção e objetivando maior lucratividade, contribui com a introdução de novas espécies nas diferentes localidades. Dessa forma, origina-se uma nova perspectiva de cultivo e a necessidade de sementes de cultivares altamente produtivos para os diversos ambientes, tecnologias de manejo, desenvolvimento de mercado e cadeia produtiva.

Martus et al. (2003), avaliaram seis materiais em condições de campo em três localidades, sendo: Ipameri (GO), Costa Rica (MS) e Chapadão do Sul (MS), na safra 2002/03 e constataram comportamento diferencial entre os materiais genéticos avaliados quanto à sua adaptabilidade ao ambiente e ao manejo cultural de cada localidade. Iamamoto et al., (2011) avaliaram o desempenho produtivo de cultivares de algodão em diferentes épocas de semeadura em Ipameri, no estado de Goiás, e verificou que a produção de algodão em caroço, assim como em fibra, foi elevada

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21 para todas as cultivares analisadas em relação à média brasileira, caracterizando que é possível ampliar e buscar altas produtividades, ultrapassando o teto produtivo, que é de 566,7@.ha-1 (8.500 Kg.ha-1).

Se uma determinada cultivar é eleita pela pesquisa e pelo consenso entre produtores agrícolas é porque seu comportamento é o melhor possível para as condições de clima, solo e de tecnologia agrícola da região, e as características de seus produtos possuem valor de mercado. Consequentemente, o patrimônio genético desta cultivar, que basicamente diferencia seu comportamento, tem que ser protegido (CARVALHO e NAKAGAWA, 1980). Segundo Barros e Peske (2006), a Lei de Proteção de Cultivares de 1997 confere proteção à propriedade intelectual aos obtentores de novas cultivares, da mesma forma que a Lei de Sementes, de 2003. A inspeção de campos para a produção de sementes deve-se, principalmente, às grandes inovações tecnológicas que ocorreram na produção de sementes das principais culturas, e tem a importante finalidade de atender às necessidades e adequação aos princípios da legislação de sementes e mudas, em vigência, nos quais o manuseio de informações e procedimentos uniformes conduzirá à aplicação de boas práticas agrícolas na produção de sementes, garantindo a qualidade destas e a identidade das cultivares (IAMAMOTO et al., 2011).

A semente é o principal insumo no sistema de produção de grandes culturas e sua qualidade está diretamente relacionada ao estande e vigor das plantas. Para que a semente possa expressar todo seu potencial, é imprescindível que tenha alcançado a maturidade fisiológica. Após a maturidade fisiológica, as sementes permanecem “armazenadas no campo” até que as condições, intrínsecas da semente e do ambiente, permitam a colheita. Obviamente, as condições nesse período não são as mais favoráveis para o armazenamento, devendo ser retiradas do campo tão logo seja possível. Trabalhos realizados por Carvalho (1974), estudando a maturação de sementes de algodão, revelaram que, após o ponto no qual elas atingem o máximo de qualidade fisiológica, não há razões para que elas continuem no campo. Ressalta-se que, após atingir a maturidade fisiológica, as sementes desligam-se fisiologicamente da planta, permanecendo no campo, sujeitas às condições climáticas, que, se adversas como a ocorrência de chuvas poderão acelerar o processo respiratório, provocando severa deterioração pela alternância de

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22 absorção e perda de umidade, associada ao ataque de fungos patogênicos (CARVALHO, 1974; CARVALHO e NAKAGAWA, 2000).

Da maturidade fisiológica até a colheita, a semente fica armazenada no campo, sujeita a fatores climáticos adversos e ao ataque de patógenos. Neste período, chuvas, orvalho e a alta umidade relativa do ar fazem com que as sementes sofram sorções, essas alterações no seu grau de umidade e tamanho promovem a deterioração. Delouche (2005) considera o intervalo entre a maturidade fisiológica e a colheita como muito crítico e Dias (2001) afirma que a partir deste momento, a semente permanece ligada à planta apenas fisicamente, com umidade ainda muito alta. Nesta fase, o teor de água decresce rapidamente e começa a oscilar de acordo com a umidade relativa do ar. A ocorrência de chuvas prolongadas e alta umidade relativa do ar nessa ocasião retardarão o processo de secagem natural, comprometendo a qualidade das sementes, que estarão sujeitas à deterioração no campo. Para Vieira et al. (2001), até atingirem a umidade para colheita, as sementes ficam submetidas a uma série de condições adversas no campo, tais como ataque de fungos, insetos e, principalmente, contrações e expansões dos tecidos de reserva e embrião, devido à absorção e perda de umidade. Essa oscilação na umidade ocorre devido à variação da umidade relativa do ar do dia para a noite, ao orvalho e, notadamente, à ocorrência de chuvas no período compreendido entre a maturidade fisiológica e a colheita, agravando-se ainda mais no caso do algodoeiro devido à higroscopicidade das fibras. Dessa forma a colheita realizada por ocasião da maturidade fisiológica seria ideal, mas encontra uma série de problemas a serem contornados. Em virtude dessas dificuldades, as sementes permanecem no campo até atingirem um nível de umidade adequado para a colheita, sujeitas a condições climáticas nem sempre favoráveis para a preservação da sua qualidade (BARROS e PESKE, 2006). Em sementes de soja, a da variação na umidade influencia na germinação e no vigor, onde normalmente, pela manhã se colhe com umidades mais elevadas e à tarde com umidades mais baixas (PESKE e HAMER, 1997). Da mesma forma, Reuzeau e Cavalié (1997) constataram que o grau de umidade presente na semente de girassol por ocasião da colheita pode influenciar o teor de RNA e, consequentemente, a capacidade de síntese de proteínas, afetando processos fisiológicos da semente. Essas alterações causam aumento da respiração e produção de CO2, influenciando negativamente na eficiência germinativa (BEWLEY

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23 et al, 1994 e NEDEL, 1995). Dos fatores ambientais que mais interferem na germinação das sementes se destacam a temperatura e, principalmente, a umidade relativa do ar. Elevadas umidades e temperatura podem causar deterioração das sementes, reduzindo sua capacidade de germinar, dependendo do tempo de exposição a estes fatores (DUTRA e CASTRO, 1997). A colheita do algodão é viável desde que a umidade nas fibras esteja entre 12% e 15% (IAMAMOTO et al., 2011).

Araújo et. al., (2006) afirma que o teor de umidade máximo tolerável para a amostra de sementes de algodão é 12%, pois favorece a germinação na época seguinte e possibilitando a conservação das sementes em ambiente aberto, durante 6 a 8 meses, embora nesta faixa ainda possa ocorrer ataque de insetos.

No ponto de maturidade fisiológica, o conteúdo de fitomassa seca da semente é máximo e, a partir dai, inicia-se o processo de deterioração, provocando redução gradativa da qualidade fisiológica da semente (CARVALHO e NAKAGAWA, 2000). Assim, um aspecto importante da produção de sementes é a determinação da maturidade fisiológica e do momento ideal de colheita, visando obter sementes de alta qualidade, minimizando a deterioração no campo. A umidade ideal da fibra de algodão para se proceder à colheita é de 12%, quando 95% dos capulhos estão abertos. Esse padrão de 12% de umidade é recomendado pela CESM-PB (1989).

Graus de umidade das sementes de algodão próximos de 15% podem provocar deterioração, comprometendo a qualidade fisiológica (QUEIROGA et al., 1994). Por outro lado, sementes de algodão com 10% de umidade respiram normalmente, conservando seu potencial germinativo e vigor (PASSOS, 1977). Atualmente, os testes de vigor trazem benefícios a todos os segmentos da produção de sementes de grandes culturas (MARCOS FILHO, 1999).

Para Peske et al. (2012), a soma de todos os atributos, tais como massa (matéria seca), tamanho, germinação, vigor e mais as variações ocorridas em termos de proteínas, lipídios e carboidratos, além de mecanismos de autoproteção, como o aparecimento de inibidores no momento da maturação fisiológica, são fatos marcantes da formação completa da semente. Quando a semente alcança teores de água em torno de 20%, seguindo um padrão de embebição adequado, são reiniciadas todas as atividades celulares. Temperaturas baixas e potenciais hídricos reduzidos retardam essa fase (ZIMMER, 2006).

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24 As fibras do algodão são, botanicamente, conhecidas por “tricomas”, que são apêndices da epiderme, presentes em diversos órgãos das plantas, podendo ser estruturas unicelulares, ou formadas por células em série, ou estruturas complexas com células especializadas, simples ou ramificadas. Podem ter origem no mesofilo ou nas epidermes. De maneira geral são vistos como "pêlos" ou pequenas

"escamas" na superfície de folhas e caules, e no caso do algodão, auxiliam na dispersão de sementes. Morfologicamente, cada fibra é uma célula epidérmica da semente que sofre expansão esférica e protrusão sobre a superfície ovular (RUAN e CHOUREY, 1998). As fibras do algodão são células únicas de tricoma que se desenvolvem a partir da diferenciação da epiderme celular do tegumento do óvulo, que originará o fruto (SONG e ALLEN, 1997). Durante a diferenciação celular da fibra, é possível verificar diferentes estágios. A fase de iniciação ocorre de menos de 3 a 3 dias após a antese, na qual 30% da epiderme celular do óvulo começam a aumentar e alongar-se rapidamente, verificando-se no período de elongação, que ocorre de 5 a 25 dias após a antese, as células apresentam vigorosa expansão, com picos de crescimento maiores que 2 mm.dia-1 (LI et al., 2002).

A terceira fase compreende a formação da parede celular secundária, que ocorre dos 20 aos 45 dias após a antese, no qual ocorre principalmente a biossíntese e deposição de celulose. O estágio final de maturação, que ocorre dos 45 aos 50 dias após a antese, está associado ao acúmulo de minerais e decréscimo no teor de água, resultando na fibra madura (JI et al., 2003).

Considerando a fibra, principal produto do algodão, que é originada de uma única célula, constituída por mais de 95% de celulose, ela apresenta, quando totalmente madura, 25 camadas de celulose, cristalina, fibrilar e amorfa, situadas na parede secundária da fibra.

Da sua superfície à parte mais interna, a fibra pode conter ceras, gomas, óleos, cutícula, celulose, proteínas, glicose, ácidos málico, cítrico, entre outros, sendo que, para produzir o fio de algodão, a fibra deve apresentar comprimento adequado, uniformidade, resistência, finura e pureza. O comprimento das fibras classificadas como inferiores é abaixo de 22 mm, o das fibras curtas varia entre 22 e 28 mm, o das fibras médias varia entre 28 e 34 mm e, nas fibras longas, o comprimento é superior a 34 mm (EMBRAPA, 2003 e IAMAMOTO et al., 2011).

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25 Como parte viva da planta, a fibra recebe influência constante do ambiente e apresenta diversas respostas aos estresses climáticos como: temperatura, luminosidade, nutrição da planta, umidade relativa do ar, entre outros fatores (EMBRAPA, 2003). O material genético utilizado influencia muito na produção e na qualidade da fibra do algodão (IAMAMOTO et al, 2011).

A metodologia de classificação do algodão em pluma é constantemente atualizada, com o objetivo de incluir métodos de tecnologia de ponta e equipamentos que forneçam ao setor algodoeiro as melhores informações sobre a qualidade da fibra, para fins de comercialização e processamento. A avaliação dos fatores de qualidade e as características intrínsecas e extrínsecas da fibra são determinadas através de instrumentos de precisão e de alta capacidade analítica, com o equipamento denominado HVI (High Volume Instruments), que analisa as características físicas da fibra como: comprimento, índice de uniformidade do comprimento, conteúdo de fibras curtas, resistência, alongamento, índice micronaire, grau de folha, quantidade de partículas de impurezas, área ocupada pelas impurezas em relação à área total, grau de reflectância, grau de amarelamento, diagrama de cor, inclusive a sua classificação comercial. Atualmente, a classificação é exigida quando da internacionalização dos produtos (algodão importado), e da compra e venda do produto, pelo Poder Público, segundo Brasil (2002) e Embrapa Algodão (2006).

Dentre as fibras têxteis, naturais ou químicas, o algodão é a mais importante visto que, considerando-se o volume, tem-se o valor monetário da produção, a multiplicidade dos produtos que dele se originam e a popularidade de que usufruem seus derivados. O algodão é produzido em mais de 60 países, em área superior a 34 milhões de hectares. Sua cadeia produtiva gera, anualmente, cerca de U$ 300 bilhões e apenas a fibra produzida por ano, cerca de 20 milhões de toneladas, gera o equivalente a U$ 35 bilhões, o que comprova a importância mundial dessa fibrosa- oleaginosa. A maioria da fibra comercializada é de comprimento comercial médio, variando de 30/32mm a 32/34mm (BELTRÃO, 1999; FUNDAÇÃO BLUMENAUENSE DE ESTUDOS TÊXTEIS, 1996; COTTON, 1999).

A espécie de algodoeiro Gossypium hirsutum produz fibras com comprimento médio e curto, enquanto que a espécie Gossypium barbadense produz fibras médias e longas. Cada semente de algodão pode conter de 7.000 a 15.000

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26 fibras individuais, sendo que o crescimento pode variar de 50 a 75 dias, entre a fertilização e a abertura das maçãs. A fibra do algodão é, entre as fibras naturais, a mais consumida pela indústria têxtil nacional e mundial, em razão dos méritos indiscutíveis de suas características físicas: comprimento, uniformidade de comprimento, finura, maturidade, resistência, alongamento, cor, brilho e sedosidade, as quais se transferem para o fio, tecido e confecção, ressaltando a diversidade de aplicação e beleza, além de sensação de bem estar a quem as usa (SANTANA et al., 1999).

O termo “classificação do algodão” refere-se à aplicação de procedimentos padronizados e desenvolvidos pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América do Norte – USDA, para avaliar as qualidades físicas do algodão que afetam a qualidade do produto acabado e/ou a eficiência do setor industrial (BOLSA DE MERCADORIAS & FUTURO, 2002 e BRASIL, 2002).

Mesmo com um bom material genético, o algodão pode ser contaminado no momento da colheita, apresentar manchas e o fio pode não crescer como o esperado por questões climáticas e deficiências nutricionais (EMBRAPA, 2003).

No entanto, não basta escolher uma boa cultivar adequada para a região, o manejo da produção deve ter o objetivo de obter uma fibra de ótima qualidade, é selecionando as áreas de produção, verificando e realizando a adubação correta e priorizando a colheita manual. A colheita manual é mais indicada porque seleciona melhor o que está sendo colhido e o risco de contaminação e manchas é menor.

No caso de o produtor optar pela colheita mecanizada, torna-se necessário aplicar um produto químico que age como maturador e outro como desfolhante, só iniciando a colheita depois que a lavoura estiver sem impurezas e não houver mais riscos de resíduos na fibra (EMBRAPA, 2003).

Com a globalização da economia, os cotonicultores brasileiros concorrem diretamente com os melhores cotonicultores do mundo. Neste contexto haverá espaço apenas para a cotonicultura moderna, que aplique a tecnologia para a redução dos custos de produção e com incremento na qualidade de sementes e fibras, no rendimento e, consequentemente, exigindo a incorporação de novas áreas de cultivo no país. As oportunidades do mercado cotonicultor estão relacionadas ao sucesso da agricultura e da pecuária que tem impulsionado a economia do país (ICAC, 2011).

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27 Na era imperial, o algodão teve sua importância econômica. Durante a década de 1820, as exportações de algodão só eram inferiores às de açúcar, mas superiores às de café. Devido à tolerância à seca, o cultivo de algodão foi implantado no nordeste a partir da segunda metade do século XVIII, sendo cultivado, principalmente, por pequenos e médios produtores em conjunto com a produção de alimentos voltados ao consumo próprio (FAUSTO, 1995; BUAINAIN e BATALHA, 2005). Na década de 1960, o algodão se desenvolveu na região sul, no estado do Paraná. Na safra 1978/79, a produção de algodão em caroço do Brasil apresentava- se distribuída nas seguintes regiões: sul (30%), sudeste (34%), nordeste (29%) e centro-oeste (7%), sendo que, atualmente, a região centro-oeste produz 65% do algodão brasileiro (CONAB, 2011). A atual distribuição da produção brasileira de algodão definiu-se em meados da década de 1990, visto que dez anos antes, as áreas de produção na região nordeste sofreram fortemente com a praga do bicudo (Anthonomus grandis), o que resultou em redução de 60% da área cultivada na região entre as safras de 1985/86 e 1989/90. Além do bicudo, um conjunto de fatores econômicos como a queda dos preços internacionais da fibra, a elevação dos custos de produção, o fraco desempenho da economia brasileira e a abertura às importações tanto de algodão quanto de produtos têxteis, contribuíram para que a cotonicultura em todo o Brasil entrasse em forte crise. Apenas na segunda metade da década de 1990, quando as medidas macroeconômicas adotadas pelo governo brasileiro começaram a ter efeito, estabilizando a economia nacional, e os produtores rurais do centro-oeste, principalmente no estado do Mato Grosso, vislumbraram no algodão uma alternativa de diversificação dos negócios na propriedade. Atualmente este estado produz 50% do algodão produzido no país (CONAB, 2011). Outro fator que permitiu o crescimento da cotonicultura nas atuais regiões produtoras, principalmente no centro-oeste, foi o desenvolvimento de cultivares adaptadas ao ambiente de Cerrado, iniciado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no início da década de 1990, seguido pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), pelo Instituto Matogrossense do Algodão (IMA), pela Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec), pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), entre outras instituições públicas e privadas. Devido ao desenvolvimento destas cultivares, a cotonicultura de alta

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28 tecnologia pôde se difundir nas diferentes regiões dos estados de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Tocantins e Maranhão. Nas regiões de cerrado, o cultivo do algodão passou a ser realizado por grandes produtores de grãos, altamente tecnificados.

Como resultado dessa mudança, transformações importantes na economia algodoeira passaram a ocorrer, principalmente no campo, relacionadas à geração de emprego. O uso de alta tecnologia para produção, sobretudo a mecanização da colheita, resultou na necessidade do uso de mão de obra qualificada. Em 1996, em plena crise do setor algodoeiro do Brasil, o Censo Agropecuário apontou o número de 150.375 pessoas empregadas no cultivo do algodão. Dez anos mais tarde, em 2006, a mesma pesquisa divulgou o número de 40.553 empregados (FERREIRA FILHO et al., 2011). Em compensação, a qualidade do emprego subiu consideravelmente. Com a mecanização, o cultivo do algodão passou a exigir a utilização de mão de obra qualificada, necessária para a operação das máquinas de semeadura, aplicação de insumos e colheita.

Dados do Ministério do Trabalho mostram que o salário mensal médio no cultivo do algodão está acima daqueles praticados nas demais culturas no Brasil, como cana-de-açúcar e soja. Em relação à laranja e ao café, que ainda utilizam grande contingente de trabalhadores braçais na colheita, a diferença é ainda maior.

No cultivo do algodão, o ganho mensal médio do trabalhador, em 2010, foi de R$

1.260,78, enquanto que no café foi de apenas R$ 698,63. Além de melhores condições de trabalho no campo, o emprego de tecnologia fomenta a criação de uma rede de negócios de apoio à cotonicultura que envolve profissionais dedicados à pesquisa, desenvolvimento de novas cultivares, agroquímicos, máquinas e equipamentos, além de prestadores de serviços de consultoria, tecnologia para a aplicação de agroquímicos, entre outras atividades.

Outro impacto de ordem econômica igualmente importante tem ocorrido nas contas externas do setor. Atualmente, o cultivo praticado no cerrado responde por 97% de toda a produção nacional de algodão e por 100% das exportações de fibras de algodão do país, contribuindo para o superávit da balança comercial do agronegócio brasileiro, que entre 1994 e 2010 saltou de US$ 10 bilhões para mais de US$ 60 bilhões. No mesmo período, o valor financeiro das exportações do agronegócio cresceu de aproximadamente US$ 20 bilhões para quase US$ 90

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29 bilhões em 2011. O saldo do comércio brasileiro de algodão saiu de um déficit de US$ 74 milhões para, em uma década, acumular um superávit de US$ 3,2 milhões, tornando o país o quarto maior exportador de algodão do mundo em 2011. O Brasil já foi um dos maiores exportadores de fibra de algodão, chegando a ter 10% do mercado mundial, em 1980. Entretanto, a forte redução das alíquotas de importação em 1990, juntamente com os problemas na produção interna, contribuíram para que o país deixasse de ser exportador para se tornar um dos maiores importadores. Em 1993, o Brasil importou mais de 500 mil toneladas de pluma, montante que representava 60% do algodão consumido no mercado interno. A retomada da importância no mercado internacional ocorreu com a implantação da cotonicultura empresarial no cerrado. A partir de 1999, ocorreu aumento das quantidades de fibra de algodão exportada, retomando, gradativamente, seu papel de destaque no mercado internacional. O último déficit no fluxo externo de algodão em pluma do Brasil ocorreu na safra 2002/03, quando as importações superaram as exportações em pouco mais de US$ 32 milhões. Desde então, entre as safras 2003/04 e 2010/11, o país tem logrado seguidos superávits, com média anual de US$ 403,89 milhões de saldo. O valor exportado em 2010/11 foi de US$ 745,94 milhões, quase atingindo a marca histórica de 2008/09, quando as exportações acumularam US$

782,89 milhões. Em contrapartida, as importações também foram grandes, acumulando alta de 675% até 2009/10. Nos últimos anos, segundo dados do Comitê Internacional Consultivo do Algodão (ICAC, 2011), o Brasil tem se mantido entre os seis maiores exportadores do mundo, considerando as vendas externas dos países africanos da “zona do Franco Cfa” somadas. Com exceção dos EUA, que nas últimas cinco safras têm respondido por cerca de 40% das exportações mundiais, as posições da Índia, Uzbequistão, Austrália, a Zona do Franco (Cfa), que é composta pelos países como Camarões, Costa do Marfim, Burkina Fasso, Gabão, Guiné - Bissau, Guiné Equatorial, Benin, Congo, Mali, República Centro Africana, Togo, Níger e Senegal, e do Brasil têm apresentado grandes variações. Contudo, é possível notar que, entre todos esses países, Brasil e Austrália são os que vêm demonstrando padrões mais sólidos de crescimento das exportações. Caso as projeções do ICAC (2011) para a safra 2011/12 se confirmem, as exportações brasileiras irão contabilizar um crescimento anual médio de 25,5%, contra 23,0% das exportações australianas entre 2007 e 2012. No cômputo geral, os dados da Índia

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30 também mostram crescimento de 33,1% ao ano, porém com grandes oscilações entre um ano e outro. Tal instabilidade se justifica pela estrutura produtiva indiana, formado por grande número de pequenos agricultores familiares, pouco tecnificados e pelos constantes problemas de disfunção climática enfrentados no país. A China consome 35% de todo o mercado internacional, mas apenas 3% de suas importações têm origem no Brasil, o que pode significar uma grande oportunidade de mercado. Em 2010/11, o Brasil exportou algodão para 35 países, sendo que três destes concentraram quase 60% do volume comercializado, como: Indonésia, com 22,4%, Coreia do Sul, com 19,0%, e China, com 18,2%. A Indonésia tem sido o principal comprador externo de pluma de algodão do Brasil, desde a safra 2007/08, embora sua participação nas importações mundiais seja de apenas 5,5%. A China, por outro lado, tem uma participação de peso no mercado internacional de fibras de algodão, participação essa que tem aumentado nas últimas três safras. Em 2008/09, foi importado 1,52 milhão de toneladas pelo país, volume correspondente a 23,4%

das importações mundiais. Em 2010/11, o mercado chinês foi destino de 2,61 milhões de toneladas (34,3%) das 7,61 milhões de toneladas importadas em todo o mundo. De acordo com o crescimento, as exportações brasileiras para a China têm evoluído positivamente desde 2006/07, safra em que a representatividade do país asiático nas vendas externas do Brasil foi de apenas 3,4%. O mercado chinês tem exercido grande influência não apenas nas exportações brasileiras, mas também no fluxo mundial de algodão, embora o país seja também o maior produtor da fibra. Na safra 2010/11, a produção brasileira ultrapassou a do Paquistão, colocando o país como o quarto maior produtor de fibra de algodão do mundo. O volume total da produção de algodão no mundo tem apresentado flutuações históricas entre crescimento e declínio, destacando-se o aumento consecutivo nas últimas duas safras (2009/10 e 2010/11). Segundo dados do Comitê Internacional Consultivo do Algodão (ICAC, 2011) e CONAB (2011), na última década, o setor acumulou taxa de crescimento médio de 2% ao ano, embora tenham aferidos, nos últimos cinco anos, taxa de crescimento negativa de - 0,4% ao ano. Na safra 2009/10, a produção mundial foi de aproximadamente 25 milhões de toneladas de algodão em pluma. O ICAC (2011) classifica as principais regiões produtoras no mundo, colocando a China como líder na produção de algodão em pluma, com 6,4 milhões de toneladas em 2010, seguida pela Índia, com 5,3 milhões de toneladas, Estados Unidos, com

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31 3,9 milhões de toneladas, e Brasil, com 2 milhões de toneladas. Essa produção brasileira inclusive possibilitou que, pela primeira vez, o país ultrapassasse o Paquistão, com 1,9 milhão de toneladas de pluma. O Brasil foi um dos países que mais se beneficiaram com os grandes investimentos realizados em tecnologia para a cotonicultura, que ocorreram notadamente a partir da segunda metade da década de 1990. Desde então, o país passou a ostentar os maiores níveis de produtividade entre os principais países produtores de algodão no mundo. Na safra 2009/10, o Brasil alcançou valores impressionantes de produtividade com uma média de 1.419 Kg.ha-1, um rendimento por área que foi quase o dobro da média mundial, de 733 Kg.ha-1. Na safra 2010/11, apesar de leve declínio em função de condições climáticas, a produtividade média brasileira foi de 1.322 Kg.ha-1 e manteve-se superior, em relação aos demais países, inclusive da chinesa que foi de 1.289 Kg.ha-1. Segundo as projeções da United States Department of Agriculture (USDA), para a safra 2011/12, a produtividade média brasileira deverá ser ainda maior que em 2009/10, passando para 1.457 Kg.ha-1, quando a média mundial deverá permanecer em 751,5 Kg.ha-1.

Neste contexto, o Brasil pode aumentar as áreas de produção de algodão, visto que, tanto o mercado interno como externo, são bastante receptivos ao algodão brasileiro. Na Tabela 1, observa-se a estimativa de produtividade dos cultivares de algodão no município de Alegrete, Rio Grande do Sul, tanto para sementes como fibras, nas safras 2010/11 e 2011/12. Segundo a estimativa da CONAB (2011), a área a ser cultivada com as principais culturas é 4,8% maior do que a cultivada na safra 2010/11, passando de 49,89 para 52,29 milhões de hectares, representando um aumento de 2,40 milhões hectares. As principais culturas de verão são de milho primeira e segunda safras e soja, e apresentam crescimento, com destaque para o milho segunda safra, com acréscimo de 20,1%

ou 1.181,5 mil hectares, seguido da soja, com ganho de 3,4% (817,1 mil hectares) e do milho primeira safra, com ganho de 8,4% (664,0 mil toneladas). As culturas de arroz e feijão apresentam redução na área. No levantamento da safra 2011/12, a área cultivada com algodão no país será de 1.398,1 mil hectares, número 0,2%

inferior aos 1.400,3 mil hectares cultivados na safra 2010/11, contrariando as estimativas iniciais de incremento de área de produção de algodão. As causas podem ser atribuídas às alterações no cenário internacional com o aumento da

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32 produção mundial na safra 2011/12, a redução do consumo mundial no mesmo período e ao aumento nos estoques de passagem, fato que contribuiu para forte queda nos preços internos e externo da fibra de algodão.

No Brasil, estima-se que a produtividade do algodão em caroço seja de 3.793 Kg.ha-1, comparados com os 3.705 Kg.ha-1 obtidos na safra 2010/11, representando um incremento médio de 2,4%. Além do clima, contribui para o incremento de produtividade o pacote tecnológico aplicado pelos agricultores das diversas regiões do país, notadamente na região centro-oeste, onde as estimativas de produtividade ultrapassam 3.800 Kg.ha-1. Na produção de algodão em pluma, o crescimento pode ser de 2,1% em relação à safra anterior, passando de 1.959,8 para 2.001,8 mil toneladas. O estado de Mato Grosso deverá colher 985,4 mil toneladas, correspondendo a 49,22% da produção nacional atualmente estimada, seguido pelos estados da Bahia, com 633,3 e Goiás, com 139,2 mil toneladas, correspondendo em termos percentuais a 31,63% e 6,95%, respectivamente.

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33 3 Material e Métodos

O experimento foi conduzido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha – Campus Alegrete (IFF – Campus Alegrete), localizado no município de Alegrete/RS, rodovia RS-377 Km 27 - Passo Novo, na latitude de 29º47'01,63" sul e longitude de 55º47'27,54" oeste, estando a uma altitude média de 102 m.

O experimento foi conduzido por dois anos, em parcelas manejadas da mesma forma que uma lavoura comercial, de tal maneira que os materiais genéticos testados encontrassem as mesmas condições de campo, e refletissem seu potencial de produção, nas safras 2010/11 e 2011/12.

O clima da região oeste do Rio Grande do Sul é classificado como subtropical temperado quente, com chuvas bem distribuídas e estações bem definidas (Cfa na classificação de Köppen-Geiger), com a média de precipitação pluviométrica de 1.525 milímetros anuais, sendo que a menor média de precipitação acontece em agosto e a maior em outubro. A temperatura média anual é de 18,6 °C, variando entre 13,1 °C em julho e 35,8 °C em janeiro. A umidade relativa (UR%) média do ar é de aproximadamente 75% em todos os meses do ano.

As cultivares em estudo foram desenvolvidas para produzirem sementes e fibras de qualidade para um ambiente semelhante ao do Centro-Oeste do país, onde o clima é considerado como tropical, com temperaturas médias variando de 18 ºC a 24 ºC, com temperaturas mínimas oscilando entre 10 ºC e 19 ºC e temperaturas máximas variando entre 29ºC e 34ºC. A precipitação pluviométrica é em torno de 1.560 milímetros por ano, variando entre 5 mm a 300 mm como média mensal, sendo abundante no verão entre os meses de outubro a abril, com inverno seco de maio a agosto. A umidade relativa do ar (UR%) tem a média variando entre 65% e 87% (Aw na classificação de Köppen-Geiger).

Foram registradas as médias mensais de umidade relativa, temperatura e precipitação pluvial, na estação meteorológica do Instituto Federal de Educação,

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34 Ciência e Tecnologia Farroupilha – Campus Alegrete, no período que antecede a semeadura até após a amostragem das parcelas experimentais, durante os dois anos de cultivo de algodão.

O preparo de solo, semeadura, manejo e tratos culturais foram realizados com as máquinas e equipamentos existentes na Unidade de Ensino, Pesquisa e Produção (UEPP) do IFF – Campus Alegrete.

O solo da área de cultivo possui textura franco-argilosa, livre de compactação, com boa drenagem e manejado no sistema de plantio direto há mais de quatro anos. A vegetação de cobertura foi formada por aveia (Avena sp. L.) e azevém (Lolium multiflorum L.), semeadas no final do mês de março de 2010, e dessecada previamente com produto de ação sistêmica, de princípio ativo Glifosato®, na dose de 2L.ha-1 mais 20mL.ha-1 de Fipronil®, com volume de calda de 120L.ha-1. Foram realizadas duas aplicações de dessecante, sendo a primeira aos trinta e cinco e a segunda a cinco dias antes da semeadura. Essa prática proporcionou a eliminação das plantas concorrentes na fase inicial de desenvolvimento do algodoeiro e o controle de insetos, como a formiga (Atta sp. L.) e o coró-das-pastagens (Diloboderus abderus L.), comuns nesta região de produção agropecuária.

As aplicações de produtos fitossanitários foram realizadas nas horas mais adequadas do dia, quando as condições climáticas favorecessem a proteção das plantas. O controle fitossanitário foi realizado de acordo com as recomendações para o cultivo do algodoeiro.

As parcelas receberam adubação de base com NPK, na formulação de 10- 30-20 e duas suplementações de nitrogênio (ureia 45% de N), sendo que a primeira ocorreu na emissão do primeiro botão floral, estágio B1, e a segunda, na fase de desenvolvimento F1, caracterizado pela abertura da primeira flor (ROSOLEM, 2004).

A semeadura das parcelas foi realizada no dia 11 de outubro de 2010 (segunda-feira), na primeira safra, e no dia 11 de outubro de 2011 (terça-feira), na segunda safra, com semeadora/adubadora de precisão tratorizada, na área experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha - Campus Alegrete. Cada parcela foi composta por quatro linhas, com espaçamento de 0,50 metros entre linhas e 8,0 metros de comprimento, totalizando 25 (vinte e cinco) parcelas de 16,0m2. A densidade de semeadura na área experimental foi de

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35 quinze sementes por metro linear. Aos 30 dias após emergência (DAE), realizou-se o raleio, estabelecendo-se a densidade de cultivo de oito plantas por metro linear, para todos os tratamentos, totalizando a densidade de 160.000 plantas por hectare.

O espaçamento entre as parcelas, nos blocos, foi de 10 metros. Neste espaço foi cultivado milho com o objetivo de fazer uma barreira vegetal, evitando a poeira na fibra, assim como possíveis contaminantes.

As cultivares de algodão (Gossypium hirsutum variedade latifolium) utilizadas foram cedidas pelo Grupo Itaquerê, empresa produtora de sementes e fibra de algodão em Primavera do Leste, Mato Grosso, possuem as seguintes características agronômicas e tecnológicas:

IMACD6001LL: De acordo com o Institto Matogrossence do Algodão, é uma cultivar transgênica com tecnologia Liberty Link® conferindo resistência ao princípio ativo glufosinato de amônio, sendo recomendada para áreas com infestação com plantas concorrentes resistentes, de ciclo variando entre 150 e 160 dias, a retenção de pluma é considerada média, o rendimento de fibra varia de 40 a 42%, a massa de 1000 sementes média é de 95 gramas (dependendo da peneira), a massa do capulho varia entre 6,0 a 6,2 gramas, a densidade de cultivo recomendada para o espaçamento de 0,45 m é de 220.000 a 240.000 plantas por hectare, é exigente em fertilidade do solo.

FMT707: De acordo com a Fundação Mato Grosso, é uma cultivar convencional ou não transgênica, com ciclo médio de 150 dias, a massa de 1000 sementes média é 90 a 110 gramas, a massa do capulho é de 6,0 gramas em média o que depende da peneira, o rendimento de fibra varia de 39 a 42%, a densidade de cultivo é de 60.000 a 90.000 sementes por hectare para o espaçamento de 0,90 metros.

FMT701: De acordo com a Fundação Mato Grosso, é uma cultivar convencional ou não transgênica, com ciclo tardio, a massa de 1000 sementes média é 90 a 110 gramas, a massa do capulho é de 6,5 gramas em média o que depende da peneira, o rendimento de fibra varia de 39 a 42%, a densidade de cultivo é de 60.000 a 90.000 sementes por hectare para o espaçamento de 0,90 metros.

FM910: Conforme a Bayer Cropscience é uma cultivar convencional ou não transgênico, com ciclo de 160 a 180 dias, a massa de 1000 sementes varia entre 80 e 95 gramas o que depende da peneira, a massa do capulho varia entre 4,5 a 6,5

Referências

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