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(1)ENTREVISTA EQUIPA II EU- Então vamos começar pelas apresentações

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Academic year: 2022

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ENTREVISTA EQUIPA II

EU- Então vamos começar pelas apresentações.

HB1 – Tenho 36 anos de serviço e aqui na escola, com este,18. O meu grupo é o de Português-Francês, a minha licenciatura é de Filologia Românica.

EU- Tens alguma função na Escola?

HB1- Neste momento tenho uma grande função – dou aulas! Dar aulas é uma grande função! Além de estar a trabalhar neste projecto.

HB2 – Estou aqui no 2º ano de trabalho e em termos de anos de serviço vou fazer 32 em Dezembro. Nesta Escola não tenho outras funções além das aulas e, na componente não lectiva, estou integrado neste grupo da avaliação interna. Sou professor de Biologia e Geologia e sou licenciado em Biologia, ramo de ensino.

HB3 – Tenho 31 ou 32 anos de serviço, sou licenciada em Química, ramo científico, tenho uma pós graduação e um mestrado em “Ensinar e aprender a aprender Química”, da faculdade de (a cidade); faço parte de uma equipa de investigação do Departamento de Química...O que é que conto mais?...Este ano estou a 2/3 a trabalhar em Lisboa, no Ministério, no HB1VE. E aqui tenho aulas e tenho avaliação interna. Estou aqui no 2º ano. Nas outras escolas passei variadíssimos anos em gestão.

EU- A primeira questão é porquê vocês, ou seja, como é que chegaram a este trabalho. Vocês e os outros. Gostaria que me falassem também dos outros membros da equipa.

HB1- Eu fui contactada pela HD, a Presidente. Fui mandatada a dada altura para a ir substituir ali na ESE, e assistir a uma acção de formação sobre a auto-avaliação ou avaliação interna. Fui e a partir daí fui integrada. Ela depois contactou outros elementos e fizemos uma primeira reunião com ela, dos quais subsistiram alguns que agora integram o meu grupo e os outros.

EU- E os outros que integram os grupos?

HB1- Foram também contactados. Foi mais no estilo “Quem não se importa? Quem gostaria de ir?”

Mais no sentido de estar disposto.

EU- E tu dispuseste-te, ou seja, tinhas já algum interesse por esses assuntos...

HB1- Tenho, tenho. Porque sinto que a escola tem que se avaliar para poder mudar. E a mudança é essencial. Há pessoas que têm um certo receio de mudar e vêem a mudança quase como um Adamastor, não é?

EU- E tu, HB2, como vieste cá parar? Também foi assim por convite da HD?

HB2 – Sim. Eu penso que foi outra colega que também faz parte da avaliação, a C., que também esteve na Sísifo, e penso que foi ela que indicou à HD o meu nome. Quando estive o último ano na Sísifo, lá também se começou a pensar na avaliação interna e eu estava na altura no Conselho Pedagógico, e a Comissão de Avaliação Interna foi formada a partir do Pedagógico. E lá me calhou ficar um pouco dentro da avaliação interna da Sísifo.

EU- Então já tinhas essa experiência...

HB2- Experiência em termos de andar a ler o livro...aquele livro...

EU- Do Alaiz?

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HB2- Do Alaiz. Ainda estávamos a pensar um pouco sobre o assunto. Ao longo do ano não me lembro de termos produzido algum documento. Depois vim para aqui e não tinha nenhum gosto especial por isto, mas integro-me, gosto de trabalhar em grupo e acabo por me entusiasmar...Mas à partida não estou como a HB1, não tinha nenhum interesse especial...Aliás o meu interesse é por coisas

relacionadas com a minha área. Mas não me demito, integro-me. Estou numa equipa em que estão mais duas colegas – a E. que é de Inglês e a M. que é de Português/Francês. E gostei de trabalhar com elas. Nós não sabíamos nada praticamente disto, mas procurámos andar para a frente, estudando, lendo, discutindo uns com os outros... e andámos todo o ano anterior nisso. E este ano já produzimos materiais e aplicámo-los e agora estamos a tratar os resultados.

EU- Este é o 2º ano que estão a trabalhar nisto?

HB1 – Sim, mas só temos 3 horas semanais...É muito pouquinho, não dá para nada...

HB2- É muito pouco, é.

HB3- Eu também foi pela HD... Não sei, imagino que se soubesse alguma coisa de mim e da Celeste, porque estivemos na Sísifo juntas muitos anos no Directivo e pronto, deve ter sido por aí!

EU- Então estiveste no Directivo da Sísifo...

HB3- Sim e onde estiver uma está a outra, é tácito. Agora relativamente a este assunto. A mim, de facto, na escola, tudo o que diz respeito à escola, nada me é estranho. Eu gosto muito de trabalhar, acho que sou uma generalista. Gosto muito de investigação, aliás propus o ano passado aqui para esta escola uma investigação cooperativa, porque acho que nós devemos aprender a dar alguma volta às coisas, alguma volta aos nossos alunos ou alguma maneira diferente de ensinar, portanto era uma coisa que eu à partida preferia – estar na investigação. Mas sempre que há qualquer coisa que me...que é um desafio... E a avaliação, é como diz a HB1, eu sempre achei que de facto...Ou melhor, tu disseste que só mudamos quando avaliamos; eu acho que a avaliação está absolutamente em nós, e então nós que avaliamos sistematicamente alunos! E se calhar por isso temos um medo tão grande de sermos avaliados... Mas eu acho que sim, que é uma coisa que deve ser pensada, levada a sério e não com medos.

EU- Então e como é que vocês se organizaram para trabalhar?

HB3 – Olha eu organizei-me quase individualmente, porque na minha equipa estou eu e a C. que também está no GAVE e era chamada normalmente às terças que era o dia que nós podíamos; a Lurdes também foi chamada à Comissão de Avaliação dos Professores; durante uns tempos, sempre que podia ia dando uma ajuda e de vez em quando ia até casa dela; depois apareceu o HB2, mas agora levaram-mo para o Secretariado…E a C. está em Lisboa. Portanto…Mas eu tenho uma equipa óptima, porque discutimos, barafustamos, mas encontramo-nos quando é preciso.

EU – Então podemos dizer que não há aqui uma equipa, mas quatro equipas que funcionam independentemente. Nunca se encontram, não articulam?

HB3 – A questão é assim – para a produção de materiais, nós produzimos materiais individualmente, mas houve três ou quatro terças-feiras que nos juntámos para partilharmos, aferirmos, mas isso não chegou ao fim … O tempo não deu e fomos trabalhar para casa.

HB2- Era uma fase essencial e nós não a desenvolvemos muito bem, mas não houve tempo!

HB1- O calendário era impossível. Para o cumprirmos tínhamos que passar etapas.

HB3- Três tempos semanais não dá, não dá…

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EU- Então não há um organigrama onde se vejam todas as áreas e com todos os instrumentos que produziram ou estão a produzir?

HB3- Nós temos uma coordenadora da equipa toda, que é a Ercília…

HB2- Que faz parte do Pedagógico…

EU- Então é a Ercília que faz a ponte com o Pedagógico…e que tem a visão global do que os grupos estão a fazer…

HB3- Exactamente. E depois existe um dossiê onde nós vamos pondo as coisas. Por impossibilidade temporal. É que temos muitas outras coisas para fazer.

EU- Agora podíamos situar a decisão de enveredar por um processo de avaliação interna. Quem é que e quando tomou a decisão?

HB1- Foi o Executivo e o Pedagógico. Aliás a HD é presidente do Executivo e do Pedagógico, portanto há ali assim um…

EU- Isso há dois anos atrás…

HB2- Sim, foi nas férias…

HB3- Fez no Natal um ano.

EU- Então e agora pergunto: o terem optado por seguir a estrutura do dispositivo de avaliação externa terá sido porquê?

HB2 – Tinha-se de começar por algum sítio, agora não quer dizer que tenha de ser sempre aquele, que seja uma coisa de futuro…

HB3- Pois, eu também não sei…Pessoalmente, estou no domínio 2, e acho que não saímos…

EU- Mas quando pegaram o trabalho ele já estava assim estruturado, dividido em domínios?

HB1- Mas os domínios são os que a IGE propõe, estabelece, para avaliar as escolas internamente…

HB2- A IGE não, aquele grupo de trabalho de avaliação; a IGE é que apanhou!

HB1- E a HD até divulgou junto do corpo docente, naquele placard da sala de professores, os diversos domínios. Portanto houve essa divulgação e a partir daí, na tal reunião com ela chegou-se a esse acordo – por que não pegar nesses? Ir buscar outros? Mas aqueles já estavam ali…

EU- Mas conhecem outros modelos…o HB2 já falou do Alaiz…

HB3- Sim, mas isso serviu…Bem, nós passámos uma primeira parte a ler…

EU- Vocês conseguem identificar algumas coisas que leram, alguns autores, algumas ideias?...Não?

HB1- Para mim e para o meu grupo…(e já daqui da ESE eu tinha ficado com uma boa sensação, porque só deu para isso, não é?)... foi a experiência dos Açores. Por tudo: porque está harmonioso, está leve, está agradável, mesmo para quem responde, está do ponto de vista visual muito

equilibrado e está muito facilitador para quem lê. E tanto quanto me é dado saber está a dar bons resultados. Portanto estudámos muito e explorámos muito o CAFQUALIS e a Escola da Madalena, no Pico, foi uma escola piloto, digamos assim. Segundo eles dizem está a dar muito bons resultados;

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aliás nós vamos à Internet e contactamos e efectivamente parece que sim e de todos os modelos, aquele que estruturalmente nos pareceu 3efectivamente interessante, com alguma dinâmica interna foi esse. A seguir o Alaiz tem documentos, fichas de registo que ajudam ao registo escrito, coisa que no CAFQUALIS nós podemos retirar, mas temos que fazer uma pesquisa muito exaustiva para conseguirmos depois a partir daquilo criarmos as nossas próprias fichas. Nós fizemos alguns exercícios deste género a alguns documentos, outros fomos efectivamente basear-nos em documentos do Alaiz. E depois andámos a ver outras fontes, aquele…como se chama? SPGS ou qualquer coisa parecida, que está a ser utilizado em colégios particulares…Sei lá, há vários…Eles são tantos, que a certa altura no início verificámos que a base de tudo aquilo é o sistema CAF. A sensação com que eu fiquei ali daquele trabalho na ESE foi que a terminologia, o modo de encarar a avaliação que o Alaiz manifesta foi hoje um bocado ultrapassado por uma dinâmica muito mais agressiva do ponto de vista destas novas visões. Aliás eles próprios manifestaram isso junto do Alaiz. Alguns documentos mais gastos, mais usados e os deles como mais dinâmicos e mais agressivos.

EU- Quando tu dizes agressivos, o que significa?

HB1- Agressivos positivamente, isto é, mais interventivos, no sentido de criar mais essa noção de missão da escola, objectivos de escola, metas de escola, implicar directamente as pessoas, não é? O Alaiz apresenta tudo isso de uma forma muito mais soft. Os outros são muito mais frontais!

EU- Esse agressivo é naquela lógica empresarial, não é?

HB1- Sim, que exerce pressão, pressão positiva!

HB3- Eu ficaria na pressão.

EU- Eu estava a ligar isto com uma ideia que surgiu na conversa com os outros colegas. Eles diziam que uma das vantagens desta escola é que não se sentia a pressão. Ora parece que estamos aqui a procurar qualquer coisa que pressiona!

HB2 – Mas é sempre para melhorar. No que respeita ao meu domínio, a liderança, o quadro de referência, a linguagem, é nitidamente uma lógica que não é aquela das escolas que eu vivi para trás.

Nós sentimos muita dificuldade em nos situarmos! Eu pessoalmente, com aquela linguagem, objectivos, missão…achei uma coisa… pareceu-me que tinha caído.

EU- E não te choca?

HB2- Muito, muito.

EU- Mas tu acreditas que pode fazer a diferença?

HB2- Não, não acredito. Eu por temperamento não sou pessoa de acreditar nessas coisas…Sou muito mais pelo trabalho…Sei que é preciso termos alguns ideais, mas as coisas que vêm assim como grandes directrizes, hoje, à partida fico muito desconfiado. Mas não nego estar, estou, mas aquela linguagem…senti…talvez vocês não sentissem…

HB3- Não, não, eu também…

HB2- É que aquilo não tem nada a ver com a escola que eu vivi, nem com aquilo que eu ouvi do Alaiz no ano anterior. Senti muita dificuldade em me integrar, mas depois uma colega de um outro domínio foi frequentar uma acção numa outra escola de (a cidade) e trouxe um questionário feito pela formadora ou por alguém que ela seguia, acho que é EFQM…

EU- É a CAF aplicada à administração pública e há uma versão para as escolas.

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HB2- Bom e eu acho que aquilo não se enquadra no quadro de referência; para nos adaptarmos ao quadro de referência acho que tínhamos de usar outros meios. Nós produzimos o inquérito,

adaptámos o inquérito, mas para irmos mais ao encontro tínhamos que usar a entrevista, ou a análise de documentos…Mas aquela linguagem ali, acho que os colegas também pensaram, não diz nada!

HB3- Eu estou mais próxima do HB2, mas nós não nos baseámos em nenhum. Andámos a ler, a ler, a ler, mas depois achámos que era só uma questão de roupagens diferentes. Agora nitidamente todos têm a dita linguagem empresarial, economicista; não é ver a avaliação de um ponto de vista sui generis, que é a avaliação dos professores, que têm uma função, profissão completamente diferente da do funcionário de uma empresa; eu até consigo perceber aquilo numa empresa…De maneira que nós demarcámo-nos completamente daquilo que lemos e partimos para a elaboração de materiais.

Ninguém inventa nada, é claro, mas não há ali nada que possamos dizer “baseámo-nos aqui ou baseámo-nos ali”. Se queres que te diga, depois de ler aquilo tudo, achámos muito folclore a essas coisas e muito o impingir a empresa, e a escola não pode ser uma empresa. E se nós professores, embarcarmos em termos de avaliação - e eu já disse que a avaliação deve ser fundamental -, mas se tomarmos a avaliação sob o ponto de vista empresarial, eu acho que estaremos muito mal, nós, professores, mas também seguramente os alunos.

EU- Então e agora conseguem fazer o resumo do que fizeram, das principais etapas?…No primeiro ano não chegaram a produzir nada…

HB1- Começámos a elaborar, mas foi essencialmente leitura, pesquisa, comparação…

HB2- Tomámos fôlego, no fundo…

EU- E este ano?

HB3- Acabámos de produzir e aplicámos. E aí reunimos a dita equipa, até porque havia questões formais e comuns…

HB1- Por exemplo “Liderança” e “Gestão e Organização”- estes dois domínios têm aspectos cuja fronteira é muito ténue…Era preciso não repetir, senão as pessoas a certa altura diriam “mas eu já respondi a isto”…

EU- Vocês produziram questionários, neste momento já os aplicaram a um público x e nesse x foi definida uma amostra?

HB3- Foi definida uma amostra…

EU- E tiveram a ajuda de alguém?

HB3- Não, nós tínhamos conhecimentos, conhecíamos algumas regras, portanto foi nessa base.

HB2- Contactámos algumas pessoas que tinham já alguma prática e depois fizemos adaptações.

EU- Agora estão na fase dos dados na mão…

HB2- Dados na mão e estamos a tratá-los e a analisá-los.

EU- Vocês é que vão fazer a análise e a interpretação?

HB1- É, temos que fazer a análise e a interpretação.

EU- E depois?

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HB3- E depois vamos ver!

HB1- E depois…

HB3- Não, isto não é um gozo, a sério. Eu posso dizer que agora que estamos a interpretar, eu sinto- me no princípio, isto é, neste momento, eu começo a ter uma ideia que está a nascer um bocado do

“que é que eu estou a fazer neste momento”, estás a entender? Agora que eu li, que eu vi, que eu comecei a comparar, está a germinar a ideia do que é que daqui para a frente se poderá fazer.

EU- Estás a fazer a avaliação da avaliação.

HB3 – Sim, até porque eu não digo que não sabíamos rigorosamente nada, mas quase isso e…sei lá…ontem eu apontava uma série de coisas - “Por que é que não fizemos isto assim?...”E eu acho que é óptimo!

HB1- É uma reflexão óptima!

EU- Bom, mas a ideia, apesar de vocês dizerem que a coordenação entre os grupos não foi

conseguida, que não está perfeita, a ideia é conseguir um dispositivo global, que chegue a todos os campos da escola…É essa?

HB2- Eu acho que sim!

HB3- Mas nós chegámos! Em todos os domínios…

HB1- Nós chegámos! Em todos os domínios, tocámos em todos os domínios…

HB3- Porque entendemos, todos entendemos…

HB1- Todos entendemos que era necessário tocar em todos os campos, na escola globalmente.

EU- E agora pergunto – que vozes é que vocês ouviram? Depois posso ver isso na arquitectura do vosso trabalho, mas pergunto já a quem dirigiram os instrumentos? A quem perguntaram?

HB2- Ao corpo docente, alunos, funcionários, pais…

HB1- Coordenadores de Directores de Turma, DT…Alunos, numa perspectiva de auto-avaliação e de avaliação de escola-professores…

HB3- Se quiseres, todos os elementos que fazem parte da comunidade educativa. O mais abrangente possível.

EU- E não há aí uma voz que se repete? Porque vocês quando falam de directores de turma, coordenadores, são também os professores.

HB1- Os departamentos foram todos…e o Conselho Pedagógico…

HB2- Todos os grupos tocaram…quer dizer todos são professores…

HB1- Mas foram ouvidos sob perspectivas diferentes…

EU- E em termos da aplicação, encontraram algumas resistências?

HB1- Nada, não, não encontrámos resistência nenhuma…

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HB3- Eu posso dizer apenas relativamente a pais, mas eu penso que aí já é o costume, pelo menos nas escolas que conheço. Foi decidido, com a coordenadora da equipa, entregar à representante da Associação. E a verdade é que ficou e não aparecia nada. Depois resolvemos entregar aos directores de turma, o aluno levava para casa e trouxe! Não é uma amostra significativa, nem deixa de ser, é o possível!

EU- Mandaram para os pais do delegado de turma…

HB3- Dos delegados de turma, os que quiseram responder, uma vez que pela via oficial, acedermos aos pais, o feedback é…

EU- A percentagem de recuperação do que vocês distribuíram é…

HB2- É razoável…

HB3- Estou a pensar no que posso dizer…Foram 33 directores de turma que responderam e tivemos 22 encarregados de educação, portanto não está mau…2/3 não está mau.

EU- Mas há bocadinho o HB2 dizia que havia coisas que se apanhariam melhor com outros instrumentos, mas vocês tomaram a decisão de ir pelo inquérito, foi? Não aplicaram outro instrumento…

HB2- Para já não. Nós pensámos usar também a entrevista e a análise de documentos…Até

elaborámos já algumas questões para a entrevista… mesmo em relação às parcerias elaborámos um quadro para ser preenchido pelo grupo que trabalha com isso aqui na escola, mas ainda não o demos, mas está pensado fazermos também isso. Simplesmente não houve tempo.

HB1- O mais eficaz na altura era efectivamente recorrer ao inquérito, ao questionário, não é? Por economia de tempo. Era mais fácil de gerir, de fazer com que respondessem…E só acha que é fácil tratar entrevistas quem nunca as tratou! Não temos tempo! E mesmo para tratar os inquéritos nós continuamos a ter as mesmas 3 horas por semana. Quer dizer, não temos, porque trabalhamos extra, mas é porque queremos…

HB3- E eu agora, relativamente ao que vem a seguir, eu não sei... só depois deste trabalho de

avaliação, da recolha...é que eu acho que nós, e é minha ideia estar a germinar... porque a elaboração de instrumentos de trabalho é evidente que é não sei quê, é evidente que não sei que mais, mas depois o que é que se segue, aí eu acho que é preciso muito mais imaginação, muito mais aspiração, e então eu não estou muito preocupada com o que vou fazer a seguir...Eu ando a trabalhar 10 horas por noite, porque eu trabalho de noite, porque ando entusiasmadíssima a ... observar...

EU- O que te interessa não são propriamente os resultados, é mais o que os instrumentos dão. É um trabalho interessante...

HB3- É! Eu já fiz isto há uns anos e sempre me aconteceu isso... A partir daqui vai nascer qualquer coisa...

HB1- Vai nascer qualquer coisa, é...

HB3- É a aprendizagem, não é?...

EU- É...Há bocadito também falámos que a Ercília é que fazia a ponte com o Pedagógico. Agora pergunto como é que este trabalho se articula com as estruturas de gestão da escola. Se foram prestando contas, se houve aprovação dos vossos instrumentos, ou se fizeram o trabalho como

“freelancers” e ponto final.

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HB2- Foi mais isso, foi. Ainda que os órgãos de gestão fossem acompanhando.

HB1- Fomos dando conta...

EU- A quem?

HB2- Pedagógico e Executivo.

HB1- Foi a HD que...é Executivo e Pedagógico.

HB3- Mas... como é que eu hei-de dizer?...“Freelancers”, mas sabendo que temos o “agrément” da HD, isto é que a HD lê...

HB1- Ela lê, ela acompanha...

HB3- Ela lê, junta-se com não sei quem...

EU- Portanto ela interessa-se bastante...

HB3- Temos a certeza que ela se interessa, mas passe a imodéstia, acho que a HD confia em nós.

HB2- E não pressiona!

HB3- Não pressiona, porque ela tem a certeza que nós fazemos o melhor e nesse sentido sentimo-nos bem...

EU- E dá opinião, dá sugestões?

HB3- Se for preciso dá. Também quando não tem tempo...

HB1- Quando não tem tempo diz “desculpem, mas não houve tempo.”

EU- Volto à pergunta de há bocadinho; tu disseste que não sabias, mas tendo vocês resultados não era suposto que os apresentassem?

HB3- Mas nós apresentamos resultados, estamos a fazer um relatório para o Pedagógico. Aliás já o ano passado apresentámos!

HB1- Está marcada uma data e nessa altura estará em pé.

EU- Muito bem. E depois a Escola decide o que faz com esses resultados, se os divulga para o exterior ou não. Ou não?

HB2- Provavelmente...

HB3- Terá a ver também com a nossa sugestão, não sei...

HB1- Mas não está nada decidido. Pelo menos quanto eu saiba, não está.

EU- Eu perguntava, porque nessa lógica de pressão empresarial de que falávamos há bocadinho, há muito essa ideia do mostrar os resultados que a escola recolhe de si própria. Mas vocês não

pensaram nisso...

HB3- Não, para o exterior não, nem pouco mais ou menos.

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HB1- Nem pouco mais ou menos...

HB2- Não, nem houve essa pressão.

HB1- Nunca houve!

EU- A questão do exterior atira-me para a questão da avaliação externa. Vocês seguem o referencial da avaliação externa, mas a Escola ainda não decidiu solicitar a sua integração...

HB3- Está a pensar nisso.

HB1- Está a pensar pedir e muito breve.

EU- E vocês o que pensam? Que vantagens ou não terá? Acham que sim, acham que não...

HB3- Eu à partida acho bem. Com todas as subjectividades inerentes a qualquer avaliação, inerentes ao ser humano...podem-se cometer erros gravíssimos..., mas eu sou incondicionalmente a favor. Com gente competente, com gente honesta, porque acho que todos desejamos isto.Vamos encontrar seguramente coisas mal feitas, injustiças...Mas estando atentos a essas coisas todas, não tenho a mínima dúvida de que encontro professores que não são nada bons, como encontro funcionários que não são nada bons, como encontro gente em todo o lado. Agora como princípio, a avaliação para mim é fundamental. Vista do lado de fora e vista do lado de dentro.

HB2- Eu também acho que sim, quer dizer, nós não podemos negar a importância da avaliação externa, tem que ser. O que eu acho é que devia haver maior clareza da parte dos serviços do ministério sobre o que é que pretende da escola; eu acho que está um bocado a lançar a coisa “cada um que se desenrasque”, em termos de competição...Eu acho que devia haver, o Estado português devia criar um referencial preciso, tendo em conta os vários tipos de escolas que existem, com o que é que se pretende e não deixar assim as coisas ao acaso...

EU- Falas de competição - na avaliação externa está suposta uma comparação, não é?

HB2- Eu acho que o objectivo é um bocado pôr à luta as dinâmicas das várias escolas, porque depois é uma espécie de ranking, não é? Umas são melhores, outras são piores...

EU- Mas temos a identidade de cada escola e a desta parece-me muito vincada, muita vincada na sua diferença. Como é que se vai comparar o diferente?

HB2- Mostrando essa diferença, não é? Portanto que venham!

HB1- Que venham! Penso que aí não há receio absolutamente nenhum!

HB2- E há pontos muito fortes! Em termos de funcionamento. E é para dar a conhecer, porque muitas vezes quem vem não está a par do funcionamento...

EU- Falaste de pontos fortes e fracos. Vem então a qualidade, que é uma das palavras da nova lógica, não é? O que é para vocês uma escola de qualidade, em termos ideais e fazendo a ponte com esta escola?...Ou quais são as qualidades desta escola, se for mais fácil...

HB2- O não ser pressionada pelo sucesso estatístico. Eu acho que nenhuma escola tem qualidade se é pressionada. E estamos todos pressionados cá em Portugal, nesta altura. É a estatística e as

avaliações acabam por ser feitas muitas vezes por compaixão. Mas já há vários anos...E o mais importante é o trabalho dos alunos e não fazer com que as estatísticas apareçam melhores...E eu não sei se da formação está a haver o correspondente crescimento. Bem, eu não sei como é com os cursos de formação, os CEF...sinto que é um mundo completamente diferente e eu não estou a

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acompanhar isso, mas o que se ouve muitas vezes dizer, não é só nesta escola, é geral, não me encanta, porque parece que o trabalho real está a ser aligeirado. Eu acho que nenhum país cresce sem trabalho e na aula tem que se trabalhar! Não há muito isso, é geral! E o que faz com que o trabalho seja efectivo é que eu motive os alunos. Alunos que sejam filhos de determinados pais e que têm objectivos de seguir, querem saber; agora quando são aqueles que não têm esses referenciais é aquela coisa mais aligeirada, mais para se ter a nota e eu não vim para o ensino para isto...

HB1- Para mim uma escola de qualidade deve implicar essencialmente o processo educativo, ou pelo menos preocupação com a aprendizagem. Agora, hoje em dia, esta socialização do ensino põe problemas muito diversos. Eu não sei se nós, professores, estamos preparados para saber lidar com todos estes públicos. Porque são miúdos que vêm com uma perspectiva e expectativa de vida que não corresponde nada à nossa, que é a perspectiva das famílias deles; normalmente são miúdos que já fizeram um percurso de insucesso, que têm uma escolaridade obrigatória marcada pelo insucesso e que encontram nestes cursos uma possibilidade de tirarem um diploma qualquer para exercerem uma função qualquer em qualquer área; normalmente em oficinas, em zonas, digamos, mais manuais. Nós professores estamos habituados, por formação e anos e anos de trabalho a trabalhar com meninos mais preocupados com a aprendizagem. A mim não é a parte intelectual que me preocupa mais, a mim o que me preocupa é a parte cívica; não é o nível da aprendizagem.

Agora o que a mim me perturba profundamente é a falta de civismo, falta de educação, falta de princípios, falta de respeito generalizada, não apenas por pessoas, mas também por objectos, por coisas. Eles são agressivos, são violentos, não respeitam nada nem ninguém.

HB2- Isso nos profissionais...

HB1- Sim, toda essa nova franja que nos entrou aqui pela casa dentro. Portanto são meninos que correspondem a um público com características especiais de formação muito marcada e muito diferente daquela que nós tínhamos classicamente nos nossos cursos, não é?

EU- Então a qualidade da escola estará em grande parte na adaptação a esse público?

HB1- Eu acho que sim. E é esse público que vai exigir, na minha perspectiva obviamente, que todo o corpo docente e os órgãos de gestão estabeleçam uma visão, eu direi quase que uma visão dupla, de como viver a escola, por um lado com um aluno x, mas viver a escola e saber vivê-la com esse outro tipo de alunos, porque se nós temos o mesmo grau de exigência ou gostaríamos que aquele aluno dali correspondesse, não vamos conseguir, não é, porque os nossos modelos não são os mesmos modelos. O modelo que nós temos não pode servir, não é espelho para aquelas crianças. Agora o que não posso admitir efectivamente... tem que ser corrigido...tem que haver uma ênfase grande na escola, mas isso é extremamente difícil, porque eles chegam aqui com 17, 18, 19 anos e vêm de ambientes familiares onde tudo é permitido, onde eles gritam, saltam… é a falta de respeito generalizada, mas isto é pelo país inteiro, nada se respeita, ninguém respeita ninguém e isto é um reflexo que vem de fora para dentro; nós não estamos a receber nada que não esteja lá fora!...

EU- Mas a escola sempre teve essa função de tentar mudar, modelar...

HB3- Sempre foi conservadora, no sentido de que replica...

EU- Mas replica a sociedade, ou replica um modelo de sociedade?

HB1- Replica modelos de sociedade.

HB3- Replica modelos de sociedade, mas se quiseres, replica essencialmente o modelo dominante.

EU- E não achas que a escola devia ser assim...

HB3- Não, eu acho que a escola devia dar sempre um salto em frente e não devia replicar; devia

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apresentar qualquer coisa de diferente. Mas tu disseste basicamente o que eu acho. Eu pessoalmente não me sinto nada pressionada e nós acho que não estamos a ser nada pressionados; acho é que estamos a cair num comodismo que é óptimo e tu tocaste aí num ponto fundamental. Nós temos alunos e todos eles são diferentes; alunos que nos ensinaram a ensinar, sejam eles dos científicos e filhos dos não sei quê, sejam eles filhos dos profissionais. Depois, voltando à replicação, a sociedade criou a mentalidade de que “é importante que o meu filho seja doutor” e estigmatizou o ser técnico.

Portanto, para técnico tem que ir a ralé. Não há hipótese de convenceres alguém que tem umas mãozinhas de oiro e não gosta de estudar – ele não vai, porque nem ele quer ir, porque os amigos não vão, até é ridículo ele ir para um profissional, e os pais também fazem pressão para. Veja-se que a maior pressão é ir para medicina e para direito. Nós professores não estamos preparados para ensinar estes alunos, sejam eles quais forem. A era do livro acabou. E nós ainda não encontrámos…

porque não sabemos, porque isto não pode ir à força…Depois para os alunos ditos coitadinhos, dos profissionais, com os quais, como tu dizes, temos que começar pela educação para a cidadania, que eles não têm em casa - e a escola está fazer essa função do exercício da educação para a cidadania- os professores genericamente permitem-se, lamentando, que eles não sabem nada, que eles não sei quê e não sei quantos, em vez de tentar que eles aprendam alguma coisa. Isto é, eu não posso querer – vou-me meter nas tuas lides -, como eu vi este ano, que um aluno que trabalha 7 horas por dia, que em Português os mandem ler “Os Maias”. Quer dizer, eu não sei nada de Português, mas só lhes digo

“Vocês andam a passear “Os Maias”. Eu ainda me lembro que com 16 ou 17 anos achei “Os Maias”

uma seca. Até me incompatibilizei e durante muitos anos não li Eça. Depois passei novamente a adorá-lo, mas quer dizer…Eu dizia para a professora de Português “Põe-os a ler um artigo da “Bola”.

Vamos lá ver – aqueles senhores do Ministério estão perfeitamente desfasados, mas a culpa é nossa, porque a gente vai, por comodismo, baixando, e a mediocridade vai sendo cada vez maior, porque temos que os passar. Eles já sabem, eles já descobriram que é assim! Portanto eles vão passar e não há problema nenhum…

HB1- Por inércia!

HB3- Mas isto não é do Ministério. Não há estrutura dominante, seja ela qual for, que mude

mentalidades. Mentalidades não se mudam por decreto. Se nós professores andarmos numa de “Eles não sabem nada, não vou dar isto, não vou dar aquilo, porque eles têm que passar”, não há hipótese nenhuma.

EU- E a solução é…

HB1- Virar as coisas!

HB3- Virar as coisas e centrar a questão nos professores. Aliás porque eu acho que o aluno é o centro de uma escola, mas o professor está mesmo juntinho!

HB1- Ele está ali ao lado!

HB3- Está ali ao lado e descentra-os. O professor é o mais responsável por descentrar os alunos, passando a vida a atender os alunos, e eu até acho que é tudo com boas intenções…

HB1- É tudo a favor dos alunos!

HB3- Repara que quando eu digo que os professores estão a passar os alunos, eu não estou a dizer que os professores estão contra os alunos; agora acho que estamos a ir pelo caminho errado. Não podemos ter medos, seja ranking, não seja ranking. Apresentem-nos! Todos nós somos mais ou menos das mesmas idades. Não sei onde andaram na primária…Na escola primária onde eu andei havia uma percentagem enorme de insucesso, enormíssima!

HB2- Isso é o que há agora, na prática é que não vai haver…

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HB3- Desculpa, nós professores é que não permitimos!

HB1- Não gostamos! Profissionalmente é uma mancha!

HB3- Mas ficamos autistas! Não sei se é por ser de física e sempre tive muito insucesso, não sei se é isso…Mas nós queremos dar uma imagem deturpada de facto do que temos. Para quê? Para que a Comunidade Europeia diga que “sim, senhor”? Não é verdade…Os resultados que saem não são os reais!

EU- Desculpa interromper, mas quando dizes que é preciso enfrentar e mostrar o insucesso, isso deve contrapor-se ao que disseram antes de ser preciso dar a volta, não é? A questão d’”Os Maias” em Português ou os movimentos na disciplina de refrigeração…

HB3- Isso não nem lógica nenhuma, mas eu aqui sou responsável pela minha disciplina e por dizer assim – este programa não pode ser - e não ficarmos nas lamentações. Eu acho que virámos uma classe de …

HB1- Uma classe de chorões!

HB3- De chorões, exactamente! Porque isto é uma cilada, porque nos impõem, porque isto e porque aquilo…E nós andamos, por inércia, até porque é óptimo armarmos em vítimas- nós somos uns desgraçadinhos! Somos uns desgraçadinhos para os pais, somos uns desgraçadinhos para o

Ministério, somos uns desgraçadinhos – e eu acho que nós temos um poder enorme, percebes? Eu costumo dizer que os alunos são os têm maior poder e a seguir somos nós!

HB1- Somos nós! Temos um poder enorme!

HB3- Quando nós trabalharmos a sério e quisermos, se a percentagem de insucesso, de transição, gosto mais – volta e meio hesito, porque insucesso é muito mais em termos de vida, não é? - quando as médias dos rankings andarem muito por baixo, porque andam se retratarem aquilo…Até aí, se calhar, vamos fazendo aquilo que eu dizia há bocado, vamos, a sério, ver o que é que eu quero de um aluno que anda aí a tratar de frigoríficos e de ares condicionados. Quero que ele leia “Os Maias”?

Quero que ele saiba “Os Maias”? Se calhar quero que ele saiba ler e interpretar o que estava a ler…Se calhar há aí muito professor que nunca leu “Os Maias”!…

EU- Então, a qualidade é uma coisa que pode ser construída na escola…

HB3- Deve ser construída na Escola!

HB1- Tem que ser, mas tem que passar pelo trabalho…

HB2- A HB3 está a falar de uma realidade que não é a minha! Eu falo da via do prosseguimento de estudos…

HB1- Não…

HB3- Não, não, eu falo das duas comparativamente…

HB2- E aí, e aí eu noto que não há vontade de trabalhar. Mesmo na aula, há hábitos que estão para trás, da escolaridade básica, que são terríveis. Eu dei aulas também no básico, há 3 anos, e eles não querem fazer nada. Quando a HB1 diz que nós temos de nos adaptar a eles, eu acho que eles também, qualquer aluno, tem que se adaptar e acho que a escola não pode ir por aquilo de pensar que é só o professor, que é tudo adaptação nossa a eles. Eu, relativamente aos meus filhos, sempre fiz que fossem eles a adaptar-se aos professores. Qualquer ser vivo, humano, racional, tem que se adaptar. O crescimento passa pela adaptação e a escola tem que ter por base também isto. E eu

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realmente o que tenho feito toda a vida senão adaptar-me? O que vejo muitas vezes é que há da parte de muitos deles grandes perspectivas de irem para ensino superior e que estão enquistados. Eu vou desculpar, por exemplo em relação a alguns miúdos da própria turma que têm ambientes sociais diferentes, ou até de outras escolas aqui perto, eu vejo que há um esforço nítido e eu digo “Vocês têm que fazer exercícios, vocês têm que treinar, não há outra maneira, têm exame no final do ano”.

Aqui depois também há uma grande mistura - há disciplinas em que há exame e outras em que não há e em que é tudo aligeirado…

EU- Os exames regulam mesmo a atitude deles, não é?

HB2- E a nossa! Eu não tenho dúvida nenhuma. É um factor externo que vai servir de comparação, é um referencial que é premente para nós. Eu não tenho que estar com lirismos a dar aulas de acordo com aquilo que penso ou a formação que tive; eu tenho que fazer os testes de acordo com os exames, o estilo…

EU- São duas lógicas…

HB2- São duas lógicas. Mesmo entre nós, os que dão filosofia, os que dão inglês...eles podem continuar com esse nível dos departamentos; nós temos que continuar condicionados pelo que é exigido no final do ano. Peço desculpa por ir buscar a minha disciplina, mas nós sentimos muito, porque é um programa de dois anos...com duas disciplinas...são quatro livros! Isto está muito mau!

Isto está para elites, miúdos que em casa têm determinados meios familiares. Eu também sei como é que os meus filhos em casa trabalhavam!

EU- Então achas que se exige demais?

HB2- Eu acho que se exige demais no final; até lá aligeira-se. Eu no terreno sinto uma grande dificuldade: percebo as deficiências deles, procuro dar estratégias para eles ultrapassarem, mas elas passam pelo trabalho pessoal, não é pelas perguntas que eu faço na aula, porque eu faço-as bem. Eu vejo é que isso não basta. Na aula fica tudo bem, discute-se, estão todos encantados, mas depois há o trabalho de treino individual que não é feito. Depois vão misturar no final dos dois anos, no exame, os conteúdos com a competência de interpretar. Este ano tive uma turma de 12º ano e era aflitivo...

EU- Na interpretação?

HB2- Na interpretação. Essa é uma competência que devia estar mais do que adquirida. São miúdos das periferias de (a cidade) e a gente vê efectivamente um fosso social. É evidente que às vezes há aqueles que são mais dotados e ouvindo as nossas dicas conseguem ter um sucesso maior. Agora um grande número não chega lá. Tinha uma turma o ano passado em que eles eram mais filhos de gente que estudou ou tinha objectivos para prosseguir, e aí via-se a diferença... Eu não sei, isto não tem solução...A gente põe uma série de materiais à disposição, tudo o que é usado na aula é posto no Moodle, no meu caso, e eles podem em casa ir ver. Não vão! Não têm tempo, não têm nada…para o tal trabalho individual. Deixemo-nos de utopia – a aula já não chega! É que nós nem podemos ter um nível de aula como gostaríamos; há conteúdos que não são experimentáveis, mas também temos programas muito avançados…

EU- Então e não podes escrever para o Ministério como a HB3 vai fazer?

HB2- Eu não. Estou na parte final da minha vida profissional…

EU- Mas não é na parte final que temos mais “capital”?

HB2- Posso ter capital, mas também posso não acreditar. Quem é que dá importância ao que eu vá dizer? Eu invisto na aula e disponibilidade para os alunos para discutir coisas. Eu tinha uma aula de apoio de tarde a que nunca ninguém veio; de manhã ia para a biblioteca explicar alguma coisa que

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eles tivessem de dúvida, e aí alguns foram, mas de tarde não. Mesmo havendo estrutura não vêm!

HB3- Primeiro, em relação à adaptação, quando eu disse que o professor tinha que se adaptar, não quis dizer que o aluno não tem que se adaptar. Há que desmontar que aprender não é um acto extremamente difícil e doloroso e durante muitos anos as pedagogias eram um bocado nesse sentido – o aluno era um cientista em potência, o aluno não sei quê…Ou seja, quando eu pego nos

docentes...E tu referiste que eles não sabem trabalhar, não têm hábitos de estudo – é tudo verdade o que estás a dizer - mas os professores que eles tiveram…este é um trabalho que também tem que ser nosso, nosso transversalmente. Não me passa pela cabeça que um aluno não trabalhe; se não

trabalha não aprende.

HB2- É preciso exigir esforço. Nós temos que pedir, pedir mais!

HB3- Também temos a tal coisa das explicações e aí, ao dar as explicações, também vamos sendo coniventes com a replicação deste modelo. Portanto, eu acho que ao aluno deve ser exigido, de tal maneira que ele não deve saber que passa ou que não passa. Relativamente ao prosseguimento de estudos a minha posição é exactamente a mesma – os programas não têm lógica nenhuma, são de uma extensão…são enciclopédicos; achou-se que no secundário o aluno tem que tocar em tudo. O aluno tem um trabalho de todo o tamanho – os que trabalham- e de facto aquilo é tanta

coisa…Continuo a dizer, aqui somos nós.

HB2- Não somos nada! Tens os exames…

HB3- Desculpa lá! Eu tenho exames há não sei quantos anos. Eu nunca preparo alunos para exames. E continuo a dizer, eu sempre que posso chego e digo – o programa é extenso demais, isto não pode ser dado. Tenho várias situações em que eu escrevi, fiquei isolada nas escolas onde trabalhava, mas…

Por exemplo, no primeiro ano em que houve o 12º de Química com o novo programa, pediram aos professores para fazerem um relatório com o que é acharam e não acharam. Eu fiz um relatório de 35 páginas. Responderam, por acaso responderam, os colegas é que nenhum assinou…Eu não me estou a armar com isto, mas se calhar a minha diferença é que sou utópica, ainda acredito. Eu não me calo, a não ser que fique maluquinha. Agora, passar os alunos sem eles saberem, não passo! Recuso-me!

Mandem-me para fora daqui. Em vez de andarmos com burocraciazinhas, fazendo um trabalho que se calhar não devia ser nosso, em reuniões perfeitamente áridas, perfeitamente estéreis, se

pegássemos nestes problemas…Porque os programas são feitos pelos professores do ensino superior e toda a gente acha que há-de lá meter tudo. E nós fiéis cãezinhos, lamentamos, mas cumprimos…

HB2- Mas temos de cumprir! Se a entidade superior diz que é aquilo, a nossa função é cumprir.

HB3- Mas podes argumentar que não tens hipótese!

HB2- Mas na prática o essencial é seguir!

HB3- Por isso é que a escola vai replicando!

HB2- Mas o que ajuda os alunos é eu estar a dizer o que é que eu acho? Não!

HB3- Não és tu! Quantas reuniões da tua vida de professor fizeste, ou fizemos, para discutir o que é que podíamos mandar para o Ministério?

HB1- Fazer a avaliação de programas…

HB3- Quantas? Quantas?

HB2- As pessoas têm a ideia de que não vale a pena!

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HB1- Pois! “Não vale a pena” não vai levar a lado nenhum. Eu concordo com o que a Maria HB3 disse.

Eu acho que…enfim, também sou utópica, mas acredito nisto, e não me preocupa – o facto dos meus alunos fazerem exame não é coisa que me preocupe…

HB2- Desculpa, mas às tantas a tua disciplina não é determinante para entrar num curso, mas o meu é!

HB1- Pode ser!...Escuta…Eu acho que a minha disciplina…

HB2- É que eles querem atingir um determinado objectivo, é um estilo de vida…

HB1- Mas às vezes nem é o objectivo deles, é o dos pais…

HB2- E quando eles estão muito distantes nas competências desenvolvidas, quando no princípio do ano fazemos a análise e vemos que é impossível chegar lá…

HB1- Eu acho que nós carecemos efectivamente de tomas atitudes…Reflexão, reflexão séria naquilo que é essencial. Não é andarmos a perder tempo com teorias durante o ano, mas fazermos reflexões sérias sobre aquilo que nos diz respeito relativamente aos nossos alunos, aos programas…

HB2- Sim, isso é preciso!

EU- Olhem, e a Auto-Avaliação não podia servir também para isso? Ou seja, para ajudar no diagnóstico, nomeadamente com as vozes dos alunos?

HB3- Olha, eu posso responder. No questionário que fizemos aos professores, uma das perguntas era se discutiram em grupo a extensão dos programas e se tomavam posição.

HB2- E tens casos desses?

HB3- Tenho!...

HB1- Negativos…

HB3- Negativos?! Não, desculpa, o meu espanto é que positivos e grandemente positivos. Eu pergunto quem, porque eu devo estar noutro sítio…

HB2- Mas o que é discutir programas? Nós discutimos…

HB1- Mas o que é discutir programas, já estou como ele. Avaliação, extensão?

HB3- Desculpa, mas eu lá digo a extensão do programa e se toma posição.

HB1- Mas eu agora também estava a ser mazinha e a dizer que isso também pode ter a ver com a interpretação da pergunta.

HB3- Eu percebi, mas se estivesse lá discutir o programa eu até acho que tinhas razão, agora assim…

HB1- Não há dúvida!

HB2- Acho que é claro. Mas também discutir depois não serve de nada, não há prática.

HB3- Mas que experiências é que tu tens ?

HB2- Lembro-me daquela altura em que foi o Dia D, quando se discutiu…Acho que nessa altura é que houve alguma coisa que foi ouvido, agora em termos de programas…

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EU- Isso não é mais deixado para as associações profissionais?

HB3- Sim, que estão normalmente ligadas ao ensino superior e aos programas!

HB1- Eu posso dar uma achega particular e algo concreta – o programa de português para alunos surdos. Eu dei aulas a alunos surdos. O programa até há dois anos era um programa fantasma, inaudito, onde a par do programa dos alunos ouvintes, havia uma listagem de tópicos para os alunos surdos, onde, entre outros itens, eles tinham que saber, entre as figuras de estilo as aliterações, as sonoridades, tinham que saber coisas lindas de Florbela Espanca, tinham que saber o “don juanismo”.

Obviamente que aquilo provocava-me alguma comichão e começámos a ter nervos aqui na escola e pressionámos, pressionámos…Quando veio o novo programa de português começámos a ir aos encontros e fizemos tanto barulho, tanto barulho que apareceu obrigatoriamente um programa especial. Eu perguntei assim directamente na cara da senhora que estava à minha frente”Sabe o que é um surdo? Então explique-me o que estão aqui a fazer as aliterações para uma criança que não tem a noção do som? Eu gostava de saber quem é o responsável por isto. Se me disser como é que se faz eu na minha escola faço. Agora eu não sou capaz e não vou fazer. Aqui está: a pessoa não pode cruzar os braços. A posição mais cómoda que se tomou neste momento é a de que somos umas vítimas, ai, ai, ai! Ai, ai, ai! Eu nessa também não vou.

HB2- Queria só dizer mais uma coisa. Eu concordo perfeitamente que é preciso lutar. Agora depende também do sítio onde estamos.

HB1- Foi aqui, foi aqui!

HB2- Mas esse caso é uma situação muito especial. Agora quando nós estamos a trabalhar com uma disciplina onde, a nível nacional, existem resultados elevados, porque há elites, e é aquilo que querem para o ensino superior – é uma realidade totalmente diferente.

HB3- Lá está, o ensino superior!

HB2- Mas a posição deles é dominante…

HB1- Enquanto nós deixamos que seja dominante!

HB2 – Mas nós também temos que ver os outros grupos e o que é que vão fazer. É que há

necessidades diferentes. Nós temos também que preparar gente que vai para determinadas áreas do conhecimento. Temos que ter uma visão em vários sentidos. O nosso mal todo é amarrarmo-nos só a um. Acho que aqui estamos a falar de mundos diferentes...

EU- E a escola tem esses mundos todos dentro, não é?

HB2- Certo, mas tem que ter modos de trabalho diferentes.

HB3- Mas aí estamos de acordo!

EU- Então agora só mais uma perguntinha. Em relação ao grupo que fez a formação sobre auto- avaliação aqui na escola, só o ZA é que fez essa formação e está também neste vosso grupo da avaliação interna. Vocês viram o que eles produziram na Oficina?

HB3- Eu vi e não gostei!

EU- Não gostaste. Porquê?

HB1 – Eu também vi e não gostei.

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HB3- Achei que não servia para nada. Estou a ser muito frontal. Não estou a dizer que aquilo não deu trabalho. Não estou a dizer nada disso. Não gostei...Digo mais...

HB1- Eles mostraram, mostraram...

HB2- Para mim ver aquilo ou não ver nada é a mesma coisa. Nem tenho a ideia de que quem tivesse andado na formação tivesse feito alguma coisa.

HB1- Ainda bem que estamos de acordo.

HB3- Eu sei mais do que eles sem lá ter ido. Para cursos desses, desse género, nunca fui e portanto...

HB2- Naquela reunião, com a HD, foi assim...

HB3- Como se fossem autênticos doutores!...

HB2- Sim!...

EU- Mas os colegas das outras escolas também vieram apresentar o trabalho deles...

HB3- Aí eu não vi. Como tínhamos muito que fazer eu disse “Eu fico a trabalhar e vocês vão”. Penso que foi a C.

HB2- Os outros fizeram, agora daqui não vi nada.

EU- Esta questão era para articular com uma outra. A questão dos alunos. Esse grupo da formação focalizou os alunos, achando que por aí se chegaria à base de regulação da escola e construiu instrumentos para os ouvir. Eu gostaria de perceber por que não pegaram nesse trabalho quando pensaram em ouvir os alunos.

HB1- Não me perguntes que eu não sei nada HB2- Eu também não.

HB1- Ali do Atena foram apresentadas duas ou três fichas de registo de dados...

HB2- Sim, eles ainda apresentaram isso...

HB1- Mas aqui da escola também creio que apresentaram.

HB2- Não. Foi também a Sísifo, mas daqui não.

HB1- Tens razão, não projectaram nada, foi só falado.

EU- Portanto, o não ter sido considerado foi porque não foi dado conhecimento...

HB3- Também contou a forma como apresentaram. Não sei se fizeram muito, mas o pouco que apresentaram foi feito como se fosse uma grande coisa, como se fossem uns grandes especialistas.

Estou à vontade porque estava no princípio e nem sabia quem eram. Primeiro eu não ouvi nada de novo; só trivialidades e muito numa de “vamos lá para fora”, “contactamos com o exterior”...

HB2- Pouco trabalho! Léria!

HB3- Exactamente!

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HB2- Temos que ver o real. Por exemplo na Sísifo trabalham...com humildade...E vi a Presidente do Conselho Executivo da Atena a passar, a mostrar...Coisas simples, mas eram deles.

HB1- Eles não disseram que tinham contactado com outras escolas de outros países?

EU- Então vamos lá terminar com as expectativas. Antes de mais nada, vocês pretendem continuar com este trabalho no próximo ano?

HB1- Sim.

HB3- Pretendemos todos.

EU- E tu também HB2, apesar de não teres tanta fé?

HB2- Bem, eu gosto de trabalhar em grupo. Não fujo ao trabalho. Sinto-me bem. E as colegas com quem estou criaram um bom clima. E com todos os elementos…

HB3- Sim, não reunindo muito, contactamos bem, relacionamo-nos muito bem. Aliás, criámos um relacionamento óptimo, ainda que, sei lá, eu e o HB2 somos novos na casa…Portanto não há esse sentido de dizer assim “não há reuniões”…Se é preciso alguma coisa…

HB1- Está implícita uma ligação tácita.

EU- E com este trabalho sentiram-se crescer? Será marcante na vossa profissionalidade?

HB2- É mais um!

HB1- Aprender, aprende-se sempre.

EU- E acreditam também que este trabalho vai fazer alguma diferença na escola?

HB1- Pelo menos pretende-se que sim. Eu acho que sim.

HB2- Não quer dizer que vá mudar assim tudo...

HB1- Não está nas nossas mãos...

HB3- Nisso sou menos utópica. E situo-me outra vez nos professores...

HB1- Se quiserem...

HB3- Não sei se querem. Eu acho que nos professores tem que haver aqui uma transformação no sentido de reflectirem bem sobre o significado da avaliação. Neste momento a avaliação é algo terrível, que se abateu sobre os professores!

HB1- Sim, um monstro!

HB3- Portanto, primeiro há que saltar este obstáculo e depois acho que este trabalho pode ajudar.

EU- Mas vocês já tinham pensado que uma avaliação pode cruzar com a outra?

HB3- Aliás, no fundo está! Mas de tal maneira que quando nós aplicámos os questionários nos professores, houve duas pessoas que rasgaram…

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HB1- Porque acharam que era a avaliação dos professores…

EU- Então e não encontraram resistências?!

HB2- Mas foi o mínimo!

HB1- E foi porque fizeram uma má interpretação!

HB3- Bom, as respostas nos questionários que lá tenho parece-me que são nalgumas situações exageradas…

EU- E não terá a ver com o próprio instrumento? Lá está o inquérito tem esse problema, não é?

HB1- Poderá ter.

HB3- Eu acho também que o tempo em que aplicámos foi infeliz porque foi na mesma altura da outra questão, numa tempo quente. Mas não tínhamos outra hipótese. Isso pode ter condicionado; quer dizer, é mais uma variável.

EU- Desculpem insistir, mas vocês dizem que esperam, mas têm dúvidas. Gostava que explorassem um bocadito mais isto…

HB1- Eu acredito na auto-avaliação, agora que vai mudar a escola…Eu gostaria, sim. Mas quem é que vai mudar a escola? São as pessoas que fazem a escola, a comunidade educativa. Se a comunidade educativa não quiser mudar…

EU- Mas para uma coisa levar à outra, terá que haver divulgação…

HB1- E terá que ser divulgado, ser reflectido; pelo menos há órgãos em que isso terá que ser reflectido – no Conselho Pedagógico, nos próprios departamentos…

HB3- E nós próprios também estamos a aprender a reflectir…Agora imagina que o Conselho pedagógico se limita a dizer como o ano passado…

HB1 – Sim, olha, sim!

HB3- Sim, fizeram um trabalho bem feito; estão aprovados.

HB1- Os relatórios estão fantásticos! Ai o que vocês trabalharam!...

HB3- E a probabilidade é maior do que 50%! E lembra-te que estamos numa altura de grandes mudanças; o Conselho Pedagógico não sabe para onde se há-de virar. No outro dia perguntava à HD se isto não podia ser aprovado noutra altura. Mas de facto tem que ser no final do ano. Não acredito que tenham tempo para ler e reflectir sobre as coisas.

HB1- Não vai haver mudança sem haver reflexão, sem haver a consciencialização da existência de pontos fortes e das áreas mais fracas onde é preciso investir. E depois saber mudar como, mudar o quê, mudar para onde...Quais são os caminhos então a seguir...Isso exige outro tipo de reflexão, já mais orientada. Precisamos de outras opiniões, outras ajudas, não é? Outras leituras... Isso agora aí, neste momento, acho que está ainda longe, é fazer futurologia, é bolinha de cristal...Eu acho...

HB2- Mas feito o inventário dos pontos fracos, os vários órgãos da escola têm que actuar de acordo com isso! Isto também pode entrar muito no “faz de conta”, mas depois tem que se ver na prática o que é que foi feito.

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HB1- Há algumas medidas que podem ser implementadas...

HB3- Eu concordo contigo; a minha questão é: quem vai detectar somos nós nos nossos itens...Eu pessoalmente precisava que lessem e fizessem crítica, gente de fora, e eu não sei se...é um tempo desgraçado esta altura do ano...Eu não estou a fazer nenhuma crítica destrutiva, mas eu sei que as pessoas não têm tempo...

HB1- Mas em Setembro...

HB2- Pois, para o próximo ano, com tudo escrito, os departamentos têm que ter em conta...

HB1- O Conselho Pedagógico...os próprios órgãos de gestão...

EU- Olhem, vocês não chegaram foi a tocar nas qualidades desta escola. Gostava de cruzar as vossas palavras com as de uma aluna que entrevistei.

HB3- Eu não consigo. Quer dizer, depois de ter dito o que eu entendo do docente...

EU- O que é que te faz gostar de trabalhar aqui?

HB3- Pessoas que trabalham! Eu vi, pela primeira vez, gente com 50 anos a dizer “Eu não sei isto.

Explica-me!” Para mim é das coisas...Até porque eu tentei implementar isto quando era mais nova e respondiam-me “Eu já tenho estágio, não preciso que assistam às minhas aulas!”

HB1- Há disponibilidade para trabalhar...

HB3- Encontrei nesta escola disponibilidade para trabalhar, para reflectir sobre tudo – aqui estou a falar do meu grupo disciplinar - para pores as tuas dúvidas, discutires as tuas dúvidas...Isto é uma das coisas que sempre idealizei. Segundo, chego a uma escola que, não sei porquê, me recebeu, em termos de órgãos directivos, que me recebeu da melhor maneira possível. Ainda no outro dia me disseram que a Hefesto ganhou muito com os elementos da Sísifo...Pela primeira vez na vida precisei de faltar – na ponte de Junho- por questões familiares e não só me disseram que sim, como puseram a minha reunião para o fim de tudo. Há um conjuntinho de coisas, percebes?... Os funcionários são uma delícia! Há uns dias telefonou-me a D. Ana a lembrar que tinha um exame às 7 da tarde.

HB1- Há preocupação...

HB3- As pessoas são humanas no melhor sentido do termo. Isto de todos os corpos! Acho que é uma escola onde a grande maioria trabalha a sério para dignificar a sua profissão.

HB2- Eu ponho mais a tónica em quem está no Conselho Executivo. Sempre acaba por criar clima. Na escola onde estive, em relação aos funcionários senti uma coisa idêntica ao que aqui encontrei e em relação aos colegas também. Agora onde eu encontro uma grande característica positiva é a

serenidade que é transmitida, sem pressões pelas mudanças que ocorreram ultimamente, da parte do Conselho Executivo. Tudo se vai adaptando, sem aquela pressão! É muito pelo modo como é conduzida, a confiar muito no nosso trabalho. Não é como se alguém estivesse ali acima em termos de hierarquia, sempre com a pedra no sapato. É uma posição com serenidade, o que eu deixei de sentir na Sísifo nos últimos tempos. Lá era o poder de alguém que não era professor. Aqui, não dando aulas, compreendem.

HB3- São poder, sabendo exercer o poder...

HB2- O poder, responsabilizando e acreditando.

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Referências

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