PRÁTICA
PREVIDENCIÁRIA ADMINISTRATIVA
NA AGÊNCIA DO INSS E NO CRPS
2022
5ª edição | revista, ampliada e atualizada
o r eGime G erAL de p revidênciA s ociAL
e As e ntidAdes p revidenciáriAs
1. ABRANGÊNCIA DO RGPS
O RGPS é o grande plano previdenciário brasileiro, pois abarca a grande maio- ria dos trabalhadores, exceto os servidores públicos efetivos e militares vinculados a Regime Próprio de Previdência Social instituído por entidade política, tanto que muitas vezes a legislação, a doutrina, a Administração Pública e a jurisprudência tomam a expressão “previdência social” como sinônima de Regime Geral de Pre- vidência Social.
No Brasil, quem exerce atividade laborativa remunerada será obrigado a se filiar ao RGPS e verter contribuições previdenciárias ao sistema, dever este justificado na solidariedade social e na miopia que assola muitas pessoas, que certamente não se vinculariam ao regime previdenciário se fosse apenas uma faculdade, o que traria enormes transtornos sociais em decorrência da velhice, doença, morte, invalidez e outros riscos sociais a serem cobertos.
Mas não só quem trabalha poderá se filiar ao RGPS. As pessoas que não tra- balham poderão ingressar no regime na condição de segurados facultativos, a exemplo do estagiário (este recebe apenas ajuda de custo, e não remuneração) e da dona de casa, em atendimento ao Princípio da Universalidade de Cobertura e do Atendimento.
Para que se tenha uma ideia, em 2007, apenas os segurados do RGPS com carteira assinada somavam 29.512.974; os sem carteira assinada 4.070.294; os do- mésticos com carteira 1.785.799; os domésticos sem carteira 367.068; os segurados por conta própria 5.269.965 e os facultativos 4.042.856
1, ressaltando que os depen- dentes desses segurados também estão cobertos pelo RGPS.
1. Dados extraídos do Capítulo 51, do Anuário Estatístico da Previdência Social de 2008.
Com base na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios promovida em 2008, 65,9% dos trabalhadores em idade ativa (dos 15 aos 59 anos) estavam co- bertos pela previdência social, quando em 2002 esse percentual era de 61,7%, o que demonstra o crescimento da proteção social previdenciária ao trabalhador brasileiro, ao contrário do que vêm ocorrendo com muitas nações vizinhas da América do Sul, que aprovaram reformas desestatizantes com indicadores sociais não satisfatórios.
Os benefícios pagos pelo INSS constituem grande parte da economia dos municípios brasileiros mais pobres e menores, onde têm se verificado que as apo- sentadorias muitas vezes são as principais fontes de recursos dos lares, muitas vezes gerando um maior impacto positivo do que os recursos repassados através do Fundo de Participação dos Municípios.
2. COBERTURA
De efeito, os eventos a serem cobertos pelo RGPS consignados na Lei Maior são os seguintes: A) incapacidade temporária, permanente (alteração feita no ar- tigo 201 da Constituição pela Emenda 103/2019) e idade avançada; B) proteção à maternidade, especialmente à gestante; C) proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; D) salário-família e auxílio-reclusão para os dependen- tes dos segurados de baixa renda; E) pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes
2.
Contudo, em desrespeito ao legislador constitucional, o desemprego involun- tário não está coberto pelo RGPS
3, não sendo o seguro-desemprego um benefício previdenciário, que é regido pela Lei 7.998/90 e pago pelo órgão trabalhista com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
Mas frise-se que a natureza jurídica do seguro-desemprego é um tema polêmico na doutrina previdenciária brasileira, existindo abalizadas vozes que sustentam se tratar de um benefício previdenciário, como a posição do colega Procurador Fe- deral Miguel Horvath Júnior
4.
A própria Advocacia-Geral da União, no Parecer CONJUR/MTE/Nº 256/2010, admitiu expressamente que o seguro-desemprego é um benefício previdenciário, justamente em razão de o artigo 201, III, da Constituição, elencar o desemprego involuntário como risco social a ser coberto pela Previdência Social.
Como se trata de um plano básico, o RGPS não objetiva pagar benefícios com valores altos aos seus beneficiários, tendo como teto atualmente o valor de R$
2. Artigo 201, da CRFB.
3. Artigo 9º, §1º, da Lei 8.213/91.
4. Direito Previdenciário, 8ª ed., Quartier Latin, pg. 350.
5.839,45 (2019), cabendo aos segurados que queiram obter uma renda maior na inatividade contratar um plano complementar privado.
3. LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA
As regras gerais do RGPS estão positivadas no artigo 201, da Constituição Fe- deral de 1988, tendo o seu Plano de Custeio sido aprovado pela Lei 8.212/91 e o Plano de Benefícios pela Lei 8.213/91, atualmente regulamentados pelo Decreto 3.048/99 (RPS – Regulamento da Previdência Social)
5, integralmente atualizado pelo Decreto 10.410/2020.
Com o advento da Emenda Constitucional 103/2019, várias regras permanen- tes e de transição do RGPS foram modificadas.
Ademais, algumas regras importantes se encontram em normas esparsas, es- pecialmente nas Leis 9.876/99 (criou o fator previdenciário e alterou as regras de cálculo do salário de benefício) e 10.666/03 (trouxe inovações sobre o custeio, as aposentadorias e o auxílio-reclusão).
No âmbito do INSS e da Receita Federal do Brasil, as principais normas de regulamentação do RGPS nos benefícios previdenciários e no custeio, respectiva- mente, são as seguintes:
– Instrução Normativa INSS/PRES nº 77, de 21 de janeiro de 2015;
– Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009.
4. ADMINISTRAÇÃO
A administração do RGPS foi atribuída ao Ministério da Previdência Social, órgão integrante da União, sendo exercida pelos demais órgãos e entidades a ele vinculados, tendo sido criado pela Lei 8.029/90 o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia federal, fruto da fusão do IAPAS – Instituto de Admi- nistração Financeira da Previdência e Assistência Social com o INPS – Instituto Nacional de Previdência Social, com principal função administrativa na atuali- dade gerir o plano de benefícios do RGPS.
No entanto, com o advento da Lei 13.341/2016, a pasta previdenciária restou transferida para o Ministério da Fazenda, tendo sido o Ministério do Trabalho e Previdência Social redesignado para Ministério do Trabalho.
Logo, a competência sobre Previdência e Previdência Complementar passou a ser exercida, de imediato, pelo Ministério da Fazenda, com apoio das estruturas que atualmente dão suporte a elas.
5. Após a Lei 8.213/91, o Regulamento da Previdência Social já foi aprovado pelos revogados Decretos
611/92 e 2.172/97.
Ademais, também por força da Lei 13.341/2016, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS foi transferido do Ministério do Trabalho e Previdência Social para o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, que passou a exercer a supervi- são ministerial. Finalmente, se encontra atualmente vinculado ao Ministério da Economia.
Em 2019, a área previdenciária passou a ser do novel Ministério da Economia, tendo sido criada uma Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, com até duas secretarias. Ademais, a supervisão ministerial do INSS passou para o Ministério da Economia (Decreto federal 9.660/2019).
Desde o advento da MP 1.058/2021 foi recriado o Ministério do Trabalho e Pre- vidência, com atuação na área de previdência pública e previdência complementar, passando a vinculação do INSS (Decreto 10.761/2021) e do CRPS para esta pasta.
É certo que o atendimento em muitas agências do INSS ainda não é o ideal, mas inúmeros avanços vêm sendo conquistados progressivamente, considerando a complexidade administrativa da questão, sendo alguns narrados em publicação promovida pelo Ministério da Previdência Social
6:
“Cabe destacar que muito progredimos na cobertura previdenciária, a qual su- biu entre 2002 e 2008, conforme medido pela PNAD, e na qualidade do aten- dimento no Regime Geral, onde o INSS, com reorganização de processos, treinamento, concursos, fim da terceirização, tecnologia e muita dedicação dos servidores reduziu significativamente os tempos de espera para atendimento, implantou o atendimento agendado, mudou os processos da área de benefícios por incapacidade e está expandindo de forma inédita a rede de agências para todos municípios de 20 mil habitantes que ainda não contavam com a presença do INSS, para citar apenas alguns dos muitos projetos do período recente”.
É possível notar significativos avanços na aprovação do Programa de Redução de Demandas do INSS, do Programa de Combate às Filas, na instituição do aten- dimento programado, na ampliação da rede de atendimento, no atendimento em 30 minutos, dentre outras medidas administrativas eficientes.
5. SISTEMÁTICA
O RGPS é um sistema previdenciário parcialmente inspirado no modelo bis- marckiano, vez que pressupõe contribuições específicas dos filiados e das empresas para que haja a cobertura securitária, ao contrário do modelo beveridgiano, que abarcava toda a população e era mantido pelos tributos em geral.
Contudo, trata-se de um sistema contributivo de repartição e não de capi- talização, pois restou instituído um fundo único para o pagamento dos benefícios previdenciários, sendo possível que determinados benefícios sejam concedidos mesmo que ainda não haja uma contribuição sequer ao sistema, no interstício
6. Previdência Social: Reflexões e desafios. Coleção Previdência Social, vol. 30, p. 13, 2009.
entre a filiação e o primeiro pagamento, a exemplo do salário-família e do auxílio- -acidente, prestações que dispensam a carência.
O Fundo do RGPS está previsto no artigo 250, da CRFB, sendo criado pelo artigo 68, da Lei Complementar 101/2000, vinculado ao Ministério da Fazenda e gerido pelo INSS, cuja arrecadação está afetada exclusivamente ao pagamento dos benefícios, na forma do artigo 167, inciso XI, da Constituição Federal, cabendo a União complementar os recursos faltantes.
Caso fosse adotado um sistema de capitalização no RGPS, seria necessaria- mente exigido um número mínimo de contribuições para o gozo de todos os benefícios previdenciários, provavelmente em contas individuais, mas esta siste- mática em nada atenderia ao Princípio da Solidariedade, razão pela qual não foi adotado nesse plano básico brasileiro.
Outrossim, o artigo 201 da Constituição Federal determina que o Regime Geral observe critérios que preservem o seu equilíbrio financeiro e atuarial, prestando o Estado cada vez mais serviços com melhor qualidade e eficiência aos segurados e seus dependentes.
O equilíbrio financeiro se refere às reservas monetárias que devem existir para o pagamento de benefícios e também por precaução, enquanto o atuarial são os cenários futuros que devem ser traçados para a manutenção ou alcance do equi- líbrio financeiro, com o auxílio da matemática estatística, através do desenho dos prováveis cenários que advirão.
6. CARACTERÍSTICAS
Hoje o RGPS funciona como o 1º pilar do Sistema de Proteção Social no Brasil, tendo as seguintes características gerais: público, contributivo, prima pelo equilí- brio financeiro e atuarial, de filiação obrigatória para os trabalhadores em geral, de repartição (fundo único), solidário, de gestão quadripartite (Poder Público, em- pregadores, trabalhadores e aposentados) e de custeio tripartite (Poder Público, trabalhadores e empresas/empregadores/equiparados).
O RGPS é um pacto político e social intra e intergeracional, haja vista que os inativos são sustentados pelos ativos na atualidade que, no futuro, serão mantidos pelas próximas gerações de trabalhadores.
7. ENTIDADES E ÓRGÃOS PREVIDENCIÁRIOS
De acordo com o Decreto 7.078/2010, o Ministério da Previdência Social, órgão da administração federal direta, tinha como área de competência a previdência so- cial e a previdência complementar.
O MPS contava com um Gabinete, uma Secretaria-Executiva e uma Consulto-
ria Jurídica. Além disso, existiam dois órgãos singulares: a Secretaria de Políticas
de Previdência Social e a Secretaria de Políticas de Previdência Complementar.
Por sua vez, eram quatro os órgãos colegiados integrantes do MPS: Conse- lho Nacional de Previdência Social, Conselho de Recursos da Previdência Social, Conselho Nacional de Previdência Complementar e a Câmara de Recursos da Pre- vidência Complementar.
Outrossim, existiam duas autarquias federais vinculadas ao MPS (o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e a Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC) e uma empresa pública federal (a Empresa de Tecno- logia e Informações da Previdência Social – DATAPREV).
No entanto, esta organização administrativa foi profundamente alterada pela reforma ministerial aprovada pela Lei 13.341/2016, pois a pasta pre- videnciária restou transferida para o Ministério da Fazenda, tendo sido o Ministério do Trabalho e Previdência Social reduzido para o Ministério do Trabalho.
Eis as demais mudanças:
• o Conselho de Recursos da Previdência Social passou a se chamar Conselho de Recursos do Seguro Social e passou para o Ministério do Desenvolvi- mento Social e Agrário;
• o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS foi transferido do Ministério do Trabalho e Previdência Social para o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário;
• a Superintendência Nacional de Previdência Complementar – PREVIC, o Conselho Nacional de Previdência Complementar e a Câmara de Recur- sos da Previdência Complementar foram transferidos para o Ministério da Fazenda;
• o Conselho Nacional de Previdência Social passou a se chamar de Conselho Nacional de Previdência;
• a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social – DATA- PREV foi redesignada para Empresa de Tecnologia e Informações da Pre- vidência – DATAPREV;
• o Conselho Nacional de Previdência e a Empresa de Tecnologia e Informa- ções da Previdência – DATAPREV, foram transferidos para o Ministério da Fazenda;
• o INSS é vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário e, quanto às questões previdenciárias, segue as diretrizes gerais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Previdência;
• a competência sobre Previdência e Previdência Complementar será exerci-
da, de imediato, pelo Ministério da Fazenda, com apoio das estruturas que
atualmente dão suporte a elas.
Por pertinência temática, neste Capítulo serão estudados apenas o Conselho Nacional de Previdência, o Conselho de Recursos do Seguro Social e o INSS, pois estes atuam no Regime Geral de Previdência Social, descabendo analisar por hora os órgãos atuantes na previdência complementar.
Vale frisar que o Ministério da Previdência Social uniu-se ao Ministério do Tra- balho em 2015, fruto da reforma ministerial para conter gastos administrativos da União, passando a se chamar Ministério do Trabalho e Previdência Social – MTPS, como já havia acontecido anteriormente no Brasil, nos termos da MP 696/2015.
Posteriormente, com o advento da Lei 13.341/2016, a pasta previdenciária res- tou transferida para o Ministério da Fazenda, tendo sido o Ministério do Trabalho e Previdência Social transformado em Ministério do Trabalho.
Posteriormente, em 2019, a área previdenciária passou a ser do novel Minis- tério da Economia, tendo sido criada uma Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, com até duas secretarias. Em 2019, a supervisão ministerial do INSS passou para o Ministério da Economia (Decreto federal 9.660/2019).
Em 2019, com a reforma ministerial, o CRSS voltou a se chamar Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, agora integrante da estrutura do Ministério da Economia.
Atualmente, após a reforma ministerial de 2019, o Instituto Nacional do Se- guro Social – INSS passou a ser vinculado ao Ministério da Economia, assim como os seguintes órgãos previdenciários:
– o Conselho Nacional de Previdência Complementar;
– a Câmara de Recursos da Previdência Complementar;
– o Conselho Nacional de Previdência;
– o Conselho de Recursos da Previdência Social.
Mas com a extinção do Ministério do Trabalho, desde 2019 o Ministério da Economia assumiu a área trabalhista, tendo sido criada uma Secretaria Especial de Previdência e Trabalho.
Em seguida, desde o advento da MP 1.058/2021, foi recriado o Ministério do Trabalho e Previdência, com atuação na área de previdência pública e previdên- cia complementar, passando a vinculação do INSS (Decreto 10.761/2021) e do CRPS para esta pasta.
7.1. Conselho Nacional da Previdência – CNP
Com o advento da Lei 13.341/2016, o Conselho Nacional de Previdência Social passou a se chamar de Conselho Nacional de Previdência.
O Conselho Nacional da Previdência – CNP, integrante da estrutura do Mi-
nistério do Trabalho e Previdência desde o ano de 2021, constitui-se em órgão
superior de deliberação colegiada, contando com composição que atende ao Prin- cípio da Gestão Quadripartite da Seguridade Social, nos moldes do artigo 3º, da Lei 8.213/91:
“I – seis representantes do Governo Federal;
II – nove representantes da sociedade civil, sendo:
a) três representantes dos aposentados e pensionistas;
b) três representantes dos trabalhadores em atividade;
c) três representantes dos empregadores”.
Ou seja, o Poder Público não possui a maioria da composição do CNP, pois apenas seis dos quinze representantes serão indicados pela União, sendo nomea- dos pelo Presidente da República.
É necessário destacar que a Lei 8.213/91, de maneira salutar, inovou em relação à Constituição de 1998. Isso porque, na gestão da seguridade social, o artigo 194, parágrafo único, da Lei Maior, não previu os pensionistas como integrantes dos órgãos colegiados da seguridade social, a exemplo do CNP.
Os representantes titulares da sociedade civil terão mandato de dois anos, po- dendo ser reconduzidos, de imediato, uma única vez, ao passo que serão indicados pelas centrais sindicais e confederações nacionais.
Os membros do CNP em atividade gozarão de estabilidade no emprego, da nomeação até um ano após o término do mandato de representação, somente po- dendo ser demitidos por motivo de falta grave, regularmente comprovada através de processo judicial.
Em regra, ocorrerá uma reunião ordinária mensal, podendo ser designada re- união extraordinária por decisão do Presidente do CNP ou por deliberação de 1/3 dos seus membros.
Compete ao CNP:
I – estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de políticas aplicáveis à Previdência Social;
II – participar, acompanhar e avaliar sistematicamente a gestão previdenciária;
III – apreciar e aprovar os planos e programas da Previdência Social;
IV – apreciar e aprovar as propostas orçamentárias da Previdência Social, antes de sua consolidação na proposta orçamentária da Seguridade Social;
V – acompanhar e apreciar, através de relatórios gerenciais por ele definidos, a execução dos planos, programas e orçamentos no âmbito da Previdência Social;
VI – acompanhar a aplicação da legislação pertinente à Previdência Social;
VII – apreciar a prestação de contas anual a ser remetida ao Tribunal de Contas
da União, podendo, se for necessário, contratar auditoria externa;
VIII – estabelecer os valores mínimos em litígio, acima dos quais será exigida a anuência prévia do Procurador-Geral ou do Presidente do INSS para formaliza- ção de desistência ou transigência judiciais;
IX – elaborar e aprovar seu regimento interno.
Destaca-se como órgão que participa ativamente da formulação das políticas públicas previdenciárias, detendo, inclusive, poder normativo e de fiscalização, haja vista o dever de apreciar a prestação de contas anual a ser remetida ao Tribu- nal de Contas da União, podendo, se for necessário, contratar auditoria externa.
Ademais, o orçamento previdenciário deverá ser aprovado pelo CNP antes de ser integrado no orçamento do Sistema Nacional da Seguridade Social. O CNP se manifesta através de resoluções, moções, portarias e recomendações, a exemplo da RESOLUÇÃO MPS/CNPS 1.321, DE 04 DE OUTUBRO DE 2012, que re- comendou providências a respeito da celebração de convênios com instituições financeiras para viabilizar o crédito consignado.
Outrossim, nos termos do artigo 5º da Lei 8.213/91, o CNP possui o poder de requisição de informações diante dos órgãos governamentais em geral a fim de viabilizar o exercício das competências do Conselho, inclusive estudos técnicos.
Considerando que compete ao CNP apreciar e aprovar as propostas orçamen- tárias da Previdência Social, antes de sua consolidação na proposta orçamentária da Seguridade Social, a proposta da previdência deve ser enviada ao CNP com, ao menos, dois meses de antecedência.
Em 2003, por força do Decreto nº 4.874, de 11 de novembro, foram criados os Conselhos de Previdência Social – CPS, unidades descentralizadas do Conselho Nacional de Previdência Social – CNP. São canais de diálogo social que funcionam no âmbito das Gerências Executivas do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.
Têm por objetivo, assim como o CNP, apresentar propostas para melhorar a ges- tão e a política previdenciárias. São instâncias colegiadas e têm caráter consultivo e de assessoramento, podendo encaminhar propostas para serem deliberadas no âmbito do CNP.
Os conselhos buscam ampliar o diálogo entre a gerência-executiva do INSS e a sociedade, permitindo que as necessidades específicas de cada localidade no que diz respeito ao debate de políticas públicas e de legislação previdenciárias sejam atendidas de modo mais eficiente.
Os CPS são compostos por 10 conselheiros, sendo 2 representantes dos traba-
lhadores, 2 dos empregadores, 2 dos aposentados e pensionistas e 4 do Governo,
os quais se reúnem ao menos uma vez por bimestre. Cada representante tem como
principal atribuição identificar características da Previdência que possam ser
aperfeiçoadas; fazer propostas para melhorar a gestão do sistema previdenciário;
facilitar o desenvolvimento e solidificação da gestão democrática e próxima dos cidadãos, além de exercer o controle social sobre a administração pública
7.
7.2. Instituto Nacional do Seguro Social – INSS
O INSS teve autorização de criação dada pela Lei 8.029/90, sendo uma autar- quia federal vinculada originalmente ao Ministério da Previdência Social, fruto da fusão do IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assis- tência Social com o INPS – Instituto Nacional de Previdência Social.
Com o advento da Lei 13.341/2016, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS foi transferido do Ministério do Trabalho e Previdência Social para o Mi- nistério do Desenvolvimento Social e Agrário. Em 2019, a supervisão ministerial do INSS passou para o Ministério da Economia (Decreto Federal 9.660/2019, que regulamentou a reforma ministerial).
Desde o advento da MP 1.058/2021, foi recriado o Ministério do Trabalho e Previdência, com atuação na área de previdência pública e previdência comple- mentar, passando a vinculação do INSS (Decreto 10.761/2021) para esta pasta.
Atualmente, tendo em vista que não mais compete ao INSS arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições previdenciárias, pois essa Dívida Ativa passou a ser da União com o advento da Lei 11.457/07 (criou a Secretaria da Receita Federal do Brasil), a sua principal função administrativa é gerir o plano de benefícios e servi- ços do RGPS.
De acordo com o artigo 1º do Regimento do INSS, aprovado pelo Decreto 9.746/2019, “o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia federal com sede em Brasília, Distrito Federal, instituída com fundamento no disposto no art.
17 da Lei no 8.029, de 12 de abril de 1990, é vinculado ao Ministério da Economia.
Caberá ao INSS a competência de conceder, negar e revisar os benefícios e serviços do Regime Geral de Previdência Social em favor de segurados e seus dependentes. Ademais, desde abril de 2015 (Lei 13.134/2015), a gestão do seguro- -defeso do pescador artesanal foi transferida para a autarquia previdenciária.
Ademais, por força artigo 20, §6º, da Lei 8.742/93, a competência para gerir o BPC/LOAS do idoso e do deficiente carente também é do INSS.
Além desta função principal, caberá ao INSS, ainda, nos termos do artigo 5º, da Lei 11.457/2007:
“I – emitir certidão relativa a tempo de contribuição;
II – gerir o Fundo do Regime Geral de Previdência Social;
7. Disponível em: http://www.previdenciasocial.gov.br.
III – calcular o montante das contribuições referidas no art. 2º desta Lei e emitir o correspondente documento de arrecadação, com vistas no atendi- mento conclusivo para concessão ou revisão de benefício requerido”.
O INSS será dirigido por um Presidente e cinco Diretores, tendo a seguinte estrutura administrativa:
I – órgãos de assistência direta e imediata ao Presidente do Instituto Nacional do Seguro Social:
a) Gabinete;
b) Assessoria de Comunicação Social;
c) Coordenação-Geral de Projetos Estratégicos e Inovação;
d) Coordenação-Geral de Tecnologia da Informação e Comunicações;
II – órgãos seccionais:
a) Procuradoria Federal Especializada;
b) Auditoria-Geral;
c) Corregedoria-Geral;
d) Diretoria de Gestão de Pessoas e Administração;
e) Diretoria de Tecnologia da Informação e Inovação; e
f) Diretoria de Integridade, Governança e Gerenciamento de Riscos;
III – órgãos específicos singulares:
a) Diretoria de Benefícios;
b) Diretoria de Atendimento; e
IV – unidades descentralizadas: Superintendências Regionais.
O Procurador-Chefe da Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS será indicado pelo Advogado-Geral da União, na forma estabelecida no § 3º do art. 12 da Lei nº 10.480, de 2 de julho de 2002.
Os Superintendentes Regionais, os Gerentes-Executivos e os Gerentes de Agência da Previdência Social serão escolhidos entre os servidores ocupantes de cargos efetivos, pertencentes ao quadro de pessoal do INSS, observados o mérito profissional e as competências requeridas para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança.
O Presidente do INSS tem as seguintes incumbências previstas no artigo 17, do Regimento Interno da autarquia:
I – exercer a direção superior e o comando hierárquico no âmbito do INSS;
II – representar o INSS;
III – exercer o poder disciplinar nos termos da legislação;
Eis o Termo de Cadastro:
TERMO DE COMPROMISSO DE MANUTENÇÃO DE SIGILO – TCMS
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – Seção do Paraná
[Qualificação: nome, nacionalidade, CPF, identidade, data e local de expedição), filiação, endereço e e-mail],
Curitiba/PR, de de 20___.
____________________________________
Assinatura.
5.11. Temas finais
Por fim, no processo e julgamento dos recursos no âmbito do CRPS, nas hi- póteses de omissão do Regimento Interno, aplicam-se sucessivamente, se houver compatibilidade das regras, as disposições pertinentes da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (CPC/2015) e da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.
Nesse sentido, considerando a aplicação supletiva do CPC, conforme ex-
pressamente previsto no Regimento Interno do CRPS, nas situações urgentes
e nitidamente dotadas de verossimilhança nas alegações do segurado ou de seu
dependente, entende-se ser possível a concessão da antecipação da tutela admi-
nistrativa, desde que seja medida adotada com a cautela necessária.
É fato que os recursos nas Juntas e Câmaras do CRPS, a depender da região do Brasil, podem levar até alguns anos para julgamento. Caso não se adote a anteci- pação da tutela administrativa, certamente o beneficiário da Previdência Social irá propor demanda judicial, pois não poderá aguardar o esgotamento dos recursos administrativos para obter o benefício previdenciário, verba alimentar que tanto necessita, prejudicando o julgamento do recurso administrativo por força do ar- tigo 126, §3º, da Lei 8.213/91.
Assim, a adoção da antecipação dos efeitos da tutela no âmbito recursal no CRPS poderá até reduzir o número de demandas judiciais, pois, assim como ocorre no processo judicial, poderá ser possível a concessão do benefício antes do término normalmente demorado do processo administrativo.
Suponha-se que um segurado postulou um benefício por incapacidade na via administrativa, que foi indeferido pelo INSS por ausência de incapacidade labora- tiva, decisão que foi impugnada pelo segurado em sede de recurso ordinário.
No entanto, o Parecer CONJUR 155/2015 homologado pelo Consultor Jurí- dico inadmitiu a adoção da antecipação da tutela antecipada administrativa por suposta incompatibilidade com o Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social.
Por sua vez, na Junta de Recursos, a Assessoria Técnico-Médica do CRPS pro- moveu nova perícia que constatou a existência de incapacidade laborativa. Neste caso, é razoável o deferimento pelo Relator do processo da antecipação dos efeitos da tutela administrativa, ante a existência do periculum in mora e de novo laudo da Assessoria Médica do CRPS que atestou a incapacidade para o trabalho habitual.
Isso porque aguardar o término do processo (poderá levar mais de ano) cer- tamente gerará prejuízos irreparáveis ao segurado, lembrando que o INSS poderá manejar recurso especial com base no artigo 16, inciso V, do Regimento Interno do CRPS, a ser julgado por uma das Câmaras.
Sabe-se que é um tema novo e controverso, já discutido internamente no Con- selho de Recursos da Previdência Social, que devidamente debatido e regulado futuramente, poderá otimizar os seus julgamentos e inibir a propositura de de- mandas judiciais.
Colaciona-se, abaixo, fluxograma do trâmite dos recursos administrativos no âmbito do Conselho de Recursos da Previdência Social, que deve ser adaptado à reforma ministerial da Lei 13.341/2016
68:
68. Disponível em http://www.previdencia.gov.br/arquivos/office/3_081014-104338-862.pdf.
O INSS dá ciência ao interessado do motivo pelo qual não foi atendida a sua pretensão, que tem prazo de 30 dias para recorrer.
Recurso Ordinário dirigido à Junta de Recursos do CRPS, em formulário próprio ou petição avulsa, assinada pelo
interessado ou seu representante legal e protocolado junto ao INSS. Nesse documento o interessado deve informar o motivo pelo qual entende que tem direito a sua solicitação. Contrapor a decisão do INSS (razões de
recurso). Recebe o número de protocolo.
Diligência Preliminar – Para sanear processo, esclarecer pontos
obscuros no intuito de possibilitar o convencimento do Conselheiro
A pauta de julgamento – onde constam dia e hora do início da sessão - é publicada com três dias úteis antes do julgamento na página ofi cial do MPS e afi xada em local visível e de fácil acesso.
O interessado ou seu representante legal pode formular pedido de sustentação oral até o horário marcado
para o início do julgamento.
O Colegiado é composto por:
– Um Conselheiro Presidente
– Um Conselheiro representante do governo – Um Conselheiro representante dos trabalha-
dores
– Um Conselheiro representante das Empresas
Havendo solicitação de defesa oral será dado o tempo de até 15 minutos para sustentação das razões pelo interessado, antes da emissão do voto do Conselheiro relator.
(Solicitação de vistas e retirada do processo de pauta)
A decisão pode ser:
1. Conversão do pro- cesso em diligência
Quando é verifi cada pelo colegiado a necessidade de complementação de informações para o convencimento dos Conselheiros quanto ao voto a ser proferido.
2. Não conhecer do Recurso
Ex.: Quando o recurso foi protocolado após o prazo de 30(trinta) dias do con- hecimento da decisão do INSS, ou não for legítima a parte que impetrou o recurso. Quando houver renúncia expressa pelo interessado, ou ainda houver propositura de ação judicial para discussão da mesma matéria.
3. Conhecer e negar provimento
Nega provimento quando verifi ca estar correta a decisão dada pelo INSS ao requerimento do interessado. (Dessa decisão pode o interessado promover recurso especial às Câmaras de Julgamento).
4. Conhecer e
dar provimento Dá-se provimento quando verifi ca que o interessado provou ter preenchido os requisitos necessários à obtenção do direito pleiteado.
5. Conhecer e dar provimento
parcial
Dá-se provimento parcial quando verifi ca que o interessado provou direito apenas a parte de seu pleito. (Dessa decisão pode o interessado promover recurso especial às Câmaras de Julgamento relativa a parte não atendida pela Junta de Recursos).
6. Anulação
de Acórdão Quando há revisão da decisão dada anteriormente seja por ocorrência de- tectada pela própria Junta de Recursos ou por provocação das partes.
Diligência Preliminar – Para sanear processo, esclarecer pontos
obscuros no intuito de possibilitar o convencimento do Conselheiro
A pauta de julgamento – onde constam dia e hora do início da sessão – é publicada em três dias úteis antes do julgamento na página ofi cial do MPS e afi xada em local visível e de fácil acesso.
O interessado ou seu representante legal pode formular pedido de sustentação oral até o horário marcado para o início do julgamento.
Recurso Especial dirigido à Câmara de Julgamento do CRPS, em formulário próprio ou petição avulsa, assinada pelo interessado ou seu representante legal e
protocolado junto ao INSS.
Nesse documento o interessado deve informar o motivo pelo qual
não concorda com a decisão da Junta de Recursos. O INSS apre- senta contrarrazões ao recurso do
interessado.
Recebe o número de protocolo