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Adolf Franz Heep: edifícios residenciais

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Academic year: 2021

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Os edifícios Lugano e Locarno, por terem sido implantados com recuos frontais e laterais, contam com todas as faces de seus volumes passíveis de tratamento arquitetônico. A fachada principal possui três momentos distintos que caracterizam um embasamento, um corpo principal e um coroamento. O embasamento, que corresponde ao térreo, alterna cheios e vazios; os cheios correspondem às fachadas dos apartamentos térreos, caracterizadas por aberturas centralizadas em superfícies de blocos de vidro, que dispensam as alvenarias; estas superfícies, que separam os apartamentos térreos dos jardins, recuam-se em 1,20m em relação ao alinhamento dos andares superiores, configurando um balanço, que ajuda a destacar mais ainda o térreo do corpo principal. Os vazios se dão graças aos pilotis presentes nas extremidades das lâminas próximas ao alinhamento com a av. Higienópolis, que conferem leveza ao volume e permeiam o térreo.

Apartamentos térreos dos edifícios Lugano e Locarno em 1959

Foto: Acervo pessoal de Aizik Helcer

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Os pilotis possuem forma trapezoidal, cujas bases menores são os apoios; eles só aparecem no trecho térreo mais próximo à avenida Higienópolis, de modo a estabelecer a moderna relação entre térreo, pilotis e cidade.

Outros elementos de destaque no térreo são as marquises que protegem os acessos sociais dos edifícios. As duas que marcam as entradas dos blocos mais próximos à avenida Higienópolis são lajes sustentadas por uma viga invertida que se apoia em um único pilar central. A extremidade mais próxima à entrada do edifício é sustentada por dois tirantes, presos à laje nervurada que separa o térreo do primeiro pavimento; o resultado estético foi uma peça leve, que marca elegantemente o acesso ao edifício. Porém, as duas marquises que marcam as entradas dos blocos mais próximos aos fundos não são as mesmas utilizadas para os blocos frontais; são estruturas menos arrojadas, com quatro apoios convencionais e uma linguagem bem diferente das outras duas frontais, como mostram as fotos ao lado. Talvez, a opção por uma solução mais simples tenha sido pelo fato das marquises dos fundos não serem percebidas facilmente por quem trafega na avenida Higienópolis, mas sem dúvida, este fator prejudicou levemente a unidade do térreo, porém, sem comprometê-la.

Marquises frontais do térreo

Foto: Acervo pessoal de Aizik Helcer

Marquises dos fundos do térreo

Foto: Acervo pessoal de Aizik Helcer

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O corpo principal da fachada, que corresponde a 12 pavimentos, é marcado pelas janelas em fita; a fachada é livre, ou seja, o fato da estrutura estar recuada possibilitou liberdade ao arquiteto na concepção dela, porém, Heep não optou por caixilhos piso-teto como fez no edifício Lausanne, mas sim, janelas em fita com peitoris de alvenaria de 80cm de altura e uma faixa de 50cm de cobogós quadrados acima delas, que ajudam na ventilação. As janelas em fita e a faixa de cobogós são elementos que atribuem uma forte sensação de horizontalidade ao conjunto. A decisão por uma rua interna que separa os dois blocos permitiu, ao observador que adentra ao conjunto, uma percepção do todo; além disso, as linhas horizontais das janelas em fita e das faixas de cobogós, conduzem o olhar da frente para o fundo do lote, onde pode-se dizer que se encontra o ponto de fuga das linhas horizontais das lâminas, reforçando mais ainda a percepção do conjunto, como ilustra a perspectiva abaixo.

Os caixilhos são de alumínio e, ao contrário do edifício Lausanne, não foram pintados, permanecendo na cor original do metal, porém, sem brilho; na fachada dos edifícios Lugano e Locarno a opção cromática foi por sobretons de cinza. As aberturas dos dormitórios possuem venezeianas de correr, e as salas, apenas esquadrias de alumínio e vidro. .

Fachada dos edifícios Lugano e Locarno em 1959

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Outro elemento de

destaque na fachada são

as floreiras; elas são peças de concreto, cuja elevação assemelha-se a um “H” e situam-se sob os peitoris das janelas dos dormitórios das extremidades norte e sul das lâminas. Logo após o projeto do Lugano e Locarno, Heep desenvolveu o edifício Arlinda, no largo do Arouche, cuja tipologia de fachada é semelhante; neste projeto, Heep produz uma variação do desenho da floreira, como mostra a foto ao lado. No projeto do Arlinda, o arquiteto se apropria do mesmo tipo de composição entre o caixilho, a floreira e o elemento vazado, porém, o resultado dá indícios de um aprimoramento do desenho, já que as floreiras ganham um desenho assimétrico e se dispõe sob todas as janelas, conferindo um intenso movimento à fachada. Tanto no projeto do Arlinda como no do Lugano e Locarno, as floreiras conferem, além de movimento, sombras e volumetria, visuais interessantes para quem vê o edifício de baixo para cima. Composição caixilho - floreira - cobogó no edifício Arlinda - 1959 Foto: Edson Lucchini Jr. Composição caixilho - floreira - cobogó no edifício Arlinda - 1959 Foto: Edson Lucchini Jr. Composição caixilho - floreira - cobogó na fachada dos edifícios Lugano e Locarno

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O coroamento dos edifícios se dá no 13º pavimento que se recua dos demais inferiores em 80cm na face que se volta para a rua interna; o espaço resultante do recuo foi aproveitado como floreira. Na face que se volta para a avenida Higienópolis, o recuo foi de 1,15m, cujo espaço resultante foi aproveitado para terraço. Heep utilizou o mesmo tipo de caixilhos e de cobogós do restante da torre, de modo a conferir unidade. Acima da faixa de cobogós de ventilação dos apartamentos, encontra-se outra sem este caráter funcional, servindo apenas de elemento estético que marca o cume do edifício.

O fato da estrutura estar recuada da fachada, possibilitou que as janelas em fita da fachada principal a extrapolassem, girando 90º em direção à fachada da avenida Higienópolis, soltando a quina, como ilustra o desenho acima; a composição desta fachada de dá por estas janelas descritas, por uma faixa vertical cega e pelas aberturas de dormitórios com os mesmos cobogós de ventilação sobre elas.

A fachada dos fundos das lâminas também foi concebida sob critérios de organização e ritmo, já que ela é percebida por quem trafega na avenida Higienópolis. É

composta também por aberturas em fita, interrompidas por faixas verticais de alvenaria. As aberturas desta fachada correspondem aos ambientes de serviço dos apartamentos

Fachada dos fundos dos edifícios Lugano e Locar-no em 1959

Foto: Acervo pessoal de Aizik Helcer

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Os edifícios Lugano e Locarno se encontram hoje muito bem conservados e com suas características originais satisfatoriamente bem preservadas, porém, nota-se que em alguns apartamentos as floreiras estão sendo utilizadas como suporte para condensadoras de ar condicionado e não para receber plantas, gerando um aspecto desegradável. A colocação de guaritas e grades na maior parte dos edifícios, não só de Higienópolis como em toda a cidade, vem sendo um dos principais fatores de descaracterização deles, porém, no caso do Lugano e Locarno, este fator empobreceu radicalmente o caráter de generosidade com o espaço público que o projeto original contemplava. O fechamento da rua interna por grades dimunuiu muito a percepção de continuidade da rua Itacolomi para dentro do lote, no aspecto físico e visual. Além disso, a escolha do local de implantação de guaritas, sob os pilotis, prejudicou sensivelmente a percepção original de vazio e de interface com a cidade que havia neste espaço.

Edifícios Lugano e Locarno atualmente - grades e guaritas

Fotos: Edson Lucchini Jr.

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planta do pav. térreo ap. 3 dorm. - 170 m² ap. 2 dorm. - 141 m² 1 - hall 2 - sala de jantar 3 - sala de estar 4 - cozinha 5 - dorm. solteiro 6 - dorm. casal 7 - banheiro casal 8 - banheiro social 9 - serviço 10 - dorm. empregada 11 - wc empregada 1 - hall 2 - cozinha 3 - sala de estar 4 - sala de jantar 5 - dorm. casal 6 - dorm. solteiro 7 - banheiro 8 - serviço 9 - dorm. empregada 10 - wc empregada

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ap. zelador - 51 m² 1 - hall 2 - cozinha 3 - banheiro 4 - dorm. solteiro 5 - dorm. casal 6 - serviço

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planta do subsolo 1 - hall de circ. vertical 2 - depósito de lixo 3 - caixas d’água 4 - medidores 5 - rampas

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planta do 1º ao 12 º pav.

esc. 1:250 planta do 13º pav.esc. 1:250

ap. 3 dorm. - 181 m² ap. 3 dorm. - 155 m²

ap. 3 dorm. - 188 m² ap. 3 dorm. - 175 m²

1 - hall 2 - cozinha 3 - sala de jantar 4 - sala de estar 5 - dorms. solteiro 6 - dorm. casal 7 - banheiro casal 8 - banheiro social 9 - serviço 10 - dorm. empregada 11 - wc empregada 1 - hall 2 - cozinha 3 - sala de jantar 4 - sala de estar 5 - dorms. solteiro 6 - dorm. casal 7 - banheiro casal 8 - banheiro social 9 - serviço 10 - dorm. empregada 11 - wc empregada 1 - hall 2 - sala de jantar 3 - sala de estar 4 - cozinha 5 - dorms. solteiro 6 - dorm. casal 7 - banheiro casal 8 - banheiro social 9 - serviço 10 - dorm. empregada 11 - wc empregada 1 - hall 2 - sala de jantar 3 - sala de estar 4 - cozinha 5 - dorms. solteiro 6 - dorm. casal 7 - banheiro casal 8 - banheiro social 9 - serviço 10 - dorm. empregada 11 - wc empregada

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térreo - rua interna

detalhe do térreo - marquises

detalhe do térreo - pilotis.

A implantação de duas lâminas residenciais definiu uma rua interna, que pode ser entendida como um prolongamento da rua Itacolomi

Marquises com um apoio central feito por um pilar que sustenta uma viga invertida, criam um percurso coberto de acesso aos halls sociais.

Os pilotis são trapezoidais, com a base menor servindo de apoio. Eles liberam o térreo apenas na parte frontal, que faz a interface com a cidade.

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Capítulo 7

7.1 - Tabelas dos demais edifícios residenciais de Heep 7.1- Tabelas com os demais edifícios residenciais de Heep em São Paulo

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Nas considerações a respeito dos critérios que definiram a amostra de edifícios a ser analisada neste trabalho (ver p.7), comentou-se que as escolhas se deram, na maioria dos casos, por razões tipológicas; logo, os dez exemplares escolhidos para análise foram considerados edifícios-chave, portadores de matrizes tipológicas, retomadas nos demais onze.

Porém, cabe afirmar que há duas exceções claras, em que os critérios de escolha não foram determinados pela tipologia, mas pela importância do edifício. Por exemplo: o edifício Tucumàn53 (1950) possuia, em sua conformação

original, uma fachada dominada por venezianas coloridas dipostas aleatoriamente; estes elementos foram retomados no projeto do célebre edifício Lausanne (1953). De acordo com os critérios de escolha da amostragem, o edifício que deveria ter sido analisado é o Tucumàn, mas neste caso, a importância e notoriedade do Lausanne prevaleceram.

O mesmo ocorreu no caso da escolha do edifício Icaraí (1953) como parte da amostragem. No edifício Marajó (1952), ocorrem pela primeira vez, dentro do universo de obras de Heep, os elementos de fachada que seriam retomados no Icaraí; porém, o fato deste ter sido publicado na revista acrópole54 e de estar situado num local de mais

visibilidade, atribuiu a ele mais notoriedade. Ademais, o Icaraí se encontra atualmente com as características originais bem preservadas, ao contrário do Marajó, cuja fachada foi totalmente descaracterizada55.

7.2- Considerações sobre os edifícios não analisados

Ed. Lausanne -1953

Fonte: Revista Acrópole 239, 1958, p.504.

Ed. Tucumàn -1950

Fonte: Revista Habitat 18, 1954, p.28.

Ed. Marajó - 1952

Foto: Edson Lucchini Jr. Ed. Icaraí - 1953Foto: Edson Lucchini Jr.

(53) - O edifício Tucumàn, situado na rua Martins Fontes, é hoje um hotel; as venezianas da fachada foram retiradas, dando lugar a uma pele de vidro. (54) - O edifício Icaraí foi publicado na revista Acrópole nº 210, 1956, p.234-235.

(55) - A fachada original do ed. Marajó possuia a mesma conformação do ed. Icaraí. A foto acima mostra o Marajó atualmente; nota-se, por trás dos novos vitrôs, o mesmo tipo de caixilhos presentes no Icaraí.

Referências

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