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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

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Academic year: 2021

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA JUDICIAL DA COMARCA DE MONTE MOR – SP.

Autos n. 0003030-72.2015.8.26.0372

Consta dos inclusos autos de Inquérito Policial que, em data incerta, porém anterior ao dia 20 de abril de 2011, nas dependências da Câmara Municipal de Monte Mor, WILLIAM FREIRE DOS SANTOS, qualificado às fls. 138/139, agindo em concurso e unidade de desígnios com pessoas ainda não identificadas, falsificou, no todo, documentos públicos.

Igualmente consta que, no dia 20 de abril de 2011, nas dependências da agência nº 1227, da Caixa Econômica Federal, nesta cidade e comarca de Monte Mor, WILLIAM FREIRE DOS SANTOS desviou R$ 7.900,00 (sete mil e novecentos reais) em proveito próprio, valor de que tinha a posse em razão do cargo.

Consta, por fim, que, nas mesmas circunstâncias de tempo e local, WILLIAM FREIRE DOS SANTOS ocultou a natureza e a origem de valores provenientes da infração penal.

O denunciado é funcionário da Câmara de Vereadores do Município de Monte Mor e, na época dos fatos, exercia as funções de técnico de informática e sonoplastia, além de serviços externos, tais como pagamento de contas, serviços de entrega, entre outros. Atualmente, WILLIAM FREIRE DOS SANTOS atua no cargo de Diretor da Câmara de Vereadores.

Segundo apurado, no ano de 2011, a Câmara Municipal de Monte Mor realizou procedimento de dispensa de licitação para contratação de

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empresa para “Prestação de Serviço de Manutenção dos Gabinetes de Vereadores”.

Com o objetivo de fraudar o procedimento e de desviar o dinheiro público, o denunciado e seus comparsas falsificaram documentos públicos, simulando que João Soares dos Santos tivesse apresentado o orçamento de R$ 7.900,00 (sete mil e novecentos reais para a execução dos trabalhos)1.

Após realização de pesquisa de preço (fls. 108/109), houve a contratação direta do fornecedor João Soares dos Santos, CNPJ nº 059.031.666/0001-50.

Em seguida, WILLIAM FREIRE DOS SANTOS e seus comparsas falsificaram a nota fiscal de serviço, assinando em nome de João Soares dos Santos como se este tivesse recebido pelos serviços prestados (fls. 115).

Como se não bastasse, de posse do cheque nº 000402, da conta nº 06000018-0, agência 1227, emitido para pagamento da empresa JSS Construção Civil, nominal a João Soares dos Santos, do qual tinha a posse em razão de seu cargo, WILLIAM FREIRE DOS SANTOS se dirigiu à agência da Caixa Econômica Federal e sacou o valor, desviando o dinheiro em seu proveito (conforme se verifica a fls. 127/127v dos autos físicos).

Logo após, o denunciado ocultou a natureza e a origem do dinheiro proveniente da infração penal, utilizando-o em proveito próprio e dando a ele destinação diversa daquela prevista.

E tanto isso é verdade que, após ser notificado da propositura da Ação Civil Pública nº 0004195-91.2014.8.26.0372, João Soares dos Santos compareceu na Delegacia de Polícia de Monte Mor para lavrar boletim

1 Nos termos do artigo 24, inciso I, da Lei nº 8.666/93, é dispensável a licitação “para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso I

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de ocorrência. Ouvido, ele declarou que não movimenta sua empresa desde 1992 e que nunca prestou qualquer serviço na Câmara de Vereadores desta cidade (fls. 09/10).

Evidente, portanto, que os documentos relativos à contratação direta do fornecedor João Soares dos Santos, CNPJ nº 059.031.666/0001-50, foram falsificados, na medida em que os serviços nunca foram por ele prestados e, consequentemente, nenhum valor foi pago a ele.

Expedido ofício à Caixa Econômica Federal, foi apresentada microfilmagem do cheque nº 000402, da conta nº 06000018-0, agência 1227, restando evidente que o valor foi sacado por WILLIAM FREIRE DOS SANTOS, que desviou dinheiro público de que tinha a posse em razão do cargo em proveito pessoal.

Ante o exposto, denuncio WILLIAM FREIRE DOS SANTOS como incurso nos artigos 297, caput, e 312, caput, ambos do Código Penal, e no artigo 1º, caput, da Lei nº 9.613/98, todos em concurso material, previsto no artigo 69, caput, do Código Penal, requerendo que, recebida e autuada esta, seja instaurado o devido processo penal, observando-se o rito previsto nos artigos 394, §1º, inciso I, do Código de Processo Penal, citando-se e interrogando-se a denunciada, ouvindo-se as testemunhas abaixo arroladas, e prosseguindo-se até final sentença condenatória.

Rol:

1- João Soares dos Santos – fls. 08/09

Monte Mor, 13 de julho de 2018.

LUÍS FELIPE DELAMAIN BURATTO Promotor de Justiça Substituto

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1ª Vara Judicial da Comarca de Monte Mor Autos n. 0003030-72.2015.8.26.0372

Meritíssimo Juiz,

1. Denuncio WILLIAM FREIRE DOS SANTOS como incurso nos artigos 297, caput, e 312, caput, ambos do Código Penal, e no artigo 1º, caput, da Lei nº 9.613/98, todos em concurso material, previsto no artigo 69, caput, do Código Penal.

2. Requeiro a juntada da folha de antecedentes criminais anexa e anoto, apenas para controle, que o denunciado é primário;

3. Requeiro a expedição de ofício à Câmara Municipal Monte Mor para que encaminhe o original do documento de fls. 115, para viabilizar a realização de realização de exame grafotécnico;

4. Com a juntada do documento requerido no item anterior, requeiro a realização de exame grafotécnico para verificar se a assinatura partiu do punho de João Soares dos Santos;

5. Requeiro a decretação da prisão preventiva do denunciado WILLIAM FREIRE DOS SANTOS, porquanto presentes se acham os requisitos dos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal para a decretação de sua custódia cautelar.

Com efeito, existem nos autos prova cabal da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria, a vincular o denunciado aos crimes narrados na denúncia, havendo razoáveis indícios de que tenha

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praticado crime punido com reclusão, caracterizado pela lei como delito de natureza grave, cuja prática é de grande repercussão e causa verdadeiro alarido no meio social, que, indo além do patrimônio das pessoas, gera uma sensação de insegurança e impunidade aos cidadãos, sobretudo porque praticado por funcionário público municipal que deveria trabalhar a serviço da comunidade.

Outrossim, não obstante a natureza excepcional da custódia provisória, a contenção da liberdade do denunciado se faz necessária, especialmente para prevenir-se e garantir-se a ordem pública, a aplicação da lei penal e, logicamente, a instrução criminal, inclusive impedindo eventuais novas investidas por parte deles, com vistas a frustrar a aplicação da lei penal.

Não se desconhece a data do ilícito, ocorre que efetivamente, o denunciado exerce, atualmente, o cargo de Diretor da Câmara Municipal de Monte Mor, possuindo acesso amplo e irrestrito às licitações, contratos e pagamentos efetuados pelo órgão. Os extratos da conta bancária e microfilmagem dos cheques emitidos pela Casa Legislativa, juntados nos autos de nº1000879-14.2018.8.26.0372 comprovam que, somente no ano de 2017, outros cinco cheques foram sacados pelo denunciado ou por ele depositados em sua conta corrente pessoal, todos com valores entre R$ 5.984,59 (cinco mil, novecentos e oitenta e quatro reais e cinquenta e nove centavos) e R$ 7.729,71 (sete mil, setecentos e vinte e nove reais e setenta e um centavos).

Presentes, portanto, os pressupostos e fundamentos da custódia cautelar, aguardo a decretação da prisão preventiva de

WILLIAM FREIRE DOS SANTOS.

6. Subsidiariamente, caso este não seja o entendimento de Vossa Excelência, requeiro, desde já, a aplicação das medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal,

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sobretudo aquela prevista no inciso VI do mencionado dispositivo legal.

A suspensão do exercício das funções públicas por WILLIAM FREIRE DOS SANTOS é medida que se impõe, tendo em vista que o denunciado utilizou seu cargo para a prática de infrações penais e há fortes indícios de que, acaso mantido em suas funções, exista reiteração delitiva.

Portanto, acaso não seja decretada a prisão preventiva de WILLIAM FREIRE DOS SANTOS, requeiro a aplicação das medidas cautelares previstas no artigo 319, inciso I, III e VI, do Código de Processo Penal.

Monte Mor, 13 de julho de 2018.

LUÍS FELIPE DELAMAIN BURATTO Promotor de Justiça Substituto

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Processo nº: 0003030-72.2015.8.26.0372

Classe - Assunto Ação Penal - Procedimento Ordinário - Estelionato

Documento de Origem: Inquérito Policial: 176/2015, Boletim de Ocorrência: 1019/2015

Réu: WILLIAM FREIRE DOS SANTOS, Brasileiro, Casado, com Vanessa

Esteves Freire, em regime de Comunhão Parcial de Bens, Servidor Público Municipal, RG 30537008-X, CPF 293.505.248-05, pai Jonas dos Santos, mãe Dilma Freire dos Santos, Nascido/Nascida 27/09/1980, natural de São Paulo - SP, Outros Dados: Data do casamento: 16/12/2006. Com endereço à R. Carlos Drummond de Andrade, 90, (19) 99666-3859, Jardim Vitória, CEP 13190-000, Monte Mor - SP

Juiz(a) de Direito: Dr(a).

GUSTAVO NARDI

Vistos.

1- Presentes os requisitos formais mínimos para o seu processamento, os pressupostos processuais, as condições da ação e havendo justa causa para a ação penal, consubstanciados nos elementos de prova até então colhidos no inquérito policial, RECEBO A DENÚNCIA oferecida contra WILLIAM FREIRE DOS SANTOS, como incurso nos artigos 297, caput, e 312, caput, ambos do Código Penal, e no artigo 1º, caput, da Lei nº 9.613/98, nos termos do artigo 69, também do Código Penal. Realizem-se as anotações e comunicações necessárias.

2- Nos termos do artigo 396, do Código de Processo Penal, cite-se o acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário, inclusive apresentar exceção.

Saliento desde já que, em se tratando de testemunha meramente abonatória, o testemunho deverá ser apresentado por meio de declaração escrita, à qual será dado o mesmo valor por este Juízo.

Na execução do mandado, o Sr. Oficial de Justiça deverá consultar ao réu a respeito da possibilidade de contratar advogado para patrocinar sua defesa. Em caso negativo, com a devolução do mandado, deverá a Serventia proceder à indicação de defensor dativo no sistema da Defensoria Pública, o qual fica desde já nomeado e deverá ser intimado a oferecer defesa preliminar, no prazo de 10 (dez) dias.

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original dos documentos de fls. 135, a fim de se viabilizar a realização do exame grafotécnico. Com a remessa do documento, oficie-se à Delegacia de Polícia de Monte Mor para que realize referido exame, a fim de se atestar se tal assinatura partiu do punho do Sr. João Soares dos Santos.

4- O Ministério Público requereu a decretação da prisão preventiva de WILLIAM FREIRE DOS SANTOS, em razão da gravidade em concreto dos crimes de que é acusado.

O pedido deve ser deferido, eis que presentes os requisitos previstos nos artigos 312 e 313, do Código de Processo Penal.

O réu está sendo processado por delitos que são punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 04 (quatro) anos, o que constitui uma das condições de admissibilidade da decretação da prisão preventiva. prevista no artigo 313, I, do Código de Processo Penal.

Além disso, de acordo com as provas colhidas nos autos, há que se atentar quanto à existência de prova de materialidade delitiva, além de indícios suficientes de autoria, provas essas que vinculam o denunciado à prática dos delitos narrados na denúncia.

Por fim, oportuno ressaltar que os fatos trazidos na denúncia geram grande repercussão e alarido no meio social, gerando grande sensação de insegurança e impunidade à população, posto tratar-se de delitos praticado por funcionário público, que por óbvio, deveria trabalhar em favor da comunidade.

Esses fatos levam à inafastável conclusão de que a segregação cautelar do acusado é medida que se impõe, para garantia da ordem pública, bem como para assegurar a instrução criminal e a correta aplicação da lei penal.

Diante de todo o exposto, com fundamento nos artigos 312 e 313, do Código de Processo Penal, DECRETO A PRISÃO PREVENTIVA de WILLIAM FREIRE DOS SANTOS.

Expeça-se mandado de prisão.

5- Por fim, com fundamento no art. 319, inc. VI do Código de Processo Penal, aplico a medida cautelar de suspensão do exercício da função pública exercida pelo acusado, uma vez que há justo receio de que na função continue a agir de modo a lesar o erário municipal, e a destruir provas.

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como ofícios à Delegacia de Polícia de Monte Mor e de comunicação do recebimento da denúncia ao IIRGD. Cumpra-se na forma e sob as penas da Lei.

Monte Mor, 18 de julho de 2018.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

A CÓPIA DA DENÚNCIA SEGUE ANEXA E FICA FAZENDO PARTE INTEGRANTE DESTE

ITENS 4 e 5 DO CAPÍTULO VI DAS NORMAS DE SERVIÇO DA EGRÉGIA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA, TOMO I

Nos termos do Prov. 3/2001 da CGJ, fica constando o seguinte: “4. É vedado ao oficial de justiça o recebimento de qualquer numerário diretamente da parte. 4.1. As despesas em caso de transporte e depósito de bens e outras necessárias ao cumprimento de mandados, ressalvadas aquelas relativas à condução, serão adiantadas pela parte mediante depósito do valor indicado pelo oficial de justiça nos autos, em conta corrente à disposição do juízo. 4.2. Vencido o prazo para cumprimento do mandado sem que efetuado o depósito (4.1.), o oficial de justiça o devolverá, certificando a ocorrência. 4.3. Quando o interessado oferecer meios para o cumprimento do mandado (4.1.), deverá desde logo especificá-los, indicando dia, hora e local em que estarão à disposição, não havendo nesta hipótese depósito para tais diligências. 5. A identificação do oficial de justiça, no desempenho de suas funções, será feita mediante apresentação de carteira funcional, , obrigatória em todas as diligências.” Texto extraído do Cap. VI, das Normas de Serviço da Corregedoria Geral de Justiça.

Advertência: Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxilio:

Pena detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos, Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. “Texto extraído do Código Penal, artigos 329 “caput” e 331.

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