MICOLOGIA
SUMÁRIO
Maria Manuel Lopes FFUL
Infecções fúngicas:
Defesa física
• Prevenção passiva da entrada de microrganismos
Epitélio
A
B
Imunidade inata
• Nas infecções superficiais • Mata os m.o. rapidamente
• Não são requeridos linfócitos e Acs Epitélio
Fagócitos Defensinas
Pele
Pele
Antimicrobianos
Antimicrobianos
locais
locais
pH
pH
Barreiras locais contra as infecções
Barreiras locais contra as infecções
Cílios
Cílios
Potencial
Potencial
de
de
Oxidação
Oxidação
do meio
do meio
Fluxo/secreções
Fluxo/secreções
das mucosas
das mucosas
Flora residente
Flora residente
Mucosa
Mucosa
Flora Flora Células Células queratinizadas queratinizadas
Defesas superficiais
Defesas superficiais
Flora Flora normal normal pH e pH e humidade humidade baixosbaixos SeboSebo
Descamação Descamação
PELE
PELE
GASTROINTESTINAL GASTROINTESTINAL IgA
IgA--s, acidez gástrica, sais biliares, s, acidez gástrica, sais biliares, lisozima, glicolipídeos, glicoproteínas, lisozima, glicolipídeos, glicoproteínas,
peristaltismo, flora microbiana peristaltismo, flora microbiana
Defesas superficiais
Defesas superficiais
VIAS URINÁRIAS VIAS URINÁRIAS anatomia, IgA
anatomia, IgA--s, pH baixo, s, pH baixo, elevada osmolaridade elevada osmolaridade
RESPIRATÓRIA RESPIRATÓRIA
IgA
IgA--s, cílios,s, cílios, tosse, lisozima e tosse, lisozima e lactoferrina lactoferrina
MUCOSAS
MUCOSAS
Epitélio
Imunidade adaptativa
• Nas infecções graves
• Mata os m.o. mais lentamente • Usa linfócitos e Acs
C
Epitélio Células T Células B Anticorpos Apresentação do Ag ILA parede fúngica, pela sua constituição polissacarídica, é:
Candida spp destruída essencialmente por fagocitose
Para os fungos, os principais mecanismos de defesa são a Para os fungos, os principais mecanismos de defesa são a fagocitose
fagocitose e a e a resposta inflamatória resposta inflamatória
um poderoso activador do complemento pela via alternativa, iniciando os mecanismos clássicos da imunidade natural,
opsonização e fagocitose pelos neutrófilos, monócitos sanguíneos e os macrófagos alveolares
Candida spp destruída essencialmente por fagocitose
Elementos fúngicos de maior tamanho (pseudohifas de Candida
spp ou micélio de Aspergillus, zigomicetes): neutrófilos aderem à sua superfície e exercem a sua acção fungicida libertando o seu conteúdo lisossomal e os produtos do metabolismo oxidativo
Os macrófagos alveolares são especificamente eficazes para
destruir os esporos aspergilares inalados que resistem à acção dos neutrófilos e prevenir a germinação
Os fagócitos constituem um sistema de defesa muito reduzido
Seja quantitativa (neutropenia)
Ou qualitativa (deficiência na produção de peróxido de
hidrogénio)
Expõe os doentes a micoses profundas oportunistas
Isto explica que toda a anomalia da função
Isto explica que toda a anomalia da função
fagocitária
fagocitária
Expõe os doentes a micoses profundas oportunistas Candidoses e aspergiloses
Raridade de candidoses profundas e aspergiloses invasivas em doentes VIH +
função fagocítica ±±±± bem conservada até a um estádio avançado da doença
Explica também
Explica também
Criptococose
Candidose mucocutânea
Intervém na defesa de certas infecções fúngicas:
Linfócitos T constituem o mecanismo central da resposta imunitária
Imunidade de mediação celular T
Imunidade de mediação celular T
O interferão gama é a principal citocina capaz de destruir as células fúngicas por libertação do óxido nítrico e por acção dos compostos oxigenados intermediários dependendo da mieloperoxidase
Imunidade celular T alterada
SIDA Linfomas
Certas doenças auto-imunes
Particularmente expostos a:
Criptococoses
Candidoses orofaríngeas e esofágicas
Tem um papel mínimo na imunidade antifúngica face a Cryptococcus Candida
Imunidade humoral
Imunidade humoral
Em geral, não parece haver uma correlação entre a presença de Acs séricos, seus títulos e o prognóstico da infecção (candidose principalmente)
Em geral, não parece haver uma correlação entre a presença de Acs séricos, seus títulos e o prognóstico da infecção (candidose principalmente)
O conhecimento do tipo de défice ou
anomalia imunitária permite:
Imunidade na infecção
Imunidade na infecção
Predizer a que micose ou micoses o doente
está mais particularmente exposto
Doença subjacente
Tratamentos
Quais os factores de risco?
Quais os factores de risco?
Podem afectar os sistemas de defesa
Como?
Factores de risco
Sintomas
Prognóstico
Os tipos de infecção diferem:
Tipos de infecções que afectam a
Tipos de infecções que afectam a
população imunodeprimida
população imunodeprimida
Prognóstico
Tratamento
A considerar:
Parte do corpo afectada pela infecção
Bactérias
Vírus
Parasitas
Fungos
Tipos de microrganismos
Tipos de microrganismos
Fungos
(infecções graves e muitas vezes fatais)Normalmente presentes no ambiente ou no Homem
Oportunistas
Candida spp Aspergillus spp Cryptococcus neoformans Pneumocystis jiroveci Histoplasma capsulatum Coccidioides immitis Mucor, Rhizopus, AbsidiaO controlo de infecções raras e refractárias requer
arte e ciência
O hospedeiro é um “desafio”
O problema das
O problema das
infecções fúngicas
infecções fúngicas
O hospedeiro é um “desafio”
Os fungos podem ser “abomináveis”
Os antifúngicos não são suficientemente eficazes no
controlo destas infecções emergentes
A frequência das infecções fúngicas profundas
aumentou nos doentes com:
• Neutropenia profunda de longa duração • Deficiência da imunidade celular T
• Imunodepressão devida a terapêutica prolongada
(transplantados de medula óssea e outros órgãos) (transplantados de medula óssea e outros órgãos)
• Tecnologia invasiva
• Antibioterapia de largo espectro
INFECÇÃO
INFECÇÃO
mesmo microrganismo nem sempre
provoca doença idêntica em todos os
hospedeiros
Depende
Depende::
Depende
Depende::
virulência agente
resistência do hospedeiro
HOMEM
HOMEM
ECOLOGIA DAS INFECÇÕES
ECOLOGIA DAS INFECÇÕES
AGENTE
AGENTE
MEIO
MEIO
“Devemos abandonar o ponto de vista antropocêntrico que considera os microrganismos como seres diabólicos lançados sobre nós por uma maldição divina”
O Ambiente Hospitalar é muito favorável à ocorrência de processos infecciosos devido a :
Comunidade Semi-Fechada (Contacto fácil com outros doentes, staff hospitalar e visitantes)
Super-lotação (maior proximidade entre os doentes)
Existência de Serviços de Alto Risco (UCIs, Queimados, Blocos
AMBIENTE
AMBIENTE
Existência de Serviços de Alto Risco (UCIs, Queimados, Blocos Operatórios, Prematuros, Diálise) com equipamentos de difícil esterilização
O Hospedeiro Hospitalizado é mais vulnerável à IN devido a :
Debilidade Geral (Co-morbilidade, subnutrição, stress)
Depressão das defesas imunitárias (Co-morbilidade, terapêuticas imunossupressoras, terapêuticas antibióticas)
HOSPEDEIRO
HOSPEDEIRO
imunossupressoras, terapêuticas antibióticas)
Depressão das defesas por ruptura das barreiras fisiológicas (técnicas de diagnóstico e/ou terapêuticas invasivas)
Factores de Risco Intrínsecos Factores de Risco Intrínsecos
Idade (Maior incidência em idosos e crianças de idade < 1 ano) Sexo (Maior incidência nos Homens)
Tempo de internamento Coma
Diabetes
Transplante de órgãos Queimaduras
Uso de substâncias de abuso
HOSPEDEIRO
HOSPEDEIRO
Diabetes Neoplasia Imunodeficiências SIDA Cirrose Hepática Insuficiência Renal Obesidade / DesnutriçãoCateteres vasculares / urinários Intervenção cirúrgica
Ventilação assistida Diálise
Higiene hospitalar
Factores de Risco Extrínsecos
HOSPEDEIRO
HOSPEDEIRO
Higiene hospitalar
Antibioterapia (nº e duração) Alimentação parentérica
Tempo de internamento ou estada em UCIs Próteses
Corticosteróides Quimioterapia
Outra Outra terapêutica terapêutica imunossupressiva imunossupressiva Quimioterapia Quimioterapia Corticosteróides Corticosteróides
Riscos para as infecções fúngicas invasivas
Riscos para as infecções fúngicas invasivas
Cancro Cancro Transplante de Transplante de células células hematopoiéticas hematopoiéticas Cirurgia Cirurgia Radioterapia Radioterapia Neutropenia Neutropenia
Neutropenia: nº baixo de neutrófilos
• Neutropenia (< 500)
• Duração da neutropenia (> 15 dias)
Alto risco para uma infecção grave
Neutrófilos (células/mm3)
Risco para a infecção
1500-2000 Ausência de risco significativo 1000-1500 Risco mínimo
500-1000 Risco moderado < 500 Risco elevado
Radioterapia
Radioterapia Metástases Metástases cutâneascutâneas Ulcerações
Ulcerações
Riscos para as infecções fúngicas invasivas
Riscos para as infecções fúngicas invasivas
Lesão da mucosa Lesão da mucosa gastrointestinal gastrointestinal por
por Herpes virusHerpes virus
e e CytomegalovirusCytomegalovirus Cateteres e Cateteres e linhas linhas centrais centrais Antibioterapia Antibioterapia de largo espectro de largo espectro Quimioterapia Quimioterapia mucolítica mucolítica Disrupção da Disrupção da pele e pele e mucosas mucosas
Inibem a reprodução celular
Provocam monocitopenia e granulocitopenia
Vincristina, vimblastina, busulfan, daunorubicina inibem a fagocitose de C. albicans por PMN
Carmustina e metrotexato (isoladamente) e prednisona, vincristina e
Citotóxicos
(diminuem as defesas do hospedeiro)Carmustina e metrotexato (isoladamente) e prednisona, vincristina e asparaginase (em associação) inibem a actividade bactericida dos PMN
Muitos citotóxicos (actinomicina D, adriamicina, ciclofosfamida, 5-fluoracil, hidroxilureia e vimblastina) produzem ulcerações graves nas mucosas da boca, esófago, intestinos delgado e grosso e recto
Estas lesões, além de facilitarem a absorção de toxinas, permitem a invasão da corrente sanguínea pela flora normal local
Radioterapia
(efeitos similares aos da quimioterapia) depressão medular e, consequentemente, neutropeniaSeveridade depende • Dose e tipo de radiação
• Extensão da radiação
Diminui a imunossupressão
e o risco de infecções
Actualmente, os tratamentos consistem em mais sessões e doses mais baixas
Pele e mucosas podem ser lesionadas
• Porta de entrada de
microrganismos para os órgãos internos
Corticosteróides
(podem alterar quase todos os mecanismos de defesa do hospedeiro)Os doentes tratados com estes fármacos apresentam:
um pequeno aumento na incidência de infecções porque as
um pequeno aumento na incidência de infecções porque as barreiras anatómicas anti-infecciosas (pele e mucosas) não estão preservadas
tendência característica para a activação de infecções latentes (Mycobacterium tuberculosis)
dificuldade ou incapacidade para se curarem de infecções provocadas por microrganismos da flora normal ou patogénicos primários
Transplante das células hematopoiéticas
(transplante de medula óssea e de células do sangue periférico)
Doses elevadas de quimioterapia
e/ou radiação do corpo para matar as
células cancerosas
• Neutropenia elevada
• Neutropenia prolongada
• Diminuem a eficácia da pele e mucosas como
barreiras de defesa
Agente etiológico
Tipo de infecção
Natureza da deficiência imunitária Terreno
Nos doentes imunocomprometidos
Nos doentes imunocomprometidos
Factores predisponentes à infecção:
Factores intrínsecos
Factores iatrogénicos
Neutropenias severas (neutrófilos < 1G/l)
Leucemias agudas, principalmente mielóides Transplantados de medula óssea
quimioterapia, radiação
Incidência e gravidade das infecções fúngicas
Deficiências e anomalias do sistema fagocitário
Deficiências e anomalias do sistema fagocitário
Anomalia quantitativa
Incidência e gravidade das infecções fúngicas
estão correlacionadas com:
Intensidade da neutropenia (< 0,5 G/l)
Duração da neutropenia (> 15 dias)
CandidoseAspergilose Mucormicose Scedosporiose Fusariose Candidose Aspergilose Mucormicose Scedosporiose Fusariose
Anomalias qualitativas da função fagocitária
Granulomatose séptica crónica
Deficiências e anomalias do sistema fagocitário
Deficiências e anomalias do sistema fagocitário
Anomalia do metabolismo oxidativo pós-fagocitose:
Défice da produção dos derivados microbicidas activos do oxigénio, radicais livres, H2O2, ião superóxido
Aspergilose Candidose Aspergilose
Secundárias a uma infecção
Secundárias a uma doença degenerativa ou metabólica
Deficiências da imunidade celular
Deficiências da imunidade celular
Criptococose Pneumocistose Histoplasmose Coccidioidomicose Penicilinose Criptococose Pneumocistose Histoplasmose Coccidioidomicose Penicilinose Candidose Candidose
Linfomas, leucemias, tumores sólidos, SIDA (o défice imunitário toca os linfócitos T CD4)
Secundárias a um tratamento
Tratamentos citotóxicos ou imunossupressores (ciclofosfamida, ciclosporina, azatioprina, radioterapia), corticóides (risco dose-dependente)
O tipo e grau de deficiência varia muito segundo as causas
A deficiência da imunidade celular, raramente está isolada, acompanha-se geralmente de outras anomalias dos mecanismos de defesa Candidose Aspergilose Outros contaminantes Candidose Aspergilose Outros contaminantes
Linfomas, leucemias, tumores sólidos, insuficiências renais, diabetes (imunidade celular T e B)
Congénitas ou adquiridas não
constituem um risco acrescido para as micoses profundas
Não neutropénicos e não
Deficiências em imunoglobulinas ou complemento
Deficiências em imunoglobulinas ou complemento
Doentes debilitados (cirurgia, reanimação,
Doentes debilitados (cirurgia, reanimação,
geriatria, neonatologia, outras co
geriatria, neonatologia, outras co--morbilidades)
morbilidades)
Não neutropénicos e nãoimunodeprimidos
Factores de risco clássicos:
Próteses cardíacas
Cateteres intravenosos ou intra-arteriais Alimentação parentérica
Antibioterapia de largo espectro Corticoterapia
Lesão das mucosas ligada à cirurgia abdominal Prematuridade com baixo peso à nascença
Candidose Candidose
Uma micose invasiva, quer aconteça num Uma micose invasiva, quer aconteça num
Tumores sólidos
Corticoterapia de longa duração (lupus, asma cortico-dependente, sarcoidose, …) Diabetes
Outras causas
Outras causas
Candidose Aspergilose Outros contaminantes Candidose Aspergilose Outros contaminantesUma micose invasiva, quer aconteça num doente neutropénico, transplantado, sidático, diabético, ou nos cuidados intensivos, apresenta sempre um carácter de alta gravidade e o prognóstico é grave
Uma micose invasiva, quer aconteça num doente neutropénico, transplantado, sidático, diabético, ou nos cuidados intensivos, apresenta sempre um carácter de alta gravidade e o prognóstico é grave