Participação Política -
A Juventude é o presente do Brasil
BRASIL, Wevertton1; DOS ANJOS, Antônio Carlos2.
Palavras-chave: Protagonismo juvenil; Participação política; corrupção,
conscientização.
Introdução
Frente a um cenário mundial marcado pela intensificação das desigualdades sociais, torna-se fundamental conscientizar a população, começando pelos jovens, a respeito da importância da política como mecanismo para a superação desta realidade. O protagonismo dessa parcela de nossa sociedade tem sido cada vez mais reconhecido tanto pelas autoridades quanto pela sociedade civil em geral, entretanto, um longo caminho ainda deve ser percorrido na superação da dívida histórica que o Brasil tem com seus jovens. Segundo o Conselho Nacional de juventude, o papel dos jovens:
“é cada vez mais reconhecido como de fundamental importância ao processo de desenvolvimento de qualquer país do mundo. A Organização das Nações Unidas deu exemplo disso ao eleger o ano de 2010 como o Ano Internacional da Juventude, com o objetivo de encorajar o diálogo e a compreensão entre gerações e estimular os jovens a promover o progresso com ênfase nas Metas do Desenvolvimento do Milênio.” (CONJUVE, 2012)
Observa-se no Brasil um descontentamento crescente com as principais instituições políticas de nosso país, provocado em especial pelas notícias veiculadas na grande imprensa. Política tem sido uma palavra cada vez mais utilizada como sinônimo de corrupção, sendo os jovens os principais alvos desse ideário. É necessária uma ampla mudança de concepção no seio de nossa sociedade que possa mostrar que a política está diretamente ligada as mais variadas questões da vida do nosso povo, que não se trata somente de indivíduos preocupados com seus
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Universidade de Brasília – weverttonbrasil@gmail.com
interesses pessoais. A própria corrupção inclusive tem sido tratada de modo intensamente despolitizado, em várias situações ignoramos, por exemplo, que ela está presente no nosso cotidiano, não apenas nas páginas dos noticiários, como por exemplo, no troco errado não devolvido na padaria, ao cortar a fila no restaurante e etc.
Com frequência o brasileiro é colocado como detentor de péssima memória, algo que inclusive é apontado em pesquisas, como a que mostra que apenas dois meses depois das eleições, 28% dos eleitores não se lembram do seu candidato a deputado. Nas eleições seguintes, esse índice chega a mais de 70% dos eleitores. Oficinas que incentivem a participação política, em especial da juventude, para além inclusive dos espaços de poder tradicional, podem contribuir para ajudar a melhorar essa situação. Tal atividade tem também por objetivos: incentivar o acompanhamento e “fiscalização” dos candidatos eleitos; estimular o engajamento político na comunidade e explicitar conceitos importantes em relação ao tema assim como os problemas que podem ser ocasionados quando falha essa compreensão; apresentação de espaços de participação política diversos dos mais tradicionais; estimular a conscientização da população a respeito da importância e das formas de participação política, visto que a transformação das problemáticas sociais tem grande eficácia a partir da mobilização coletiva.
Metodologia
Oficina aplicada pelo Núcleo do Projeto RONDON da Universidade de Brasília na cidade de São João D'Aliança em saída de campo realizadas entre nos dias 04, 05 e 06 de Maio. O primeiro momento foi uma apresentação de todos os participantes da oficina, inclusive dos rondonistas, cada um falou sobre si e o porquê de ter recebido seu nome. Foi pedido que comentassem também sobre o que entendem por participação política e o que esperam da oficina. Esta dinâmica tem por finalidade descontrair o início da oficina e também é utilizada para facilitar integração do grupo, duração aproximada de quinze minutos.
Seguiu-se uma breve explanação ressaltando: a importância do engajamento político e organização da comunidade; participação política não restrita às eleições, ela se estende para além dos espaços formais e cargos eletivos a que normalmente é associada; importância das associações de bairro, grêmios estudantis, conselho
tutelar, ONGs etc.; necessidade de acompanhar e cobrar nossos representantes sejam deputados ou o síndico do condomínio. Comentamos também sobre a função de alguns cargos eletivos:
Presidente: exerce a função de chefe do poder Executivo e também de chefe de Estado (autoridade máxima) em uma nação cujo sistema de governo é o presidencialismo. No Brasil, ele é eleito pelo voto direto, sendo o representante do povo no âmbito federal. O mandato tem duração de 4 anos, podendo se estender por mais 4 anos, através de novas eleições. A moradia oficial é o Palácio da Alvorada, em Brasília, no Distrito Federal.
Governador: No regime político brasileiro, o governador tem autonomia para organizar um secretariado que trata das mais variadas questões de seu Estado. Assim como um presidente da República, ele tem autonomia para tomar diversas decisões e oferecer projetos de lei estaduais, desde que esses não firam os princípios postulados pela Constituição Federal. Caso não administre bem as finanças de seu Estado, o governador pode ser julgado por crime de improbidade.
Senador: Elaborar seu regimento interno; Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, Membros do Conselho de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, Procurador-Geral da República, Advogado Procurador-Geral da União, Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; Aprovar a escolha de: Ministros do Tribunal de Contas indicados pelo Presidente da República; Presidentes e Diretores do Banco Central; Governador de Território; Procurador-Geral da República; Titulares de outros cargos que a lei determina; Autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; Fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato.
Dados extraídos do site Brasil escola.
público-alvo utilizando exemplos mais próximos do cotidiano deles que tenham relação com a participação política (exemplo: "Quando você está no meio de uma partida de futebol, jogando com seus amigos, seu time está perdendo e você percebe que o posicionamento da zaga poderia ser diferente e isso ajudaria seu time a virar o jogo, você vai lá e expõe para o resto do time, esperando que aquilo possa mudar a situação, ao invés de apenas continuar jogando e prestando atenção apenas na forma como você, individualmente, está jogando."). Tal explanação durou aproximadamente 20 minutos.
A dinâmica da oficina consistiu em uma divisão dos participantes em três grupos, onde cada um elaborou uma plataforma eleitoral própria e um candidato a vereador, confeccionaram um cartaz propaganda de divulgação e um dos grupos compôs um jingle. Posteriormente apresentaram e fizeram campanha para seu candidato. Passamos para uma votação onde os eleitores eram os rondonistas e os próprios participantes. Ao votar, o participante deve explicitar seus motivos, dessa forma, consegue-se provocar um esforço autocrítico em cada um deles. Para formular e expor seu raciocínio buscará um maior aprofundamento interior das questões em debate. Criação, divulgação e votação: 1 hora e 30 minutos.
Depois da votação, voltamos a destacar o papel da pesquisa dos candidatos e da valorização da comunidade, da coletividade, do todo, ao invés de interesses pessoais ou simplesmente da imagem. Ressaltamos também a importância de não vender o voto e os estimulamos a pensar de que forma podem ajudar e aplicar esses conhecimentos em sua comunidade. Comentários finais duraram não mais do que 5 minutos.
Resultados e discussões
Percebeu-se um deslocamento dos votos, um dos candidatos recebeu muito mais votos do que o número de integrantes do grupo que o promoveu, o que nos leva a crer que alguma mensagem foi transmitida, uma vez que muitos deles não votaram no próprio candidato, como poderia se esperar.
Com base principalmente nas falas iniciais e justificativas de voto, observamos um crescente geral entre os participantes da na percepção de que a articulação entre os membros representativos da sociedade caminha para o desenvolvimento de uma realidade mais justa e igualitária, pois ao unir pautas e gerar diálogo entre elas tem-se, com isto, a construção de propostas de caráter coletivo capazes de contemplar interesses comuns a todos os cidadãos. O engajamento político foi sensivelmente estimulado, aumentando o conhecimento deles em relação a formas de participação.
Referências Bibliográficas
CONJUVE: Conselho Nacional de Juventude. Disponível em:
<http://www.juventude.gov.br/marcos>. Acesso em: 28 abr. 2012.
