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Academic year: 2021

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CRIME DE LAVAGEM DE CAPITAIS ( LEI 9613-98)

1. HISTÓRICO DA LEI

A preocupação com a criminalização da lavagem de capitais surgiu pelas Nações Unidas em decorrência do combate ao tráfico de entorpecentes e substâncias psicotrópicas, resultando numa Convenção em Viena em 20.12.1988. Essa convenção foi ratificada no Brasil pelo Decreto no 154 de 26 de junho de 1991.

2. EXPRESSÃO LAVAGEM DE DINHEIRO

Ela tem origem nos EUA em 1920 com expressão “Money Laundering”, porque lavanderias na cidade de Chicago eram usadas pela máfia para essa atividade.

3. CONCEITO DE LAVAGEM

É o processo por meio do qual bens, direitos ou valores provenientes direta ou indiretamente dos crimes listados no art. 1º da lei 9.613-98 são integrados ao sistema econômico-financeiro, com a aparência de terem sido obtidos de maneira lícita.

Não é necessário um vulto assustador das quantias para configurar o crime. Ex. um único depósito é suficiente para caracterizar esse crime.

Lavagem de $ é processo por meio do qual os bens de origem criminosa se integram no sistema econômico legal com a aparência de haver sido obtido de forma lícita.

4. GERAÇÕES DE LEIS DE LAVAGEM DE CAPITAIS

a) Legislação de primeira geração: O único crime antecedente era o de tráfico de drogas.

b) Legislação de segunda geração: há uma ampliação no rol dos crimes antecedentes, mas continuamos com um rol taxativo (números clausus). Ex. a legislação brasileira.

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c) Legislação de terceira geração: qualquer crime grave pode figurar como crime antecedente da lavagem de capitais. Ex. na Espanha e na Argentina.

5. FASE DA LAVAGEM DE CAPITAIS

1ª FASE: COLOCAÇÃO (PLACEMENT)

Consiste na introdução do dinheiro ilícito no sistema financeiro.

Há uma técnica chamada Smurfing: que consiste no fracionamento de uma grande quantidade de dinheiro em pequenos valores, de modo a escapar do controle administrativo imposto às instituições financeiras.

2ª FASE: DISSIMULAÇÃO (LAYERING)

Uma série de negócios ou movimentações financeiras são realizados a fim de impedir o rastreamento do valores.

3ª FASE: INTEGRAÇÃO(INTEGRATION)

Já com a aparência lícita, os bens são formalmente incorporados ao sistema econômico, seja por meio de investimentos no mercado mobiliário ou imobiliário, seja até mesmo no refinanciamento das atividades ilícitas.

Não é necessária a ocorrência dessas três fases para que haja a consumação do delito.(STF RHC 80.816).

O Rogério Sanches na aula de 2006 informa que há duas espécies de movimentação de capital sujo:

A) Movimentação simples: movimenta-se o capital sujo sem nenhuma mescla de capital limpo; B) Movimentação camuflada ou mimetizada: mescla-se dinheiro lícito e ilícito.

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1. MOVIMENTAÇÃO

2. REINSERÇÃO DO PRODUTO DO CAPITAL NO MUNDO LÍCITO OU ILÍCITO

Enquanto ocultar (crime permanente) a consumação se prolonga no tempo. Assim, mesmo tendo depositado antes da lei, ela atinge esse fato.

Jogo do bicho: pega o dinheiro oriundo do jogo do bicho para lavar, configura lavagem de capitais&& O jogo do bicho é contravenção penal. A lei só fala em crime e só os elencados no art. 1º da lei.

6. BEM JURÍDICO TUTELADO

1ª corrente: a lei de lavagem tutela o mesmo bem jurídico protegido pelo crime antecedente. 2ª corrente: a administração da justiça.

3ª corrente: ordem econômico financeira. É a que prevalece na doutrina, pois essa movimentação causa instabilidade econômica.

4ª corrente: a ordem econômico-financeira e o bem jurídico tutelado pelo crime antecedente.(Alberto Silva Franco)(como um crime pode tutelar 2 bens tão diferentes).

7. ASSESSORIEDADE DA LAVAGEM DE CAPITAIS

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime: I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins;

II - de terrorismo;

II – de terrorismo e seu financiamento; (Redação dada pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003) III - de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção; IV - de extorsão mediante seqüestro;

V - contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática ou omissão de atos administrativos;

VI - contra o sistema financeiro nacional; VII - praticado por organização criminosa.

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VIII – praticado por particular contra a administração pública estrangeira (arts. 337-B, 337-C e 337-D do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal). (Inciso incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)

Pena: reclusão de três a dez anos e multa.

O delito de lavagem de capitais é um delito acessório, porque pressupõe a ocorrência de um crime antecedente.

O substantivo “crime” faz parte da descrição do tipo penal (art. 1º in fine), logo a ausência de crime, entendendo a ausência de elementar exclui a tipificação penal.

Em relação aos processos criminais, deve ser registrado que os processos são autônomos, ou seja, o agente não precisa esconder obrigatoriamente pela lavagem e pelo crime antecedente num mesmo processo.

Mas se a tramitação conjunta for possível, com a conexão probatória, isso deve ser feito.

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:

II - independem do processo e julgamento dos crimes antecedentes referidos no artigo anterior, ainda que praticados em outro país;

Disposições Processuais Especiais

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:

§ 1º A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência do crime antecedente, sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor daquele crime.

Se o autor do crime antecedente for absolvido, pode o acusado ser condenado pelo crime de lavagem de capitais&&

Depende do fundamento dessa absolvição.

Para que o delito de lavagem de capitais seja punível, o crime antecedente deve ser típica e ilícita. Portanto, caso o autor do crime antecedente seja absolvido com base na atipicidade de

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sua conduta ou com base em uma excludente da ilicitude, não será possível a condenação por lavagem (art. 386, I, III e VI, 1ª parte cpp):

Porém se o autor do crime do crime antecedente for absolvido com base em uma excludente da culpabilidade ou em virtude de uma causa extintiva da punibilidade, nada impede a condenação por lavagem de capitais.

Nas hipóteses de abolitio criminis e anistia, não será possível a condenação por lavagem de capitais.

8. SUJEITOS DO CRIME

A Lavagem de capitais é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Um autor do crime antecedente também responde pelo delito de lavagem&&

Ex. o agente pratica o trafico de drogas, aufere lucro e ele mesmo na seqüência pratica lavagem do dinheiro que ele ganhou.

1ª corrente: o autor do crime antecedente não responde por lavagem de capitais,pois para ele a ocultação dos valores configura mero exaurimento do delito (semelhante ao crime de favorecimento real); É a posição do professor Roberto Delmanto.

Favorecimento real

Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime:

Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.

(o favorecimento real é o crime de quem não praticou o primeiro delito).

2ª corrente:nada impede que o autor do crime antecedente seja também condenado pelo crime de lavagem de capitais. Não é possível a aplicação do princípio da consunção, pois a ocultação do produto do crime antecedente configura lesão autônoma contra bem jurídico distinto. Prevalece esta.

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O autor do delito de lavagem de capitais não necessariamente precisa ter tido participação no crime antecedente, devendo ter consciência quanto a origem ilícita dos valores.(STJ RMS 16813).

A pessoa jurídica pode responder pela lavagem de capitais&&

De acordo com a CF88 é possível a responsabilização da PJ por crimes ambientais e de ordem econômico-financeira.

Apesar da previsão constitucional, a lei de lavagem de capitais somente prevê a responsabilidade penal da pessoa física. (não há interesse em punir a PJ)

9. TIPO OBJETIVO

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime: - Ocultar significa esconder a origem da coisa;

Ocultar é crime permanente, ou seja, crime cuja consumação se prolonga no tempo. Portanto, mesmo me o agente tenha dado início a ocultação em momento anterior a entrada em vigor da lei, responderá normalmente pelo delito se mantiver os depósitos após a vigência da lei.

- Dissimular deve ser interpretado como ocultação com fraude;

Tipo penal com vários verbos: o delito de lavagem de capitais é um crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. Portanto, mesmo que o agente pratique mais de uma ação típica, em um mesmo contexto fático, responderá por um único delito. Princípio da alternatividade.

§ 1º Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de qualquer dos crimes antecedentes referidos neste artigo:

I - os converte em ativos lícitos;

II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere;

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Prevalece o entendimento, na doutrina, de que o crime do art.1º é um crime formal. Cuidado: no julgado 80816, o Relator considera ser um crime material.

Prevalece a posição de ser crime material.

Diferença do caput do art.1º com o p. 1º: o parágrafo 1º, a acultação e dissimulação são crimes formais.

10. TIPO SUBJETIVO É punido a título de dolo.

O delito de lavagem de capitais não é punido a título de culpa. Esse delito admite dolo direito e eventual&&

Dolo direto sem dúvida.

E por dolo eventual, é possível&&

O delito de lavagem de capitais também é punido a título de dolo eventual, salvo nas hipósteses do art. 1º , parag. 2º, em que somente é possível a punido a título de dolo direto (P. 2º: I – “sabe”, II – “tem conhecimento)

TEORIA DA CEGUEIRA DELIBERADA

Tem origem no direito norte americano (wilfull blindness), também podendo ser conhecida como Instruções da Avestruz (ostrich instructions).

Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º:

I - dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções emanadas das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se;

II - deverão comunicar, abstendo-se de dar aos clientes ciência de tal ato, no prazo de vinte e quatro horas, às autoridades competentes:

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Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas jurídicas que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:

X - as pessoas jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de imóveis;

XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais preciosos, objetos de arte e antigüidades.

XII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie. (Incluído pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003)

Ex. concessionária de veículos,chega um cara meio estranho querendo comprar uns cinco carros importados em dinheiro. Ele fala para o vendedor que só vai contar para ele a origem da grana. O vendedor dá uma de avestruz e diz que não quer saber a origem, pois se “a casa cair” ele vai falar que não sabe de nada. E isso que essa teoria visa coibir.

Se o agente tinha conhecimento da elevada possibilidade de que os bens, direitos e valores eram provenientes de crimes, e agiu de modo indiferente a esse conhecimento, responde pelo delito de lavagem de capitais a título de dolo eventual.

Art.1º , p. 1º : crime de lavagem propriamente dito.exige o dolo específico na intenção de ocultar ou dissimular a utilização do dinheiro. No caput do art.1º não há dolo específico.

11. OBJETO MATERIAL

12. Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime:

Produto direto do crime (PRODUCTA SCELERIS): é o resultado imediato do delito. Ex. objeto furtado, dinheiro recebido da venda da droga.

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Produto indireto do crime (FRUTOS SCELERIS): configura o resultado mediato do delito,ou seja, é o proveito obtido pelo criminoso como resultado da utilização econômica do produto direto do delito.

Ex. quando eu subtraio um relógio (produto direto), se o vendo (o dinheiro será produto indireto do crime).

12.CRIMES ANTECEDENTES

Faremos uma análise do rol taxativo do art. 1º.

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de crime: I - de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins;

II - de terrorismo;

II – de terrorismo e seu financiamento; (Redação dada pela Lei nº 10.701, de 9.7.2003) III - de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção; IV - de extorsão mediante seqüestro;

V - contra a Administração Pública, inclusive a exigência, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, de qualquer vantagem, como condição ou preço para a prática ou omissão de atos administrativos;

VI - contra o sistema financeiro nacional; VII - praticado por organização criminosa.

VIII – praticado por particular contra a administração pública estrangeira (arts. 337-B, 337-C e 337-D do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal). (Inciso incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)

Pena: reclusão de três a dez anos e multa.

Ex. o crime de roubo não é antecedente. A prevaricação também não, porque apesar de ser contra a Administração Pública, não envolve dinheiro.

1ª regra: ainda que o crime proporcione ao agente a obtenção de bens direitos e valores não será possível a configuração o crime de lavagem de capitais se esse delito antecedente não estiver listado no art. 1º da lei. Ex. roubo.

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2ª regra: mesmo que esse crime antecedente esteja listado no art. 1º, para que seja possível a lavagem de capitais, dele deverá resultar a obtenção de bens, direitos e valores.

No rol de crimes antecedentes Não constam contravenções penais (o jogo do bicho envolvem milhões, mas não se pode punir), crimes contra a ordem tributária (porque é delito de ricoo), crime de tráfico de animais (apesar que depois do tráfico de drogas e armas é o mais rentável).

DELAÇÃO PREMIADA

Alguns doutrinadores fazem uma diferença entre delação premiada e colaboração premiada. Na delação significa que o sujeito está apontando co-autores e partícipes.

Na colaboração há auxilio ao Estado, mas não aponta dos co-autores e partícipes. Ex. ajuda na localização dos bens, na localização da vítima.

Qual o benefício que a delação traz&& Qual a natureza jurídica delação &&

1. Art. 25, p. 2º da Lei 7.492-86 (crimes contra o sistema financeiro nacional) 2. Art. 8, p. único da Lei 8.072-90 (crimes hediondos);

3. Art. 159, p. 4º do Código Penal (extorsão mediante seqüestro); 4. Art. 16, p. único da Lei 8.137-90 (crimes contra a ordem tributária); 5. Art. 6 da Lei 8.034-95 (organizações criminosas).

Em todos os dispositivos acima, o benefício será uma diminuição de pena.

PROCEDIMENTO

Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:

I – obedecem às disposições relativas ao procedimento comum dos crimes punidos com reclusão, da competência do juiz singular;

Referências

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